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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APLICADA Rafaela da Silveira Corrêa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A945 Av aliação nutricional aplicada [recurso eletrônico] / Organizadora, Rafaela da Silveira Corrêa. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-70-8 1. Nutrição. 2. Avaliação nutricional. 3. Semiologia nutricional. I. Corrêa, Rafaela da Silveira. CDU 612.39 Avaliação nutricional subjetiva do idoso Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar as modificações biológicas, fisiológicas e psicossociais que permeiam o envelhecimento. � Identificar as alterações da composição corporal e do estado nu- tricional do idoso e as técnicas apropriadas para sua avaliação nu- tricional. � Aplicar a avaliação nutricional subjetiva global à geriatria gerando o diagnóstico nutricional do paciente. Introdução Consideram-se idosos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos em países em desenvolvimento e 65 anos em países desenvolvidos. No Brasil e no mundo, este é o segmento da população que mais cresce, sendo necessário voltar-se para a atenção à saúde desta parcela. O envelhecimento da população causa diversas repercussões, uma vez que a idade é um fator de risco importante para o surgimento de diversas doenças. A desnutrição no idoso também está associada a complicações, como aumento do tempo de internação hospitalar e da taxa de morbimortalidade. Neste texto, você vai estudar a avaliação nutricional do paciente idoso, tendo foco na avaliação nutricional subjetiva global aplicada a essa população. Envelhecimento e estado nutricional Conforme você aprendeu estudando os capítulos anteriores, o estado nu- tricional é resultante da relação entre consumo, gasto e necessidade de nu- trientes, sendo esta relação influenciada por múltiplos fatores. A nutrição é um elemento importante da saúde da população idosa e afeta o processo de envelhecimento. Os adultos mais velhos têm maior propensão do que os mais jovens de serem afetados por uma variedade de doenças re- lacionadas com a idade e com deficiências funcionais que possam interferir na manutenção do estado nutricional. Essa população também está em maior risco de deficiências nutricionais induzidas por substâncias em função do ele- vado número de medicamentos que costuma tomar. Para o idoso, a determinação do estado nutricional depende de uma rede complexa de fatores, dos quais se destacam o isolamento social, a solidão, as doenças crônicas, as incapacidades e as alterações fisiológicas próprias do processo de envelhecimento. Alterações da composição corporal no paciente idoso É de fundamental importância que você conheça as mudanças nas caracterís- ticas corpóreas próprias do envelhecimento para que possa realizar o estudo da avaliação nutricional do idoso. Cabe destacar também que em países em desenvolvimento, a população idosa apresenta envelhecimento funcional pre- coce. Grande perda de músculos esqueléticos, progressiva diminuição da massa magra e de líquidos corpóreos, aumento da quantidade de tecido gorduroso e diminuição do tamanho de vários órgãos são algumas das alterações bioló- gicas próprias do envelhecimento. Todas essas mudanças e a influência que exercem no estado nutricional justificam a busca de diagnósticos nutricionais que visem à melhora da qua- lidade de vida desse grupo etário. A seguir, você verá com mais detalhes as modificações inerentes ao envelhecimento para, então, de posse deste conhe- cimento, estudar a aplicação da avaliação subjetiva global (ASG) no paciente idoso. Mudanças biológicas do envelhecimento Sistema digestório – alterações biológicas e fisiológicas Há diversas mudanças no trato gastrintestinal que estão relacionadas ao enve- lhecimento. A dificuldade é que, com a idade, torna-se difícil excluir fatores patológicos, como diabetes, pancreatite, doença hepática e outras doenças 35Avaliação nutricional subjetiva do idoso com potenciais efeitos adversos no intestino. A neurodegeneração seletiva do sistema nervoso entérico está relacionada a sintomas gastrintestinais, como disfagia, refluxo e obstipação. É possível observar, também, a redução da secreção do ácido gástrico com o passar do tempo. A redução global nas secreções ácidas predispõe ao cres- cimento excessivo de bactérias no intestino, condição associada à redução do peso corporal e à redução da ingestão de micronutrientes pelo idoso. O envelhecimento causa redução do apetite e consequente diminuição do consumo de alimentos. Até idosos saudáveis sentem menos fome, sentem- -se