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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APLICADA

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AVALIAÇÃO 
NUTRICIONAL 
APLICADA
Rafaela da Silveira Corrêa
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
A945 Av aliação nutricional aplicada [recurso eletrônico] / 
Organizadora, Rafaela da Silveira Corrêa. – Porto 
Alegre : SAGAH, 2016.
Editado como livro impresso em 2016.
ISBN 978-85-69726-70-8
1. Nutrição. 2. Avaliação nutricional. 3. Semiologia 
nutricional. I. Corrêa, Rafaela da Silveira.
CDU 612.39
Avaliação bioquímica do 
estado nutricional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar os indicadores bioquímicos utilizados na avaliação do
estado nutricional.
 � Relacionar as medidas bioquímicas ao estado nutricional e clínico
do paciente.
 � Analisar exames bioquímicos relacionados ao estado nutricional e 
estabelecer o diagnostico nutricional do paciente, de forma com-
plementar as técnicas de antropometria e avaliação clínica.
Introdução
O estado nutricional é resultado do equilíbrio entre o consumo de nu-
trientes, as necessidades nutricionais e o gasto energético. Existem di-
versos métodos para a avaliação do estado nutricional, dentre os quais 
se destaca a utilização de exames bioquímicos. O uso desses indica-
dores na prática clínica possibilita a detecção de desequilíbrios do es-
tado nutricional, visto que tais parâmetros estão relacionados com a 
ingestão e o metabolismo dos componentes presentes nos alimentos. 
Neste texto, você verá as principais medidas bioquímicas relaciona-
das ao estado nutricional e a relação destes indicadores com o estado 
clínico e nutricional, além de conhecer as intervenções dietoterápicas 
utilizadas na prática.
Importância da avaliação bioquímica do 
estado nutricional
Você sabia que o estado nutricional é resultado do equilíbrio entre o consumo 
de nutrientes, as necessidades nutricionais e o gasto energético? A avaliação 
do estado nutricional busca identificar distúrbios e riscos nutricionais visando 
ao planejamento de condutas adequadas à recuperação ou manutenção desse 
estado.
Quando ocorre carência de nutrientes, seja pelo consumo inadequado, por 
necessidades aumentadas ou pela depleção exacerbada, podem ocorrer do-
enças como desnutrição, anemias e hipovitaminoses. Quando o desequilíbrio 
ocorre pelo consumo exagerado de um ou mais nutrientes, manifestações de 
agravos crônicos não transmissíveis podem ocorrer, como hipertensão, dia-
betes e obesidade.
Há diversos métodos para a realização da avaliação do estado nutricional, sendo com-
plementares entre si. Nenhum método isolado é capaz de determinar com exatidão 
o estado nutricional de um indivíduo, sendo desejável a associação entre diferentes 
técnicas. Portanto, a avaliação do estado nutricional é um importante passo no trata-
mento de qualquer alteração nutricional, na medida em que fornece ao profissional de 
saúde subsídios para a decisão da conduta a ser adotada.
Indicadores bioquímicos úteis para o 
diagnóstico nutricional na prática clínica
Esteja atento à divisão que pode ser feita com relação aos métodos de ava-
liação nutricional! Eles podem ser divididos em diretos (avaliação antropomé-
trica, exames laboratoriais/bioquímicos e inquéritos alimentares) ou indiretos 
(avaliação subjetiva global e exame clínico físico).
Como método direto, a avaliação de indicadores bioquímicos na prática 
clínica possibilita a detecção de desequilíbrios do estado nutricional, visto 
que estes parâmetros estão relacionados com a ingestão e com o metabolismo 
dos componentes presentes nos alimentos. No entanto, embora seja verificada 
uma boa correlação desses indicadores com o consumo dos nutrientes e com 
o estado nutricional, é importante você saber que os resultados laboratoriais 
devem ser utilizados como método complementar na avaliação do estado nu-
tricional.
Outros fatores –como os estados patológicos (sejam estes agudos ou crô-
nicos) – irão impactar na composição corporal e bioquímica do sujeito, po-
Avaliação nutricional aplicada2
dendo influenciar nos marcadores laboratoriais tradicionalmente conhecidos 
como avaliadores do estado nutricional. Conhecer as alterações fisiopatoló-
gicas de cada condição clínica e a repercussão no estado nutricional é funda-
mental para nortear a interpretação dos resultados bioquímicos.
