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Direito Penal I Parte Geral 2 Sumário I - Conceito de Direito Penal 3 II - História do Direito Penal 3 III- Fontes do Direito Penal 6 IV- Princípios de Direito Penal 7 V - Aplicação da lei penal 10 VI - Conceito de Crime 12 VII - Fato típico 12 VIII - Antijurídico 19 IX - Culpabilidade 22 X - Concurso de Agentes 31 XII - Evolução da dogmática penal 37 3 I - Conceito de Direito Penal Conceito Formal ↼ Setor ou parcela (Direito Penal faz parte do Direito Público) do ordenamento jurídico interno ( no país = Brasil) que estabelece as ações e omissões delitivas, cominando-lhes penas ou medidas de segurança. ↼ Só o Direito penal define o que é crime. No Código de Trânsito não tem crimes. ↼ Multa ≠ pena, medida de segurança = manicômio judiciário. Conceito Material ↼ Refere-se a comportamentos altamente reprováveis ou danosos à sociedade que afetam gravemente bens jurídicos indispensáveis. ↼ "Ultima Ratio" latim = último recurso, o Direito Penal é um péssimo mecanismo para a solução de conflitos. ↼ Tem natureza fragmentária = principais partes de outros códigos. II - História do Direito Penal Idade Antiga A. Vingança Privada ↼ privada (não tinha participação do Estado) ↼ desproporcional qualquer coisa que ocorra gera morte ↼ "pena" de morte ou expulsão Em um sistema desproporcional, no caso dos EUA, se uma pessoa é condenada 3 vezes a crimes graves, ocorre a pena de morte. O que ocorre é que o terceiro crime de alguns criminoso e muito mais violento do que os outros. B. Vingança Divina ↼ crime = atentado contra a vontade dos deuses ↼ pena = forma de diminuir a cólera divina (penitência para ser perdoado) C. Vingança Pública ↼ presença de um soberano D. Talião ↼ "olho por olho, dente por dente" = primeiro sistema jurídico proporcional, com penas alternativas ① ② ① 4 Direito Romano ↼ gigantes no direito privado - sistema jurídico praticamente igual ao atual brasileiro 90% romano até hoje no Direito Civil Contribuições: Separação entre direito e religião Mitigação das penas (penas mais leves, alternativas) ↼ pena de morte civil = deixa de ser cidadão, se torna um escravo, cumpre a pena de ser escravo (pena moderna para a época) ↼ pena de multa (não é novidade, e é apoiada atualmente) mulcta = multiplicação do valor do prejuízo causado Direito Germânico ↼ costume ↼ vingança privada ↼ juízos de Deus e duelos - não eram a melhor forma de justiça *Juízos de Deus: tarefas impossíveis, ficar 5 horas embaixo da água e o inocente sobreviveria pois Deus não deixaria um inocente morrer, ninguém era absolvido. *Duelos: não ocorria justiça, ganhavam quem era o melhor espadachim Direito Canônico ↼ humanização ↼ pena privativa de liberdade Prisão: Pena => que surgiu no direito canônico Sem pena => prisão civil, prisão militar, prisão processual penal = prisão em flagrante, preventiva e temporária "A história das penas é a história da sua constante abolição" Rudolf Von Jhering Direito Penal Comum ↼ século XII = mistura do direito romano, germânico e canônico ↼ direito do Datena ↼ objetivo = condenação ✳ Direito Penal atual : busca a verdade real, há garantias (presunção de inocência) ② ③ ④ ⑤ 5 Período Humanitário ↼ 1764, livro "Dos Delitos e das Penas" escrito por Cesare Beccaria, crítica ao Direito Penal Comum a) Fim da pena de morte e das penas cruéis = a pena deve ser eficaz b) Fim do confisco e das penas difamantes ✳ Confisco = confiscar todos os bens de uma pessoa ✳ Difamantes = escrever na porta "ladrão" "A pena não passará da pessoa do condenado" - não se pode condenar outra pessoa pelos crimes de uma, não há exceções no DP ↼ Na prática ela passa para outras pessoas, a prisão de um pai de família prejudica a esposa e os filhos = não há auxílio reclusão por filho, o presidiário tem que ter colaborado por um ano no INSS sendo o proporcional do INSS c) Fim da tortura e dos juízos de Deus d) Deve ser admitida a palavra de todos ↼ não eram ouvidos mulheres, crianças, escravos e) A lei deve ser simples e conhecida por todos ↼ princípio da inescusabilidade das leis ↼ "Matar alguém" fácil de entender ↼ Manter casa mal afamada" = deveria ter escrito prostíbulo Direito Penal Brasileiro a) Período Colonial ↼ valiam as ordenações do Reino de Portugal b) Código Criminal do Império ↼ 1830 - O Código Comercial válido atualmente é o feito por D. Pedro ↼ Código copiado por muito países ↼ Sistema de dias-multa = está em vigor e foi exportado 100% brasileiro c) Período Republicano ↼ 1890 - Código atrasado ↼ 1937 - Projeto de Código Penal ↼ 1984 - Nova Parte Geral (1º ao 120) ⑥ ⑦ 6 III- Fontes do Direito Penal Fonte direta ou imediata • Lei = imperativa = geral - vale para todos = impessoal - pode se aplicar "a todos os funcionários públicos" = exclusiva - apenas a lei pode definir o que é crime Fontes indiretas, mediatas ou subsidiárias a) Costumes - regra de conduta praticada de modo geral, constante e uniforme "Scire leges non hoc est verba earum tenere, sed vim ac potestatem" ↼ Conhecer as leis não é ter as palavras de cor, mas sim conhecer a sua força e poder b) Princípios Gerais de Direito - premissas éticas c) Doutrina - conclusões a que chegaram os doutrinadores ↼ interpretar as leis ↼ preencher lacunas d) Jurisprudência - conjunto de decisões dos tribunais sobre determinada matéria em um mesmo sentido de forma uniforme e reiterada IV- Princípios de Direito Penal Princípio da Legalidade - Art. 5º CF e Art. 1º CP ↼ Nullum crimen, nulla poena sine lege = não há crime sem lei anterior que o defina * Qual a origem do princípio de legalidade? A origem não é o Direito Romano, e sim o Direito da Inglaterra (Magna Carta) A. LEX PRAEVIA - a lei deve ser anterior ao que quer ser punido, não retroage B. LEX SCRIPTA - a lei deve estar escrita e passar por um processo legal C. LEX STRICTA - a lei não pode ser adaptada para situações não previstas (analogia), ou seja, ninguém pode ser punido por analogia. Obs: analogia in bonam partem (beneficiar o réu) e in malam partem D. LEX CERTA - segurança jurídica ②Princípio da irretroatividade da lei penal ① ② ① 7 ↼ Difere de leis de outros ramos Em outros ramos = lei nova não pode afetar: - coisa julgada - direito adquirido - ato jurídico perfeito, ex: contrato já No Direito Penal, a lei aplicável é a vigente na época dos fatos, salvo se a lei nova for mais benéfica para o réu. A. Lei nova mais gravosa - ultratividade da lei mais benéfica ↼ Oposto da irretroatividade - aplica-se no futuro ex: 1993, homicídio qualificado virou crime hediondo só serve para crimes futuros B. Abolitio criminis ↼ Existe a retroatividade abolição do crime ex: 2005, abolição do crime de adultério se foi o único crime, o réu volta a ser primário C. Lei nova mais benéfica ↼ Existe a retroatividade ex: 2006, Lei de Drogas que substitui a Lei de Entorpecentes mais gravosa para o traficante, mais benéfica para o usuário D. Lex tertia ↼ mista ex: transforma um crime em hediondo mas reduz a pena é um fenômeno raro, não existe entendimento sobre a retroatividade Exceções: Lei temporária ou excepcional (questão da eficácia) = leis que possuem prazo limitado ex: CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira OBS: Norma Penal em branco = necessita de compensação Exemplo: Art. 33 da lei 11.343/06 - definição de "droga"? é complementado por uma portaria da ANVISA deve ser dinâmica, novas drogas podem ser desenvolvidas/descobertas Fevereiro de 2000 - Lança-perfume deixou de ser considerado droga por 4 dias 8 consequência: "abolitio criminis" todas as pessoas que foramcondenadas anteriormente foram perdoadas (lei nova mais benéfica) Outro exemplo: contexto - crise de inflação da Era Sarney Tabela do Sarney -> preço congelado dos valores todos sabiam que a tabela era temporária - se o indivíduo infringir a tabela, e a tabela fosse alterada, ele não seria perdoado Eventuais mudanças na complementação, se mais benéfica, podem ser retroativas, desde que a regulamentação não tenha um custo temporário ou excepcional. ③ Princípio da responsabilidade penal ↼ Apenas o autor da infração penal será responsabilizado Não existe responsabilidade objetiva sempre responsabilidade subjetiva ④ Princípio da individualização da pena Dosimetria = dose da pena adequada ao caso, mas não acontece na prática (furto é padronizado em 5 anos e 4 meses) / 2 momentos \ Execução = na teoria, a execução deveria ser individualizada, com acompanhamento psicológico e diferentes tipos de regime (fechado, semiaberto e aberto) Até 2005, o indivíduo que cometesse crime hediondo não tinha direito de progressão de regime. Em 2005, o STF interpretou essa lei como inconstitucional. A interpretação da lei foi alterada, permitindo progressão de regime em crime hediondos. ⑤ Princípio da confiança ↼ O agente deve pressupor que as demais pessoas agirão conforme o direito Se algo acontecer (batida de carro) e o indivíduo estiver respeitando as leis agindo de forma prudente, ele não pode ser responsabilizado. O culpado é o outro. 9 ⑥ Princípio da proporcionalidade ↼ Dosimetria da pena Importante para a manutenção da proporção Exemplo: em 2009 ocorreu a mudança na lei do estupro Beijo forçado, "passada de mão" e relação sexual forçada são consideradas formas de estupro, mas deve existir uma gradação na aplicação da pena ⑦ Princípio da lesividade ↼ Em princípio, a responsabilidade penal depende da lesão a um bem jurídico ou, pelo menos, do perigo a um bem penalmente tratado. Exemplo: porte de armas - coloca em risco a segurança pública e a vida de outrem ⑧ Dignidade da pessoa humana (matéria de constitucional) ↼ É o direito ao desenvolvimento livre e pleno da personalidade Ideia recente devido a ditadura militar (AI-5) - alta censura - restrição ao pensamento ↼ Controla o conteúdo da atividade legislativa É inconstitucional proibir estudar ou exercer qualquer atividade relacionada ao desenvolvimento humano ⑨ Presunção da não culpabilidade ↼ Toda pessoa se presume inocente até que seja declarado o contrário (conclusão definitiva) ● A prisão processual penal é possível a título cautelar, apenas nas hipóteses previstas expressamente em lei. A regra é o réu responder o processo em liberdade. As hipóteses são a prisão em flagrante e prisão por mandado expedido pelo juiz (com justificativa) ● O réu precisa provar sua inocência, a acusação deve comprovar sua culpa. ● In dubio pro reo. ⑩ Fragmentariedade ↼ Os bens jurídicos só devem ser penalmente defendidos de agressões socialmente intoleráveis ⑪ Intervenção mínima 10 ↼ Ultima ratio Apenas quando necessário ⑫ Princípio da insignificância ou bagatela ↼ Condutas com escassa lesividade não podem ser consideradas delitivas a) Claus Roxin ⑬ Princípio da adequação social ↼ Costume Práticas consideradas socialmente adequadas não podem ser crime V - Aplicação da lei penal 1. Tempo do Crime a. Teoria da atividade - momento da ação/omissão, adotada no Brasil no art. 4º CP b. Teoria do resultado - momento do crime é o momento da consumação c. Teoria mista OBS: crime permanente, art. 159 CP (extorsão mediante sequestro) aplica-se sempre a lei nova, ainda que mais gravosa 2. Lei penal no espaço a. Territorialidade - aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados dentro do território nacional Fronteiras do Brasil: fronteiras terrestres, mar territorial, espaço aéreo, aeronaves e embarcações públicas, aeronaves e embarcações privadas. Exemplos: cassinos em navios, "”arco do aborto" holandês b. Nacionalidade - lei penal brasileira é aplicável onde quer que se encontrem: Agentes no Brasil Crime nos dois países Possível a extradição Não houve julgamento no exterior c. Real ou difusa - art. 7º I b CP Crimes contra a vida ou liberdade do Presidente da República ou patrimônio ou fé pública da União, Estado, DF, território, município. Ex: crimes contra consulados ou embaixadas 11 d. Justiça penal universal Genocídio ou crimes, que por tratado ou convenção, o Brasil se obriga a reprimir 3. Lugar do crime a. Teoria da atividade - local da ação ou omissão b. Teoria do resultado - local da consumação c. Teoria mista - ubiquidade (art. 6º CP) O crime que tem uma de suas fases no Brasil, pode ser julgado pela legislação brasileira. Ex: indivíduo leva tiro em Ciudad del Este e morre no Brasil. 