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ARTIGO KARLA FINALIZADO

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ESCOLA PERNAMBUCANA DE ODONTOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA HOSPITALAR
CUIDADOS PALIATIVOS EM PACIENTES COM ALZHEIMER: Uma revisão literária
KARLA DANIELLE DE CARVALHO TENÓRIO ALBUQUERQUE
Recife - PE
2019 
 
KARLA DANIELLE DE CARVALHO TENÓRIO ALBUQUERQUE
CUIDADOS PALIATIVOS EM PACIENTES COM ALZHEIMER: Uma revisão literária
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado ao Curso de Pós-graduação em Odontologia Hospitalar da Escola Pernambucana de Odontologia - ESPEO, em cumprimento às exigências do Conselho Federal de Odontologia para obtenção do título de Habilitação em Odontologia Hospitalar, sob a orientação do Prof. Pablo Francisco Peron Bueno de Assis e da Prof.ª. Mirela Cristina Reis Caetano Peron
	 
 
Recife-PE
2019
 
RESUMO
Introdução: Os cuidados paliativos compreendem um aspecto terapêutico que por meio da atenção, com a percepção precoce, o estudo adequado e o tratamento da dor e de distintos problemas anatômicos, psicossociais e pode-se até mesmo dizer espirituais almejam melhorar a qualidade de vida de pessoas, em particular o idoso, que se coloca frente a uma indisposição ameaçadora à vida, indisposição esta que atinge toda a dinâmica de uma família: a doença de Alzheimer. Objetivo: descrever, através de uma revisão de literatura, quais são os cuidados paliativos que se dever ter com o paciente portador da doença de Alzheimer (DA). Metodologia: Os critérios de seleção dos artigos que compuseram este trabalho seguiram aos critérios de inclusão e exclusão. Seguindo os critérios de inclusão foram selecionados os artigos disponíveis no idioma português, que abordavam sobre o que é a doença de Alzheimer e quais são os cuidados paliativos bucais aos pacientes que apresentam a doença. Foram considerados também artigos que foram publicados entre os anos de 2009 a 2017. Considerações finais: De acordo com que foi estudado no presente trabalho, ficou claro que a importância com o cuidado na saúde bucal do idoso portador de Alzheimer é fundamental para oferecer suporte a fim de suprir as necessidades de ordem biológicas, mentais e coletivas do paciente. Outro fator importante é que quando se dá mais assistência à terapia medicamentosa principalmente nos cuidados bucais percebe-se que esses cuidados não necessitam ser realizados somente em um consultório, pois o cirurgião-dentista se encontra apto a orientar os cuidadores quanto à assepsia bucal desse público.
Palavras- Chave: Alzheimer. Cuidados paliativos. Assistência. Odontologia
ABSTRACT
Introduction: Palliative care encompasses a therapeutic approach that through the prevention and comfort of suffering, with early detection, appropriate assessment and treatment of pain and different physical, psychosocial and even spiritual problems, aims to improve the living conditions of patients. patients facing a life-threatening disease, which affects the whole family dynamics. Objective: To describe, through a literature review, which palliative care should be given to patients with Alzheimer's disease (AD). Methodology: The selection criteria of the articles that composed this work followed the inclusion and exclusion criteria. Following the inclusion criteria were selected articles available in Portuguese, which addressed what is Alzheimer's disease and what are the palliative oral care to patients who have the disease. Articles that were published between 2009 and 2017 were also considered. Final considerations: In the present study, it was evident the importance of this modality of care, to provide support to meet the biological, psychological and social needs of the patient and to pay more attention. drug therapy in conjunction with oral care that does not necessarily need to be performed in an office and ways to cope with the disease, based on the conceptions of dentists about palliative care in professional practice, in front of Alzheimer's patients. 
