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Análise de obras literárias - Dois irmãos

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Dois irmãos - Milton Hatoum
A obra
	Dois irmãos é um romance publicado em 2000, que nos apresenta um conflito entre dois irmãos gêmeos, filhos de imigrantes libaneses, a história se passa em Manaus no começo do século XX. 
	Halim e Zana chegam à capital da borracha no início do século XX e se casam. Eles vivem um amor ardente e incondicional, Halim faz de tudo para assegurar a felicidade da esposa Zana. Halim tinha um grande receio de ter filhos, pois alimentava um forte medo de que Zana, ao ser mãe, deixasse de amá-lo tão intensamente. Mas por amá-la tanto, Halim cede ao desejo de Zana de ser mãe e com ela tem três filhos: os gêmeos Yaqub e Omar, e a filha mais nova de todos eles, Rânia. Omar é o mais novo dos gêmeos, nasceu alguns minutos depois de Yaqub.
	Yaqub e Omar são gêmeos idênticos, muito parecidos a ponto de às vezes serem até confundidos pela própria mãe. Mas se eles são idênticos na aparência, no jeito de ser eles irão se mostrar extremamente opostos. No decorrer da história será possível identificá-los da seguinte forma:
· Yaqub é estudioso, tímido, racional, constrói sua vida sem depender de ajuda de ninguém.
· Omar era o protegido de sua mãe, mimado, mulherengo, beberrão e irresponsável. 
	Os conflitos e a angústia entre os irmãos acontecem desde a infância, justamente por uma disputa pelo amor e pela atenção da mãe, e isso vai se acentuando no decorrer dos anos. 
	Um dos principais conflitos entre os gêmeos tem como motivação uma jovem chamada Lívia. Ambos se apaixonam por ela e disputam seu amor. Numa primeira ocasião, num baile de jovens, Zânia ordena que Yaqub seja o responsável por levar sua irmã Rânia para casa em determinado horário do baile, dessa forma, privilegiando o irmão Omar, que ficaria no baile sem o irmão e teria o caminho aberto para conquistar Lívia.
	Noutra oportunidade, desta vez numa sessão de cinematógrafo, Yaqub e Lívia são flagrados trocando carícias quando o aparelho dá uma pane e deixa a sala toda escura, mas de repente volta a funcionar e inesperadamente clareia a sala e os expõe. Omar, como sempre agressivo, se enfurece e corta o rosto do seu próprio irmão com uma garrafa, deixando uma cicatriz no rosto de Yaqub, essa marca em forma de meia lua se tornará o símbolo do ódio e a distinção entre eles.
	Depois desse episódio, na tentativa de evitar uma tragédia familiar ainda maior, Halim tem a ideia de mandar os filhos para o Líbano, mas logo a mãe deles, Zana, intervém e impede que Omar vá, alegando que esse tem uma saúde frágil e precisa ficar perto dela. Isso é a constatação para Yaqub de que sua mãe alimentava uma predileção por seu irmão. Yaqub é enviado para uma aldeia no sul do Líbano e só retornaria cinco anos depois.
	Yaqub volta um homem amargo, triste, sempre pensativo e não consegue perdoar a família, acaba se mudando para São Paulo para se dedicar aos estudos e se mostra um excelente aluno. Anos depois, Yaqub se forma em Engenharia, prospera e se casa secretamente com Lívia. Já Omar, enquanto isso, engana os pais sempre pedindo dinheiro para os estudos, que será, na verdade, usado em farras com boemia e mulheres.
	Omar continua sendo essa figura problemática e controversa, mas sempre protegido pela mãe, isso aumenta cada vez mais o ciúme de seu pai, que vê sua esposa dedicar-se quase que exclusivamente ao filho problemático. Ele torce para que seu filho Omar arrume logo alguém com quem ele possa casar e, assim, possa ter de volta a atenção e o amor de Zana, mas isso era difícil de se concretizar, tanto pelo perfil do próprio Omar como pelo fato de Zana afastar todas as pretendentes, que eram vistas por ela como ameaça.Halim se torna um velho amargurado e nostálgico e passa a beber muito. Nael, o filho da empregada da família, que era a índia Domingas, era o encarregado de ir buscar o velho Halim e trazê-lo de volta para casa a pedido de Zana.
	Em um determinado momento, Zana, cansada das aventuras amorosas de seu filho Omar, decide mandá-lo morar em São Paulo, mas seu irmão Yaqub que lá está não aceita hospedá-lo em sua casa. O gêmeo caçula dá um jeito de se aproximar da empregada do seu irmão em São Paulo e consegue frequentar a casa dele, descobrindo desse jeito a identidade da esposa de seu irmão.
	Halim, algum tempo depois, morre desgostoso, Yaqub retorna a Manaus com a ideia de construir um hotel, mas Omar o acusa de roubar sua ideia alegando ser dele esse projeto, agride mais uma vez o irmão e acaba sendo preso. Nesse tempo, a mãe deles morrerá também, sua filha e irmã dos gêmeos, Rânia, vai passar a posse do quarto dos fundos do casarão que eles habitavam para o filho da empregada Domingas, Nael, que até então não sabia quem era seu pai.
	No final do romance, o narrador cita a morte de Yaqub, e Omar já velho sai da cadeia e se depara com o casarão vendido, sua mãe falecida e, na última cena, ele aparece diante do narrador, olha-o fixamente e parece arrependido, dá indícios de que vai pedir perdão, mas recua e desaparece sem deixar pista alguma.
	O narrador da história não é claro para o leitor durante muito tempo da obra, somente no decorrer do enredo é possível descobrir que quem narra a história é Nael, filho da empregada índia, Domingas. Ele narra a história da família libanesa trinta anos depois dos acontecimentos e busca a todo instante descobrir quem era seu pai. Só irá descobrir quando sua mãe prestes a falecer o revela que fora estuprada por Omar e ele é o seu pai. Uma decepção, pois Nael admirava Yaqub e desejava que esse fosse seu pai. O narrador continua morando no quarto dos fundos, sua única herança.
	Dois irmãos é uma obra centrada em conflitos familiares e aborda temáticas como a história dos imigrantes árabes no Brasil, expansão comercial da região norte e traça um retrato de uma sociedade pequeno-burguesa. Sem seguir uma cronologia narrativa, as situações vão sendo reveladas conforme o narrador vai rememorando os fatos e tentando desvendar as questões que vão sendo suscitadas ao longo da história.
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