plenos antes das refeições, consomem pequenas porções e de forma mais lenta. O consumo médio diário de alimentos reduz em até 30% entre os 20 e os 80 anos. No entanto, em muitas pessoas mais velhas, a diminuição da ingestão de energia é mais significativa do que a diminuição no gasto de energia, tendo como consequência a perda de peso. Essa redução fisiológica relacionada à idade tem sido chamada de “anorexia do envelhecimento”. Alterações no peso e na composição corporal Estudos demonstram que o peso e o índice de massa corporal (IMC) au- mentam com a idade, até cerca de 50 a 60 anos, e, após, ambos declinam. Com o envelhecimento, a gordura corporal aumenta e a massa livre de gordura reduz. Isso ocorre por causa da perda de músculo esquelético, que chega a ser de até 3 kg de massa corporal magra por década após os 50 anos. Em média, a gordura corporal de um homem de 20 anos, pesando 80 kg, é de 15%. Como comparação, um homem de 75 anos e mesmo peso tem cerca de 29% de gor- dura corporal. Caro aluno, perceba que a causa do aumento de gordura é multifatorial: redução da atividade física, redução da secreção do hormônio de crescimento e diminuição dos hormônios sexuais e da taxa metabólica de repouso. A distribuição de gordura também é diferente nas pessoas idosas. Há maior concentração de gordura corporal intra-hepática e intra-abdominal, o Avaliação nutricional aplicada36 que está associado com resistência à insulina e maior risco de diabetes, do- ença cardíaca e acidente vascular cerebral. Anorexia fisiológica As causas que geram anorexia fisiológica no envelhecimento não são com- pletamente esclarecidas, mas é possível que os seguintes fatores contribuam neste processo: � Sensação diminuída de olfato e paladar � Aumento da atividade de citocinas � Retardo no esvaziamento � Alterações na distensão gástrica � Mudanças hormonais Observa-se entre os idosos a redução dos sentidos (visão, audição, olfato, gustação e tato), o que causa desinteresse pela alimentação. O gosto e o cheiro dos alimentos, principalmente, são sensações que tornam as comidas agradá- veis e palatáveis. O declínio dos sentidos relativos a gosto e cheiro diminui a ingestão de alimentos e pode influenciar no tipo de alimentos ingeridos. Pacientes mais velhos e com sensação reduzida de sabor tendem a manter uma dieta menos variada, consequentemente, desenvolvendo deficiências de micronutrientes. Além da diminuição do paladar e do olfato, associada à idade, alguns medicamentos afetam a gustação, como as substâncias utilizadas para trata- mento da doença de Parkinson. Algumas citocinas encontram-se aumentadas nas pessoas idosas, estando relacionadas com o aumento da taxa metabólica basal. Os níveis circulantes de IL-1, IL-6 e TNF-a elevados em pessoas mais velhas estão associados à redução da massa muscular. As pessoas mais velhas costumam queixar-se do aumento da plenitude e de saciedade precoce durante uma refeição. Essa sensação pode ser causada por alterações na função sensorial gastrintestinal. Com o aumento da idade, há uma redução na sensibilidade à distensão gastrintestinal. Ocorrem altera- ções no padrão de relaxamento receptivo do fundo gástrico, causando rápido enchimento na porção antral do estômago e, portanto,a saciedade precoce. O hipotálamo é responsável pelo controle da fome e da saciedade. O pro- cesso de envelhecimento provoca alterações significativas na produção, se- 37Avaliação nutricional subjetiva do idoso creção e atuação dos hormônios relacionados a esse processo, contribuindo para a “anorexia do envelhecimento”. Mudanças psicológicas e sociais Você sabia que, além das modificações fisiológicas e biológicas inerentes ao envelhecimento, alguns fatores sociais e psicológicos apresentam um papel muito importante no estado nutricional de idosos? Como fatores psicológicos, podemos destacar: perda do cônjuge, morar sozinho ou em uma instituição, sensação de abandono, perda de autonomia e autocuidado, perda do papel social relacionada à aposentadoria e quadros de depressão. Esses fatores são responsáveis pelo isolamento social e pelo desinteresse das atividades diárias, como o preparo de refeições e o ato de se alimentar. A escolha por alimentos de baixo custo e fácil preparo é impulsionada pelos recursos econômicos insuficientes decorrentes de aposentadorias e/ou pensões e alto custo de medicamentos e planos de saúde, quadro que gera monotonia alimentar. Avaliação nutricional no idoso Tendo em vista o envelhecimento populacional e a alta prevalência de desnu- trição em idosos, ainda mais nos que estão hospitalizados, torna-se de funda- mental