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Direito Canonico II 3

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Prévia do material em texto

EA
D
3
A Eucaristia
1. OBJETIVO
•	 Propiciar	uma	visão	panorâmica	da	normativa	eclesial	a	
respeito	do	sacramento	da	Eucaristia.
2. CONTEÚDOS
•	 Analisar	os	aspectos	teológicos	e	jurídicos	fundamentais	
(cân.	897-898).
•	 A	celebração	eucarística	(cân.	899).
•	 Compreender	o	ministro	da	santíssima	eucaristia	 (cânn.	
900-911).
•	 Analisar	 a	 participação	 na	 santíssima	 eucaristia	 (cânn.	
912-923).	
•	 Refletir	sobre	os	ritos	e	as	cerimônias	da	celebração	euca-
rística	(cânn.	924-930).
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
116
•	 Compreender	o	tempo	e	o	lugar	da	celebração	eucarística	
(cânn.	931-933),	como,	também,	as	normas	a	respeito	da	
conservação	e	veneração	da	eucaristia	(cânn.	934-944). 
3. ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Nesta	terceira	unidade	fecharemos	o	estudo	dos	sacra-
mentos	da	iniciação	cristã,	voltando-nos	para	a	norma-
tiva	sobre	a	Eucaristia.	Saiba	que	o	código	vigente	nos	
oferece	 uma	 abordagem	 substancialmente	 unitária	 da	
Eucaristia	 como	 sacrifício,	 comunhão	 e	 presença	 real,	
superando,	assim,	o	dualismo	do	CIC	de	1917	que	tra-
tava	separadamente	do	sacrifício	da	Missa	e	da	comu-
nhão	e,	inclusive,	colocava	no	livro	III	a	disciplina	relativa	
à	conservação	e	ao	culto	à	Eucaristia.
2)	 Inicialmente	 se	 pensou	 que	 o	 código	 fosse	 dar	 uma	
atenção	maior	à	Eucaristia	como	realização	da	iniciação	
cristã,	 como	sacramento	que	marca	a	plena	e	perfeita	
incorporação	do	 fiel	 ao	Corpo	místico	de	Cristo.	 Toda-
via,	o	legislador	optou	por	focar	a	sua	atenção	sobre	a	
Eucaristia	como	sacramento	permanente	que	alimenta	
e	acompanha	o	fiel	ao	longo	de	sua	vida	neste	mundo.
3)	 Nunca	 é	 demais	 recordar	 a	 centralidade	 da	 Eucaristia	
para	 a	 vida	do	 fiel	 e	da	 Igreja.	A	 Eucaristia	 constitui	 o	
culmine	e	a	fonte	de	toda	a	vida	cristã,	e	todos	os	demais	
sacramentos,	 os	ministérios	 e	 as	 obras	 de	 apostolado	
encontram-se	em	estreitíssima	 relação	 com	ela	e	para	
ela	estão	ordenados,	como	bem	nos	recorda	o	cân.	897.
4)	 Tratando-se	 de	 uma	 normativa	 bem	 abrangente,	 uma	
vez	que	se	ocupa	da	Eucaristia	em	seu	triplo	aspecto	(sa-
crifício,	comunhão	e	presença	real)	sugirimos,	como	das	
outras	vezes,	que	não	deixe	de	consultar	a	bibliografia	
indicada	no	final	da	unidade,	pois	este	material	de	apoio	
serve,	 apenas,	 para	 indicar	 um	 caminho	 que	 caberá	 a	
você	percorrer.
117© A Eucaristia
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE 
Na	unidade	2,	você	foi	convidado	a	estudar	a	normativa	rela-
tiva	ao	sacramento	do	batismo	e	da	confirmação.	Agora,	você	terá	
uma	visão	panorâmica	da	normativa	eclesial	relativa	ao	sacramen-
to	da	Eucaristia,	 tendo	presente	que	se	trata	de	um	sacramento	
que	é	o	centro	da	Igreja,	do	seu	culto	e	da	vida	cristã.	
Ao	final	desta	unidade,	você	terá	uma	suficiente	compreen-
são	dos	principais	aspectos	teológicos	e,	principalmente,	jurídicos	
que	envolvem	o	tema.
É	importante	que	você	saiba,	desde	o	início,	que	a	Eucaristia,	
juntamente	com	o	batismo	e	a	confirmação,	pertence	ao	processo	
inicial	de	edificação	da	Igreja	e	do	cristão.
A	Eucaristia	é	o	sacramento	central	da	Igreja	e,	contempo-
raneamente,	o	culmine	e	a	fonte	do	seu	culto	e	da	sua	vida.	En-
contramos	 diversos	 nomes	 para	 designá-la,	 como,	 por	 exemplo,	
"ceia	do	Senhor"	(I	Cor	11,20)	e	"fração	do	pão"	(At	2,42),	ambos	
de	origem	bíblica.	Temos,	ainda,	outros	nomes	derivantes	de	ou-
tras	épocas:	"missa",	"santo	sacrifício",	"sacrifício	eucarístico".	To-
dos	eles	evidenciam	aspectos	diferentes	e	complementares	de	um	
mesmo	mistério.
O	CIC	dedica	61	cânones	à	Eucaristia	(897-958),	distribuídos	
em	três	capítulos:	
1)	 Capítulo	I	–	Trata	da	celebração	eucarística	(cânn.	898-
933),	 com	 particular	 atenção	 ao	 ministro	 (cânn.	 900-
911),	à	participação	à	santíssima	Eucaristia	(cânn.	912-
923),	aos	ritos	e	às	cerimônias	da	celebração	Eucarística	
(cânn.	 924-930)	 e	 ao	 lugar	 da	 celebração	 (cânn.	 931-
933).	
2)	 Capítulo	II	–	Trata	da	conservação	e	veneração	da	santís-
sima	Eucaristia	(cânn.	934-944).	
3)	 Capítulo	III	–	Aborda	o	tema	da	oferta	dada	para	a	cele-
bração	da	Missa	(cânn.	945-958).	
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
118
Em	nosso	estudo	vamos	nos	deter	às	questões	de	maior	re-
levância	relativas	ao	primeiro	e	ao	segundo	capítulos,	deixando	de	
lado	o	capítulo	terceiro.	Portanto,	não	trataremos	de	toda	a	nor-
mativa,	pois	seria	inviável	e	isso	não	faz	parte	de	nossa	proposta	
inicial.
5. ASPECTOS TEOLÓGICOS E JURÍDICOS FUNDAMEN-
TAIS (CÂNN. 897-898)
Vejamos,	 logo	de	início,	os	principais	aspectos	teológicos	e	
jurídicos	da	normativa.
a)	 Aspectos	teológicos	–	O	mistério	eucarístico	e,	em	par-
ticular,	a	celebração	da	Eucaristia,	constituem	o	centro	
de	toda	a	vida	cristã,	tanto	para	a	Igreja	universal	quan-
to	 para	 as	 comunidades	 locais	 da	 própria	 Igreja.	 Com	
efeito,	não	somente	todos	os	outros	sacramentos,	mas,	
também,	 todos	 os	ministérios	 eclesiásticos	 e	 todas	 as	
obras	de	apostolado	possuem	uma	estreita	relação	com	
a	Eucaristia	e	são	para	ela	ordenados.
