Buscar

Comoriência_1885626132.pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

COMORIÊNCIA 
 
Conceito: significa “morte simultânea de duas ou mais pessoas.”; logo 
comoriente é aquele que morre juntamente com outra pessoa. 
O fenômeno jurídico da comoriência ocorre quando duas ou mais pessoas 
morrem ao mesmo tempo, ou quando não é possível saber qual delas 
morreu primeiro. 
Para o direito é como se as pessoas tivessem morrido ao mesmo tempo. 
O artigo 8º do Código Civil Brasileiro estabelece que: “Se dois ou mais 
indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se 
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos”. 
O conflito para o direito sucessório está na hipótese em que havendo 
falecido o autor da herança, necessária é a identificação correta do 
momento da morte dos envolvidos, pois, se um herdeiro faleceu segundos 
após o autor da herança, herdará este os seus bens. Mas, se não sabido o 
momento exato da morte e entender-se pela comoriência, não herdará os 
bens, pois não existe sucessão entre comorientes. 
Segundo Maria Berenice Dias: 
“Não havendo a possibilidade de saber quem é herdeiro de quem, a lei 
presume que as mortes foram concomitantes. Desaparece o vinculo 
sucessório entre ambos. Com isso, um não herda do outro e os bens de 
cada um passam aos seus respectivos herdeiros.”. 
Exemplificando, se “A” e “B”, casados, morrerem num acidente e forem 
considerados comorientes por não terem conseguido identificar a pré-
morte de um deles, não poderão ser considerados herdeiros entre si. 
Portanto, tendo em vista que o direito sucessório depende do 
conhecimento de quem morreu primeiro, a questão da comoriência torna-
se um conflito jurídico, onde surgem diversas indagações, como: 
Haverá sucessão entre os comorientes? Quem faleceu primeiro? A 
partilha dos bens de qual dos falecidos deve ser realizada em primeiro 
lugar? 
Vejamos o que discorre Maria Helena Diniz acerca do assunto: 
“A comoriência terá grande repercussão na transmissão de direitos 
sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros uns dos outros, não há 
transferência de direitos; um não sucederá ao outro, sendo chamados à 
sucessão os seus herdeiros ante a presunção juris tantum de que 
faleceram ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de saber quem 
faleceu primeiro, o magistrado aplicará o art. 8.º do CC/2002 
(LGL\2002\400), caso em que, então, não haverá transmissão de direitos 
entre as pessoas que morreram na mesma ocasião.” 
Segundo o pensamento da doutrinadora Maria Helena Diniz, a dúvida 
surge apenas quando não for possível apurar quem pré-morreu a quem. 
Pois, no caso de comoriência não haverá transferência de bens entre os 
comorientes. 
Ainda, segundo exemplifica Carlos Roberto Gonçalves, “se um casal morre 
em acidente sem deixar descendentes ou ascendentes e sem se saber qual 
morreu primeiro, um não herda do doutro. Assim, os colaterais da mulher 
ficarão com a meação dela, enquanto os colaterais do marido ficarão com 
a meação dele.”. 
Vejamos o julgado abaixo: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO -DPVAT. 
INDENIZAÇÃO POR MORTE. IRRESIGNAÇÃO ENVOLVENDO A COTA PARTE 
DEVIDA À AUTORA. DE CUJUS QUE TINHA QUATRO FILHOS, SENDO QUE 
UM DELES TAMBÉM VEIO A ÓBITO NO ACIDENTE DE TRÂNSITO. HIPÓTESE 
DE COMORIÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO SUCESSÓRIO ENTRE OS 
COMORIENTES. INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER RATEADA ENTRE OS TRÊS 
FILHOS. SENTENÇA MANTIDA, POR FUNDAMENTO DIVERSO. RECURSO 
CONHECIDO E DESPROVIDO. 
Na hipótese de comoriência, com o passamento de pai e filho no mesmo 
acidente, não se sabendo quem faleceu primeiro, presume-se que os 
https://jus.com.br/tudo/seguro
óbitos foram simultâneos, fazendo com que, entre os extintos, não se 
saiba quem é herdeiro de quem. Diante de tal cenário, tem-se como 
ausente o vínculo sucessório entre ambos, devendo o patrimônio que 
cada um possuía ser transferido para os seus respectivos herdeiros, como 
se entre os comorientes não houvesse relação de parentesco. 
(AC 20120299484 SC 2012.029948-4, 4ª Câmara de Direito Civil, Rel. 
Desembargador Jorge Luis Costa Beber, julgado em 28/08/2013). 
Conclui-se que a consequência da presunção de comoriência é que não se 
dá a transmissão dos direitos hereditários de um para outro comoriente, 
como se não houvesse nenhuma relação sucessória entre eles.

Continue navegando