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83 84 Chegamos à sexta unidade, na qual trataremos dos quatro mercados em que acontece a intermediação financeira. Já falamos um pouco desses mercados na primeira unidade, mas agora trabalharemos um pouco mais especificamente com os quatro mercados, a saber: Mercado de Crédito, Mercado Monetário, Mercado de Câmbio e Mercado de Capitais. Muito do que já falamos até agora e o que iremos falar até a décima unidade estará contemplado nesses quatro mercados, por isso reveremos o conteúdo de uma maneira mais profunda do que fizemos na primeira unidade, porém não se aprofundando muito, haja vista que vários assuntos serão especificados ou já foram. 85 Parte 1 – Estrutura dos Mercados no Sistema Financeiro Nacional Nessa primeira parte da nossa Unidade 6 trabalharemos a estrutura dos mercados no Sistema Financeiro Nacional – SFN. Quando trabalhamos na Unidade 4 os dois subsistemas do SFN, dissemos que um desses subsistemas é o Operativo ou de Intermediação Financeira. Para Assaf Neto (2006), a intermediação financeira desenvolve-se de forma segmentada, com base em quatro subdivisões estabelecidas para o mercado financeiro: Mercado Monetário; Mercado de Crédito; Mercado de Câmbio ou Cambial; Mercado de Capitais. Apesar de servirem de referência para o estudo do mercado financeiro, esses segmentos sugeridos de mercado muitas vezes se confundem na prática, permitindo que as várias operações financeiras interajam por meio de um amplo sistema de comunicações. Apresentam, ainda, uma referência comum para as diversas negociações financeiras, a taxa de juros, entendida como a moeda de troca desses mercados (ASSAF NETO, 2006). Quadro 4: Os Mercados Financeiros MERCADO DEFINIÇÃO MONETÁRIO É o mercado onde se concentram as operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política Monetária. DE CRÉDITO Atuam neste mercado diversas instituições financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação de recursos de curto e médio prazo para agentes deficitários que necessitam de recursos para consumo ou capital de giro. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado. DE CÂMBIO Mercado onde são negociadas as trocas de moedas estrangeiras por reais. O Banco Central do Brasil (BACEN) é o responsável pela administração, fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio atuando através de sua Política Cambial. DE CAPITAIS Tem como objetivo canalizar recursos de médio e longo prazo para agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado. 86 Fonte: Elaborado pelo autor. Adaptado de CVM, 2018. O quadro anterior, já citado na Unidade 1, reflete em que cada mercado atua, mas a seguir trataremos um pouco mais especificamente de cada um deles. 87 Parte 2 – Mercado Monetário Vamos nessa parte 2 da Unidade 6 trabalhar com o Mercado Monetário; conhecê-lo e apresentar seus principais instrumentos. Gostaria de esclarecer que, quando tratamos do mercado monetário, temos que citar os títulos públicos. Mas trataremos mais especificamente dos títulos públicos na próxima unidade, a Unidade 7. Assim, mercado monetário é o mercado em que se concentram as operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política Monetária (CVM, 2018). Para Assaf Neto (2006), o mercado monetário encontra-se estruturado visando o controle da liquidez monetária da economia. Os papéis são negociados nesse mercado tendo como parâmetro de referência a taxa de juros, que se constitui em sua mais importante moeda de transação. Os papéis que lastreiam as operações do mercado monetário caracterizam-se pelos reduzidos prazos de resgate e alta liquidez (ASSAF NETO, 2006). Ferrer (2017) corrobora a definição anterior e afirma que o mercado monetário foi estruturado objetivando controlar a liquidez da economia. Os papéis negociados servem como referência para a taxa de juros; ainda acrescenta que os papéis negociados são, basicamente, títulos emitidos pelo tesouro nacional para financiar o governo. No entanto, também são negociados os CDI (somente para bancos), títulos de emissão privada como o CDB e debêntures. Os papéis são processados pela SELIC e pela CETIP. Mas o que significam essas siglas? Você deve lembrar-se da SELIC, pois tratamos dela na Unidade 3, quando diferenciamos o sistema SELIC da taxa SELIC. Assim, para o mercado monetário, o SELIC é o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, foi desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) em 