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DIREITO PENAL
Didatismo e Conhecimento 1
DIREITO PENAL
INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, 
ESPÉCIES
Conceito de infração penal.
O que diferencia as infrações de natureza penal das infrações 
civis ou administrativas é a sua gravidade; não há distinção 
essencial.
Enquanto os ilícitos civis e administrativos são punidos 
de forma mais branda, as infrações penais levam à aplicação de 
penas, que são as mais graves sanções existentes no ordenamento 
jurídico, incluindo a privação de liberdade.
No Direito Brasileiro dividem-se as infrações penais em:
•	 crimes, aos quais são cominadas penas de detenção ou 
reclusão; e
•	 contravenções, que são punidas com prisão simples ou 
multa.
A diferença entre crimes e contravenções também está, 
unicamente, na sua gravidade. Os crimes, por atingirem bens 
jurídicos mais importantes, são punidos de maneira mais severa.
Como denominador comum entre crimes e contravenções, a 
doutrina costuma usar a palavra “delito”, ou mesmo “crime”, em 
sentido amplo. No presente texto, quando nos referirmos a crime, 
estaremos abrangendo as contravenções.
Elementos da infração penal.
Qualquer delito possui os seguintes elementos:
1. tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) 
descrito na lei penal;
1. ilicitude: contrariedade entre o fato e o ordenamento 
jurídico;
2. culpável: praticado de forma reprovável pelo seu agente.
A punibilidade, embora deva existir para que seja aplicada a 
pena, não é considerada elemento do delito (vide item 1.10).
Espécies de infração penal.
A doutrina costuma esboçar diversas classificações dos 
crimes. Tratemos das principais:
Crimes próprios, impróprios e de mão-própria: nos 
crimes próprios, exige-se uma especial qualificação do agente, 
como os crimes de funcionário público, ou o infanticídio, que só 
pode ser praticado pela mãe; os impróprios podem ser cometidos 
por qualquer pessoa, a exemplo do homicídio ou do furto. Os 
crimes de mão-própria são aqueles que o agente tem de cometer 
pessoalmente, sem que possa delegar sua execução. Ex.: falso 
testemunho, prevaricação etc.
Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: Unissubjetivos 
são os delitos que podem ser praticados por uma única pessoa, 
embora, eventualmente, sejam cometidos em concurso de 
agentes. Ex.: homicídio, roubo, estupro etc. Os plurissubjetivos 
necessariamente têm de ser praticados por mais de uma pessoa: 
quadrilha ou bando, rixa, bigamia etc.
Crime habitual: Constituído por atos que, praticados 
isoladamente, são irrelevantes para o Direito Penal, mas, cometidos 
de forma reiterada, passam a constituir um delito. Por exemplo: 
quem tira proveito da prostituição alheia, de maneira eventual, 
não comete o delito de rufianismo; mas, se existe habitualidade 
na prática desses atos, constituir-se-á o crime. Outros exemplos: 
exercício ilegal da medicina, curandeirismo, manter casa de 
prostituição etc.
Crimes de ação única e de ação múltipla: Nos de ação única, 
o tipo penal só descreve uma forma de conduta: matar, subtrair, 
fraudar; os tipos de ação múltipla descrevem variadas formas. No 
art. 122, pratica-se o delito induzindo, instigando ou auxiliando 
a prática do suicídio. Qualquer das modalidades de conduta é 
incriminada.
Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes: Se a conduta 
não pode ser fracionada, como na ameaça ou na injúria, em 
que o crime é praticado por um único ato, diz-se que o delito é 
unissubsistente. Como conseqüência, a tentativa é impossível. A 
maioria dos delitos, entretanto, é plurissubsistente, pois o sujeito 
ativo pode dividir a conduta em vários atos (homicídio, roubo, 
peculato), daí a possibilidade de haver tentativa.
Crimes de dano e de perigo: Quando o tipo penal descreve 
a efetiva lesão ao bem jurídico, o crime é de dano: homicídio, 
furto, lesão corporal etc. Mas o tipo penal pode exigir apenas que 
o bem jurídico seja exposto a perigo, como no caso da omissão de 
socorro, do porte ilegal de arma, da direção perigosa. Distinguem-
se os delitos de perigo em: crimes de perigo concreto, quando a 
lei exige seja o perigo comprovado, como na direção perigosa; ou 
crimes de perigo presumido, em que a lei considera haver perigo, 
independentemente de prova, a exemplo da omissão de socorro ou 
do porte ilegal de arma.
Crimes simples e complexos: Quando o tipo penal descreve 
uma conduta em que apenas um bem jurídico é lesionado ou 
ameaçado de lesão, o crime será simples: homicídio (vida), furto 
(patrimônio) etc. Mas existem crimes em que mais de um bem 
jurídico é atingido ou exposto a perigo, e o tipo penal reúne 
elementos de outros crimes, formando um crime novo: roubo 
(furto + lesão corporal ou ameaça), extorsão mediante seqüestro 
(extorsão + seqüestro) etc.
Crimes materiais, formais e de mera conduta. Nos materiais, 
o tipo penal descreve a conduta e o resultado (homicídio, roubo, 
peculato); nos formais, descreve-se a conduta mas não se exige 
que o resultado seja atingido (crimes contra a honra, extorsão); 
já nos de mera conduta inexiste resultado possível (violação de 
domicílio, desobediência). Estudaremos melhor essas três espécies 
de crimes quando tratarmos do resultado (item 1.7.3).
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA 
INFRAÇÃO PENAL. 
Conceito.
É o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa 
figurar numa relação processual, a fim de se submeter à aplicação 
da lei penal.
Didatismo e Conhecimento 2
DIREITO PENAL
Não se confunde com a imputabilidade por se referir a 
momento anterior ao crime, enquanto a imputabilidade constitui 
momento contemporâneo ao delito. Assim, no caso de doença 
mental superveniente, por exemplo, o sujeito no momento do 
crime era imputável, mas perde a capacidade no momento em que 
está sendo processado (artigo 152 do Código de Processo Penal).
Da Capacidade Penal das Pessoas Jurídicas.
Há algumas teorias que tentam explicar esse assunto. Duas 
prevalecem: 
•	 Teoria da ficção: a pessoa jurídica não tem consciência 
e vontade própria. É uma ficção legal. Assim, não tem capacidade 
penal e não pode cometer crime, sendo responsáveis os seus 
dirigentes.
•	 Teoria da realidade (teoria organicista): vê na pessoa 
jurídica um ser real, um verdadeiro organismo, tendo vontade 
própria. Assim, pode ela delinqüir.
Com a Constituição Federal de 1988, inovou-se no sentido de 
reconhecer a responsabilidade penal da pessoa jurídica. (artigos 
173, § 5.º e 225, § 3.º). A lei ambiental também assim o faz (Lei 
n. 9.605/98).
Da Capacidade Especial do Sujeito Ativo.
Há crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa. 
Outros, porém, exigem determinada posição jurídica ou de fato 
do agente para sua configuração (exemplo: funcionário público). 
Estes últimos recebem denominação de crimes próprios.
O fenômeno da capacidade especial do sujeito ativo se reveste 
de relevante interesse na questão do concurso de agentes. Assim, 
embora sejam próprios os crimes de infanticídio e peculato, 
respondem por eles não somente a mãe ou o funcionário público, 
mas também o estranho que dele por ventura participe (dispõe o 
artigo 30 do Código Penal que não se comunicam as circunstâncias 
e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do 
crime). 
SUJEITO PASSIVO DO CRIME.
Conceito.
Para o Professor Damásio de Jesus, sujeito passivo é o 
titular do interesse, cuja ofensa constitui a essência do crime. 
Por isso, é preciso indagar qual o interesse tutelado pela lei penal 
incriminadora.
Questão do Incapaz, da Pessoa Jurídica, do Morto, do 
Feto, dos Animais e Coisas Inanimadas.
Todo homem vivo pode ser sujeito passivo material de crime.
Dessa forma, é inegável que o incapaz, titular de direitos, 
possa ser sujeito passivo de delito, tais como no infanticídio 
(recém-nascido), homicídio (demente), abandono intelectual 
(menor em idade escolar) etc. 
Quanto à pessoa jurídica, esta pode ser sujeito passivo 
material do delito, desde que a descrição típica não pressuponha 
uma pessoa física. Assim, pode ser vítima de furto, dano etc.
O morto não pode sersujeito passivo de delito, pois não é 
titular de direito, podendo ser objeto material do delito.O artigo 
138, § 2.º, do Código Penal dispõe ser punível a calúnia contra os 
mortos, pois a ofensa à memória dos mortos reflete nas pessoas de 
seus parentes, que são os sujeitos passivos.
O homem pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, 
pois o feto tem direito à vida (artigos 124, 125 e 126, do Código 
Penal).
Os animais e coisas inanimadas não podem ser sujeitos 
passivos de delito, podendo ser objetos materiais (exemplo: crimes 
contra a fauna, Lei n. 9.605/98). Neste caso, os sujeitos passivos 
serão seus proprietários, e em certos casos a coletividade.
Pergunta: A pessoa pode ser ao mesmo tempo sujeito ativo e 
passivo do delito, em face de sua própria conduta?
Resposta: Não. O homem não pode cometer crime contra si 
mesmo. 
TIPICIDADE, ILICITUDE,
 CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE. 
TIPICIDADE PENAL
EVOLUÇÃO DA TIPICIDADE PENAL
1ª Fase: Para essa primeira fase, crime é um fato típico ilícito, 
culpável e um fato típico constituído de conduta, resultado, nexo 
e tipicidade penal – Nesta primeira fase, a tipicidade penal era 
sinônimo de uma tipicidade formal. Ou seja, para que o fato fosse 
penalmente típico, bastava uma tipicidade formal, isto é, mera 
operação de ajuste entre fato e norma. Sabe o que significa isso? 
