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CAPÍTULO 4
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo 
gêneroS textuAiS nA PráticA de 
letrAmento de SurdoS
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Identificar diferentes formas de abordar os gêneros textuais no ensino de 
Língua Portuguesa escrita para surdos. 
 3 Aplicar diferentes gêneros textuais de forma a contribuir com a inclusão do 
aluno surdo no contexto escolar. 
98
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
99
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
Podemos afirmar 
que estudar a 
linguagem vai além 
da transmissão de 
conceitos gramaticais, 
pois a língua se realiza 
no seu uso, nas 
práticas sociais nas 
quais os indivíduos 
se apropriam 
dos conteúdos, 
transformando-os em 
conhecimento.
contextuAlizAção
Considerando o surdo como um sujeito linguísticamente diferente, 
percebe-se a necessidade de práticas dialógicas que contemplem a Libras 
e a Língua Portuguesa. As práticas de leitura e escrita envolvendo os 
diversos gêneros textuais que circulam no âmbito social, devem estar cada 
vez mais próximas do professor e do aluno, independente da sua condição 
de ouvinte ou surdo. 
Estudos apontam para a eficácia do processo de letramento através 
do uso de diferentes textos para subsidiar o ensino da Língua Portuguesa 
como segunda língua. Vamos observar algumas estratégias para trabalhar 
com diferentes gêneros textuais em sala de aula com alunos surdos e/ou 
alunos de inclusão. 
gênero PoeSiA
É importante que a escola possibilite ao aluno conviver com a poesia, com 
estilos e autores diferentes. Ao considerar a linguagem como um dos principais 
fatores no processo de aquisição de conhecimentos. Podemos afirmar que 
estudar a linguagem vai além da transmissão de conceitos gramaticais, pois 
a língua se realiza no seu uso, nas práticas sociais nas quais os indivíduos se 
apropriam dos conteúdos, transformando-os em conhecimento. 
Dessa forma, um ensino eficaz da linguagem significa entre outros 
aspectos capacitar o aluno a utilizar a língua em diversas situações. Para 
tanto, é necessário que este conheça e utilize os elementos que constituem a 
linguagem de forma reflexiva e funcional. 
Trabalhar poesia em sala de aula pressupõe despertar o gosto pela 
leitura e perceber a essência da poesia, o significado poético, a reflexão 
sobre sentimentos que os textos poéticos permitem. O professor deve pensar 
em atividades que permitam ao aluno compreender a linguagem poética, se 
envolver dela e iniciar suas próprias produções poéticas. O fato de ter alunos 
surdos em sala de aula não impossibilita o trabalho com poesias, afinal, a 
essência da poesia não está apenas na rima, mas no significado transmitido 
através das palavras.
A poesia será nosso norteador para a elaboração de um projeto para 
ser trabalhado em sala de aula com alunos surdos e ouvintes. Objetivando 
explorar o gênero poesia, propiciar aos alunos conhecer alguns autores e seus 
respectivos estilos, assim como, desenvolver a leitura e a escrita de poemas. 
100
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
Nesse método, o professor acompanhará todas as etapas, portanto, será o 
mediador no processo de ensino e aprendizagem do aluno. Vale lembrar que o 
projeto abaixo foi elaborado pela professora Andréia Didó para esta disciplina. 
A seguir, observe o detalhamento das fases do projeto.
Projeto Sarau Literário
Objetivos:
• Despertar o interesse pela literatura;
• Despertar o gosto pela leitura e escrita de poemas;
• Aproximar o aluno da linguagem poética;
• Reconhecer os poemas e suas diferentes estruturas;
• Apresentar diferentes e consagrados autores de poesia;
• Valorizar e aperfeiçoar a expressão;
• Aprender a expressar-se em um grupo.
Metodologia:
• Apresentar o projeto aos alunos motivando a participação 
de todos. Levar o grupo para a biblioteca para pesquisa de 
campo, fazer uma lista de autores preferidos/ conhecidos 
pelo grupo. Selecionar poesias de acordo com a indicação 
dos alunos.
• Na sala de informática, em grupos os alunos deverão 
pesquisar a biografia de alguns autores pra depois 
apresentar ao grupo e organizar um mural para expô-los.