1979, voltado a operar com títulos públicos de emissão do Bacen e do Tesouro Nacional. Esse sistema constitui-se, em verdade, num grande computador que tem por finalidade controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural. O sistema trouxe maior segurança para as operações de compra e venda de títulos, oferecendo garantias da existência dos papéis em negociação e dos recursos necessários para a liquidação financeira (pagamento) da operação (ASSAF NETO, 2006). Já CETIP é a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados, passou a funcionar a partir de 1986 como um sistema bastante semelhante ao SELIC, só que abrigando títulos privados. Algumas vezes, o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder do setor privado. O principal título do sistema CETIP é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que permite 88 transferências de recursos (liquidez) entre as instituições do sistema financeiro. A CETIP opera também com outros títulos, como CDB, Debêntures, “Commercial Papers” (notas promissórias), Letras Financeiras do Tesouro (LFT) etc. (ASSAF NETO, 2006). SAIBA MAIS O Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (CETIP S.A.) é uma sociedade administradora de mercados de balcão organizados, ou seja, de ambientes de negociação e registro de valores mobiliários, títulos públicos e privados de renda fixa e derivativos de balcão. É, na realidade, uma câmara de compensação e liquidação sistemicamente importante, nos termos definidos pela legislação do SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro (Lei nº 10.214), que efetua a custódia escritural de ativos e contratos, registra operações realizadas no mercado de balcão, processa a liquidação financeira e oferece ao mercado uma Plataforma Eletrônica para a realização de diversos tipos de operações on-line, tais como leilões e negociação de títulos públicos, privados e valores mobiliários de renda fixa. Criada pelas instituições financeiras e o Banco Central, iniciou suas operações em 1986, proporcionando mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro. A CETIP, hoje uma sociedade anônima de capital aberto com ações negociadas no Novo Mercado, da B3 (Antiga BMF&Bovespa), é a maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina e a maior Câmara de ativos privados do mercado financeiro brasileiro. Sua atuação garante o suporte necessário a todo o ciclo de operações com títulos de renda fixa, valores mobiliários e derivativos de balcão. A credibilidade e a confiança que a CETIP trouxe para o mercado levaramas instituições financeiras a criar e empregar a expressão título cetipado como um selo de garantia e qualidade. A Câmara tem atuação nacional e congrega uma comunidade financeira interligada em tempo real. Tem como participantes a totalidade dos bancos brasileiros, além de corretoras, distribuidoras, fundos de investimento, seguradoras, fundos de pensão e empresas não financeiras emissoras de títulos, entre outros. Os mercados atendidos pela CETIP são regulados pelo Banco Central do Brasil e pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários e seguem o Código de Conduta do Participante (PORTAL EDUCAÇÃO, 2018). Para terminarmos essa segunda parte da unidade, temos a seguir um vídeo muito bacana sobre o CETIP – Certifica. https://www.youtube.com/watch?v=Op9qcliaUgQ https://www.youtube.com/watch?v=Op9qcliaUgQ 89 Parte 3 – Mercado de Crédito O mercado de crédito visa fundamentalmente suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos dos vários agentes econômicos, seja por meio da concessão de créditos às pessoas físicas, seja por empréstimos e financiamentos às empresas. As operações desse mercado, dentro de uma política de especialização do Sistema Financeiro Nacional, SFN, são tipicamente realizadas por instituições financeiras bancárias (bancos comerciais e múltiplos). As atividades dos bancos, que visam principalmente reforçar o volume de captação de recursos, têm evoluído para um processo de diversificação de produtos financeiros e também na área de serviços prestados (ASSAF NETO, 2006). Atuam neste mercado diversas instituições financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação de recursos de curto e médio prazo para agentes deficitários que necessitam de recursos para consumo ou capital de giro. