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AULA 04 - DIREITO CIVIL ESTACIO

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Aula 04 – Direito civil
Direitos de personalidade – aula baseada em artigos de Pedrosa Araújo 
e Fernandes Rodrigues
Direitos de personalidade -
• Certas prerrogativas individuais, inerentes à pessoa humana, aos poucos foram 
reconhecidas pela doutrina e pelo ordenamento jurídico, bem como protegidas pela 
jurisprudência. São direitos inalienáveis, que merece proteção legal.
• Os direitos da personalidade são todos os direitos necessários para realização da 
personalidade e para sua inserção nas relações jurídicas. Os direitos da personalidade 
são subjetivos, ou seja, oponíveis erga omnes (se aplicam a todos os homens). São 
aqueles direitos que a pessoa tem para defender o que é seu, como: a vida, a 
integridade, a liberdade, a sociabilidade, a honra, a privacidade, a autoria, a imagem e 
outros.
• A personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. A personalidade 
não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano tem direito à 
personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é o 
primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como primeira utilidade, para que ela possa 
ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, 
servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens.
• Os direitos da personalidade são dotados de características especiais, na medida 
em que destinados à proteção eficaz da pessoa humana em todos os seus 
atributos de forma a proteger e assegurar sua dignidade como valor 
fundamental. Constituem, segundo Bittar, "direitos inatos (originários), absolutos, 
extrapatrimoniais, intransmissíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, vitalícios, 
necessários e oponíveis erga omnes" ( BITTAR, 1995, p. 11).
• O nosso Código Civil faz referência apenas a três características dos Direitos da 
Personalidade:
• 1) Intransmissibilidade: não podem ser transferidos a alguma outra pessoa.
• 2) Irrenunciabilidade: não podem ser renunciados, ou seja, ninguém pode dizer 
que não quer mais fazer uso dos seus direitos.
• 3) Indisponibilidade : ninguém pode usá-los como bem entender.
• A proteção dos direitos da personalidade poderá ser de duas formas:
• Preventiva:
• É aquela feita por meio de ajuizamento de ação cautelar, ou ordinária com multa cominatória, 
com a finalidade de evitar a concretização da ameaça de lesão ao direito da personalidade;
• Repressiva:
• através da imposição de sanção civil (pagamento de indenização) ou sanção penal (perseguição 
penal) em caso de a lesão já haver ocorrido.
• O artigo 52 do CC/02 dispõe de modo expresso que se aplicam a todos aqueles dotados de 
personalidade, a proteção aos seus direitos da personalidade. E o artigo 12 do mesmo código 
trata do principio da prevenção e da reparação nos casos de lesão aos direitos da personalidade. 
Dentre outros artigos com disposições sobre o assunto.
• Essa proteção estende-se a toda pessoa dotada de personalidade, até mesmo na Internet.
• Dessa forma percebe-se que o Ordenamento Jurídico Brasileiro protege, expressamente, os 
direitos da personalidade. Seja por meio de ação preventiva ou como repressão pelo ato já 
efetivado.
Direito ao nome
• O nome é o sinal que identifica a pessoa e indica a sua procedência familiar, e não é somente o designativo 
da filiação ou estirpe, como quer fazer crer a Lei dos Registros Públicos em seus artigos 56 e 57. O direito e a 
proteção ao nome e ao pseudônimo são assegurados nos artigos 16 a 19 do Código Civil.
• Acrescenta-se que o direito ao nome é uma espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero 
do direito à integridade moral, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal, de ser reconhecido 
em sociedade por denominação própria. Não se nega, porém, que persiste como regra geral a possibilidade 
de correção de pronome por evidente erro gráfico, embora derrogado o dispositivo expresso que 
mencionava essa faculdade.
• O nome tem caráter absoluto e produz efeito erga omnes, pois todos têm o dever de respeitá-lo. Dele deflui 
para o titular a prerrogativa de reivindicá-lo, quando lhe é negado. Um dos efeitos da procedência da ação 
de investigação de paternidade, por exemplo, é atribuir ao autor o nome do investigado, que até então lhe 
fora negado.