• A professora escolherá um poema e apresentará ao 
grupo (é importante que o poema seja sinalizado para 
os alunos surdos). Em formato de seminário o grupo irá 
pensar sobre os sentimentos refletidos pelo poema, como 
alegria, tristeza, medo, humor. Conversar com a turma 
sobre algumas características próprias do poema como 
rimas, versos e estrofes.
101
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
• Apresentar poemas consagrados da literatura gaúcha, 
paulista e carioca, respeitando a realidade local e os 
ícones nacionais, a fim de perceber os diferentes estilos 
de escrita dos autores. Apresentar aos alunos acrósticos, 
poemas concretos e refletir sobre suas características.
• Os alunos deverão produzir um poema, os poemas serão 
avaliados pelo grupo, encaminhados para o professor 
avaliar e sugerir reescrita se necessário, a seguir, o 
professor comunicará quais poemas foram classificados 
para participar da exposição no mural do Sarau. 
Lembrando que os principais critérios serão criatividade, 
coerência e coesão. 
• Os alunos deverão escolher poemas de diferentes 
autores para apresentar em um Sarau Literário que será 
apresentado na escola. O sarau terá a participação dos 
alunos, pais e comunidade escolar.
• A avaliação será feita pela participação e envolvimento 
no projeto, pelas produções escritas, interpretação e 
confecção do mural.
Atividades Complementares
Figura 39 - Envolvimento no projeto
Fonte: Disponível em: <http://gabigabiruska.com>. 
Acesso em: 18 set. 2012. 
1) Quais as principais características da poesia?
2) Quais as partes de um poema?
3) Quais sentimentos podem ser transmitidos através da poesia?
4) Explique com suas palavras o que é um Sarau?
Fonte: A autora. 
102
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
Os gêneros textuais 
são considerados 
importantes na 
elaboração e aplicação 
de atividades que 
envolvem o uso da 
língua.
O trabalho através de projeto possibilita que o professor crie estratégias 
tanto para os alunos ouvintes, como para os surdos. Os alunos surdos podem 
demonstrar o quanto a expressão corporal é significativa no momento de 
apresentar um poema. Incentivando os ouvintes a serem mais expressivos no 
momento de apresentar seus poemas. É importante que os alunos interajam 
e troquem experiências e registros. O surdo ao observar a escrita do ouvinte, 
tem a possibilidade de comparar a estrutura das duas línguas e se apropriar 
com mais facilidade desta escrita.
Existe uma relação entre o letramento e os gêneros textuais nas práticas 
de ensino e aprendizagem. Os gêneros textuais são considerados importantes 
na elaboração e aplicação de atividades que envolvem o uso da língua. Mas 
são muitos os fatores a serem considerados diariamente pelo professor antes 
de entrar em sala de aula. 
A elaboração da prática do professor está em constante processo de 
desenvolvimento e criação. É preciso que o professor se aproprie do que 
informa o PCN, considerar a diversidade social e cultural, criar estratégias 
para suprir a falta de recursos das escolas, superar, muitas vezes, sua 
pouca formação. Cabe ressaltar que o despreparo para receber e contribuir 
significamente diante tanta diversidade, implica em prejuízos para a educação 
e o processo de inclusão. 
Letramento de acordo com Soares (2001) apresenta duas dimensões: 
a individual, uma característica pessoal, que se refere à aquisição do 
sujeito em relação à leitura e a escrita. A outra dimensão seria a social, na 
qual o letramento é visto como algo cultural relacionado às práticas sociais 
que envolvem a leitura e escrita, ou seja, naindividual o sujeito aprende 
a decodificar, na social, interage com o sistema, produz, compreende e é 
compreendido.
Observe o quadro abaixo e reflita um pouco acerca das diferentes 
estratégias e entendimentos necessários para que aconteça uma educação 
de qualidade. O quadro destaca orientações do PCN, encaminha para uma 
prática inclusiva, onde o professor além de formação adequada, precisa de 
recursos tecnológicos para tornar as aulas atrativas além de oferecer subsídios 
para o desenvolvimento do aluno através da pesquisa e da interação. 
103
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
Figura 40 - Diagrama Inclusão
Fonte: A autora. 
Além de o professor utilizar a tecnologia e seus diferentes recursos, é 
preciso disponibilizar essas estratégias para que o próprio aluno pesquise, 
interaja, participe efetivamente de práticas letradas e seja produtor de seu 
próprio conhecimento. 