Alguém subtraiu outrem. Bastava isso para a tipicidade penal. Por 
quê? Porque subtrair coisa alheia móvel era fato típico. Acabou. A 
tipicidade evoluiu.
2ª Fase: Crime continua sendo fato típico, ilícito e culpável, 
sendo que o fato típico permanece com os seus elementos: 
Conduta, resultado, nexo e tipicidade penal. Mas a tipicidade 
penal agora passa a ser formal mais uma tipicidade material. Então 
a tipicidade não ficou limitada à operação de ajuste. Além da 
operação de ajuste, essa tipicidade formal, essa subsunção, precisa 
da tipicidade material. E o que é a tipicidade material? Produção 
de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado. Então, agora, não basta você subtrair coisa alheia móvel. 
Você tem que subtrair coisa alheia móvel produzindo intolerável 
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Aí eu tenho 
tipicidade penal.
3ª Fase: Forma mais moderna de encarar a tipicidade penal: 
Que forma é essa? O fato típico continua sendo constituído de 
conduta, resultado, nexo e tipicidade penal. Mas a tipicidade 
penal é tipicidade formal, que vocês já dominam, mais tipicidade 
conglobante. É uma tipicidade formal, mais uma tipicidade 
conglobante. E o que é tipicidade conglobante? Nada mais é do 
que a tipicidade material mais atos antinormativos. Tipicidade 
formal eu sei o que é, é operação de ajuste. Tipicidade material 
eu sei o que é, é relevância da lesão ou perigo de lesão. O que 
significa ato antinormativo? É um ato não determinado ou não 
incentivado polêmico. 
TIPICIDADE CONGLOBANTE
“Tipicidade Conglobante – trata-se de um corretivo da 
tipicidade penal. Tem como requisitos a tipicidade material 
(relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico) e a 
antinormatividade latu (ato não determinado ou não incentivado 
por lei). 
A consequência da tipicidade conglobante é que o estrito 
cumprimento de um dever legal e o exercício regular de um 
direito incentivados por lei migram da ilicitude para o fato típico, 
servindo como causa de atipicidade.”
Didatismo e Conhecimento 3
DIREITO PENAL
Foi Zaffaroni que criou isso. 
“De acordo com Zaffaroni, espera-se de um ordenamento 
jurídico “ordem”, isto é, os vários direitos determinando e 
incentivando os mesmos fatos (é uma incoerência o direito 
penal tipificar comportamentos que os outros ramos do direito 
determinam ou incentivam).”
ESPÉCIES DE TIPICIDADE FORMAL
Para a tipicidade formal, o resultado naturalístico só existe 
nos crimes materiais. Para a tipicidade material, todo e qualquer 
crime tem resultado, porém o resultado jurídico. Para a tipicidade 
formal, o que importa é o resultado naturalístico. Crime que não 
tem resultado naturalístico tem uma tipicidade formal. Já para 
a tipicidade material, todo e qualquer crime vai ter analisado o 
resultado normativo. 
A tipicidade formal tem duas espécies: duas formas de ajustar 
o fato à norma. 
a) Tipicidade DIRETA ou IMEDIATA
Existe um ajuste (adequação) direta entre fato e a lei 
incriminadora. Se eu tenho, por exemplo, o art. 121, que pune, 
matar alguém, se, de fato, A mata B, há uma subsunção direta entre 
fato e lei incriminadora. Isso não cai nem no MOBRAL. O que 
cai? A segunda espécie de tipicidade formal:
b) Tipicidade INDIRETA ou MEDIATA
Aqui existe um ajuste indireto ou mediato entre fato e a 
lei incriminadora. É imprescindível recorrer-se das normas de 
extensão. Como assim? Art. 121 pune ‘matar alguém’. Que 
aconteceu de fato? A tentou matar B. Pergunto. Vocês conseguem 
ajustar o comportamento de A ao art. 121? Para você fazer isso, 
você precisa antes, socorrer-se do art. 14, II, que diz que a tentativa 
é punível. Então, houve um ajuste, uma subsunção indireta. Você 
precisou, primeiro, socorrer-se de uma norma de extensão. 
Como se chama essa norma de extensão do art. 14, II? Norma 
de extensão temporal. Por que norma de extensão temporal? 
Porque estende, amplia a incriminação a fatos praticados 
anteriormente à consumação. 
Exemplo: o art. 121 pune ‘matar alguém’. Veja: ‘A matou B 
enquanto C vigiava se alguém se aproximava’. O art. 121 pune 
matar alguém, com relação a A eu tenho a subsunção direta. Mas, e 
C? C matou alguém? Eu não consigo ajustar a conduta de C ao art. 
121. Eu só consigo ajustar a conduta de C ao art. 121, se eu passar 
primeiro no art. 29, que diz: “quem de qualquer forma concorre 
para o crime incide nas penas a este cominadas na medida de 
sua participação.” Então, agora, eu posso ajustar C ao art. 121. 
Mas, para fazer isso, eu tenho que me socorrer de uma norma de 
extensão. A é jogado no art. 121 diretamente, C não, C é jogado 
no art.121, combinado com o art. 29. A subsunção é indireta com 
relação a A. Você em que anunciar, art. 121 combinado com o art. 
29. O art. 29 serve para você ajustar o comportamento do partícipe 
e não para dizer que houve um concurso de agentes. A galera coloca 
todo mundo no art. 29 e não é assim. Vocês compreenderam essa 
nova norma de extensão? Essa é uma norma que alcança a pessoa, 
é uma norma de extensão pessoal e espacial. Serve para ampliar 
a incriminação, alcançando pessoas que não praticaram o núcleo. 
Temos mais uma norma de extensão. É a norma do art. 13, §2º, 
chamada norma de extensão causal. Fato: 121, matar alguém. O 
que aconteceu de fato? Mãe deixa de amamentar o filho. Quem 
matou o filho? Não foi a mãe. Foi a inanição. Isso matou. Mas 
a mãe como tinha o dever jurídico de evitar o resultado, vai 
responder como se tivesse agido. É uma norma de extensão causal
Antijuridicidade ou ilicitude
É a relação de contrariedade entre o fato e o ordenamento 
jurídico.
“A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita 
ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita. 
Assim, o conceito de ilicitude de um fato típico é encontrado por 
exclusão: é antijurídico quando não declarado lícito por causas de 
exclusão da antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas 
encontradas em sua parte especial ou em leis especiais)”.
Culpabilidade
É a reprovação da ordem jurídica, em face de estar ligado 
o homem a um fato típico e antijurídico. É reprovação que recai 
sobre o sujeito. Por isso, não é requisito do crime, mas condição 
de imposição da pena.
Punibibilidade
A punibilidade também não é requisito ou elemento do crime, 
mas sua consequência jurídica. 
Nada mais é que a possibilidade jurídica de se aplicar a sanção.
Se alguém praticar um fato típico e ilícito, praticou um crime. 
Se o agente for culpável, deverá ser punido, exceto se existir uma 
causa de extinção da punibilidade.
As causas de extinção da punibilidade, exceto a anistia e a 
abolitio criminis, não afetamos requisitos do crime, mas somente 
excluem a possibilidade de aplicação da sanção.
IMPUTABILIDADE PENAL
Imputabilidade - é a possibilidade de atribuir-se ao indivíduo 
a responsabilidade pela conduta praticada. Baseia-se num princípio 
de responsabilização moral que pressupõe o pleno exercício das 
faculdades mentais para que o caráter ilícito da conduta seja 
compreendido e a capacidade de o agente condições orientar sua 
conduta de acordo com tal entendimento.
São três os critérios para definir a inimputabilidade:
1. Biológico: que considera as alterações fisiológicas no 
organismo do agente;
1. Psicológico: que se baseia na incapacidade, presente no 
momento da ação ou da omissão, de compreender a ilicitude do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento;
2. Bio-psicológico: que reúne os elementos dos critérios 
anteriores.
Para o Código, art. 26, caput, são inimputáveis os agentes 
que não possuam, ao tempo da ação ou da omissão, condições de 
entender o caráter ilícito da conduta ou de determinar-se de acordo 
com tal entendimento. Tais pessoas não podem ter sua conduta 
reprovada e ficam isentos de pena.
O parágrafo único do mesmo dispositivo trata de um caso 
de semi-imputabilidade (melhor seria semi-responsabilidade) 
que resulta em uma redução de pena, de um a dois terços, para 
os agentes que, embora imputáveis, têm reduzida sua condição de 
entender a ilicitude ou de conduzir-se conforme tal juízo.
Didatismo e Conhecimento 4
DIREITO PENAL
Fica claro que em ambas as hipóteses o CP utilizou o critério 
bio-psicológico, pois exige a doença ou retardamento mental 
(biológico) e a incapacidade total ou relativa no momento da ação 
(psicológico).
Roberto Lyra utiliza-se de um quadro de requisitos bastante 
elucidativo:
INIMPUTABILIDADE — ART. 26, CAPUT
Requisito causal Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado
Requisito temporal Ao tempo da ação ou da omissão
Requisito conseqüencial
Ser inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento
SEMI-RESPONSABILIDADE — ART. 26, PARÁGRAFO 
ÚNICO
Requisito causal
Perturbação mental ou 
desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado
Requisito temporal Ao tempo da ação ou da omissão
Requisito conseqüencial
Não ser inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento
O art. 27 cuida da inimputabilidade por menoridade. É um 
caso de desenvolvimento mental incompleto que o Código tratou 
de maneira específica para impedir a punição, nos mesmos termos 
dos adultos, de quem não tenha atingido ainda a idade de 18 anos. 
A pessoa torna-se imputável no primeiro instante do dia de seu 18º 
aniversário.
Em verdade utilizou-se um critério de política criminal para 
evitar que pessoas ainda em formação convivessem, nas mesmas 
unidades prisionais, e tivessem um tratamento igual aos criminosos 
adultos, o que terminaria contribuindo para a irrecuperabilidade do 
indivíduo.