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado (CVM, 2018). Vamos a seguir listar os principais tipos de empréstimos de curto e médio prazos que são praticados no mercado de crédito. Quadro 5: Os principais tipos de empréstimos do mercado de crédito EMPRÉSTIMOS DEFINIÇÃO Desconto Bancário de Títulos É uma operação de credito típica do sistema bancário, que envolve principalmente duplicatas e notas promissórias. No desconto, a instituição concede um empréstimo mediante a garantia de um título representativo de um crédito futuro. Contas Garantidas Equivale à abertura de uma conta com um limite de crédito garantido pela instituição bancária. Créditos Rotativos São linhas de crédito abertas pelos bancos, que visam ao financiamento das necessidades de curto prazo (capital de giro) das empresas. Constituem-se em operações bastante próximas às contas garantidas, diferenciando-se por serem operadas normalmente com garantias de duplicatas ou outros recebíveis. Operações Hot Money São operações de empréstimos de curto e curtíssimo prazos, normalmente de um a sete dias, demandadas para cobrir as necessidades mais permanentes de caixa das empresas. Empréstimos para Capital de Giro e Pagamento de Tributos Os empréstimos para capital de giro são oferecidos pelos bancos por meio de uma formalização contratual que estabelece as condições básicas da operação. As garantias podem ser oferecidas pelo meio de duplicatas, avais, notas promissórias, recebíveis, etc. Operações de Vendor É uma operação de crédito em que uma instituição bancária paga à vista a uma empresa comercial os direitos relativos às vendas realizadas e recebidos em cessão, em troca de uma taxa de intermediação. No vendor, a empresa vendedora atua como cessionário e financiador do comprador. Crédito Direto do Consumidor (CDC) O crédito direto ao consumidor, conhecido no mercado por CDC, é uma operação tipicamente destinada a financiar aquisições de bens e serviços por consumidores ou usuários finais. A concessão do crédito é efetuada por uma sociedade financeira, e a garantia usual da operação é a alienação fiduciária do bem objeto do financiamento. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Assaf Neto, 2006. Em uma análise do quadro, podemos verificar a importância do mercado de crédito para as pessoas físicas e também para as empresas, que muitas vezes dependem de empréstimos e linhas de crédito para poder gerenciar seu fluxo de caixa e realizar investimentos no negócio. 90 Além dos empréstimos e das linhas de crédito, o mercado de crédito através principalmente dos bancos, prestam inúmeros serviços de grande importância para todos os segmentos da economia; esses bancos vêm em um processo de ampliação nos últimos anos, em parte por causa do grande avanço tecnológico. Para Assaf Neto (2006), essas atividades impulsionam o crescimento de inúmeras instituições, seja por meio da cobrança de tarifas ou outras formas de receitas ou, ainda, pelo ganho que podem obter do floating que diversas operações costumam oferecer. Mas o que é floating? O floating é entendido como uma retenção temporária por uma instituição de recursos de terceiros, proporcionando ganhos financeiros provenientes da aplicação desses valores até a data da entrega a seus proprietários. Por exemplo, um banco pode receber certa quantia em cobrança de um título de um cliente, sendo o valor creditado na conta do titular somente um ou dois dias após a cobrança. Nesse intervalo, a instituição apura uma receita financeira pela aplicação que venha a fazer desses recursos (ASSAF NETO, 2006). No quadro a seguir, temos alguns dos principais serviços prestados pelas instituições bancárias: Quadro 6: Os principais serviços prestados pelas instituições bancárias PRINCIPAIS SERVIÇOS PRESTADOS PELAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS Emissão de saldos e extratos de conta corrente em terminais, caixas automáticos, internet banking; Emissão de documentos de créditos (DOC e TED); Acesso eletrônico a saldos de conta corrente, aplicações financeiras, e relacionamento via internet banking; Serviços de courier (entrega de talões de cheques, cartões e outros documentos em domicílio); Caixas eletrônicos para saques, depósitos, pagamentos e outras transações bancárias; Emissões de cartões eletrônicos (débito) e cartões de crédito; Sustação de pagamento de cheques; Cobranças bancárias; Débito automático em conta corrente de tarifas públicas e outros débitos; Cofres de aluguel; Abertura de crédito, etc. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Assaf Neto, 2006. Esses então são os principais serviços que as instituições bancárias cobram dos clientes, em conformidade com resoluções do Bacen, e que para isso devem ser realmente realizados e terem seus valores de conhecimento prévio dos clientes através de tabelas afixadas nas agências e postos de serviços, além do site da instituição. Esses serviços geram as tarifas que são fontes de receita para as instituições bancárias, componentes fundamentais do mercado de crédito. Para que você possa ficar mais antenado com o mercado de crédito, visualize o vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=HJsXWz_3iGQ https://www.youtube.com/watch?v=HJsXWz_3iGQ 91 Parte 4 – Mercado De Câmbio ou Cambial Na quarta parte da Unidade 6, trabalharemos o Mercado de Câmbio, ou Mercado Cambial, que é outro mercado que faz parte dos meios para a intermediação financeira. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925463-atencao-ao-cambio-deve-ser-prioridade-de- quem-investe-no-exterior.shtml Visualize essa imagem. Você verá notas de dólar americano e real (a moeda oficial do Brasil). Mas porque essa imagem foi incluída para podermos tratar do mercado de câmbio ou cambial? No entender de Ferrer (2017), o mercado de câmbio, ou cambial, é o ambiente onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central do Brasil (bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e meios de hospedagem) e entre estes e seus clientes. Assaf Neto (2006), diz queo mercado cambial é o segmento financeiro em que ocorrem operações de compras e vendas de moedas internacionais conversíveis, ou seja, em que se verificam conversões de moeda nacional em estrangeira e vice-versa. Entendeu o porquê da figura anterior? No Brasil, o mercado de câmbio é o ambiente em que se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central e entre estes e seus clientes, diretamente ou por meio de seus correspondentes. Ele é regulamentado e fiscalizado pelo Banco Central e compreende as operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as operações em moeda nacional entre residentes, domiciliados ou com sede no País e residentes, domiciliados ou com sede no exterior e as operações com ouro-instrumento cambial, realizadas por intermédio das instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central, diretamente ou por meio de seus correspondentes. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925463-atencao-ao-cambio-deve-ser-prioridade-de-quem-investe-no-exterior.shtml https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925463-atencao-ao-cambio-deve-ser-prioridade-de-quem-investe-no-exterior.shtml 92 Incluem-se no mercado de câmbio brasileiro as operações relativas aos recebimentos, pagamentos e transferências do e para o exterior mediante a utilização de cartões de uso internacional, bem como as operações referentes às transferências financeiras postais internacionais, inclusive vales postais e reembolsos postais internacionais. À margem da lei, funciona um segmento denominado mercado paralelo. São ilegais os negócios realizados no mercado paralelo, bem como a posse de moeda estrangeira oriunda de atividades ilícitas (BACEN, 2018). Para Ferrer (2017), no Brasil, o mercado de câmbio pode ser explicado quando analisamos as três cotações de dólar existentes: o comercial, o turismo e o paralelo. Vamos explicar melhor através do quadro a seguir: Quadro 7: As cotações de dólar (câmbio) existentes no Brasil Cotação Conceito Dólar Comercial O câmbio comercial, ou câmbio livre, é aquele geralmente utilizado pelas grandes empresas na realização de importações ou exportações, e também para pagamento e recebimento de serviços relacionados ao exterior. O câmbio comercial também é utilizado para as transações do governo e para empréstimos de residentes no exterior, quando registrados no Banco Central. Dólar Turismo Dólar Turismo é a denominação popular do câmbio flutuante, que é utilizado além das viagens ao exterior para contribuições a entidades associativas, doações, heranças, aposentadorias e pensões, manutenção de residentes e tratamento de saúde. Outra característica do câmbio turismo é que não existe limite de valor para as negociações, podendo ser adquirida qualquer quantidade a título de turismo, transferências unilaterais e pagamento de serviços. Dólar Paralelo O dólar paralelo, que antigamente também era conhecido como câmbio negro, é bastante utilizado por pequenos investidores, que querem investir suas economias na moeda norte- americana, e também para atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e sonegação fiscal, já que não é controlado pelo governo. Este mercado, que passa pelos "doleiros" e não é sujeito a controles ou regulamentos do Banco Central, em geral mostra cotações mais altas para quem quer comprar e algumas vezes mais baixas para quem quer vender do que o câmbio comercial. Ou seja, em geral somente vale a pena para quem não pode operar nos outros mercados de câmbio. Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Ferrer, 2017, e Lagioia, 2011. Acredito que você tenha conhecimento do que foi exposto no quadro, que está relacionado ao mercado de câmbio ou cambial, e que com certeza verificamos quase diariamente na televisão e nos jornais. Mas qualquer pessoa ou empresa pode operar no mercado de câmbio? Não. Vamos ver quem pode. Podem ser autorizados pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio: bancos múltiplos; bancos comerciais; caixas econômicas; bancos de investimento; bancos de desenvolvimento; bancos de câmbio; agências de fomento; sociedades de crédito, financiamento e investimento; sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio. Esses agentes podem realizar as seguintes operações: 93 a) bancos, exceto de desenvolvimento, e a Caixa Econômica Federal: todas as operações previstas para o mercado de câmbio; b) bancos de desenvolvimento; sociedades de crédito, financiamento e investimento e agências de fomento: operações específicas autorizadas pelo Banco Central; c) sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio: c1.) operações de câmbio com clientes para liquidação pronta de até US$100 mil ou o seu equivalente em outras moedas; e c2.) operações no mercado interbancário, arbitragens no País e, por meio de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, arbitragem com o exterior. Além desses agentes, o Banco Central também concedia autorização para agências de turismo e meios de hospedagem de turismo para operarem no mercado de câmbio. Atualmente, não se concede mais autorização para esses agentes, permanecendo ainda apenas aquelas agências de turismo cujos proprietários pediram ao Banco Central autorização para constituir instituição autorizada a operar em câmbio. Enquanto o Banco Central está analisando tais pedidos, as agências de turismo ainda autorizadas podem continuar a realizar operações de compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem, relativamente a viagens internacionais. As instituições financeiras autorizadas a operar em câmbio podem contratar correspondentes (pessoas jurídicas em geral) para a realização das seguintes operações de câmbio: a. execução ativa ou passiva de ordem de pagamento relativa a transferência unilateral (ex.: manutenção de residentes, transferência de patrimônio, prêmios em eventos culturais e esportivos) do ou para o exterior, limitada ao valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, por operação; b. compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheque ou cheque de viagem, bem como carga de moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, por operação; e c. recepção e encaminhamento de propostas de operações de câmbio. As operações realizadas pelos correspondentes são de total responsabilidade da instituição contratante. A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) também é autorizada pelo Banco Central a realizar operações com vales postais internacionais, emissivos e receptivos, para liquidação pronta, não sujeitos 94 ou vinculados a registro no Banco Central do Brasil e de até o equivalente a US$ 50 mil, por operação (BACEN, 2018). Para terminar parte 4, temos um quadro interessante, com vários conceitos sobre o mercado de câmbio ou cambial. É muito interessante você fazer a leitura. SAIBA MAIS A operação de mercado primário implica o recebimento ou a entrega de moeda estrangeira por parte de clientes no país, correspondendo ao fluxo de entrada ou de saída da moeda estrangeira. Esse é o caso das operações realizadas com exportadores, importadores, viajantes etc. Já no mercado secundário, também denominado mercado interbancário quando os negócios são realizados entre bancos, a moeda estrangeira é negociada entre as instituições integrantes do sistema financeiro e simplesmente migra do ativo de uma instituição autorizada a operar no mercado de câmbio para o de outra, igualmente autorizada, não havendo fluxo de entrada ou de saída da moeda estrangeira