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Isto se deve ao fato de que na Eucaristia está contido todo o bem espiritual da 
Igreja, ou seja, o próprio Cristo, que mediante este sacramento dá a vida aos ho-
mens e estes, por sua vez, mediante a Eucaristia, são vivificados e santificados 
(PO 5).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	 celebração	 eucarística	 é	 ao	 mesmo	 tempo	 ação	 de	
Cristo	e	da	Igreja.	Enquanto	ação	de	Cristo	se	apresen-
ta	contemporaneamente	e	 inseparavelmente	como	sa-
crifício,	como	memorial	e	como	banquete.	Nela	Cristo,	
perpetuando	o	sacrifício	realizado	na	cruz,	mediante	o	
ministério	dos	sacerdotes,	se	oferece	ao	Pai	para	a	sal-
vação	do	mundo.	Enquanto	ação	da	Igreja,	esta,	esposa	
de	Cristo,	cumprindo	com	ele	a	 função	de	sacerdote	e	
vítima,	o	oferece	ao	Pai	e	se	oferece	com	ele.	Portanto,	
podemos	afirmar	que	a	Eucaristia	faz	a	Igreja,	é	símbolo	
da	Igreja	e	a	Igreja	faz	a	Eucaristia	(LG	26).
119© A Eucaristia
A respeito da dimensão eclesial da Eucaristia sugerimos que você 
leia: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão ca-
nônico-pastoral. São Paulo: Loyola 1987, p. 94-95.
A	Eucaristia	é	uma	estrutura	absolutamente	necessária	
na	Igreja.	Cristo	instituiu	o	sacrifício	do	seu	corpo	e	do	
seu	sangue	para	perpetuar	nos	séculos,	até	o	seu	retor-
no,	o	sacrifício	da	cruz,	confiando-o	à	Igreja,	sua	esposa	
(SC	47;	LG	26;	CD	11).	Não	é	possível	que	se	forme	uma	
comunidade	cristã	sem	que	esta	tenha	como	raiz	e	pon-
to	cardeal	a	Eucaristia	(PO	6).
Por	fim,	há	um	vínculo	indissolúvel	entre	o	mistério	da	
Igreja	e	o	mistério	da	Eucaristia,	ou	entre	a	comunhão	
eclesial	e	a	comunhão	eucarística.	Por	si	mesma	a	cele-
bração	da	Eucaristia	significa	a	plenitude	da	profissão	de	
fé	e	da	comunhão	eclesial.	Na	Eucaristia	a	unidade	da	
Igreja	é	significada	e	produzida.	Participar	da	Eucaristia	
significa	participar	ao	máximo	ato	social	da	Igreja,	à	sua	
máxima	expressão	de	plenitude	de	vida	e	comunhão.	
b)	 Aspectos	jurídicos	–	Inicialmente	pode	parecer	estranho	
falar	de	aspectos	jurídicos	envolvendo	a	Eucaristia,	pois	
de	sua	recepção	parecem	derivar,	apenas,	efeitos	espi-
rituais	e	místicos.	A	Eucaristia	é	essencialmente	o	sacri-
fício	através	do	qual	a	 Igreja	renova	a	sua	aliança	com	
Deus	e	dela	extrai	os	 frutos	de	unidade	no	Cristo	para	
toda	a	família	humana.	
A	 celebração	 eucarística	 é,	 também,	 um	 fato	 jurídico,	
pois	ela	exprime	e	realiza,	não	apenas	a	união	sacramen-
tal	com	Cristo,	mas,	também,	a	união	dos	crentes	entre	
si	na	comunhão	de	fé	e	caridade.	Na	Eucaristia	também	
o	 ordenamento	 canônico	 encontra	 o	 seu	 vértice,	 pois	
emerge	de	dentro	da	ação	salvífica,	nela	se	coloca	e	para	
a	comunhão	da	Igreja	existe	e	atua.
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Com estas observações é possível compreender melhoro alcance da normativa 
sobre a excomunhão, pena que exclui o batizado da comunhão dos fiéis e implica 
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
120
na privação dos sacramentos, particularmente a Eucaristia (cân. 1331 §1), como, 
também, a normativa que disciplina a communicatio in sacris com os cristãos e 
as comunidades cristãs não católicas, sobretudo, em relação à Eucaristia (cânn. 
844 §§ 1-4), e, mesmo, as outras normas que dizem respeito à participação, 
celebração e culto da Eucaristia, bem comum de toda a Igreja e sacramento de 
sua unidade. Sobre os princípios teológicos e jurídicos relativos a Eucaristia veja 
os seguintes textos: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão 
canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, p. 93-95; MÜLLER, Ivo. Direitos e 
deveres do Povo de Deus. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 154-155. Veja, também, 
MONTAN, A. Novas perspectivas do direito que disciplina a celebração dos sa-
cramentos. In: CAPPELLINI, E. Problemas e perspectivas de direito canônico. 
São Paulo: Loyola, 1995, p. 162-164. Para se interar do tema da comunhão na 
vida e na atividade espiritual entre cristãos de diversas confissões, veja: HOR-
TAL, J. E haverá um só rebanho: história, doutrina e prática católica do Ecume-
nismo. São Paulo: Loyola, 1989, p. 249-273.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
6. A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA (CÂN. 899)
A	celebração	eucarística	é	a	ação	do	próprio	Cristo	e	da	Igre-
ja,	 na	qual,	 pelo	ministério	do	 sacerdote,	o	Cristo	 Senhor,	 subs-
tancialmente	presente	sob	as	espécies	de	pão	e	vinho,	se	oferece	
a	Deus	Pai	e	se	dá	como	alimento	espiritual	aos	fiéis	unidos	à	sua	
oblação	(cân.	899	§1).
Para	 celebrar	 o	 mistério	 eucarístico	 a	 Igreja,	 seguindo	 o	
exemplo	da	comunidade	cristã	das	origens,	se	reúne	em	assem-
bleia,	expressão	simbólica	do	mistério	da	 Igreja.	Considerada	na	
sua	totalidade	a	assembleia	é	o	sujeito	da	celebração	litúrgica.	As	
ações	litúrgicas	pertencem	à	celebração	litúrgica	e	devem	ser	rea-
lizadas	preferivelmente	em	forma	comunitária	(cân.	837).
A	 assembleia,	 particularmente	 a	 eucarística,	 apresenta-se	
como	um	povo	reunido	e	ordenado,	como	um	organismo	vivo	e	
operante,	em	que	cada	 fiel	 tem	o	direito	e	o	dever	de	dela	par-
ticipar	de	acordo	com	a	sua	condição	em	uma	diversidade	de	or-
dem	e	função	(cân.	899	§2).	Há	na	assembleia	uma	variedade	de	
ministérios	(ordenados,	instituídos	e	de	outro	gênero)	que	não	se	
colocam	acima	da	assembleia,	mas	em	seu	interior,	para	edificá-la	
e	servi-la.	
121© A Eucaristia
A	assembleia	possui	um	Presidente,	Bispo	ou	Presbítero,	seu	
colaborador,	 (cân.	899	§2).	Ele	preside	a	assembleia	e	nela	atua	
exercitando	a	função	de	Cristo	cabeça.	O	diácono	é	o	colaborador	
por	excelência	do	presidente	e	da	assembleia	(LG	29).	Outros	ofí-
cios	são	ocupados	por	outros	ministros	 (acólito,	 leitor,	salmista).	
Na	 assembleia	 eucarística	 os	 fiéis	 rendem	 graças	 a	 Deus	 ofere-
cendo,	pelas	mãos	do	sacerdote,	a	vítima	imolada	e	a	si	mesmos.	
A	celebração	deve	ser	ordenada	de	modo	que	todos	recebam	os	
muitos	frutos	para	cuja	obtenção	Cristo	a	instituiu.
