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I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X. XI. XII. XIII. O que seria da música brasileira sem os tambores primitivos, os batuques, a dança de umbigada, a roda de samba, de jongo e de capoeira, sem o arrasta-pé no chão batido alegrado pelo forró pé-de-serra ou pela banda de pífanos? Como soaria nossa música sem a mistura rítmica e cultural, sem as festas populares e sem os instrumentos de percussão dessas manifestações? Com o objetivo de contribuir na aprendizagem da percussão e no entendimento preliminar de alguns ritmos brasileiros, destaco e apresento a grafia musical do baião, caboclinho, capoeira, ciranda, frevo/marcha de carnaval, ijexá, jongo, maracatu cearense, maracatu pernambucano, quadrilha junina, samba, samba reggae e do xote. As batidas (células/patterns) e exemplos aqui destacados, frutos de minhas viagens pelo Brasil, curiosidade e experiências musicais ao longo dos anos, apresentam variações e instrumentação rítmica básica, que podem mudar de acordo com as regiões e grupos executantes locais. Para situar o leitor e introduzi-lo à estética em questão, trago breves informações e traço comentários de cada ritmo/gênero musical. Não abordo a técnica dos instrumentos, o que, minimamente, deverá ser observado e buscado, pois é determinante para o entendimento e boa execução dos exemplos, que têm as versões correspondentes em mp3 e podem ser baixadas no Portal Educa Música CP2: http://www.educamusicacp2.com.br. Assim, o executante pode se inserir nesse universo sônico, ao tocar junto com os áudios disponibilizados, tirar dúvidas, escutar quantas vezes queira e entender as nuances. Bom proveito e bom batuque! 1 Arranjador, produtor musical, saxofonista, flautista, pesquisador e professor de Educação Musical do Colégio Pedro II. http://www.educamusicacp2.com.br/ Popular no Nordeste brasileiro, o andamento do baião varia do moderado ao rápido. “Asa Branca” é um típico exemplo (seu ritmo) e clássico da música popular brasileira. Luiz Gonzaga, o nosso Rei do Baião, foi expoente e grande divulgador do gênero. (*) (*) (*) (*) (*) (*) O caboclinho (ou cabocolinho) é uma dança e ritmo Pernambucano. É acelerado e o instrumental rítmico é composto pelo tambor, chocalho (maracas) e preaca. Este último se assemelha ao arco e flecha, e acentua hora o 1º e o 3º tempos, hora todos os tempos do compasso. A capoeira é um jogo, uma arte marcial, uma dança (gingado) e um ritmo brasileiro. O andamento é moderado, podendo ser bem lento ou um pouco mais acelerado, e sua instrumentação típica é o berimbau, atabaque, pandeiro e agogô. (*) (*) Vem do litoral de Pernambuco. Sua instrumentação é composta por instrumentos de percussão, como o tambor (bombo, zabumba ou outro tambor grave), chocalho e caixa, além do acréscimo de outros instrumentos de percussão, cordas e sopro. O ritmo lembra a marcha-rancho (que é bem mais lenta que a marcha de carnaval), contudo, o tambor acentua o 1º tempo do compasso e os demais tempos (2º, 3º e 4º) são abafados. Os dançantes fazem uma grande roda, ou várias rodas simultâneas, acentuam/batem os pés juntamente com o 1º tempo do tambor e executam um bailado de abrir e fechar a roda, lembrando, assim, as ondas do mar. Lia de Itamaracá é intérprete, expoente e grande divulgadora do gênero. (*) (*) (*) São gêneros similares, no que se refere à batida mater. A diferença fica por conta de variações rítmicas de instrumentos (como a da caixa) e do andamento, pois o frevo costuma ser mais rápido que a marcha de carnaval, e da instrumentação/interpretação, onde a marcha de carnaval é cantada e o frevo instrumental. Contudo, tanto o andamento como a interpretação ao longo dos tempos se misturaram. Hoje, existem frevos cantados, tocados mais lentos (frevo-canção), assim como marchas de carnaval bem rápidas, com introduções e/ou partes instrumentais realçadas, conhecidas igualmente à melodia, a exemplo das músicas “Cidade Maravilhosa” e “Touradas em Madri”. Vertentes das marchas portuguesas e das marchas militares, a marcha brasileira, ou marchinha de carnaval, surgiu nos bailes carnavalescos do Sudeste do Brasil no final do século XIX, espalhando-se rapidamente por todo o território nacional no início do séc. XX. O frevo nasceu e desenvolveu-se em Pernambuco e ganhou identidade própria: dança, indumentária, muitos instrumentos de sopro, arranjos arrojados e