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128 129 Chegamos à oitava unidade, na qual trataremos da Bolsa de Valores e Bolsa de Mercadorias e Futuros, conceituando e informando como elas funcionam, além de passar conceitos importantes ligados a essas duas instituições, que são muito importantes para o mercado de capitais e para a economia de um país. Parte 1 – O que são Bolsas de Valores? As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos. Seu patrimônio é representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à supervisão de órgãos governamentais. No Brasil, quem supervisiona as Bolsas de Valores é a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e elas obedecem às diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional (LAGIOIA, 2011). Assaf Neto (2006) corrobora essa informação e diz que as Bolsas de Valores são supervisionadas pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários –, atuando como uma entidade auxiliar na fiscalização do mercado de ações; são membros das Bolsas de Valores nas Sociedades Corretoras que tenham adquirido título patrimonial. A corretora de títulos e valores mobiliários (CTVM) e a distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) atuam nos mercados financeiros e de capitais e no mercado cambial intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de recursos. As corretoras e distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços como plataformas de investimento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de investimentos, financiamento para compra de ações (conta margem) e administração e custódia de títulos e valores mobiliários dos clientes. Na remuneração pelos serviços, essas instituições podem cobrar comissões e taxas. As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. São supervisionadas tanto pelo Banco Central quanto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (BACEN, 2018). O objetivo básico das Bolsas de Valores, segundo Assaf Neto (2006), é o de manter um local em condições adequadas para a realização, entre seus membros de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. É preocupação das Bolsas de Valores, ainda, a preservação dos valores éticos nas negociações realizadas em seu âmbito, e a divulgação rápida e eficiente dos resultados de todas as transações realizadas. Outros objetivos das Bolsas de Valores são: 130 Promover uma segura e eficiente liquidação das várias negociações realizadas em seu ambiente; Desenvolver um sistema de registro e liquidação das operações realizadas; Desenvolver um sistema de negociação que proporcione as melhores condições de segurança e liquidez aos títulos e valores mobiliários negociados; Fiscalizar o cumprimento, entre seus membros e as sociedades emissoras dos títulos, das diversas normas e disposições legais que disciplinam as operações em bolsa. Trevizan (2018) diz que a Bolsa de Valores é a instituição que organiza o mercado de ações. Quando uma empresa quer levantar dinheiro vendendo ações, ela é disponibilizada aos investidores por meio da bolsa de valores. O mesmo vale para quando investidores têm interesse em comprar ações de alguma empresa. 131 Parte 2 – Como as Bolsas de Valores Funcionam? Agora que esclarecemos o que é uma Bolsa de Valores, vamos para a segunda parte, tratar de como essas instituições funcionam, de uma maneira genérica. Observe a foto que revela a sala de operações da B3, a Bolsa de Valores oficial do Brasil. Lá são realizadas as operações de compra de venda de ações e outros títulos e valores mobiliários que ela está autorizada a comercializar diariamente. Antigamente, víamos que várias pessoas ficavam falando alto, sempre conectadas a telefones, e parecia que eles estavam brigando. Isso era o Pregão da Bolsa de Valores, onde aconteciam todas as operações. Atualmente, essas operações são realizadas via sistema informatizado, através das corretoras autorizadas. Assaf Neto (2006) lembra desse tempo, afirmando que o local onde são realizadas as diversas transações de compra e venda de ações registradas em Bolsa de Valores é denominado Pregão. Todos os participantes do pregão devem ter amplo acesso às informações e fatos relevantes que possam influir sobre os preços de negociações das ações. Procura-se evitar, com essa maior igualdade à obtenção de informações, o acesso privilegiado de alguns investidores a dados que permitam uma melhor avaliação dos preços de mercado. Vamos, agora, tratar um pouco do fluxo para que haja transações e negociações na Bolsa de Valores. De acordo com Assaf Neto (2006), os investidores emitem uma ordem de compra ou venda de determinada ação a uma Sociedade Corretora membro da Bolsa de Valores. A Corretora, em atendimento 132 ao cliente, compromete-se a executar a ordem recebida no pregão da bolsa. As negociações (compra ou venda) de ações são executadas seguindo, em geral, os seguintes procedimentos: O investidor procura uma Sociedade Corretora e define a operação que deseja realizar (compra ou venda de ações) e também as condições do negócio; A ordem de negociação é executada pela Corretora de acordo com o tipo definido pelo investidor; Finalmente, é processada a liquidação física (entrega dos papéis) e a liquidação financeira (paramento/recebimento) da operação realizada. No quadro a seguir, trataremos dos principais tipos