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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APLICADA Rafaela da Silveira Corrêa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A945 Av aliação nutricional aplicada [recurso eletrônico] / Organizadora, Rafaela da Silveira Corrêa. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-70-8 1. Nutrição. 2. Avaliação nutricional. 3. Semiologia nutricional. I. Corrêa, Rafaela da Silveira. CDU 612.39 Avaliação nutricional subjetiva global Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o que é avaliação nutricional subjetiva global. � Definir as etapas de realização da avaliação nutricional subjetiva global. � Estabelecer o diagnóstico nutricional pelo método em diferentes situações clínicas. Introdução Os métodos propostos para a avaliação nutricional, como a antropo- metria, a avaliação bioquímica e os exames de composição corporal são importantes para identificação do estado nutricional, porém, ne- nhum método isolado é capaz de responder quanto ao risco nutri- cional do paciente. Diante da complexidade de fatores envolvidos na relação entre doença, estado nutricional e prognóstico do paciente, um novo método de avaliação foi proposto, visando a valorizar a his- tória clínica do paciente e a determinar o risco nutricional: a avaliação subjetiva global do estado nutricional (ASG). Neste texto, você conhecerá este método de avaliação nutricional e aprenderá a utilizá-lo e interpretá-lo na prática clínica. Etapas de realização da avaliação subjetiva global A ASG é uma técnica simples, de custo muito baixo e com boa reprodutibili- dade e confiabilidade. Essa tarefa pode ser realizada pela maioria dos profis- sionais de saúde, desde que quem a realize receba o treinamento adequado e siga o protocolo previamente definido e testado. Confira o formulário usado para a realização da ASG no Quadro 1. Vários passos devem ser seguidos, e todos serão descritos a seguir. (Continua) Quadro 1. Avaliação subjetiva global do estado nutricional. A – HISTÓRIA 1. Peso � Peso habitual:______ kg � Perdeu peso nos últimos 6 meses: ( ) Sim ( ) Não ( ) Desconhecido � Quantidade perdida: _______ kg � % de perda de peso em relação ao peso habitual:___________ % � Nas duas últimas semanas: ( ) Continua perdendo peso ( ) Estável ( ) En- gordou 2. Ingestão alimentar em relação ao habitual � ( ) Sem alterações ( ) Houve alterações � Se houve alterações, há quanto tempo:______ dias � Se houve, para que tipo de dieta: � ( ) Sólida em quantidade menor ( ) Líquida completa � ( ) Líquida restrita ( ) Jejum 3. Sintomas gastrintestinais presentes há mais de 15 dias � ( ) Sim ( ) Não � Se sim: � ( ) Vômitos ( ) Náuseas � ( ) Diarreia (mais de 3 evacuações líquidas/dia) ( ) Inapetência 4. Capacidade funcional � ( ) Sem disfunção ( ) Disfunção � Se com disfunção, há quanto tempo: ______ dias � Que tipo: ( ) Trabalho sub-ótimo ( ) Em tratamento ambulatorial ( ) Acamado Avaliação nutricional aplicada20 História clínica Cinco elementos importantes serão avaliados na história clínica: peso, ingestão alimentar, sintomas gastrintestinais, capacidade funcional e demanda metabó- lica de acordo com o diagnóstico (doença principal). Confira-os a seguir! Peso A primeira questão da ASG diz respeito à alteração do peso do paciente nos últimos seis meses e nas últimas duas semanas. Você deverá questionar ao paciente o peso habitual (PH), ou o peso má- ximo há seis meses, e o peso atual (PA). A perda de peso será avaliada em Fonte: Adaptado de Detsky et al. (1987). Quadro 1. Avaliação subjetiva global do estado nutricional. (Continuação) 5. Doença principal e sua correlação com necessidades nutricionais � Diagnóstico principal: __________________________ � Demanda metabólica: ( ) Estresse baixo ( ) Estresse moderado ( ) Estresse elevado B – EXAME FÍSICO (Para cada item, dê um valor: 0 = normal; 1 = perda leve; 2 = perda moderada; 3 = perda importante) ( ) Perda de gordura subcutânea (tríceps e tórax) ( ) Perda muscular (quadríceps e deltoides) ( ) Edema