7. O MINISTRO DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA (CÂNN. 
900-911)
A	 confecção	 do	 sinal	 sacramental	 e	 a	 administração	 dos	
sacramentos	aos	 fiéis	constituem	uma	única	ação	realizada	pelo	
ministro.	 A	 Eucaristia	 é	 o	 sacramento-sacrifício, sacramento-
-comunhão e sacramento presença.	 Ordinariamente,	 essas	 três	
dimensões	essenciais	do	mistério	eucarístico	se	verificam	conjun-
tamente	 dentro	 de	 uma	mesma	 celebração	 eucarística,	 porém,	
podem	ser	objeto	de	atividades	litúrgicas	diversas	e	separadas.	É	
possível,	portanto,	administrar	a	comunhão	fora	da	missa,	como,	
também,	expor	o	Santíssimo	Sacramento	para	a	adoração	dos	fi-
éis.	Mesmo	dentro	da	missa	é	distinta	a	ação	sacrifical	e	a	adminis-
tração	da	comunhão	aos	fiéis.		Por	isso	é	necessário	levar	em	conta	
esta	tríplice	dimensão	na	hora	de	considerar	a	disciplina	sobre	o	
ministro	da	Eucaristia,	como	justamente	o	faz	o	CIC	atual.
O	legislador	ao	tratar	do	ministro	da	santíssima	Eucaristia	a	
considera	nos	seguintes	aspectos:	a	celebração	eucarística	em	si	
(missa);	a	sagrada	comunhão;	o	viático;	a	exposição	do	Santíssimo	
Sacramento	e	bênção	eucarística.	Vejamos	cada	aspecto	separa-
damente!
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
122
O ministro da celebração eucarística (missa) 
Somente	 o	 sacerdote	 validamente	 ordenado	 é	 o	 ministro	
que,	fazendo	as	vezes	de	Cristo,	é	capaz	de	realizar	o	sacramento	
da	Eucaristia	 (cân.	 900	§1).	 Trata-se	de	uma	afirmação	 constan-
te	do	Magistério	 da	 Igreja.	 Portanto,	 a	 ordenação	 recebida	 vali-
damente	é	um	requisito	essencial	para	a	validade	da	celebração	
eucarística.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A Igreja sempre ensinou e definiu como de fé, que apenas o sacerdote e cada sa-
cerdote é o ministro da celebração eucarística (missa). O Concílio de Arles (314 
dC) e o Concílio de Nicéia (325 dC) expressamente afirmaram que o diácono 
não tinha o poder de celebrar a missa. O Concílio Lateranense IV (1215 dC) afir-
mou expressamente e claramente a doutrina segundo a qual nenhuma pessoa 
pode celebrar este sacramento a não ser um sacerdote validamente ordenado. 
Portanto, quando o Concílio Vaticano II ensinou que o sacerdócio ministerial ou 
hierárquico difere essencialmente, e não somente em grau, do sacerdócio co-
mum dos fiéis (LG 10), expressou a certeza de fé de que somente os Bispos e os 
presbíteros podem celebrar a Eucaristia.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Contra aquele que, não sendo sacerdote, atentar a ação litúrgica 
do sacrifício eucarístico é prevista a pena latae sententiae de inter-
dito e, se for clérigo, a suspensão (cân. 1378 §2, 1).
Para	a	celebração	lícita	da	Eucaristia	exige-se,	ainda,	que	o	
sacerdote	não	esteja	impedido	por	lei	canônica	(cân.	900	§2).
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Está impedido o sacerdote que incorreu na excomunhão, interdito ou suspensão 
(1331-1333), ou, então, nas irregularidades ou impedimentos indicados pelo cân. 
1044.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
a)	 Admissão	a	celebrar	 -	Todo	sacerdote	deve	ser	admiti-
do	a	celebrar	a	Eucaristia,	mesmo	se	desconhecido	do	
reitor	da	Igreja,	desde	que	apresente	um	documento	de	
recomendação	de	 seu	Ordinário	 ou	 Superior	 (dado	há	
menos	de	um	ano)	ou,	então,	 se	possa	 julgar	que	não	
esteja	impedido	de	celebrar	(cân.	903).
123© A Eucaristia
b)	 Intenção	da	missa	-	Todo	sacerdote	tem,	ainda,	o	direito	
de	aplicar	a	missa	por	quaisquer	pessoas,	vivas	ou	de-
funtas,	à	norma	do	cân.	901.	
Diferente é a questão da celebração como fato público. Esta, por 
motivo de escândalo, ou por outra razão, pode ser proibida.
c)	 A	concelebração	–	Na	disciplina	antiga	eram	raras	as	cir-
cunstâncias	em	que	se	permitia	a	concelebração.	O	cân.	
902,	recolhendo	o	espírito	da	reforma	conciliar,	autoriza	
que	os	sacerdotes	concelebrem	a	Eucaristia	sem	que	seja	
necessária	uma	particular	licença	por	parte	do	Ordinário,	
desde	que	a	utilidade	dos	fiéis	não	requeira	outra	coisa.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A opção do legislador pela concelebração deriva da convicção de que nela se 
manifesta a unidade do sacrifício, a unidade do sacerdócio e, quando este par-
ticipa, a unidade do povo de Deus. A Instrução Geral sobre o Missal Romano 
(IGMR) nos números 153-160 especifica os casos nos quais a concelebração é 
prescrita e as ocasiões para quais é recomendada. Veja, ainda, HORTAL, J. Os 
sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 
1987, p.100. Permanece, porém, intacta a liberdade de poder celebrar indivi-
dualmente, mas não durante uma concelebração realizada na mesma igreja ou 
oratório. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d)	 Número	 de	missas	 por	 dia	 -	Não	 é	 lícito	 ao	 sacerdote	
celebrar	mais	de	uma	vez	ao	dia,	exceto	noscasos	em	
que,	de	acordo	com	o	direito,	é	permitido	celebrar	ou	
concelebrar	a	Eucaristia	mais	vezes	no	mesmo	dia	(cân.	
905	§1).	Trata-se	de	uma	norma	muito	antiga.	Contudo,	
o	próprio	legislador	prevê	exceções,	pois	estabelece	que	
se	 houver	 falta	 de	 sacerdotes,	 o	 Ordinário	 local	 pode	
permitir	 que,	 por	 justa	 causa,	 os	 sacerdotes	 celebrem	
duas	vezes	ao	dia	(durante	a	semana)	e	até	mesmo	três	
vezes	nos	domingos	e	festas	de	preceito,	se	as	necessi-
dades	pastorais	o	exigirem	(cân.	905	§2).	
Se a situação de necessidade pastoral se mantiver e for necessá-
rio conceder permanentemente que um mesmo sacerdote celebre 
mais de três vezes ao dia será preciso recorrer à Santa Sé. Nunca 
é demais recordar que em vários lugares, inclusive no Brasil, a 
© Direito Canônico II
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124
escassez de sacerdotes impede muitas comunidades de terem a 
celebração da Eucaristia e, não raramente, nos deparamos com 
sacerdotes que acabam tendo que celebrar mais vezes do que o 
permitido.
e)	 Frequência	da	celebração –	A	disciplina	atual,	em	claro	
contraste	com	a	antiga,	exorta	o	sacerdote	a	celebrar	a	
eucaristia	com	frequência	e	recomenda	que	o	faça	dia-
riamente	(cân.	904).	A	norma	deve	ser	compreendida	à	
luz	da	razão	teológica	explicitada	pelo	próprio	cânon	e	
que	se	fundamenta	no	decreto	conciliar	Presbyterorum 
Ordinis nº	13.	Afirma	o	texto	conciliar:
No	mistério	do	sacrifício	Eucarístico,	em	que	os	sacerdotes	cum-
prem	sua	função	principal,	realiza-se	de	modo	contínuo	a	obra	de	
nossa	redenção.	Por	isso	é	que	se	recomenda	com	muita	insistência	
sua	celebração	diária,	pois,	mesmo	que	não	se	possa	contar	com	a	
presença	de	fiéis,	é	ela	um	ato	de	Cristo	e	da	Igreja.