4. Pena cumprida do exterior - Art. 9º CP ↼ O período da pena já cumprida é computada quando idêntica Atenuante quando é pena diversa (deve-se estabelecer um equivalente) 5. Eficácia da lei estrangeira ↼ Possível apenas quando a lei brasileira trouxe as mesmas consequências Se executa a sentença estrangeira para: reparação dos danos aplicar medida de segurança (problemas mentais) 6. Prazos penais ↼ Cujo recurso provoca extinção da punibilidade (só é penal se existe extinção) Morte do agente gera extinção (a indenização pode passar, por ser civil) A pena é um prazo penal "Concedo o prazo de 5 dias" disse o juíz = prazo processual a. Dia de início do prazo é computado (independente do horário) b. É improrrogável, fatal (o processual pode ser prorrogado, ex: dia não útil) mas pode ser suspenso (caso o detento fuja da prisão, o que não implica em outro crime se não houver violência e quando voltar a ser preso volta a cumprir de onde parou) ou interrompido (ocorre em prazos prescricionais) c. Se o prazo for maior do que 30 dias deve ser contado em meses e se maior do que 12 meses deve ser contado em anos d. As frações de dia e real são desprezadas (não existe prazo em horas e nem menos) - arredonda-se para menos - em casos penais 12 ① VI - Conceito de Crime ① Conceito formal = o que a lei penal vigente incrimina ② Conceito material = crime é um fato humano (no Brasil pessoa jurídica também) com incidência massiva na população, que afete bem jurídico, tenha persistência temporal (acontece ao longo do tempo) e consenso social necessidade ③ Conceito analítico ● Fato típico = beber água não é um fato típico, matar alguém é um fato típico, mas nem sempre é crime, o que não é previsto em lei não é fato típico ● Antijurídico ou ilícito = legítima defesa é excludente de ilicitude, é lícito ● Culpabilidade = reprovabilidade (reprovar tal ação) se for sob ameaça, não é considerado culpado Damazio trás o conceito de forma errada: crime é só fato típico e antijurídico ao contrário "do resto do mundo" VII - Fato típico Conceito: fato que se enquadra no conjunto de elementos descritos pela lei penal "José matou alguém, matar alguém é crime" Requisitos - Conduta = ação ou omissão, dolo/culpa - Resultado = a ação precisa ocorrer - Nexo causal = relação de causa e efeito entre a conduta e o resulta - Tipicidade = previsão em lei Crime impossível : matar alguém que já está morto Conduta - sempre humana, consciente, dominável pela vontade e dirigida a uma finalidade (lesão de um bem jurídico) Teoria finalista da ação = toda ação humana tem uma finalidade ↼ desenvolvida pelo alemão Hans Welzel Tipos dolosos: art. 18 I CP - regra (todos os crimes têm que ter dolo) 95% dos crimes, se não tiver escrito "culposo" é um crime doloso - dolo é a intenção (sem carga negativa), na culpabilidade é que se julga se algo é reprovável. 13 *Dolo no civil = má fé, enganar uma pessoa ㄥ dolus bonus ㄥdolus malus a. Dolo direto(art. 121 CP) ↼ consciência + vontade de praticar o ato b. Dolo Indireto ou Eventual (art. 121 CP) ↼ previsão do resultado + aceitação do risco ↼ caso dos meninos de Brasília que colocaram fogo em um índio pensando ser apenas um mendigo ↼ não se importa com o que vai acontecer com o outro "O importante é o que a pessoa pensou para caracterizar o dolo eventual" Tipos culposos: art. 18 II CP - conduta voluntária ㄥpromover a quebra de um dever de cuidado (não tomar um cuidado) ↼ imperícia - ter habilitação e dirigir ↼ imprudência - toma cuidado insuficiente (dirigir um carro em alta velocidade) ↼ negligência - não toma cuidado nenhum (não é comum) Em todos esses caso há culpa - resultado involuntário - tipicidade ㄥ precisa estar previsto em lei - previsibilidade ㄥ previsibilidade objetiva = "homem médio" => todos sabem que aerossol explode no fogo - cabe ao juiz decidir o que cabe aos conhecimentos do homem médio e essa decisão é influenciada pelo o que o juiz compreende ㄥ previsibilidade subjetiva = verifica-se no caso concreto => se tal pessoa sabia, por exemplo, se a aerossol explodiria, uma pessoa analfabeta não poderia ler na embalagem que ele é explosivo - é o método que é utilizado na Alemanha 14 Tipos de culpa a. Culpa Consciente ↼ o agente prevê o resultado, mas espera sinceramente que não ocorra b. Culpa Inconsciente ↼ o agente não prevê o resultado muito embora ele seja previsível Dolo eventual ≠ Culpa consciente prevê o resultado e aceita-o prevê o resultado mas espera que não ocorra foda-se fudeu Relevância da Omissão: Art. 13 §2º CP A. Crime Omissivo próprio ou puro ↼Tipo penal omissivo "deixar de fazer… " ↼Será sempre doloso (não há culpa) ↼Consumação com a mera infração da ordem ou comando de agir independentemente do resultado ↼ Não considera os garantes Omissão de socorro ❋Art. 135. - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Não confundir crime omissivo com crime culposo B. Crime omissivo impróprio, impuro ou comissivo por omissão ↼ Garante - relação especial de assistência com a vítima ↼ Tipo penal comissivo ↼ Doloso ou culposo ↼ O resultado é necessário Garante: - obrigação legal = pai, mãe, tutor, curador (crianças, pessoas especiais, idoso) - assumiu a obrigação (de garantidor) = um amigo do seu