Keywords: Alzheimer's. Palliative care. Assistance. Dentistry
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2. METODOLOGIA	6
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES	9
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS	13
5. REFERÊNCIAS	14
1. INTRODUÇÃO
Os cuidados paliativos compreendem um aspecto terapêutico que por meio da atenção, com a percepção precoce, o estudo adequado e o tratamento da dor e de distintos problemas anatômicos, psicossociais e pode-se até mesmo dizer espirituais almejam melhorar a qualidade de vida de pessoas, em particular o idoso, que se coloca frente a uma indisposição ameaçadora à vida, indisposição esta que atinge toda a dinâmica de uma família: a doença de Alzheimer (PRINCE et al., 2014).
Doenças que propendem a provocar danos cerebrais ocasionam diferentes pensamentos e envolvem o emocional tanto dos que expõem o diagnóstico de algum problema mental, quanto daqueles que estão ao seu redor, e este tipo de situação quando não muito bem absorvido pela família, acaba levando o individuo ao isolamento coletivo e consequentemente, essa situação acaba causando uma profunda depressão (MIRANDA et al., 2011).
De acordo com Fratezi e Gutierrez (2011 apud LIMA 2017), a Doença de Alzheimer (DA) contemporaneamente é a espécie mais comum de doença psicológica, responsabilizando-se por cerca de 50 a 75% das doenças mentais em diversos países. Os sintomas da DA normalmente são perda de memória, problemas para se comunicar, dificuldades em fazer atividades domésticas habituais, alterações pessoais e de humor (uma espécie de bipolaridade). Com a progressão da doença, os idosos com DA passam a encontrar obstáculos para o autocuidado, e deste modo, acabam paulatinamente a necessitar de apoio em todos os âmbitos básicos dos exercícios da vida cotidiana.
Para Diniz et al. (2012 apud QUEIROZ 2014, p. 887): 
No tocante a pacientes portadores de Doença de Alzheimer (DA), o cuidado envolve questões éticas, com as quais o neurologista se depara frequentemente, que incluem o momento do diagnóstico, como e quando comunicá-lo, as consequências da progressão da doença e o seu manejo, a participação da família, o impacto do diagnóstico sobre ela e os cuidados com o paciente.
As diversas de necessidades do sujeito portador de DA, no estágio inicial ou final de vida, e, por conseguinte as diversas necessidades de sua família, associadas à complicação dessa consternação, e nos seus enfoques particulares para cada paciente, torna necessário o exercício interdisciplinar em cuidados paliativos, onde os elementos fazem parte da área de saúde. Todavia, esta situação não se restringe somente nas clínicas ou nas residências. Isto implica dizer que nos hospitais, por exemplo, a maioria dos pacientes independente das situações de saúde que se encontram, não possui higienização bucal suficiente, principalmente quando se encontram hospitalizados, e por não localizarem um obstáculo imunológico, já que grande parte das vezes o sujeito encontra-se imunossuprimido e apresentando baixa salivação, o biofilme dentário acaba se expandindo rapidamente, acarretando aumento do volume e da complexidade, propiciando contrafações sistemáticas, infecções, doenças de gengiva (GOMES et al., 2014).
Assim sendo, estudos assinalam que, em função do comprometimento dinâmico e cognitivo, conjecturados aos distúrbios de comportamento, idosos com DA possuem condição de saúde oral precária e constituem um grupo de risco quanto ao desenvolvimento de doenças orais. Vários autores inventariam a alta prevalência de cárie dentária em pacientes em níveis avançados da DA, e a constatação de cárie dentária em pacientes em nível inicial da DA podendo levar ao alto risco de cárie radicular (WILSON, 2011; DIAS, 2011; GOMES et al., 2014). 
. É importante destacar que nesse cenário que é necessária a presença de um cirurgião-dentista nas unidades de saúde e hospitalares, pois a Odontologia Hospitalar é um exercício que almeja a precaução da progressão de uma doença ou um novo contágio, independentedo seu nível de complicação em um paciente que se encontra hospitalizado, ou paciente que procura uma unidade de saúde (MELLO, 2007 apud WARMLING, 2016). 