As práticas sociais de leitura e escrita estão presentes no nosso cotidiano, 
seja em placas, outdoors, letreiro de ônibus, produtos no supermercado, 
farmácia, notícias, classificados, piadas ou horóscopo no jornal, enfim, nas 
diversas formas de utilização social da língua ou se você preferir, diferentes 
práticas de letramento. 
Atividade de Estudos: 
1) Crie uma atividade que contribua para o projeto utilizando 
algum recurso tecnológico.
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
104
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
O gênero entrevista 
possibilita exercitar 
a leitura e a escrita, 
assim como, refletir 
sobre as relações 
entre a língua oral e a 
língua escrita.
Ao pensar em metodologias, podemos pensar em múltiplos letramentos, 
observe o quadro abaixo:
Figura 41 – Letramentos Múltiplos 
Fonte: A autora. 
 Assim, destacamos a importância do processo de desenvolvimento de 
leitura e escrita na escola seja visto como um procedimento com função social. 
O aluno precisa utilizar os conhecimentos adquiridos em sala de aula nas suas 
diversas práticas sociais.
A próxima seção refletirá sobre atividades envolvendo o gênero entrevista, 
pretendendo explorar e chamar a atenção dos alunos para este gênero textual 
que, embora talvez nem percebam, está presente no cotidiano dos alunos.
gênero entreviStA
Contemplando o ensino de língua materna, o gênero entrevista é 
considerado adequado para as práticas de uso da língua. O gênero entrevista 
possibilita exercitar a leitura e a escrita, assim como, refletir sobre as relações 
entre a língua oral e a língua escrita. No caso de alunos ouvintes e, sobre as 
reflexões acerca do registro escrito como forma de interação entre surdos e 
ouvintes, no caso de alunos surdos.
A exemplo da proposta anterior vamos relatar as aulas propostas 
para o trabalho com o gênero entrevista. Desenvolveremos o projeto jornal 
“dESCOLAdo” objetivando explorar o gênero, assim como permitir que o aluno 
desenvolva diferentes habilidades relacionadas a leitura e escrita. 
105
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
Projeto Jornal “dESCOLAdo”
Objetivos:
• Conhecer o gênero entrevista;
• Despertar o gosto pela leitura e escrita ;
• Aproximar o aluno do texto jornalístico;
• Planejar, produzir e revisar perguntas;
• Planejar, produzir e revisar entrevistas;
Metodologia:
• Apresentar o projeto aos alunos motivando a participação 
de todos. Explicar que as entrevistas serão postadas no 
jornal da escola. O professor, em formato de seminário, 
questionará os alunos sobre o que conhecem do gênero 
entrevista, onde pode encontrar entrevistas, qual a 
finalidade, etc. A seguir, cada aluno receberá um jornal e 
deverá procurar alguma entrevista realizada para o jornal, 
a fim de confirmarem ou refutarem suas hipóteses.
• O professor apresentará um vídeo contendo entrevistas 
realizadas por Marília Gabriela com duas ou três 
celebridades. (O vídeo deverá ser interpretado em língua 
de sinais para os alunos surdos). Os alunos deverão fazer 
anotações acerca das entrevistas.
• Os alunos deverão comparar a entrevista encontrada no 
jornal com as entrevistas observadas no vídeo objetivando 
perceber as características das duas propostas. 
Socializando as anotações de forma colaborativa.
• Com base nas informações obtidas, os alunos deverão 
escolher um colega da escola, organizar um roteiro de 
entrevista com pelo menos cinco perguntas. Sendo três 
de cunho pessoal e duas sobre um assunto polêmico pré- 
definido pelo grupo.
106
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
Uma das dificuldades 
mais recorrentes 
encontradas nas 
crianças é se 
expressar na sua 
própria língua materna, 
inibindo possibilidades 
de comunicação 
escrita.
• O grupo deverá se organizar a fim de apresentar uma 
mesa redonda, na qual todos participam e poderão 
perguntar e serem questionados a qualquer momento 
desde que o mediador, no caso o professor, julgue 
pertinente. Gerando assim, um grande debate.
• Ao final das entrevistas, serão selecionadas as dez 
perguntas mais pertinentes ao assunto abordado, os 
alunos deverão fazer uma reescrita, observando a 
estrutura, a ortografia e a pontuação. Ao final do projeto, 
as dez melhores perguntas circularão no jornal da escola.