importância a avaliação nutricional dessa população com o intuito de prevenir ou tratar agravos nutricionais. Como você viu neste capítulo, o estado nutricional do idoso sofre influ- ência de múltiplos fatores, como as alterações fisiológicas e patológicas per- tencentes a esse momento da vida e modificações econômicas e no estilo de vida. Sendo assim, o diagnóstico nutricional precisa considerar tal contexto para definir o risco nutricional do indivíduo. As alterações funcionais no envelhecimento parecem ser um fator mais importante na ocorrência de complicações associadas à desnutrição do que a alteração da com- posição corporal isoladamente. Nesse contexto, inserem-se os métodos subjetivos de avaliação nutricional. Avaliação nutricional aplicada38 Avaliação subjetiva global do idoso A avaliação subjetiva global (ASG) combina dados de peso, ingestão ali- mentar, sintomas gastrintestinais, capacidade funcional e achados do exame físico para classificar os indivíduos em bem nutridos, moderadamente desnu- tridos ou gravemente desnutridos. O método de aplicação e o protocolo da ASG em pacientes idosos são exatamente iguais ao proposto para adultos, conforme descrito no Capítulo 2. Chama-se a atenção para o olhar treinado e a capacitação do profissional que irá aplicar a escala, pois ele deve ter conhecimento de todas as alterações associadas à idade do paciente. Alguns detalhes devem ser especialmente investigados em idosos. Em re- lação ao exame físico, a observação do indivíduo inicia-se desde o primeiro contato, pois sua expressão facial, o padrão respiratório e a realização de ati- vidades (se realiza as tarefas sozinho ou com ajuda) são elementos que devem ser bem observados. Miniavaliação nutricional Outro protocolo de avaliação subjetiva é a “miniavaliação nutricional (MAN). É um método de avaliação simples e rápido que pode ser conduzido por pro- fissionais de saúde em geral. Os resultados da MAN foram comparados a uma avaliação nutricional completa, a qual foi validada em três estudos com mais de 600 idosos. A ferramenta busca identificar, em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos, aqueles que estão desnutridos ou com risco de desnutrição. A apli- cação completa do questionário leva cerca de 10 minutos. � Após a triagem, aplica-se a MAN, que compreende 18 itens agrupados em quatro categorias: � Medidas antropométricas: IMC, circunferência do braço e da pantur- rilha e perda de peso. � Avaliação global: seis perguntas relacionadas a modo de vida, medi- cação, mobilidade e problemas psicológicos. � Avaliação dietética: oito perguntas relativas a número de refeições, in- gestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação. � Avaliação subjetiva: autoavaliação e autopercepção da saúde e da con- dição nutricional. 39Avaliação nutricional subjetiva do idoso A identificação do estado nutricional e do risco é feita a partir da soma dos escores da MAN. A sensibilidade da escala é de 96%, a especificidade é de 98%, e o valor prognóstico para desnutrição é de 97%, considerando o estado clínico como referência. A escala é aplicada em duas partes: a primeira consiste na triagem, cujo valor máximo de pontos a ser atingido é 14. O escore de 12 pontos ou mais considera o idoso como normal, sendo desnecessária a aplicação do restante do questionário. Aos que atingem 11 pontos ou menos, deve ser considerada a possibilidade de desnutrição e, portanto, o questionário deve ser continuado. A classificação da pontuação global pelo questionário MAN será: � Estado nutricional adequado: MAN ≥ 24 � Risco de desnutrição: MAN entre 17 e 23,5 � Desnutrição: MAN < 17 Confira no Quadro 1 o questionário MAN. Avaliação nutricional aplicada40 (Continua) Preencher a primeira parte deste questionário, indicando a resposta. Somar os pontos da triagem. Caso o escore seja igual ou inferior a 11, concluir o questionário para obter a avaliação do estado nutricional. Quadro 1. Questionário MAN para aplicação no paciente idoso. TRIAGEM A) Nos últimos três meses, houve diminuição da ingestão alimentar devido a perda de apetite, problemas digestivos ou dificuldade para mastigar ou deglutir? 0 = diminuição grave da ingesta 1 = diminuição moderada da ingesta 2 = sem diminuição da ingesta B) Perda de peso nos últimos meses 0 = superior a 3 kg 1 = não sabe informar 2 = entre 1 e 3 kg 3 = sem perda de peso C) Mobilidade 0 = restrito ao leito ou à cadeira de rodas 1 = deambula, mas não é capaz de sair de casa 2 = normal D) Passou por algum estresse psicológico ou do- ença aguda nos últimos três meses? 