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trabalho direito civil - AÇÕES POSSESSÓRIAS

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WELLINGTON RIBEIRO DA SILVA
Ações Possessórias e Petitórias
Faculdades Metropolitana de Blumenau – Fameblu – Uniasselvi
Blumenau, junho de 2018
WELLINGTON RIBEIRO DA SILVA
Ações Possessórias e Petitórias
	
 Trabalho apresentado à disciplina de Direito Civil, sob a orientação da Prof.º(a): Tatiana Filagrana.
 
Faculdade Metropolitana de Blumenau – Fameblu – Uniasselvi
Blumenau, junho de 2018
Ações Possessórias
 As ações possessórias são aquelas que visam a assegurar a posse, independentemente de qual direito real tenha lhe dado causa. Tais direitos reais são protegidos por meio das chamadas ações petitórias, ou seja, aquelas que têm a propriedade ou outro direito real como fundamento.	
Trata-se de ação de procedimento especial, abordada no Novo CPC em seus artigos 554 a 568, que nos traz as peculiaridades de cada uma das ações, bem como as características em comum. O artigo 558, do referido diploma, dispõe que se proposta a possessória dentro de ano e dia, será regida pelo procedimento especial, considerada neste prazo posse de força nova. Passado o prazo indicado, a chamada força velha, o procedimento será comum, conforme parágrafo único do mesmo artigo.
São consideradas ações possessórias: as ações de reintegração, de manutenção e o interdito proibitório. A ação de reintegração de posse caberá quando houver esbulho à posse, ou seja, perda total da posse, razão pela qual o possuidor terá direito a ser reintegrado. A ação de manutenção caberá quando houver à posse turbação, ou seja, quando existir um impedimento ao exercício pleno da posse pelo possuidor. Já o interdito proibitório deverá ser proposto quando houver ameaça à posse, um risco iminente, seja de esbulho ou turbação.
Como principais características estão a fungibilidade e o caráter dúplice das ações possessórias. A fungibilidade vem disposta no artigo 554 do CPC, autorizando ao juiz que conheça do pedido e outorgue a proteção legal caso uma ação seja proposta em vez de outra, ou pela impossibilidade de se identificar o esbulho ou a turbação, ou até mesmo pela mudança fática no momento da decisão. Quanto ao caráter dúplice, nos traz o artigo 556 que o réu, na contestação, alegando ofensa à posse, realizará pedidos em face do autor, inclusive indenização pelos danos que entender sofridos.
Cumpre salientar que o novo CPC praticamente não altera as regras hoje existentes acerca das ações possessórias, mas acrescenta alguns dispositivos regulamentando, em especial, a legitimidade coletiva e a possibilidade de mediação em conflitos derivados da posse de bens.
Umas das inovações trazidas se encontram prevista nos parágrafos do artigo 554. Conforme o novo dispositivo:
(...) no caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, será feita a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais; será ainda determinada a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
Neste caso, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez e os que não forem identificados serão citados por edital.
Ainda, o juiz dará ampla publicidade acerca da existência da ação e dos respectivos prazos processuais, podendo se valer de anúncios em jornais ou rádios locais, publicação de cartazes na região dos conflitos e de outros meios.
Ademais, de acordo com o art. 555 (com modificações que serão destacadas):
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - Indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - Evitar nova turbação ou esbulho;
II - Cumprir-se a tutela provisória ou final.
Todavia, conforme já informado, poucas foram as alterações sofridas pelas ações possessórias, sendo que alguns dos artigos apenas reproduzem o que hoje já é previsto.