• A avaliação será feita pela participação e envolvimento no 
projeto, pelas elaborações de perguntas e envolvimento 
com o projeto.
Fonte: A autora. 
As realizar atividades envolvendo entrevistas, o professor pode explorar 
diversos aspectos como, verificar se os alunos compreenderam as principais 
características da entrevista, enfatizar a diferença entre a entrevista oral e 
a escrita. A intenção do entrevistador ao elaborar e realizar uma entrevista, 
os objetivos de publicar, a linguagem a ser utilizada e tantos outros objetivos 
podem ser explorados.
Uma das dificuldades mais recorrentes encontradas nas crianças é 
se expressar na sua própria língua materna, inibindo possibilidades de 
comunicação escrita. Trabalhar com o texto jornalístico oportuniza aos alunos 
perceberem a importância de argumentar, pesquisar, perguntar, questionar em 
situações reais.
É preciso ressaltar, a importância de explorar gêneros que circulam no 
cotidiano dos alunos, sempre incentivando a leitura para que os alunos se 
apropriem das características do gênero.
A seguir, faremos algumas reflexões sobre atividades com o gênero 
receita. Mais especificamente receita de bolo. Você pode estar se perguntando, 
porque é importante para o aluno explorar receitas? No início do capítulo foi 
enfatizado a importância de práticas sociais que possibilitem o aprendizado, 
aprender receita de bolo é uma prática social. 
107
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
gênero receitA de Bolo
O objetivo principal do projeto é proporcionar a construção do conhecimento 
e interação entre os alunos, o contato constante com este gênero textual de 
forma divertida e contextualizada, através da pesquisa, reflexão e estudo de 
receitas em sala de aula e da elaboração de um livro de receitas culinárias. 
Você sabia que estudar o gênero receita de bolo possibilita explorar 
habilidades e competências? Quer ver? Observe.
Projeto Livro de Receitas
Objetivos:
• Identificar as características do gênero receita;
• Ler e observar a estrutura do gênero receita;
• Identificar a finalidade do gênero;
• Compreender e reconhecer a importância das medidas;
• Perceber o uso dos numerais na receita;
• Percebera utilização da estrutura receita para produção 
de outro gênero;
• A diferença do gênero receita de bolo e receita médica;
• Produzir um livro de receitas para o dia das mães.
Metodologia:
• Apresentar o projeto aos alunos motivando a participação 
de todos.
• Os alunos serão informados que construirão um livro de 
receitas que será presenteado no dia das mães;
• As atividades serão desenvolvidas de forma individual e 
coletiva, sempre interagindo com os colegas e professor;
• A turma será dividida em grupos mistos de surdos e ouvintes;
108
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
• Serão entregues aos alunos receitas culinárias e receitas 
de remédios, para que observem e comparem as 
características das receitas;
• Analisar as partes que compõem a receita e a sua função 
(Ingredientes, modo de preparo);
• Observar a receita de remédio e comparar as características 
e funções das duas receitas, compartilhando a opinião com 
os grupos;
• Os alunos deverão pesquisar na internet receitas de seu 
bolo preferido;
• Uma das receitas será escolhida pelo grupo e realizada 
na cozinha da escola e compartilhada na hora do lanche 
pelo grupo;
• Será feito um relatório explicitando a prática na cozinha, 
em sala de aula os alunos realizarão atividades 
relacionadas ao uso do numeral e das medidas.
• Os alunos irão à biblioteca ler e selecionar receitas.
• Será apresentado para os alunos na contação de histórias 
o poema Receita de Sergio Caparelli para análise, 
interpretação e comparação com o gênero receita;
• No segundo momento de leitura será apresentado o 
poema Receita para passar de ano (autor desconhecido), 
para interpretação e reflexões;
• Os alunos deverão organizar o livro de receitas seguindo 
a orientação do professor quanto a estrutura da página e 
o alinhamento da estrutura do texto;
• A poesia de Caparelli deverá ser a capa do livro, após 
serão organizadas as receitas conforme as pesquisas dos 
alunos e após deverão ser ilustradas pelos alunos.
Fonte: A autora. 