De acordo com o que foi citado acima, é preciso que se conheçam quais são as estratégias necessárias à saúde bucal dos idosos que apresentam DA tanto por parte dos profissionais de saúde oral quanto por parte dos cuidadores desses idosos. Deste modo, o presente trabalho possuiu por objetivo descrever, através de uma revisão de literatura, quais são os cuidados paliativos que se dever ter com o paciente portador da doença de Alzheimer (DA). Como objetivos específicos, o presente trabalho procurou expor quais são as manifestações bucais desse paciente, revisar artigos de diversas bases de dados acerca das doenças bucais mais prevalentes em pacientes com DA e o que pode ser sugerido em um protocolo de tratamento odontológico para os pacientes com DA na base na literatura disponível.
2. METODOLOGIA 
Os critérios de seleção dos artigos que compuseram este trabalho seguiram aos critérios de inclusão e exclusão. Seguindo os critérios de inclusão foram selecionados os artigos disponíveis no idioma português, que abordavam sobre o que é a doença de Alzheimer e quais são os cuidados paliativos bucais aos pacientes que apresentam a doença. Foram considerados também artigos que foram publicados entre os anos de 2009 a 2017. Seguindo o critério de exclusão levaram-se em consideração as obras que foram publicadas abaixo de 2009, obras que estavam em língua estrangeira e artigos que não se relacionavam com o tema.
Uma vez selecionados os artigos, foi realizada uma análise exploratória dos mesmos inicialmente pelos seus resumos, de modo que foi possível verificar pontos importantes referentes ao tema do trabalho em questão. 
As bases de dados bibliográficas consultadas foram Portal Periódicos Capes, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Medicina Net e publicações do Ministério da Saúde. A busca foi efetivada partir dos seguintes descritores: saúde bucal, manifestações bucais, cuidados paliativos e doença de Alzheimer. 
De acordo com o que foi citado anteriormente, na base de dados SCIELO, foram encontrados 13 artigos, com exclusão de 10, sendo 3 destes estavam em língua estrangeira (Inglês e Espanhol), 2 estavam duplicados, 3 foram publicados inferiores ao ano de 2015 e 2 não apresentaram relação com o objetivo do presente trabalho. Na base de dados Portal Periódico Capes, foram encontrados 7 artigos, sendo excluído 2 que estavam em língua estrangeira (Inglês) e 2 estavam com a publicação datada há mais de 10 anos. Na base de dados Medicina Net, foram encontrados 22 artigos, dos quais foram excluídos 19 por não se relacionarem com o objetivo do estudo em questão.
Uma vez selecionadas as publicações, realizou-se uma análise do título e resumo averiguando a relação das mesmas com o presente trabalho. Em seguida, as publicações selecionadas foram sintetizadas em um quadro organizado da seguinte forma: título, autor, objetivo, metodologia e assistência em Odontologia. Posteriormente, as literaturas foram discutidas para que a conclusão do trabalho pudesse ser alcançada.
Quadro de resumo das literaturas
	Base de dados
	Título
	Referência
	Objetivo
	Metodologia
	Assistência em odontologia
	Scielo
	Doença de Alzheimer: características e orientações em Odontologia
	MIRANDA, Alexandre Franco; MIRANDA, Maria da Penha Araújo Franco; LIA, Érica Negrini; LEAL, Soraya Coelho.
	Demonstrar as diferenças clínicas da evolução da doença de Alzheimer e relacioná-las às possibilidades de atuação do cirurgião-dentista.
	Revisão integrativa da literatura que procurou reunir e sistematizar resultados de pesquisas acerca das atuações do cirurgião-dentista em pacientes portadores de Alzheimer.
	O cirurgião-dentista deve ter conhecimento prévio do estágio da doença e suas características para elaboração do melhor plano de tratamento individualizado para cada paciente, assim como possuir habilidades para realizar o atendimento odontológico a esses pacientes nas diversas fases da doença.