complexos para orquestra típica, como a inesquecível orquestra do maestro Duda e, em continuidade, a Spok Frevo Orquestra. “Vassourinhas” é um clássico do frevo. (*) (*) Conhecido também como afoxé, sendo este um instrumento de percussão (afuxé) e designação de grupos como o Afoxé Filhos de Gandhi, o ijexá diz respeito a uma nação africana. No Brasil, passou a ser uma dança e ritmo característicos da Bahia e da cultura afro-brasileira. É uma manifestação cultural afro-brasileira proveniente de ritos e das danças de umbigada. É praticado na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente. De andamento moderado a rápido, tem como instrumentação rítmica básica os atabaques com acréscimo de palmas. No Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro da Serrinha, destaca-se o Jongo da Serrinha, do Mestre Darcy e da Tia Maria. Proveniente dos ritos religiosos afro-brasileiros e das congadas, o maracatu cearense é um cortejo pomposo e elegante. Seu andamento é lento, marcado e sua instrumentação rítmica é formada por tambores graves, tambores agudos (tambores com esteiras ou caixas) e grandes triângulos (de mola de caminhão). “Pavão Misterioso”, do compositor cearense Ednardo, é um bom exemplo de maracatu cearense, foi trilha de novela e fez grande sucesso. Também oriundo dos terreiros e dos ritos religiosos afro-brasileiros, o maracatu pernambucano é alegre e polirrítmico, a exemplo da música africana (de Angola, Congo, Guiné-Bissau e Moçambique), trazida para o Brasil pelos escravizados e que muito influenciou a nossa música. É impulsionado por tambores (alfaias), chocalhos (xequerês) e percussão de metal com campânula como o gonguê e o agogô. Vem dos grupos regionais do Nordeste, dentre eles as bandas de pífanos (ou terno de zabumba) e grupos de forró pé-de-serra. O ritmo, de andamento rápido, deriva da marcha e embala as quadrilhas e festas juninas. Proveniente das danças de umbigada e de roda, dos batuques, dos terreiros e dos ritos afro- brasileiros, o samba está presente em todo o território nacional e se mistura às culturas locais, renovando-se a cada dia. Se pudermos ser reconhecidos por um gênero/ritmo, o samba se ressalta, pois se mistura à nossa identidade cultural e é sinônimo de música brasileira, sendo reconhecido como tal em todo o mundo. O andamento vai desde o lento, como o samba-canção e a bossa nova, ao rápido, como sambão e o samba das escolas de samba, que a cada período fica mais rápido, assemelhando-se a marcha de carnaval e ao frevo, pois, devido à velocidade, acaba por atenuar as acentuações e as síncopes. (*) (*) É um gênero e estilo musical baiano que misturou a batida/ritmo do samba com o reggae jamaicano. O andamento vai do moderado ao rápido e sua instrumentação rítmica é formada por tambores de afinaçõesdiferentes (grave, médio e agudo), repinique, xequerê, dentre outros. O grupo Olodum é um dos grandes intérpretes e divulgador dessa música. (*) (*) O xote é encontrado em diversas regiões do Brasil, de Norte a Sul, recebendo tratamento diferenciado em cada uma delas. O que trago é o xote do Nordeste brasileiro. A batida das 3 semínimas (vide zabumba abaixo), por exemplo, é comum tanto em músicas do folclore Europeu como da América Latina e até no rock. O xote pode ter vindo ainda da desaceleração da marcha militar, do maxixe, da quadrilha e do xaxado, para adaptar-se à dança, que inicialmente era mais lenta e cadenciada. No Nordeste, ganhou uma instrumentação típica e se incorporou à cultura do povo nordestino, tanto a dança como a música. (*) (**) (*) (*) (**) (**) (**) (**) 2 O funk é um gênero musical de procedência estrangeira. No Brasil, recebeu novas características rítmicas, misturas, adaptações e aqui adquiriu uma identidade própria. http://www.acordacultura.org.br/sites/default/files/kit/Livreto_cdgongue.pdf http://www.acordacultura.org.br/kit http://maracatu.org.br/o-maracatu/breve-historia/ http://maracatu.org.br/o-maracatu/breve-historia/ http://www.nacaofortaleza.com/maracatu.php https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/ritmos-do-brasil-samba-frevo-maracatu-forro-baiao-xaxado-etc.htm https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/ritmos-do-brasil-samba-frevo-maracatu-forro-baiao-xaxado-etc.htm ______________________________________________________________________________ professordemusica@yahoo.com.br
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