• O prenome, ou seja, o primeiro nome, é livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho à 
situação vexatória e tem por escopo identificar a pessoa na família. O sobrenome é o sinal do qual se 
depreendea procedência da pessoa, haja vista indicar a filiação, sendo transmissível por hereditariedade.
•
https://jus.com.br/tudo/paternidade
Direito a integridade física
• O princípio geral do direito ao próprio corpo baseia-se no sentido de que 
ninguém pode ser constrangido à invasão de seu corpo contra sua vontade. 
Quanto aos atos de disposição do próprio corpo, há limites morais que não são 
recepcionados pelo direito. Nesse sentido dispõe o art. 13 do vigente Código 
Civil:
• Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os 
bons costumes.
• Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
• O Ordenamento Jurídico Brasileiro dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e 
partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento não 
compreendendo em seu âmbito estruturas e tecidos renováveis no corpo 
humano.
• O art. 14 do CC/02 faculta a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte para 
depois da morte com objetivo científico ou altruísta. A respeito de biogenética ou de fertilização 
assistida, fica a cargo do direito de família. Cabe ao legislador coibir, inclusive penalmente, o 
desvio de finalidades nesse campo. A faculdade de doar órgãos após a morte é direito potestativo
da pessoa podendo a decisão nesse sentido ser revogada a qualquer tempo.
• De outro lado, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas dependerá de autorização e 
seus parentes maiores, na linha reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, ou do cônjuge, 
firmada em documento subscrito de duas testemunhas presentes à verificação.
• O doador deverá autorizar, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, 
especificamente o tecido, o órgão ou a parte do corpo objeto da disposição, devendo os parentes 
ou cônjuge autorizar somente perante a omissão da pessoa falecida. Tratando-se de disposição 
patrimonial, a doação de órgãos após a morte tanto poderá ser inserida pelo doador em 
testamento como em outro documento idôneo.
• Sob a mesma filosofia o art. 15 do atual código especifica que “ninguém pode ser constrangido a 
submeter-se, com risco de vida a tratamento médico ou intervenção cirúrgica”. Esse artigo traz 
toda uma gigantesca problemática sobre a ética médica, o dever de informação do paciente e a 
responsabilidade civil dos médicos.
Direito a honra e imagem
• A honra é um dos mais significativos direitos da personalidade. Acompanha o indivíduo desde o 
seu nascimento, até depois de sua morte, afinal, a ofensa a honra dos mortos pode atingir seus 
familiares.
• Sendo assim, a honra é dividida pela doutrina em dois aspectos, o objetivo e o subjetivo. O 
primeiro representa a reputação da pessoa, ou seja, o bom nome e a fama de que desfruta na 
sociedade. Já o segundo refere-se ao sentimento pessoal de estima ou a consciência da própria 
dignidade.
• A honra é protegida, em nosso ordenamento jurídico, ao dispor em seu artigo 5º da CRFB/88, 
inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” 
(BRASIL,1988).
• Por conseguinte, a tutela civil da honra pode-se dar independente da tutela penal (em que são 
caracterizadas como crimes contra a honra a calúnia, a injúria e a difamação). A lei penal comina 
sanção a quemviolar a honra, sendo que a legislação civil prevê genericamente a possibilidade de 
sanção em caso dessa mesma violação. Na prática, a reparação dos danos sofridos com violação a 
honra é, na maioria das vezes, feita através de ação indenizatória, cujo determinado valor em 
espécie tenta compensar ou minimizar os efeitos da ofensa.
https://jus.com.br/tudo/crimes-contra-a-honra
Direito a imagem
• A imagem constitui a “expressão exterior sensível da individualidade 
humana”, sendo a garantia de sua proteção considerada um direito 
fundamental expresso no artigo 5º, inciso X, da CRFB/88. Em geral, imagem 
é a representação pela pintura, escultura, fotografia, filme etc, de qualquer 
objeto e inclusive, da pessoa humana.