	Scielo
	Cuidados paliativos e Alzheimer: concepções de neurologistas
	GOMES Lidiane Cristina de Souza; RODRIGUES Tatyanne Silva; GOIANO PÉTTERSON Danilo de Oliveira Lima; LOPES, Julliany de Souza Pires.
	Conhecer concepções de médicos neurologistas acerca da prática dos cuidados paliativos direcionada para o doente de Alzheimer
	Estudo exploratório de abordagem qualitativa, desenvolvido em clínicas e hospitais localizados em uma capital do Nordeste brasileiro com 10 médicos neurologistas, que trabalham com portadores de Doença de Alzheimer.
	Os depoimentos dos médicos participantes da investigação deixaram transparecer de modo enfático a relevância dos cuidados paliativos para o doente de Alzheimer e sua família. Mesmo não se tratando de uma pesquisa voltada para a odontologia, possui relevante importância para área em se tratando dos cuidados paliativos.
	Scielo
	Atendimento odontológico em pacientes com necessidades especiais: uma revisão literária. 
	GONÇALVES, Josiane Bittar.
	Discutir através da revisão literária o atendimento odontológico dedicado aos indivíduos com necessidades especiais.
	Revisão bibliográfica partindo da busca de descritores, tais como Scielo, Google acadêmico, Portal periódico Capes e Biblioteca Virtual de Saúde.
	Ficou evidente que a odontologia é uma das áreas de saúde que lida com uma grande diversidades de pacientes, incluindo aqueles que apresentam necessidades especiais.
	Base de dados
	Título
	Referência
	Objetivo
	Metodologia
	Assistência em odontologia
	Portal Periódico Capes
	Estratégias de cuidado bucal para idosos com Doença de Alzheimer no domicílio
	WARMLING, Alessandra Martins Ferreira; SANTOS,
Silvia Maria Azevedo dos; MELLO, Ana Lúcia Schaefer Ferreira de.
	Identificar as estratégias utilizadas no cuidado à saúde bucal de idosos com Doença de Alzheimer no domicílio.
	Estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa para coleta e análise de dados, que foram coletados através de entrevista com 30 cuidadores e analisados pela técnica da Análise de Conteúdo.
	As estratégias estão relacionadas ao grau de dependência do idoso, como o cuidador atua perante a demanda por cuidado à saúde bucal e com as dificuldades enfrentadas para realização de tais cuidados.
	Portal Periódico Capes
	Odontologia na terceira idade
	RESENDE, Marcos Roberto de.
	Fazer uma revisão sobre as condições de saúde bucal do idoso, analisando os aspectos fisiopatológicos, a influência das condições sistêmicas em seu aspecto bucal, bem como o impacto na qualidade de vida nessa parcela da população.
	Metodologia conceitual, teórica e empírica, baseada em pesquisa bibliográfica e informações coletadas a partir de fontes primárias e secundárias, publicadas em periódicos científicos indexados em base eletrônica.
	A Odontologia terá uma mudança de rumos, dedicando-se cada vez mais ao atendimento de idosos que dado às suas maiores perspectivas de vida passa a ser um promissor mercado de trabalho para a classe odontológica, mas que exige uma grande motivação no estudo das particularidades desta faixa etária, que também é bem heterogênea dentre seus componentes.
	Portal Periódico Capes
	Estratégias preventivas em Odontogeriatria
	PEREIRA; Marco Tulio Pettinato; MONTENEGRO,
Fernando Luiz Brunetti; FLÓRIO, Flávia Martão.
	Relatar algumas estratégias preventivas em Odontogeriatria
	Revisão de literatura com base em obras que abrangem o cuidado em geriatria.
	Faculdades de Odontologia (graduação) e cursos de pós-graduação devem começar a formar profissionais, especialistas e professores com conhecimento dirigido à Odontogeriatria, pois tais profissionais, além da parte técnica envolvida devem buscar analisar os aspectos biopsicossociais no atendimento ao paciente idoso, para direcionar uma atenção voltada às suas necessidades mais amplas.