Os exames laboratoriais devem ser utilizados em conjunto com os dados 
obtidos nas avaliações clínica, física e alimentar. A associação de dados an-
tropométricos, com inquéritos alimentares e indicadores bioquímicos, forma 
a combinação mais apropriada para obtenção do diagnóstico nutricional e 
para a avaliação e o acompanhamento de intervenções dietoterápicas utili-
zadas na prática clínica.
Diferentemente da avaliação do consumo alimentar, que é realizada por 
meio de inquéritos alimentares, os indicadores bioquímicos são medidas ob-
jetivas do estado nutricional que não estão sujeitos a vieses de entrevista ou 
de obtenção de dados. A escolha do melhor método de avaliação dependerá 
das questões específicas a serem respondidas e do nutriente cuja exposição 
será avaliada.
É importante que você tenha em mente que para cada nutriente pode haver 
diferentes indicadores bioquímicos relacionados tanto ao metabolismo quanto 
ao uso em particular pelo organismo, sendo imprescindível a interpretação 
deste resultado em conjunto com os dados clínicos e dietéticos do paciente.
Fatores que podem influenciar os indicadores 
bioquímicos
Você sabia que diversos fatores podem afetar os indicadores bioquímicos? Por 
isso, é importante a investigação destes para a avaliação e a interpretação do 
estado nutricional do indivíduo.
Além das condições clínicas, crônicas ou agudas, descritas anteriormente, fatores fi-
siológicos e ambientais/comportamentais também podem interferir nos resultados. 
Como fatores fisiológicos, podemos destacar: idade, sexo, raça e características gené-
ticas do indivíduo. Já como fatores ambientais e comportamentais descritos pela litera-
tura, podem ser citados alcoolismo, tabagismo, uso de drogas e medicamentos, prática 
de atividade física e condições socioeconômicas.
3Avaliação bioquímica do estado nutricional
Para avaliar o resultado obtido a partir de um exame bioquímico, são ne-
cessários valores de referência, os quais são, por definição, as faixas de nor-
malidade ou os pontos de corte para um determinado teste.
Os valores de referência são específicos para cada população, isto é, 
podem estar disponíveis referências para homens e mulheres, para as di-
ferentes faixas etárias e também para as fases específicas da vida, como a 
gestação, por exemplo. A definição destes valores tem por base estudos po-
pulacionais, sendo que estes dados são muito úteis para a comparação dos 
resultados obtidos.
Outro fator importante a ser considerado na avaliação bioquímica é a pa-
dronização da coleta deste dado. O período do dia, por exemplo, pode in-
fluenciar no resultado do teste. Para marcadores bioquímicos cujas concentra-
ções no sangue e na urina variam ao longo do dia, recomenda-se a coleta da 
amostra pela manhã, após o jejum noturno. Em outros casos, pode-se indicar 
a coleta do volume total da urina produzida em um período de 24 horas.
Indicadores bioquímicos de rotina
Alguns exames laboratoriais são utilizados na rotina do aconselhamento nu-
tricional, como os níveis de colesterol e suas frações, triglicerídeos, glicemia 
e hemograma. Outros, mais específicos, são empregados para avaliar especi-
ficidades dos sintomas clínicos, como a albumina, a transferrina, a ureia, a 
creatinina e o acido úrico.
Você verá a seguir a descrição dos exames laboratoriais de uso mais fre-
quente na pratica clinica, suas aplicações e seus valores de referência.
Hemograma
O hemograma é um dos exames laboratoriais mais utilizados na prática clí-
nica e no atendimento ambulatorial. Como um dos objetivos desta análise, 
podemos citar a investigação da anemia ferropriva. A maior parte do ferro 
corporal está ligada em proteínas que carregamo grupamento heme, envol-
vidas no transporte de oxigênio, como a hemoglobina e a mioglobina. Al-
gumas populações em específico estão mais suscetíveis à deficiência de ferro, 
como as mulheres em idade fértil e as crianças.
No hemograma são avaliadas as células brancas (leucócitos) e as verme-
lhas (hemácias ou eritrócitos). O eritrograma é o estudo da série vermelha. 
