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Investigação e Análise Patrimonial

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Todo o conteúdo do Curso Investigação e Análise Patrimonial, da 
Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (SEGEN), 
Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), Ministério 
da Justiça e Segurança Pública do Governo Federal - 2020, está 
licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição-
Não Comercial-Sem Derivações 4.0 Internacional.
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
BY NC ND
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
Conteudista
Suzana Pericin Rodrigues da Silva
Revisão Pedagógica
Eliete da Silva Ribeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
labSEAD
Comitê Gestor
Luciano Patrício Souza de Castro
Financeiro
Fernando Machado Wolf
Consultoria Técnica EaD
Giovana Schuelter
Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Danrley Maurício Vieira
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Aline Lima Ramalho
Douglas Wilson Lisboa de Melo
Sonia Trois
Taylizy Kamila Martim
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Victor Rocha Freire Silva
Programação
Jonas Batista
Salésio Eduardo Assi
Thiago Assi
Audiovisual
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Rafael Poletto Dutra
Rodrigo Humaita Witte
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
Sumário
APRESENTAÇÃO DO CURSO ..............................................................................6
MÓDULO 1 – ANÁLISE PATRIMONIAL ...............................................................8
Apresentação ................................................................................................................9
Objetivos do módulo ........................................................................................................................... 10
Estrutura do módulo ........................................................................................................................... 10
Aula 1 – Contexto Nacional e Internacional ........................................................11
Contextualizando... ............................................................................................................................. 11
O combate ao crime organizado ........................................................................................................ 11
Contexto internacional........................................................................................................................ 16
Contexto nacional .............................................................................................................................. 25
Aula 2 – Investigação Financeira e Análise Patrimonial .....................................27
Contextualizando... ............................................................................................................................. 27
A investigação ..................................................................................................................................... 27
Aula 3 – Conceito de Fraudes e a Blindagem Patrimonial ...................................32
Contextualizando... ............................................................................................................................. 32
Definições de fraude .......................................................................................................................... 32
Blindagem patrimonial ....................................................................................................................... 34
O caso Parmalat .................................................................................................................................. 43
Aula 4 – Triângulo da Fraude ..................................................................................46
Contextualizando... ............................................................................................................................ 46
A hipótese de Donald Cressey ........................................................................................................... 46
Fraude contábil e apropriação indevida de ativos ........................................................................... 51
Aula 5 – Conceito de Patrimônio e Balanço Patrimonial.....................................55
Contextualizando... ............................................................................................................................. 55
Conceito jurídico e conceito contábil ............................................................................................... 55
Aula 6 – Importância da Persecução Patrimonial ................................................69
Contextualizando... ............................................................................................................................. 69
Combate as estruturas criminosas ................................................................................................... 69
A persecução patrimonial e a lavagem de dinheiro.......................................................................... 75
Dinâmica do crime organizado .......................................................................................................... 81
Referências ..................................................................................................................84
MÓDULO 2 – BASE LEGAL DA INVESTIGAÇÃO PATRIMONIAL ...................... 98
Apresentação ..............................................................................................................99
Objetivos do módulo ........................................................................................................................... 99
Estrutura do módulo ........................................................................................................................... 99
Aula 1 – Lei de Drogas – Lei 11.343/2006 ............................................................. 100
Contextualizando... ........................................................................................................................... 100
A lei e suas particularidades ............................................................................................................ 100
Aula 2 – Aperfeiçoamento da Legislação Penal e Processual Penal – Lei 
13.964/2019 ............................................................................................................... 112
Contextualizando... ........................................................................................................................... 112
A lei e suas particularidades ............................................................................................................ 112
Aula 3 – Política de Drogas ................................................................................... 119
Contextualizando... ........................................................................................................................... 119
As particularidades da política de drogas ....................................................................................119
Aula 4 – Jurisprudência Aplicada ......................................................................... 134
Contextualizando... ........................................................................................................................... 134
A legislação e jurisprudência do STJ ........................................................................................134
Referências ............................................................................................................... 146
MÓDULO 3 – INTRODUÇÃO AOS PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS 
PATRIMONIAIS ..............................................................................................150
Apresentação ........................................................................................................... 151
Objetivos do módulo ........................................................................................................................ 151
Estrutura do curso ............................................................................................................................. 151
Aula 1 – Início da Investigação .............................................................................. 152
Contextualizando... ........................................................................................................................... 152
Investigação patrimonial .................................................................................................................. 152
Aula 2 – Métodos de Investigação ........................................................................ 162
Contextualizando... ........................................................................................................................... 162
Fases da investigação patrimonial .................................................................................................. 162
Aula 3 – Fontes Públicas e Bancos de Dados ..................................................... 168
Contextualizando... ........................................................................................................................... 168
Fontes públicas de pesquisa ............................................................................................................ 168
Fontes abertas de acesso mediato .................................................................................................172
Fontes fechadas................................................................................................................................ 177
Aula 4 – Fontes Informais e Rito Procedimental ............................................... 181
Contextualizando... ........................................................................................................................... 181
Fontes informais ............................................................................................................................... 181
Rito procedimental ............................................................................................................................ 186
Roteiro de rastreamento patrimonial ..............................................................................................190
Aula 5 – Indicadores de Evolução Incompatível ................................................. 197
Contextualizando... ........................................................................................................................... 197
Evolução de patrimônio ................................................................................................................... 197
Referências ............................................................................................................... 201
MÓDULO 4 – MEDIDAS CAUTELARES APLICÁVEIS AOS CRIMES 
PATRIMONIAIS .............................................................................................. 207
Aula 1 – Principais Medidas Cautelares Patrimoniais na Esfera Penal ......... 208
Contextualizando... ........................................................................................................................... 208
Medida cautelar patrimonial ............................................................................................................ 208
Aula 2 – Busca e Apreensão .................................................................................. 217
Contextualizando... ........................................................................................................................... 217
Medida de conservação de provas ..................................................................................................217
Referências ............................................................................................................... 223
Apresentação do Curso
Bem-vindo ao curso Investigação e Análise Patrimonial, 
promovido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por 
intermédio da Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança 
Pública (SEGEN) e da Secretaria Nacional de Políticas sobre 
Drogas (SENAD), em parceria com a Universidade Federal de 
Santa Catarina. 
 
O crime organizado é, sem dúvida, um dos principais 
problemas nacionais e um dos maiores desafios enfrentados 
pela segurança pública do país. Mas você sabe como funciona 
o combate ao crime organizado no Brasil? 
 
Historicamente, o sistema de Justiça criminal brasileiro 
tem enfrentado o crime organizado mediante diversos 
procedimentos que buscam penalizar os criminosos a partir 
da autoria e materialidade dos crimes. Isso resulta, em regra, 
na prisão de criminosos. Mas será que somente a prisão de 
criminosos é suficiente para controlar o crime organizado? 
Provavelmente, não. O que mais funciona no combate a esse 
tipo de crime, além da prisão de criminosos, é exatamente a 
chamada “descapitalização” – ou seja, retirar dos criminosos 
o patrimônio que eles adquiriram via cometimento de crimes. 
Isso vale dizer que a melhor forma de combater o crime 
organizado é “asfixiar” economicamente os criminosos, 
de modo que os valores atrelados aos ativos criminosos 
possam ser revertidos para a sociedade. Sem patrimônio, os 
criminosos não conseguem manter os seus “negócios” ilícitos, 
nem conseguem financiar o crime. Em outras palavras, para 
melhor combater o crime organizado, as forças de segurança 
pública dependem de grande capacidade de investigação e 
análise patrimonial. E é esse o principal objetivo deste curso: 
fornecer a operadores do Sistema Único de Segurança Pública 
esse tipo de conhecimento e habilidades. 
 
Assim sendo, neste curso iremos compreender questões 
básicas da investigação e análise patrimonial, entender a 
legislação nacional e internacional acerca do combate ao 
crime organizado nas suas diversas manifestações (inclusive o 
narcotráfico), a ideia de fraude e os atos ilícitos cometidos por 
pessoas que ocupam cargos de confiança, bem como navegar 
pelo conhecimento da base legal e medidas cautelares 
aplicáveis aos crimes patrimoniais, além de compreender os 
procedimentos investigatórios patrimoniais. 
 
Desejamos-lhe um excelente estudo! 
 