0 = sim 2 = não E) Problemas neuropsicológicos 0 = demência ou depressão graves 1 = demência leve 2 = sem problemas psicológicos 41Avaliação nutricional subjetiva do idoso Quadro 1. Questionário MAN para aplicação no paciente idoso. (Continuação) F) Índice de massa corporal (IMC = peso [kg] / estatura [m]2) 0 = IMC < 19 1 = 19 ≤ IMC < 21 2 = 21 ≤ IMC < 23 3 = IMC ≥ 23 Escore de triagem (subtotal, máximo de 14 pontos) 12 pontos ou mais = normal – desnecessário continuar a avaliação 11 pontos ou menos = possibilidade de desnutrição – continuar a avaliação AVALIAÇÃO GLOBAL G) O paciente vive em sua própria casa (não em casa geriátrica ou hospital) 0 = não 1 = sim H) Utiliza mais de três medicamentos diferentes por dia? 0 = sim 1 = não I) Lesões de pele ou escaras? 0 = sim 1 = não J) Quantas refeições faz por dia? 0 = uma refeição 1 = duas refeições 2 = três refeições (Continua) Avaliação nutricional aplicada42 Quadro 1. Questionário MAN para aplicação no paciente idoso. (Continuação) K) O paciente consome: pelo menos uma porção diária de leite ou derivados (queijo, iogurte)? sim – não duas ou mais porções semanais de legumes ou ovos? sim – não carne, peixe ou aves todos os dias **?** sim – não 0,0 = nenhuma ou uma resposta “sim” 0,5 = duas respostas “sim” 1,0 = três respostas “sim” L) O paciente consome duas ou mais porções diárias de frutas ou vegetais? 0 = não 1 = sim M) Quantos copos de líquidos (água, suco, café, chá, leite) o paciente consome por dia? 0 = menos de três copos 0,5 = três a cinco copos 1 = mais de cinco copos N) Modo de se alimentar 0 = não é capaz de se alimentar sozinho 1 = alimenta-se sozinho, mas com dificuldade 2 = alimenta-se sozinho sem dificuldade O) O paciente acredita ter algum problema nutricional? 0 = acredita estar desnutrido 1 = não sabe dizer 2 = acredita não ter problema nutricional (Continua) 43Avaliação nutricional subjetiva do idoso P) Em comparação a outras pessoas da mesmaidade, como o paciente considera a sua própria saúde? 0 = não muito boa 0,5 = não sabe informar 1 = boa 2 = melhor Q) Circunferência do braço (CB) em cm 0 = CB < 21 0,5 = 21 ≤ CB ≤ 22 1 = CB > 22 R) Circunferência da panturrilha (CP) em cm 0 = CP < 31 1 = CP ≥ 31 Avaliação global (máximo = 16 pontos) Escore da triagem Escore total (máximo = 30 pontos) Avaliação do estado nutricional de 17 a 23,5 pontos = risco de desnutrição menos de 17 pontos = desnutrido Quadro 1. Questionário MAN para aplicação no paciente idoso. (Continuação) Considerações finais A população idosa vem crescendo no Brasil e no mundo. Nessa fase da vida, o risco de desnutrição aumenta de modo significativo. Ele está associado à alimentação inadequada e a fatores relacionados com o aumento da idade. Além disso, há declínio das funções fisiológicas, o que pode afetar o estado nutricional. O rastreamento do risco nutricional na população idosa é vital para a iden- tificação e o monitoramento dos pacientes. A ferramenta a ser utilizada deve ter sido bem validada e ser de fácil aplicação. Você deve ter em mente que, Avaliação nutricional aplicada44 nesta população, a associação entre o estado nutricional e a capacidade fun- cional é importante para diagnosticar a desnutrição. A população idosa apresenta aspectos peculiares que exigem uma ava- liação ampla, complexa e interdisciplinar. Em função da facilidade de apli- cação e da reprodutibilidade, a ASG é o método mais indicado para avaliação do risco nutricional em diferentes situações e populações, incluindo os idosos. Outra ferramenta proposta com essa finalidade é a MAN. A associação entre métodos pode contribuir para que diferentes fatores que afetam a situação clínica do paciente sejam contemplados. 1. Sobre o envelhecimento e o estado nutricional, é correto fazer a seguinte afirmação: a) Não ocorrem mudanças signifi- cativas na composição corporal dos idosos. b) As alterações fisiológicas asso- ciadas ao envelhecimento não interferem no estado nutricional. c) Os idosos apresentam, com frequência, aumento no apetite, sintoma que está relacionado ao aumento do peso e da massa gorda. d) Como alterações relacionadas ao envelhecimento, pode-se citara anorexia fisiológica, que causa o desinteresse do idoso pela alimentação. e) Estudos demonstram que o peso e o IMC diminuem com a idade. 2. O envelhecimento está relacionado a alterações fisiológicas e presença de doenças crônicas e fatores relacionados à história social e ambiental, os quais podem interferir de modo negativo no estado nutricional do idoso. Tais condições devem ser levadas em consideração na avaliação nutricional dessa população. No que se refere à “anorexia fisiológica”, qual fator listados NÃO tem relação com este processo? a) Sensação diminuída de olfato e paladar. b) Retardo no esvaziamento gás- trico. c) Aumento da atividade de cito- cinas. d) Mudanças hormonais. e) Problemas psicológicos e sociais. 