Exemplo disto é o art. 556, que manteve o disposto no atual art. 922, traduzindo a natureza dúplice das ações possessórias. Segundo tal artigo, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Já o artigo 557 reforça a diferenciação entre as ações possessórias, em que se discute exclusivamente a posse, e as ações petitórias, que tem como único fundamento a propriedade.
Segundo o caput do referido artigo, na pendência de ação possessória, é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
O novo CPC também manteve inalterada a dinâmica existente entre as ações ajuizadas dentro do prazo de um ano e um dia da data do esbulho e turbação, ações estas chamadas de força nova.
· As ações ajuizadas dentro de um ano e um dia, continuarão seguindo o procedimento especial, que se encontra previsto na Seção II do Capítulo dedicado às possessórias.
· Já as ações ajuizadas após um ano e um dia da data do esbulho ou turbação, ações estas de força velha, seguirão o procedimento ordinário, sem, contudo, perder o seu caráter possessório.
No que diz respeito ao art. 559, o mesmo melhorou a redação do atual artigo 925 ao determinar que, deferida a liminar de reintegração ou de manutenção na posse, e demonstrando pelo réu que o autor carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência - caso a demanda seja julgada improcedente – responder por perdas e danos, deverá o réu prestar caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Frisa-se que os artigos 560 a 564 repetem a sistemática atualmente prevista, conferindo poderes ao juiz para deferir, sem ouvir o réu, a liminar pleiteada ou, caso entenda necessário, designar audiência de justificação para que autor justifique suas alegações, devendo o réu ser citado para comparecer a esta audiência.
Salienta-se que tal regra não é aplicável às ações movidas em desfavor das pessoas jurídicas de direito público, sendo imperativa a prévia oitiva dos respectivos representantes judiciais.
Contudo, a maior inovação trazida pelo Novo Código de Processo Civil está prevista no artigo 565, artigo este que dispõe acerca de litígios coletivos pela posse de imóvel.
Segundo o artigo em epígrafe, nos litígios coletivos em que o esbulho ou turbação tenha ocorrido há mais de ano e um dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão de medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 dias.
Já o § 1o preceitua que caso concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, seguindo o disposto nos parágrafos seguintes.
Ou seja, a realização de audiência de mediação passa a ser um ato obrigatório quando se tratar de litígio coletivo pela posse.
Ainda, nestes casos, o Ministério Público será intimado para comparecer à audiência de mediação, e a Defensoria Pública será também intimada sempre que houver parte beneficiária da gratuidade da justiça.
Há ainda a previsão expressa da realização de inspeção pelo juiz, que poderá comparecer à área do objeto de litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
Por fim, o § 4º do referido artigo inova ao prever que órgãos responsáveis pela política agrária e política urbana da União, Estados, Distrito Federal e Municípios onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse na causa e a existência de possibilidade de solução do conflito possessório
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Ações Petitórias
Enquanto as ações possessórias visam à defesa da posse (situaçãode fato), as ações petitórias têm por finalidade a defesa da propriedade (situação de direito).
 As ações petitórias são aquelas em que o autor quer a posse do bem, e ele assim deseja pelo fato de ser proprietário. São exemplos de ações petitórias: ação reivindicatória, ação de usucapião, ação publiciana, ação de imissão na posse e a ação ex empto .
a) AÇÃO REIVINDICATÓRIA
 É comum se afirmar na doutrina e na jurisprudência que “a ação reivindicatória deve ser dirigida contra aquele que está na posse ou detém a coisa reivindicanda”. 
 