Equipe do curso.
Análise Patrimonial8 • Módulo 1
ANÁLISE 
PATRIMONIAL
MÓDULO 1
Análise Patrimonial9 • Módulo 1
Apresentação
O combate ao crime organizado no Brasil – narcotráfico, 
corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros – é um dos 
grandes desafios aos gestores públicos e à sociedade. 
A globalização, atrelada à integração econômica, social, 
cultural e política entre países e pessoas, alavancou a 
capacidade de agir e os lucros obtidos pelas organizações 
criminosas, nacionais e internacionais. Por conta disso, houve 
a necessidade de resposta rápida e pronta das forças de 
segurança para conter economicamente essas organizações. 
Como dissemos anteriormente, entende-se que o combate 
a esses tipos de crime depende, fundamentalmente, da 
descapitalização dos criminosos. Por isso, neste módulo 
vamos passar por questões básicas da investigação 
patrimonial: a legislação nacional e internacional acerca da 
promoção da segurança pública, a ideia de fraude e como 
entender os atos ilícitos cometidos por pessoas que ocupam 
cargos de confiança.
Você vai ver a relação do patrimônio com todos os crimes 
complexos: tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro 
e crimes conexos. Nas investigações, o balanço patrimonial 
pode apresentar diversas explicações sobre enriquecimento 
ilícito, por isso, além de estudarmos os balanços, vamos 
aprender sobre formas de blindagem patrimonial comuns 
nas práticas criminosas – ou seja, aprenderemos como 
os criminosos podem “esconder”,“ocultar” e “disfarçar” o 
patrimônio que auferem a partir de práticas ilícitas. Ademais, 
aprofundaremos a discussão por meio da visão legal e das 
penalidades que visam não só a condenação dos acusados, 
mas dificultar que haja vantagem em atos ilícitos, como 
continuar com bens adquiridos ilicitamente. Veremos, 
também, como podemos reverter, em benefício da sociedade, 
esses bens acumulados ilegalmente.
Análise Patrimonial10 • Módulo 1
OBJETIVOS DO MÓDULO
Entender os conceitos básicos da investigação patrimonial e 
compreender o que leva uma pessoa a cometer fraudes dentro 
da instituição em que trabalha por meio da teoria do triângulo 
da fraude, proposta pelo americano Donald Cressey (1953). 
Identificar o conceito de fraude e patrimônio sob aspecto 
jurídico e contábil, e refletir sobre a prática de blindagem 
patrimonial enquanto prática comum nos crimes de lavagem 
e corrupção. Além disso, compreender como funcionam os 
valores retidos nos balanços patrimoniais e as mudanças 
ocorridas na legislação para impedir vantagens oriundas de 
práticas ilícitas aos condenados por crime de corrupção ou 
lavagem de dinheiro.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Contexto Nacional e Internacional.
• Aula 2 – Investigação Financeira e Análise Patrimonial.
• Aula 3 – Conceito de Fraudes e a Blindagem Patrimonial. 
• Aula 4 – Triângulo da Fraude.
• Aula 5 – Conceito de Patrimônio e Balanço Patrimonial.
• Aula 6 – Importância da Persecução Patrimonial.
Análise Patrimonial11 • Módulo 1
CONTEXTUALIZANDO...
Você sabe como funciona o combate ao crime organizado no 
Brasil? Este é um dos grandes desafios aos gestores públicos 
da segurança pública. Nesta aula, vamos apresentar as três 
convenções internacionais consideradas pilares no combate ao 
crime organizado e as discussões que mostram como o Brasil 
desenvolve suas próprias leis contra a criminalidade organizada.
O COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
A globalização, atrelada à integração econômica, social, 
cultural e política entre países e pessoas, alavancou 
consideravelmente a capacidade de agir e os lucros obtidos 
pelas organizações criminosas, nacionais e internacionais.
Tradicionalmente, o sistema de Justiça e investigação criminal 
no Brasil tem atuado, em geral, no combate às organizações 
criminosas por meio de medidas de encarceramento, 
prendendo os membros e buscando possíveis conexões. 
Existe uma tendência entre os órgãos de persecução criminal 
ao ampliar essa lógica, propondo o “sufocamento” econômico 
dessas organizações. A asfixia econômica do grupo criminoso 
traz outros benefícios, como a reversão dos ativos oriundos 
dos crimes para a sociedade.
Dessa forma, é fundamental que a investigação outrora voltada 
para autoria e materialidade do crime, enfatize sobretudo os 
aspectos patrimoniais dos criminosos.
Aula 1 – Contexto Nacional e 
Internacional
Análise Patrimonial12 • Módulo 1
“
“
“
“Historicamente, a persecução penal referente à criminalidade tradicional tem como principal objetivo a repressão individual e corporal (imposição de penas aflitivas), tendo negligenciado os bens e ativos provenientes de crime e, em consequência, o aspecto da administração e procedimentos relativos a esses bens e valores apreendidos em processo criminal.
Em um lento processo de reversão desse quadro, a 
legislação criminal vai aos poucos criando mecanismos 
para adaptar-se à necessidade de repressão à macro 
criminalidade. A Lei n. 9.613/1998, apesar de ainda 
pouco aplicada de maneira adequada e efetiva, 
representa, no enfoque dado aos bens e ativos 
provenientes de crimes, um marco no desenvolvimento 
dessa nova sistemática no processo penal, no sentido 
de valorizar a prevenção e repressão ao crime por seu 
viés econômico, retirando seu lucro, mostrando que ‘o 
crime não compensa’ (BARCELOS, 2006, p. 121-122).
Por conta disso, houve a necessidade de resposta rápida 
e pronta das forças de segurança para conter essas 
organizações economicamente. A primeira necessidade foi 
definir o que são organizações criminosas.
A Lei 12.850, de 2 de agosto de 2013, em seu Art. 1º, § 1º, 
definiu organização criminosa como: 
 [...] a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão 
de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de 
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza [...] (BRASIL, 2013).
Segundo Manoel López Rey-Arrojo (apud GOLDSTEIN, 1983), 
uma organização criminosa pode ser caracterizada por três 
elementos-chaves, que identificamos a seguir. 
Análise Patrimonial13 • Módulo 1
Embora esse seja um dos conceitos utilizados, a ideia de 
criminalidade organizada e suas características comuns 
demonstram que o objetivo das organizações criminosas 
é um só: a obtenção, direta ou indireta, de vantagem de 
qualquer natureza.
Estimativas 
Estima-se que no Brasil o crime organizado movimente 
bilhões de reais anualmente, são números espantosos e estão 
relacionados diretamente com práticas ilícitas. Você pode ver 
a seguir os números apresentados pela Polícia Federal.
ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA
A união de indivíduos voltada à obtenção de lucros vultosos com a 
prática de atividades ilícitas e lícitas (estas dissimulando aquelas) em 
determinado espaço geográfico, normalmente transfronteiriço.
A estruturação das atividades, com rigidez hierárquica imposta por 
métodos ilícitos (da coação ao homicídio).
A estabilização das operações por meio do envolvimento de 
agentes públicos corruptos, especialmente os vinculados às 
forças de segurança.
Figura 1: A união 
de indivíduos, 
a estrutura e 
a estabilidade 
são chaves para 
uma organização 
criminosa, 
conforme Rey-
Arrojo (apud 
GOLDSTEIN, 1983). 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Análise Patrimonial14 • Módulo 1
Figura 2: O crime organizado 
movimenta bilhões de reais 
anualmente só no Brasil. 
Fonte: Freeplik (2020), 
adaptado por labSEAD-UFSC 
(2020).
R$ 200 bilhões 
movimentados com 
corrupção
R$ 160 bilhões
 por ano com pirataria, 
falsificação e contrabando
R$ 17 bilhões 
anuais com tráfico 
de drogas
Juntando esses valores com as apreensões de 
entorpecentes realizadas pela Polícia Federal, somente no 
ano de 2018, temos valores diretamente proporcionais ao 
patrimônio das organizações criminosas correlatas. Observe 
na imagem a seguir. 
Análise Patrimonial15 • Módulo 1
79,2
toneladas de 
cocaína
toneladas de 
maconha
selos de LSD
comprimidos 
de ecstasy
268,1 13.622
295.347
Figura 3: Dados 
de apreensão da 
Polícia Federal 
(2019). Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Diante desses números, com o objetivo de angariar recursos 
para o enfrentamento sistêmico e estratégico do tráfico e 
consumo de drogas, foram sancionadas as Leis 13.840/2019 
e 13.886/2019, permitindo o fortalecimento das ações no 
combate ao delito. 
As Leis 13.840/2019 e 13.886/2019 conferem 
eficiência e celeridade na destinação de bens 
apreendidos ou sequestrados que tenham 
vinculação com o tráfico ilícito de drogas. 
Com o objetivo principal de financiar ações, projetos e 
programas vinculados à política sobre drogas, criou-se o 
Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD), disciplinado pela Lei 
7.560, de 19 de dezembro de 1986, denominado, à época, de 
Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas 
de Abuso (FUNCAB). 
Figura 4: A SENAD 
é responsável pelo 
Fundo Nacional 
Antidrogas 
(FUNAD). Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
SECRETARIA 
NACIONAL DE 
POLÍTICAS 
SOBRE DROGAS 
(SENAD)
Fundo Nacional 
Antidrogas (FUNAD)
Análise Patrimonial16 • Módulo 1
Desde que foi criado, o FUNAD tem sido instrumental para 
as políticas sobre drogas e para a repressão a organizações 
criminosas que operam no país. O quadro a seguir apresenta a 
performance do Fundo (em termos de arrecadação) no período 
de 2003 a 2019: 
Figura 5: Números 
da FUNAD no 
período de 2003 
a 2019 segundo 
a Agência Brasil 
(2020). Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Toda a legislação nacional mencionada acima foi, direta e 
indiretamente, influenciadapor normativos desenvolvidos pela 
comunidade internacional no decorrer das últimas décadas. 
Dentre esses normativos, destacam-se as seguintes Convenções 
Internacionais: Viena (1988), Palermo (2000) e Mérida (2003).
CONTEXTO INTERNACIONAL
O sistema internacional de segurança pública dispõe, portanto, 
de pelo menos três convenções consideradas pilares no 
combate à criminalidade organizada. Vamos conhecê-las na 
imagem a seguir.
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
5.7 
6.9 
7.3 
15.4 
12.1 
11.4 
5.8 
12.6 
19.8 
16.0 
18.6 
39.2 
26.9 
32.1 
43.2 
44.6 
91.7 
Ano - Arrecadação (em R$ milhões)
Análise Patrimonial17 • Módulo 1
Figura 6: 
Convenções contra 
o crime organizado. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Convenção das Nações 
Unidas contra o Tráfico 
Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas 
(Convenção de Viena).
Convenção de Palermo, 
ou Convenção das 
Nações Unidas contra 
o Crime Organizado 
Transnacional 
(Convenção de Palermo).
Convenção das 
Nações Unidas 
contra a Corrupção 
(Convenção de 
Mérida).
1988
2000
2003
Cada convenção trouxe marcas importantes e elas balizam 
as tomadas de decisão do Brasil enquanto Estado-parte das 
convenções. Separamos os detalhes de cada convenção para 
apresentar os objetivos de cada uma, veja a seguir.
Convenção de Viena
Também conhecida como Convenção das Nações Unidas 
contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias 
Psicotrópicas, teve como objetivo central proporcionar a 
cooperação entre os Estados, visando principalmente:
• O combate ao tráfico de drogas, interrompendo os grandes 
lucros obtidos com a produção e o tráfico.
• Diminuição do sofrimento humano, com medidas de caráter 
preventivo, de tratamento e reabilitação.
Por isso, a ênfase foi dada nos seguintes aspectos, 
identificados na sequência.
Análise Patrimonial18 • Módulo 1
Figura 7: Ênfase no 
combate ao crime 
organizado. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Necessidade de tipificar a lavagem de dinheiro 
originária do tráfico de entorpecentes.
Cooperação entre os países visando aprimorar 
cada vez mais as investigações internacionais.
Facilitação do confisco internacional de objetos 
provenientes do tráfico de drogas (ANSELMO, 2013).
1
2
3
A Convenção de Viena, a Convenção Única sobre Drogas 
Narcóticas (1961) e a Convenção sobre Substâncias 
Psicotrópicas (1971) são as três principais normas 
internacionais de controle de drogas e, em conjunto, 
justificam as atividades desempenhadas pela Junta 
Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) 
como, por exemplo, o monitoramento do comércio legal 
internacional de drogas para uso médico e científico, 
impedindo o desvio ilícito desses produtos.
A JIFE também atua na supervisão de medidas preventivas 
ao desvio de químicos usados na produção ilegal de drogas 
(UNODC, 2020). Confira os dois artigos principais obtidos da 
UNODC em relação ao combate ao crime de tráfico de drogas e 
lavagem de dinheiro utilizado pela JIFE.
Figura 8: Artigos 
da UNODC sobre 
combate ao crime 
organizado. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Artigo 3 dos delitos e sanções, no tocante à definição do 
crime de lavagem de dinheiro, em que os países signatários 
adotariam medidas para criar tipo penal com o objetivo de 
responsabilizar o indivíduo que ocultasse bens ou valores 
originários do tráfico internacional de drogas.
Artigo 5 estabeleceu a aplicação de medidas necessárias 
para o confisco internacional do produto derivado do tráfico 
