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EA D O Batismo e a Confirmação 2 1. OBJETIVOS • Interpretar a normativa relativa ao sacramento do batis- mo e da confirmação. • Propiciar um confronto entre a normativa e a práxis ecle- sial. 2. CONTEÚDOS • Aspectos teológicos e canônicos fundamentais. • A celebração. • O ministro. • Os batizandos e os confirmandos. • A prova e a anotação do batismo e da confirmação. © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 86 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Feita a introdução geral ao estudo dos sacramentos che- gou o momento de iniciar a análise da normativa relativa a cada um deles. 2) Inicialmente você será colocado diante de dois sacra- mentos muito conhecidos: o batismo e a confirmação. 3) Tradicionalmente a legislação sacramental da Igreja se- gue o mesmo esquema da sacramentária, ou seja, gira em torno daqueles conceitos chaves já vistos na primei- ra unidade: aspectos teológico-jurídicos fundamentais; a celebração (matéria e forma); o ministro; o sujeito dos sacramentos (batizando e confirmando); a prova e a anotação do sacramento recebido. 4) É importante destacar, logo de início, que o batismo é a "porta" dos sacramentos e, portanto, é absolutamente necessário passar por ele para ter acesso aos demais sa- cramentos. Sendo um sacramento fundamental para a salvação, uma vez que nos insere em Cristo e na Igreja, você perceberá que a normativa está construída no sen- tido de sempre favorecê-lo, embora, obviamente, exis- tem exigências. 5) Em relação ao sacramento da confirmação, tendo pre- sente que se trata de um sacramento que, na tradição latina, é dado aos que possuem alguma maturidade na fé e, sobretudo, está voltado para a missão, a normativa é um pouco mais exigente, embora nunca crie obstácu- los intransponíveis, pois, a Igreja não tem a pretensão de elitizar os sacramentos, reservando-os a poucos pri- vilegiados. 6) Sugirimos, enfim, que não deixe de consultar a biblio- grafia indicada no final da unidade, pois este material de apoio serve, apenas, para indicar um caminho que caberá a você percorrer. 87© O Batismo e a Confirmação 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade, você será convidado a refletir sobre a norma- tiva relativa ao sacramento do batismo e da confirmação, permi- tindo-lhe, assim, confrontá-la com a práxis eclesial que conhece. No final desta unidade você terá em mãos um conjunto de informações que poderão lhe orientar em diversas situações rela- tivas à práxis destes sacramentos. Bom estudo! 5. BATISMO O CIC dedica 29 cânones ao sacramento do batismo, distri- buindo a matéria da seguinte forma: a) Princípios teológico-canônicos sobre o batismo (cân. 849). b) A celebração do sacramento (cânn. 850-860). c) O ministro (cân. 861-863). d) Os batizandos (cânn. 864-871). e) Os padrinhos (cânn. 872-874). f) Prova e anotação do batismo conferido (cânn. 875-878). Este esquema irá se repetir para todos os sacramentos, exce- tuando-se o sacramento do matrimônio. Aspectos teológicos e canônicos fundamentais (cân. 849) O cân. 849 resume a fé da Igreja sobre o batismo. As fontes do cânon são os textos conciliares (LG 11, AG 14, PO 15) e os livros litúrgicos. O texto exprime uma rica doutrina sobre o batismo, subli- nhando tanto a eficácia salvífica em relação ao indivíduo (liber- tação do pecado, filiação divina) quanto a dimensão cristológi- ca e eclesiológica do evento sacramental (configuração a Cristo, © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 88 incorporação à Igreja, necessidade do batismo para a salvação). Encontramos no cânon aspectos teológicos e jurídicos de grande relevância. Vejamos: Aspectos teológicos fundamentais: a) O batismo é a porta dos sacramentos, isto é, nenhum sacramento é válido sem a recepção do batismo. b) O batismo liberta do pecado original e dos pecados pes- soais (se adulto). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O Batismo na idade adulta não exige que o batizando se confesse antes de recebê-lo, nem adiantaria fazê-lo, porque não poderia receber este sacramento. Também não é necessário que após o batismo a pessoa confesse os pecados cometidos antes do Batismo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– c) O batismo é o sacramento daquela fé mediante a qual os homens, iluminados pelo Espírito Santo, respondem ao Evangelho de Cristo. d) Mediante o batismo o homem é unido a Cristo crucifi- cado e glorificado, sendo regenerado para participar da vida divina por obra do Espírito Santo (SC 6; UR 22; AG 14). e) Com o batismo o homem é incorporado à Igreja, tornan- do-se membro do povo de Deus e participante da mis- são de Cristo mestre, sacerdote e pastor (LG 10-11; SC 14; AG 6; PO 5). f) O batismo constitui o vínculo sacramental da unidade de todos os cristãos que em Cristo formam um só ser. Por isso o batismo é o fundamento da unidade da Igreja e está na base do ecumenismo cristão (UR 22; LG 15). g) Do batismo deriva a igual dignidade, liberdade e respon- sabilidade de todos os batizados (LG 9). h) O batismo produz um efeito permanente e definitivo denominado caráter e empenha o cristão em uma vida nova conforme sua nova condição. 89© O Batismo e a Confirmação Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– O caráter sacramental é indelével. O cristão poderá abandonar a sua fé, cair na heresia, romper a comunhão com a Igreja ou a Igreja poderá lhe negar a parti- cipação em determinados bens sociais. Contudo, o batizado sempre carregará impressa no mais íntimo do seu ser a imagem de Cristo e da Igreja. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Aspectos canônicos fundamentais a) Pelo batismo o homem torna-se fiel e é constituído pes- soa na Igreja de Cristo, com deveres e direitos próprios dos cristãos (cânn. 204 §1 e 96). b) Do batismo deriva a igualdade entre os fiéis no ser e no agir (cân 208). c) Pelo batismo a pessoa é vinculada à Igreja. Este vínculo funda o direito-dever da comunhão com a Igreja e da participação na sua vida e missão (cânn. 209 §1 e 216). d) O batismo funda a unidade de todos os batizados entre si. Isto implica a superação de divisões, a recíproca acei- tação na comunidade visível de todos aqueles que Deus chamou à salvação e os constituiu como o seu povo. Outros aspectos evidenciados pelo cân. 849 a) O batismo de fato ou, ao menos, de desejo é necessário para a salvação. Tal afirmação se fundamenta nas pala- vras de Jesus: "Quem não nascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino dos Céus" (Jo 3,5). Este prin- cípio possui um notável influxo na disciplina do batismo. Vejamos alguns de seus múltiplos aspectos. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Costuma-se distinguir três espécies de batismo: de água, que é o batismo que conhecemos e praticamos; de desejo, que seria o caso daqueles que morreram, desejando ardentemente o batismo, mas não chegam a recebê-lo; de sangue, que é o caso daqueles que foram martirizados antes da recepção do batismo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– b) Afirma-se, acima de tudo, o dever de conferir o batismo em perigo de morte do batizando (cânn. 867 §2, 868 §2). A celebração do batismo em caso de necessidade ou em perigo de morte poderá sofrer muitas mudanças em re- lação à celebração normal. © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 90 Vejamos algumas mudanças: Em caso de necessidade: a) Pode ser usada água não benta (cân. 853). b) O batismo pode ser conferido fora do lugar próprio da celebração (cân. 857 §1, 860 §1). c) Ou fora do território de competência do ministro (cân. 862). d) Pode ser conferido por qualquer um que tenha reta in- tenção (cân. 861 §2). Em caso de grave necessidade: a) É permitido observar somente o queé exigido para a va- lidade do sacramento (cân. 850). Em perigo de morte: a) O batismo deve ser conferido sem demora (cân. 867 §2). b) A criança filha de pais católicos, e mesmo não católicos, é licitamente batizada mesmo contra a vontade dos pais (cân. 868 §2). c) O princípio da necessidade do batismo para a salvação guia a solução dos casos em que não haja uma prova certa do batismo e se duvide do batismo, ou, mesmo, de sua validade (cânn. 869 §1, 870). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Esta prescrição recorda outra necessidade: a urgência de preparar pessoas que saibam administrar o batismo de emergência: médicos, pessoal de enfermagem, catequistas e até, em última análise, os próprios pais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– d) Para a validade do batismo exige-se a ablução com água verdadeira, juntamente com a devida forma verbal: "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (cân. 849). Sobre a forma a ser utilizada veja o texto: HORTAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, p. 54-55. 91© O Batismo e a Confirmação A celebração do batismo (cânn. 850-860) Esclarecido o conceito de adulto para efeitos meramente batismais (cân. 852 §1), o CIC regula a preparação para o batis- mo, tanto de adultos quanto de crianças (cân. 851), dá disposições sobre a fonte e sobre a água batismal (cânn. 853 e 858), sobre as cerimônias (cânn. 850 e 854-856) e sobre o lugar da celebração do batismo (cân. 857 e 859-860). Vejamos, então, os principais aspectos da normativa: a) Batismo de adultos e de crianças - O conceito de adul- to para efeitos meramente batismais se concretiza em dois requisitos fundamentais: ter saído da infância e ter atingido o uso de razão (cân. 852 §1). O cân. 97 §2 consi- dera "saídos da infância" os que completaram sete anos de idade, pois até esta idade a pessoa é considerada criança. Os dois requisitos devem estar simultaneamen- te presentes. Quem não é responsável pelos seus atos não é considerado adulto, sendo assimilado às crianças (cân. 852 §2). Esta distinção é importante porque para as crianças se utiliza o rito do batismo de crianças e para os adultos o rito da iniciação cristã de adultos. Informação complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Os dois ritos possuem várias diferenças. Eis algumas: 1. Em relação aos sujeitos: um rito é para crianças e outro para adultos. 2. Em relação à sequencia ritual: para os adultos são previstas etapas e graus e para as crianças se prevê a preparação dos pais ou de quem faz as suas vezes e tudo se resolve em uma única celebração. 3. Em relação aos sacramentos conferidos: para os adultos se prevê numa mesma celebração a administração do batismo, confirmação e eucaristia. Para as crianças se confere, apenas, o batismo. 4. Em relação ao ministro: para as crianças o ministro normalmente é um pres- bítero, enquanto para os adultos (acima de 14 anos) normalmente é o bispo (cân. 863). 5. Em relação à preparação: para as crianças a preparação é dirigida aos pais e para os adultos é dirigida a eles mesmos, segundo as etapas previstas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 92 b) Formas de se conferir o batismo - O cân. 854 estabelece que o batismo seja conferido por imersão ou por infusão, observando-se as prescrições da Conferência dos Bispos. Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Na história do batismo encontramos três formas de administrá-lo: infusão, imer- são e aspersão. A segunda caiu em desuso, por se tornar, normalmente, incô- moda. A terceira também não é utilizada, pois não é certo o contato da água com a pessoa, suscitando dúvidas a respeito da validade. Entre nós é mais comum a prática da infusão (derramamento de água). No entanto, permite-se o batismo por imersão, onde houver condições adequadas, a critério do Bispo diocesano. O CIC atual já não fala do batismo por aspersão e, portanto, não é lícito usá-lo, pelas razões já expostas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– c) O lugar da celebração - Os cânones 857-860 tratam do lugar da celebração do batismo. Fora dos casos de ne- cessidade o lugar próprio da celebração do batismo é a igreja ou o oratório (cân. 857 §1). A preferência é pela igreja paroquial (cân. 857 §2) que deve possuir, por di- reito, uma pia batismal (858 §1). O eventual direito a ter uma pia batismal adquirido por uma igreja não paro- quial ou oratório não exclui o direito da paróquia, mas, simplesmente, torna-se cumulativo com o dela (858 §1). Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Sob denominação de Igreja, entende-se um edifício sagrado destinado ao culto público, ao qual os fiéis têm o direito de ir para praticar o culto divino, especial- mente público (cân. 1214). Por oratório entende-se um lugar destinado, com li- cença do Ordinário, ao culto divino em favor de alguma comunidade ou grupo de fiéis que aí se reúnem, e ao qual também os outros fiéis podem ter acesso com a licença do Superior competente (cân. 1223). Um exemplo típico de oratório encontramos nas assim chamadas "capelas dos religiosos", pois servem de lugar de culto para a comunidade religiosa e nelas os fiéis podem entrar caso sejam admitidos pelo superior da comunidade. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Informação complementar ––––––––––––––––––––––––––––– A preferência dada à igreja paroquial se justifica pelos seguintes motivos: a) pela particular fisionomia reconhecida pelo CIC à paróquia, vista como uma comu- nidade de fé, de culto e de caridade (cânn. 515 §1, 528, 529); b) porque é na paróquia que normalmente o fiel continua o seu itinerário sacramental; c) porque na paróquia é possível desenvolver uma eficaz pastoral do batismo; d) porque na paróquia fica guardado o arquivo com o registro dos batizados (cân. 535). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 93© O Batismo e a Confirmação d) Quando o batizando, por causa da distância ou de outras circunstâncias, não puder ir ou ser levado, sem grave in- cômodo, à igreja paroquial ou a outra igreja ou oratório que tenha uma pia batismal, o batismo pode ser confe- rido em outra igreja ou oratório mais próximo, ou em outro lugar conveniente (cân. 859). Fora do caso de necessidade o batismo não pode ser conferido em casas particulares, a não ser que o Ordi- nário local, por grave causa, o tenha permitido (cân. 860 §1), e nem mesmo nos hospitais, a não ser que, em caso de necessidade ou por outra razão pastoral, o Bispo o autorize (cân. 860 §2). Sobre a noção de Ordinário e de Ordinário local sugerimos que você leia: cân. 134 §§ 1 e 2. e) Dia da celebração do batismo - O batismo ordinariamen- te deve ser celebrado no domingo ou, se possível, na vigília pascal, embora possa ser celebrado em qualquer dia (cân. 856). Trata-se de uma norma que coloca em evidência o caráter pascal e eclesial do batismo. Enquan- to rito de iniciação na Igreja, o batismo não é um assunto privado, mas de toda a Igreja. Deve encontrar o seu lugar na comunidade que se reúne para celebrar solenemen- te e publicamente os eventos fundamentais de sua fé, como ocorre de modo particular, na solene vigília pascal e aos domingos. O ministro do batismo (cânn. 861-863) Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Para aprofundar o estudo sobre o ministro do batismo veja: HORTAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, p. 55-59. Ivo Müller acrescenta que no Brasil desde 1970 é permitida a nomeação de ministros extraordinários para o batismo. Cf. MÜLLER, I. Direitos e deveres do povo de Deus. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 137. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 94 O cân.861 distingue duas categorias de ministros do batismo: a) Os ministros ordinários: o Bispo, o presbítero e o diácono. Ad- ministram o batismo em virtude do ministério recebido. Um lugar especial ocupa o pároco, pois a ele compete administrar o batismo de seus fiéis (cân. 530, 1º). Quando, porém, se tra- tar do batismo de adultos, ao menos dos que já completaram catorze anos de idade, é conveniente que se informe ao Bispo para que ele, se o julgar conveniente, o administre (cân. 863). O fundamento desta norma há de se procurar na relação que existe entre a significação do ministério episcopal e a do batis- mo como entrada na Igreja: tendo também em conta de que todo o processo de iniciação cristã dos adultos foi colocado, de modo particular, no âmbito do poder do Bispo diocesano, tal como refletem as disposições do Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos (RICA). b) Os ministros encarregados ou extraordinários: o catequista ou outra pessoa encarregada pelo Ordinário do lugar, ou, em ca- sos de necessidade, qualquer um, desde que movido por reta intenção. Tais pessoas agem de modo supletivo (as primeiras) ou em caso de necessidade (cân. 861 §2). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Há de se entender por necessidade não somente o perigo de morte, mas, tam- bém, a ausência prolongada de um ministro ordinário. Consideramos ausência prolongada do ministro ordinário, em analogia com o quanto estabelece o cân. 1116 §1, quando se prevê que não é possível acudir a ele sem grave dificuldade e se prevê prudentemente que essa situação se vai prolongar durante um mês. Desta forma se evitaria que os pais deixassem os filhos sem batizar por longas semanas. O Pe. Jesus Hortal, em seu comentário ao cân. 861, oferece-nos a seguinte informação: "Por rescrito da Sagrada Congregação dos Sacramentos, de 24 de agosto de 1970 (prot. 877/70), a CNBB recebeu a faculdade de permitir que as dioceses do Brasil pudessem designar leigos (logo, também religiosas ou religiosos não ordenados) como ministros extraordinários do batismo. O mesmo rescrito incumbia à CNBB a tarefa de indicar os critérios de julgamento para se definir quanto ao caso de ausência física ou moral do ministro ordinário do Ba- tismo. A CNBB, por decisão da Comissão Central (12 de setembro 1970), deixou às Comissões Episcopais Regionais a indicação desses critérios. Agora isso fica a cargo do Bispo diocesano". –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os batizandos (cânn. 864-871) Somente o ser humano ainda não batizado é capaz de rece- ber o batismo, pois o sacramento é único e não pode ser repetido, uma vez que imprime caráter (cân. 845 §1). Portanto, somente em 95© O Batismo e a Confirmação caso de dúvida sobre a sua realização ou sobre a sua validade (in- tenção do ministro, matéria, forma e intenção do sujeito) é que se permite um batismo sob condição (cân. 845 §2 e 869 §1). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os batizados em uma comunidade eclesial não católica não devem ser batizados de novo, nem mesmo sob condição. Isto somente poderá ocorrer se examinada a matéria e a forma utilizada (cân. 849), como, também, a intenção do batizado adulto e do ministro que realizou o batismo, persistir uma séria razão para duvi- dar da validade do batismo (cân. 869 §2). Sobre a validade do batismo nas igrejas cristãs não católicas conferir as se- guintes obras: HORTAL, J. E haverá um só rebanho. História, doutrina e prática católica do Ecumenismo. São Paulo: Loyola, 1989, p. 249-253; HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola 1987, p. 66-70; MÜLLER, I. Direitos e deveres do Povo de Deus. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 137-139. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Batismo de adultos As disposições relativas ao batismo de adultos se aplicam a todos os que atingiram 18 anos de idade (cân. 97 §1) e a todos os que, saídos da infância, atingiram o uso de razão (cân. 852 §1). Segundo o cân. 97 §2 presume-se o uso da razão quando a criança completa sete anos de idade. Para a validade do batismo de um adulto, em qualquer situ- ação, exige-se que tenha a intenção atual ou virtual de receber o batismo; ninguém poderá suprir tal intenção (cân. 865). Para a liceidade é preciso observar as seguintes condições: Em situações normais: a) que o batizando tenha manifestado a vontade de rece- ber o batismo; b) que tenha uma instrução suficiente sobre as verdades da fé e sobre as obrigações cristãs; c) que tenha sido provado, por meio de catecumenato, na vida cristã; d) que tenha sido admoestado para que se arrependa de seus pecados (cân. 865 §1). © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 96 Em perigo de morte: a) que o adulto tenha manifestado de algum modo sua in- tenção de receber o batismo; b) que tenha algum conhecimento das principais verdades da fé; c) que prometa observar os mandamentos da religião cris- tã, caso sobreviva (cân. 865 §2). Se não houver uma grave razão que o impeça, o adulto ba- tizado deve receber a confirmação e a Eucaristia logo depois do batismo, completando, desta forma, a iniciação cristã (cânn. 866 e 842 §2). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A plena iniciação cristã exige, necessariamente, a recepção dos sacramentos do batismo, da confirmação e da Eucaristia (cân. 842 §2) e, portanto, todo adulto que for receber o batismo deve logo em seguida ser confirmado e receber a Eucaristia, a não ser que uma razão grave o impeça (cân. 866). Neste sentido, não se compreende certas práticas adotadas em algumas paróquias que esta- belecem intervalos relativamente longos entre os sacramentos de iniciação cristã mesmo quando se trata de adultos não batizados. Parece-nos uma prática abu- siva e contrária à mente do legislador. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Batismo de crianças Dele se ocupam os cânn. 867-868. A normativa inspira-se e depende da convicção de que é plenamente legítimo e até um de- ver batizar as crianças. Trata-se de uma práxis constante da Igreja ao longo dos séculos, sustentada pelos Concílios e pelos Papas, reafirmada pela Congregação para a Doutrina da Fé na instrução sobre o batismo das crianças Pastoralis Actio (28 de janeiro 1980). A ideia fundamental é que o batismo, necessário para a salvação, é o sinal e o instrumento do amor de Deus que liberta do pecado e comunica a participação à vida divina. Por isso, este dom e estes bens não podem ser negados às crianças. a) Requisitos para a liceidade do batismo: Excetuado o pe- rigo de morte, pois neste caso o batismo deve ser reali- zado sem demora (cân. 867 §2), a Igreja não admite as crianças ao batismo sem o consentimento dos pais, ou 97© O Batismo e a Confirmação de ao menos um deles ou de quem legitimamente faz as suas vezes e sem uma fundada esperança de que a criança receberá uma educação católica (cân. 868 §1). Quanto ao primeiro requisito, o legislador precisa que o consentimento deve ser dado pelos pais ou, ao menos, por um deles ou por quem legitimamente faz as suas ve- zes (cân. 868 §1, 1º). Não se exige a fé dos pais, mas simplesmente que consintam o batismo do filho, pelas razões já expostas anteriormente. Quanto ao segundo requisito, a exigência de uma funda- da esperança de que a criança será educada na religião católica, não pode ser confundido com certeza, pois esta ninguém a tem. De qualquer forma podemos distinguir duas situações: 1) Quando o pedido do batismo é feito por católicos praticantes, o batismo deve ser realizado dentro das primeiras semanas após o nascimento (cân. 867 §1), pois se presume que tais pais educarão os filhos se- gundo a fé que possuem. Portanto, deverá ser asse- gurada a estas famílias a preparação para o batismo e a presença e participação ativa na celebração. O direito e dever de batizar os filhos logo nas primei- ras semanas após o nascimentopermanecem ínte- gro neste caso, mesmo que a Conferência Episcopal tenha introduzido um intervalo de tempo maior. 2) Quando o pedido do batismo é feito por famílias que pouco crêem e pouco participam, ou, então, por fa- mílias não cristãs, o batismo deve ser conferido so- mente se tais famílias oferecerem a garantia de que, uma vez batizada, a criança receberá uma educação católica. Tal garantia poderá consistir na escolha de padrinhos que praticam a fé, na ajuda que a comu- nidade de fiéis poderá oferecer ou algo do gênero. Se tal garantia for suficiente, o sacerdote não poderá negar o batismo e deverá realizá-lo sem demora. Se, ao contrário, a garantia não for suficiente, será pru- dente adiar (não negar) a celebração do batismo. Isto significa que o pároco deverá, no que depender dele, manter um contato com os pais até que tais © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 98 garantias sejam obtidas. Trata-se de uma decisão de caráter pedagógico e não punitivo. Caso a garantia oferecida não seja séria, então será possível adiar o batismo ou, até mesmo, negá-lo enquanto a falta de seriedade persistir. Contudo, é necessário evitar a tentação de se criar uma Igreja elitista (o sacramen- to seria reservado a poucos privilegiados) ou sacra- mentalista (o sacramento deve ser dado a todos e sem qualquer tipo de exigência), pois o que importa é suscitar a fé e promover o empenho evangélico. b) Tempo para se conferir o batismo – O batismo deve ser realizado dentro das primeiras semanas após o nasci- mento (cân. 867 §1). Trata-se de uma práxis que se im- pôs universalmente desde o século 12. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Havia em legislações anteriores a prescrição de batizar as crianças dentro de oito dias após o seu nascimento. Se o CIC atual apresenta uma norma com maior amplitude (dentro das primeiras semanas) é, entre outras razões, para que a mãe, principal protagonista no chamamento à vida daquela criança, possa recompor-se devidamente do parto, para tomar parte no grande acontecimento da vida do filho. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– c) O batismo de crianças em perigo de morte – O cân. 868 §2 estabelece que, em perigo de morte, a criança é ba- tizada licitamente, mesmo contra a vontade dos pais. O fundamento desta norma está no princípio de que o ba- tismo é necessário para a salvação, sendo um bem abso- luto. Portanto, o direito da criança à salvação prevalece sobre o direito que os pais têm de determinar a educa- ção religiosa a ser dada aos filhos. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Evidentemente que esta norma suscitou dúvidas e certa perplexidade. Além de não respeitar o direito dos pais, parece sustentar uma concepção no mínimo discutível a respeito da salvação dos não batizados e, além disso, poderia dar motivo para a introdução de abusos. São objeções sérias e fundadas. Contudo, é importante ter presente que o legislador faz aqui uma referência a uma situação excepcional: o perigo de morte. De qualquer forma, o batismo de uma criança em perigo de morte contra a vontade dos pais deve ser realizado com muita prudência pastoral, dentro dos limites fixados pelo cânon e tendo presente o que estabelece o cân. 223 §1. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 99© O Batismo e a Confirmação d) A criança exposta ou achada e os fetos abortivos – A criança exposta ou achada deve ser batizada a não ser que, após cuidadosa investigação, conste de seu batis- mo (cân. 870). Isso porque é pouco provável que quem abandona uma criança tenha se preocupado com o seu batismo. É por isso que a lei presume que o batismo não foi realizado. Já os fetos abortivos, se ainda estiverem vivos, devem, se possível, ser batizados, (cân. 871). Informação complementar ––––––––––––––––––––––––––––– O legislador não faz qualquer distinção entre abortos provocados e abortos es- pontâneos quando se trata do batismo de fetos abortivos, desde que ainda vivos, pois qualquer sacramento somente pode ser dado para pessoas vivas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os padrinhos (cânn. 872-874) O padrinho amplia o significado espiritual da família do ba- tizado e representa a Igreja na sua função de mãe. É preciso re- conhecer que nos encontramos diante de uma figura certamente não central, mas, nem por isso, privada de significado dentro da iniciação cristã. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– É provável que o padrinho tenha a sua origem logo no início do cristianismo. Quando um hebreu ou pagão queria ser batizado, era apresentado aos pres- bíteros por um fiel que garantia as boas intenções do candidato, sobretudo, no período das grandes perseguições. A sua missão não se limitava em garantir a honradez e a reta intenção daquele que pedia a entrada na Igreja. Devia acom- panhá-lo durante o catecumenato, principalmente, quando se aproximava a data da recepção do batismo. Com o batismo de criança, aos poucos este fiel pas- sou a ser chamado de patrini (padrinho) diminutivo de pater (paizinho). A partir do século 6º as mulheres puderam ser matrinae (madrinha) diminutivo de mater (mãezinha). A missão do padrinho foi amplamente desenvolvida por Santo Agos- tinho, que chega a considerar uma verdadeira paternidade, porque no batismo recebemos uma nova vida. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A função do padrinho, além de litúrgica, é pedagógica, prin- cipalmente, se o batizando é um adulto (cân. 872). O cân. 872 ao estabelecer que "enquanto possível seja dado um padrinho" pare- ce que atenua a obrigatoriedade de se ter um padrinho, assumin- © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 100 do a norma um valor exortativo. O cânon dá a entender que po- dem existir situações nas quais não seja possível ter um padrinho, mas não se trata aqui de uma questão meramente opcional. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Neste caso o padrinho deve assistir à sua iniciação cristã, ajudando-o ao menos na última fase de preparação do sacramento e, depois de batizado, contribuirá para a sua perseverança na fé e na vida cristã. Já o padrinho de uma criança deve apresentá-la ao batismo, junto com os pais, e depois caberá a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes (cân. 872). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Admite-se apenas um padrinho ou uma madrinha, ou, tam- bém, um padrinho e uma madrinha (cân. 873). Os requisitos ne- cessários para que alguém possa ser admitido para assumir o en- cargo de padrinho são: Os santos não devem ser assumidos como padrinhos e/ou madri- nhas. O Santo poderá ser o protetor especial do batizado, mas, apenas isso. Não se permite como visto dois padrinhos ou duas madrinhas. a) deve ser designado pelo próprio batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e deve ter aptidão e inten- ção de cumprir esse encargo; b) deve ter completado 16 anos de idade, a não ser que ou- tra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou em um caso concreto pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa; c) deve ser católico, ter recebido os sacramentos da inicia- ção cristã e viver uma vida de acordo com a fé e o encar- go que vai assumir; d) não deve estar sob pena canônica legitimamente impos- ta ou declarada; e) não deve ser o pai ou a mãe do batizando. 101© O Batismo e a Confirmação Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A razão é que pais e padrinhos possuem funções diferentes. Os pais têm a pre- eminência e os padrinhos têm uma função mais de apoio e, na falta dos pais, assumem a responsabilidade pela educação cristã dos afilhados. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Um batizado que pertença a uma comunidadeeclesial não católica não pode ser admitido como padrinho, mas, apenas, como testemunha do batismo, juntamente com um padrinho ca- tólico (cân. 874 §2). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Tal norma não se aplica aos não católicos orientais, pois podem ser admitidos como padrinhos, juntamente com um padrinho ou madrinha católica, desde que se ateste a idoneidade do padrinho e que seja garantida a educação católica do batizado. Não faria sentido um não católico ter de se comprometer com a educa- ção católica de seu afilhado, por isso é que não pode ser admitido como padrinho ou madrinha, mas, apenas, como testemunha. Trata-se de uma medida também de caráter ecumênico. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A prova e o registro do batismo (cânn. 875-878) Os efeitos que derivam do batismo, seja para a pessoa que o recebe, seja para a comunidade que o celebra e para a Igreja globalmente considerada, exigem que o batismo seja conferido de modo correto e possa ser provado. Os cânn. 875-878 satisfazem a estas fundamentais exigências da vida eclesial, estabelecendo o responsável, o lugar e a forma de anotação do batismo realizado. A prova escrita ou documental, ou, caso falte, a prova por teste- munhas, ou, o juramento do batizado, se adulto (cân. 876), são os meios usuais de atestar o batismo. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Podemos nos deparar com alguém que tem certeza de que recebeu o batismo, mas não possui documento algum para prová-lo, seja porque tal documento se ex- traviou, seja porque não foi efetuado o registro. Neste caso, é necessário proceder à justificação do batismo. Tratando-se de alguém batizado quando adulto, bastará que faça um juramento sobre os Evangelhos. Se o batismo foi realizado em uma época em que a pessoa não se recorda dele, é preciso, então, recorrer ao testemu- nho de uma testemunha que, sob juramento, confirmará a realização do batismo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 102 O cumprimento do que estabelecem os cânn. 877-878 per- mite que seja produzida a prova escrita ou documental que é a mais usual. Particular atenção deverá ter o pároco no registro do batismo de filhos de mãe não casada. O CIC estabelece que deve constar o nome da mãe no registro, se consta publicamente sua maternidade ou se ela o pede espontaneamente por escrito pe- rante duas testemunhas; deve-se também inscrever o nome do pai, se sua paternidade se comprova por algum documento pú- blico ou por declaração dele, feita perante o pároco e duas tes- temunhas; nos outros casos, inscreva-se o que foi batizado, sem fazer nenhuma indicação do nome do pai ou dos pais (cân. 877 §2). Tratando-se de filho adotivo, registrem-se os nomes dos ado- tantes, como, também, ao menos se assim se faz no registro civil da região, os dos pais naturais, de acordo com os parágrafos 1 e 2, atendo às prescrições da Conferência dos Bispos. A natureza das informações recolhidas exige que o registro dos batizados e toda a documentação sejam guardados com muita cura e diligência (cân. 535 §1). O batismo deve ser anotado pelo pároco do lugar, atendo-se fielmente ao quanto disposto pelo cân. 877 §1, que assim estabe- lece: O pároco do lugar em que se celebra o batismo deve registrar no li- vro de batizados, cuidadosamente e sem nenhuma demora, os no- mes dos batizados, fazendo menção do ministro, pais, padrinhos, bem como testemunhas, se as houver, do lugar e dia do batismo, indicando ao mesmo tempo o dia e o lugar do nascimento. Aquele que conferiu o batismo deve informar o pároco da paróquia na qual foi conferido (cân. 878). Concluímos, assim, o estudo dos principais aspectos da nor- mativa relativa ao sacramento do batismo. Sugerimos que, valen- do-se da bibliografia indicada, procure aprofundá-la. 103© O Batismo e a Confirmação 6. A CONFIRMAÇÃO A confirmação é, juntamente com o batismo e a Eucaristia, um sacramento de iniciação, de introdução na plenitude do cristia- nismo e da plena incorporação à Igreja. Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– O termo "confirmação", hoje em uso, era desconhecido nos primeiros séculos da Igreja que utilizava várias outras expressões para se referir a este sacramento, tais como: "manus impositio", "divini chrismatis unctio", "misticum unguentum", "sacramentum chrismatis", "crisma salutis", "mystikon chrisma", "unguenti mys- terium", "spiritualis unguenti chrisma", "signaculum frontium", "signaculum domi- nicum", "signaculum spirituale", "signaculum vitae aeternae", "perfectio baptis- matis", "complementum baptismatis", etc. O termo confirmação deriva do verbo confirmar encontrado em muitos textos antigos. Já o substantivo confirmatio o encontramos pela primeira vez no Concílio Arausicano do ano 441. Deste subs- tantivo se serviu toda a teologia medieval. A confirmação aparece elencada entre os sacramentos instituídos por Cristo Senhor logo após o batismo. Embora por alguns séculos este sacramento tenha sido conferido junto com o batismo, tanto no Oriente quanto no Ocidente, o Papa Bento IV recomendava que não se des- prezasse o costume aprovado pelos papas de conferir este sacramento mais tarde, com o objetivo de usufruir melhor dos efeitos espirituais dele derivantes. Portanto, já a partir do século 4º, encontramos entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente uma disciplina diferente relativa ao sacramento da confirmação. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O CIC dedica os cânones 879-896 a este sacramento. A ma- téria é precedida de um cânon preliminar (cân. 879), que contém elementos teológicos e jurídicos fundamentais sobre a confir- mação. Seguem os capítulos sobre a celebração da confirmação (cânn. 880-881), sobre o ministro (cânn. 882-888), sobre os confir- mandos (cânn. 889-891), sobre os padrinhos (cânn. 892-893) e so- bre a prova e anotação da confirmação realizada (cânn. 894-896). Como a matéria resulta distribuída da mesma forma que o sacramento do batismo, seguiremos, então, o mesmo esquema utilizado na apresentação deste sacramento. Aspectos teológicos e canônicos fundamentais (cân. 879) • Aspectos teológicos fundamentais - A confirmação cons- titui um dos sacramentos da iniciação cristã. Por meio © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 104 dela os confirmados são enriquecidos com o dom do Es- pírito Santo, conformados de modo mais perfeito a Cristo e vinculados mais fortemente à Igreja, devendo ser teste- munhas de Cristo, pela palavra e pela ação, e difundir e defender a fé (cân. 879). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Este cânon tem como fonte o Concílio Vaticano II, que da confirmação se ocu- pa em algumas passagens. Na Constituição Lumen Gentium, por exemplo, se lê: "Pela regeneração e unção do Espírito Santo os batizados são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo" (nº 10). Os fiéis "pelo sacramento da confirmação são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos de espe- cial força do Espírito Santo, e assim mais estritamente obrigados à fé que, como verdadeiras testemunhas de Cristo, devem difundir e defender tanto por palavras como por obras" (nº 11). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– • O fiel, por força do batismo e da confirmação, torna-se participante da missão profética, sacerdotal e real de Cris- to, sendo chamado a atuar a missão que Deus confiou à Igreja no mundo. Portanto, o apostolado é um dever-di- reito que toca a todos os fiéis e decorre de uma exigência intrínseca dos sacramentos da iniciação cristã como bem o reconhece o cân. 879. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No decreto conciliar Apostolicam Actuositatem o apostolado aparece diretamen- te vinculado ao sacramento da confirmação: "Pois, inseridos belo batismo no Corpo Místico de Cristo, pela confirmação robustecidosna força do Espírito San- to, recebem do próprio Senhor a delegação ao apostolado" (AA3). Para ulterior aprofundamento veja, ainda: HORTAL, J. Op. cit., p. 79-80; MÜLLER, I. Op. cit., 149-150. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– • Aspectos jurídicos fundamentais – Este novo enriqueci- mento com o dom do Espírito Santo e o fortalecimento do vínculo que o fiel tem com a Igreja, além do seu conteú- do teológico, também possui um reflexo canônico. Assim, em diversas situações da vida eclesial, particularmente aquelas em que o cristão é chamado a assumir especiais responsabilidades, ter recebido o sacramento da confir- 105© O Batismo e a Confirmação mação aparece como uma exigência (nunca para a valida- de dos demais sacramentos), pois, sem dúvida, a fortale- za e a maturidade cristã que dele dimanam favorecem o cumprimento de tais responsabilidades. Dentre os efeitos jurídicos do sacramento, em continuidade com o batismo, destacamos o aperfeiçoamento do vínculo com a Igreja e, especialmente, o dever de apostolado. Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– O direito-dever de participar, por parte dos leigos, da missão da Igreja inclui, também, aquele de participar, no modo previsto pelo direito, de seu governo; de colaborar na elaboração de suas leis e na administração dos seus bens; de fazer conhecer, de acordo com a ciência e a competência de cada um, o próprio parecer em relação ao que diz respeito ao bem da Igreja. A obediência expressa pelos fiéis aos pastores será uma obediência de filhos adultos, fundada no senso de responsabilidade, respeito mútuo e comunhão que deve unir os membros do povo de Deus. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A celebração da confirmação (cânn. 880-881) Ao indicar como se confere o sacramento da confirmação o cân. 880 §1 estabelece, também, qual é a sua matéria e forma: "o sacramento da confirmação é conferido pela unção do crisma na fronte, a qual se faz pela imposição da mão e pelas palavras pres- critas nos livros litúrgicos aprovados". O sacramento da confirmação é conferido pela unção do crisma na fronte. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Da unção divina ou do Espírito Santo se fala em 2 Cor 1, 21-22 e 1 Jo 2,20-27. Portanto, podemos afirmar que a unção era conhecida desde o tempo dos após- tolos. Não sabemos, porém, qual seria o seu significado preciso, isto é, se era referida ao batismo ou parte essencial da confirmação. No início do século 4º Isidoro resume a doutrina da Igreja ao afirmar que o grego "crisma" no latim se traduz por "unção". É por isso que se diz que Cristo é o "Ungido", como, também, todo batizado. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 106 O crisma é um óleo extraído da oliveira ou de outras plantas e misturado com bálsamo ou outras ervas aromáticas, como sinal do bom odor de Cristo que o confirmado deve espalhar com as suas obras. O cân. 880 §2 estabelece que este óleo deve ser consa- grado pelo Bispo, mesmo que o sacramento seja administrado por um presbítero. Trata-se de uma norma fundada sobre uma antiga tradição comum às Igrejas do ocidente e oriente. Este óleo deve ser novo, isto é, consagrado dentro do ano litúrgico em que será utilizado, embora isso não afete a validade do sacramento. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Dos documentos do magistério e da opinião comum dos teólogos se deduz que não é permitido usar o crisma que não tenha sido consagrado pelo Bispo. Esta consagração é um sacramental que o legislador reserva exclusivamente ao Bis- po por ser este o ministro originário do sacramento. Todavia, tratando-se de um sacramental de instituição eclesiástica (cânn. 1166-1167) seria possível que a Santa Sé concedesse a um presbítero a faculdade de consagrar o crisma, mes- mo que isto não esteja previsto na atual legislação como acontece, por exemplo, com o óleo da unção dos enfermos (cân. 999). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Além da unção do crisma na fronte, o cân. 880 estabelece, também, que tal unção é feita pela imposição das mãos. Todavia, o Papa Paulo VI, após fazer notar que, ao longo dos séculos, o rito do sacramento da confirmação sofreu variações, tanto no Ocidente quanto no Oriente, decidiu situar o rito essencial da confirmação na unção com o óleo e não na imposição das mãos. Abandonan- do a fórmula até então utilizada na Igreja latina, Paulo VI man- da que também no Ocidente se faça uso da antiquíssima fórmula do rito bizantino que destaca o valor do "selo do dom do Espírito Santo"(Const. Apost. Divinae consortium naturae, 15 agosto 1971, in AAS 63 (1971), p. 657-664). Quanto à fórmula a ser utilizada no sacramento, o legislador simplesmente nos remete aos livros litúrgicos aprovados. A his- tória ocupou-se de dois aspectos desta fórmula: as palavras pro- nunciadas durante a primeira imposição das mãos e as palavras pronunciadas durante a unção e segunda imposição das mãos. A primeira fórmula jamais foi considerada a forma do sacramento, 107© O Batismo e a Confirmação mas, apenas, um elemento integrativo do rito. Por isso, nos inte- ressa, apenas, a segunda fórmula, ou seja, aquela pronunciada durante a unção. O Papa Paulo VI na citada constituição Divinae consortium naturae fixou a fórmula essencial deste sacramento que, na verdade, é uma síntese da tradição latina e oriental: "Ac- cipe signaculum doni Spiritus sancti". O Papa acrescenta, ainda, que a imposição das mãos sobre os crismandos realizada antes da unção, mesmo que não pertença à essência do rito sacramental, deve ser levada em grande consideração, pois ajuda a compreen- der o sacramento e integra a celebração. Portanto, o rito essencial para a validade da confirmação consiste, então, na unção feita pelo ministro na fronte do crisman- do com as seguintes palavras prescritas pelo rito: "N., recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo". Desta forma, a imposição da mão sobre a cabeça do confirmando enquanto se faz a unção não é exigida para a validade do sacramento, mas, apenas, para a sua liceidade. Sobre a matéria e forma da confirmação sugerimos a seguinte obra: HORTAL, J. Op. Cit., p. 81-84. Por fim, quanto ao tempo e ao lugar da celebração, é conve- niente que o sacramento da confirmação seja celebrado na igreja e normalmente durante a missa, embora, por uma justa e razoável causa, possa ser celebrado fora da missa e em qualquer outro lu- gar digno (cân. 881). Deste modo se significa o itinerário da inicia- ção do cristão, que culmina com a Eucaristia. O ministro da confirmação (cânn. 882-888) O CIC distingue entre o ministro ordinário (o Bispo) e aqueles que possuem, pelo próprio direito, por especial concessão ou por associação, a faculdade de confirmar: © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 108 Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A qualificação de ministro ordinário feita pelo CIC não contradiz a qualificação de ministro originário feita pelo Concílio Vaticano II. Simplesmente houve uma adequação da linguagem canônica à situação da Igreja latina como destinatária das normas do CIC. Nele se estabelece que o Bispo, além de ministro originá- rio, é, também, ministro ordinário, isso porque, diferentemente do que ocorre nas Igrejas orientais, a confirmação não é ordinariamente administrada por um presbítero. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1) O ministro ordinário – O cân. 882 estabelece que o mi- nistro ordinário da confirmação é o Bispo. Portanto, no que tange especificamente ao ministro, a confirmação é sempre válida quando administrada por um Bispo, seja ele diocesano ou não, qualquer que sejam os fiéis e o lugar da celebração. A liceidade, em contrapartida, está submetida a algumas circunstâncias fixadas pelos cânn. 884 §1 e 886. Assim,na sua diocese o Bispo diocesano administra legitimamente a confirmação aos seus súdi- tos e, também, aos que não são seus súditos, a não ser que exista uma expressa proibição do Ordinário próprio destes (cân. 886 §1). Em outra diocese, a não ser que não se trate de seus súditos, ele somente pode confir- mar com a licença razoavelmente presumida do Bispo diocesano do lugar (cân. 886 §2). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Deste modo, a recepção do Espírito Santo pelo ministério do Bispo demonstra mais estreitamente o vínculo que une os confirmados à Igreja e o encargo rece- bido de dar testemunho de Cristo entre os homens. Mais dados sobre o ministro ordinário você encontra no texto: HORTAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyo- la, 1987, p. 84-85. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2) Ministros com faculdade para administrar a confirmação – Além do Bispo, administra validamente a confirmação todo presbítero dotado de faculdade pelo próprio direi- to (ipso iure), por uma especial concessão ou, mesmo, por associação. Não basta, portanto, ter sido ordenado. • Vejamos as três possibilidades mencionadas: 109© O Batismo e a Confirmação 1) Faculdade ipso iure (cân. 883): têm esta faculdade con- cedida pelo próprio direito os equiparados ao Bispo dio- cesano dentro da própria circunscrição; Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Segundo o cân. 381 §2 no direito equiparam-se ao Bispo diocesano os que pre- sidem a outras comunidades de fiéis mencionadas no cân. 368, a não ser que outro fato se depreenda pela sua natureza ou por prescrição do direito. Sen- do assim, são equiparados ao Bispo diocesano: o prelado territorial, o abade territorial, o vigário apostólico, o prefeito apostólico, o administrador apostólico, como, também, aqueles que estão à frente de outras formas de Igreja particular não previstas pelo CIC, como é o caso, por exemplo, do ordinariato militar, das missões sui iuris, dos ordinariatos latinos para os fiéis do rito oriental e da admi- nistração apostólica pessoal. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– • O presbítero que em razão de seu ofício ou por man- dato do Bispo diocesano batiza um adulto ou admite na Igreja católica um batizado acatólico; o pároco e qualquer presbítero no caso de perigo de morte; Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No caso do batismo de adultos, a concessão desta faculdade é uma consequên- cia do quanto estabelece o cân. 866, segundo o qual, a não ser que uma razão grave o impeça, o adulto que é batizado deve ser confirmado logo depois do ba- tismo e participar da celebração eucarística, recebendo, também, a comunhão. Lembramos aqui que quando um cristão não católico resolve ingressar na Igreja católica, se não houver sérias razões para duvidar da validade do batismo que ele recebeu não se permite em hipótese alguma um novo batismo, pois tal sacra- mento se recebe uma só vez e, se válido, imprime caráter. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2) Por especial concessão (cân. 884 §1): tem esta faculda- de um ou mais presbíteros que, em caso de necessidade (por exemplo faltam bispos auxiliares, a diocese é vasta etc.) recebeu do bispo diocesano tal concessão. O pres- bítero dotado desta faculdade administra validamente a confirmação a todos os fiéis que se encontram dentro do território em que possui esta faculdade. Ao contrário do que ocorre com o Bispo, nenhum presbítero, incluídos os que são equiparados ao Bispo diocesano, administra validamente a confirmação em território alheio ou fora dos limites de sua jurisdição (cân. 887); © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 110 3) Por associação: por uma causa grave, em casos particu- lares, o Bispo e, também, o presbítero que, pelo direito ou por especial concessão da autoridade competente, têm a faculdade de confirmar, podem associar a si pres- bíteros para administrar o sacramento da confirmação (cân. 884 §2). Sobre a faculdade de crismar é possível consultar as seguintes obras: GHIRLANDA, G. O direito na Igreja: mistério de comunhão. Compêndio de Direito Eclesial. Aparecida: Santuário, 2007, p. 322- 323; HORTAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, p. 85-87. Os confirmandos (cânn. 889-891) O cân. 889 §1 assim estabelece: "É capaz de receber a con- firmação todo o batizado ainda não confirmado, e somente ele". De fato, o batismo é a porta dos demais sacramentos (cân. 849) e, portanto, quem não recebeu o batismo não pode ser validamen- te admitido aos demais sacramentos (cân. 842 §1). É importante ter presente que a confirmação completa o caráter do batismo e todos os seus efeitos e, portanto, necessariamente dele depende. Além disso, a confirmação não pode ser repetida, pois é um dos três sacramentos que imprime caráter (cân. 845 §1). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A teor do quanto estabelecido pelo cân. 889, nem a idade, nem o possuir plena- mente as faculdades mentais, nem a conveniente preparação constituem exigên- cias de capacidade. Todo batizado (seja recém-nascido, criança, amente ou sem instrução alguma) é sujeito capaz de receber a confirmação e, por sê-lo, cabe a ele o direito fundamental de ser crismado, embora o exercício de tal direito esteja legal e legitimamente limitado como veremos em seguida. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Fora do perigo de morte, para alguém receber licitamente a confirmação se requer, caso tenha uso de razão, uma adequada preparação, uma boa disposição interna e a renovação das pro- messas batismais (cân. 889 §2). Portanto, quando não se verificam as circunstâncias excepcionais (perigo de morte e carência do uso 111© O Batismo e a Confirmação de razão), o candidato a receber a confirmação deverá necessaria- mente estar adequadamente preparado, retamente disposto e em condições de renovar as promessas batismais. Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Não se trata apenas do perigo de morte de uma criança, mas, sim, de qualquer fiel. Convém lembrar que, neste caso, o pároco tem a função de administrar o sacramento (cân. 530, 2º) e obtém do próprio direito a faculdade de ser o ministro da confirmação (cân. 883, 3º). Quanto ao uso de razão convém observar que não se trata de uma condição sine qua non para a recepção do sacramento, pois o essencial não é aquilo que o homem faz, mas que acolha o dom oferecido na medida de suas possibilidades. Tal critério vale para os que possuem algum tipo de problema mental, pois não podem ser impedidos de receber o sacramento. Por fim, a norma universal não determina e muito menos concretiza o que se entende por "adequada preparação", "boa disposição" e "capacidade para reno- var as promessas batismais". Caberá ao legislador particular dar orientações a este respeito que sejam flexíveis, evitando-se, assim, tanto o rigorismo quando o laxismo. O sacramento não pode ser elitizado ou banalizado. É preciso muito equilíbrio! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O sacramento da confirmação deve ser conferido aos fiéis mais ou menos na idade da discrição (7 anos completos), a não ser que a Conferência dos Bispos tenha determinado outra idade (no Brasil 12 anos, mas não de modo rígido), ou haja perigo de mor- te, ou, a juízo do ministro, uma causa grave aconselhe outra coisa (cân. 891). A confirmação, uma vez recebida, não pode ser repetida (cânn. 879, 845 §1). Caso persista a dúvida sobre a sua celebração ou sua validade, o sacramento deverá ser dado sob condição (cân. 845 §2). Informação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A obrigação de receber a confirmação grava sobre o fiel sempre e não apenas em referência à idade estabelecida pelas leis da Igreja. Portanto, também na idade adulta, ou até mesmo avançada, não se devedeixar de cumprir tal dever. As razões são indicadas pelo cân. 879, já comentado. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Direito Canônico II Centro Universitário Claretiano 112 Os padrinhos (cânn. 892-893) A normativa utilizada para os padrinhos da confirmação é quase a mesma fixada para os padrinhos do batismo. A presença de um padrinho não é exigida pela celebração enquanto tal, mas, sim, para formação cristã do crismando, como o recorda o cân. 892. A indicação do código não nos permite afirmar que o padri- nho é facultativo, mas sim que, fora de casos extraordinários, o padrinho deve existir. Para que alguém desempenhe o encargo de padrinho é necessário, segundo o cân. 893 §1, que preencha as condições mencionadas no cân. 874. Além disso, aconselha-se que o padrinho da confirmação seja o mesmo do batismo. Prova e anotação da confirmação realizada (cânn. 894-896) Para a prova da confirmação realizada é preciso observar o cân. 876. Para a anotação da confirmação é preciso se ater aos cânn. 895-896. 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, na sequência, as questões propostas para verificar seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Quais os principais aspectos teológicos dos sacramentos do batismo e da confirmação evidenciados pela normativa? 2) A imposição das mãos sobre o crismando é uma condição absolutamente necessária para a validade do sacramento da confirmação? Justifique. 3) Os padrinhos do batismo e da confirmação são dispensáveis? Justifique. 4) No batismo de crianças o que a Igreja realmente exige dos pais ou responsá- veis para permitir o batismo? A prática que você conhece está em conformi- dade com a normativa (o que se exige dos pais)? 5) Qual o procedimento a ser utilizado no registro do batismo de crianças que foram adotadas? 113© O Batismo e a Confirmação 8. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade você pôde compreender os principais aspec- tos normativos da disciplina eclesial acerca de dois dos três sacra- mentos da iniciação cristã: o batismo e a confirmação. Faltou a Eu- caristia que veremos a seguir, dedicando a ela toda uma unidade. Caberá, agora, a você, tendo presente nossas indicações, comple- mentar o seu estudo, especialmente, com uma leitura atenta dos cânones que tratam dos sacramentos abordados até aqui. Na próxima unidade você terá uma visão panorâmica da nor- mativa eclesial relativa ao sacramento da Eucaristia, tendo presen- te que se trata de um sacramento que é o centro da Igreja, do seu culto e da vida cristã. Até lá! 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GHIRLANDA, G. O direito na Igreja, mistério de comunhão. Compêndio de Direito Eclesial. Aparecida: Santuário, 2003. GRINGS, D. A ortopráxis da Igreja. O Direito Canônico a serviço da pastoral. Aparecida: Santuário, 1996. HORTAL, J. E haverá um só rebanho: história, doutrina e prática católica do Ecumenismo. São Paulo: Loyola, 1989. ______. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987. MÜLLER, I. Direitos e deveres do Povo de Deus. Petrópolis: Vozes, 2004. Centro Universitário Claretiano – Anotações
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