109
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
Observe que esse projeto poderia ser multidisciplinar, pois o professor 
de matemática poderia aprofundar questões relacionadas aos numerais 
e medidas, o professor de artes poderia orientar as ilustrações bem como 
trabalhar a cultura popular, o professor de geografia poderia trabalhar as 
receitas características de cada estado do Brasil. Enfim, existem muitas 
possibilidades para realizar projetos de maneira interdisciplinar.
Atividade de Estudos: 
1) Leitura e estudo do texto
Leia o texto e observando-o responda:
Figura 42 – Bolo de chocolate
 
Fonte: Disponível em: <http://www.e-tudo.net/receita-
bolo-chocolate>. Acesso em: 19 set. 2012. 
Ingredientes
4.5
3 ovos
1 e 1/2 xícara ( chá ) de açúcar
2 xícaras ( chá ) farinha de trigo
1 xícara ( chá ) de chocolate em pó ou achocolatado
1/2 xícara ( chá ) de óleo
1 colher ( sopa ) de fermento em pó
1 pitada de sal
1 xícara ( chá ) de água quente
Cobertura:
4 colheres ( sopa ) de leite
1/2 xícara ( chá ) de chocolate em pó
1 colher ( sopa ) de manteiga
1 xícara ( chá ) de açúcar
110
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
Modo de Preparo
1- Bata os ovos com o açúcar, óleo, achocolatado e farinha, depois 
adicione a água quente e por último o fermento em pó
2- Asse em forno com temperatura média por 40 minutos, 
desenforme quente
Cobertura:
1- coloque todos os ingredientes em uma panela e leve ao fogo 
até que levante fervura, despeje ainda quente em cima do bolo
OBS: Essa receita foi retirada do site: http://tudogostoso.
uol.com.br/receita/54-nega-maluca 
1- Qual a função desse texto?
2- Onde esse texto é publicado?
3- O texto é composto de quantas partes? Quais são elas?
4- Como chamamos a lista de elementos que serão utilizados? E 
as instruções de preparo?
5- De acordo com seu texto, qual é o primeiro passo?
6- Pesquise o significado das palavras desconhecidas no dicionário.
2) Na receita da cuca, escreva por extenso os numerais:
Ingredientes
500 gramas de farinha de trigo ( _______________ )
70 gramas de fermento químico ( ____________ )
3 colheres de sopa de óleo ( _______ )
3 colheres de açúcar mascavo ( _______ )
1 pitada de sal ( ___________ )
½ litro de leite ( _________ )
2 ovos ( _______ )
111
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
Modo de preparo
Dissolva o fermento em um pouco de leite com açúcar e deixe 
crescer durante 10 ( ________ ) minutos. Misture o resto dos 
ingredientes e deixe dobrar de tamanho. Coloque em forma untada 
por 14 ( __________________ ) minutos para crescer. Coloque a 
cobertura desejada e deixe no forno por 40 ( __________ ) minutos.
3) Leia o texto e observando-o responda:
Figura 43 – Receita para passar de ano
Fonte: Disponível em: <http://vaniasalvo.blogspot.com.br>. 
Acesso em: 18 set. 2012. 
1- Porque o texto se parece com uma receita?
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
2- Quais são os ingredientes utilizados?
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
3- Qual parte do texto explica o modo de preparo?
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
4- Porque não se parece com uma receita comum? 
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
112
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
3.Leia com atenção a receita abaixo e responda: 
RECEITA
Pegue dois sonhos, dos grandes,
quebre-os com cuidado na borda da travessa, da pia, o una 
Ponta do nariz,
separe a clara no escuro,
batendo separado até nevar em abundância.
Misture bem, 
Com carinho e paciência,
E leve tudo ao forno Numa forma,
untada com diabinhos brancos.
Marque no relógio 30 segundos, agora, neste instante;
Deixe os diabinhos partirem em bando
E retire o sonho do forno.
E então, juntos, nós dois,
De mãos dadas, provaremos essa delícia,
Olhando as primeiras estrelas.
SERGIO CAPARELLI. Paciência tem hora.
Porto Alegre: L& PM, 1989. p. 33.
Figura 44 – Receita 
Fonte: Disponível em: <http://lizianesantos.blogspot.
com.br>. Acesso em: 18 set. 2012.
113
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
As práticas propostas 
envolvendo gêneros 
textuais focando 
práticas sociais podem 
contribuir para as 
práticas cotidianas de 
sala de aula.