3. Tendo em vista o envelhecimento populacional e a alta prevalência de desnutrição em idosos, sobretudo nos que estão hospitalizados, torna-se de fundamental importância sua avaliação nutricional com o intuito de prevenir ou tratar agravos nutricionais. Sobre os métodos de avaliação para idosos, assinale a alternativa INCORRETA. a) IMC: não deve ser utilizado isola- damente. Os pontos de corte utili- zados para idosos são os mesmos dos adultos. 45Avaliação nutricional subjetiva do idoso b) MAN: avaliação subjetiva que permite identificar o estado e o risco nutricional. c) Medida de peso – avaliação isolada: pode ser utilizada para avaliar a velocidade de perda de peso. d) ASG no idoso: classifica o indi- víduo em nutrido; moderada- mente desnutrido ou em risco e gravemente desnutrido. e) Circunferência da panturrilha: medida mais sensível da massa muscular nos idosos. 4. A ASG foi proposta por Detsky et al. (1987) na busca por um método clínico de avaliação nutricional para pacientes cirúrgicos. Ao longo das suas três décadas de existência, a escala foi adaptada e validada para diferentes populações. Em relação à aplicação da ASG em idosos, assinale a alternativa INCOR- RETA. a) A ASG se diferencia dos demais métodos de avaliação nutricional, pois considera não somente alte- rações da composição corporal, mas também alterações funcio- nais do paciente. b) Ingestão alimentar: faz parte da investigação da história clínica do paciente, pois é investigada a alteração da ingestão alimentar do paciente em relação ao seu padrão de consumo habitual. c) Peso: deve-se questionar o paciente quanto ao peso habitual ou peso máximo há seis meses e o peso atual. A perda de peso será avaliada em quilos e em percentual em relação ao peso habitual. d) O exame físico pode ser dispen- sado quando for constatado que o paciente não perdeu peso nos últimos seis meses. e) A partir dos dados coletados para a história clínica e do exame físico realizado, o paciente será classificado em uma das três graduações do estado nutricional, conforme a ASG. 5. Na realização da ASG, alguns deta- lhes devem ser especialmente in- vestigados em idosos. Em relação ao exame físico, a observação do idoso é iniciada desde o primeiro contato, e sua expressão facial, o padrão res- piratório e a realização de atividades (se realiza as tarefas sozinho ou com ajuda) são elementos que devem ser observados. Qual alternativa NÃO está correta? a) A perda de gordura subcutânea pode ser avaliada nas seguintes regiões: tríceps, linha média axilar ao nível médio das últimas cos- telas, áreas interósseas e palmares das mãos e dos pés e ombros. b) A perda de massa muscular está relacionada como uma das altera- ções da composição corporal do idoso e, portanto, não precisa ser avaliada na ASG. c) O edema no tornozelo é um indicativo de presença de líquido no espaço extravascular e um importante marcador associado à desnutrição. d) Pacientes acamados podem apre- sentar edema na região sacral, sinal que também está relacio- nado à desnutrição. e) A ascite é outro sinal de presença de líquido no espaço extravas- cular, e essa medida é relacionada com a desnutrição. Avaliação nutricional aplicada46 DETSKY, A. S. et al. What is subjective global assessment of nutritional status? Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, Thousand Oaks, v. 11, n. 1, p. 8-13, Jan./Feb. 1987. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Bra- sília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. Leituras recomendadas AHMED T, H. N. Assessment and management of nutrition in older people and its im- portance to health. Clinical Interventions in Aging, Auckland, v. 5, p. 207-216, Aug. 2010. DUARTE, A. C. G.; BORGES, V. L. S. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007. GUEDES, A. C. B.; GAMA, C. L.; TIUSSI, A. C. R. Avaliação nutricional subjetiva do idoso: Avaliação Subjetiva Global (ASG) versus Mini Avaliação Nutricional (MAN®). Comunica- ção em Ciências da Saúde, Brasília, v. 19, n. 4, p. 377-384, out./dez. 2008. INSTITUTE OF MEDICINE. Committee on Nutrition Services for Medicare Beneficiaries. The role of nutrition in maintaining health in the nation’s elderly: evaluating coverage of nutrition services for the medicare population. Washington : National Academies Press, 2000. NAJAS, M; YAMATTO, T. H. 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