Repetindo o art. 228 da Constituição Federal, o CP remete 
a punição dos menores de 18 anos à legislação especial — Lei 
8.069/90, de 13.7.90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
No caso da menoridade, o CP utilizou o critério puramente 
biológico, pois despreza se o menor de dezoito anos tem ou não 
capacidade de entender a iliticitude do fato ou de conduzir-se de 
acordo com esse entendimento.
Utilizando o quadro de Roberto Lyra, obter-se-ia o seguinte
INIMPUTABILIDADE POR MENORIDADE — ART. 27
Requisito causal Ter menos de 18 anos
Requisito temporal No momento da ação ou da omissão
O art. 28 trata da inimputabilidade por embriaguez, mas 
antes faz duas ressalvas: a emoção ou a paixão não excluem a 
imputabilidade, o mesmo se dando com a embriaguez voluntária 
ou culposa.
Tem-se por embriaguez o “estado de intoxicação aguda 
e passageira, provocada pelo álcool (ou outras substâncias 
de semelhantes efeitos), que reduz ou priva a capacidade de 
entendimento” (Delmanto).
A embriaguez comporta, segundo Damásio de Jesus, três 
estágios: excitação, depressão e fase de sono. A embriaguez 
completa corresponderia aos dois últimos estágios, enquanto o 
primeiro caracterizaria a embriaguez incompleta.
Na embriaguez completa o indivíduo perde a capacidade 
de discernimento e, por vezes, chega à impossibilidade de 
compreensão do caráter ilícito de sua conduta ou à impossibilidade 
de direcionar-se de modo diverso. O Código, entretanto, só isenta 
de pena o agente se tal embriaguez derivar de caso fortuito ou 
força maior.
Abaixo apresentamos um quadro com as espécies de 
embriaguez e suas consequências jurídico-penais:
Espécie de 
embriaguez Origem Conseqüência
Patológica
Doença que provoca 
dependência física e 
psíquica
Inimputabilidade 
por equivalência 
à doença mental 
(art. 26, caput)
Voluntária
Intenção do indivíduo 
em embriagar-se, embora 
não tencionasse praticar 
crime algum
Agente 
considerado 
imputável
Culposa Ocasionada por descuido do agente Idem
Fortuita ou 
acidental
Quando o agente 
desconhecia os efeitos da 
substância ingerida no 
seu organismo
Inimputabilidade 
(art. 28, § 1º)
Por força maior
O agente é coagido física 
ou moralmente a ingerir 
a substância
Inimputabilidade 
(art. 28, §1º)
Preordenada
O agente embriaga-se 
propositalmente para o 
cometimento do delito
Imputável, sendo 
punido com 
agravante (art. 
61, “l”)
O parágrafo segundo trata de hipótese de redução de pena 
quando a embriaguez é incompleta e disso resulta compreensão 
apenas parcial do ilícito ou pouca capacidade de resistência ao 
impulso criminoso (redução de um a dois terços).
Também na embriaguez, usou o CP o critério bio-psicológico.
Didatismo e Conhecimento 5
DIREITO PENAL
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica.
Coação Moral Irresistível
No art. 22 o Código trata de duas excludentes de culpabilidade. 
A primeira delas é a coação irresistível. Trata-se de coação 
moral pois a coação física é excludente da conduta e portanto da 
tipicidade do fato, já que não restaria ao indivíduo vontade de agir.
A coação moral é constituída por ameaça feita ao agente, 
dirigida a um bem jurídico seu ou de terceiro. Normalmente há 
três pessoas envolvidas: o coator (quem dirige a ameaça), o coacto 
(ou coagido, que sofre a ameaça) e a vítima (que suporta a ação 
criminosa). 
Permite-se, entretanto, que a própria vítima aja como coatora 
(como numa difícil hipótese em que a vítima ameaça o agente, 
obrigando-o a matá-la).
A coação há de ser irresistível, ou seja, não se poderia exigir 
do agente que, naquelas circunstâncias e diante da importância que 
ele atribui ao bem jurídico em perigo, agisse de forma diversa. 
Se a coação for resistível, o agente responde pelo crime, com a 
atenuante do art. 65, III, “c”, primeira parte.
Obediência hierárquica.
Cuida o Código, na segunda parte do art. 22, de excluir a 
culpabilidade do agente que recebe ordem ilegal de seu superior 
hierárquico, não lhe sendo possível desobeder a ordem recebida.
Deve existir, entre o subordinado e o superior, uma relação de 
hierarquia calcada em normas de direito público. Não pode existir 
obediência hierárquica de natureza religiosa, familiar, associativa 
etc.
A ordem proferida deve ser ilegal. Sendo lícita, tratar-se-ia de 
estrito cumprimento do dever legal, excludente de antijuridicidade 
previsto no art. 23, III, primeira parte. Mas sua ilicitude não pode 
ser explícita, manifesta. Sendo clara e patente a ilegalidade da 
ordem, o subordinado pode e deve se negar a cumpri-la, ainda que 
submetido ao regime militar de hierarquia. Caso tema punição 
disciplinar, e cumpra a ordem mesmo sabendo de sua ilicitude, 
agiria sob coação moral, e não por obediência hierárquica.
Caso o agente pratique o fato acreditando na legalidade da 
ordem, incidiria em erro de proibição. É necessária a dúvida 
sobre a legalidade, dúvida que, em um sistema hierárquico, não 
pode levar o subordinado a abster-se de cumprir a ordem. Maso cumprimento há de ser estrito, ou seja, não pode ultrapassar os 
limites da ordem proferida; caso contrário, responderá o agente 
pelo excesso.
O agente que tem consciência da ilicitude da ordem, mas 
ainda assim insiste em cumpri-la, é beneficiado pela atenuante do 
art. 65, III, “c”, segunda parte. O superior responde pelo fato com 
a agravante do art. 61, II, “g”.
CRIMES CONTRA A PESSOA
Dos crimes contra a pessoa. 
HOMICÍDIO:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tor-
tura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofen-
dido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imedia-
to socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do 
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso 
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é 
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar 
de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o 
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. 
São três os tipos (espécies): 
- homicídio simples;
- homicídio privilegiado;
- homicídio qualificado.
Homicídio Simples:
Conceito de homicídio: eliminação da vida humana extraute-
rina, provocada por outra pessoa.
Tipo penal: matar alguém.
Pena: reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Objeto jurídico: 
Objetividade jurídica trata-se do bem jurídico tutelado pela 
norma penal. No caso do homicídio o bem jurídico tutelado é a 
vida humana extra-uterina. O homicídio é um crime simples, pois 
tem apenas um bem jurídico tutelado (vida). Crimes complexos 
são aqueles em que a lei protege mais de um bem jurídico (exem-
plo: latrocínio).
Didatismo e Conhecimento 6
DIREITO PENAL
Sujeito ativo:
Qualquer pessoa. O homicídio é um crime comum, pois pode 
ser praticado por qualquer pessoa, ao contrário dos crimes pró-
prios, que só podem ser praticados por determinadas pessoas.
O homicídio admite coautoria e participação. Lembre-se que 
o Código Penal adotou a teoria restritiva, logo:
Autor: é a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo, o 
verbo do tipo (é quem subtrai, quem constrange, quem mata).
Partícipe: é a pessoa que não comete a conduta descrita no 
tipo, mas de alguma forma contribui para o crime. Exemplo: 
aquele que empresta a arma, incentiva.
Para que exista co-autoria e participação, é necessário que 
exista liame subjetivo, ou seja, a ciência por parte dos envolvidos 
de que estão colaborando para um fim comum.
Pergunta: Que vem a ser autoria colateral?
Resposta: Ocorre quando duas ou mais pessoas querem come-
ter o mesmo crime e agem ao mesmo tempo, sem que uma saiba da 
intenção da outra, e o resultado morte decorre da conduta de um só 
agente, que é identificado no caso concreto. O que for identificado 
responderá por homicídio consumado e o outro por tentativa.
Pergunta: Que se entende por autoria incerta?
Resposta: Ocorre quando, na autoria colateral, não se 
consegue identificar o causador da morte, respondendo todos por 
tentativa de homicídio.
Classificação:
É um crime simples, comum, instantâneo, material e de dano.
Sujeito passivo:
Qualquer ser humano após seu nascimento e desde que esteja 
vivo.
Crime impossível: tem a finalidade de afastar a tentativa por 
absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto. 
Há crime impossível por absoluta impropriedade do objeto na 
conduta de quem tenta tirar a vida de pessoa já morta e, neste caso, 
não há tentativa de homicídio, ainda que o agente não soubesse 
que a vítima estava morta. Haverá também crime impossível, mas 
por absoluta ineficácia do meio, quando o agente usa, por exemplo, 
arma de brinquedo ou bala de festim.
Consumação:
Dá-se no momento da morte (crime material). A morte ocorre 
quando cessa a atividade encefálica (Lei n. 9.434/97, artigo 3.º). A 
prova da materialidade se faz por meio do laudo de exame necros-
cópico assinado por dois legistas, que devem atestar a ocorrência 
da morte e se possível as suas causas.
Tentativa:
Tentativa branca de homicídio: ocorre quando o agente prati-
ca o ato de execução, mas não atinge o corpo da vítima que, por-
tanto, não sofre qualquer dano em sua integridade corporal.
Tentativa cruenta de homicídio: ocorre quando a vitima é atin-
gida, sendo apenas lesionada. 
Tentativa de homicídio diferencia-se de lesão corporal consu-
mada: o que distingue é o dolo (intenção do agente).
Progressão criminosa: o agente inicia a execução querendo 
apenas lesionar e depois altera o seu dolo e resolve matar. Con-
sequência: o agente só responde pelo homicídio que absorve as 
lesões corporais.