de tornozelo ( ) Edema sacral ( ) Ascite C – AVALIAÇÃO SUBJETIVA (resultado final) ( ) Nutrido ( ) Moderadamente desnutrido ou suspeita de desnutrição ( ) Gravemente desnutrido 21Avaliação nutricional subjetiva global quilos, e em percentual em relação ao peso habitual. Deve questionar também a perda de peso nas últimas duas semanas. A partir dos pesos atual e habitual, você deve calcular a perda de peso seguindo as fórmulas a seguir: Alteração de peso (AP) kg = PA – PH % alteração de peso = 100 x (PA – PH)/PH O resultado negativo indica perda de peso, enquanto o resultado positivo representa ganho de peso em relação ao peso habitual. Outras questões podem auxiliar o paciente na confirmação da perda de peso. Você pode questioná-lo quanto à percepção da perda de peso por amigos ou familiares ou até mesmo alterações percebidas nas roupas. Primeiramente, a perda de peso deve ser avaliada em termos percentuais. Detsky et al. (1987) sugere a seguinte padronização para avaliação deste indi- cador: até 5%, perda pequena; de 5 a 10%, perda potencialmente significativa; acima de 10%, perda significativa. É muito importante questionar a forma como a perda ocorreu no período de seis meses, isto é, se foi contínua, revelando pior prognóstico nutricional, ou com períodos de recuperação (melhor prognóstico). A perda de peso nas últimas duas semanas também é um dado relevante na avaliação do risco nutricional. Caso o paciente não saiba informar o valor absoluto dessa variação, você deve questioná-lo quanto às próprias impressões subjetivas e dos familiares. Como exemplo, vamos comparar as informações de perda de peso de dois pacientes: 1. Paciente do sexo feminino, 45 anos, relata ter perdido peso aos poucos nos úl- timos seis meses. O peso habitual é de 80 kg e o atual, 75kg, sendo a perda, portanto, de 5 kg, representando cerca de 6%. Relata não ter variado o peso nas últimas duas semanas. 2. Paciente do sexo masculino, 50 anos, relata ter perdido peso nos últimos seis me- ses, mas, em especial nos últimos dois meses, conseguiu recuperar parte do peso perdido. Não observou mudança nas últimas duas semanas. Seu peso habitual é de 65 kg; perdeu 8 kg ao longo dos seis meses, mas recuperou nos últimos dois, resultando em peso atual de 61 kg. A perda total resultante foi de 4 kg, cerca de 6%. 3. Comparando-se os dois casos, apesar de a perda ser numericamente igual, o pa- drão de recuperação de peso no segundo caso sugere menor risco nutricional, ou seja, melhor estado nutricional em comparação à primeira paciente. Avaliação nutricional aplicada22 Ingestão alimentar O segundo item da história clínica diz respeito à alteração da ingestão ali- mentar do paciente em relação ao seu padrão de consumo habitual. É uma informação que você deve obter junto ao paciente. Cabe destacar que tal mo- dificação não pode ter sido ocasionada de forma intencional, por exemplo, pela realização de dietas de emagrecimento ou mediante orientações dietote- rápicas para doenças específicas (p. ex., dieta hipossódica para hipertensão ou dieta restrita em carboidratos simples para manejo do diabetes). Em caso afirmativo, deve ser feita uma avaliação da duração, em semanas, da modificação ocorrida na alimentação do paciente e também o tipo de mo- dificação. Tal alteração da dieta pode ser tanto em termos de quantidade (diminuição da quantidade ingerida) quanto no tipo de dieta, passando, por exemplo, de dieta sólida para líquida, ou de líquida para jejum. Neste item será valorizada tanto a modificação quantitativa quanto a mo- dificação do tipo de dieta consumida. É importante que você exemplifique ao paciente as modificações possíveispara obter informações mais precisas. As perguntas a seguir são exemplos que podem auxiliar na investigação da ingestão alimentar: 1. Questionar se o paciente está com alguma restrição de alimentos. Exemplo: per- guntar se o paciente está consumindo carne e de que forma. Se houve mudança na forma, exemplificar “de bife para carne moída”. 