filho que está na sua casa - criou o risco 15 Salva vidas é um garante Exemplo: Pai (garante) - distraído conversando com o compadre = lesão corporal culposa Mãe (garante) - vê o afogamento e deseja que a criança morra = tentativa de homicídio Compadre - vê o afogamento e não age = omissão de socorro Resultado - todo crime tem resultado inter crimes = trajeto do crime | | | | | cogitação atos preparatórios execução consumação exaurimento juntos ou não Antes da execução = Início da responsabilização criminal A. Material Resultado naturalístico = modificação do mundo exterior Consumação e exaurimento simultâneos ↼ Morte = crime consumado e exaurido ↼ Ocultação de cadáver = outro crime B. Formal Consumação com constrangimento da vítima Independe do resultado naturalístico Ex: crime de extorsão mediante sequestro (nomes errado: sequestro ou rapto) O crime se consuma mediante o sequestro (constrangimento da vítima) antes de pedir um resgate mas com intenção de pedir um resgate Resultado naturalístico = exaurimento (pós fato não punível) C. Mera conduta Consumação com a mera conduta Não há resultado naturalístico Desacato a autoridade ② 16 Crime de injúria (ofender alguém que não seja funcionário público) ❋ Crime Consumado ↼ reúne todos os elementos distintos pelo tipo ❋ Início da Execução ↼ primeiro ato idôneo e inequívoco à consumação (muitos significados, manga e manga) equívoco ≠ unívoco (único significado possível) Inequívoco = algo que não há dúvida ❋ Crime Tentado ↼ obrigatoriamente dolo *não há tentativa de crime culposo* ↼ início da execução ↼ não ocorrência do resultado por razões alheias à vontade do agente Tentativa ≠ Desistência Art. 14 § ú CP Pena de Tentativa Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Pena diminuída em ⅓ à ⅔ O critério é a proximidade da consumação ❋ Não admite tentativa ↼ crime culposo ↼ contravenções penais (menos grave do que crime) ㄥ Jogo do bicho, vias de fato agressões leves ↼ crimes unissubsistentes (não se fraciona a execução) veneno = plurissubsistentes ㄥ Injúria = praticado por escrito pode ter tentativa, se for verbal não ↼ crimes omissivos puros ↼ crimes habituais ㄥ curandeirismo = prática reiterada 17 / Tentativa \ / Tentativa \ Branca = a vítima não é atingida Cruenta = a vítima é atingida Imperfeita ou inacabada = execução é interrompida Perfeita ou acabada = execução é realizada até o fim mas o crime não se consuma Pode-se misturar e uma tentativa ser branca e imperfeita, ex: pretende-se matar a vítima por disparos mas acerta a parede branca e perfeita cruenta e imperfeita, ex: dar poucas doses de um veneno fracionado cruenta e perfeita, ex: dá toda a dose do veneno mas a vítima vai ao hospital e não morre ❋ Desistência voluntária Art. 15 CP ↼ o agente interrompe voluntariamente a execução do crime (sentir cheiro de comida e ter fome) Espontâneo ≠ Voluntário (não comer por estar de regime) tudo o que é espontâneo também é voluntário, mas tudo o que é voluntário não é espontâneo ↼ o agente responde apenas pelos atos praticados ❋ Arrependimento eficaz art. 15 CP Após o término da execução, o agente voluntariamente se arrepende e impede a consumação ➔ responde apenas aos atos efetivamente praticados. ❋ Arrependimento posterior Quando, depois da consumação do crime, o agente se arrepende e repara o dano. Sem violência ou grave ameaça Até o recebimento da denúncia ou queixa Diminuição de ⅓ a ⅔ 18 ❋ Exceção Peculato culposo ↼ estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (sûmula 554 STF) ↼ crimes contra a ordem tributária ❋ Crime impossível - ou tentativa inidônea Exemplo, tentativa de assinar alguém já falecido ↼ Consumação impossível por ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto meio empregado jamais leva à consumação ↵ ↳ coisa sobre a qual recai a conduta Art. 17 CP ➔ não é um crime punível, pois não coloca nenhum bem jurídico em risco Nexo Causal ↼ Relação de causa e efeito entre conduta e resultado ↼ Elo físico, naturalístico ✜ Teoria da equivalência das condições ou "conditio sine qua non" condição sem a qual não Art.13 CP Utilizado no CP Brasileiro ↼ Tudo o que contribui em concreto para o resultado é causa ↼ critério hipotético de eliminação ↼ Processo hipotético de eliminação Problemas: Regresso ao infinito ➔ é necessário o dolo ou culpa para a punição Causa independente ➔ causa pré existente ➔ causa concomitante (simultânea) ➔ causa superveniente (ocorre depois) Em regra, "quebra" o nexo causal. Ex: Uma pessoa atira em outra, um ferimento não letal ocorre, a pessoa é levada ao hospital por uma ambulância qua capota no caminho e todos morrem. A ③ 19 responsabilidade do atirador é quebrada após o acidente, ficando somente responsável somente pela tentativa de homicídio. ✜ Teoriada Imputação Objetiva ↼ Complementação da Teoria da Equivalência das Condições ↼ Teoria de Imputação Sociedade de risco - escrito por Ulrich Beck Permitido = sem responsabilidade / 2 tipos de risco - critério normativo \ Proibido = responsabilização penal OBS: Culpa exclusiva da vítima - autocolocação em risco Diminuição do risco "a intenção era boa" mas aconteceu uma coisa pior VIII - Antijurídico Continuidade no ordenamento jurídico ➔ Tipicidade é indício de antijuridicidade ➔ Fato típico só não será também antijurídico se houver uma excludente 20 Excludentes de ilicitude Estado de necessidade - art. 24 CP ↼ Estado de perigo atual, para interesses legítimos que só pode ser afastado mediante a lesão de interesses de outrem também legítimos atual ≠ iminente ↼ A situação de perigo não pode ter sido causada dolosamente pelo agente ↼ A lesão a outrem deve ser inevitável, o sacrifício deve ser razoável ↼ Balanceamento dos bens jurídicos em conflito ↼ É possível para terceiro (para salvar outrem) - desnecessária a autorização do terceiro ↼ Ausência do dever