Não	está	proibido	que	o	sacerdote	celebre	a	Eucaristia	
sozinho,	mas	isto	somente	poderá	ocorrer	por	uma	cau-
sa	justa	e	razoável	(cân.	906),	pois	é	importante	a	parti-
cipação	de	pelo	menos	um	fiel.	Obviamente	que	a	forma	
celebrativa	a	ser	prestigiada	é	sempre	aquela	com	a	pre-
sença	da	comunidade	(cân.	837	§1).	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
O modo como o cân. 906 está formulado favorece, também, a celebração diária 
da missa. No CIC anterior (cf. cân. 813 §1) era proibido ao sacerdote celebrar a 
Eucaristia sem um ajudante que pudesse assisti-lo e responder a missa. Apenas 
um indulto pontifício podia autorizar uma celebração sem a participação de, ao 
menos, um fiel. Todavia, na concessão de tal indulto devia constar a seguinte 
cláusula: "desde que assista algum fiel". 
Atualmente, o sacerdote não deve celebrar a missa sem a participação de pelo 
menos um fiel. Contudo, basta uma causa justa e razoável para que seja lícito 
fazê-lo. É uma causa justa e razoável o desejo de celebrar diariamente, desde 
que se tenha feito uma suficiente diligência para celebrar com a assistência de 
algum fiel.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O ministro da sagrada comunhão
O	legislador	faz	uma	distinção	entre	ministro	ordinário e	ex-
traordinário.
125© A Eucaristia
O	ministro	ordinário	da	sagrada	comunhão	é	o	Bispo,	o	pres-
bítero	e	o	diácono	(cân.	910	§1).	É	importante	destacar	que	a	ele-
vação	do	diácono	a	ministro	ordinário	da	comunhão	foi	realizada	
pelo	Concílio	Vaticano	II	ao	confiar	a	ele,	como	ofício	próprio,	con-
servar	a	Eucaristia	(LG	29).	
O	ministro	extraordinário	da	sagrada	comunhão	é	o	acólito	
ou	outro	fiel	(homem	ou	mulher)	encarregado	deste	serviço	(cân.	
910	§2),	de	acordo	com	a	norma	do	cân.	230	§3.	
Informação complementar –––––––––––––––––––––––––––––
De um ponto de vista institucional o ministro extraordinário da comunhão é o acó-
lito, isto é, o leigo que recebeu tal ministério estável, mediante um rito litúrgico, 
à norma do cân. 230 §1. Portanto, o acólito não necessita de uma designação 
especial para ser ministro extraordinário da comunhão, pois o é em virtude do 
seu ministério. Todavia, é sempre um ministro extraordinário, ou seja, deve atuar 
sempre em regime de suplência, na falta ou impedimento do ministro ordinário.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Convém	observar	que	o	ministro	extraordinário	da	sagrada	
comunhão	possui	sempre	uma	função	supletiva.	
Informação complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A condição para se confiar tal encargo é a existência de uma necessidade e a 
falta de ministros ordenados. Esta falta deve ser entendida, seja como ausência 
do lugar em que se celebra a Eucaristia, seja no sentido de impedimento, seja, 
ainda, no sentido de insuficiência de ministros em relação ao número de pessoas 
que comungam. Curioso observar que alguns sacerdotes, movidos pela intenção 
de "promover" os leigos, acabando abdicando de uma função que ordinariamen-
te lhes compete (ser o ministro ordinário da sagrada comunhão), agindo, portan-
to, contra a norma e introduzindo uma prática ilegítima. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O ministro do viático
	Têm	o	dever	e	direito	de	levar	a	santíssima	Eucaristia	como	
viático	 aos	 doentes	 (moribundos)	 o	 pároco	 e	 os	 vigários	 paro-
quiais,	 os	 capelães,	 como,	 também,	 o	 Superior	 da	 comunidade	
nos	 institutos	 religiosos	 clericais	 ou	 nas	 sociedades	 clericais	 de	
vida	apostólica,	em	relação	a	todos	os	que	se	encontram	na	casa	
(cân.	911	§1).		Em	caso	de	necessidade	ou	com	a	licença	ao	menos	
© Direito Canônico II
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126
presumida	do	pároco,	do	capelão	ou	do	Superior,	a	quem	se	deve	
depois	informar,	deve	fazê-lo	qualquer	sacerdote	ou	outro	minis-
tro	da	sagrada	comunhão	(cân.	911	§2).	
O ministro da exposição do Santíssimo Sacramento e da bênção 
eucarística
O	ministro	da	exposição	do	Santíssimo	Sacramento	e	da	bên-
ção	eucarística	é	o	sacerdote	ou	diácono;	em	circunstâncias	espe-
ciais,	apenas	da	exposição	e	 reposição,	mas	não	da	bênção,	é	o	
acólito,	um	ministro	extraordinário	da	comunhão	ou	outra	pessoa	
delegada	 pelo	 Ordinário	 local,	 observando-se	 as	 prescrições	 do	
Bispo	diocesano	(cân.	943).
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nas Igrejas e oratórios onde é permitido conservar a santíssima Eucaristia, po-
dem-se fazer exposições com a píxide ou com o ostensório, observando-se as 
normas prescritas nos livros litúrgicos. Durante a celebração da missa não é 
permitido expor o Santíssimo Sacramento no mesmo recinto da igreja ou oratório 
(cân. 941).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
8. A PARTICIPAÇÃO NA SANTÍSSIMA EUCARISTIA 
(CÂNN. 912-923) 
Os	cânones	912-923	regulam	o	direito	e	a	obrigação	de	rece-
ber	a	Eucaristia,	ocupando-se	de	uma	série	de	aspectos	de	parti-
cular	relevância.	Faremos,	aqui,	um	breve	apanhado	da	normativa.	
Vamos	lá?
Direito dos fiéis à comunhão
Em	relação	ao	direito	à	comunhão,	o	princípio	geral	é	o	se-
guinte:	"Qualquer	batizado,	não	proibido	pelo	direito,	pode	e	deve	
ser	admitido	à	sagrada	comunhão"	(cân.	912).	Este	direito	encon-
tra	o	seu	fundamento	dentro	do	assim	chamado	"direito	aos	sacra-
mentos",	previsto	pelos	cânn.	213	e	843	§2.	O	legislador	apenas	
127© A Eucaristia
fixa	aqui	os	requisitos	externos	para	se	gozar	do	direito	de	receber	
a	Eucaristia,	pois	outra	coisa	são	os	requisitos	ou	disposições	inte-
riores	dos	quais	se	ocupam	o	cân.	916.	
O	fiel	não	deve	provar	que	é	digno	de	receber	os	sacramen-
tos.	Por	ser	batizado	é	admitido	à	mesa	do	Senhor.	Assim,	os	mi-
nistros	não	podem	negar	a	comunhão	ao	fiel	que	a	pede	oportu-
namente	e	que	esteja	bem	disposto,	a	não	ser	que	conste,	no	foro	
externo,	a	existência	de	alguma	proibição.	
O	direito	aos	sacramentos	é	disciplinado	por	normas	que	re-
gulam	o	seu	exercício	para	o	bem	de	toda	a	Igreja.	Vejamos	aque-
las	relativas	ao	exercício	do	direito	dos	fiéis	à	comunhão.