	Base de dados
	Título
	Referência
	Objetivo
	Metodologia
	Assistência em odontologia
	Medicina Net
	Protocolo Odontológico nospacientes idosos com Alzheimer
	BONILLA, Jéssica Gazel 
	 Descrever os cuidados bucais em pacientes idosos portadores de Alzheimer
	Revisão de literatura com foco em periodontia. 
	As pesquisas realizadas nas ILPs demonstraram a necessidade de mais conhecimento sobre os cuidados diários da saúde bucal dos idosos que permanecem nas instituições.
	Medicina Net
	Mini-Exame do Estado Mental - Ferramenta De Avaliação Cognitiva: revisão de literatura. 
	ARAUJO, Nathalia Lima
	Auxiliar , por meio de uma revisão literária,através do teste Mini Exame do Estado Mental (realizado na Odontologia) a identificação de alterações do estado cognitivo em pacientes idosos, para que assim possam ser tratados corretamente
	Revisão literária com ênfase no teste MEEM.
	Foi possível concluir que o teste Mini Exame do Estado Mental é uma eficiente ferramenta de rastreio do estado cognitivo.. É necessário que o cirurgiã-dentista esteja apto a realização do teste. 
	Medicina Net
	O atendimento de pacientes com doença de ALZHEIMER na clínica odontológica: desafios e diretrizes
	DIAS, Mirtes Helena Mangueira da Silva; FONSECA, Suzana Carielo da. 
	 Identificar possibilidades de obtenção da cooperação de pessoas portadoras de doença de Alzheimer no tratamento odontológico, bem como o envolvimento do familiar/cuidador, visando a melhores resultados da intervenção clínica.
	Pesquisa quantitativa e qualitativa, na qual participaram 51 idosos assistidos em ambulatório e/ou pelo Serviço de Assistência Domiciliária do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) de São Paulo, num período de 24 meses, entre 02/2004 e 02/2006.
	A participação do familiar/cuidador, bem como o trabalho relacional implicando o paciente no atendimento clínico, constitui-se em base fundamental para o sucesso terapêutico em todos os estágios da doença de Alzheimer.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com que foi estudado nas obras que compuseram o presente trabalho, foi possível perceber que na área de odontologia é necessário que os profissionais apresentem formação adequada para assistir as necessidades das pessoas que apresentam Alzheimer. Os artigos selecionados apresentaram os aspectos proeminentes no que tange a saúde bucal de pacientes portadores da doença. Um fator relevante que pode ser observado na presente pesquisa é em relação à etiologia da doença, pois se refere a uma doença considerada por especialistas complexa e que pode estar conjecturada a determinados fatores, tais como idade, histórico familiar, doenças de ordem vascular intelectiva, carência imunológica, convulsões metabólicas, ordem genética, traumas cranianos, tumores, contaminações e outros fatores que afetam a qualidade de vida nutritiva (como drogas, pressão alta, tabagismo e uso excessivo de álcool) (MIRANDA et al. 2010; WARMLING et al., 2016; DIAS; FONSECA, 2011).
É importante destacar que segundo Araujo (2015), a doença de Alzheimer é um percurso clínico variando entre 8 e 10 anos partindo da descoberta no estágio inicial. As caracterizações particulares de cada etapa da doença são decisivas para que seja desenvolvido de um plano de terapêutica da saúde bucal apropriada às necessidades do portador da doença. Por Conseguinte, Miranda et al., (2010) assinala que a doença encontra-se dividida em três fases: inicial, intermediária e final. A fase inicial doença pode ter duração de 4 anos e se caracteriza por perda de lembranças, como amnésia, deficiência na capacidade de aprendizado e retenção de novas informações, dificuldade de se comunicar, desacertos ao realizar exercícios diários normais.
