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O ensino de ciências no Brasil: História, Formação de Professores e Desafios Atuais Ao longo da história, a produção científica e tecnológica brasileira foi regida ideologicamente por uma forma acadêmica e internacional de fazer ciência e sofreu com a falta de estabilidade política e o autoritarismo. ● Anos 1950: Por conta do desenvolvimento do país, as políticas científicas e tecnológicas passaram por um intenso processo de institucionalização. Ficou marcado nesse período o modo mecanicista de analisar as interferências da ciência e da tecnologia sobre a sociedade, que deixava de lado os múltiplos interesses da população. Nesse período, a produção científica era dominada pelo Estado, causando uma separação entre pesquisa científica e produção tecnológica. Nesse período, as propostas educativas do ensino de ciências procuraram possibilitar aos estudantes o acesso às verdades científicas e o desenvolvimento de uma maneira científica de pensar e agir. ● Anos 1960: Como é apontado no texto, o Estado ainda era o dominador das produções científicas e tecnológicas. E tinha o foco nos interesses da comunidade internacional, deixando de lado a realidade da população brasileira. Após uma sucessão de problemas enfrentados, o Estado teve a necessidade de realizar uma revisão das políticas científicas e tecnológicas, considerando suas relações com a sociedade. Nessa década a LDB (n° 4024/61) veio para descentralizar as decisões curriculares que estavam sob a responsabilidade do MEC. Também ocorreu o uso das teorias cognitivistas. ● Anos 1970: “Foram marcados por privilegiar a ciência pura, praticamente não havendo menção às tecnologias produzidas com base em conhecimentos científicos. O silêncio sobre a imposição de padrões tecnológicos estrangeiros ao Brasil nesse período deveu-se à defesa de certos programas de transferência tecnológica” (MACEDO, 2004). Nesse período, a LDB considerou o ensino de ciências muito importante para o preparo dos trabalhadores. Mas na prática elas foram bastante prejudicadas pela criação de disciplinas que pretendiam possibilitar aos estudantes o ingresso no mundo do trabalho. ● Anos 1980: A educação passou a ser entendida como uma prática social em íntima conexão com os sistemas político-econômicos. Desse modo, numa perspectiva crítica, o ensino de ciências poderia contribuir para a manutenção da situação vigente no país ou para a transformação da sociedade brasileira. Houve uma menor participação do Estado nas produções e também a abertura da economia ao comércio e à competitividade internacionais. ● Anos 1990: Tornou-se explícita a necessidade analisar a articulação existente entre ciência, tecnologia e sociedade, o que possibilitou o surgimento de um panorama muito mais complexo e de incertezas a respeito da produção científica e tecnológica, mas deixando evidente a falta de relação dessa produção com as necessidades da maioria da população brasileira. Durante a década de 1990, o ensino de ciências passou a contestar as metodologias ativas e a incorporar o discurso da formação do cidadão crítico, consciente e participativo. As propostas educativas enfatizavam a necessidade de levar os estudantes a desenvolverem o pensamento reflexivo e crítico; a questionarem as relações existentes entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o meio ambiente e a se apropriarem de conhecimentos relevantes científica, social e culturalmente (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990). ● Anos 2000: O ensino de Ciências passou a dar a devida importância a formação crítica dos estudantes. Atualmente, algumas iniciativas têm procurado apontar caminhos para a superação dos problemas existentes nos cursos de formação de professores, tais como os fóruns permanentes de discussão e deliberação a respeito das problemáticas vivenciadas nas licenciaturas e as propostas de reformulação dos cursos em vigor em algumas universidades públicas brasileiras.