2. Quanto às porções, questionar quanto à quantidade que consume, utilizando-se, para tanto, de pratos e copos. Assim, será mais fácil ao paciente dizer a quantida- de ingerida habitualmente, e no momento atual. Sintomas gastrintestinais O terceiro item da história clínica refere-se a sintomas gastrintestinais signi- ficativos. Tais sintomas estão presentes em grande parte dos pacientes hos- pitalizados. No entanto, para serem considerados significativos, devem estar presentes todos os dias, por mais de duas semanas. Os sintomas investigados são náusea, vômitos, diarreia e anorexia. 23Avaliação nutricional subjetiva global Vômitos, diarreia ou náuseas, quando esporádicos, ou seja, que não comprometam a ingestão alimentar, não devem ser valorizados. Para caracterizar a evacuação como diarreia, deve ocorrer, no mínimo, três evacuações líquidas diárias. A anorexia (ausência de apetite) ou a hiporexia (apetite inferior ao normal) só devem ser consideradas quando implicarem em modificações quantitativas no consumo alimentar. Capacidade funcional O quarto item da avaliação clínica é a capacidade funcional do paciente. Esse item avalia modificações funcionais, as quais podem estar acompanhando as modificações dietéticas e antropométricas. O risco nutricional é modificado pela presença ou não de alterações funcionais. O prognóstico é melhor em pa- cientes com perda de peso sem comprometimento das capacidades funcionais. Primeiro, o paciente deve definir se houve ou não comprometimento nas suas atividades diárias. Caso responda de modo afirmativo, você deve ques- tioná-lo sobre quanto tempo essas modificações estão ocorrendo e o grau de diminuição da atividade física. Esse grau deve ser definido em leve, mode- rado ou grave, conforme o comprometimento das atividades: � Leve: o paciente mantém suas atividades diárias cotidianas, mas com maior grau de cansaço ou com dificuldades para exercê-las. � Moderada: há interrupção das atividades cotidianas, o paciente se sente preso ao domicílio, movimentando-se somente em casa, e refere necessidade de manter-se sentado a maior parte do tempo. � Grave: grau extremo de inatividade física, estando o paciente na maior parte do tempo acamado. Demanda metabólica de acordo com o diagnóstico Este é o último item que compõe a história clínica do paciente. Embora faça parte da ASG proposta por Detsky et al. (1987), o próprio autor sugeriu sua retirada, pela dificuldade de padronização da avaliação. Avaliação nutricional aplicada24 Inicialmente, classificavam-se as cirurgias de pequeno porte e infecções leves como agravos de baixo estresse. Grandes queimaduras, sepse e alguns tipos de neoplasias eram considerados danos de elevado estresse. O item é tido, hoje, como de baixa ou nenhuma importância, sendo visto somente como um fator de confusão. Exame físico O exame físico deve ser realizado utilizando-se a palpação e a inspeção clí- nica. A avaliação será direcionada para verificar os sinais de deficiência e para avaliar a perda de gordura e massa muscular e a presença de líquidos no espaço extravascular. Você verá, na sequência, a descrição dos itens a serem avaliados no exame físico para investigar perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular e presença de líquido no espaço extravascular. Cada item deve ser pontuado de 0 a 3, sendo atribuída a pontuação “0” na ausência de alterações, “1” para modificações leves, “2” para moderadas e “3” para alterações consideradas graves. Perda de gordura subcutânea Você pode avaliar a perda de gordura subcutânea nas seguintes regiões: � Tríceps: inspecionar, primeiramente, se há sobra de pele sobre o braço. Realizar a palpação da prega cutânea da região do tríceps e do bíceps, para verificar a intensidade da perda de gordura subcutânea. À pal- pação, a sensação da pele entre os dedos também é um sintoma de perda de gordura. A observação dos tendões, que também pode ser realizada na região do quadríceps, representa perda importante da gor- dura. Em idosos, tenha cuidado para não ser confundida a perda de gordura com a perda de elasticidade da pele, comum nesta fase da vida. A interpretação deste dado deve ser a primeira questão da ASG, que diz respeito à alteração do peso do paciente nos últimos seis meses e nas últimas duas semanas. 