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Afirma o cân. 213 contém a seguinte disposição: "Os fiéis têm o direito de rece-
ber dos Pastores sagrados, dentre os bens espirituais da Igreja, principalmente 
os auxílios da Palavra de Deus e dos sacramentos".Este direito fundamental dos 
fiéis se encontra regulado em seu exercício pelo cân. 843 §1, que assim estabe-
lece: "Os ministros sagrados não podem negar os sacramentos àqueles que o 
pedirem oportunamente, que estiverem devidamente dispostos e que pelo direito 
não forem proibidos de os receber".
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
 
Para aprofundar este estudo veja, também, os seguintes textos: 
HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-
-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, pp. 103-108; MÜLLER, Ivo. 
Direitos e deveres do Povo de Deus. Petrópolis: Vozes, 2004, pp. 
159-169. 
a)	 As	crianças	–	Os	cânones	913-914	regulam	o	direito	das	
crianças	 de	 receberem	 a	 Eucaristia.	 Em	 circunstâncias	
normais,	para	que	as	crianças	possam	receber	a	Eucaris-
tia,	é	necessário	que	tenham	suficiente	conhecimento	e	
cuidadosa	preparação,	de	modo	que,	de	acordo	com	sua	
capacidade,	o	façam	com	fé	e	devoção	(cân.	913	§1).	Em	
perigo	de	morte,	a	Eucaristia	pode	ser	administrada	às	
crianças	se	puderem	discernir	o	Corpo	de	Cristo	do	ali-
mento	comum,	 recebendo-o	com	reverência	 (cân.	913	
§2).
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128
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O cân. 914 trata da preparação das crianças para a comunhão, indicando qual é 
a responsabilidade de cada um. Primariamente o dever de preparação das crian-
ças cabe aos pais ou a quem faz as suas vezes; subsidiariamente tal dever recai 
sobre o pároco o qual, por sua vez, conta com a colaboração de catequistas para 
auxiliá-lo em tal preparação. Curioso observar que o catequista não substitui os 
pais, como muitas vezes acontece...
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
b)	 Os	excomungados	e	os	interditados	–	Os	excomungados	
e	os	interditados,	depois	da	imposição	ou	declaração	da	
pena,	 não	 podem	 ser	 admitidos	 à	 sagrada	 comunhão,	
como,	 também,	os	 que	obstinadamente	persistem	em	
pecado	grave	manifesto	(cân.	915).	Deve-se	tratar	sem-
pre	de	situações	públicas	e	manifestas	e,	portanto,	co-
nhecidas	 externamente.	 É	 preciso,	 além	disso,	 a	 cons-
ciência	 da	 gravidade	 da	 situação	 e	 nela	 persistir.	 Não	
estamos,	portanto,	diante	de	algo	banal	e,	portanto,	é	
preciso	muita	prudência	para	se	lidar	com	tais	situações.	
Ivo Müller faz uma breve reflexão pastoral a respeito de algumas 
situações bem específicas e seria interessante tê-la presente. Cf. 
Müller, I. Op. cit., p.162-167.
c)	 Os	que	estão	em	pecado	grave –	Segundo	o	 cân.	916,	
quem	está	consciente	de	pecado	grave	não	deve	cele-
brar	a	missa	e	nem	comungar	o	Corpo	do	Senhor,	sem	
fazer	antes	a	confissão	sacramental,	a	não	ser	que	exista	
causa	grave	e	não	haja	oportunidade	para	se	confessar;	
nesse	caso,	porém,	é	preciso	um	ato	de	contrição	perfei-
ta	e	o	propósito	de	se	confessar	o	quanto	antes.
Informação complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Aqui é preciso esclarecer alguns pontos:
-	 a necessidade da confissão se impõe apenas àquele que está consciente de 
pecado grave. Fora disso a confissão não é uma condição prévia para se 
aproximar da comunhão e para poder celebrar como alguns acreditam;
-	 a razão grave de dever celebrar ou receber a comunhão sem a prévia confissão 
pode encontrar muitas aplicações: perigo de morte, perigo próximo de profana-
ção das espécies eucarísticas, perigo de escândalo ou de difamação caso não 
se celebre ou comungue naquela ocasião, necessidade de celebrar em razão 
do ofício ou da cura pastoral, etc.;
129© A Eucaristia
-	 deve faltar a oportunidade de se confessar: isto pode ocorrer quando não 
está presente algum confessor, quando não se pode ir ao confessor, a não 
ser com grande dificuldade, quando o confessor presente não conhece a lín-
gua do penitente, quando existe uma especial relação entre o confessor e o 
penitente que da confissão poderia derivar um grave dano, para si ou para os 
outros, extrínseco à confissão mesma (o confessor é um parente do penitente 
ou o superior do penitente). Resumindo: falta a oportunidade de se confessar 
quando subsiste para o penitente uma grave dificuldade moral extrínseca à 
confissão de acusar os seus pecados ao confessor presente;
-	 o penitente deve colocar um ato de contrição perfeita: a dor perfeita implica a 
vontade de receber o sacramento. Trata-se de uma espécie de confissão de 
desejo;
-	 o penitente na situação prevista pelo cân. 916 deve se confessar o quanto 
antes. O preceito de recuperar a graça necessariamente por meio do sacra-
mento da penitência antes de celebrar ou comungar, é de direito eclesiástico, 
porém possui grande valor pastoral. O CIC não fixa um tempo para se cumprir 
tal obrigação, diz, apenas, que se faça o quanto antes.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d)	 Os	que	 já	 receberam	a	Eucaristia	–	quem	já	recebeu	a	
Eucaristia	pode	recebê-la	somente	uma	segunda	vez	no	
mesmo	dia	e	dentro	da	celebração	eucarística	da	qual	
participa	(cân.	917),	salva	a	prescrição	do	cân.	921	§2.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O texto do cân. 917 não é claro e se prestou a várias interpretações quando o có-
digo foi promulgado. Gramaticalmente o advérbio iterum, utilizado no cânon pode 
ser interpretado de modo limitativo. De fato, vários autores latinos o utilizam para 
significar somente uma segunda vez. Para indicar mais de uma vez os autores 
se servem de outras expressões (iterum atque iterum, iterum iterumque, iterum 
ac tertium, iterum et saepius, etc.). Outros autores, porém, usam o termo com o 
significado de novamente, sem qualquer limitação. Todavia, a Pontifícia Comis-
são para a interpretação autêntica do CIC aos 11 de abril de 1984 entendeu que 
o advérbio latino "iterum" (novamente) deve ser aqui interpretado como "segunda 
vez", resolvendo, assim, as dúvidas surgidas na interpretação do texto logo após 
a promulgação do código atual.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
e)	 Contexto	da	 comunhão	–	 a	natureza	da	Eucaristia	 exi-
ge	que	a	comunhão	seja	recebida	durante	a	celebração	
eucarística.	Todavia,	a	comunhão	pode	ser	dada	fora	da	
missa,	quando	a	pedem	por	 justa	causa	 (cân.	918).	Há	
uma	justa	causa	quando	se	trata	de	uma	pessoa	enferma	
ou	anciã	que	não	pode	ir	ao	local	da	celebração,	quan-
do	o	fiel	está	realmente	impossibilitado	de	se	fazer	pre-
sente	na	celebração	(por	causa	do	horário	de	trabalho),	
quando	no	lugar	não	há	a	celebração	eucarística,	mas	o	
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130
Santíssimo	Sacramento	foi	conservado	para	ser	distribu-
ído,	etc.
f)	 O	 jejum	eucarístico	–	O	 cân.	 919	estabelece	quem	vai	
receber	a	Eucaristia,	deve	se	abster	de	qualquer	comida	
ou	bebida,	excetuando-se	somente	água	e	remédio,	no	
espaço	de	ao	menos	uma	hora	antes	da	sagrada	comu-
nhão.	