Avaliação nutricional aplicada4
Nessa série são avaliados os valores de hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb) 
e também os valores hematimétricos, os quais refletem as características dos 
eritrócitos quanto ao volume e ao conteúdo de hemoglobina. Os parâmetros 
hematimétricos são: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina cor-
puscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média 
(CHCM) e Red Cell Distribution Width (RDW).
O hematócrito é um índice calculado em percentual, que representa a 
massa total de células sanguíneas na unidade de volume. Como a massa pre-
dominante é de hemácias, o valor do hematócrito depende praticamente do 
volume ocupado por estas células. Este parâmetro encontra-se baixo em todas 
as anemias. As situações que afetam o volume plasmático podem alterar o 
hematócrito, como gravidez, desidratação, sangramento intenso e grandes 
queimaduras.
A hemoglobina é uma proteína intracelular contida dentro da hemácia. 
Ela exerce papel fundamental no transporte de oxigênio (O2) do pulmão aos 
tecidos e de gás carbônico (CO2) dos tecidos ao pulmão. Por ser intracelular, 
apresenta menor sensibilidade no processo de desnutrição. Assim, sua dimi-
nuição ocorre mais tardiamente na depleção proteica. Porém, quando está em 
valores inferiores aos normais, é sugestiva de desnutrição.
Conforme já referimos aqui, a hemoglobina está relacionada com a anemia, 
a qual pode ocorrer tanto pela diminuição na produção das hemácias quanto 
pelo aumento na velocidade de destruição destas células. Há diversas causas 
envolvidas com a anemia, e tanto o valor da hemoglobina quanto os parâme-
tros hematimétricos são importantes na compreensão de tal situação clínica.
Quando os estoques de ferro são exauridos, ocorre também a redução do 
número das células vermelhas em razão da diminuição da sua produção pela 
medula. Neste caso, a anemia caracteriza-se por ser normocítica e normocrô-
mica, ou seja, os valores de hemoglobina estão reduzidos, mas o tamanho das 
células, determinado pelo VCM, e a quantidade de heme por célula, repre-
sentado pelo CHCM, permanecem normais. Na anemia ferropriva mais avan-
çada, há diminuição do tamanho da célula e da coloração, sendo a anemia, 
então, denominada hipocrômica e microcítica, sendo traduzida laboratorial-
mente pela diminuição dos valores de VCM e CHCM.
Há também anemias macrocíticas e megaloblásticas, que ocorrem quando 
o VCM apresenta-se com valores acima dos normais. Esta anemia pode ser 
causada por deficiências de folato e vitamina B12.
5Avaliação bioquímica do estado nutricional
Os valores de referência para hematócrito e hemoglobina e para os parâ-
metros hematimétricos variam conforme sexo e idade do indivíduo. Confira 
na Tabela 1 os valores propostos para adultos.
Fonte: Programa Nacional de Controle de Qualidade (c2015).
Idade/
sexo
Hb (g/dL) 
(± 2dp)
Ht (%) 
(± 2dp)
VCM (fl) 
(± 2dp)
HCM (pg) 
(± 2dp)
CHCM 
(g/dL) 
(± 2dp)
18 a 49 
anos
Mulheres 14 41 90 30 34
(12-16) (36-46) (80-100) (26-34) (31-37)
Homens 15,5 47 90 30 34
(13,5-17,5) (41-53) (80-100) (26-34) (31-37)
Tabela 1. Valores normais de série vermelha (± 2dp)
Glicose
O diabetes melito (DM) representa um grave problema de saúde pública, 
sendo considerado uma epidemia mundial. Atualmente, estima-se que a po-
pulação mundial com diabetes seja de cerca de 387 milhões, sendo que 80% 
se encontra em países em desenvolvimento.
Alguns fatores estão associados ao aumento do número de indivíduos com 
diabetes, como o envelhecimento da população, a urbanização e, sobretudo, a 
elevação nas prevalências de obesidade e sedentarismo.
Avaliação nutricional aplicada6
O DM não é uma única doença, mas um grupo de distúrbios metabólicos que apre-
senta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na se-
creção de insulina ou em ambas. Conforme as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Dia-
betes, a doença é dividida em quatro tipos: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros 
tipos específicos de DM e DM gestacional. Há ainda duas categorias, referidas como 
pré-diabetes, que são a glicemia de jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída. 