Lesão corporal seguida de morte: trata-se de crime preterdo-
loso (dolo na lesão e culpa na morte). Não se confunde com a 
progressão criminosa.
Desistência Voluntária: o agente só responde pelos atos já 
praticados. Ocorre quando, por exemplo, ele efetua um disparo 
contra a vítima e percebe que não a atingiu de forma mortal, sendo 
que, na sequência, voluntariamente deixa de efetuar novos dispa-
ros, apesar de ser possível fazê-lo. O agente responde só por lesões 
corporais. Não há tentativa, por não existir circunstância alheia à 
vontade do agente que tenha impedido a consumação (artigo 15 do 
Código Penal).
Elemento subjetivo:
- dolo direto: quando a pessoa quer o resultado;
- dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o 
resultado (prevê a morte e age).
No caso de homicídio decorrente de racha de automóveis (ar-
tigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro), os Tribunais têm en-
tendido que se trata de homicídio com dolo eventual. 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - ARTIGO 121, § 1.º, DO 
CÓDIGO PENAL
Natureza Jurídica:
Causa de diminuição de pena (redução de 1/6 a 1/3, em todas 
as hipóteses).
Apesar de o parágrafo trazer a expressão “pode”, trata-se de 
uma obrigatoriedade, para não ferir a soberania dos veredictos. O 
privilégio é votado pelos jurados e, se reconhecido o privilégio, 
a redução da pena é obrigatória, pois do contrário estaria sendo 
ferido o princípio da soberania dos veredictos. Trata-se, portanto, 
de um direito subjetivo do réu.
As hipóteses são de natureza subjetiva porque estão ligadas 
aos motivos do crime:
- Motivo de relevante valor moral (nobre): diz respeito a 
sentimentos do agente que demonstre que houve uma motivação 
ligada a uma compaixão ou algum outro sentimento nobre. É o 
caso da eutanásia.
- Motivo de relevante valor social: diz respeito ao sentimento 
da coletividade. Exemplo: matar o traidor da Pátria.
- Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta 
provocação da vítima. 
Requisitos:
a - existência de uma injusta provocação (não é injusta 
agressão, senão seria legítima defesa). Exemplo: adultério, 
xingamento, traição. Não é necessário que a vítima tenha tido a 
intenção específica de provocar, bastando que o agente se sinta 
provocado.
b - que, em razão da provocação, o agente fique tomado por 
uma emoção extremamente forte. Emoção é um estado súbito e 
passageiro de instabilidade psíquica.
c - reação imediata (logo em seguida...): não podeficar 
evidenciada uma patente interrupção entre a provocação e a morte. 
Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou sabendo da 
provocação.
Pergunta: Qual a diferença entre o privilégio da violenta emo-
ção com a atenuante genérica homônima?
Resposta: No privilégio, a lei exige que o sujeito esteja sob 
o domínio de violenta emoção, enquanto na atenuante, basta que 
o sujeito esteja sob a influência da violenta emoção. O privilégio 
exige reação imediata, já a atenuante não.
HOMICÍDIO QUALIFICADO - ARTIGO 121, § 2.º, DO 
CÓDIGO PENAL
Pena: reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Didatismo e Conhecimento 7
DIREITO PENAL
Classificação:
- Quanto aos motivos: incisos I e II.
- Quanto ao meio empregado: inciso III.
- Quanto ao modo de execução: inciso IV.
- Por conexão: inciso V.
Inciso I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe
Na paga ou promessa de recompensa, há a figura do mandante 
e do executor. Neste caso, o homicídio é também chamado homi-
cídio mercenário.
A paga é prévia em relação à execução. Na promessa de re-
compensa, o pagamento é posterior à execução. Mesmo se o man-
dante não a cumprir, existirá a qualificadora.
Questão: a qualificadora da promessa de recompensa 
comunica-se ao mandante do crime?
Resposta: a qualificadora é mera circunstância. Assim, sem a 
qualificadora o homicídio continua existindo. A lei procurou au-
mentar a pena do executor de homicídio que atua impelido pelo 
abjeto e egoístico motivo pecuniário, reservando tratamento mais 
severo para os chamados “matadores de aluguel”. A circunstância 
tem caráter pessoal porque se trata do motivo do crime, ou seja, 
algo ligado ao agente, não ao fato. Assim, tratando-se de circuns-
tância de caráter pessoal, não se comunica ao partícipe (artigo 30). 
Há, todavia, entendimento contrário.
Motivo torpe: é o motivo moralmente reprovável, vil, repug-
nante. Exemplo: matar o pai para ficar com herança; matar a es-
posa porque ela não quis manter relação sexual. O ciúme não é 
considerado motivo torpe. A vingança será considerada, ou não, 
motivo torpe dependendo do que a tenha originado.
Inciso II - motivo fútil
Matar por motivo de pequena importância, motivo insignifi-
cante. Exemplo: matar por causa de uma “fechada” no trânsito. 
A ausência de prova, referente aos motivos do crime, não per-
mite o reconhecimento dessa qualificadora. 
Ciúme não caracteriza motivo fútil. 
A existência de uma discussão “forte”, precedente ao crime, 
afasta o motivo fútil, ainda que a discussão tenha se iniciado por 
motivo de pequena importância, pois se entende que a causa do 
homicídio foi a discussão e não o motivo anterior que a havia ori-
ginado.
A vingança será considerada, ou não, motivo fútil, dependen-
do do que a tenha originado.
Inciso III - emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa representar 
perigo comum.
Emprego de veneno:
Trata-se do venefício, que é o homicídio praticado com o 
emprego de veneno.
É necessário que seja inoculado de forma que a vítima não 
perceba. Se o veneno for introduzido com violência ou grave 
ameaça, será aplicada a qualificadora do meio cruel. Certas 
substâncias que são inofensivas para as pessoas em geral poderão 
ser consideradas veneno em razão de condições de saúde peculiares 
da vítima, como no caso do açúcar para o diabético.
Emprego de fogo:
Se além de causar a morte da vítima o fogo ou explosivo 
danificarem bem alheio, o agente só responderá pelo homicídio 
qualificado (artigo 163, parágrafo único, inciso II, do Código 
Penal).
Emprego de explosivo:
Exemplo de bombas caseiras em torcidas de futebol. Eventual 
dano ao patrimônio alheio ficará absorvido pelo homicídio qualifi-
cado pelo fogo ou explosivo.
Emprego de asfixia:
Causa o impedimento da função respiratória. Formas de 
asfixia: 
- Asfixia mecânica
- Esganadura: o agente, com seu próprio corpo, comprime o 
pescoço da vítima.
- Estrangulamento: passar fio, arame etc. no pescoço da 
vítima, causando-lhe a morte. É a própria força do agente atuando, 
mas não com as mãos.
- Enforcamento: é a força da gravidade que faz com que o 
peso da vítima cause sua morte (por exemplo: o pescoço da vítima 
é envolto com uma corda).
- Sufocação: é a utilização de algum objeto que impeça a 
entrada de ar nos pulmões da vítima (exemplo: introduzir algodão 
na garganta da vítima, colocar travesseiro no seu rosto).
- Afogamento: imersão em meio líquido.
- Soterramento: imersão em meio sólido (exemplo: enterrar 
alguém vivo fora de um caixão).
- Imprensamento ou sufocação indireta: impedir o movimento 
respiratório colocando, por exemplo, um peso sobre o tórax da 
vítima.
- Asfixia tóxica: uso de gás asfixiante: monóxido de carbono, 
por exemplo.
- Confinamento: trancar alguém em lugar fechado de forma 
a impedir a troca de ar (exemplo: enterrar alguém vivo dentro de 
caixão).
Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel:
Tortura: Deve ser a causa direta da morte. Trata-se de meios 
que causam na vítima intenso sofrimento físico ou mental. A reite-
ração de golpes, dependendo da forma como ela é utilizada, pode 
ou não caracterizar a qualificadora de meio cruel (exemplos: ape-
drejamento, paulada, espancamento etc.). 
Eventual mutilação praticada após a morte caracteriza crime 
autônomo de destruição de cadáver (artigo 211 do Código Penal).
O crime de tortura com resultado morte (artigo 1.º, § 3.º, 
da Lei n. 9.455/97), que prevê pena de reclusão de 8 a 16 anos, 
não se confunde com o homicídio qualificado pela tortura. A 
diferença está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, 
o agente quer a morte da vítima e utiliza meio que causa intenso 
sofrimento físico ou mental. No crime de tortura com resultado 
morte, no entanto, o agente tem a intenção de torturar a vítima, 
mas acaba provocando sua morte culposamente (trata-se de crime 
preterdoloso - dolo no antecedente e culpa no consequente).
Meio insidioso: é o meio ardiloso que consiste no uso de frau-
de, armadilha, parecendo não ter havido infração penal, e sim um 
acidente, como no caso de sabotagem nos freios do automóvel.
Emprego de qualquer meio do qual possa resultar perigo 
comum:
Gera perigo a um número indeterminado de pessoas. Não é 
necessário que o caso concreto demonstre o perigo comum, basta 
que se comprove que o meio usado poderia causar dano a várias 
pessoas, ainda que não haja uma situação de risco específico.
Questão: O que ocorre, todavia, se no caso concreto o agen-
te, além de matar a vítima, efetivamente expõe outras pessoas a 
perigo? 
Didatismo e Conhecimento 8
DIREITO PENAL
Resposta: Parte da doutrina entende que há homicídio quali-
ficado em concurso formal com o crime de perigo comum (artigo 
250 e seguintes do Código Penal). Mas há entendimento divergen-
te, pois se o agente atua com o dolo de dano, não pode agir com 
dolo de perigo. 
Inciso IV – à traição, de emboscada ou mediante 
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível 
a defesa do ofendido
Refere-se ao modo que o sujeito usou para aproximar-se da 
vítima.