legal de enfrentar o perigo Furto famélico = estado de necessidade A. Estado de necessidade agressivo ↼ Contra terceiro inocente Permite outras responsabilizações, exclui a penal mas não outras, como civil B. Estado de necessidade defensivo ↼ Contra quem criou o perigo ≠ de legítima defesa (deve ocorrer uma agressão) Legítima defesa - art. 25 CP ↼ A repulsa ou impedimento de agressão ilegítima atual ou iminente, pelo agredido ou terceira pessoa contra o agressor sem ultrapassar a necessidade de defesa e dentro da racional proporção dos meios empregados para impedi-la ou repeli-la - Sempre reação, se foi você que começou não é legítima defesa. - Não existe legítima defesa contra agressão passada, isso é vingança. - Não existe legítima defesa contra agressão futura. - Defesa de qualquer direito (direito à vida, direito patrimonial) próprio ou alheio, mesmo que o terceiro não deseje ser salvo. - Não existe legítima defesa da honra com violência física, mas você pode segurar a boca de uma pessoa que está falando mal de você Calúnia, difamação (espalhar mentiras) e injúria (xingar pessoas) - Emprego moderado dos meios necessários Cerca elétrica, cacos de vidro em cima do muro = ofendículo ① ② 21 - Possível contra agressões culpáveis e agressões de inimputáveis (menores de idade e doentes mentais) Desforço imediato = legítima defesa a. Legítima defesa subjetiva Objetivamente não é mais necessária a defesa mas o agente acredita que sim, em princípio não há crime b. Legítima defesa putativa (putare do latim pensar) - legítima defesa que é pensada, não há agressão alguma, mas se acredita estar sendo agredido Não há agressão mas o agente tem fortes motivos para acreditar que sim. Pode ser de terceiro. c. Sucessiva É empregada contra o excesso de legítima defesa. Estrito cumprimento do dever legal ↼ O agente que cumpre exatamente o determinado pelo ordenamento jurídico realiza uma ação ilícita. - Disposição jurídico normativa = lei, decreto, portaria, regulamento ↼ O promotor acusa as pessoas de cometerem crimes, mas ele não está cometendo crime ao acusar essas pessoas, ele tem esse direito - Não pode haver exageros ↼ Fazer escândalo ao exercer uma ordem de despejo ④ Exercício regular de direito ↼ Concepções normativas e ético-sociais ☆ Violência desportiva - Lutadores de boxe que levam socos no ringue, a joelhada que Neymar Jr levou na coluna em um jogo - Há limites : Zidane dar uma cabeçada em outro jogador durante uma partida de futebol, a bolo estava do outro lado do campo = ocorreu lesão corporal ③ 22 ☆ Intervenção médico-cirúrgica - Amputar a perna de uma pessoa que chega acidentada em um hospital - Intervenção de emergência = quando não há consentimento do paciente - Testemunhas de Jeová = só pode dar o sangue se for a última possibilidade - Solução teórica : a palavra do médico é a que vale - Normalmente : entram em contato com o setor jurídico do hospital e o juiz autoriza Consentimento do ofendido ↼ Regra = o bem jurídico em questão deve ser disponível (patrimônio, integridade física) - Doar um rim, há consentimento (assinado no caso) - Em princípio não há crime - A oferta deve ser perfeitamente compreendida - Quem consente não precisa ser imputável ( +18 anos e nenhum problema mental) = uma criança pode decidir por ela mesma doar um órgão - Não pode ter o objetivo de lucro = vender órgãos no mercado negro IX - Culpabilidade ↼ É a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita Noções gerais : reprovabilidade pessoal pelo fato típico e antijurídico que foi praticado Requisitos fundamentais : ① Imputabilidade - possível responsabilização criminal ( +18 anos e nenhum problema mental) Oligofrênico = é uma patologia que estabelece a deficiência mental que impede a pessoa de desenvolver um nível intelectual, emocional e racional normal de acordo com os parâmetros Conjunto de condições de maturidade e sanidade mental que permitem ao agente conhecer o caráter ilícito do seu ato e determinar-se de acordo com esse entendimento. ⑤ 23 Consciência - alucinações, pessoa que não entende nada / Entender / \ / Inteligência - capacidade de compreender / Imputabilidade \ \ \ Querer ⇒ Vontade Sistema biopsicológico ↼ Exige a presença de anomalias mentais e a incapacidade de entendimento Art. 26 CP O problemas mentais tem que ter afetado a capacidade de entendimento da pessoa ● Imputável ↼ Culpabilidade - pena ● Semi-imputável ↼ Pena reduzida ou medida de segurança ● Inimputável art. 26 CP ↼ Periculosidade Solução = medida de segurança (hospital psiquiátrico, manicômio judiciário) Menores de 18 anos = art 27 CP Inimputáveis (presunção absoluta) Segundo o ECA (1990) Estatuto da criança e do adolescente Criança = até 12 anos - medida protetiva Adolescente = 12 até 18 anos -medida protetiva ou medida socioeducativa (febem) Menor = 18 a 21 anos 24 Febem No máximo 3 anos ou até completar 18 anos Só há menores de idade Exigibilidade de conduta diversa Rouba alguém para ter dinheiro para comprar um caviar Rouba alguém porque tem fome Caso de coagir alguém para que roube um banco para você "roube o banco ou eu mato sua mãe" Potencial conhecimento da ilicitude A pessoa tem que ter a possibilidade de saber que algo é crime - Falta de placas de proibido estacionar na rua - Suplementos (bombas) compradas na academia - Caso de matar a capivara (Professora Marisa) Fundamento e limite da pena ● Utilizar de meios cruéis é mais reprovável do que dar um tiro na vítima ● Usa-se a quantidade de reprovação para dosimetria da pena Emoção e paixão Emoção ↼ é um sentimento súbito, repentino, que toma o agente afetando seu equilíbrio momentaneamente - fogo de palha É um atenuante Leigo chama de crime passional Não faria isso em condições normais Não exclui a imputabilidade Paixão ↼ é uma ideia fixa, estado que se prolonga no