25Avaliação nutricional subjetiva global � Linha média axilar ao nível médio das últimas costelas: a visualização dos arcos costais e a palpação da prega cutânea nesta região denotam sinais de perda de gordura. � Áreas interósseas e palmares das mãos e dos pés: as observações dos tendões nestas áreas também indica perda de gordura subcutânea. � Ombros: a aparência retangular dos ombros, devido à visualização das clavículas, é um sinal de perda significativa de gordura e também da musculatura da região. Perda de massa muscular As melhores regiões para palpação e avaliação da perda muscular são a do músculo deltoide e do quadríceps. Tanto o volume da massa muscular quanto o seu tônus deverão ser avaliados. A Figura 1 indica a localização destes mús- culos. Figura 1. Localização do quadríceps (a) e do deltoide (b). a b Presença de líquido no espaço extravascular Os edemas na região do tornozelo e na região sacral, para pacientes que per- manecem acamados, são indicativos da presença de líquido no espaço extra- celular. Você pode avaliar a gravidade do edema a partir da profundidade da marca deixada após pressionar a área com o dedo (Fig. 2). Esse sinal chama-se Avaliação nutricional aplicada26 cacifo. Quanto maior o cacifo, pior o edema, o qual também pode ser um sinal de perda importante e aguda de proteínas. Figura 2 – Método para avaliar o edema na região do tornozelo. Fonte: Mayo Clinic (c2016). Outro sinal de acúmulo de líquido no espaço extracelular é a ascite, nome dado ao acúmulo de líquido na cavidade abdominal. A ascite em pequena quantidade pode ser de difícil identificação. Atenta-se também para a neces- sidade de avaliar fatores de confusão, como a presença das seguintes patolo- gias: insuficiência cardíaca congestiva não compensada e hepatopatias crô- nicas descompensadas. Resultado da avaliação subjetiva global A partir dos dados coletados para a história clínica e do exame físico rea- lizado, o paciente será classificado em uma das três graduações do estado nutricional, conforme a ASG: � A: bem nutrido. � B: moderadamente desnutrido ou com suspeita de desnutrição. � C: gravemente desnutrido. 27Avaliação nutricional subjetiva global Originalmente, o protocolo sugeria que a categorização fosse feita de modo subjetivo, levando em consideração somente a avaliação do examinador. De- pois, outros trabalhos propuseram uma categorização por pontuação. Mesmo na avaliação subjetiva, alguns pontos podem ter maior influência na definição da desnutrição grave. É o caso, por exemplo, da perda de peso maior do que 10%, da ingestão alimentar marcadamente inferior à habitual ou da perda acentuada de gordura e musculatura. Sendo assim, para que um paciente seja classificado como desnutrido grave, é necessária a existência de sinais óbvios de sua condição. A ASG foi pensada de modo a obter poucos resultados falso-positivos, isto é, é difícil que o paciente classificado como desnutrido grave seja, na realidade, nutrido ou moderadamente desnutrido. Observações: � Para classificar o paciente em grau C (gravemente desnutrido), é preciso que ele apresente um destes critérios: perda de peso maior do que 10% ou perda celular ou muscular importante. � Quando a perda de peso se encontrar entre 5 e 10% e os sinais de desnutrição não foremtão evidentes, o paciente deve ser classificado como B (moderada- mente desnutrido ou com suspeita de desnutrição). � O paciente que apresentar recuperação do peso nas últimas semanas e melhora evidente no apetite e na ingestão alimentar deve ser classificado no grau A (nu- trido), visto que esses sinais indicam recuperação nutricional. A Tabela 1 apresenta a você um resumo das principais características das categorias da ASG do estado nutricional. Avaliação nutricional aplicada28 ASG A – nutrido ASG B – moderadamente