Essas categorias não são entidades clínicas, mas fatores de risco para o desenvolvi-
mento de DM e doenças cardiovasculares (MILECH et al., 2016).
Atualmente, são três os critérios aceitos para o diagnóstico do DM com 
utilização da glicemia. Confira-os no Quadro 1.
Fonte: Milech et al. (2016, p. 11).
Categoria Jejum*
2h após 75g de 
glicose Casual**
Glicemia normal < 100 < 140
Tolerância à 
glicose diminuída
≥ 100 a < 126 ≥ 140 a < 200
Diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200
≥ 200 (com 
sintomas clás-
sicos)***
*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8h.
**Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora 
do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
***Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, po-
lidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repe-
tição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca 
com decomposição metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
Quadro 1. Valores de glicose plasmática (em mg/d), diagnóstico de diabetes e seus estágios 
pré-clínicos.
7Avaliação bioquímica do estado nutricional
O acompanhamento do parâmetro na prática clínica pode auxiliar na pre-
venção primária do DM, podendo impactar na redução da prevalência e no 
retardo do desenvolvimento da doença.
Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Diabetes faz as seguintes reco-
mendações: realizar intervenções no estilo de vida, com ênfase em alimen-
tação saudável e prática regular de atividade física, mudanças que reduzem 
a incidência de diabetes tipo 2; fazer também intervenções no controle da 
obesidade, na hipertensão arterial, na dislipidemia e no sedentarismo. Além 
disso, deve-se focar no bom controle metabólico do diabetes, o qual previne 
o surgimento ou retarda a progressão de suas complicações crônicas, particu-
larmente as microangiopáticas (MILECH et al., 2016).
Colesterol e suas frações
As dislipidemias são definidas como distúrbios no metabolismo lipídico, os 
quais se manifestam pela alteração dos níveis de lipoproteínas na circulação 
sanguínea. Tais alterações são de grande importância na saúde pública, tendo 
em vista sua relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
As dosagens de colesterol total, triglicerídeos e HDL-colesterol ou da de-
terminação do LDL-colesterol são muito importantes na avaliação do estado 
nutricional. O risco de doenças cardiovasculares aumenta conforme são supe-
rados os valores limítrofes do colesterol total e do LDL-colesterol. Já a relação 
com o HDL-colesterol é inversa, isto é, conforme seus valores diminuem, o 
risco aumenta. Confira na Tabela 2 os valores referenciais do perfil lipídico 
para adultos maiores de 20 anos.
Para avaliação dos parâmetros bioquímicos, a coleta de sangue deve ser 
realizada após o indivíduo realizar jejum de 12 horas. Recomenda-se que, 
para determinação do perfil lipídico, o paciente esteja com dieta habitual, 
estado metabólico e peso estáveis por, pelo menos, duas semanas antes da 
realização do exame. Além disso, devem-se evitar ingestão de álcool e ati-
vidade física vigorosa nas 72 e 24 horas que antecedem a coleta de sangue, 
respectivamente.
É reconhecida a relação do consumo dietético sobre os lipídios plasmá-
ticos. O consumo aumentado de colesterol, carboidratos, ácidos graxos satu-
rados e ácidos graxos trans, além do excesso de calorias, está associado com 
o aumento nos níveis séricos de colesterole triglicerídeos. Nesse sentido, a 
terapia nutricional e as mudanças no estilo de vida – como perda de peso e 
Avaliação nutricional aplicada8
realização de atividades físicas – são indicadas como abordagem terapêutica 
nas dislipidemias.
Fonte: Xavier et al. (2013, p. 3).
Lípideos Valores (mg/dL) Categoria
CT
< 200 Desejável
200-239 Limítrofe
≥ 240 Alto
LDL-C
< 100 Ótimo
100-129 Desejável
130-159 Limítrofe
160-189 Alto
≥ 190 Muito alto
HDL-C
> 60 Desejável
< 40 Baixo
TG
< 150 Desejável
150-200 Limítrofe
200-499 Alto
≥ 500 Muito alto
Colesterol não HDL
< 130 Ótimo
130-159 Desejável
160-189 Alto
≥ 190 Muito alto
Tabela 2. Valores referenciais do perfil lipídico para adultos maiores de 20 anos.