Ainda segundo Miranda et al., (2010), o estágio intermediário tem duração entre 2 e 8 anos posteriormente a constatação do diagnóstico. Perdas de cognição acontecem frequentemente, transformações adicionais na comunicação, como por exemplo, repetição de palavras, interferência nos os exercícios profissionais, inaptidão de se autocuidar, elevado risco de acidentes de ordem secundária, desconforto, deficiência na compreensão do que acontece ao redor e atitudes agressivas. O referido autor ainda aponta que o dentista necessita estar bem ciente de que, nesta etapa da doença, o paciente vai expor problemas quanto à expressão da linguagem, sobretudo em relação à dor. 
A etapa final da doença tem duração entre 6 e 10 anos e é deliberada pela falta de orientação profunda, insensibilidade, dependência, incontinência fecal e urinária, perda total da memória atual. Podem ocorrer episódios de agressividade e ansiedade. Nesta etapa é corriqueiro o risco de desnutrição. Nesse panorama, o dentista participa de um ciclo de cuidados paliativos com a saúde desse paciente e é de muito importante que esses cuidados sejam realizados não apenas nos consultórios ou unidades básicas de saúde, e sim nas residências através da orientação do cuidador. As condições mínimas para a saúde oral deve ser uma prioridade. Deste modo, os dependentes idosos que se encontram em casa, casas de repouso e hospitais necessitam de atenção especial e constante. O dentista necessita ser inserido na preparação do plano terapêutico e conservação da saúde bucal desses pacientes (MIRANDA et al., 2010).
Para Araujo (2015, p. 15):
Estudos apontam que, devido ao comprometimento funcional e cognitivo, associados aos distúrbios de comportamento, idosos com DA possuem condição de saúde bucal ruim, e constituem um grupo de risco em relação ao desenvolvimento de doenças bucais. Outros estudos relacionam a alta prevalência de cárie dentária em indivíduos em estágios avançados da DA, e a presença de cárie dentária em idosos em estágio inicial da DA com o risco elevado de cárie radicular.  As questões relacionadas ao estado de saúde bucal de idosos com DA e a forma pela qual os cuidados de saúde bucal são providos a estes pacientes foram evidenciadas em alguns estudos.
Pereira et al., (2009) apontam em seus estudos que pacientes que não conseguem se alimentar sozinhos, costumam, na maioria das vezes, não realizar os cuidados de saúde oral. Desse modo, esses pacientes acabam adquirindo doenças orais como gengivite, tártaro e cárie. Observou-se também no estudo dos referidos autores que os portadores de demência em virtude da falta de higienização oral apresentavam dentes estragados que muitas vezes já não poderiam mais ser tratados sendo realizadas extrações e posteriormente colocação de próteses. Por outro lado, pacientes que usavam próteses também apresentavam problemas por falta de higienização. Nesse cenário, é preciso que os cuidadores prestem mais cuidados ao fornecer a alimentação, pois o paciente com demência não consegue realizar a assepsia sozinho. 
Nestes casos, segundo estudos realizados por Bonilla (2013), é necessário que se realizem programas educativos em saúde. Esses programas são eficazes em aprimorar os conhecimentos e ações dos idosos e de seus cuidadores e familiares no que tange aos aspectos conexos à promoção da sua saúde e precaução quanto às doenças orais. O exercício educativo necessita proceder em ampliação da conscientização, obtenção de habilidades quanto à alimentação e cuidados posteriores, modificação comportamental ao se reconhecer o que é a doença e como tratar a pessoa que a apresenta, e, sobretudo, estimular a conscientização de direitos e deveres estimulando também a participação coletiva.
 Acredita-se, nesse cenário que a abrangência do fenômeno da assistência à saúde oral do idoso que apresenta a Doença de Alzheimer, em conjunto com as ações educativas, podem cooperar para melhorar e dar subsídio à construção de exercícios de assistência que beneficiem um envelhecimento digno e benéfico. Todavia, ainda existem amplos desafios pautados aos cuidados fundamentais em saúde oral de pessoas idosas, sobretudo pelo fato da ausência de mão de obra qualificada (RESENDE, 2014; GOMES et al., 2014; GONÇALVES, 2012).
