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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Inovação na Educação A Inovação no Contexto Escolar Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Carlos Fernando Araujo Jr. Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Diferentes Inovações no Contexto Escolar • Inovação no Estilo de Ensinar • Inovação em Práticas Educacionais • Inovação na Dinâmica e Organização da Aula • Inovação no uso de Materiais Didáticos e Livros Textos • Inovação nos Métodos de Avaliação • Inovação com as Tecnologias Digitais • Conclusões Fonte: iStock/Getty Im ages Objetivos • Nosso principal objetivo na Unidade é fazer com que você compreenda, mais detalha- damente, os diferentes contextos em que a inovação aparece no contexto escolar. Esse conhecimento será útil para identificar ações de inovação e também para promover ino- vações no contexto escolar. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! A Inovação no Contexto Escolar UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar “Se você tem uma maçã e eu tenho outra; e nós trocamos as maçãs, então cada um terá sua maçã. Mas se você tem uma ideia e eu tenho outra, e nós as trocamos, então cada um terá duas ideias.” (George Bernard Shaw 1856-1950) É muito comum vermos na mídia online e impressa exemplos de inovação no contexto escolar. A variedade de exemplos é bastante grande, mas podemos pontuar algumas: escolas que utilizam tablets (ARAUJO & SILVEIRA, 2014), escolas que criam espaços diferenciados de ensino e aprendizagem ou organizações diferenciadas de aulas (BISHOP & VERLEGER, 2013), escolas que criam propostas curriculares diferenciadas (PRINCE, 2004; MASSETO, 2011), professores que adotam metodologias de ensino ativas e diferenciadas (PRINCE, 2004; FREEMAN et al., 2014) e sistemas de avaliação “de” e “para” aprendizagem, entre outros. Em geral, essas iniciativas de inovação que observamos no contexto escolar apresentam um ou mais dos vetores que se seguem: uma nova forma de pensar a Educação, um novo mindset, o uso de tecnologia e de metodologias diferenciadas de ensino e aprendizagem. Esses três vetores novos, mindset, tecnologia e metodologias, apresentam-se no âmbito institucional e no âmbito do professor. Assim, observamos inovações que estão relacionadas à estrutura e à organização da Escola, à proposta curricular como um todo, ou ao espaço escolar e das atividades escolares (alunos e professores). De outro lado, observamos inovações no âmbito docente relacionadas à aplicação de novas metodologias de ensino, tais como: sala de aula invertida, aprendizagem ativa, da qual podemos citar: Aprendizagem Baseada em Problemas, aprendizagem baseada em projetos e instrução por partes, entre outras; uso de ambientes virtuais de aprendizagem, objetos de aprendizagem, simulações e animações, entre outros. Nesta Unidade, discutiremos e analisaremos as inovações no contexto escolar institucional e docente direcionadas às atividades de ensino e aprendizagem. Esse tema foi tratado pelo documento da OECD (Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica), de 2014, Measuring Innovation in Education e, para caracterizar as inovações na Educação, utilizamos como base esse documento (OECD, 2014). Deixaremos para tratar sobre a mudança do mindset nas próximas Unidades. Diferentes Inovações no Contexto Escolar Como temos tido a oportunidade de observar, as inovações que surgem no contexto institucional não apresentam planejamento adequado para fazer com o professor se aproprie delas e as transforme e ressignifique no contexto das atividades de ensino e aprendizagem específicas para sua área de conhecimento. No Brasil, temos alguma experiência nisso. Há vários programas governamentais que são fundamentados em uma boa ideia, em uma concepção de Educação relevante, mas que, por questões políticas e de gestão, acabam não sendo eficientes e eficazes na prática. 