de ordens de compra e venda que os investidores repassam às Sociedades Corretoras, conforme segue: Quadro 13: Principais tipos de ordem de compra e venda na Bolsa de Valores Tipo de Ordem Definição Ordem a Mercado É dada quando não há qualquer limitação quanto ao preço de negociação, procurando o operador da bolsa executar a ordem recebida pelo melhor preço possível identificado no momento de realização do negócio. Essa ordem permite uma execução rápida da compra/venda da ação. Ordem Administrada A execução da ordem de compra e venda de valores mobiliários podem também ficar a critério da Sociedade Corretora, sendo somente a quantidade e definição das características dos papéis para negociação determinadas pelo investidor. Ordem Discricionária É gerada por administradores de carteiras de títulos e valores mobiliários (ou representantes de mais de um investidor) que estabelecem as condições prévias para a execução da ordem de negociação (compra ou venda de papéis), indicando, entre outras, a identificação do investidor (ou investidores) e a quantidade de títulos que compete a cada investidor (ou investidores) e o preço. Ordem Limitada Estabelece um limite ao preço de negociação, fixando geralmente um preço mínimo para a venda e um preço máximo para a compra. Comparativamente à ordem de mercado, esse tipo de negociação é mais demorado, realizando-se somente quando a cotação atingir o valor fixado. Promove, no entanto, uma maior garantia, no caso de a negociação não ser realizada a um preço pouco atraente. Ordem Casada Envolve a realização obrigatória de uma operação de compra e outra de venda. A execução da ordem casada somente é possível se as duas transações puderem ser realizadas. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Assaf Neto, 2006. Existem três modalidades de se operar no mercado: à vista, a termo e opções. A B3 oferece negócios nesses três mercados. No mercado à vista, a entrega dos títulos vendidos ocorre no segundo dia útil após a realização do negócio em bolsa. A Corretora adquirente recebe os títulos transacionados e os repassa ao investidor, 133 formalizando-se a liquidação física da operação, e a liquidação financeira é processada com até três dias úteis. No mercado a termo, as operações são formalizadas por meio de um contrato preestabelecidofirmado entre comprador e vendedor, o qual estipula uma quantidade determinada de ações, prazo de liquidação do negócio em determinada data futura, a um preço acordado entre as partes. As operações no mercado de opções envolvem negociações de direitos de compra e venda de ações, a um prazo de liquidação e preço preestabelecidos. O investidor de opções adquire, mediante o pagamento de um prêmio, o direito de comprar ou vender determinado lote de ações a outro investidor do mercado, em condições de prazo e preço previamente estabelecidos. O comprador da opção ainda pode negociar o prêmio pago no mercado, se não desejar exercer seu direito de compra ou venda até a data do vencimento da opção (ASSAF NETO, 2006). Além dessas informações, precisamos agora esclarecer o que é o índice chamado Ibovespa. O índice da B3 é o mais importante indicador do desempenho das cotações das ações negociadas no mercado brasileiro. O Ibovespa foi criado em 2 de janeiro de 1968, ou seja, a partir de uma carteira teórica de ações, expressa em pontos. O valor inicial foi de 100 pontos. O cálculo do Ibovespa não considera nenhum investimento adicional, admitindo somente a reinversão dos dividendos recebidos e do montante auferido na venda dos direitos de subscrição e da manutenção, em carteira, das ações distribuídas a títulos de bonificação (ASSAF NETO, 2006). Trevizan (2018) diz que o Ibovespa foi criado com o objetivo de demonstrar o desempenho médio dos ativos mais negociados e representativos do mercado de ações no Brasil. Para estarem no Ibovespa, as empresas precisam atender aos critérios da metodologia desse índice – então nem toda empresa que tem ações na bolsa faz parte do Ibovespa. O Ibovespa é um índice teórico. Cada uma das empresas que fazem parte de sua composição tem um peso sobre o ele, e isso muda a influência do sobe e desce de uma ação sobre o Ibovespa de maneira geral. Por exemplo: se uma ação que tem um peso importante sobre o Ibovespa cai 3% em um único dia, a influência sobre o índice será muito maior do que a queda de 10% do papel de uma empresa menos relevante na composição. Eu já ouvi falar em outros índices de Bolsas de Valores. Existem mesmo? Sim. Os principais índices das Bolsas de Valores ao redor do mundo são: DOW JONES, STANDAR & POOR´S 500 (S&P 500), NEW YORK STOCK EXCHANGE (NYSE), o NASDAQ, índices da Bolsa de Nova York, o TOPIX (da bolsa de Tóquio), o FINANCIAL TIMES INDEX (da Bolsa de Londres), DAX-30 da Bolsa de Frankfurt, SSEC da bolsa de valores de Xangai na China etc. 134 SAIBA MAIS A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), criou em 2001 os Níveis 1 e 2 de Governança Corporativa e, criou também o “NOVO MERCADO”, sendo resumidamente as seguintes atribuições adicionais para as empresas que entram nesta categoria: Realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital; Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações representando 25% do capital; Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia; Estabelecimento de um mandato