Warmling (2016, p. 33) assinala em seu estudo que:
A tarefa de cuidar é complexa, permeada por sentimentos diversos e contraditórios e muitas vezes dada a indivíduos que não se encontrampreparados para tal ação. Normalmente, essa responsabilidade é transferida como uma ação a mais para a família, que, em seu cotidiano, é obrigada a acumular mais uma função entre as que realizam. Segundo a literatura, estes cuidadores podem apresentar situações de crises, por exercerem funções muitas vezes cansativas, repetitivas e desgastantes. O cuidador principal é o que apresenta maior sobrecarga porque assume maior ou total responsabilidade nos cuidados, dedicando maior parte do seu tempo em prol da assistência ao familiar doente. Este quadro pode acarretar problemas físicos, psicológicos, emocionais, sociais e financeiros, que acabam por afetar tanto o bem-estar do cuidador quanto do idoso que ele cuida.
Para Dias (2011), os estudos despontam também que idosos que apresentam DA ou outro tipo de doença da mente tem uma maior possibilidade de apresentarem cárie dentária, doença periodontal com bolsas profundas, má higienização oral e má higienização das próteses, quando comparados com idosos sem demência. Nessa conjuntura, a cárie dentária, apresentação de infecções periodontais, salivação baixa (hipossalivação) em virtude das medicações usadas, deficiência cognitiva e motora e ausência de motivação seriam considerados os fatores que contribuem para a má saúde oral. Estas condições acarretariam impacto negativo na condição de vida do idoso, favorecendo, inclusive, o para o aumento da morbidade e mortalidade em pacientes idosos com Alzheimer.
Estudos realizados por Warmling (2016), Dias (2011) e Bonilla (2013) relacionam quadros de demência em pessoas idosas com a consequente perda dentária, além de integrar a perda dos desempenhos cognitivos com uma saúde oral ruim. Essa perda dental estaria pautada especialmente ao estado de saúde periodontal exposto pelo idoso, que consequentemente se agrava com o progresso da DA, encontrando-se intimamente conexo com a perda do exercício cognitivo.
Para Gonçalves (2012), ainda que as instruções de higienização bucal sejam oferecidas aos idosos com DA e seus cuidadores, ainda é necessário que se encontrem melhoras no nível de placa e no índice gengival no decorrer do tempo, por exemplo. Já no que tange à escovação dental regular, esta seria uma intercessão que conservaria a saúde oral de sujeitos com comprometimento das cognições. 
Para Pereira et al., (2009), a utilização de próteses bem adequadas para idosos com demência compõe fator fundamental para que sejam conservadas as doses suficientes de calorias cotidianas para esse idoso, uma vez que possibilita alimentação apropriada via recuperação da capacidade de mastigação. Ainda em se tratando do uso de próteses, percebeu-se que a redução dos exercícios cognitivos nos idosos com DA derivam da ausência de cuidados e higienização das próteses e consequentemente o essa falta de higienização acaba aumentando no número de detrimentos na mucosa. 
É importante destacar nesse panorama que o tratamento odontológico adequando aos portadores de DA contribui para minimizar as comorbidades associadas com a doença e necessita ser incluído rotineiramente na avaliação dos pacientes atingidos pela doença. O estudo em questão demonstrou que os cuidados paliativos são cuidados simples, como uma boa escovação e tratamento das doenças bucais, mas esses simples cuidados trazem uma significativa melhoria na qualidade de vida do portador de Alzheimer. 