de drogas ou dos bens cujo valor fosse equivalente ao 
desse produto.
Análise Patrimonial19 • Módulo 1
A Convenção de Viena exerce um papel importante para o 
Brasil na estruturação das decisões e decretos sobre crime 
organizado, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Assim, 
Anselmo (2013) observou na Convenção de Viena uma ênfase 
nos seguintes aspectos.
• Necessidade de tipificar a lavagem de dinheiro originária do 
tráfico de entorpecentes. 
• Cooperação entre os países visando aprimorar cada vez 
mais as investigações internacionais. 
• Facilitação do confisco internacional de objetos 
provenientes do tráfico de drogas. 
Veja a seguir como a Convenção de Palermo tornou-se o 
segundo pilar das políticas internacionais de combate à 
criminalidade transnacional.
Convenção de Palermo 
Doze anos depois da Convenção de Viena, em 15 de novembro 
de 2000, foi aprovada a Convenção de Palermo, também 
conhecida como Convenção das Nações Unidas contra 
o Crime Organizado Transnacional, que entrou em vigor 
internacional no dia 29 de setembro de 2003. 
O crime organizado transnacional engloba 
praticamente todas as ações criminais motivadas 
pelo lucro e cometidas por grupos organizados 
envolvendo mais de um país.
Há muitas atividades que podem ser caracterizadas como 
crime organizado transnacional. Vamos identificar algumas 
delas na imagem a seguir.
Análise Patrimonial20 • Módulo 1
Figura 9: Crimes 
transnacionais. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Crimes
Transnacionais
Tráfico ilícito 
de drogas
Lavagem de 
dinheiro
Contrabando 
de migrantes
Tráfico de 
pessoas
Tráfico ilícito de armas de fogo, de 
vida selvagem e de bens culturais
Considerando a Convenção de Palermo, os Estados-membros 
se comprometeram a adotar várias medidas contra o crime 
organizado transnacional, fortalecendo a estreita cooperação 
internacional. Entre tais medidas estão:
• Investigações conjuntas.
• Tipificação criminal na legislação nacional de atos como o 
crime organizado, a lavagem de dinheiro e a corrupção.
No Brasil, a convenção foi promulgada por meio do Decreto 
5.015, de 12 de março de 2004. Além disso, a Convenção de 
Palermo dispôs, em seu artigo 12, acerca da necessidade 
de os Estados-membros possuírem órgãos capazes de 
identificar, localizar e embargar os instrumentos, produtos e 
proveitos do crime, ainda que convertidos e misturados, ou 
seu equivalente, para efeitos de eventual confisco, além de 
ratificar a necessidade de acesso a documentos bancários, 
financeiros ou comerciais.
Análise Patrimonial21 • Módulo 1
Todas as medidas tinham a intenção de inviabilizar 
os lucros obtidos pelas organizações criminosas, 
dispondo de medidas necessárias para confiscar 
e apreender produtos desses crimes ou bens 
utilizados na prática deles.
Nesse contexto, outros três protocolos que tratam de 
áreas específicas do crime organizado complementam a 
Convenção de Palermo.
• Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do 
Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças. 
• Protocolo Relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por 
Via Terrestre, Marítima e Aérea. 
• Protocolo contra a Fabricação e o Tráfico Ilícito de 
Armas de Fogo, suas Peças e Componentes e Munições 
(UNODC, 2020).
Logo após o início da vigência da Convenção de Palermo, a 
Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Convenção 
das Nações Unidas contra a Corrupção (2003), também 
conhecida como Convenção de Mérida, em homenagem à 
cidade mexicana onde foi negociada.
Convenção de Mérida
Ratificada pelo Brasil por meio do Decreto 5.687, de 31 de 
janeiro de 2006, a Convenção de Mérida tinha como objetivo 
geral prevenir e combater a corrupção em todas as suas formas.
Constituída por 71 artigos, o documento reúne em quatro 
deles os mais importantes aspectos do combate à corrupção. 
Vamos conhecê-los na imagem a seguir.
Análise Patrimonial22 • Módulo 1
Recuperação 
de ativos
Penalização
Prevenção
Cooperação 
internacional
Figura 10: 
Principais pontos 
do combate à 
corrupção. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Os objetivos da Convenção de Mérida são:
• Promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater 
mais eficaz e eficientemente a corrupção.
• Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional 
e a assistência técnica na prevenção e na luta contra a 
corrupção, incluída a recuperação de ativos.
• Promover a integridade, a obrigação de prestar contas e adevida gestão dos assuntos e dos bens públicos.
A Convenção de Mérida também prevê que os Estados-
membros implementem políticas contra a corrupção efetivas, 
promovam a participação da sociedade e reflitam os 
princípios do Estado democrático de direito. Vejamos o que é 
dever dos Estados. 
Análise Patrimonial23 • Módulo 1
Figura 11: Políticas contra a corrupção em consonância com princípios do 
Estado democrático de direito. Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Adotar sistemas 
de seleção e 
recrutamento com 
critérios objetivos de 
mérito.
Tomar medidas 
para aumentar a 
transparência no 
financiamento 
de campanhas 
de candidatos e 
partidos políticos.
Desenvolver códigos de 
conduta que incluam 
medidas de estímulo a 
denúncias de corrupção por 
parte dos servidores, de 
desestímulo ao recebimento 
de presentes, ou de 
qualquer ação que 
possa causar conflito 
de interesses.
Propiciar ampla 
participação e 
dispor de critérios 
preestabelecidos, 
justos e impessoais 
(UNODC, 2020).
Você pode perceber que as convenções internacionais refletem 
a profunda preocupação dos Estados-membros das Nações 
Unidas com o avanço do crime organizado transnacional, 
principalmente a geração de fortunas capazes de corromper a 
sociedade em todos os níveis.
No relatório intitulado Crime transnacional e o mundo em 
desenvolvimento, divulgado pela Global Financial Integrity 
(2017), por exemplo, estima-se que os valores movimentados 
em crimes transnacionais, no mundo, somem a importância 
anual de US$ 1,6 trilhões. 
Channing May aponta que o crime transnacional é um 
negócio muito bom e que o dinheiro é a principal motivação 
para a prática dessas atividades ilegais (CLOUGH, 2017). 
Nesse aspecto, entre os onze crimes relacionados com o crime 
organizado, os sete que mais fazem circular lucros ilícitos são 
identificados na imagem a seguir.
Centro de estudos 
e pesquisas 
sediado na cidade 
de Washington, 
Estados Unidos.
Análise Patrimonial24 • Módulo 1
“
“
Figura 12: Ranking 
dos principais 
crimes organizados 
com os respectivos 
faturamentos. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
US$ 923 bilhões – falsificação.
US$ 426 bilhões – tráfico de drogas.
US$ 150,2 bilhões – tráfico humano.
US$ 52 bilhões – extração ilegal de madeira.
1°
2°
3°
4°
US$ 15,5 bilhões – pesca ilegal.
US$ 12 bilhões – mineração ilegal.
US$ 5 bilhões – tráfico de vida selvagem.
5°
6°
7°
Dentre os 71 artigos que constituem a Convenção de 
Mérida, destacamos o artigo 51, que dispõe sobre a 
recuperação de ativos, que é considerada uma grande 
inovação nessa convenção. 
A restituição de ativos de acordo com o presente 
Capítulo é um princípio fundamental da presente 
Convenção e os Estados Partes se prestarão à mais 
ampla cooperação e assistência entre si a esse respeito.
(BRASIL, 2006).
Esta pode ser considerada uma das principais influências para 
a política anticrime organizado para o Brasil, uma vez que foca 
na recuperação de ativos para a economia. Continue seus 
estudos para entender melhor esta relação.
Análise Patrimonial25 • Módulo 1
CONTEXTO NACIONAL 
Considerando os dados sobre corrupção e lavagem de 
dinheiro, a Operação Lava Jato é considerada um marco 
histórico no combate aos crimes de corrupção. Iniciada em 17 
de março de 2014, a operação já contabiliza 70 fases.
A Operação Lava Jato foi homenageada em 2016 
com o Prêmio Anticorrupção, concedido pela ONG 
Transparência Internacional. A operação somou 
R$ 2,4 bilhões de bens bloqueados ou apreendidos, 
valores repatriados na ordem de R$ 745 milhões e 
R$ 12,5 trilhões de valores analisados em operações 
financeiras investigadas.
Ainda hoje, o Brasil vive uma das mais significativas mudanças 
legislativas de combate à criminalidade: a sanção da Lei 
13.964, de 24 de dezembro de 2019.
• A Lei 13.964/2019 aperfeiçoou a legislação penal e 
processual para enfrentar três grandes eixos: corrupção, 
crime organizado e crimes violentos. 
Entre as alterações mais importantes do Decreto-Lei 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), está a inclusão do Art. 
91-A estabelecido no artigo 2º.
Do que trata essa alteração? O Art. 1-A trata do chamado 
“confisco alargado de bens”, casos em que a Justiça poderá 
decretar a perda dos bens indicados como produto ou proveito do 
crime, calculados como a diferença entre o valor do patrimônio e 
aquele compatível com o rendimento lícito do condenado.
Análise Patrimonial26 • Módulo 1
Com isso, além do conceito de organização criminosa, que 
incluiu os crimes de caráter transnacional, o confisco alargado 
de bens aproxima o Brasil do contexto internacional de 
combate ao crime organizado.
Considerando as discussões realizadas até então, você 
consegue imaginar qual a importância da análise e 
investigação patrimonial realizadas pelas polícias no combate 
aos crimes de drogas, corrupção e crimes correlatos, como a 
lavagem de dinheiro?
Veja a seguir a influência da investigação patrimonial no 
contexto brasileiro de combate ao crime.
Figura 13: 
Alterações na 
legislação trazem 
o confisco de 
bens como pe de 
para crimes de 
corrupção. Fonte: 
Pixabay (2020).
Análise Patrimonial27 • Módulo 1
“ “
CONTEXTUALIZANDO...
Sabe-se que a prática da lavagem de dinheiro está presente em 
qualquer organismo criminoso, minimamente estruturado, que 
objetiva o lucro. O enfrentamento exige ações coordenadas 
de investigação que ultrapassam as práticas tradicionais 
desempenhadas pelos órgãos investigativos.
Mas o que devemos entender como investigação criminal?
A resposta a essa pergunta e o entendimento sobre 
investigação financeira e análise patrimonial veremos na 
sequência desta aula.
A INVESTIGAÇÃO
Iniciamos com o conceito apresentado:
A investigação criminal define-se como método de 
levantamento de informações e produção de provas a 
fim de demonstrar a existência de fato criminoso, onde o 
fato ocorreu, quando se deu o crime, como a infração foi 
praticada, quem a praticou e por qual motivo. Considera-
se, pois, a investigação criminal como ‘um processo de 
reconstrução histórica do fato criminoso, pelo qual o 
investigador busca responder a essas quatro perguntas 
básicas, guardando, portanto, estreita semelhança com 
as investigações científicas (PEREIRA, 2018, p. 51).
A investigação criminal visa apurar a existência, materialidade, 
circunstâncias e autoria de um delito, com base na coleta de 
provas e elementos de informações que poderão ser utilizadas 
na persecução penal.
Aula 2 – Investigação Financeira e 
Análise Patrimonial
Análise Patrimonial28 • Módulo 1
“
“
Já a investigação financeira (IF) pode ser definida como um 
gênero que compreende quatro tipos de possíveis investigações, 
sendo cada uma delas destinada a atender seus objetivos: 
• Investigação patrimonial, com vistas ao rastreamento de 
ativos e o sequestro cautelar e confisco final. 
• Investigação financeira voltada à lavagem de ativos. 
• Investigação financeira com o cerne no financiamento do 
terrorismo. 
• Investigação financeira voltada aos organismos criminosos.
Não raro, fazem parte do mesmo cenário, as organizações 
criminosas transnacionais, os variados tipos de tráfico, 
a corrupção, a lavagem de dinheiro e até mesmo o 
financiamento de atividades terroristas. Como uma grande 
engrenagem, observa-se que não há investigação de crime 
organizado sem que se encontre lavagem de dinheiro e a 
respectiva identificação de ativos confiscáveis. Constituem, 
portanto, temas correlatos e definem os grandes desafios no 
enfrentamento à microcriminalidade atual (BRASIL, 2018a).
Desse modo, a investigação financeira pode ser compreendida 
da seguinte forma.
Método investigativo que intenta não só angariar provas 
sobre o ilícito crime cometido (para ao final possibilitar 
a aplicação de penas privativas de liberdade) como 
também visa identificar ativos confiscáveis [...] (BRASIL, 
2018a, p. 23).
A identificação dos ativos confiscáveis procura possibilitar 
a aplicação das penas de confisco. Assim,prisão e confisco 
constituem duplo objetivo da investigação financeira, definida 
como instrumento “extremamente poderoso” no combate ao 
crime organizado (BRASIL, 2018a, p. 23). 
Análise Patrimonial29 • Módulo 1
Nas palavras da delegada Erika Mialik Marena, que atuou na 
Operação Lava Jato, o processo investigativo relacionado às 
fraudes financeiras apresentam duas facetas.
1) O combate ao crime propriamente dito 
(investigação criminal). 
Essa prática é a mais comum entre as polícias e membros 
do Ministério Público. É a investigação que tem como base 
a evidência ou a comprovação do ato criminoso. O objetivo 
é identificar os autores e comprovar a responsabilidade pelo 
cometimento do crime. 
 