Indicadores bioquímicos de aplicação clínica
Além dos indicadores que estudamos na seção anterior, utilizados na rotina do 
aconselhamento nutricional, outros parâmetros bioquímicos podem ser muito 
importantes e úteis na avaliação do estado nutricional. Eles serão descritos 
9Avaliação bioquímica do estado nutricional
a seguir, com os objetivos de auxiliar na análise global do quadro clínico e 
nutricional dos pacientes assistidos e também de ajudar na compreensão da 
reposta à prescrição nutricional adotada.
Dosagem de proteínas plasmáticas
A avaliação da massa muscular é um importante fator na determinação do 
estado nutricional de um indivíduo, tendo em vista a proporção que a massa 
magra representa no corpo de um adulto.
Um indivíduo jovem, com índice de massa corporal dentro dos parâmetros normais, 
com atividade física mínima, apresenta, basicamente, 25% da massa do seu organismo 
de gordura, e os 75% restantes de massa corporal magra. Esta, por sua vez, é composta 
por proteínas (20%), água (70%) e minerais (10%).
A atuação dos hormônios anabólicos e a manutenção dos estoques pro-
teicos determinam a quantidade de massa corporal magra do corpo. No en-
tanto, situações de estresse podem gerar desequilíbrio, aumentando o catabo-
lismo proteico e resultando na perda de massa magra.
Há relação direta entre a perda de massa magra e a mortalidade, sendo 
este indicador de grande relevância do ponto de vista clínico. De acordo com 
a porcentagem de massa magra perdida, é possível predizer o risco de mor-
talidade e de alterações clínicas associadas. Perdas de 10% da massa magra 
estão associadas a alterações imunológicas, aumentando o risco de infecção. 
Perdas de 20% comprometem a cicatrização, causam fraqueza generalizada 
e aumentam o risco de infecção em um índice significativo. Mais de 30% de 
massa magra perdida gera grande prejuízo na cicatrização e alterações fun-
cionais significativas nas musculatura esquelética.
Índice creatinina-altura
Conforme você leu neste capítulo, a massa magra representa uma importante 
reserva de proteínas no corpo humano.
Avaliação nutricional aplicada10
A creatina é uma proteína sintetizada pelo fígado e que se acumula no 
músculo, apresentando uma quantidade relativamente constante. Até 5% da 
creatina transforma-se em creatinina, uma proteína não reutilizável que acaba 
sendo eliminada pelo rim. Como a creatinina é quase inteiramente eliminada 
pelo rim, a excreção urinária de creatinina em 24 horas pode ser considerada 
proporcional à massa muscular.
Na desnutrição ou em estados de hipercatabolismo, há degradação intensa do mús-
culo esquelético. A creatinina, por ser um metabólito derivado da creatina, apresenta-
-se aumentada na urina nestas situações, sendo um importante indicativo de depleção 
da massa muscular.
A combinação da excreção urinária de creatinina com a altura do indi-
víduo, categorizada por sexo e idade, forma o índice creatinina-altura (ICA). 
Essa relação tem sido utilizada como um método indireto para o cálculo da 
massa muscular. O índice, quando entre 60 e 80%, é um indicativo de de-
pleção moderada da massa muscular; valores abaixo de 60% são indicativos 
de depleção grave.
A dosagem da creatinina é feita na urina de 24 horas, e o índice é calcu-
lado a partir da seguinte fórmula:
ICA =
creatinina urinária de 24h
x 100
creatinina urinária ideal
Você deve reparar que algumas limitações devem ser levadas em consi-
deração. O método não é indicado para a avaliação de indivíduos com nefro-
patia, tendo em vista que esses pacientes apresentam elevação da eliminação 
de creatinina. Nos idosos, devido à depleção da massa magra característica 
da idade, pode haver excreção urinária de creatinina diferente do padrão. Em 
vegetarianos estritos, observam-se alterações da dosagem deste índice, pois 
a ingestão diária de carne exerce influência direta no teor urinário de creati-
nina.