1. Porque o texto se parece com uma receita?
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
2. Quais são os ingredientes utilizados?
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
3. Qual parte do texto explica o modo de preparo?
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
4. Porque não se parece com uma receita comum? 
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
Ao retomarmos os objetivos deste capitulo, observamos que o objetivo do 
capítulo é apresentar práticas de leitura e escrita capazes de atingir a alunos 
ouvintes e surdos. A próxima seção trará uma reflexão acerca das práticasapresentadas enfatizando a importância da língua de sinais estar presente na 
trajetória do aluno surdo.
reflexõeS AcercA dAS diferenteS PráticAS 
de letrAmento
 
Segundo Quadros (2003), a aquisição da Língua Portuguesa escrita 
por crianças surdas, ainda encontra-se baseada no ensino de Língua 
Portuguesa para ouvintes. A autora menciona o uso de métodos artificiais 
de estruturação da linguagem como a Chave de Fitzgerald ou o método de 
Perdoncini, que não conseguiram sanar as dificuldades dos surdos. Não 
pretendemos apresentar soluções ou fórmulas mágicas para o ensino e 
aprendizagem de alunos surdos, mas contribuições para esse processo tão 
significativo para surdos ou ouvintes.
As práticas propostas envolvendo gêneros textuais focando práticas 
sociais podem contribuir para as práticas cotidianas de sala de aula. Porém, é 
114
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
importante destacar que o aluno surdo tem o direito de receber a informação 
através da sua língua materna, portanto, a presença de um intérprete ou de 
um professor bilíngue é indispensável para a aplicação dos projetos sugeridos.
Aprender a ler e escrever de acordo com Soares (2002) influencia em 
vários fatores da vida do sujeito, seja social, linguística, cognitivamente e 
outros. De acordo com a autora, as alterações que recaem sobre o indivíduo, 
ou seja, incorporar diferentes práticas sociais e apropriar-se do processo de 
leitura e escrita chama-se: LETRAMENTO.
Para Soares (2002) o letramento não pode ser visto como uma série 
de habilidades individuais, afinal, letramento é um conjunto de práticas que 
envolvem a leitura e a escrita e os seus aprendizes se envolvem no seu 
contexto social, letrar é inserir a criança na sociedade através das práticas de 
leitura e escrita.
As práticas sugeridas na seção anterior tentam fazer esse movimento em 
direção ao letramento. As propostas certamente proporcionarão momentos de 
interação e reflexão.
As famílias podem se envolver no projeto lendo poesia ou assistindo a 
leitura realizada pelos alunos. O projeto sobre poesia permite refletir questões 
ligadas ao relacionamento familiar, entre colegas ou mesmo, se tratando 
de adolescentes, entre namorados. Afinal, todo projeto deve ser adequado 
conforme o interesse e a faixa etária dos alunos. 
A proposta envolvendo o gênero entrevista oportuniza contato com um 
gênero que pode gerar polêmicas, debates, seminários. O gênero argumentativo 
pode ser explorado de muitas maneiras e ampliar significativamente o 
conhecimento de mundo dos alunos.
O projeto sobre o gênero receita, também permite interação no âmbito 
familiar, as mães podem sugerir receitas, fazer anotações com dicas, olhar 
rótulos de produtos no supermercado, pesquisar receitas de família.
Caro pós graduando, se você quiser aprofundar os seus 
estudos sobre os gêneros textuais segue alguns links:
 http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/slp27/06.pdf
 http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt10/t109.pdf
115
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
A necessidade de 
a família entrar 
em contato com a 
comunidade surda, 
oportunizando a 
interação entre 
crianças e adultos 
surdos, contando com 
um atendimento que 
assuma o bilinguismo.
A criança precisa saber 
fazer uso e se envolver 
nas atividades do dia-
a-dia que envolvem a 
leitura e a escrita.
 http://www.slideshare.net/robertascheibe/letramento-como-
prtica-social-7468172
Soares (2002) também afirma que o letramento é cultural e as crianças 
vão para escola com conhecimentos internalizados no cotidiano. Portanto, a 
criança precisa saber fazer uso e se envolver nas atividades do dia-a-dia que 
envolvem a leitura e a escrita. Para a autora, algumas atividades do cotidiano 
incentivam o contato das crianças com o mundo letrado, visitar bibliotecas, 
escolher um livro pra ler, uma revista, buscar o jornal, enfim, a criança precisa 
se envolver em atividades motivadoras da leitura e da escrita.