2) O combate ao resultado financeiro gerado 
(investigação financeira). 
Nesse contexto, o suspeito é conhecido, os fatos são 
presumidos (desvios de dinheiro, fraudes, evasão fiscal, 
lavagem de dinheiro, corrupção etc.). O enfoque consistirá 
em provar criminalmente a autoria dos atos delitivos e a 
responsabilidade do suspeito no cometimento desses atos. 
A análise patrimonial é parte da investigação financeira, 
revelando-se como atividade que tem por objetivo identificar 
bens adquiridos por meio de atividades ilícitas. Trata-se da 
apuração dos produtos do crime, permitindo o rastreamento 
de patrimônios em nome do autor e de terceiros (laranjas), 
auxiliando no processo investigativo da lavagem de dinheiro 
(ENAMAT, 2015).
As medidas de sequestro ou bloqueio cautelar devem ser 
tomadas o quanto antes, visando assegurar ativos que 
possam ser objeto de confisco, principalmente quando se 
considera o curto período de tempo em que os ativos podem 
ser dissimulados.
Análise Patrimonial30 • Módulo 1
Como vimos anteriormente, atacar os recursos financeiros, 
obstruindo seu uso e retirando-lhes da posse dos criminosos, 
tem o condão de reprimir tais práticas e prevenir novas 
fraudes, cumprindo uma dupla função no combate ao crime 
organizado. Nesse sentido, o procurador da República, Carlos 
Bruno Ferreira da Silva, ensina que a persecução patrimonial: 
mina a motivação do agente e desestimula a recidiva; dá uma 
resposta imediata à sociedade; inibe o autofinanciamento da 
prática delitiva; previne que a sentença deixe de fixar o valor 
mínimo do dano e de decretar o perdimento; constitui fator 
de motivação para a celebração de acordos de cooperação 
premiada; viabiliza a identificação de “laranjas” e empresas de 
fachada; contribui para a apuração da lavagem dos ativos.
Assim, por meio do “inquérito financeiro”, é possível realizar o 
levantamento de itens como: veículos, embarcações e aeronaves, 
rastreamento de ativos, imóveis, escrituras, instrumentos de 
compra e venda e documentos societários, entre outros.
Algumas ferramentas auxiliam o investigador nesse processo 
de busca, tais como: 
Análise Patrimonial31 • Módulo 1
Figura 14: 
Principais 
ferramentas para 
investigação 
patrimonial. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Banco Central do Brasil
Cadastro de Clientes do 
Sistema Financeiro Nacional
Central Notarial de Serviços 
Eletrônicos Compartilhados
Restrições Judiciais de 
Veículos Automotores 
Central Nacional de 
Indisponibilidade de Bens
Rede de informações de segurança 
pública dos órgãos de fiscalização 
do Brasil
Sistema de Informações 
ao Judiciário
Conselho de Controle de 
Atividades Financeiras 
Agência Nacional de 
Aviação Civil
O sistema de tramitação dos 
ofícios entre os tribunais e a 
Serasa Experian
Sistema de Movimentação 
Bancária
Cadastro Geral de Empregados 
e Desempregados
Sistema Nacional de Cadastro Rural
(BACEN)
(CCS)
(CENSEC)
 (RENAJUD)
(CNIB)
(INFOSEG)
(INFOJUD)
(COAF)
(ANAC)
(SERASAJUD)
(SIMBA)
(CAGED)
(SNCR)
Mais tarde, estudaremos as bases de consulta mais utilizadas 
pelos órgãos de investigação.
Análise Patrimonial32 • Módulo 1
“
“
CONTEXTUALIZANDO...
Você sabe dizer o que é uma fraude? Você verá, no decorrer 
desta aula, que o conceito de fraude está diretamente ligado 
com a ação de má-fé, dolo e a obtenção de vantagem indevida, 
assim como a intencionalidade do crime.
Para compreender corretamente, vamos analisar fraude 
sob aspecto jurídico e contábil, e refletir sobre a prática de 
blindagem patrimonial enquanto prática comum nos crimes de 
lavagem e corrupção.
DEFINIÇÕES DE FRAUDE 
Diversas são as formas de conceituar esta ideia. Segundo o 
Conselho Internacional de Normas de Auditoria e Asseguração 
(IAASB, 2009), um órgão independente, criado em 1978, fraude 
é um ato destinado a obter vantagem injusta ou ilegal.
Ato intencional praticado por um ou mais indivíduos, entre 
gestores, responsáveis pela governança, empregados ou 
terceiros, envolvendo o uso de falsidade para obter uma 
vantagem injusta ou ilegal. (IAASB, 2009, p. 159).
O IAASB é responsável por emitir normas internacionais de 
auditoria e diretrizes de controle de qualidade, a partir da 
norma ISA 240. No Brasil, essa definição é ratificada através 
da norma NBC TA 240, que, por sua vez, também possui seu 
próprio conceito de fraude. Confira:
Aula 3 – Conceito de Fraudes e a 
Blindagem Patrimonial
A NBC TA 240 é a 
norma que trata da 
responsabilidade 
do auditor em 
relação à fraude, 
no contexto da 
auditoria de 
demonstrações 
contábeis.
Análise Patrimonial33 • Módulo 1
“
“
Ato ilícito ou de má-fé que visa à obtenção de vantagens 
indevidas ou majoradas, para si ou para terceiros, 
geralmente através de omissões, inverdades, abuso 
de poder, quebra de confiança, burla de regras, dentre 
outros. (IRB BRASIL RE, 2019, p. 6).
Com relação à intencionalidade, segundo as Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC) TA 240, algumas alterações 
nas demonstrações contábeis podem ter sua origem por meio 
de fraude ou erro, o que diferencia ambas é justamente a 
intenção da ação de fraude. Assim, considerando o percurso 
realizado até aqui, podemos analisar os conceitos de fraude 
afirmando que todos têm como características em comum a 
ação de má-fé, o dolo e a obtenção de vantagem indevida.
Pensando no conceito de fraude, então, possível identificar 
diferentes tipos de crimes, relacionados com segmentos 
específicos da economia. Por exemplo:
FRAUDES
Figura 15: 
Diferentes setores 
da economia 
representam 
diferentes maneiras 
de cometer o crime 
de fraude. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Análise Patrimonial34 • Módulo 1
A seguir, vamos olhar atentamente para a gestão patrimonial. 
Você já ouviu falar de blindagem patrimonial?
BLINDAGEM PATRIMONIAL 
A blindagem patrimonial é a principal fraude cometida por 
aquele que deseja ocultar seus bens. Porém, a blindagem 
patrimonial pode representar tanto os fenômenos lícitos da 
gestão patrimonial e elisão patrimonial quanto fenômenos 
ilícitos da elusão patrimonial e evasão patrimonial. Vamos 
entender melhor sobre isso?
Blindagem patrimonial ilícita
A blindagem patrimonial como fenômeno ilícito pode ser 
agrupada em quatro núcleos.
A diferença entre 
elisão e elusão 
fiscal diz respeito 
aos meios 
utilizados para 
atingir o objetivo do 
agente. Enquanto 
no primeiro caso 
são utilizados 
meios lícitos, 
no segundo o 
contribuinte atinge 
o objetivo de 
reduzir sua carga 
tributária, valendo-
se de meios 
ilícitos, podendo, 
inclusive, ser 
punido penalmente. 
Ou seja, na elisão o 
proprietário se vale 
de meios legais 
para transferir 
ou desfazer de 
patrimônios, 
enquanto na elusão 
isso ocorre por 
meio de fraudes.
Figura 16: Maneiras de fazer a blindagem 
patrimonial ilícita. Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Você já deve imaginar que cada núcleo da blindagem 
patrimonial ilícita é executado para fraudes específicas. 
Por isso, a seguir vamos estudar cada um e posteriormente 
entender a importância deste conhecimento para as 
investigações dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A interposição de pessoas
A interposição de pessoas ocorre quando se insere um terceiro, 
com o fim de esconder o verdadeiro interessado. Este intermediário 
é vulgarmente conhecido portesta de ferro, homem de palha, 
empresta-nome, cabeça de pau ou fantoche. Para o especialista 
em Direito Civil, José Beleza dos Santos (1999), podemos entender 
a interposição de pessoas da seguinte maneira:
Análise Patrimonial35 • Módulo 1
A interposição de pessoas consiste, assim, em alguém, a quem 
não pertencem os interesses em causa, praticar um ato jurídico 
em vez do titular desses interesses.
Assim, seguem algumas situações que revelam indícios do 
uso da tipologia de interposição de pessoas:
Palavra do Especialista