11Avaliação bioquímica do estado nutricional
Proteínas de fase aguda
Em situações mórbida agudas, como traumas, queimadura, infecções, sepse 
e lesões de tecido em geral, ocorre o aumento da produção hepática das pro-
teínas de fase aguda.
O aumento da produção dessas proteínas é uma reposta metabólica a 
eventos lesivos agudos. Nessas circunstâncias, o fígado prioriza a produção 
de tais proteínas em detrimento à produção de outras proteínas viscerais.
Algumas proteínas tradicionalmente conhecidas como marcadoras do es-
tado nutricional, como a albumina, a pré-albumina, a proteína carreadora de 
retinol e a transferrina, estão correlacionadas negativamente com aquelas de 
fase aguda.
Albumina
A albumina é a proteína mais abundante no plasma e nos líquidos extracelu-
lares. Destacam-se como suas funções o transporte de cálcio, cobre, ácidos 
graxos de cadeia longa, esteroides e drogas, além de outros compostos.
A massa de albumina circulante é de cerca de 120 g e, a cada dia, são sin-
tetizadas de 10 a 12 g de albumina pelas células hepáticas.
A concentração de albumina reflete a soma de diversos fatores, incluindo 
sua produção pelo fígado, perdas corporais e fornecimento de substrato. Em 
resumo, a hipoalbuminemia (redução da concentração da albumina) ocorre 
pela ingestão e absorção inadequada de substratos e pela diminuição da sín-
tese hepática, perda renais, intestinais e cutâneas, além de outros processos.
Por ter meia-vida longa, entre 18 e 20 dias, e uma grande reserva corporal, a albumina 
não é indicada para avaliar a desnutrição aguda. Por outro lado, é um marcador confi-
ável nos pacientes com desnutrição crônica, correlacionando-se com a circunferência 
do braço, a perda da força muscular e o risco aumentado de infecção e mortalidade.
Muitos estudos encontraram relação entre hipoalbuminemia e complica-
ções nos pacientes hospitalizados. Sendo assim, a albumina tem sido apon-
tada como o melhor teste isolado para predizer a evolução do indivíduo. A 
Avaliação nutricional aplicada12
avaliação desta proteína em âmbito hospitalar é rotineira, tendo em vista a sua 
importância e, principalmente, porque não requer metodologia sofisticada, 
sendo uma análise de baixo custo.
Transferrina
A transferrina é uma proteína do grupo das globulinas. É sintetizada pelo 
fígado e responsável pelo transporte do ferro no plasma. Por apresentar meia-
-vida menor, em torno de oito dias, é considerada um marcador mais sensível 
do estado nutricional, quando comparada à albumina.
A transferrina aumenta na carência de ferro. Em situações como gravidez, 
fases precoces de hepatites agudas, perdas crônicas de sangue, anemia, infec-
ções crônicas, doenças hepáticas crônicas, neoplasias e sobrecarga de ferro, 
a transferrina também está aumentada. Portanto, nem sempre é um índice 
específico do estado de nutrição proteica.
Pré-albumina
A pré-albumina é a proteína responsável pelo transporte dos hormônios ti-
reoidianos. Também participa no metabolismo da vitamina A, sendo carre-
adora da proteína fixadora do retinol. Essa ligação é muito importante, pois 
evita a eliminação renal desta proteína, que tem pequeno tamanho molecular.
Assim como a transferrina e a albumina, é uma proteína sintetizada pelo 
fígado, de rápido turnover, isto é, sua vida média é relativamente curta: dois 
dias.
Em condições de desnutriçãoproteica energética, a pré-albumina en-
contra-se diminuída, mas também há redução de seus níveis nas doenças he-
páticas, na restrição calórica e em situações nas quais há aumento das prote-
ínas de fase aguda.
Proteína carreadora do retinol
Como o seu nome indica, a proteína carreadora do retinol é a responsável pelo 
transporte do retinol no plasma. Sua vida média é de 10 a 12 horas, sendo, por-
tanto, um índice muito sensível da restrição proteica e/ou energética. Embora 
seja a proteína visceral mais sensível ao diagnóstico precoce da desnutrição, 
13Avaliação bioquímica do estado nutricional
é justamente a sua meia-vida muito curta que dificulta a aplicação na prática 
clínica.