No caso de crianças surdas, diversas pesquisas revelam que a barreira 
que existe na comunicação da família ouvinte e do filho surdo dificulta ou 
impossibilita o envolvimento de crianças surdas nas práticas sociais de 
letramento. 
O desenvolvimento da linguagem, para a criança, significa o 
desenvolvimento de habilidades que permitem a capacidade de se apropriar 
e utilizar recursos da língua, que produzirão sentidos adequados às inúmeras 
situações comunicativas. Podemos pensar que a aquisição da língua permite 
a interação e a comunicação entre os sujeitos.
Por meio da aquisição da língua, o ser humano amplia a sua concepção 
de mundo. Evidenciando a necessidade de a criança surda ser exposta o mais 
cedo possível a um sistema linguístico, no caso, à língua de sinais. 
Expor a criança à língua depende, principalmente, do movimento que a 
família fizer em direção ao aprendizado da língua materna de seu filho. Em um 
primeiro momento, é fundamental que os pais ou responsáveis se apropriem 
da língua de sinais, e, aos poucos, as demais pessoas que convivem no meio 
familiar devem dominá-la também, oportunizando o pleno desenvolvimento da 
criança. A reflexão sobre a importância da aquisição da língua de sinais pelos 
familiares do surdo leva, inevitavelmente, à importância das trocas familiares 
para o desenvolvimento escolar do aluno surdo.
Para Skliar (1997), as trocas entre pais e filhos surdos e pais e filhos 
ouvintes são semelhantes e proporcionam à criança contato com a cultura 
e a comunidade à qual pertencem. O mesmo não acontece no caso de pais 
ouvintes e filhos surdos. Conforme esse autor, a partir do momento em que a 
família diagnostica a surdez, as relações comunicativas podem mudar. O autor 
alerta para a necessidade de a família entrar em contato com a comunidade 
surda, oportunizando a interação entre crianças e adultos surdos, contando 
com um atendimento que assuma o bilinguismo.
116
 Práticas Sociais de Leitura e de Escrita em Libras
Atividade de Estudos: 
1) Na sua opinião, quais estratégias o professor pode utilizar para 
contribuir efetivamente para o desenvolvimento do seu aluno 
surdo incluído?
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AlgumAS conSiderAçõeS
Chegamos ao final do caderno com a certeza que ainda há muito o que 
refletir, aprender e considerar na caminhada docente. São muitas questões 
políticas, teóricas, sociais e metodológicas que interferem na prática cotidiana 
do professor. Compreender concepções, aprimorar atividades, criar, recriar, 
avaliar, enfim, uma infinidade de verbos a considerar.
Cada aluno tem uma especificidade, um grupo de alunos é composto por 
grande diversidade, inserir a esse grupo, estudantes surdos, é diversificar 
o diverso. Compreender a dimensão desse contexto seria possível se 
pensássemos em um grupo de orientais falantes somente da sua língua 
materna, inseridos em um grupo de brasileiros falantes apenas da sua língua 
materna. Pode acontecer integração, interação, adaptação desse grupo, mas 
certamente esse processo exigirá muito do professor que irá intermediar.117
SugeStõeS de AtividAdeS utilizAndo gêneroS 
textuAiS nA PráticA de letrAmento de SurdoS Capítulo 4 
O processo de inclusão está em andamento, é um caminho longo, árduo, 
mas terá que ser trilhado. O sucesso da inclusão depende de vários fatores 
sociais, políticos, econômicos, mas, certamente, quem está frente a frente 
com a inclusão é o professor, que dentro e fora da sala de aula busca recursos 
e estratégias que contribuam efetivamente para o processo de ensino e 
aprendizagem dos alunos, independente da sua especificidade.
referênciAS 
QUADROS, R. M. de. Situando as diferenças implicadas na educação de 
surdos: inclusão/exclusão. Revista Ponto de Vista. nº.5. 81-112. 2003. NUP. 
Florianópolis.
SKLIAR, C. (Org.). Educação e exclusão: abordagens sócio-antropológicas 
em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997.
SOARES, Magda. Metamemória-memórias: travessia de uma educadora. 
São Paulo: Cortez, 2001.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2002.

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