desnutrido ASG C – gravemente desnutrido Sem perda de peso Perda de peso entre 5 e 10% nos últimos seis meses Sinais óbvios de desnu- trição: perda importante de tecido celular subcutâneo e/ou presença de edema Recuperação re- cente de peso (não retenção líquida) Sem estabilização ou recuperação do peso nas últimas duas semanas Evidências claras de perda de peso significativa (> 10% do peso habitual, referência de mudança nas roupas, etc.) Melhora na in- gestão anterior- mente alterada Diminuição nítida da ingestão Modificações na capacidade funcional (diminuição das atividades físicas cotidianas) Melhora dos sintomas diges- tivos/anorexia Perda moderada de tecido subcutâneo Tabela 1. Principais características das categorias da ASG do estado nutricional Vantagens e limitações do método A ASG tem sido muito utilizada, em especial por ser um método fácil, que dispensa recursos, e acessível a todos os profissionais de saúde de uma equipe multidisciplinar. Por combinar dados de alimentação, alterações do peso, modificações da atividade funcional e indicadores de perdas corporais, os resultados encon- trados pela ASG podem diferir dos obtidos por meio de outros métodos obje- tivos. A ASG é um instrumento útil na prática clínica que, além de indicar um diagnóstico nutricional, apresenta o risco nutricional do paciente. Também há relação do resultado obtido pela ASG com o prognóstico do paciente. Diversos estudos comprovaram a relação de maiores complicações, tempo de internação, mortalidade e custos hospitalares com a classificação de “desnutrição grave” obtida por esse método. 29Avaliação nutricional subjetiva global Uma das limitações da ASG diz respeito à precisão diagnóstica estar as- sociada com a experiência do investigador. Outra dificuldade encontrada con- siste na utilização do método para monitoramento da evolução dos pacientes, tendo em vista a ausência de critérios quantitativos. A ASG nas diferentes situações clínicas A ASG foi pensada para pacientes cirúrgicos, mas, depois, passou a ser utili- zada em diversas situações clínicas. Foram criadas diversas adaptações desse método, tendo em vista as especificidades de diferentes patologias. Já estão disponíveis adaptações da ASG para avaliação de indivíduos com nefropatia, pacientes com neoplasias, hepatopatia, HIV-positivos, pacientes pediátricos e também pacientes idosos. Considerações finais Em função da facilidade de aplicação e da reprodutibilidade, a ASG tem sido indicada para avaliação do risco nutricional em diferentes situações. Por essa razão, diversas adaptações ao método foram propostas conforme as diferentes condições clínicas. Para que os resultados sejam confiáveis, é necessário que o avaliador co- nheça o método e tenha treinamento adequado para realizar a avaliação com precisão. Nenhum método isolado fornece informações suficientes sobre a avaliação do estado nutricional, mas, como você pôde compreender a partir da leitura deste capítulo, a ASG é um método de escolha para avaliação do risco nutricional. Avaliação nutricional aplicada30 1. Sobre a utilização da ASG, é correto fazer a seguinte afirmação: a) O método pode ser utilizado de forma isolada para definir o es- tado nutricional de um paciente, tendo em vista que considera diversos fatores, como história clínica e perda de peso. b) A ASG é uma técnica simples, de custo muito baixo, com boa re- produtibilidade e confiabilidade. Pode ser realizada pelo médico e pelo nutricionista da equipe. c) Na história clínica do paciente, cinco elementos importantes serão avaliados: peso, ingestão alimentar, sintomas gastrintes- tinais, capacidade funcional e doença principal. d) O item “doença principal” da história clínica é um dos mais importantes para a avaliação do estado nutricional do paciente. e) O exame físico deve ser realizado utilizando-se a observação. O olhar treinado do avaliador é fun- damental para identificar sinais de desnutrição. 