6 7 Podemos citar iniciativas de um computador por aluno (DE MENESES, 2011), uso de tablets na Educação (ARAUJO & SILVEIRA, 2014), possibilidade de uso de 20% de atividades a distância no Ensino Médio (CARLINI & TARCIA, 2010), permitido por Lei, no estado de São Paulo. Todas essas iniciativas tiveram alguma aplicação em contextos bem específicos, mas não obtiveram escala para ser convenientemente implantadas em um grande número de escolas e estados brasileiros. Recentemente, um trabalho da OECD, Inovação na Educação, trouxe-nos um mapeamento da situação da inovação nos países que compõem a OECD. O trabalho avança no sentido de identificar, indiretamente, por meio do uso de instrumentos nacionais sobre Inovação, resultados do PISA (Programa Internacional para Avaliação de Estudantes), avaliações de aprendizagem de alunos, resultados e indicadores de inovação na Educação (OECD, 2014). De acordo com esse estudo, as inovações na Educação podem ser categorizadas, como apresentado na Figura 1. Inovação no Estilo de Ensinar Inovação em Ensino e Aprendizagem Inovação na Dinâmica de Organização da Aula Inovação no Uso de material Didático (Livros textos) Inovação em Métodos de Avaliação Inovação com Tecnologias Digitais Inovação em Práticas Instrucionais Figura 1 – Representação esquemática das inovações na Educação Inovação no Estilo de Ensinar A Inovação no estilo de ensinar está relacionada ao estilo do professor em sala de aula: au- las convencionais, aulas de leitura em voz alta, aulas demonstrativas e trabalhos independentes. Atualmente, há uma vertente de educadores e pesquisadores que acreditam que o estilo de ensino deve proporcionar aos alunos percorrer os diferentes estilos de aprendizagem. Dessa forma, um estilo de ensino de transmissão de conhecimento não permite que os alunos que tenham estilo de aprendizagem reflexivo se aprofundem no conhecimento que está sendo abordado. Nesse caso, o professor poderia adaptar seu estilo de ensino para promover uma melhor experiência de aprendizagem ao aluno de estilo predominante reflexivo. 7 UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar Semelhantemente, um estudante que tenha estilo de aprendizagem mais prático, certamente terá melhor experiência de aprendizagem em atividades laboratoriais e atividades práticas em geral de aplicação do conhecimento. Nesse caso, o papel do professor é promover uma variedade de estilos de ensinar para que os estudantes de diferentes estilos de aprendizagem possam participar e também para que alunos com diferentes estilos de aprendizagem possam experimentar estilos complementares e/ou distintos dos seus. Acredita-se que há grande potencial de experiências de aprendizagem ricas nesse contexto, em todas as áreas do conhecimento. O uso de trabalho e estudo independente pode motivar a autonomia dos estudantes e promover o estudo para além do espaço e do tempo da sala de aula. Com o advento dos recursos digitais, tais como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, várias atividades podem ser disponibilizadas para os alunos com o objetivo de reforçarconhecimentos adquiridos e aprofundar aspectos específicos do conhecimento, entre outros. Inovação em Práticas Educacionais Inovações em práticas educacionais incluem as inovações que têm como objetivo fazer com que os estudantes utilizem de forma mais ampla seus conhecimentos e competências em problemas da vida real e na interpretação e análise de dados. Esse tipo de inovação pode engajar e motivar os alunos. Como exemplo de inovação em práticas educacionais, temos o ensino de Medicina no Brasil e no Exterior. Considerando-se a necessidade de trabalhar com problemas reais que vão se tornando complexos, surgiu, progressivamente, na década de 1970, a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL – Problem Based Learning). No ensino de Engenharia também temos iniciativas do uso do PBL ou outras metodologias ativas, tais como: peer instruction, aprendizagem baseada em projetos (PRINCE, 2004; RIBEIRO, 2005; FREEMAN et al., 2014). No âmbito da Educação Básica e do Ensino Médio, temos iniciativas na área de Ciências, conhecidas como CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), um movimento de ensino de Ciências e Tecnologia, que busca evidenciar o papel humanístico da evolução das Ciências