do país. A posição de câmbio é representada pelo saldo das operações de câmbio (compra e venda de moeda estrangeira, de títulos e documentosque as representem e de ouro-instrumento cambial) prontas ou para liquidação futura, realizadas pelas instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio. A posição de câmbio comprada é o saldo em moeda estrangeira registrado em nome de uma instituição autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro-instrumento cambial, em valores superiores às vendas. A posição de câmbio vendida é o saldo em moeda estrangeira registrado em nome de uma instituição autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títulos e documentos que as representem e de ouro-instrumento cambial, em valores superiores às compras. A operação de câmbio (compra ou venda) pronta é a operação a ser liquidada em até dois dias úteis da data de contratação, já a operação de câmbio (compra ou venda) para liquidação futura é a operação a ser liquidada em prazo maior que dois dias. Contrato de câmbio é o documento que formaliza a operação de compra ou de venda de moeda estrangeira. Nele são estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio. Dele constam informações relativas à moeda estrangeira que um cliente está comprando ou vendendo, à taxa contratada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio pelo agente autorizado a operar no mercado de câmbio (BACEN, 2018). 95 Parte 5 – Mercado De Capitais Chegamos à última parte da Unidade 6. Nela, trataremos do Mercado de Capitais, o que ele é e suas principais nuances. O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento econômico. É o grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de investimento. Está estruturado de forma a suprir as necessidades de investimentos dos agentes econômicos, por meio de diversas modalidades de financiamentos a médio e longo prazos para capital de giro e capital fixo. É constituído pelas instituições financeiras não bancárias, instituições componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas instituições auxiliares (ASSAF NETO, 2006). Mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que proporciona liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabiliza o processo de capitalização. É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas (FERRER, 2017). Com relação à negociação de ativos, os principais que são negociados através do mercado de capitais são ações, títulos de dívidas e derivativos. Para Ferrer (2017), seu objetivo é canalizar as poupanças (recursos financeiros) da sociedade para o comércio, a indústria, outras atividades econômicas e para o próprio governo. Distingue-se do mercado monetário que movimenta recursos a curto prazo, embora tenham muitas instituições em comum. Com relação às principais modalidades de financiamento realizadas e os instrumentos financeiros negociados no âmbito do mercado de capitais nacional e internacional, podemos ver no quadro a seguir. Quadro 7:Principais tipos de financiamentos relacionados ao mercado de capitais Tipos de Financiamento Conceito Capital de Giro O financiamento de capital de giro, realizado por bancos comerciais/múltiplos e bancos de investimentos, visa suprir as necessidades de recursos ao ativo circulante (capital de giro) das empresas. As operações são realizadas geralmente dentro de um prazo de resgate de 6 a 24 meses, e os pagamentos podem ser realizados de uma única vez (ao final do prazo) ou em prestações periódicas (mensais, trimestrais etc.). As garantias exigidas normalmente são duplicatas, avais ou hipoteca de ativos reais (imóveis, por exemplo). As sociedades anônimas podem emitir um título denominado Comercial Paper, que é tipicamente uma nota promissória com prazo de resgate de no máximo, nove meses. Operações de Repasses Essas operações constituem-se em empréstimos contratados por instituições financeiras do mercado de capitais e repassados a empresas carentes de recursos para investimentos de longo prazo. Os repasses podem ser recursos internos e externos. Os principais executores dessa política são o BNDES, Bancos Regionais de Desenvolvimento, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Arrendamento Mercantil A operação de arrendamento mercantil pode ser compreendida como uma forma especial de financiamento. Basicamente, essa modalidade é praticada mediante a celebração de um contrato de arrendamento (aluguel) efetuado entre um cliente (arrendatário) e uma sociedade 96 de arrendamento mercantil (arrendadora), visando à utilização por parte do primeiro, de certo bem durante um prazo determinado, cujo pagamento é efetuado em forma de aluguel (arrendamento). Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Assaf Neto, 2006. Além das modalidades (tipos) de financiamento relacionadas ao mercado de capitais, temos também os principais ativos relacionados com o mercado de capitais, que são: ações, debêntures, commercial papers, bonds (esses dois últimos, títulos de dívida) e derivativos. Esses ativos serão objeto de estudo da sétima unidade, a próxima do nosso material. SAIBA MAIS O mercado de capitais é um conjunto de instituições, agentes econômicos e instrumentos legais dedicados à distribuição de valores mobiliários que viabiliza, por exemplo, a emissão de ações e debêntures pelas empresas, possibilitando a realização de investimentos e a otimização da prestação de serviços ou do processo produtivo. O mercado de capitais mobiliza os recursos de poupança de pessoas físicas, empresas e agentes públicos, promovendo a alocação eficiente dessa poupança para financiar a produção, a comercialização e o investimento e consumo de empresas e famílias. O mercado de capitais no Brasil é regulado pela CVM. Entidades privadas, como B3 e ANBIMA, por delegação da CVM, também participam com órgãos reguladores, em alguns aspectos do mercado. Entre as atribuições da Secretaria de Política Econômica, SPE está a de formular e avaliar medidas para o desenvolvimento do mercado de capitais (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2018). 97 Resumo Agora relembraremos rapidamente o que estudamos na sexta unidade. Em um primeiro momento, definimos os quatro tipos de mercados financeiros, que estão inseridos no Sistema Financeiro Nacional – SFN. Depois, passamos na parte 2 a tratar do Mercado Monetário e suas particularidades. Na parte 3, estudamos sobre o Mercado de Crédito, em que foram detalhados os principais produtos de crédito oferecidos por instituições bancárias a pessoas jurídicas e físicas, além dos principais serviços oferecidos por essas instituições que geram a cobrança de tarifa para os seus clientes. Na parte 4, estudamos o Mercado de Câmbio ou Cambial, em que tratamos, entre alguns assuntos, das três principais cotações do dólar (a principal moeda estrangeira comercializada no Brasil). Na parte 5, fechamos nossa sexta unidade, tratando do mercado de capitais, e dissertamos sobre os tipos de financiamento a ele relacionados. 98 Referências ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BACEN. Mercado de Câmbio – definições. 2018. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fbc_at ende%2Fport%2Fmerccam.asp. Acesso em: 18 dez. 2018. CVM. Comissão de Valores Mobiliários. Portal do Investidor. Entendendo o mercado de valores mobiliários. Disponível em: http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/Entendendo_mercado_valores.html.Acesso em: 6 out. 2018. FERRER, E. O. Os Mercados Financeiros. 2017. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=103117. Acesso em: 18 dez. 2018. LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do Mercado de Capitais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MINISTÉRIO DA FAZENDA. Mercado de Capitais. 2018. Disponível em: http://www.fazenda.gov.br/assuntos/politica-microeconomica/atuacao-spe/mercado-de-capitais. Acesso em: 19 dez. 2018. PORTAL EDUCAÇÃO. Central de liquidação financeira e de custódia de títulos (CETIP) – Sistema Financeiro Nacional. 2018. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/central-de-liquidacao-financeira-e-de- custodia-de-titulos-cetip-sistema-financeiro-nacional/46480. Acesso em: 18 dez. 2018. https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fbc_atende%2Fport%2Fmerccam.asp https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fbc_atende%2Fport%2Fmerccam.asp http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/Entendendo_mercado_valores.html https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=103117 http://www.fazenda.gov.br/assuntos/politica-microeconomica/atuacao-spe/mercado-de-capitais https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/central-de-liquidacao-financeira-e-de-custodia-de-titulos-cetip-sistema-financeiro-nacional/46480 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/central-de-liquidacao-financeira-e-de-custodia-de-titulos-cetip-sistema-financeiro-nacional/46480 99