Os níveis plasmáticos da proteína carreadora do retinol reduzem-se nas 
doenças hepáticas, na carência de vitamina A e zinco e também no hiperti-
reoidismo. Em recém-nascidos de muito baixo peso, a dosagem de pré-albu-
mina e da proteína carreadora do retinol mostram-se como bons marcadores 
de repleção proteica.
O padrão de normalidade para a proteína carreadora do retinol encontra-
-se entre 3 e 5 mEq/dL.
Proteína C-reativa
É uma das principais proteínas da fase aguda. A proteína C-reativa encontra-
-se de 10 a 100 vezes aumentada diante de situações de infecção e inflamação.
Sua dosagem pode ser utilizada para diferenciar processos infecciosos por 
bactérias de processos virais. Isso ocorre porque a concentração de proteína 
C-reativa está elevada em processos de infecção por bactérias e inalterada em 
processos virais.
Os valores de referência de normalidade para a proteína C-reativa são 
abaixo de 0,8 mg/dL.
Balanço nitrogenado
O cálculo da diferença entre o nitrogênio ingerido e o nitrogênio eliminado ou 
excretado é o balanço nitrogenado.
O balanço nitrogenado não resulta em diagnóstico do estado nutricional 
(eutrófico nutrido, desnutrido, etc.), mas fornece informações sobre a dinâ-
mica entre o consumo e as perdas de nitrogênio, podendo ser utilizado para 
avaliar a adequação da prescrição nutricional.
Para chegar ao valor de nitrogênio ingerido e excretado, é necessário re-
alizar um cálculo. O nitrogênio ingerido é obtido dividindo-se o valor (em 
gramas) das proteínas ingeridas em determinado período por uma constante 
de 6,25. Essa constante é o valor de nitrogênio contido na proteína (cada 100 g 
de proteína tem 16% de nitrogênio, logo, 100/16 é igual a 6,25). O nitrogênio 
excretado é calculado por meio do nitrogênio eliminado na urina na forma de 
ureia.
Avaliação nutricional aplicada14
A avaliação deste parâmetro é bastante complexa, tendo em vista as di-
versas variáveis envolvidas na relação. Além disso, o estado hipercatabólico 
e os mediadores inflamatórios envolvidos em situações de infecção e infla-
mação sistêmica elevam a excreção urinária de ureia. Assim, o produto final 
da excreção não é resultante somente da prescrição nutricional, mas também 
do estado de catabolismo proteico determinado pelos mediadores inflamató-
rios.
Apesar das limitações do balanço nitrogenado, este ainda é o método 
quantitativo indicado para avaliar a terapêutica nutricional. No entanto, a in-
terpretação do parâmetro deve ser realizada à luz do contexto clínico e consi-
derando-se outras medidas clínicas disponíveis.
Considerações finais
Conforme você aprendeu neste capítulo, os exames laboratoriais assumem 
importante papel na avaliação nutricional e no monitoramento da terapia nu-
tricional, tanto na prática clínica quanto no atendimento ambulatorial.
O constante monitoramento dos parâmetros, em conformidade com a situ-
ação clínica do paciente e em associação com outros métodos de avaliação nu-
tricional, auxilia no diagnóstico e no acompanhamento do estado nutricional.
15Avaliação bioquímica do estado nutricional
1. A avaliação do estado nutricional por 
meio de indicadores bioquímicos in-
clui a medida de um nutriente ou de 
seu metabólito, principalmente no 
sangue e na urina. Sobre a utilização 
do índice creatinina-altura (ICA) para 
avaliação do estado nutricional de 
um paciente grave, com redução do 
débito urinário, assinale a alternativa 
INCORRETA.
a) A dosagem da creatinina é feita 
na urina de 24 horas, e este indi-
cador apresenta-se aumentado 
em situações de depleção da 
massa muscular.
b) Sua utilização seria imprescin-
dível para a definição do estado 
nutricional e do planejamento da 
terapia nutricional.
c) Seu resultado pode ser influen-
ciado pelo estado de estresse 
metabólico e por instabilidade 
hemodinâmica.
d) Muitas variáveis podem interferir 
na creatinina excretada na urina 
e, portanto, sua dosagem não se 
aplicaria neste momento para 
definição do estado nutricional 
do paciente.
e) O comprometimento da função 
renal poderia causar creatinina 
baixa, resultando em um ICA 
falsamente reduzido.