Indivíduos fictícios ou hipotéticos, criados a partir de 
documentos forjados, conhecidos como “laranjas”, conscientes 
ou não dessa condição, comumente selecionados entre pessoas 
de baixa renda e ex-funcionários.
Pessoas jurídicas, como as “empresas fantasmas”, existindo 
apenas no papel, ou “empresas de fachada”, que sustentam 
somente a aparência de desenvolver ou que de fato 
desenvolvem atividades operacionais (BRASIL, 2017).
Indivíduos que cedem seu nome e assinatura, conhecidos como 
“laranjas graduados” ou “testas de ferro”, os quais mantém a 
“farsa” em audiências trabalhistas, entrevistas com agências 
reguladoras e fiscalizações.
Outorga de procurações e contratos de gestão ou 
representação em favor do indivíduo ou empresa “laranja”.
Contadores, consultores e advogados que figuram como 
supostos diretores ou representantes de empresas, mediante 
o pagamento de honorários.
Cadastro do agente como responsável pelo pagamento de 
tributos registrados em nome da interposta pessoa, por 
exemplo, IPVA, IPTU, contas de água e luz.
4
3
2
1
5
6
Análise Patrimonial36 • Módulo 1
“
“
Incompatibilidade entre a renda e o patrimônio declarados junto 
à Receita Federal pelo indivíduo ou empresa “laranja”.
Uso de bem, seja imóvel urbano ou rural, ou mesmo um veículo, 
que não esteja em nome do agente.
Incompatibilidade entre a renda declarada da interposta pessoa 
e seus sinais aparentes de riqueza.
Vinculação laboral entre o agente e o indivíduo “laranja”.
7
8
9
10
As técnicas de distanciamento pessoal têm o mote de 
vincular ativos a interpostas pessoas, com um único 
propósito: dissimular sua propriedade. Vamos continuar 
este estudo para entender melhor as próximas formas de 
blindagem patrimonial.
Engenharia societária e corporativa
Você já ouviu falar de alaranjamento corporativo? É uma 
espécie de blindagem patrimonial ilícita que abarca a 
engenharia societária abusiva, caracterizada por operações 
fraudulentas de reestruturação societária. 
Parte da criação de empresas de fachada ou do 
aproveitamento de sociedades inativas, mediante 
simulação de atividade operacional ou não, para 
acumulação artificiosa de ativos ou passivos.
(BRASIL, 2017, p. 104)
A engenharia societária pode funcionar, também, com a 
intermediação de planos de negócios, bloqueio do rastro 
financeiro ou, simplesmente, o embaraço à identificação do 
beneficiário final.
Figura 17: Indício 
frequentes 
da blindagem 
patrimonial por 
interposição de 
pessoas. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Análise Patrimonial37 • Módulo 1
Porém, há uma nova nuance nas atividades ilícitas de 
engenharia societária, conhecidas como operações de cisão, 
fusão, incorporação ou pseudodissolução. Podemos chamar 
estas práticas de engenharia corporativa.
Inexistência do endereço da empresa ou o endereço é 
de uma residência, ou mesmo de empresa que possui 
um outro tipo de negócio, com espaço e localização 
incompatíveis com a atividade econômica declarada, 
ou, ainda, o endereço coincide com o de consultorias, 
advocacias ou escritórios de contabilidade.
Efetivação de operações empresariais sem qualquer 
lógica econômica.
Inexistência de empregados, de alvará de funcionamento, de 
consumo de água e luz.
Modificações societárias frequentes e/ou muito complexas.
Incompatibilidade entre o suposto funcionamento da empresa 
e sua movimentação financeira.
Arquivamento na junta comercial de atos sociais feitos de 
maneira irregular.
Incompatibilidade entre declarações de renda e bens com a 
movimentação financeira.
Constante cessão de bens entre empresas de um mesmo 
grupo econômico.
4
3
2
1
5
6
7
8
9
Figura 18: Indícios 
frequentes 
da blindagem 
patrimonial 
por engenharia 
societária. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Análise Patrimonial38 • Módulo 1
“
“
A empresa Alfa Ltda. é extinta por liquidação voluntária. 
 