tempo, duradouro, permanente Ultranacionalista Não exclui a imputabilidade Embriaguez 25 ↼ Intoxicação aguda e transitória por álcool ou substâncias de efeitos análogos - podem ser medicamentos Teoria actio libera in causa Pode aumentar a pena, diminuir, medida de segurança ou não acontecer nada A. Embriaguez acidental Decorrente de caso fortuito ou força maior Sendo completa, exclui a imputabilidade - art 28 1º CP Se parcial, reduz a pena ½ a ⅔ proporcional ao estado da pessoa B. Embriaguez patológica Dependência É tratado como uma doença mental C. Embriaguez voluntária ou culposa Não exclui a imputabilidade D. Embriaguezpreordenada Se embriaga para cometer o crime Aumenta a pena - art. 61 II 1 CP Exigibilidade de conduta diversa Para reprovar o comportamento do alguém, deve ter existido a possibilidade da pessoa agir de outra maneira. Teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes (FRANK). ↼ Se o agente só pode ser reprovado se agir cercado por condições normais Excludentes de culpabilidade Ⓐ Coação irresistível ↼ A pessoa não consegue oferecer resistência Coator obriga o coagido mediante violência ou promessa de um mal injusto e grave (grave ameaça) a causar um mal à vítima (terceiro) - sempre pressupõe no mínimo três pessoas Violência = qualquer forma de aplicação de força física ② 26 OBS : Se for uma coação resistível não exclui a culpabilidade mas tem uma atenuante (normalmente diminui ⅙) Ⓑ Obediência hierárquica ↼ Superior, com relação de direito público, dá ordem não manifestamente ilegal que é típica (crime) É excludente se o subordinado não souber que está cometendo ato ilegal A ordem não pode ser evidentemente ilegal Hierarquia = corporação militar Não existe em empresas privadas, o chefe não é hierarquicamente superior ≠ estrito cumprimento do dever legal (é ato legal, deve ocorrer) Potencial conhecimento da ilicitude ↼ Conhecimento profano do ilícito A pessoa tem que ter a possibilidade de saber que o seu comportamento é antijurídico, ou seja, ilícito Princípio da inescusabilidade da lei lei ≠ ilicitude Caso do argentino que usou lança-perfume no Brasil, na primeira viagem para cá, pois é legalizado no país dele e foi preso ⇒ a pessoa age com erro (falsa noção de realidade) de proibição OBS : Erro ↼ Falsa noção da realidade que vicia a vontade Acredita que as coisas não são proibidas O erro não necessariamente exclui o crime ③ 27 Classificação / Erro \ de tipo = (desconhece) uma circunstância fática - acredita estar atirando em um alvo mas acerta uma pessoa ou acredita que a pessoa está armada de proibição = conhecimento da ilicitude - pessoa americana entra na casa de um devedor para recolher bens no valor do que é devido - argentino que usa lança perfume Outra classificação / Erro \ Vencível ou inescusável = praticar tiro ao alvo sem óculos Invencível ou escusável = um suicida se esconde atrás o alvo do tiro ao alvo de tipo vencível de tipo invencível de proibição vencível de proibição invencível Dica para a prova : caso do filme "Instinto selvagem" ❈ Consequências do erro a) Erro de tipo - mais comum Exclui o dolo (não há intenção de fazer algo que não se sabe ser ilegal) Exclui a culpa se invencível Exclui a tipicidade Não é punido criminalmente Se o erro for vencível, permite a punição por culpa (por dolo não) O erro recai sobre uma circunstância fática A pessoa se comporta de tal forma por falta de informações 28 ✤ Instinto Selvagem = não teria atirado na mulher se soubesse que era um chaveiro ✤ Titanic 2 = não teria matado ninguém para entrar no bote salva vidas se soubesse que era só uma simulação ✤ Tiro ao alvo = atirar em um tiro e ter uma pessoa atrás b) Erro de proibição Se for invencível, não há potencial conhecimento da ilicitude ⇒ exclui a culpabilidade Se for vencível é uma atenuante Recai sobre a ilicitude Não há desconhecimentos em relação aos fatos Não sabe que tal comportamento é ilegal, ilícito ✤ Argentino = sabe o que é lança perfume, mas desconhece ser ilegal no Brasil ❈ Descriminante Putativo PROVA Erro sobre elementos do tipo ❋Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas §1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Erro de tipo ou erro de proibição ✤ Filme Instinto selvagem - atira-se em uma mulher que acreditavam estar portando uma arma mas na realidade era um chaveiro = Erro de tipo ✤ Titanic 2 = não teria matado ninguém para entrar no bote salva vidas se soubesse que era só uma brincadeira ✤ Acreditava podia atuar em legítima defesa desproporcional - erro de proibição Legítima defesa putativa Qual a responsabilidade de quem cometeu descriminante putativo? PROVA ✤ Instinto Selvagem Aluno : erro de tipo invencível pois na percepção do rapaz, não teria como ele ter certeza se era uma arma ou não Daniel : erro de tipo invencível, o rapaz tomou todos os cuidados antes de atirar 29 ✤ Titanic 2 Aluno : erro de tipo vencível = poderia ter olhado o número de botes salva vidas suficiente, além do que seria ilegal erro de tipo invencível = a pessoa no momento de nervoso, confusão ✤ Ladrão com um pincel que recebe um tiro Daniel : Erro de proibição vencível = estudante de direito já teve essa matéria na aula Invencível = não é estudante ✤ Homem comprou suplementos (bombas) no Paraguai e queria entrar no Brasil Erro de proibição - não sabia que era ilícito Vencível - poderia ter pesquisado, deveria saber pq toma faz tempo Invencível - nunca tomou ❈ Erro na execução Quando o agente atinge um bem jurídico diferente do originalmente pretendido Pretendia cometer um crime, mas acaba cometendo outro Ocorre o erro do crime ✤ Pretendia matar uma freira, mas acaba atirando em um pinguim Pretendia atingir o bem jurídico vida, mas atingiu o bem jurídico fauna Por razões alheias a sua vontade Responsabilização : punição por tentativa no tocante ao bem jurídico desejado