O	sacerdote	que	no	mesmo	dia	celebra	duas	ou	três	vezes	a	
santíssima	Eucaristia	pode	tomar	alguma	coisa	antes	da	segunda	
ou	terceira	celebração,	mesmo	que	não	haja	o	espaço	de	uma	hora	
(cf.	cân.	919	§2).	
Pessoas	idosas	e	enfermas,	bem	como	as	que	cuidam	delas,	
podem	receber	a	Eucaristia	mesmo	que	tenham	tomado	alguma	
coisa	na	hora	que	a	antecede	(cân.	919	§3).	Isto	não	significa	afir-
mar	que	o	jejum	foi	abolido	de	tudo,	mas,	apenas,	que	determi-
nadas	categorias	de	pessoas	a	ele	não	estão	vinculadas	da	mesma	
forma	que	os	sadios.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O uso de receber a Eucaristia antes de qualquer outro alimento no mesmo dia 
quer significar a excelência do sacramento. Santo Agostinho, mesmo reconhe-
cendo que o jejum não foi ordenado por Jesus e nem pelos Apóstolos, defende 
este costume, como, também, Nicolau I e Martinho V. A questão do jejum foi 
amplamente tratada pelo Papa Bento XIV na epístola Quadam de 22 de março 
de 1756. O Papa Paulo VI, aos 21 de novembro de 1964, durante a assembléia 
conciliar, encarregou o Secretário geral do Concílio de anunciar que o jejum eu-
caristico havia sido reduzido para uma hora antes da comunhão.––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O dever de receber a Eucaristia 
O	CIC	estabelece	que	 todo	 fiel,	depois	que	recebeu	a	san-
tíssima	Eucaristia	pela	primeira	vez,	tem	o	dever	de	receber	a	sa-
grada	 comunhão	 ao	menos	 uma	 vez	 por	 ano.	 Tal	 preceito	 deve	
ser	cumprido	no	tempo	pascal,	a	não	ser	que,	por	justa	causa,	se	
cumpra	em	outro	 tempo	dentro	do	ano	 (cân.	920).	A	expressão	
"tempo	pascal"	deve	ser	entendida	em	um	sentido	estrito,	isto	é,	
do	período	de	tempo	que	decorre	da	Quinta-feira	Santa	(início	do	
131© A Eucaristia
Tríduo	Pascal),	ao	dia	de	Pentecostes.	Não	é	mais	necessário	que	o	
Ordinário	do	lugar	prolongue	ou	antecipe	este	tempo,	pois	a	pró-
pria	lei	confere	ao	fiel	a	faculdade	de	cumprir	esta	obrigação	em	
outro	período	do	ano	sempre	que	houver	justa	causa.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O significado da comunhão frequente ou cotidiana é explicado eficazmente na 
instrução Eucharisticum Mysterium no nº. 37. Todavia, a escassa consideração 
de muitos cristãos pela comunhão levou a autoridade da Igreja a impor, já no 
Concílio Lateranense IV (1215), o preceito da comunhão pascal. O CIC atual, 
portanto, continua esta tradição, deixando, porém, aberta a possibilidade de se 
comungar em outra época do ano quando houver uma justa causa. A este pro-
pósito, veja, também: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão 
canônico-pastoral. São Paulo: Loyola, 1987, p. 108-110.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9. RITOS E CERIMÔNIAS DA CELEBRAÇÃO EUCARÍS-
TICA (CÂNN. 924-930)
Matéria do Sacrifício eucarístico (cân. 924)
O	sinal	externo	da	Eucaristia	considerada	como	sacramento	
da	comunhão	são	as	espécies	do	pão	e	do	vinho.	Trata-se	de	uma	
doutrina	unânime,	tanto	no	Oriente	quanto	no	Ocidente,	e	que	en-
contra	o	seu	fundamento	na	narrativa	da	última	ceia	de	Jesus	(cf.	
Mt	26,	26-29;	Mc	14,	22-25;	Lc	22,15-20;	I	Cor	11,	23-26).	Desde	o	
princípio	a	Igreja	agiu	em	conformidade	com	o	exemplo	de	Jesus	e	
sempre	tomou	posição	contra	todos	os	desvios.
O	legislador,	mantendo-se	fiel	à	tradição,	estabelece	que	o	
sacrossanto	Sacrifício	Eucarístico	deve	ser	oferecido	com	pão	e	vi-
nho,	e	a	este	se	deve	misturar	um	pouco	de	água	(cân.	924	§1).	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Desde São Cipriano a Igreja sempre se colocou contrária aos que queriam que 
a matéria fosse água ou uma bebida não alcoólica. Portanto, para a validade, a 
Eucaristia é celebrada com pão e vinho.
Discutida é a questão se a competente autoridade da Igreja (cân. 841) possa 
admitir o uso de outro tipo de pão e de outro tipo de bebida. As propostas de mu-
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132
dança, com motivações diversas e nem sempre convergentes, encontram duas 
dificuldades fundamentais: o exemplo de Jesus, ao qual é necessário se manter 
fiel, e a tradição antiga e compacta da Igreja (católica, ortodoxa, anglicana e re-
formadas) da qual não se pode afastar. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	pão	deve	ser	só	de	trigo.	Trata-se	de	matéria	para	a	valida-
de do sacramento.	Para	uma	celebração lícita	se	exige,	ainda,	que	
o	pão	deve	ser	feito	recentemente,	de	modo	que	não	haja	perigo	
de	deterioração	(cân.	924	§2),	e,	ainda,	que	seja	ázimo	(cân.	926).	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É importante ter presente que o pão deve ser exclusivamente de trigo e é preciso 
manter intactas todas as suas propriedades naturais. Um pão corrompido deixa-
ria de ser matéria válida do sacramento.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
ATENÇÃO!
A utilização de pão ázimo (sem fermento) pertence à tradição da 
Igreja Latina e remonta ao século 8º. 
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Congregação para a Doutrina da Fé deu respostas muito claras a determina-
dos problemas relativos à participação na Mesa eucarística, como é o caso, por 
exemplo, do alcoolismo e da enfermidade celíaca. Para se interar do assunto 
consulte o seguinte texto: Congregação para a Doutrina da Fé. Responsa ad 
dubia, 29.X.1982, In AAS 74, 1982, 1298.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	vinho,	para	a	 validade,	deve	 ser	natural	 (do	 fruto	da	vi-
deira),	e	não	deteriorado	(cân.	924	§§	2	e	3).	O	acréscimo	de	um	
pouco	de	água	no	Oriente	é	obrigatório	e	no	Ocidente	é	necessário	
apenas	para	a	liceidade.	
A forma do sacramento 
A	forma	da	santíssima	Eucaristia	é	constituída	pelas	palavras	
de	sua	 instituição	pronunciadas	durante	a	celebração	Eucarística	
no	momento	da	consagração.	Em	continuidade	com	o	ensinamen-
to	do	Concílio	de	Trento,	o	cân.	927	estabelece	que	o	pão	e	o	vinho	
133© A Eucaristia
sempre	devem	ser	consagrados	juntos	e	na	celebração	eucarística.	
É	tese	teológica	certa	que	o	sacrifício	eucarístico	se	realiza	essen-
cialmente	com	a	dupla	consagração.	Na	falta	de	uma	consagração,	
falta	o	sacrifício.	Por	isso,	o	legislador	proíbe	que	se	consagre	uma	
matéria	sem	a	outra	ou,	então,	que	sejam	consagradas	fora	da	ce-
lebração	eucarística,	mesmo	urgindo	extrema	necessidade.	Trata-
-se	de	uma	proibição	absoluta.	
Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– 
É proibido, portanto, consagrar somente hóstias quando em uma celebração com 
grande participação dos fiéis venha a faltar aquelas consagradas; é proibido con-
sagrar o pão fora da missa para poder administrar o viático a um enfermo em 
perigo de morte. O IGMR estabelece que se após a consagração o sacerdote cair 
na conta de que utilizou água e não vinho, deve colocar a água em um recipiente 
à parte e versar no cálice o vinho com um pouco de água, repetindo a parte da 
consagração do vinho, sem precisar consagrar novamente o pão. 
A consagração do pão e do vinho fora da estrutura da celebração eucarística, 
embora proibida e, portanto, ilícita, é válida, desde que sejam utilizadas as pala-
vras próprias da consagração e com a intenção de fazer o que a Igreja faz. Na 
prática tal modalidade é sempre ilegítima.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Outras questões 
O	Concílio	Vaticano	II	permitiu	que	em	determinados	casos,	
seja	distribuída	a	comunhão	sob	as	duas	espécies,	mantendo-se	fir-
mes	os	princípios	dogmáticos	declarados	pelo	Concílio	de	Trento	(SC	
55).	Segundo	estes	princípios	dogmáticos	aos	quais	se	refere	a	cons-
tituição	conciliar,	na	comunhão	sob	qualquer	uma	das	duas	espécies	
se	recebe	a	Cristo	total	e	íntegro	e	um	verdadeiro	sacramento.	Por	
conseguinte,	não	há	uma	maior	plenitude	de	participação	quando	
se	recebe	o	Corpo	de	Cristo	sob	as	duas	espécies.	Tal	participação	é	
permitida	apenas	por	uma	questão	de	valorização	do	sinal.
	O	legislador,	atendo-se	às	orientações	do	Concílio,	estabele-
ceu	que,	de	regra,	a	comunhão	deve	ser	distribuída	somente	sob	a	
espécie	de	pão,	e,	nos	casos	previstos	pelo	direito	litúrgico,	sob	as	
duas	espécies	(IGMR	240-243).	Em	caso	de	necessidade	pode	ser	
dada	somente	sob	a	espécie	do	vinho,	como	ocorre,	por	exemplo,	
com	aqueles	que	não	podem	ingerir	glúten	(cân.	925).	
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Os	sacerdotes	e	diáconos,	para	celebrar	ou	administrar	a	Eu-
caristia,	devem	utilizar	os	paramentos	prescritos	pelos	livros	litúr-
gicos	(cân.	929).
Portanto,	 a	 celebração	 eucarística	 não	 pode	 ser	 celebrada	
em	qualquer	língua.	Deve	ser	utilizada	a	língua	latina,	ou,	então,	a	
língua	viva	da	comunidade	que	a	celebra.	Todavia,	é	obrigação	do	
ministro	utilizar	os	textos	litúrgicos	que	tenham	sido	legitimamen-
te	aprovados	(cân.	928)	e	não	qualquer	texto.
10. TEMPO E LUGAR DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA 
(CÂNN. 931-933)
Em	relação	ao	 tempo,	o	 cân.	931	nos	oferece	uma	norma	
geral	bem	ampla:	"A	celebração	e	a	distribuição	da	Eucaristia	pode	
realizar-se	em	qualquer	dia	e	hora,	exceto	aqueles	excluídos	pelas	
leis	litúrgicas"	(cân.	931).	Isso	vale	tanto	para	a	celebração	da	mis-
sa,	quanto	para	a	administração	da	sagrada	comunhão.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––As exceções a esta norma geral se encontram nas normas litúrgicas. Na Quinta-
-feira Santa a Missa do crisma em muitos lugares é celebrada pela manhã na 
catedral, embora possa ser celebrada antes por razões pastorais. Já na parte 
da tarde celebra-se, apenas, a Missa da Ceia do Senhor, podendo o Ordinário 
do lugar permitir que se celebre outra Missa vespertina, tanto em Igrejas, quanto 
em oratórios, para aquelas pessoas que não possam participar da Missa da Ceia 
do Senhor. A comunhão somente pode ser administrada dentro dessas missas, 
salvo o caso dos enfermos aos quais poderá ser administrada a qualquer hora.
Na Sexta-feira Santa a Eucaristia não pode ser celebrada. A comunhão somente 
pode ser dada dentro da celebração vespertina, com exceção, é claro, dos en-
fermos.
No Sábado Santo tampouco está permitido celebrar a Eucaristia até a Vigília 
Pascal, geralmente realizada à noite, embora por razões pastorais seja permitido 
celebrá-la ao entardecer. Antes desta celebração só é possível receber a comu-
nhão na forma de viático.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quanto	ao	lugar o	princípio	geral	é	que	a	celebração	deve	ser	
realizada	em	lugar	sagrado,	a	não	ser	que,	em	caso	particular,	a	ne-
cessidade	exija	outra	coisa;	neste	caso,	deve-se	fazer	a	celebração	
em	lugar	decente	(cân.	932).
135© A Eucaristia
Por	 lugares	 sagrados	 entendem-se	 aqueles	 destinados	 ao	
culto	divino	(as	igrejas,	os	oratórios,	as	capelas	privadas,	as	cape-
las	 privadas	 dos	 bispos	 e	 os	 santuários)	mediante	dedicação	ou	
benção,	para	isso	prescritas	pelos	livros	litúrgicos	(cân.	1205).
Excepcionalmente,	quando	em	um	caso	particular	a	neces-
sidade	o	exigir,	pode-se	 celebrar	em	outro	 lugar	desde	que	 seja	
decente.	A	autorização	para	celebrar	fora	do	lugar	sagrado	é	dada	
pelo	próprio	direito	e,	portanto,	não	é	necessário	recorrer	ao	Ordi-
nário	do	lugar.	Dessa	maneira,	deve	se	tratar	de	um	caso	particular,	
e	não	de	algo	habitual,	pois,	se	assim	o	for,	será	preciso	a	licença	
do	Ordinário	local.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Isso não impede que o direito particular crie normas a esse respeito, fixando cri-
térios para determinar a necessidade, como, também, as condições de decoro e 
dignidade que o lugar escolhido deve ter.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	Sacrifício	eucarístico	deve	realizar-se	sobre	altar	dedicado	
ou	benzido;	 fora	do	 lugar	sagrado,	pode	ser	utilizada	uma	mesa	
conveniente,	mas	sempre	com	toalha	e	corporal,	à	norma	do	cân.	
932	§2.	A	normativa	canônica	relativa	aos	altares	encontra-se	nos	
cânn.	1235-1239.	