Traição: aproveitar-se da prévia confiança que a vítima de-
posita no agente para alvejá-la (exemplo: matar a esposa que está 
dormindo).
- Emboscada ou tocaia: aguardar escondido a passagem da 
vítima por um determinado local para matá-la. 
- Dissimulação: uso de artifício para se aproximar da vítima. 
Pode ser:
Material: dá-se com o uso de disfarce, fantasia ou métodos 
análogos para se aproximar.
- Moral: a pessoa usa a palavra. Sujeito dá falsas provas de 
amizade ou de apreço para poder se aproximar.
Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa da vítima
Exemplos: surpresa, disparo pelas costas, enquanto a vítima 
dorme etc.
Quando uma pessoa armada mata outra desarmada, a jurispru-
dência não configura a qualificadora por razão de política criminal.
Inciso V – para assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime
O incisorefere-se às qualificadoras por conexão, que podem 
ser:
- Teleológica: Quando a morte visa assegurar a execução 
de outro crime (exemplo: matar o segurança para seqüestrar 
o empresário). Haverá concurso material entre o homicídio 
qualificado e o outro delito, salvo se houver crime específico no 
Código Penal para esta situação (exemplo: no latrocínio, o agente 
mata para roubar).
- Conseqüencial: Ocorre quando a morte visa garantir:
- ocultação de outro crime: o agente quer evitar que alguém 
descubra que o crime foi praticado;
- impunidade: evitar que alguém conheça o autor de um crime 
(exemplo: matar testemunha);
- vantagem (exemplo: ladrões de banco – um mata o outro).
Na conexão teleológica, primeiro o agente mata e depois co-
mete o outro crime. Na conseqüencial, primeiro comete o outro 
crime, depois mata.
Se o agente visa a garantia da execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de uma contravenção, será aplicada a 
qualificadora do motivo torpe, conforme o caso. Não incide o 
inciso V, pois, esse se refere expressamente a outro crime.
Observações:
- Premeditação não é qualificadora.
- Homicídio de pessoa da mesma família não gera 
qualificadora, apenas agravante genérica do artigo 61 inciso II, 
alínea “e”, do Código Penal.
- Parricídio: matar qualquer ascendente.
- Matricídio: matar a própria mãe.
- Filicídio: matar o próprio filho.
As qualificadoras podem ser de duas espécies:
- subjetivas: referem-se aos motivos do crime (incisos I, II e 
V);
- objetivas: referem-se aos meios e modos de execução 
(incisos III e IV).
As qualificadoras se estendem aos co-autores ou partícipes?
Somente as objetivas se comunicam, desde que tenham in-
gressado na esfera de conhecimento do cultor ou partícipe. As de 
caráter subjetivo são incomunicáveis, conforme dispõe o artigo 30 
do Código Penal.
Se o crime tem mais de uma qualificadora que incide sobre 
um fato, aplica-se somente uma delas. Exemplo: homicídio 
triplamente qualificado. Basta uma qualificadora para alterar os 
limites da pena. As demais qualificadoras passam a ter a função de 
influir na dosagem da pena dentro dos novos limites. Aqui, surge 
a seguinte questão: 
Como as demais qualificadoras influem na pena? 
Resposta: há duas posições:
Se previstas como agravantes genéricas, passam a funcionar 
como tal, sendo consideradas na segunda fase.
Funcionam como circunstâncias judiciais desfavoráveis 
observadas na primeira fase. Esse entendimento se baseia na 
interpretação do artigo 61, caput, do Código Penal.
Questão: O delito disposto no artigo 121 do Código Penal 
pode ser qualificado e privilegiado ao mesmo tempo?
Resposta: Sim, desde que as qualificadoras sejam objetivas, 
pois as hipóteses que tratam do privilégio são todas de natureza 
subjetiva – tornando-se inconciliáveis com as qualificadoras sub-
jetivas (o homicídio não poder ser, a um só tempo, cometido por 
motivo de relevante valor social e por motivo fútil). 
No momento da quesitação, quando do julgamento pelo Júri, 
o privilégio é votado antes das qualificadoras (Súmula n. 162 do 
Supremo Tribunal Federal). Assim, se os jurados o reconhecerem, 
o juiz coloca em votação apenas as qualificadoras objetivas, já que 
as subjetivas ficam prejudicadas.
O homicídio qualificado é crime hediondo.
Questão: O homicídio privilegiado-qualificado é 
considerado crime hediondo?
Resposta: Existem duas correntes:
Para o Prof. Damásio de Jesus, não é hediondo. O artigo 67 
do Código Penal dispõe que havendo concurso entre agravante 
e atenuante, deve se dar preponderância à circunstância de 
caráter subjetivo (motivos do crime, personalidade do agente e 
reincidência). Por analogia, concorrendo privilégio e qualificadora, 
prevalece o privilégio, por tratar-se de circunstância subjetiva.
Aceita pela jurisprudência: inaplicável a analogia ao artigo 
67, porque qualificadora e privilégio são elementos que não 
se equivalem. Ao contrário do que ocorre com as agravantes e 
atenuantes genéricas. A qualificadora deve preponderar, porque 
modifica a própria estrutura típica do delito, alternando a pena in 
abstrato, enquanto que o privilégio é apenas causa de diminuição 
de pena. 
Didatismo e Conhecimento 9
DIREITO PENAL
HOMICÍDIO CULPOSO - ARTIGO 121, § 3.º, DO 
CÓDIGO PENAL
Pena: detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.
A morte decorre de imprudência, negligência ou imperícia.
- Imprudência: consiste numa ação, conduta perigosa.
- Negligência: é uma omissão; ocorre quando se deveria ter 
tomado um certo cuidado.
- Imperícia: ocorre quando uma pessoa não possui aptidão 
técnica para a realização de uma certa conduta e mesmo assim a 
realiza, dando causa à morte.
Culpa concorrente: ocorre quando duas pessoas agem de for-
ma culposa, provocando a morte de um terceiro. Ambos respon-
dem pelo crime.
O fato de a vítima também ter agido com culpa não exclui a 
responsabilidade do agente. Não há compensação de culpas em 
Direito Penal.
O homicídio culposo do Código Penal só se aplica se o crime 
não for cometido na direção de veículo automotor, porque nesse 
caso estará configurado o crime definido no artigo 302 do Código 
de Trânsito Brasileiro, que prevê pena mais severa.
A ação penal é pública incondicionada. O processo observará 
o rito sumário.
AUMENTO DE PENA ARTIGO 121, § 4.º, DO CÓDIGO 
PENAL
No Homicídio Culposo: A pena será aumentada de 1/3 (um 
terço):
- Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima
Só se aplica a quem agiu com culpa e não socorreu. Não se 
aplica o aumento:
- se a vítima está evidentemente morta;
- se a vítima foi socorrida de imediato por terceiro;
- quando o socorro não era possível por questões materiais, 
ameaça de agressão etc.
- Se o agente foge para evitar o flagrante
- Se o agente não procurar diminuir as consequências de 
seu ato.
- Se o crime resulta da inobservância de regra técnica de 
arte, profissão ou ofício. 
Como diferenciá-la da imperícia? A diferença é que na impe-
rícia o agente não possui aptidão técnica para a conduta, enquanto 
na causa de aumento o agente conhece a regra técnica, mas por 
descaso, desleixo, não a observa, provocando assim a morte da 
vítima.
No Homicídio Doloso: A pena será aumentada de 1/3, se a 
vítima for menor de 14 anos. A idade deve ser aferida no momen-
to da ação ou omissão. Assim, aplica-se o aumento mesmo se a 
vítima morre após completar 14 anos, nos termos do artigo 4.º do 
Código Penal.
Aplica-se ao homicídio simples, qualificado e privilegiado.
PERDÃO JUDICIAL - ARTIGO 121, § 5.º, DO CÓDIGO 
PENAL
Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá conceder o 
perdão judicial, deixando de aplicar a pena, quando as consequên-
cias do crime atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
imposição da mesma se torne desnecessária. Só na sentença é que 
poderá ser concedido o perdão judicial.
Exemplo: agente que culposamente mata o próprio filho.
Tem caráter pessoal, logo não se estende a terceiro.
Natureza Jurídica do Perdão Judicial
É uma faculdade do juiz e não um dos direitos públicos 
subjetivos do réu. O juiz, portanto, tem a discricionariedade de 
conceder ou não. Trata-se de causa extintiva da punibilidade 
(artigo 107, inciso IX, do Código Penal).
INDUZIMENTO, AUXÍLIO OU INSTIGAÇÃO AO 
SUICÍDIO
Art. 122, caput — Induzir ou instigar alguém a suicidar-se 
ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena — reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se 
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de 
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Esse crime também é chamado de “participação em 
suicídio” porque pune quem colabora com suicídio alheio. A lei 
não incrimina aquele que tenta o suicídio e não obtém êxito. O 
legislador entendeu que a punição nesse caso teria apenas efeitos 
negativos,como, por exemplo, reforçar a ideia suicida. Assim, 
como o suicídio em si não constitui crime, pode-se dizer que 
no art. 122 o legislador tornou ilícita a participação em fato não 
criminoso (participação em suicídio).
A lei pune apenas aqueleque participa do suicídio de outra 
pessoa em uma das três modalidades definidas no tipo, quais 
sejam, induzindo, instigando ou prestando auxílio.
Induzir. Significa dar a ideia do suicídio a alguém que ainda 
não tinha tido esse pensamento. O agente faz surgir a intenção do 
suicídio.
Na história recente, há vários acontecimentos que se integram 
a essa hipótese, ligados, basicamente, a líderes de fanáticos 
religiosos, que estimulam o suicídio em massa de seus seguidores.
Instigar. Significa reforçar a intenção suicida já existente. 
É o caso daqueles que vislumbram uma pessoa no alto de um 
prédio, prestes a se atirar de lá, e, ainda assim, passam a estimular, 
mediante gritos, que o suicida efetivamente salte.