e responsabilização por culpa no tocante ao bem jurídico pretendido - analisa-se a intenção ✤ Pretendia matar um pinguim, mas acaba atirando em uma freira Tentativa de crime contra a fauna e homicídio culposo da feira Em relação a um bem jurídico tem dolo e em relação a outro tem culpa ✤ Pretendiam atirar em um professor, mas acabam destruindo patrimônio da universidade Tentativa de homicídio Dano culposo (não existe e então não é considerado) Não exclui a responsabilidade civil 30 ✤ Pretendem quebrar o vidro da universidade, mas acabam atirando em um professor Homicídio culposo Tentativa de dano (dano doloso) ❈ Erro sobre a pessoa ❋Art. 20. Erro sobre a pessoa §3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. São consideradas as características da pessoa desejada e não as dá atingida ✤ Crime praticado contra ascendente ou descendente = agravante de crime Suzane Von Richthofen Se ela matasse o jardineiro acreditando ser seu pai, seria responsabilizada como se tivesse atingido o pai Se ela quisesse ter matado o jardineiro e acabasse matando o pai, será responsabilizada como se tivesse atingido o jardineiro É responsabilizado pela pessoa que desejava ter atingido ❈ Erro determinado por terceiro Erra porque foi ajudada por alguém = fez com que a pessoa tivesse uma falsa noção Engana-se o agente para este fazer a ação que o provocador tem desejo de fazer O provocador será responsabilizado por dolo ou por culpa O agente será responsabilizado por erro Geralmente é erro de tipo Mas pode ser de proibição também - dizer que mudou uma lei e agora é permitido tal coisa X - Concurso de Agentes Concurso = concorrência Não é sobre ver que é melhor É sobre duas ou mais pessoas cometendo um crime Várias pessoas concorrendo para um crime 31 ↼ A ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas no mesmo crime Pode não ser semelhante a formaçãode quadrilha Concurso Eventual = normalmente aumenta a pena, uma questão de opção / \ Necessário = formação de quadrilha, agora: associação criminosa (mais fácil de caracterizar, origem no julgamento de Mensalão ) Toda associação criminosa é um concurso de agentes Concurso é mais amplo do que só associação Concurso de agentes Associação criminosa (quadrilha) nº mínimo 2 pessoas 3 pessoas (quadrilha era 4) vínculo eventual permanente objetivo crime específico crimes indeterminados Associação criminosa Se for sem querer, não é concurso de agentes - Drogas - Roubo a banco - O que importa é o dolo Crime de peculato : funcionário público que furta objetos de prédios públicos Teoria Monista ↼ o crime é único, praticado por dois ou mais agente Um homem em concurso de agentes com uma mulher grávida responderá por crime de autoaborto Brasil = Monismo temperado 32 Teoria Pluralista ↼ cada agente pratica um crime autônomo ✤ Neste caso : um funcionário público comete crime de peculato e um civil que o auxiliou comete crime de furto (QUESTÃO) Uma diretora de uma escola que observa um estupro e não faz nada para impedir, responderá por: Estupro, pois adota-se a Teoria Monista e ela, como garante (por ser diretora) responderá DO CONCURSO DE PESSOAS ❋ Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. ✤ Caso Richthofen Os três são responsabilizados por homicídio doloso Somente Suzane teve a pena mais alta, por ter ocorrido fratricídio Momento ↼ Qualquer fase do inter ciminis, até a consumação Requisitos a) Pluralidade de condutas ✤ No caso de um menor cometer um crime com um maior ocorre concurso de agentes ✤ Se um dos agentes foi preso e o outro não, o que foi preso poderá ser responsabilizado por concurso de agentes, mesmo se o outro nunca foi encontrado b) Relevância causal das condutas ✤ Um terceiro colaborar com um crime dando informações sabendo que o agente está com dolo, não há concurso de agentes = teoria da imputação objetiva Participação insignificante não considera c) Liame subjetivo ou psicológico (requisito mais importante) Liame = vínculo ✤ Unidade de desígnios ou identidade de propósitos ① ② 33 Pode ocorrer até o momento da consumação do crime Precisa ser combinado antes que vão cometer os crimes juntos Autoria colateral ≠ concurso de agentes No caso de se ajudarem sem terem combinado não considera concurso de agentes Não aumenta a pena e as condutas serão analisadas separadamente ✤ Duas pessoas colocam duas doses de veneno, sem combinarem e uma dose não seria suficiente para matar Serão responsabilizados por tentativa de homicídio Observações 1. Autoria colateral ↼ Participação física sem comum acordo - mera coincidência 2. Autoria incerta ↼ Não é possível saber qual agente deu causa ao resultado Solução : todos são responsabilizados por tentativa "in dubio pro reo" 3. Autoria Imediata ↼ O agente pratica o crime pessoalmente 4. Autoria Mediata ↼ Exemplo do caso de coação irresistível "eu sequestrei sua mãe, vá roubar um banco para mim" O agente se serve de terceiro inculpável - se pudesse ser responsabilizado seria concurso de agentes Será responsabilizado o coator 5. Co-autor ↼ Pratica fato típico em colaboração a outro "Subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça, coisa alheia móvel" Uma pessoa ameaça o gerente de um banco, outras pessoas pegam os dinheiros dos caixas e o motorista do carro de fuga (partícipe) = todos estão no concurso de agentes 6. Partícipe ↼ Concorrência para o crime, sem a execução de fatos típicos 34 Participação por : a) Instigação - apoio moral, já pode ser considerado crime b) Cumplicidade - auxílio material = vigiar, dirigir o carro de fuga, fornecer armas Cúmplice No Brasil : não há diferença no código entre o co-autor e o partícipe A pena do co-autor é supostamente maior do que a pena do partícipe, mas isso não está escrito em nenhum lugar Deve ser analisado no caso concreto a culpabilidade Na Alemanha: o co-autor