2. A ASG é dividida em duas partes: investigação da história clínica e realização do exame físico. A investi- gação da história clínica é realizada por meio de entrevista com o sujeito, questionando-se os pontos do formulário. O exame físico é prático, devendo ser realizado por meio da palpação e inspeção. Sobre os itens que compõem a avaliação da história clínica do paciente, marque a alternativa que NÃO corresponde a um item avaliado nesta etapa da ASG: a) Peso. b) Ingestão alimentar. c) Edema. d) Sintomas gastrintestinais signifi- cativos. e) Avaliação da capacidade fun- cional do paciente. 3. Identifique qual região do corpo NÃO é indicada para avaliar a perda de gordura subcutânea: a) Tríceps. b) Linha média axilar ao nível médio das últimas costelas. c) Áreas interósseas e palmares das mãos e dos pés. d) Glúteos. e) Ombros. 4. Leia atentamente o seguinte caso clínico: K.L.B., sexo feminino, 28 anos, dá en- trada na UTI do hospital após sofrer um grave acidente de carro. Após três dias de internação, a paciente apresenta-se em coma e em venti- lação mecânica. Como está desa- cordada, o nutricionista da equipe procura os familiares para conduzir a ASG. Os familiares referem que K. não apresentava perda de peso, modifi- cações na ingestão ou no padrão de atividade física diária. Também não tinha qualquer sintoma gastrintes- tinal. Os familiares referem o último peso de 85 kg e altura de 1,76 m. Ao exame físico, a paciente não apre- senta sinais de perda de gordura ou perda muscular. A albumina sérica é de 2,5 mg/dL. 31Avaliação nutricional subjetiva global Quanto aos métodos a serem utilizados na avaliação nutricional, assinale a alternativa correta: a) Deve ser valorizada somente a albumina sérica, pois este é um parâmetro confiável na situação clínica descrita. b) A ASG pode ser realizada, pois as informações podem ser obtidas, mesmo que não seja diretamente da paciente. c) A ASG não é válida, uma vez que a paciente não pode fornecer as informações. d) Nenhum método de avaliação nutricional é válido para pa- cientes de UTI, pois não é possível realizar a avaliação antropomé- trica nesta situação. e) As medidas de perda da massa muscular não podem ser con- sideradas fidedignas, visto que a paciente está desacordada e acamada. 5. Quanto ao diagnóstico nutricional da paciente do caso apresentado na questão anterior, assinale a alterna- tiva correta. a) Por apresentar IMC de 27,44 kg/ m2, a paciente será considerada com sobrepeso, não havendo, portanto, risco nutricional. b) Pela ASG, a paciente é consi- derada nutrida e, neste caso, a reavaliação é indicada a cada 15 dias. c) Conforme a ASG, a paciente não apresenta risco nutricional e não precisa ser reavaliada novamente. d) A paciente é considerada nutrida pela ASG, mas é uma paciente que apresenta risco nutricional, devendo ser monitorada diaria- mente. e) Conforme a ASG, a paciente está gravemente desnutrida. Avaliação nutricional aplicada32 DETSKY, A. S. et al. What is subjective global assessment of nutritional status? Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, Thousand Oaks, v. 11, n. 1, p. 8-13, Jan./Feb. 1987. MAYO CLINIC. Site. Rochester: Mayo Clinic, c2016. Disponível em: <http://www.mayocli- nic.org>. Acesso em: 7 ago. 2016. Leituras recomendadas BARBOSA-SILVA, M. C. G.; BARROS, A. J. D. Avaliação nutricional subjetiva: parte 1 – revi- são de sua validade apósduas décadas de uso. Arquivos de Gastroenterologia, São Paulo, v. 39, n. 3, p. 181-187, 2002. DUARTE, A. C. G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Athe- neu, 2007. GOMES, N. S.; MAIO, R. Avaliação subjetiva global produzida pelo próprio paciente e indicadores de risco nutricional no paciente oncológico em quimioterapia. Revista Bra- sileira de Cancerologia, Salvador, v. 61, n. 3, p. 235-242, 2015. LAMEU, E. Clínica nutricional. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. VÍTOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008. WAITZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 33Avaliação nutricional subjetiva global Conteúdo:
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