No induzimento, a ideia de suicídio ainda não havia passado 
pela cabeça da vítima. Na instigação, por outro lado, a ideia já 
havia surgido na vítima e o sujeito a estimula. O induzimento e a 
instigação são chamados de participação moral.
Auxiliar. Significa colaborar materialmente com a prática 
do suicídio, quer dando instruções, quer emprestando objetos 
(arma, veneno) para que a vítima se suicide. O auxílio é chamado 
de participação material. Essa participação, todavia, deve ser 
secundária, acessória, pois se a ajuda for a causa direta e imediata 
da morte da vítima, o crime será o de homicídio, como no caso de 
quem, a pedido da vítima, puxa o gatilho e provoca a sua morte, 
já que, ainda que exista consentimento, ele não é válido, uma vez 
que a vida é bem indisponível. Não se pode, nesse caso, tipificar o 
crime de participação em suicídio, porque não houve efetivamente 
suicídio.
No Brasil, o famoso caso do médico norte-americano que 
cede um dispositivo a pacientes terminais para que eles próprios 
venham a dar início à inoculação de veneno para a provocação da 
morte configuraria o crime do art. 122 do Código Penal. 
Suicídio — é a supressão voluntária e consciente da própria 
vida.
Didatismo e Conhecimento 10
DIREITO PENAL
Assim, se alguém tira sua própria vida mas de forma não 
consciente ou voluntária, afasta-se a caracterização do delito em 
estudo e pode- -se configurar o crime de homicídio. Por isso, se 
a vítima é forçada, mediante violência ou grave ameaça, a ingerir 
veneno ou a desferir um tiro no próprio peito não há suicídio 
porque a vítima não queria se matar. O autor da violência ou grave 
ameaça responderá por homicídio.
Da mesma maneira, se há emprego de alguma forma de fraude 
para que a vítima tire sua vida sem perceber que o está fazendo, 
também se tipificará homicídio por parte do autor da fraude.
Consumação e tentativa. O art. 122 do Código Penal, quando 
trata da pena para o delito, menciona punição apenas nas hipótese 
sem que a vítima morre ou sofre lesões graves. Na primeira 
hipótese, a pena é de reclusão de dois a seis anos e, na segunda, 
reclusão de um a três.
Percebe-se, assim, que a própria lei exclui o crime quando 
a vítima não tenta se matar ou, se tentando, sofre apenas lesões 
leves, já que, para esses casos, não há previsão legal de pena.
Por isso, o crime somente se consuma no momento da morte 
da vítima ou, no segundo caso, quando ela sofre lesões graves. 
Não importa o tempo que medeie entre a conduta do agente e 
a da vítima. Basta que se prove o nexo causal, ou seja, se alguém 
estimulou a vítima há um ano e esta se mata, só terá havido infração 
penal no instante em que a vítima agiu contra a própria vida. 
Apenas a partir desse momento poderá correr o prazo prescricional 
e somente então é que será possível a punição do agente. A tentativa 
que teoricamente seria possível não existe porque a lei só pune o 
crime quando há morte ou lesões graves e, nesses casos, o crime 
está consumado. Com efeito, se a vítima sequer tenta o suicídio 
ou sofre apenas lesões leves, o fato é atípico e, na hipótese em 
que sofre lesões graves, entende-se que o crime está consumado, 
uma vez que, para esse caso, já existe pena autônoma na própria 
parte especial do Código Penal, sendo, portanto, desnecessária a 
combinação com a norma de extensão do art. 14, II, do Código 
Penal que trata da tentativa.
A conclusão, portanto, é que o crime do art. 122 não admite 
tentativa. Não se confunda, todavia, a tentativa de suicídio que 
evidentemente existe e que se refere ao fato em si, com a tentativa 
de crime de participação em suicídio que, nos termos acima, não 
admite o conatus.
Observações:
1) Não há suicídio no ato daquele que quer ser herói e que vai 
à guerra por seu país. Por isso, aquele que o instiga a ir à guerra 
não pratica crime.
2) Se o agente pratica, por exemplo, induzimento e auxílio 
ao suicídio de alguém, responde por um único delito. Trata-se de 
crime de ação múltipla (de conteúdo variado), em que a prática 
de mais de uma conduta em relação à mesma vítima configura 
uma só infração penal. Nessa espécie de delito, que possui tipo 
misto alternativo, a realização de mais de uma conduta, apesar 
de configurar crime único, deve ser levada em consideração na 
aplicação da pena.
3) Livros e músicas que estimulam a prática do suicídio ou 
que ensinam modos de se suicidar não geram a incriminação de 
seus autores porque o induzimento, o auxílio ou a instigação têm 
que visar pessoa determinada ou determinadas.
4) Deve haver relação de causa e efeito entre a conduta do 
agente e a da vítima. É o chamado nexo de causalidade. Se o 
agente empresta um revólver e a vítima se enforca, não há crime, 
já que, excluído o empréstimo da arma, a vítima teria conseguido 
cometer o suicídio da mesma forma como o fez.
5) Seriedade deve existir na conduta do agente. Se alguém, em 
tom de brincadeira, diz à vítima que a única solução é “se matar” 
e a vítima efetivamente se mata, o fato é atípico por ausência de 
dolo. O crime em estudo admite apenas a forma dolosa, inclusive 
o dolo eventual, mas não prevê hipótese culposa.
6) Se várias pessoas fazem roleta-russa em grupo, uns 
estimulando os outros, os sobreviventes respondem pelo crime 
do art. 122 do Código Penal. Se, entretanto, uma pessoa aperta o 
gatilho da arma em direção a outra pessoa e provoca a morte dela 
haverá homicídio com dolo eventual.
7) A existência desse crime pressupõe que a vítima tenha 
alguma capacidade de entendimento (de que sua conduta irá 
provocar sua morte) e resistência. Assim, quem induz criança de 
pouca idade ou pessoa com grave enfermidade mental a se atirar 
de um prédio responde por homicídio.
8) Se duas pessoas fazem um pacto de morte, incentivando-
se mutuamente a cometer suicídio, e uma delas se mata e a outra 
desiste, esta responde pelo crime do art. 122 do Código Penal. O 
mesmo ocorre se ambas realizam o ato suicida, mas uma sobrevive. 
Caso ambas sobrevivam, e uma sofra lesão grave e a outra sofra 
lesão leve, a última responderá pelo crime (porque a primeira 
sofreu lesão grave), enquanto para a outra o fato será considerado 
atípico.
Por sua vez, é possível que, apesar do incentivo mútuo, fique 
acertado que uma delas irá atirar na outra e depois se matar. Nesse 
caso, se a autora do disparo sobreviver, responderá pelo homicídio 
da outra, mas, se o resultado for o inverso (morte da própria autora 
dos disparos), a sobrevivente responderá por participação em 
suicídio.
9) O crime de participação em suicídio admite a forma 
omissiva?
Damásio, Frederico Marques e Delmanto entendem que não, 
pois, mesmo que o agente tenha o dever jurídico de impedir a 
morte e não o faça, responderá por omissão de socorro qualificada 
pela morte (art. 135, parágrafo único do CP) e não por participação 
em suicídio.
Ex.: bombeiro que assiste passivamente uma pessoa se atirar 
de um prédio quando poderia ter tentado salvá-la. Esses autores 
entendem que os verbos induzir, instigar e prestar auxílio, contidos 
no art. 122do CP, por seu próprio significado, são incompatíveis 
com a forma omissiva. Prevalece, entretanto, o entendimento de 
que é possível o auxílio por omissão, mas apenas para aqueles 
que têm o dever jurídico de evitar o resultado e,podendo fazê-lo, 
intencionalmente se omitem. Essa interpretação se funda no art. 
13, § 2o do Código Penal, que, de acordo com seus seguidores, 
por estar na Parte Geral do Código, incide sobre todos os delitos 
da Parte Especial, inclusive sobre o do art. 122. É o entendimento 
de Júlio F. Mirabete, Cezar Roberto Bitencourt, Fernando Capez, 
Magalhães Noronha, Flávio Monteiro de Barros, dentre outros.
10) A configuração do crime de participação em suicídio 
pressupõe que a conduta do agente — induzimento, instigação 
ou auxílio — tenha ocorrido antes do ato suicida. Assim, quando 
alguém, sem qualquer colaboração ou incentivo de outrem, comete 
o ato suicida (corta os pulsos, p. ex.) e, em seguida, arrepende-se e 
pede para ser socorrido e não é atendido, ocorre crime de omissão 
de socorro. Por sua vez, comete homicídio doloso quem pratica 
uma ação para intencionalmente impedir o socorro solicitado pelo 
suicida arrependido que tentava salvar-se. Ex.: o suicida telefona 
para o socorro médico, mas o agente, querendo que sobrevenha 
a morte da vítima, leva-a para local diverso daquele em que o 
socorro fora pedido.
Didatismo e Conhecimento 11
DIREITO PENAL
11) O art. 146, § 3º, II, do Código Penal estabelece que não há 
crime de constrangimento ilegal na coação exercida para impedir 
suicídio.
12) Quem pessoalmente induz, instiga ou auxilia a vítima 
a se matar é autor do crime de participação em suicídio. Por 
sua vez, uma pessoa que não teve contato direto com ela, mas, 
anteriormente, estimulou o autor do crime, é partícipe do crime de 
participação em suicídio. Em outras palavras, existe a possibilidade 
do instituto da participação no crime chamado “participação em 
suicídio”. Ex.: A, sabendo que C está com depressão, convence 
B a procurar C e induzi- lo ao suicídio. B conversa com C e este 
efetivamente se mata.
Como apenas B teve contato direto com a vítima, só ele 
pode ser chamado de autor do crime de participação em suicídio, 
enquanto A é partícipe deste crime.