Em outro estado do Brasil é criada a empresa Delta Ltda., a partir 
de um CPF que tem como origem uma certidão de nascimento 
falsa, e o nome fantasia e a identidade visual lembram muito 
a empresa Alfa Ltda., dando a impressão à clientela de que se 
trata da mesma empresa. 
 
A partir daí, inicia-se a sucessão de fato, de pontos de comércio 
e empregados, mas o controle societário das empresas é 
fragmentado e seus ativos mal identificados, impedindo, assim, 
que o poder público conheça o fluxo patrimonial e comprove a 
subtração de bens em favor de familiares do agente.
O núcleo principal da engenharia corporativa gira em 
torno de redistribuir haveres, apagar elementos que levem 
à sua origem ou natureza, dissimular sua localização, 
forjar sua movimentação.
Minar negócios, dificultar a atuação do aparato 
fiscalizatório estatal, proteger a esfera jurídica do agente 
e, em última análise, assegurar a fruição impune do 
proveito do crime. (BRASIL, 2017, p. 104).
Há também as operações realizadas em paraísos fiscais que 
dificultam seu rastreamento e consequente investigação, 
nosso próximo tópico dentro da blindagem patrimonial.
Siga os estudos e confira!
As operações multijurisdicionais
A blindagem patrimonial por operações multijurisdicionais está 
relacionada com a realização de operações ligadas a mais de 
uma jurisdição, por isso o nome multi. 
Estudo de Caso
Análise Patrimonial39 • Módulo 1
“
“
Um paraíso fiscal pode ser definido como “países 
ou dependências com tributação favorecida ou que 
oponham sigilo relativo à composição societária de 
pessoas jurídicas. (BCB, 2020).
O que são paraísos fiscais? São Estados nacionais ou regiões 
autônomas que possuem uma legislação que favorece 
movimentações e refúgio de capitais estrangeiros.
Os paraísos fiscais proporcionam baixas alíquotas 
tributárias, proteção sob o sigilo bancário e 
composição societária, corroborados, em algumas 
situações, por frágeis mecanismos de supervisão e 
de regulamentação das movimentações financeiras.
Dessa forma, os paraísos fiscais oferecem a não residentes 
alguns benefícios.
Figura 19: 
Benefícios que 
chamam a atenção 
de indivíduos que 
desejam acobertar 
seus patrimônios. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Padrão 
de sigilo 
financeiro ou 
comercial alto.
Deficiências
 nos controles internos 
e nos programas de 
“compliance”.
Tributação 
favorecida.
Dificuldades de 
cumprimento 
de pedidos de 
cooperação 
internacional.
Ampla oferta 
dos serviços 
de assessoria 
jurídico-contábil.
BENEFÍCIOS 
OFERECIDOS 
POR PARAÍSOS 
FISCAIS
A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.037, 
de 4 de junho de 2010, e suas atualizações, relaciona países 
ou dependências com tributação favorecida e regimes 
fiscais privilegiados.
Formas societárias 
obscuras.
Análise Patrimonial40 • Módulo 1
1. Aruba
2. Comunidade das Bahamas
3. Bahrein
4. Barbados
5. Belize
6. Ilhas Bermudas
7. Ilhas Cayman
8. Chipre
9. Emirados Árabes Unidos
10. Gibraltar
11. Hong Kong
12. Líbano
13. Libéria
14. Macau
15. Maldivas
16. Ilhas Marshall
17. Ilhas Maurício
18. Mônaco
19. Panamá
20. Polinésia Francesa
21. Seychelles
22. Sultanato de Omã
23. Ilhas Virgens Americanas
24. Ilhas Virgens Britânicas
25. Curaçao
26. São Martinho 
27. Irlanda
Figura 20: Paraísos fiscais espalhados pelo mundo. Fonte: 
Freepik (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020).
A abertura de conta em paraísos fiscais, por si só, já constitui 
grande obstáculo à investigação. No entanto, a abertura de 
sociedades, fundações e outras entidades jurídicas, incluídas 
aí as empresas offshore, caracterizamo principal produto dos 
paraísos fiscais.
Offshore é o nome 
comum dado às 
empresas e contas 
bancárias abertas 
em territórios 
onde há menor 
tributação para fins 
lícitos.
WORLD MAP
1
23
24
26
25
2
5
6
19
4
7
13
21
16
22
93
15
11
14
20
17
128
27
18
10
Análise Patrimonial41 • Módulo 1
Para aprofundar um pouco mais sobre paraísos fiscais, 
indicamos como uma boa leitura o texto “Como funcionam os 
paraísos fiscais”. Para acessa-lo clique no link: 
 
https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_
content&view=article&id=3236&catid=30&Itemid=41
Na maioria das vezes, uma empresa offshore funciona da 
seguinte maneira:

Saiba mais
Figura 21: 
Funcionamento 
estratégico de uma 
offshore. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Uma caixa postal
Embora a criação dessas empresas seja permitida por lei, 
geralmente estão atreladas à prática do crime de lavagem de 
dinheiro. Vejamos a definição do Banco Central do Brasil.
Administrada 
por escritórios 
especializados
Sócios e diretores 
fictícios
Confecciona 
procurações e presta 
serviços financeiros
https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=3236&catid=30&Itemid=4
https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=3236&catid=30&Itemid=4
Análise Patrimonial42 • Módulo 1
“ “Os centros financeiros offshore são jurisdições em que grande parte das transações do sistema financeiro envolve pessoas físicas ou jurídicas não residentes na jurisdição e em que a maioria das instituições financeiras são controladas por não residentes.(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020).
Também podem se caracterizar por oferecerem tributação 
baixa ou isenção tributária, regulamentação frágil do setor 
financeiro e regras severas de sigilo bancário, num ambiente 
estável politicamente e economicamente. 
Simulação de perda patrimonial
A última tipologia de blindagem patrimonial trata da simulação 
de perda patrimonial. A simulação pode ser identificada 
quando se realizam as seguintes práticas:
• Celebração de contratos antieconômicos, com cláusulas 
inconsistentes.
• Parcerias que não proporcionam qualquer ganho aparente. 
• Hipótese clássica da desvalorização artificial de ativos, 
principalmente quanto a imóveis e artigos de difícil 
precificação (obras de arte, antiguidades, passes de atletas, 
joias). 
“O agente adquire um imóvel por preço superfaturado, recebe por 
fora o excedente e, decorrido algum tempo, revende a terra que se 
‘desvalorizou’ por quantia bem inferior.” (BRASIL, 2017, p. 109).
Falando de modo geral, todos os tipos de blindagem patrimonial, 
considerando tanto as estruturas quanto os negócios jurídicos 
utilizados, possuem muitas semelhanças com a prática da 
lavagem de ativos. Por isso, embora não sejam a mesma 
coisa, a blindagem patrimonial está relacionada com crimes de 
Palavra do Especialista