e Tecnologias, seus impactos sociais, ambientais e culturais (TEIXEIRA, 2011). Na área de Matemática, temos a área de Modelagem Matemática, que procura desenvolver modelos para representar fenômenos ou outras realidades físicas ou abstratas por meio da Matemática. Nesse caso, temos uma perspectiva mais significativa da Matemática (BIEMBENGUT, 2009). De forma geral, observamos que as iniciativas apresentadas como exemplo têm como objetivo tornar o processo de ensino e aprendizagem mais significativo, baseado na realidade do aluno, com problemas do mundo real e um papel analítico e ativo do estudante, que desafia o modelo de Educação mais tradicional que, pouco a pouco, tem se transformando, com o advento dessas novas propostas de ensino e aprendizagem. 8 9 Inovação na Dinâmica e Organização da Aula Inovações na sala de aula podem ser vistas nas diferentes formas de organizar a aula, considerando as diferentes propostas instrucionais. Professores podem inovar adaptando a organização da aula de acordo com o assunto ou tipo de conteúdo. Professores também podem atuar dando mais ou menos autonomia para os estudantes no desenvolvimento de trabalhos ou promovendo uma ação mais individualizada de ensino e aprendizagem. Por meio dessas novas organizações, os professores podem promover a aprendizagem colaborativa entre os estudantes. Esse tipo de inovação pode se dar de forma simples na reorganização da sala de aula, por exemplo. Salas de aula tradicionais foram criadas considerando-se um modelo de ensino e aprendizagem do professor como centro transmissor e difusor do conhecimento. Todos já devem ter ouvido a anedota que diz que se alguém do passado surgisse no futuro dentro de uma sala de aula, não veria muita diferença entre a sala de aula do passado e sala de aula do presente! A Figura 2 apresenta a “evolução” das salas de aula da idade média (a), início do século XX (b), salas de aulas contemporâneas (c) e (d). Em todas essas organizações de sala de aula, observamos um modelo no qual os alunos se posicionam de foram individual, utilizam algum material para tomar notas (que foi evoluindo com o tempo...), as cadeiras estão posicionadas de forma perfilada e enfileiradas, todas tendo à frente a figura do professor. Até nas modernas organizações de sala, como na figura 2 (c), observamos a predominância de um modelo tradicional de sala de aula, que impera na maioria das escolas. (a) (b) (d) (c) Figura 2 – Evolução dos modelos de salas de aula Fonte: Wikimedia Commons e iStock/Getty Images 9 UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar Na Figura 3 (a, b, c e d), apresentamos alguns espaços alternativos ou salas de aula diferenciadas. Observamos a predominância de organizações espaciais nas quais os estudantes trabalham em conjunto ou em grupos. Em todas as salas da Figura 3, de (a) até (d), observamos o uso do computador como elemento essencial do novo espaço alternativo, além de mecanismos de visualização, tais como projetores multimídia e Displays de TVs. Em especial na Figura 3 (c), apresentamos um modelo de espaço diferenciado, como um laboratório, que tem se proliferado em Universidades e em algumas escolas: o Fablab. O FabLab tem se popularizado dentro do movimento de aprendizagem ativa e do movimento maker ou “faça você mesmo”. (a) (b) (d) (c) Figura 3 – Modelos alternativos de sala de aula ou espaços escolares diferenciados Fonte: iStock/Getty Images Sabemos que os problemas da Educação não se resolvem com iniciativas isoladas. Dessa forma, espaços escolares diferenciados não resolveram o problema de uma Educação que não tem direcionamento significativo e que engaje o estudante. Todavia, esses espaços, quando utilizados com uma metodologia de ensino e aprendizagem de característica significativa e que estimule a colaboração, tornam-se espaços importantes para promover a criatividade, a inovação e a troca de significados entre os próprios estudantes e entre estudantes e professor. 