Como pode ser observado, várias podem ser as estratégias de cuidado utilizadas pelo dentista e pelo cuidador, pois o seu trabalho vai além da vontade de querer cuidar do seu familiar, dada à complexidade que o cuidado exige. Envolve conhecimento, desenvolvimento de habilidades, iniciativas para a prevenção e tratamento de doenças e promoção e recuperação da saúde do idoso. Fatores relacionados à má saúde bucal, como a cárie dentária, doenças periodontais, juntamente aos medicamentos indutores de xerostomia, a redução da coordenação motora fina e o declínio cognitivo, além de levar a um aumento na morbidade e mortalidade, também causa impacto na qualidade de vida do idoso com DA.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com que foi estudado no presente trabalho, ficou claro que a importância com o cuidado na saúde bucal do idoso portador de Alzheimer é fundamental para oferecer suporte a fim de suprir as necessidades de ordem biológicas, mentais e coletivas do paciente. Outro fator importante é que quando se dá mais assistência à terapia medicamentosa principalmente nos cuidados bucais percebe-se que esses cuidados não necessitam ser realizados somente em um consultório, pois o cirurgião-dentista se encontra apto a orientar os cuidadores quanto à assepsia bucal desse público.
Nesse cenário, as estratégias de assistência à saúde bucal apontadas na presente pesquisa servem como diretriz e também podem servir como auxiliar na consolidação do exercício profissional da assistência tanto domiciliar quanto na Atenção Primária de Saúde. 
É preciso destacar também que os profissionais na área Odontológica não se restringem apenas ao cuidado oral e sim contribuem significativamente para a melhoria psicológica não só do paciente como também da família do portador de Alzheimer, uma vez que esses profissionais encontram mais perto da comunidade e, por conseguinte, contribuem de maneira direta nesse cuidado por meio das consultas nos Centro de Saúde que servem de ponte para a orientação aos cuidadores seja em grupo e/ou particularmente. Deste modo, os profissionais passam a conhecer a realidade de cada família e com isso cooperam para desenvolver as estratégias mais apropriadas para a assistência específica de cada idoso portador de Alzheimer.
5. REFERÊNCIAS
ARAUJO, Nathalia Lima. O uso do Mini-Exame do Estado Mental em pesquisas com idosos no Brasil: uma revisão sistemática. Ciênc. saúde coletiva. vol.20 no. 12 Rio de Janeiro Dec. 2015. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232015001203865>. Acesso em: 12 out. 2019.
BONILLA, Jéssica Gazel. Protocolo Odontológico nos pacientes idosos com Alzheimer. Disponível em: < http://www.clinicadentalgazel.com/pt-br/category/artigos/>. Acesso em: 30 set. 2019.
DIAS, Mirtes Helena Mangueira da Silva; FONSECA, Suzana Carielo da. O atendimento de pacientes com doença de ALZHEIMER na clínica odontológica: desafios e diretrizes. Revista Medicina e Saúde de Brasília. v. 7, n. 2, 2011. Disponível em: < http://sms.sp.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=525>. Acesso em: 22 out. 2019.
GOMES Lidiane Cristina de Souza ;RODRIGUES Tatyanne Silva; GOIANO PÉTTERSON Danilo de Oliveira Lima;LOPES, Julliany de Souza Pires. Cuidados paliativos e Alzheimer: concepções de neurologistas. Rev. enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2014 set/out; 22(5): 686-92. Disponível em: < http://www.facenf.uerj.br/v22n5/v22n5a17.pdf>. Acesso em: 12 set. 2019
GONÇALVES, Josiane Bittar. Atendimento odontológico em pacientes com necessidades especiais: uma revisão literária. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Atenção Básica em Saúde da Família). Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, 2012. Disponível em: < https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3761.pdf>. Acesso em: 12 set. 2019.
LIMA, Juliane Silveira. Envelhecimento, demência e doença de Alzheimer: o que a psicologia tem a ver com isso?. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 3, n. 42, p. 569- 589, maio. 2017. Disponível em: < https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/viewFile/17666/16231>. Acesso em: 03 set. 2019.
MIRANDA, Alexandre Franco; MIRANDA, Maria da Penha Araújo Franco; LIA, Érica Negrini; LEAL, Soraya Coelho. Doença de Alzheimer: características e orientações em Odontologia. RGO, Rev. gaúch. odontol. (Online) vol.58 no. 1 Porto Alegre Jan./Mar. 2010. Disponível em: < http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-86372010000100019&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 set. 2019
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