sempre pega uma pena muito maior que o partícepe Teoria do Domínio do fato - Claus Roxin Quem está por trás é co-autor e não mero partícipe Desenvolveu isso no pós II GM "Homem de trás" = autor mediato (tem o domínio do fato) ≠ obediência hierárquica ≠ estrito cumprimento do dever legal (é ato legal, deve ocorrer) A teoria se tornou importante em 2012 - Julgamento do Mensalão O Ministro Joaquim Barbosa condenou de forma errada "o "homem de trás" pode suprir as provas para a condenação" Palestra explicando a teoria : https://www.youtube.com/watch?v=aGqQqd8w6xQ Palestra do Roxin Crime culposo ↼ Imperícia, imprudência ou negligência Admite participação Co-autoria é mais difícil ✤ Quando você influencia alguém a ser imprudente, entra em concurso de agentes ③ http://www.youtube.com/watch?v=aGqQqd8w6xQ 35 Crime omissivo ↼ Concurso de agentes é possível Próprio ou impróprio ✴ Se alguém diz para você não ajudar uma criança se afogando na praia (mesmo que seja pelo telefone Crime de mão própria (exceção) ↼ A pessoa tem que comparecer pessoalmente Pode haver participação de outros ✤ Crime de adultério (revogado, mas ainda é ilícito no CC) ✤ Falso testemunho ᄂ Advogado que induz uma testemunha a dar falso testemunho é partícipe do crime Circunstâncias incomunicáveis ↼ Regra geral : apenas as circunstâncias objetivas se comunicam Circunstâncias Objetivas - fato (ser de noite) / \ Subjetivas - ligadas ao agente ✤ Caso Richtofen Matar de forma cruel = objetivas - todos participando no crime são incluídos Matar um parente = subjetiva - só inclui quem participou ✤ Pena de infanticídio Art. 123 CP "Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após." Qualquer pessoa pode cometer o crime de infanticídio se estiver em concurso de agentes com uma mulher em estado puerperal - é objetivo (mas inclui outras pessoas) As circunstâncias pessoais se comunicam apenas quando elementares do tipo (Art. 30 CP) Significa dizer que a circunstância pessoal está prevista expressamente no tipo penal Para não ser uma exceção a Teoria Monista ④ ⑤ ⑥ 36 ✤ De volta ao Caso Richtofen Art. 121 CP "Matar alguém" - inclui todos, é o mesmo tipo penal Art. 61, II, e CP "Contra ascendente" - só se utiliza o agravante por ser tipo penal pessoal, não é qualificador, é agravante É qualificado para todos, por ser do tipo penal = foi no caso pois foi de forma cruel Desvios Subjetivos ↼ Resultado diferente do originalmente acertado porque um dos agentes descumpre o acordado Aplica-se a pena do originalmente acertado Alguns agentes extrapolam o que foi combinado ✤ Roubo qualificado que produz resultado morte - crime de latrocínio (20 a 30 anos de detenção) Se só um dos assaltantes de um banco matou alguém, todos respondem por latrocínio Se todos combinarem de matar e alguém mata - todos respondem ✤ É combinado entre os assaltantes usaram armas de mentira, um deles decide levar arma de verdade e mata o vigia do banco Todos respondem por latrocínio? Só quem tinha vínculo com a arma Não tem liame subjetivo sobre o uso da arma ✤ Todos estão fortemente armados mas combinam de não matar ninguém É previsível que alguém pode se ferir Se o resultado for previsível, aumenta-sea pena pela metade (Art. 29 §2º CP) Só quem matou responde por latrocínio, os outros são indiciados por roubo mas a pena aumenta pela metade Multidão delinquente ↼ Grande número de pessoas, impelidas por ódio, amor, fanatismo ou vingança cometem crimes umas influenciadas pelas outras Atenuante (Art. 65, III, e, CP) ou agravante (Art. 62, I, CP) Para os que são liderados Para o líder Linchamento - forma especial de concurso de agentes Concurso de agentes tende a ser mais organizado ⑦ ⑧ 37 Instigação e não execução do crime Art. 31 CP ↼ Não há pena para a mera instigação - se o instigado não praticar o crime XII - Evolução da dogmática penal Escola Clássica ↼ Início do século XIX - foram chamados de clássicos de forma pejorativa Iluminismo + Contratualismo (contrato social) Autodeterminação = “eu sou livre” eu posso querer ser bandido Escola do leigo, Datena “bandido sabe o que faz” Pena: a) Teoria Retributiva ↼ Crime = mal ↼ Pena = mal aplicado pelo Estado para retribuir (expiar) o mal causado pelo criminoso ↼ Função do direito penal = proteção subsidiária dos bens jurídicos ↼ Protege?? b) Teoria da Prevenção Geral ↼ A punição do criminoso tem a função de inibir outras práticas delitivas ↼ Grande contribuição = sistematização Escola Positivista Naturalista ↼ Negação do livre arbítrio a) Fase Antropológica - Lombroso ↼ Determinismo genético ↼ Baseado no empirismo b) Fase sociológica Determinismo Social - Teoria de Ferri ⑨ ① ② 38 Escola normativa jurídica ↼ Dura lex, sed lex - a lei é dura mas é a lei (deve ser cumprida) ↼ Sistema fechado (não se comunica com outras áreas do conhecimento) Teoria finalista da ação ↼ 1930 - Hans Welzel ↼ Ontologismo = está ligado ao mundo do ser Dolo/culpa eram elementos da culpabilidade (já era a reprovabilidade) Welzel fala que o colo e a culpa são elementos da conduta Crítica: como provar as intenções dos autores? FIM DA MATÉRIA - PARTE EXTRA Garantismo Penal ↼ Luigi Ferrajoli ↼ A penalidade não resolve problemas Abolicionismo ↼ Abolir o direito penal ↼ Não é uma teoria aplicável, não defendem essa teoria ↼ Seguem a linha do garantismo = o direito penal não cumpre sua função, deve-se procurar outras formas de controle (que não existem) Funcionalismo - Escola alemã ↼ Escola funcionalista ↼ Crítica ao ontologismo Sistema aberto ≠ do sistema fechado Dirigir falando no telefone é um risco proibido - é proibido no Código de Trânsito Busca-se no Código de Trânsito normas que justifiquem a aplicação do Direito Penal Política Criminal ↼ Pontes que ligam o direito penal a outras ciências - elo de ligação ③ ④ ⑤ ⑥ ⑦
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