10 11 Inovação no uso de Materiais Didáticos e Livros Textos O uso de materiais didáticos e livros textos pode ser importante fonte de inovação em sala de aula. Em geral, os livros textos permitem uma padronização do conhecimento, das habilidades e das competências de todos os estudantes da Escola com relação a uma temática disciplinar. Podem ser úteis para atingir determinados patamares de desenvolvimento dos estudantes. Quadro 1: Alguns exemplos de repositórios de material didático digital Descrição Endereço Eletrônico Acervo digital da UNESP https://acervodigital.unesp.br/ Portal de objetos de aprendizagem da CAPES https://educapes.capes.gov.br Portal do Professor (MEC) http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ Projeto Uruguaio de um computador por aluno apresenta recursos abertos para uso em sala de aula em idioma espanhol. http://www.ceibal.edu.uy/ A grande evolução das Tecnologias Digitais permite, também, a utilização de ma- teriais digitais, tais como textos, vídeos, animações e simulações, ou seja, objetos de aprendizagem que podem ser muito úteis para o desenvolvimento de determinados co- nhecimentos, competências e habilidades. Inovação nos Métodos de Avaliação As inovações nos métodos de avaliação têm sido bastante consideradas nos tempos atuais. As alterações no sistema de avaliação podem ser institucionais, em termos de avaliações gerais e globalizadas, de diagnóstico ou de caráter somativo e formativo, com o objetivo de aferir a aprendizagem, de identificar as necessidades de aprendizagem dos estudantes e de promover ações específicas para resolver essas necessidades. No âmbito individual, os professores também podem inovar buscando modelos de avaliação que permitam compreender a evolução diária/semanal/mensal do aluno e dessa forma promover mecanismos de feedback. Os professores podem, ainda, aplicar testes de diagnóstico para verificar a aprendiza- gem, promover trabalhos colaborativos, seminários, atividades práticas de campo, ativi- dades laboratoriais, ou seja, a combinação de diferentes formas de avaliação com o ob- jetivo de promover a aprendizagem de estudantes de diferentes estilos de aprendizagem. De fato, a avaliação deve estar vinculada à missão institucional, ao perfil da escola e aos objetivos de aprendizagem gerais e específicos da Disciplina. Muitas vezes, a avaliação é tomada como momento necessário no processo de ensino e aprendizagem, mas que não contribui para retroalimentá-lo ou mesmo para orientar satisfatoriamente a aprendizagem dos estudantes e as necessidades de mudança do professor. Inovar nesse contexto significa, então, buscar formas mais autênticas de avaliação que atinjam os objetivos inicialmente propostos e que se associem de forma significativa, construtiva e colaborativa para a aprendizagem. 11UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar Inovação com as Tecnologias Digitais Muitos autores têm proclamado que estamos na era da sociedade da informação e do conhecimento e que as Tecnologias Digitais são os principais recursos para que os cidadãos desta nova era possam exercer sua cidadania plena (GILSTER, 1997; ESHET- ALKALAI, 2004; MARTIN, 2006a, 2006b, UNESCO, 2008a; 2008b). De fato, as Tecnologias Digitais têm se mostrado importante vetor de inovação na Educação. O uso dos computadores e da Internet trouxe para o contexto da sala de aula nova dimensão potencial para o ensino e aprendizagem (ARAUJO JR., 2016a, 2016b). Contudo, observamos que o simples acesso aos recursos das Tecnologias Digitais não contribui, em si, para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. Determinados usos desses recursos, muitas vezes, podem promover formas de pen- sar (mindset) que não se adéquam a uma sociedade dinâmica que busca promover a cria- tividade, a inovação e a resolução de problemas (GRIFFIN, MCGAW & CARE, 2012). A inovação com as Tecnologias Digitais se relaciona, portanto, ao uso do potencial da tecnologia para promover o engajamento, a motivação e a aprendizagem dos conteúdos específicos. Nesse contexto, recordamos o Modelo TPACK, que identifica que a melhor experiência de aprendizagem com o uso da tecnologia é aquela em que os conhecimentos Tecnológico, Pedagógico e Específico se integram para promover os objetivos de aprendizagem (KOEHLER & MISHRA, 2009). Esse modelo tem grande aplicabilidade na formação de equipes para trabalhar com as Tecnologias Digitais e para a formação continuada de professores. A aplicação adequada do modelo potencializa o uso das Tecnologias Digitais na Educação. Em diversos estudos, as Tecnologias Digitais na Educação têm emergido como um fator de grande importância para promover as competências do cidadão do século XXI (ESHET-ALKALAI, 2004; GRIFFIN, MCGAW & CARE, 2012). Os termos literacia tecnológica e literacia digital têm sido parte de importante debate para a formação de professores e como competência a ser adquirida na Escola por parte dos estudantes. Embora os sentidos dos termos literacia tecnológica e literacia digital se percam em uma ampla dispersão polissêmica, alguns autores e órgãos, devido à importância desses termos para as competências do trabalho do século XXI, buscaram apresentar e formular conceitualmente um significado para eles. Assim, o Ministério da Educação da Nova Zelândia, conceitua a literacia digital como: 12 13 [...] a habilidade para avaliar o potencial das tecnologias de informação e comunicação para suportar a inovação na indústria, nos negócios e nos processos criativos. Apren- dizes necessitam obter confiança, habilidade para adotar as TICs de forma apropriada. Digital literacia é vista como uma habilidade para a vida da mesma forma que a literacia e habilidades de cálculo (Ministério da Educação – Nova Zelândia, 2003, p.5). Martin (2006b) conceitua literacia digital em um contexto mais específico como atitude e habilidade relacionadas ao uso adequado dos recursos tecnológicos digitais e seu emprego de forma construtiva e criativa. Assim, para ele, literacia digital pode ser conceituada como: A consciência, atitude e habilidade dos indivíduos para usarem as ferramentas e recursos digitais de forma apropriada para identificar, acessar, gerir, integrar, avaliar, analisar e sintetizar recursos digitais, construir novo conhecimento, criar expressões de mídia e comunicar com outros, no contexto de situações específicas de vida, a fim de permitir uma ação social construtiva; e refletir todo esse processo (MARTIN, 2006b). Eshet-Alakalai (2004) traz novos elementos para o conceito de literacia digital, apresentando-o como uma composição de outras literacias, tais como a literacia foto- visual, a literacia de reprodução, a literacia de ramificação e a literacia socioemocional. Entendemos que o conceito trazido por esse autor tem importância para compreendermos a importância do papel da literacia digital na formação das competências do cidadão do século XXI. Especificamente para esse autor, literacia ou letramento digital: [...] compreende um domínio formado por outros letramentos, como o letramento foto-visual, o letramento de reprodução, letramento de ramificação, letramento de informação e o letramento socioemocional, o que pode nos ajudar a compreender como os usuários desenvolvem tarefas que requerem a utilização de diferentes tipos de habilidades digitais (ESHET-ALAKALAI, 2004, p.94). No Quadro 2, apresentamos as principais competências para o século XXI, identifi- cadas por Binkley et al. (2012), sendo que a primeira competência a ser desenvolvida é a Criatividade e a Inovação. Como dissemos anteriormente, são temas que sempre aparecem juntos e serão tratados mais adiante. Contudo, observe, também, que o Quadro 2 traz duas literacias na linha que estamos discutindo nesta Unidade: a literacia de informação e a literacia nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) (competências 6 e 7). Os conceitos aqui discutidos no âmbito da literacia digital englobam a literacia da informação e a literacia das TICs. Observe, no entanto, o poder da tecnologia e da inovação na Educação para promover as diferentes competências apresentadas. 