Análise Patrimonial43 • Módulo 1
“lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, conforme 
previsto na Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, alterada pela 
Lei nº 12.683, de 9 de julho de 2012.
Blindagem: A motivação é remover do 
acervo do potencial devedor um bem 
que poderia ser alvo de execução em 
ações de cobranças ou arresto. 
Os ativos a serem protegidos fazem 
parte do patrimonio do devedor, ainda 
que estejam em nome de interpostas 
pessoas, podendo ser de origem legal 
ou ilegal (podem ter sido lavados 
anteriomente).
Lavagem: A motivação é 
proporcionar aparência lícita 
a um ativo de origem ilícita.
A origem dos bens, diretos 
e valores, na lavagem, é 
sempre criminosa.
Figura 22: A 
ocultação de 
ativos relaciona 
diretamente 
a lavagem 
de dinheiro 
e blindagem 
patrimonial. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
=/
O que diferencia os dois fenômenos são, basicamente, dois 
elementos: a intenção ou o motivo do negócio e a origem dos 
bens, direitos e valores.
Vamos ver como funcionam essas fraudes na prática?
Veja a seguir o caso Parmalat. Perceba que as fraudes podem 
estar inseridas em grandes empresas, gerando inúmeros 
efeitos nefastos.
O CASO PARMALAT
Conhecido como maior escândalo financeiro na Europa desde 
1945, o caso ganhou dimensões intercontinentais. A Parmalat 
significava um exemplo de sucesso alavancado pela dinâmica 
da globalização liberal. Seu início ocorreu com uma pequena 
empresa familiar de distribuição de leite pasteurizado, situada 
nos arredores de Parma, na Itália. Por volta da década de 60, 
a Parmalat se desenvolveu fortemente, em decorrência da 
habilidade de seu fundador, Calisto Tanzi, e dos generosos 
subsídios da União Europeia. A partir de 1974, a Parmalat 
instalou-se no Brasil, depois, Venezuela e Equador. Observou-
se uma multiplicação de suas filiais e a criação de empresas 
intermediárias em todos os territórios que oferecessem 
Análise Patrimonial44 • Módulo 1
facilidades fiscais – Ilha de Man, Holanda, Luxemburgo, Áustria 
e Malta – e, também, em paraísos fiscais – Ilhas Cayman, Ilhas 
Virgens Britânicas e Antilhas Holandesas.
Em 1990, abriu seu capital colocando ações na Bolsa de 
Valores, consagrando-se como o sétimo grupo privado da 
Itália e o primeiro lugar mundial no mercado de leite de longa 
conservação. Com esse porte, empregava em torno de 37 mil 
funcionários em mais de 30 países, com o impressionante 
faturamento, em 2002, de 7,6 bilhões de euros.
Com esses números, as ações da Parmalat significavam 
investimento seguro na Bolsa de Milão. Até que o dia 11 
de novembro de 2003 chegou. Nessa data, os auditores 
questionaram um investimento de 500 milhões de euros no 
fundo Epicurum, sediado nas Ilhas Cayman. Imediatamente, a 
agência Standard & Poors, uma das três maiores agências de 
classificação de risco de crédito do mundo, baixou o valor da 
cotação dos títulos Parmalat. Ao mesmo tempo, a Comissão 
de Operações da Bolsa solicitou esclarecimentos quanto à 
forma pela qual o grupo pretendia reembolsar as dívidas com 
prazo até o final de 2003.
Nesse momento, a incerteza e preocupação tomaram conta 
de acionistas e detentores de ações. A Parmalat, com o fito 
de tranquilizar o mercado, anunciou, então, a existência de um 
fundo de 3,95 bilhões de euros, depositado em uma agência do 
Bank of America, localizada nas Ilhas Cayman, apresentando 
para isso um documento, emitido pelo citado banco norte-
americano, comprovando a autenticidade dos títulos e da 
liquidez referentes ao valor divulgado.
Seria tudo ou nada. A estratégia da direção da empresa 
foi tranquilizar o mercado, para que as ações subissem e 
os negócios prosperassem. No entanto, não imaginaram 
que, no dia 19 de dezembro, o Bank of America afirmaria 
Análise Patrimonial45 • Módulo 1
“
“
que o documento divulgado pela Parmalat para provar a 
existência dos 3,95 bilhões de euro era falso! Tratava-se de 
um documento em papel timbrado pouco confiável, falsificado 
grosseiramente com a ajuda de um scanner.
As ações despencaram, em poucos dias não valiam quase 
nada. Mais de 115 mil investidores e pequenos poupadores 
foram enganados. 
Revelou-se, então, que o endividamento da Parmalat 
chegava a 14 bilhões de euros, que, por muitos anos, foi 
deliberadamente dissimulado, por meio de um sistema 
fraudulento baseado em desvios contábeis, orçamentos 
falsos, documentos falsificados, lucros fictícios e complexas 
pirâmides de empresas ‘offshore’, com vinculações múltiplas, 
tudo propositalmente arquitetado, para tornar impossível a 
detecção da origem do dinheiro e a análise das contas.
Por ser uma fraude permanente, realizada durante vários anos, 
não era detectável. Veja como a empresa parecia sólida antes 
de os crimes serem divulgados:
Na própria véspera do escândalo eclodir, o Deutsche 
Bank, por exemplo, adquiriu 5,1% do capital da Parmalat, 
enquanto analistas de mercado recomendavam 
veementemente a compra de títulos do grupo [...] 
(RAMONET, 2004, não paginado).
A empresa de auditoria do grupo italiano, a Grant Thornton, 
assim como grandes bancos, como o Citigroup, foi acusada de 
cumplicidade.A Parmalat foi declarada insolvente poucos dias 
depois do escândalo. Em 2010, Calisto Tanzi foi condenado a 18 
anos de prisão, sendo considerado pela promotoria do Tribunal 
de Parma o “cérebro” da fraude que provocou a falência da 
maior multinacional italiana da alimentação. Outras 16 pessoas 
foram julgadas por fraude e formação de quadrilha.
O devedor, pessoa 
singular, empresa 
ou outra pessoa 
coletiva que se 
encontra incapaz 
de cumprir as suas 
obrigações. 
Análise Patrimonial46 • Módulo 1
CONTEXTUALIZANDO... 
Você já refletiu sobre o que levaria uma pessoa a cometer 
fraudes na instituição em que trabalha? Quais os elementos/
características comuns a essas pessoas? 
Nesta aula, vamos apresentar a teoria do triângulo da fraude, 
proposta pelo americano Donald Cressey, no ano de 1953, que, 
por meio da pesquisa realizada, apresenta proposições sobre 
essas perguntas.
A HIPÓTESE DE DONALD CRESSEY
A hipótese criada por Cressey baseia-se na tese de que a 
ocorrência de fraudes corporativas está condicionada à 
presença de três elementos:
Aula 4 – Triângulo da Fraude 
Figura 23: 
Elementos que 
condicionam os 
crimes de fraude 
em corporações.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Oportunidade
Triângulo 
da fraude
Racionalização
Pressão
Você deve estar se perguntando quem é Donald Ray 
Cressey? Ele foi um penologista, sociólogo e criminologista 
americano, nascido em 1919, em Minnesota, que contribuiu 
consideravelmente para o entendimento e estudo do crime 
organizado, da sociologia do direito penal, das prisões e do 
crime de colarinho branco.
Análise Patrimonial47 • Módulo 1
Em 1953, Cressey publicou pela primeira vez a sua proposição 
sobre a teoria do triângulo da fraude. Para a formulação da 
pesquisa, entrevistou 250 criminosos durante um período 
de cinco meses. Os entrevistados deveriam atender a dois 
critérios: terem exercido um cargo, emprego ou função de 
confiança e terem violado essa confiança.
Justificando a quebra de confiança como meio para resolução 
de seus problemas financeiros, tais indivíduos passam a 
usar os recursos financeiros em benefício próprio, embora 
autoalimentem uma falsa sensação de seriedade em suas ações 
(CRESSEY, 1953).
A partir dessas entrevistas, Donald Cressey constatou que três 
fatores eram comuns a todos os entrevistados que violaram a 
confiança recebida. 
Palavra do Especialista

Figura 24: 
Características 
comuns relatadas 
pelos entrevistados. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Perceberam 
que tinham 
um problema 
financeiro que 
não poderia ser 
compartilhado 
com outra pessoa 
de seu convívio.
Tinham 
entendimento 
de que o citado 
problema poderia 
ser resolvido 
secretamente 
através da violação 
da confiança 
recebida.
Racionalizaram 
a conduta 
adotada, de 
maneira que 
enxergaram a si 
mesmos como 
honestos.
A seguir apresentamos os detalhes da pesquisa de Cressey, 
abrindo a discussão sobre cada elemento do triângulo, 
considerando sua proposição.
Análise Patrimonial48 • Módulo 1
Triângulo da fraude: pressão
Para o primeiro vértice do triângulo, a palavra pressão 
agregou toda a motivação ou incentivo para o cometimento 
de fraudes. Nesse sentido, Cressey dividiu em seis tipos os 
problemas não compartilháveis.
Figura 25: 
Características 
comuns relatadas 
pelos entrevistados. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Dificuldade em 
pagar dívidas.
Problemas 
resultantes 
de falhas 
pessoais.
Reversões de 
negócios.
O isolamento 
físico.
Ganho de 
‘status’.
Relações 
empregador-
empregado.
Nos problemas não compartilháveis, também podem estar 
contidas as situações em que o violador de confiança é 
isolado das pessoas que poderiam ajudá-lo. Há também 
uma relação com padrões de vida maiores do que os meios 
podem proporcionar e, por último, o tratamento injusto por 
parte do empregador.
Triângulo da fraude: oportunidade
Para o outro vértice, a oportunidade foi a palavra definida 
para caracterizar o conhecimento e o momento para 
cometer as fraudes.
O indivíduo, em uma posição de confiança, aproveitando-se 
de controles internos ineficazes e da ausência de fiscalização, 
conquista conhecimento suficiente para saber os pontos 
vulneráveis e cometer a fraude com sucesso.
Problemas não compartilháveis
Análise Patrimonial49 • Módulo 1
Figura 26: 
Características 
comuns relatadas 
pelos entrevistados. 
Fonte: Pixabay 
(2020).
Alguns fatores estão relacionados à compreensão da 
oportunidade, vejamos.
Figura 27: Conceitos 
de oportunidade 
segundo o triângulo 
da fraude. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
A convicção de que ninguém irá julgar a 
transgressão como grave (BRASIL, 2018c).
A ausência de avaliações periódicas que 
permitam verificar o cumprimento das 
políticas da empresa pelos funcionários.
A aceitação de que a organização não está 
ciente e que a empresa não verifica ou se 
importa com esse tipo de fraude.1
2
3
Dessa forma, segundo Cressey (1953) os problemas não 
compartilháveis ajudarão o indivíduo a conhecer informações 
que favoreçam a violação da confiança.
Análise Patrimonial50 • Módulo 1
“
“Triângulo da fraude: racionalizaçãoO terceiro e último vértice do triângulo: o indivíduo racionaliza, cria justificativas para provar a si mesmo que o ato cometido não é errado. O indivíduo acredita em seus próprios motivos. 
A racionalização “permite que os indivíduos desviantes 
não se sintam em dissonância com a sua própria 
percepção de moralidade ilibada, dando a eles a chance 
de continuar a se perceberem como corretor, mesmo 
após um ato criminoso.” (HENCSEY, 2016, p. 5).
A racionalização leva o indivíduo a deformar a realidade, a criar 
suas próprias verdades, considerando a fraude cometida um 
ato necessário e aceitável. Na prática, as racionalizações mais 
comuns são:
Figura 28: Frases 
comuns ditas 
por pessoas que 
cometeram fraudes 
corporativas. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
“Eu estava apenas pegando o 
dinheiro emprestado”.
“Eu não recebo o salário 
que mereço”.
“Eu merecia esse dinheiro”.
“Eu tinha que desviar o dinheiro para 
ajudar minha família”.
“Minha organização é desonesta com 
outros e merece ser trapaceada”.
““
Análise Patrimonial51 • Módulo 1
Assim, mesmo com o passar de mais de 60 anos, ainda hoje, 
a teoria dos triângulos é o modelo mais conhecido e utilizado 
por profissionais do segmento de auditoria e compliance que 
buscam a prevenção aos fatores de risco e a conformidade à 
legislação vigente e aos padrões éticos estabelecidos.
FRAUDE CONTÁBIL E APROPRIAÇÃO 
INDEVIDA DE ATIVOS 
Segundo o Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto 
Americano de Contadores Certificados (AICPA), há dois tipos 
de fraudes: 
• Informação contábil fraudulenta.
• Apropriação indébita de ativos.
Nos dois tipos de fraudes, os fatores são os mesmos 
apresentados na teoria dos triângulos das fraudes: pressões, 
oportunidades e racionalizações.
No documento Responsabilidade do Auditor em Relação 
a Fraude (NBC TA 240), observa-se a definição dos fatores 
de riscos – pressão, oportunidades e racionalização – 
para distorções nas informações contábeis, bem como, na 
apropriação indevida de ativos (CONSELHO FEDERAL DE 
CONTABILIDADE, 2009).
Para melhor visualizar cada tipo de fraude, confira o quadro a 
seguir, que apresenta exemplos relativos a cada fator de risco 
de acordo com o tipo de fraude.
 