13) A namorada rompe um relacionamento amoroso e depois 
é procurada pelo namorado, que, desesperado, diz que vai se matar 
se ela não voltar com ele. Esta, todavia, fica irredutível e não 
retoma o namoro. Ele, então, se mata. A conduta da namorada não 
constitui crime, porque a decisão de não reatar o namoro não se 
enquadra na definição de induzimento, instigação ou auxílio.
Qualificação doutrinária
a) Material. Para que se consuma é necessário o resultado 
morte ou lesão grave.
b) De dano. Pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico.
c) Comissivo (discutível, conforme já visto).
d) Instantâneo. Consuma em um momento determinado e 
certo, ou seja, o momento em que a vítima sofre lesão grave ou 
morre.
e) Ação livre. Admite qualquer meio de execução.
f) Comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
g) Simples. Atinge apenas o bem jurídico vida.
CAUSAS DE AU MENTO DE PENA
Art. 122, parágrafo único — A pena é duplicada:
I — se o crime é praticado por motivo egoístico;
II — se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer 
causa, a capacidade de resistência.
O art. 122, parágrafo único, dispõe que a pena será aplicada 
em dobro quando:
1) O crime for praticado por motivo egoístico. Ocorre 
nas hipóteses em que o agente visa auferir alguma vantagem, 
econômica ou não, em decorrência do suicídio da vítima. Ex.: 
para ficar com sua herança; para ficar com seu cargo; para poder 
conquistar sua esposa etc.
2) A vítima for menor (1a parte). De acordo com a maior parte 
dos doutrinadores, esta causa de aumento só tem aplicação quando 
a vítima for maior de 14 e menor de 18 anos. Argumentam que, 
por interpretação sistemática, deve-se presumir a total falta de 
capacidade de entendimento daquele que não tem mais de 14 anos, 
com base no art. 224, do Código Penal, que presume a violência 
nos crimes sexuais quando a vítima está em tal faixa etária. É o 
entendimento de Damásio de Jesus, Cezar Roberto Bitencourt, 
Fernando Capez, Celso Delmanto etc.
Para essa corrente, se a vítima tem mais de 18 anos, aplica-
se o crime de participação em suicídio em sua forma simples; se 
tem menos de 18 e mais de 14, aplica-se tal crime em sua forma 
agravada; finalmente, se a vítima não é maior de 14, o crime é 
sempre de homicídio.
Heleno Fragoso discorda da interpretação anterior, sustentando 
que a presunção de violência não está prevista na Parte Geral do 
Código e sim dentro do título dos crimes sexuais, de modo que 
aplicá-la a outros delitos constitui analogia in malam parte, que é 
vedada. Argumenta que não se pode punir por homicídio com base 
em presunções.
Para esse autor, o delito só deixa de ser suicídio com a pena 
aumentada para ser tratado como homicídio se for feita prova 
efetiva, no caso concreto – por perícias, depoimentos –, de que o 
menor não entendeu que estava tirando a própria vida.
3) A vítima tiver diminuída, por qualquer causa, a capacidade 
de resistência (2ª parte). Ocorre quando o agente se aproveita de 
uma situação de maior fragilidade da vítima para estimulá-la ao 
suicídio, como, por exemplo, no caso de embriaguez, depressão 
etc. Veja-se que a lei se refere à diminuição de tal capacidade, já 
que a sua total supressão implicará o reconhecimento de homicídio.
INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
prio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Tipo Penal: matar, sob a influência do estado puerperal, o 
próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena: detenção de dois 
a seis anos.
Elementares do Crime:
- Matar: aplicam-se as regras do homicídio quanto a esse ver-
bo (consumação, tentativa etc.).
- Estado puerperal: alteração psíquica que acontece em gran-
de número de mulheres em razão de alterações orgânicas decorren-
tes do fenômeno do parto. 
P: Deve ser provado o estado puerperal ou ele se presume? 
R: Tem de ser provado por perícia médica, mas, se os médicos 
ficarem em dúvida sobre sua existência e o laudo for inconclusivo, 
será presumido o estado puerperal, aplicando-se o in dubio pro reo.
- Próprio filho: é o sujeito passivo, nascente ou recém nascido. 
Se a mulher, por erro, mata o filho de outra, supondo ser o 
dela, responderá por infanticídio (art. 20, § 3.º, do Código Penal – 
erro quanto à pessoa). 
Não são aplicadas as agravantes genéricas de crime contra 
descendente e de crime contra criança por constituírem elementos 
essenciais do crime.
- Durante ou logo após o parto: este é o elemento temporal, 
ou seja, o crime só poderá ser praticado em um determinado mo-
mento.
Considera-se início do parto a dilatação do colo do útero, e fim 
do parto, o nascimento.
A expressão “logo após” variará conforme o caso concreto, 
pois a duração do estado puerperal difere de uma mulher para 
outra.
Diferenças entre o infanticídio e o abandono de recém-nascido 
qualificado pela morte (art. 134, § 2.º, do Código Penal): no 
infanticídio existe dolo de matar e a mulher age em razão do estado 
puerperal, enquanto no abandono, o dolo é apenas o de abandonar 
o recém-nascido para ocultar desonra própria, e o evento morte 
decorre da culpa.
Sujeito Ativo: é a mãe que esteja sob estado puerperal (crime 
próprio).
P: É possível concurso de pessoas? 
R: Sim, incide o art. 30 do Código Penal (não se comunicam 
as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime). O estado puerperal é uma circunstância 
de caráter pessoal, porém é elementar do crime de infanticídio, 
portanto alcança os participantes, que responderão pelo delito. 
Didatismo e Conhecimento 12
DIREITO PENAL
Há uma corrente que afirma ser o estado puerperal uma 
condição personalíssima, incomunicável. Mas a lei não fala em 
condição de caráter personalíssimo. Prevalece, todavia, a doutrina 
oposta, infanticídio para a mãe e para terceiro.
O infanticídio não possui forma culposa. Assim, se a morte 
da criança resulta de culpa da mãe, mesmo que esta esteja sob a 
influência do estado puerperal, o crime será dehomicídio culposo 
(HUNGRIA e MIRABETE). Para uma segunda corrente (DAMÁ-
SIO DE JESUS), estando a mulher sob a influência do estado puer-
peral, não se pode exigir dela uma conduta de cuidado (cuidado 
do homem comum) e prudência, sendo, portanto, atípico o fato 
(incompatibilidade entre a conduta culposa e o estado puerperal).
ABORTO
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que 
outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestan-
te:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a 
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil 
mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave 
ameaça ou violência
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores 
são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou 
dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido 
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu repre-
sentante legal.
Conceito
É a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto. 
O aborto pode ser natural, acidental ou provocado (ele é criminoso 
ou é legal).
Aborto Criminoso (arts. 124 a 126 do Código Penal):
Art. 124 do Código Penal:
Traz duas figuras que punem a mulher grávida. São dois casos 
de crime próprio, sendo o sujeito passivo sempre o feto.
- Auto-aborto: praticar aborto em si mesma.
- Aborto consentido: consentir que terceiro provoque aborto. 
O terceiro responderá pelo art. 126, que contém pena maior. Esta 
é uma exceção à regra de que todos que colaboram para um crime 
respondem nos mesmos termos de seu autor principal (exceção à 
teoria monista ou unitária. É uma exceção expressa).
A pena para quem provoca aborto com o consentimento da 
gestante é de um a quatro anos. Se ocorrer a morte da gestante, 
de dois a oito anos. O aumento é aplicável na hipótese de morte 
culposa, porque, se o agente tinha dolo em relação ao aborto e 
em relação à morte, haverá dois crimes autônomos (aborto e 
homicídio). O crime do art. 126 do Código Penal pressupõe que a 
autorização da mulher dure até a consumação do aborto.
P: É possível que terceiro responda pela prática de aborto sem 
o consentimento da gestante quando o consentimento foi dado e 
durou até a consumação? 
R: Sim, nas cinco hipóteses do art. 126, par. ún., do 
Código Penal, que determinam que o consentimento deve ser 
desconsiderado: quando houver violência, grave ameaça ou fraude 
na obtenção do consentimento (vontade viciada); se a gestante for 
menor de 14 anos ou doente mental (ausência de capacidade de 
entendimento do ato).
Consumação: o aborto consuma-se com a morte do feto.
Tentativa: é possível.
Elemento subjetivo: só existe na forma dolosa. Não existe 
crime autônomo de aborto culposo. 
Quem, por imprudência, dá causa a um aborto responde por 
crime de lesão corporal culposa, sendo vítima a mulher (gestante). 
Porém, se foi a própria gestante que, por imprudência, deu causa 
ao aborto, o fato será atípico, já que não existe a autolesão.
Manobras abortivas em quem não está grávida constituem 
crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
O aborto é um crime de ação livre (pode ser praticado por 
qualquer meio), mas desde que seja um meio apto a provocar a 
morte do feto, caso contrário, haverá crime impossível.
Se a gravidez era de gêmeos e a pessoa que praticou o 
aborto não sabia, há crime único para evitar a responsabilidade 
objetiva. Se sabia que eram gêmeos, responde pelos dois crimes de 
aborto (concurso formal impróprio ou imperfeito: uma ação, dois 
resultados, cuja conseqüência é a soma de penas).
Art. 127 do Código Penal – forma qualificada:
Se a gestante sofre lesão grave, a pena é aumentada em um 
terço.
Se a gestante morre, a pena é aumentada em dobro. Só vale 
para o aborto praticado por terceiro, consentido ou não pela 
gestante (arts.125 e 126).
A forma qualificada não é aplicada ao art. 124 por expressa 
disposição.
Aborto Legal – Art. 128 do Código Penal:
Prevê duas hipóteses em que a provocação do aborto é 
permitida.
Natureza jurídica: causa de exclusão de ilicitude.
Inc. I: aborto necessário. 
Requisitos:
- que seja feito por médico;
- que não haja outro meio para salvar a vida da gestante.