13 UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar Quadro 2: Síntese das competências para o século XXI Competências para o Século XXI Modos de Pensamento 1. Criatividade e Inovação 2. Pensamento Crítico, Solução de Problemas, Tomada de Decisão 3. Aprender a aprender, metacognição Modos de Trabalho 4. Comunicação 5. Colaboração (time) Ferramentas para o Trabalho 6. Literacia da Informação 7. Literacia em Tecnologia da Informação e Comunicação Vivendo no Mundo 8. Cidadania – local e global 9. Vida e carreira 10. Responsabilidade Pessoal e Social – incluindo consciência e competência cultural Fonte: traduzido e adaptado de Binkley et al. (2012) Conclusões Nesta Unidade, conhecemos e caracterizamos diversos tipos de inovação que ocorrem no contexto escolar. Na grande maioria, as inovações apresentadas estão no contexto institucional ou no contexto de ensino e aprendizagem, sendo esta última sempre desenvolvida com atual fundamentação do professor e dos profissionais que atuam na área de Educação da Escola ou Instituição, nos seus diversos níveis. As Inovações relacionadas ao escopo de ensino e aprendizagem têm grande potencial de transformar a Educação e engajar os estudantes, abrindo espaço para a formação das competências para o século XXI, como apresentadas no Quadro 2, que mostra que a primeira competência a ser desenvolvida é a criatividade e inovação. Desse modo, além de um processo e fenômeno que ocorre nas empresas e organizações, a inovação deve ser uma competência que deve estar nas Escolas, como parte da estrutura curricular e de todas as atividades de formação nos diferentes níveis da Educação Básica e Educação Superior. As inovações no âmbito das Tecnologias Digitais têm também grande papel de potencializar inovações específicas de ensino e aprendizagem, além de ser uma inovação que pode subsidiar e promover competências decisivas para a sociedade contemporânea, de forma análoga ao que ocorre no ambiente empresarial, no qual a inovação é considerada um vetor para o crescimento econômico. No contexto escolar, a inovação pode promover a melhoria de indicadores de qualidade da Educação no âmbito local, ou seja, da Escola ou Instituição e, ainda, como consequência, a melhoria de resultados nos exames nacionais específicos (como ENEM, no Ensino Médio, e ENADE, no Ensino Superior) e exames e avaliações internacionais. 14 15 A inovação no contexto escolar, em âmbito mais geral, como um conceito a ser discutido e promovido entre os estudantes, tem potencial transformador que pode fazer com que possamos compreender a realidade de diferentes formas, buscando soluções para os problemas locais eregionais com criatividade, de forma colaborativa, considerando os aspectos de responsabilidade social e cidadania. Bons resultados da inovação no contexto escolar fomentarão bons resultados da Inovação nos diferentes contextos da vida e das organizações. Questões para Análise e Reflexão da Unidade Nesta Unidade, discutimos sobre o tema da Inovação no contexto escolar: apresen- tamos o conceito e a caracterização das diferentes formas de inovação nesse contexto e ao final justificamos a importância dessas inovações para promover as competências para o cidadão e o profissional do século XXI. Apresentamos aqui, ao final da Unidade, algumas questões para discussão e para que você possa testar e aprofundar seus conhecimentos. Essas questões têm caráter analítico e reflexivo e são úteis para discussão para um aprofundamento pessoal, entre pares e em grupos de discussão: 1. Na Figura 1, categorizamos os diversos tipos de inovação, para fins didáticos, que ocorrem no contexto escolar. Analise essas inovações e verifique se você conhece algum outro tipo de inovação nesse contexto que não se encaixa nessa categoria; 2. Analisando a Figura 1, você poderia criar uma nova organização das categorias de inovação no contexto escolar, considerando inovações que ocorrem no contexto institucional da Escola e inovações no contexto de ensino e aprendizagem?; 3. Quais dos conceitos sobre literacia digital você acredita que é mais amplo e adequado no contexto da sociedade atual. Justifique sua resposta; 4. Como a inovação pode ser um tema disciplinar ou uma competência a ser desenvolvida na Educação Básica e no Ensino Superior?; 5. Depois da leitura desta Unidade, qual sua visão sobre a importância da inovação na Educação e na sociedade? 