É	possível	 celebrar	a	Eucaristia	no	 templo	de	alguma	 Igre-
ja	ou	comunidade	eclesial	que	não	tenha	plena	comunhão	com	a	
Igreja	católica,	desde	que	haja	uma	justa	causa,	seja	removido	o	
escândalo	e	se	obtenha	uma	 licença	expressa	do	Ordinário	 local	
(cân.	933).	Não	se	trata	da	administração	da	Eucaristia	para	cris-
tãos	não	católicos	(deste	tema	se	ocupa	o	cân.	844),	mas,	sim,	da	
celebração	da	eucaristia	para	católicos	em	templos	não	católicos.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O CIC não contempla a situação inversa, ou seja, que os irmãos separados cele-
brem seus cultos em lugares sagrados católicos. O Diretório ecumênico de 1993, 
nos números 137-142, estende a todos os irmãos separados a comunicação nos 
lugares sagrados. Para se interar melhor disso, veja os números indicados.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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11. CONSERVAÇÃO E VENERAÇÃO DA EUCARISTIA 
(CÂNN. 934-944) 
O	povo	cristão	não	considera	somente	a	celebração	da	Euca-
ristia	como	o	centro	e	o	coração	do	culto	e	da	sua	vida,	mas,	tam-
bém,	crê	na	presença	real	de	Cristo	nas	espécies	consagradas,	ado-
rando-o	fora	do	contexto	da	celebração	eucarística.	Assim,	nunca	
é	demais	lembrar	que	a	Eucaristia	tem	o	seu	vértice	na	celebração	
da	missa,	pois	esta	se	encontra	na	origem	de	todo	o	culto	que	se	
rende	à	Eucaristia	fora	da	missa.	O	objetivo	primário	e	originário	
da	conservação	das	espécies	eucarísticas	é	o	viático.	O	objetivo	se-
cundário	é	a	distribuição	da	comunhão	fora	da	missa	e	a	adoração.	
A	 consciência	 da	 presença	 do	 Senhor	 na	 Eucaristia	 (sacra-
mento	permanente)	conduziu	os	fiéis	a	manifestações	externas	e	
públicas	de	devoção	eucarística	que	a	competente	autoridade	da	
Igreja	a	regulou	e	regula	de	diversas	formas.	O	CIC	se	ocupa	so-
mente	da	conservação	da	Eucaristia	(cânn.	934-940)	e	de	algumas	
manifestações	de	culto	da	presença	eucarística	(cânn.	941-944).	
Lugar da conservação da Eucaristia 
O	cân.	934	§1	indica	quais	são	os	locais	nos	quais	a	Eucaristia	
deve	ser	conservada.	À	norma	do	cân.	935,	a	ninguém	é	lícito	con-
servar	a	Eucaristia	na	própria	casa	ou	levá-la	consigo	em	viagens,	a	
não	ser	em	circunstâncias	extraordinárias	(incêndio,	perigo	de	pro-
fanação,	inundação	etc.),	ou	urgindo	uma	necessidade	pastoral.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A conservação da Eucaristia é prescrita nas igrejas catedrais ou equiparadas, 
nas igrejas paroquiais, nas igrejas ou oratórios anexos às casas de um instituto 
religioso ou de uma sociedade de vida apostólica; é permitida na capela privada 
do Bispo e nas outras igrejas, oratórios ou capelas privadas, mas com a licença 
do Ordinário do lugar (cân. 934 §1). Nestes lugares deve haver alguém que cuide 
dela e, se possível, um sacerdote deve celebrar missa aí, pelo menos duas vezes 
por mês (cân. 934 §2). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
.........................................
137© A Eucaristia
O tabernáculo (cânn. 938-940) 
O	 tabernáculo	 é	 o	 lugar	 onde	 as	 espécies	 eucarísticas	 são	
conservadas.	 Para	 se	 evitar	 o	 perigo	 de	 profanação,	 a	 chave	 do	
tabernáculo	deve	ser	guardada	com	a	máxima	diligência	e	duran-
te	a	noite	a	Eucaristia	pode	ser	conservada	em	outro	lugar	segu-
ro	e	digno.	(cân.	938	§§	4-5).	Diante	do	tabernáculo	deve	brilhar	
continuamente	 uma	 lâmpada	 especial,	 com	a	 qual	 se	 indique	 e	
se	reverencie	a	presença	de	Cristo	(cân.	940).	O	tabernáculo	deve	
ter	os	 seguintes	 requisitos:	 inamovível;	 construído	com	material	
sólido	e	não	transparente;	situado	em	uma	parte	da	igreja	que	seja	
distinta,	visível,	ornada	com	dignidade	e	própria	para	a	oração.	A	
Eucaristia	deve	ser	conservada	em	apenas	um	tabernáculo.	
Exposição e veneração (cân. 941-942) 
O	Santíssimo	Sacramento	pode	ser	exposto	com	a	píxide	ou	
com	o	ostensório,	observando-se	as	normas	prescritas	nos	livros	
litúrgicos.	 Recomenda-se	 que	 nas	 Igrejas	 e	 oratórios	 em	que	 se	
conserva	a	Santíssima	Eucaristia	 se	 faça	 todos	os	anos	a	exposi-
ção	solene	do	Santíssimo	Sacramento,	prolongada	por	tempo	con-
veniente,	mesmo	não	contínuo,	a	fim	de	que	a	comunidade	local	
medite	mais	profundamente	e	adore	o	mistério	eucarístico;	essa	
exposição,	porém,	somente	deve	ser	feita	caso	se	preveja	razoável	
concurso	de	fiéis	e	observando-se	as	normas	estabelecidas.	
Procissão eucarística (cân. 944)
Onde	for	possível,	a	juízo	do	Bispo	diocesano,	a	procissão	do	
Corpo	do	Senhor	pelas	vias	públicas	é	sempre	aconselhada	como	
testemunho	público	de	veneração	para	com	a	santíssima	Eucaris-
tia,	 principalmente	 na	 solenidade	 de	 Corpus Christi.	 Entretanto	
Compete,	ainda,	ao	Bispo	diocesano	estabelecer	normas	sobre	as	
procissões,	assegurando	a	participação	e	dignidade	delas	(cân.	944	
§2).
© Direito Canônico II
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12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	na	sequência,	as	questões	propostas	para	verificar	
seu	desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 A	normativa	 canônica	 sobre	o	 sacramento	da	Eucaristia	possui	uma	 forte	
acentuação	cristológica	e	eclesiológica.	Apresente	um	cânon	onde	isso	apa-
rece.	
2)	 O	mistério	 eucarístico	 possui	 três	 dimensões	 essenciais,	 pois	 a	 Eucaristia	
pode	 ser	 entendida	 como	 sacramento-sacrifício,	 sacramento-comunhão	 e	
sacramento-presença.	Explicitecada	uma	destas	dimensões.	
3)	 Tendo	presente	as	três	dimensões	essenciais	do	mistério	eucarístico,	como,	
também,	a	questão	do	viático,	desenvolva	o	seguinte	tema:	"o	ministro	da	
Santíssima	Eucaristia".
4)	 É	preciso	se	confessar	para	receber	a	comunhão?	Justifique.
5)	 É	possível	negar	a	comunhão	a	alguém?	Explique.
13. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade	você	refletiu	sobre	o	sacramento	da	Eucaris-
tia.	 Sugerimos	a	você	que	 faça	uma	 leitura	atenta	da	normativa	
contida	no	CIC	atual	(cânn.	897-958)	sobre	este	sacramento.	
Na	próxima	unidade,	você	será	convidado	a	compreender	os	
sacramentos	de	cura:	a	penitência	e	a	unção	dos	enfermos.
Até	lá!
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GHIRLANDA,	G.	O direito na Igreja, mistério de comunhão.	Compêndio	de	Direito	Eclesial.	
Aparecida:	Santuário,	2003.	
GRINGS,	D.	A ortopráxis da Igreja.	O	Direito	Canônico	a	serviço	da	pastoral.	Aparecida:	
Santuário,	1996.
HORTAL,	J.	E haverá um só rebanho:	história,	doutrina	e	prática	católica	do	Ecumenismo.	
São	Paulo:	Loyola,	1989.
______.	O código de direito canônico e o ecumenismo.	Implicações	ecumênicas	da	atual	
legislação	canônica.	São	Paulo:	Loyola,	1990.	
139© A Eucaristia
______.	Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral.	São	Paulo:	Loyola,	
1987.	
MÜLLER,	I.	Direitos e deveres do Povo de Deus.	Petrópolis:	Vozes,	2004.
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