É a atividade 
de assegurar 
que a empresa 
está cumprindo 
à risca todas 
as imposições 
dos órgãos de 
regulamentação, 
dentro de todos os 
padrões exigidos 
de seu segmento.
Também pode 
ser entendida 
como apropriação 
indevida.
Palavra do Especialista

Análise Patrimonial52 • Módulo 1
Quadro 1: Fatores de riscos de acordo com o tipo de fraude executada. 
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Informação Contábil 
Fraudulenta
Apropriação Indevida 
de Ativos
Alto nível de competição do 
mercado.
Declínios significativos na 
demanda de clientes.
Fluxo de caixa negativo.
Cumprimento de metas de 
vendas.
Demissões de empregados 
conhecidas ou previstas.Alterações previstas na 
remuneração ou nos 
benefícios dos empregados.
Itens de estoque de tamanho 
pequeno, mas com alto valor.
Sistema de segurança 
inadequado para a guarda de 
dinheiro, estoques e outros 
ativos fixos.
Ausência de férias por parte 
de empregados que realizam 
funções-chave de controle.
Alterações no estilo de vida 
que indiquem a apropriação 
indevida de ativos.
Tolerância a pequenos furtos.
Transações significativas, não 
usuais e demasiadamente 
complexas, especialmente as 
próximas do encerramento do 
exercício.
Uso de intermediários de 
negócios para os quais não há 
justificativa comercial clara.
Controle interno realizado de 
maneira ineficaz.
Omissão da administração em 
remediar, tempestivamente, 
deficiências detectadas pelo 
controle interno.
Conduta autoritária e 
inadequada no trato com o 
auditor, especialmente quando 
tentam limitar o alcance do 
trabalho a ser realizado.
PRESSÃO
OPORTUNIDADES
RACIONALIZAÇÃO
Em relação aos fatores de risco, um recente estudo, intitulado 
Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos (PRICE 
WATER HOUSE COOPERS, 2018), utilizando o Triângulo da 
Fraude, entrevistou 7.228 pessoas, em 123 países, para 
responder à seguinte questão.
Análise Patrimonial53 • Módulo 1
“
“
Figura 29: Respostas 
diferentes entre o 
cenário mundial e o 
Brasil. Fonte: Price 
Water House Coopers 
(2018, p. 31), adaptado 
por labSEAD-UFSC 
(2020).
Até que ponto cada um dos seguintes fatores – 
oportunidade, pressão e racionalização – contribuiu para 
a fraude e/ou o crime econômico provocado por agentes 
internos? Classifique em ordem de contribuição para o 
incidente. (PRICE WATER HOUSE COOPERS, 2018, p. 31).
Vejamos os dados obtidos a partir das respostas dos participantes.
dos brasileiros apresentaram 
a oportunidade como 
principal fator
o incentivo/pressão por 
desempenho
a racionalização
 das pessoas de outros 
países indicaram a 
oportunidade como principal 
fator relacionado à incidência 
de fraudes
o incentivo/pressão por 
desempenho
a racionalização
Cenário mundial
Brasil
Análise Patrimonial54 • Módulo 1
Mesmo com cenários tão desafiadores, em que a constatação 
e prevenção à fraude tornam-se tarefas cada vez mais 
complexas, as organizações têm usado a Teoria do Triângulo 
da Fraude para se anteciparem aos fatores de risco por meio 
de medidas como o fortalecimento dos controles internos, o 
mapeamento de riscos, treinamentos periódicos e a definição 
de um código de conduta, ações estas cada vez mais 
implementadas nas empresas.
Análise Patrimonial55 • Módulo 1
CONTEXTUALIZANDO...
Nesta aula vamos aprofundar a reflexão sobre o que 
é um patrimônio, o cálculo de balanço patrimonial e a 
necessidade de entender os valores retidos nos balanços no 
momento da investigação.
Podemos começar a aula refletindo, então, sobre a etimologia 
da palavra patrimônio. Sua origem decorre do vocábulo em 
latim “patrimonium”, cujo significado amplo é de herança 
familiar e, em sentido estrito, herança paterna ou do pai.
Assim, é possível conceituar preliminarmente a palavra 
patrimônio como um bem familiar ou qualquer bem material 
ou moral que pertence à uma pessoa, uma instituição ou 
um grupo. Mas como podemos definir patrimônio enquanto 
parte de uma investigação patrimonial? Por meio do conceito 
jurídico e contábil do termo. Vamos entender mais? Siga para o 
primeiro tópico da aula.
CONCEITO JURÍDICO E CONCEITO 
CONTÁBIL 
Segundo Cesar Fiúza (2004), patrimônio é considerado um 
complexo de direitos e obrigações de uma pessoa, suscetível 
de avaliação econômica, integra a esfera patrimonial das 
pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas.
Podemos olhar a ideia de patrimônio sob duas óticas: 
juridicamente e contabilmente. Pela ótica jurídica, o conceito 
de patrimônio tem particular importância, tendo em vista o 
princípio que conduz o direito das obrigações: 
a responsabilidade patrimonial.
Aula 5 – Conceito de Patrimônio e 
Balanço Patrimonial
Análise Patrimonial56 • Módulo 1
 Assim, diante de diferentes concepções, os autores da área 
destacam duas teorias que caracterizam juridicamente o 
patrimônio: a teoria clássica e a teoria moderna.
PATRIMÔNIO SOB AS 
TEORIAS DO DIREITO
Teoria clássica ou subjetiva:
o patrimônio é uma 
universalidade de direito, 
unitário e indivisível, que se 
apresenta como projeção e 
continuação da personalidade 
(GONÇALVES, 2020, p. 264).
Teoria moderna:
 teoria realista, também denominada moderna 
ou da afetação, indica que o patrimônio seria 
composto apenas pelo ativo, formado de vários 
núcleos separados, conjuntos de bens para atender 
a fins específicos, como, os bens reservados 
à herança. Há o rompimento dos princípios da 
unicidade e da indivisibilidade do patrimônio, 
admitindo, portanto, a compatibilidade de um 
patrimônio geral e outros específicos.
 
Figura 30: 
Patrimônio sob as 
teorias do direito. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Por outro lado, pela visão contábil, patrimônio pode ser 
entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações 
vinculados a uma entidade num determinado momento.
Análise Patrimonial57 • Módulo 1
Bens: tudo que 
pode ser mensurado 
economicamente e que 
satisfaça às necessidades 
humanas, é o que a entidade 
de fato possui.
Obrigações: as dívidas, 
os valores a serem pagos 
a terceiros.
  
Figura 31: 
Patrimônio sob 
a ótica contábil. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Direitos: todos os 
recursos a receber e 
que gerarão benefícios 
presentes ou futuros. 
É o poder de exigir 
alguma coisa.
PATRIMÔNIO SOB 
A ÓTICA CONTÁBIL
Em outras palavras, é possível afirmar.
O patrimônio pode ser entendido como tudo o que 
uma entidade possui, somadas às prerrogativas de 
receber algo por meio de um direito, assim como todos 
os deveres de honrar os compromissos firmados.
Ainda em relação ao conjunto de bens que constituem parte 
do patrimônio das entidades, segundo Galvão (2017), estes 
podem ser classificados quanto à mobilidade e tangibilidade, 
veja o exemplo.
Análise Patrimonial58 • Módulo 1
MOBILIDADE TANGIBILIDADE
Móveis: mesa, 
quadros, estoques.
Tangíveis (possuem 
forma física): casa, 
máquina, quadro, 
carro.
Inatangíveis (não 
possuem forma 
física): marcas, 
patentes.
Imóveis: terreno, 
casa.
Figura 32: A 
classificação de 
bens segundo a 
contabilidade. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Assim, constitui-se o principal objeto de estudo da 
contabilidade, que avalia os conjuntos definidores de 
patrimônio em dois aspectos:
• Qualitativo: definido como a natureza dos elementos.
• Quantitativo: caracteriza seus respectivos valores, de modo 
a propiciar a seus usuários demonstrações e análises para 
a tomada de decisões.
Segundo Moura (1997), as entidades que possuem patrimônio 
podem ser classificadas da seguinte forma.
Dentro do contexto 
contábil, entidades 
são instituições, 
sociedades, 
pessoas jurídicas, 
estabelecidas para 
fins específicos.
Com fins 
lucrativos – 
denominadas 
empresas, que 
objetivam o lucro 
para manter e/ou 
aumentar o seu 
patrimônio.
Com fim 
socioeconômico 
– caracterizadas 
como instituições, 
buscam o 
superavit que 
será revertido em 
benefício de seus 
componentes.
Com fins sociais 
– também 
chamadas de 
instituições que 
atendem às 
demandas da 
sociedade, por 
exemplo: a União, 
os estados e os 
municípios.
 
Figura 33: A classificação das entidades. Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Com a ajuda de exemplos anteriores, veja como é possível 
resumir as partes que compõem o patrimônio. 
Análise Patrimonial59 • Módulo 1
DIREITOSBENS OBRIGAÇÕES
dinheiro em caixa
dinheiro depositado em banco
veículos
máquinas
imóveis
terrenos
estoque de mercadorias
móveis e utensílios
duplicatas a receber
cheques a receber
aluguéis a receber
ICMS a recuperar
salários a receber
duplicatas a receber
cheques a receber
aluguéis a receber
empréstimos a pagar
fornecedores
aluguéis a pagar
financiamentos
salários a pagar
imposto a pagar

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