15 UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Destino: Educação - Escolas Inovadoras | Episódio 01: Projeto Âncora (Brasil) PlayList de Vídeos Escolas Inovadoras – Canal Futura. São 14 vídeos sobre escolas inovadores do Brasil e de fora do Brasil. Material muito importante para os interessados no tema inovação no contexto escolar. https://youtu.be/kE6MlnwML8Y Escolas Matam a Aprendizagem | Murilo Gun | TEDxFortaleza Palestra TED – Fortaleza. Escolas Matam a Aprendizagem. Murilo Gun. TEDxFortaleza. Trata-se de palestra informal, mas que traz vários assuntos relacionadas ao tema inovação e competências. https://youtu.be/WauIURFTpEc Do schools kill creativity? Palestra TED. Ken Robinson: Do schools kill creativity?, 2006. Esta palestra é uma das mais vistas no TED, em todos os tempos. Tem mais de 42 milhões de acesso. https://goo.gl/PSqcBv Leitura Explorando tendências para a educação no Século XXI Cristóbal Cobo Romaní. Cadernos de Pesquisa. O texto trata do tema das competências digitais para o século XXI e traz várias definições sobre outros letramentos ou literacias que não discutimos nesta Unidade. https://goo.gl/2rhPvb 16 17 Referências ARAUJO JR., C. F. (Org.). Desafios da Educação a Distância: Inovação e Institucionalização. São Paulo: Terracota. 2016a. 226p. ARAUJO JR., C. F. (Org.). Tecnologias Digitais e Educação a Distância: Pesquisa e Inovação no Ensino Superior. São Paulo: Terracota. 2016b. 200p. ARAUJO JR., C. F.; SILVEIRA, I. F. (Org.). Tablets no Ensino Fundamental e Médio: princípios e aplicações. São Paulo: Terracota, 2014. (Edição digital). BINKLEY et al. Defining Twenty First Century Skills. In: GRIFFIN, Patrick; MCGAW, Barry; CARE, Esther (Org.). Assessment and teaching of 21st century skills. Dordrecht: Springer, 2012. BIEMBENGUT, Maria Salett. 30 Anos de Modelagem Matemática na Educação Brasileira: das propostas primeiras às propostas atuais. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, Florianópolis, v.2, n.2, p.7-32, 2009. BISHOP, Jacob Lowell; VERLEGER, Matthew A. The flipped classroom: A survey of the research. ASEE NATIONAL CONFERENCE PROCEEDINGS. Atlanta, GA, 2013. CARLINI, Alda Luiza; TARCIA, Rita Maria Lino. 20% a distância: e agora?: orientações práticas para o uso de tecnologia de educação a distância no ensino presencial. São Paulo: Pearson, 2010. DE MENESES, Soraya Cristina Pacheco. UCA-Um Computador Por Aluno: Era da Inclusão Digital. BRAZILIAN SYMPOSIUM ON COMPUTERS IN EDUCATION (SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO-SBIE). Aracaju, 2011. ESHET-ALKALAI, Y. Digital literacy: A conceptual framework for survival skills in the digital era. Journal of Educational Multimedia and Hypermedia, 13 (1), p. 93-106, 2004. FREEMAN, Scott et al. Active learning increases student performance in science, engineering, and mathematics. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.111, n.23, p.8410-8415, 2014. GILSTER, Paul; GLISTER, Paul. Digital literacy. New York: Wiley Computer Pub., 1997. GRIFFIN, Patrick; MCGAW, Barry; CARE, Esther (Org.). Assessment and teaching of 21st century skills. Dordrecht: Springer, 2012. 17 UNIDADE A Inovação no Contexto Escolar KOEHLER, Matthew J.; MISHRA, Punya. What is technological pedagogical content knowledge. Contemporary issues in technology and teacher education, v.9, n.1, p.60-70, 2009. MARTIN, A. Literacies for the digital age. In: MARTIN, A.; MADIGAN, D. (Ed.), Digital literacies for learning, p.3-25. London: Facet Publishing, 2006a. MARTIN, A. A framework for digital literacy, DigEuLit working paper. Retrieved November 15, 2007. From <http://www.digeulit.ec/docs/public.asp>. 2006b. MASETTO, Marcos Tarciso. Inovação curricular no ensino superior. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 7, n.2, 2011. OECD. Measuring Innovation in Education: A new Perspective, Educational Research and Innovation. OECD Publishing, 335p. 2014. UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura. ICT Competency Standards for Teachers: implementation guidelines, version 1.0. Paris: UNESCO, 2008a. ______. 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