2. A albumina é a proteína mais abun-
dante no plasma e nos líquidos 
extracelulares. Sobre ela, assinale a 
alternativa correta.
a) A concentração sérica da albu-
mina reflete sua produção no 
fígado.
b) A hipoalbuminemia (redução da 
concentração da albumina) é re-
sultante da ingestão inadequada 
de proteínas.
c) Por ter uma meia-vida longa, 
entre 18 e 20 dias, e uma grande 
reserva corporal, a albumina não 
é indicada para avaliar a desnu-
trição aguda.
d) A dosagem de albumina em 
pacientes hospitalizados não é 
rotineira, pois o método é sofisti-
cado e caro.
e) A albumina é a proteína respon-
sável pelo transporte de oxigênio 
no sangue.
3. Sobre o hemograma e seus parâ-
metros, assinale a alternativa que 
apresenta a relação correta entre o 
nome e a descrição.
a) Hematócrito: é a medida direta 
do quantitativo de hemoglobina 
no sangue.
b) Anemia: doença carencial relacio-
nada somente ao baixo consumo 
de ferro.
c) Os valores de referência para he-
matócrito e hemoglobina e para 
os parâmetros hematimétricos 
são únicos para toda a população 
adulta.
d) Parâmetro hematimétrico: índice 
calculado em percentual, que 
representa a massa total de 
células sanguíneas na unidade de 
volume.
e) Hemoglobina: proteína intrace-
lular contida dentro da hemácia.
4. Na triagem nutricional é muito 
importante avaliar o colesterol e suas 
Avaliação nutricional aplicada16
frações, pois alterações nos lipídeos 
plasmáticos estão associadas a muitas 
doenças. Sobre estes indicadores, 
assinale a alternativa INCORRETA.
a) As dislipidemias são definidas 
como distúrbios no metabolismo 
lipídico, as quais se manifestam 
pela alteração dos níveis de 
lipoproteínas na circulação 
sanguínea.
b) As dosagens do colesterol total, 
dos triglicerídeos e do HDL-
-colesterol ou da determinação 
do LDL-colesterol são de grande 
importância na avaliação do 
estado nutricional.
c) O risco de doenças cardiovascu-
lares aumenta conforme elevam-
-se os níveis de HDL-colesterol.
d) O risco de doenças cardiovas-
culares aumenta conforme são 
superados os valores limítrofes 
do colesterol total e do LDL-
-colesterol.
e) É reconhecida a relação do con-
sumo dietético sobre os lipídios 
plasmáticos – consumo aumen-
tado de colesterol, carboidratos, 
ácidos graxos saturados e ácidos 
graxos trans.
5. Sobre o balanço nitrogenado, qual 
alternativa NÃO está correta?
a) É obtido pelo cálculo da diferença 
entre o nitrogênio ingerido e o ni-
trogênio eliminado ou excretado.
b) Os valores de ureia urinária são 
afetados pela insuficiência renal, 
tornando o cálculo do balanço 
nitrogenado irreal e passível de 
interpretações equivocadas.
c) Em pacientes gravemente 
enfermos, a excreção urinária de 
ureia, produto da mobilização 
das proteínas, será proporcional à 
gravidade do caso.
d) O balanço nitrogenado costuma 
ser negativo para pacientes 
graves, como indivíduos com 
sepse ou traumatizados.
e) Todas as informações estão 
corretas.
17Avaliação bioquímica do estado nutricional
MILECH, A. et al.. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016). São Paulo: A.C. 
Farmacêutica, 2016.
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE. Site. Rio de Janeiro:PNCQ, 
c2015. Disponível em: <https://www.pncq.org.br/>. Acesso em: 7 ago. 2016.
XAVIER, H. T. et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. 
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Pasulo, v. 101, n. 4 supl. 1, out. 2013.
Leituras recomendadas
DUARTE, A. C. G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Athe-
neu, 2007.
KAC, G.; SICHIERI, R.; GIGANTE, D. P. Epidemiologia nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 
2007.
LAMEU, E. Clínica nutricional. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.
VÍTOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
WAITZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2009.
Avaliação nutricional aplicada18
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