unificado de 1 ano para todo o Conselho de Administração; Disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US GAAP ou IAS; Introdução de melhorias nas informações prestadas trimestralmente, entre as quais a exigência de consolidação e de revisão especial; Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento de capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado; Cumprimento das regras de Disclosure em negociações envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa; Segundo a B3, o Novo Mercado é um segmento de listagem destinado à negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela legislação. A valorização e a liquidez das ações são influenciadas positivamente pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações prestadas pelas companhias. Essa é a premissa básica do Novo Mercado. A entrada de uma companhia no Novo Mercado ocorre por meio da assinatura de um contrato e implica a adesão a um conjunto de regras societárias, genericamente chamadas de "boas práticas de governança corporativa”, mais exigente do que os presentes na legislação brasileira (SILVEIRA, 2010). Para complementar o que foi tratado no “Saiba Mais”, Assaf Neto (2006) expõe que existe na B3 um índice destinado a ações com Governança Corporativa diferenciada, chamado de IGC. Ele foi criado com o objetivo de avaliar o desempenho de uma carteira de ações de empresas empenhadas em oferecer boas práticas de governança corporativa. Essa carteira é composta somente de ações negociadas no Novo Mercado ou que estejam classificadas nos níveis 1 e 2 de governança corporativa. Surge agora uma dúvida: Quais as Bolsas de Valores mais importantes do mundo? Será que nessa lista temos alguma brasileira? Bom, temos sim. A B3 é uma das maiores do mundo. Vamos fazer então uma pequena lista, com oito Bolsas de Valores pelo mundo. 135 NYSE – New York Stock Exchange; NASDAQ; Bolsa de Valores de Londres (London Stock Exchange); B3 – Brasil, Bolsa, Balcão; Bolsa de Valores de Frankfurt; Bolsa de Valores de Xangai; Bolsa de Valores de Hong Kong; Bolsa de Valores de Tóquio. Para terminarmos a segunda parte, segue um vídeo bem bacana que tira muitas dúvidas. https://www.youtube.com/watch?v=xPC8AE1G2l8 https://www.youtube.com/watch?v=xPC8AE1G2l8 136 Parte 3: O que são Bolsas de Mercadorias e Futuros e como funcionam? Vamos agora fechar a oitava unidade, com a parte 3, tratando das Bolsas de Mercadorias e Futuros. Só pelo nome, podemos verificar que além de papéis como derivativos e opções (no futuro), são comercializados títulos baseados em mercadorias, como ouro e produtos agrícolas, por exemplo. As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (BACEN, 2018b). Uma Bolsa de Mercadorias e Futuros funciona igual a uma Bolsa de Valores. No Brasil, tínhamos a BM&F, que se tornou BMF Bovespa, pois foi comprada pela Bovespa, e em 2017 tornou-se B3, pois houve a junção da Bovespa, BMF e Cetip, tornando-se B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Para ficarmos antenados com essa questão, vejamos um vídeo rápido, que vai nos ajudar no entendimento. https://www.youtube.com/watch?v=Z4ZYGsShKn4 https://www.youtube.com/watch?v=Z4ZYGsShKn4 137 Resumo Agora, vamos repassar o que estudamos na oitava unidade. Na primeira parte, conceituamos Bolsas de Valores, seus objetivos e também definimos Sociedade Corretora de Títulos e Valores Mobiliários. Na segunda parte, tratamos do funcionamento de uma bolsa de valores, os tipos de ordens, as modalidades de operação em um Bolsa de Valores, os índices das principais bolsas do mundo, com destaque para o Ibovespa,os aspectos relacionados a Governança Corporativa, e listamos as maiores Bolsas de Valores do Mundo. Para terminar, na terceira parte tratamos das Bolsas de Mercadorias e Futuros. 138 Referências ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BACEN. Corretora e distribuidora de títulos e valores mobiliários são intermediadoras nos mercados financeiro, cambial e de capitais. 2018a. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomp osicao%2Fcorretoras_distribuidoras.asp. Acesso em: 22 dez. 2018. BACEN. Bolsa de Mercadorias e Futuros. 2018b. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomp osicao%2Fbmf.asp. Acesso em: 22 dez. 2018. LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do Mercado de Capitais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SILVEIRA, A. M. Governança Corporativa no Brasil e no Mundo. Teoria e Prática. São Paulo: Campus, 2010. TREVIZAN, K. O que é a bolsa de valores e para que ela serve? 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/educacao-financeira/noticia/2018/07/25/o-que-e-a-bolsa-de-valores-e- para-que-ela-serve.ghtml. Acesso em: 21 dez. 2018. https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fcorretoras_distribuidoras.asp https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fcorretoras_distribuidoras.asp https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fbmf.asp https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fbmf.asp https://g1.globo.com/economia/educacao-financeira/noticia/2018/07/25/o-que-e-a-bolsa-de-valores-e-para-que-ela-serve.ghtml https://g1.globo.com/economia/educacao-financeira/noticia/2018/07/25/o-que-e-a-bolsa-de-valores-e-para-que-ela-serve.ghtml 139
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