                   Essa tradição vem do direito romano como diz SERPA LOPES, pois ali “a ação reivindicatória tinha dupla função: a de reconhecer o domínio e a de sua restituição”, acrescentando que “A ação reivindicatória competia então ao proprietário, que não possuía, contra o terceiro possuidor, quer esse exercesse uma posse com animus de dispor como dono, isto é, o verdadeiro possuidor, quer, como se admitiu mais tarde, se tratasse de um simples detentor”.
 
Segundo HAENDCHEN e LETTERIELLO “Essas linhas mestras ainda hoje são identificada no direito positivo brasileiro, como se verá com detalhes, pois, também aqui, admite-se a reivindicatória contra aquele que não possui, mas que se intitula possuidor, assim se defendendo no processo, como também contra o que dolosamente deixou de possuir para levar a engano o autor da demanda”. 
 
O fato de ser tratada a matéria no Brasil da mesma forma das linhas traçadas no direito romano, nos parece equivocada. É certo que o direito positivo, especialmente o art. 524 do Código Civil, deixa transparecer esse entendimento, por força da literalidade que induz a tal raciocínio. No entanto, deve-se ter em vista que no direito brasileiro, como aqui já demonstrado, existem as ações específicas para reaver a posse de quem injustamente se diz possuidor.
 
Por essa razão é que entendemos inadequada a propositura de uma ação reivindicatória, para reaver a posse de quem injustamente a possui sem título de propriedade devidamente registrado. Se a hipótese é de violação pura e simples de atos de turbação ou esbulho de alguém que se diz meramente possuidor, o caminho adequado é o da ação possessória, pois a posse que está contida na propriedade é que está em perigo. A propriedade deve ser demonstrada apenas para servir de pressuposto da ação possessória, pois nesta o requisito posse deverá estar presente e a existência da propriedade é um grande instrumento, talvez o melhor, para essa prova.
 
                   A ação reivindicatória só deve ser ajuizada quando estiver em disputa o direito de propriedade, ou seja, quando duas ou mais pessoas se apresentam com títulos de propriedade sobre o mesmo bem “devidamente registrados”. Esse deveria ser o entendimento da jurisprudência, pois assim estariam colocados cada um dos instrumentos de defesa da posse e da propriedade em seu devido lugar, servindo aos objetivos para os quais foram criados.
 
 A nova roupagem da posse e da propriedade, os novos institutos protetores e reconhecedores desses direitos e a melhor sistematização do ordenamento jurídico, impõem essa nova postura do jurista e especialmente do aplicador da lei.
B) AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE: 
Utilizada pelo "proprietário" que NUNCA teve a posse. É comum que alguém adquira a propriedade de um bem (seja porque comprou através de contrato de compra e venda, arrematou em leilão etc.), mas tenha a dificuldade de ser investido na posse em virtude de injusta resistência apresentada pelo atual possuidor. Imagine, por exemplo, que Maria acaba de adquirir a propriedade de bem imóvel em leilão, mas o atual possuidor recusa-se, injustamente, a dele sair. Então, Maria deverá ajuizar ação de imissão de posse para, PELA PRIMEIRA VEZ, ser investida na posse do bem.
Mas, atenção:
Para que a ação de imissão de posse seja a ação adequada, é necessário que a posse do atual possuidor tenha se originado de qualquer fato (ocupação irregular, contrato de comodato etc.), MENOS de um contrato de locação. É que, neste caso, existe Lei específica (Lei 8.245/91), que previu instrumento específico (ação de despejo) para o exercício daquele direito.
Diz o Art. 5º: "Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo."
Por outro lado, aponta o Art. 8º que "Se o imóvel for alienado durante a locação, o ADQUIRENTE poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel."
Vale dizer que, se o adquirente de imóvel pretender ser investido, pela primeira vez, em imóvel que é, no momento, objeto do contrato de locação, a ação adequada não será a "geral", mas, sim, a específica: ação de despejo (arts. 5º e 8º da lei 8.245/91).
C) AÇÃO DE USUCAPIÃO
 
                    Esta ação tem por objetivo declarar o domínio do possuidor sobre o bem por ter decorrido o lapso temporal exigido para cada espécie de usucapião. NELSON LUIZ PINTO afirma que “O usucapiente, na ação de usucapião, não visa a tornar-se proprietário da coisa com a sentença; na realidade ele já terá adquirido a propriedade, desde que completou o lapso temporal exigido por lei, pleiteando, na ação de usucapião, sentença declaratória desse domínio, para fins de registro no Cartório de Registro de Imóveis competente”. 
 
O nosso Código de Processo Civil prevê a ação de usucapião nos arts. 941 a 945 apenas de terras particulares concernentes a bens imóveis. As terras públicas estão vedadas pela Constituição Federal, em seu art. 191, parágrafo único de serem usucapidas.
 
Bibliografia
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil.v.3. ed. 11ª. São Paulo: Atlas, 2015, p. 241; 
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 377; 
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, v.V, ed 4ª, 2009. Saraiva São Paulo; 
FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Liminares nas Ações Possessórias.RT.São Paulo. 1995.

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