Não se exige risco atual, como no estado de necessidade. Ante 
a simples constatação de que no futuro haverá perigo, poderá o 
aborto ser realizado desde logo. Havendo perigo atual, o aborto 
pode ser praticado por qualquer pessoa, aplicando-se nesse caso o 
estado de necessidade.
Inc. II: aborto sentimental. 
Requisitos:
- que seja feito por médico;
- que a gravidez tenha resultado de estupro;
- que haja o consentimento da gestante ou, se incapaz, de seu 
representante legal.
Não se exige a autorização judicial. Na prática, basta o bole-
tim de ocorrência.
P: Como o art. 128, inc. II, do Código Penal só permite o abor-
to se a gravidez resultar de estupro, é permitido o aborto também 
quando a gravidez resultar de crime de atentado violento ao pudor?
R: A doutrina é unânime em dizer que sim. Aplica-se a 
analogia in bonam partem (em favor do causador do aborto). O 
atentado violento ao pudor é o único crime análogo ao estupro 
porque ambos são cometidos com violência ou grave ameaça e 
atingem o mesmo bem jurídico, que é a liberdade sexual.
Didatismo e Conhecimento 13
DIREITO PENAL
Das Lesões Corporais. 
LESAO CORPORAL
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de ou-
trem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 
trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o 
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a 
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos 
de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do art. 121, § 4º. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121..
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, 
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha 
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as 
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se 
a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada 
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de 
deficiência.
Ofensa à integridade corporal consiste no dano anatômi-
co prejudicial ao corpo humano. Exemplo: corte, queimadura, 
mutilações etc.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido. 
Saliente-se que a lei não pune aautolesão. A autolesão pode, entre-
tanto, constituir crime de outra natureza, tais como autolesão para 
receber seguro (artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal), ou 
criação de incapacidade para frustrar a incorporação militar (artigo 
184 do Código Penal Militar).
Sujeito Passivo: qualquer pessoa, salvo nas hipóteses em que 
a vítima só poderá ser mulher grávida. 
 Consumação: no momento da ofensa à integridade física ou 
à saúde.
 Tentativa
É possível. A tentativa de lesão corporal difere da contravenção 
de vias de fato (artigo 21 da Lei de Contravenções Penais), pois, 
na contravenção o agente não tem intenção de lesionar a vítima 
(exemplo: empurrão). Se o agente emprega violência ultrajante, 
com intenção de humilhar a vítima, estamos diante do crime de 
injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal).
Se o agente agride sem a intenção de lesionar, mas lesiona, 
ocorre a lesão corporal culposa, que afasta as vias de fato.
Lesão Leve:
Por exclusão, é toda lesão que não for grave nem gravíssima. 
Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. A lesão corporal 
leve é infração de menor potencial ofensivo. 
Concurso de crimes:
Em muitos crimes, como no roubo, por exemplo, a violên-
cia é utilizada como meio de execução. O que ocorrerá se da 
violência decorrer lesão leve?
No silêncio da lei a respeito do resultado violência, conclui-
-se que a lesão leve fica absorvida (exemplo: roubo, extorsão, 
estupro, atentado violento ao pudor, crime de tortura etc.). Se, 
no entanto, a lei expressamente ressalvar a aplicação autôno-
ma do resultado da violência, o agente responderá pelos dois 
crimes, sendo somadas as penas (exemplo: injúria real, cons-
trangimento ilegal, dano qualificado, rapto, exercício arbitrá-
rio das próprias razões, resistência etc.). 
Ação penal:
O artigo 88 da Lei n. 9.099/95 transformou a lesão corporal 
dolosa leve em crime de ação penal pública condicionada à repre-
sentação do ofendido. A jurisprudência e a doutrina estenderam a 
exigência da representação para as vias de fato.
Outra regra trazida pela Lei n. 9.099/95: para o oferecimento 
da denúncia não é necessário um exame de corpo de delito, basta 
um boletim de ocorrência ou ficha médica.
Lesão decorrente de esporte:
Não há crime, desde que tenha havido respeito às regras do 
jogo, pois se trata de exercício regular de direito.
Intervenção cirúrgica: 
Se a cirurgia não é de emergência, o médico deve obter 
o consentimento do paciente ou do seu representante legal. 
Trata-se, quando há consentimento, de exercício regular de 
direito.
Se a cirurgia for de urgência, o agente estará acobertado 
pelo estado de necessidade em favor de terceiro. 
Lesão Grave – Artigo 129, § 1.º, do Código Penal
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
 Inciso I – se resulta incapacidade para as ocupações 
habituais por mais de 30 dias
É necessário o exame complementar, realizado no primeiro 
dia após o período de 30 dias, para comprovar a materialidade da 
lesão grave (artigo 168, § 2.º, do Código de Processo Penal). O 
prazo de 30 dias é contado nos termos do artigo 10 do Código 
Penal.
Ocupação habitual é qualquer atividade rotineira na vida da 
vítima, tal como estudar, andar, praticar esportes etc., exceto a 
considerada ilícita. No caso de atividade lícita, mas imoral, haverá 
lesão grave (exemplo: incapacitar prostituta de manter relações 
sexuais).
Didatismo e Conhecimento 14
DIREITO PENAL
Se a vítima deixar de praticar atividades rotineiras, por sentir 
vergonha, não há se falar em incapacidade.
Trata-se de um exemplo de crime a prazo.
O resultado agravador pode ser culposo ou doloso.
Inciso II – se resulta perigo de vida
É uma hipótese preterdolosa, pois o sujeito não quer a morte. 
Se o agente queria o resultado morte, responderá por tentativa de 
homicídio.
O perito deve dizer claramente em que consistiu o perigo de 
vida (exemplo: houve perigo de vida porque a vítima perdeu muito 
sangue etc.), e o Promotor de Justiça deve transcrever na denúncia.
Inciso III – se resulta debilidade permanente de membro, 
sentido ou função.
Membros são os apêndices do corpo (braços e pernas). Exem-
plo: cortar o tendão do braço, causando perda parcial do membro. 
Os sentidos são o tato, o olfato, a visão, o paladar e a audição. 
Exemplo: diminuição da capacidade de enxergar, ouvir etc.
A função consiste no funcionamento de órgãos ou aparelhos 
do corpo humano (exemplo: função respiratória, função reprodu-
tora). 
A debilidade é o enfraquecimento, a diminuição, a redução 
da capacidade funcional. A debilidade deve ser permanente, ou 
seja, de recuperação incerta e improvável e cuja cessação eventual 
ocorrerá em data incalculável (permanente não é a mesma coisa 
que perpétua).
A debilidade não se confunde com a perda ou inutilização do 
membro, sentido ou função, hipóteses de lesão corporal gravíssi-
ma, disciplinadas no § 2.º. 
Inciso IV - aceleração do parto 
Caracteriza-se pela antecipação da data do nascimento. 
Pressupõe o nascimento com vida. Para evitar a responsabilidade 
objetiva, é necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.
Lesão Gravíssima – Artigo 129, § 2.º, do Código Penal
Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
A denominação lesão gravíssima é dada pela doutrina e juris-
prudência. A lei não utiliza essa expressão, que tem a finalidade 
de diferenciar as lesões do § 2.º que tem pena mais severa do que 
o § 1.º. 
Se uma lesão se enquadra em grave e gravíssima, o réu res-
ponderá pela gravíssima.
Inciso I – se resulta incapacidade permanente para o 
trabalho:
É mais específico que o § 1.º, inciso I. A incapacidade deve ser 
permanente (a lei não diz perpétua) e deve abranger qualquer tipo 
de trabalho (posição majoritária). Para uma corrente minoritária, 
a incapacidade da vítima deve impossibilitar o trabalho que ela 
exercia anteriormente.
O sujeito passivo não poderá ser criança ou pessoa idosa 
aposentada.
Inciso II – se resulta enfermidade incurável:
Da lesão decorre doença para a qual não existe cura. 
Para uma corrente, a transmissão intencional de AIDS tipifica 
a tentativa de homicídio. Para outra, caracteriza lesão gravíssima, 
pela transmissão de moléstia incurável.
Inciso III – se resulta perda ou inutilização de membro, 
sentido ou função:
A perda pode se dar:
- por mutilação: ocorre pela própria ação lesiva; é o corte de 
uma parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da 
mão etc.);
- por amputação: é a extirpação feita pelo médico, posterior-
mente à ação, para salvar a vida da vítima.
Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da víti-
ma, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto para a realiza-
ção de sua atividade própria. 
Observações:
Com relação aos membros: o decepamento de um dedo ou a 
perda parcial dos movimentos do braço constitui lesão grave, ou 
seja, mera debilidade. Havendo paralisia total, ainda que seja de 
um só braço, ou se houver mutilação da mão, a lesão é gravíssima 
pela inutilização de membro.
Com relação aos sentidos: há alguns sentidos captados 
por órgãos duplos (visão e audição). A provocação de cegueira, 
ainda que completa, em um só olho, constitui apenas debilidade 
permanente. O mesmo ocorre com a audição.
Com relação à função: a perda ou inutilidade de função só 
será possível em função não vital, como por exemplo, a perda da 
função reprodutora, causada pela extirpação do pênis.
Inciso IV – se resulta deformidade permanente
Está ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes. 
Exemplo: queimadura por fogo, por ácido (vitriolagem), etc. 
Requisitos: 
Que o dano estético seja razoável, ou seja, de uma certa monta.
Deve ser permanente, isto é, não se reverte com o passar do 
tempo. Se a vítima se submeter a uma cirurgia plástica e houver 
a correção, desclassifica-se o delito. Se a cirurgia plástica for 
possível, mas a vítima não a fizer, persiste o crime, pois a vítima 
não está obrigada a fazer a cirurgia. Se a deformidade surgiu de um 
erro médico, há dois crimes

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