• A parte lesada pelo uso não autorizado de sua imagem pode obter ordem 
judicial, interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os 
prejuízos causados. O inciso V, do artigo 5º assegura “o direito de resposta, 
proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou a 
imagem”. Ou seja, considerando que a imagem traduz a “essência da 
individualidade humana”, a sua violação merece firme resposta judicial. Por 
isso, não só a utilização indevida da imagem, mas também o desvio de 
finalidade do uso autorizado caracterizam violação ao direito à imagem, 
devendo o infrator ser civilmente responsabilizado.
Casos concretos 
• Caso Concreto 1
• Um jogador de futebol famoso teve sua fotografia publicada em revista
especializada em fofocas. Em verdade, o conteúdo da revista nada 
desabonava a vida privada do referido jogador, mencionado apenas fatos
públicos corriqueiros. No entanto, o esportista sentiu seu direito agredido
porque não autorizara a publicação de sua foto. Ingressou o jogador com 
um pedido de indenização. 
• 1) Neste caso, enxerga-se, de fato, violação ao direito da 
personalidade passível de gerar indenização? Justifique.
• 2) Na hipótese pode-se afirmar que houve lesão a honra da pessoa? 
• 3) Há necessidade de prova de aproveitamento econômico, por parte 
da revista, para ensejar algum tipo de indenização?
• Caso Concreto 2
• Júlia Cibilis é uma famosa atriz que foi violentamente assassinada no 
ano de 2000, deixando como herdeira apenas sua mãe, Maria Cibilis. 
Um ano depois do falecimento, jornal de grande circulação publica
fotos do corpo de Júlia que foram tiradas durante a perícia, no local 
do crime, totalmente desfigurada e parcialmente nua. 
• Pergunta-se : Maria pode pleitear dano moral ? Em caso positivo, a 
que título ? Em caso negativo, por quê? Justifique sua resposta.
Projeção de direitos de personalidade post 
morten
• DES. HELDA LIMA MEIRELES - Julgamento: 29/04/2008 - DECIMA 
QUINTA CAMARA CIVEL 
• Telefonia móvel. Plano OI Família. Óbito do titular. Cobrança de multa
pelo encerramento do contrato. Impossibilidade. Negativação do 
nome do falecido posteriormente a morte. Dano moral. Legitimidade
do cônjuge virago, à luz do artigo 12, parágrafo único do Código Civil. 
Falha na prestação do serviço. Violação ao dever de informação e à 
boa-fé objetiva. Dano moral evidente. Indenização arbitrada de 
acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 
Ilegitimidade ativa ad causam do espólio, reconhecida de ofício, eis
que a ofensa a direito da personalidade do de cujus foi irrogada
posteriormente ao aludido óbito. Desprovimento do recurso. 
• DES. SERGIO CAVALIERI FILHO - Julgamento: 15/08/2007 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL 
• NEGATIVACAO DO NOME DE PESSOA FALECIDA 
• INDENIZACAO PLEITEADA PELA MAE 
• IMPOSSIBILIDADE 
• DANO MORAL PUNITIVO 
• INDENIZACAO POR PRATICAS ABUSIVAS 
• ADMISSIBILIDADE 
• Dano moral. Negativação do nome de pessoa falecida. Indenização pleiteada pela mãe. Impossibilidade. 
Dano moral punitivo. Indenização por práticas abusivas. Admissibilidade. Se o dano moral é a violação de um 
bem integrante da personalidade, e esta extingue-se com a morte, ninguém pode ser sujeito passivo de 
dano moral depois do falecimento. Assim, não tem a mãe legitimidade para pleitear indenização pordano
moral, nem como sucessora, pela negativação do nome do filho efetivada depois do seu falecimento. 
Admite-se, entretanto, indenização com caráter punitivo pelo dano moral para reprimir práticas abusivas, 
como sanção adequada ao abuso do direito. A ré levou quase seis meses para cancelar a linha telefônica, 
cessar as cobranças indevidas, e ainda negativou, nesse período, o nome do filho da autora, mesmo depois
do seu falecimento. É dever das empresas que fornecem bens e serviços estruturarem-se adequadamente
para tratarem com respeito e dignidade o público em geral. Reforma parcial da sentença.

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