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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG
Unidade de Divinópolis
RESENHA: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL DAS NOÇÕES DE RACA, RACISMO, IDENTIDADE E ETNIA
RAYLSON ALVES DO NASCIMENTO
Divinópolis – Minas Gerais
2020
RESENHA: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL DAS NOÇÕES DE RACA, RACISMO, IDENTIDADE E ETNIA
O conceito de raça tem origem do italiano razza, derivado do latim ratio, que denota espécie, categoria e sorte. O conceito de raça foi usado na Zoologia e Botânica para classificar as espécies animais e vegetais. Contudo, o conceito de raça foi se expandindo, levando a uma classificação em raças hierarquizadas. 
A raciologia tinha como foco justificar e comprovar os métodos de domínio racial. Um exemplo de domínio racial foi o nazismo, ocorrido na Segunda Guerra Mundial, que tinha como foco eliminar os judeus por não serem considerados de raça pura. 
Nota-se que, atualmente, o conceito de raça usado não está mais ligado ao aspecto biológico. É um conceito marcado por ideologias, que esconde a relação de poder e dominação. O aspecto semântico do conceito de raça é marcado pela base global da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Os conceitos de negro, mestiço e branco não consistem no mesmo significado no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, África do Sul, dentre outros. 
Nota-se que a diversidade genética é completamente indispensável à sobrevivência do homem. Cada pessoa é única e se diferencia das demais pessoas do passado, do presente e do futuro, não somente no aspecto morfológico, mas também fisiológico e imunológico, além das condutas e comportamentos. Ao longo de nossas vidas passamos a adquirir hábitos e costumes que permeiam nossa conduta na sociedade, sendo completamente influenciados pelo meio que vivemos. Porém, todos seres humanos são feitos de carne e osso, não existindo pessoas melhores ou piores pelo fato da cor da pele. 
Uma sociedade que almeja aumentar os benefícios da diversidade genética de seus componentes precisa ser igualitária, ou seja, proporcionar aos diferentes indivíduos a possibilidade de determinar os caminhos, formas e modos de vida variados, conforme as disposições naturais de cada um. A igualdade indica ainda o respeito às pessoas naquilo que elas têm de exclusivo, como a diversidade cultural e étnica e o reconhecimento do direito que tem todo indivíduo e toda cultura de manter suas características, porque fazendo isso, a diversidade cultural geral da humanidade será enriquecida.
O que se nota na atualidade é um racismo exagerado e cultivado desde a antiguidade. É frequente ligar o negro à criminalidade, homossexualidade, vulnerabilidade social e pobreza. As ofertas de trabalho para essa população, em sua maioria, também trazem reflexos de ser um trabalho braçal, com serviços que requerem força, o que leva novamente ao período da escravidão. Com relação às mulheres, os serviços domésticos estão quase sempre ligados à elas, além de possuírem salários menores e serem notadas no aspecto da sexualidade.
O preconceito ao negro nos Estados Unidos e no Brasil ainda é fato, mesmo após anos da abolição da escravatura. Caso recente de racismo ocorreu nos Estados Unidos, com a morte do negro George Floyd, que causou grande comoção mundial. O episódio fatal aconteceu no dia 25 de maio de 2020, no qual um jovem negro foi asfixiado por policiais. Tal fato levantou o debate acerca do racismo e sobre a imposição da força policial contra a comunidade negra. Floyd foi assassinado por supostamente tentar trocar uma nota falsa de 20 dólares em uma loja. Ele não ofereceu resistência, conforme apresentaram as imagens. Fatos recentes, como a morte de George Floyd e a quantidade de assassinatos de jovens negros no Brasil pela polícia, apontam que é preciso identificar a política de morte, para que a mesma seja combatida e impedida. E as filosofias da África, que são instrumentos de resistência, precisam ser ativadas nesse pensamento, visto que é o legado africano, marcado por corpos negros, e que tem sido aniquilado por tais políticas de morte.
Durante o século XX, os negros brasileiros ainda passaram por diversas dificuldades para superarem as discriminações no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Mesmo com o reconhecimento da igualdade formal diante a lei, na prática os negros não conseguiam facilmente as mesmas posições que os brancos, principalmente no plano econômico.
Com relação ao racismo, o mesmo foi criado nos anos 1920, que é o conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias. Geralmente o racismo é abordado com base na raça, sendo uma ideologia essencialista que requer a divisão da humanidade em grandes grupos denominados raças contrastadas que apresentam características hereditárias e físicas semelhantes, que promovem valores desiguais entre os seres. 
O Racismo é a ideologia em que uma raça, etnia ou demais aspectos físicos sejam superiores a outros. O racismo pode se apresentar tanto em nível particular, como em nível institucional, por meio de políticas como a escravidão, o apartheid, o holocausto, o colonialismo, o imperialismo, dentre outros.
O racista institui a raça no aspecto sociológico, isto é, a raça no imaginário do racista não é somente um grupo marcado pelos traços físicos. A raça para o racista consiste em um grupo social com traços culturais, linguísticos, religiosos, etc. que ele avalia naturalmente inferiores ao grupo à qual ele está inserido. 
Mesmo estando no terceiro milênio, nota-se que o racismo ainda está presente de maneira significativa. A consciência política reivindicava das vítimas do racismo nas sociedades atuais está aumentando cada vez mais, o que demonstra que as práticas racistas ainda existem. Com a globalização, o que se nota é um racismo composto com base nas diferenças culturais e identitárias.
Nesse aspecto é importante mencionar a etnia. A etnia é um conjunto de pessoas que, de maneira histórica ou mitológica, possui um antepassado comum; possuem uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão; uma mesma cultura e habitam geograficamente num mesmo território.
Determinadas etnias estabeleceram sozinhas nações. Tal fato é semelhante a de diversas sociedades indígenas brasileiras, africanas, asiáticas, australianas, etc.. que são ou foram etnias nações. Cada etnia possui culturas próprias, que precisam ser respeitadas.
Indubitavelmente, por uma visão político-ideológica que instituiu de maneira coletiva os brancos no alto da pirâmide social, do controle e do poder, independentemente de suas ascendências culturais de origem étnica, tem-se intenção, por vício da ideologia racista que constitui uma relação inseparável entre biologia e cultura ou raça e cultura, a analisar a população branca, independentemente de suas diferentes origens geográficos e culturais, como pertencente a uma mesma cultura ou mesma etnia, daí as expressões equívocas e equivocadas de “cultura branca” e “etnia branca”. 
Desse modo, o mundo foi separado em brancos e negros. O que se nota é um domínio branco em relação aos negros. Recentemente, a empresa brasileira Magazine Luiza realizou uma propaganda enfatizando que necessitava de mais negros no seu quadro de funcionários. Tal ação levou a um debate racista, fazendo com que a empresa fosse acusada de racismo com relação ao branco. Porém, o pensamento não era esse, e sim permitir maiores oportunidades aos negros. 
Desse modo, nota-se que o racismo ainda é uma realidade e é preciso que as pessoas se conscientizem que a raça humana é uma só, o que as diferencia são os aspectos culturais e não a cor da pele. 
REFERÊNCIAS
MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, Identidade e etnia. Palestra proferida no 3º Seminário Nacional Relações Raciais e Educação-PENESB-RJ, 05/11/03.

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