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Livro - Biometria medidas e avaliacao em educacao fisica e no esportel

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BIOMETRIA, MEDIDAS E 
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO 
FÍSICA E NO ESPORTE
Paola Neiza Camacho Rojas
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Curitiba
2020
Biometria, 
Medidas e 
Avaliacao em 
Educacao Física e 
no Esporte
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Paola Neiza Camacho Rojas
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
C172b Camacho Rojas, Paola Neiza
Biometria, medidas e avaliação em educação física e no esporte / 
Paola Neiza Camacho Rojas. – Curitiba: Fael, 2020.
348 p. il.
ISBN 978-65-990685-1-5
1. Avaliação física 2. Educação física I. Título
CDD 796 
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/kentoh
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Introdução à avaliação | 7
2. Objetivos e estratégias de avaliação | 35
3. Estatística e avaliação | 69
4. Medidas de atividade física | 101
5. Anamnese e avaliação pré-exercício | 127
6. Antropometria e composição corporal | 161
7. Aptidão cardiorrespiratória | 189
8. Aptidão neuromuscular | 219
9. Variáveis de desempenho | 253
10. Baterias de testes e protocolos | 273
11. Anexos | 305
Gabarito | 311
Referências | 325
Prezado(a) aluno(a),
Quando se fala sobre avaliação relacionada à atividade 
física, nem sempre se tem a correta percepção do que essa área 
representa; muito mais do que um conjunto de informações, esse 
processo de avaliação é fundamental para identificar a pessoa 
que passará pela intervenção e realizar um planejamento a partir 
das informações coletadas.
A atividade física já foi identificada como fundamental 
para a saúde e o bem-estar de cada pessoa. O exercício físico 
é a melhor estratégia para obter o máximo dos benefícios pro-
porcionados pelo movimento humano, ultrapassando as ativida-
des cotidianas e de recreação. Entretanto, algumas vezes surge o 
questionamento sobre qual realmente é a contribuição da avalia-
ção, considerando que em alguns casos o profissional acumula 
informações que são utilizadas apenas para registro.
Carta ao Aluno
– 6 –
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
É exatamente nesse ponto que essa obra pretende instruir e colaborar 
– para que o profissional que atua na área da atividade física, mais espe-
cificamente na prescrição e orientação do exercício físico, possa escolher 
quais as medidas e testes mais adequados para cada situação e utilizar 
essas informações para otimizar o resultado do seu trabalho.
O menor risco e o melhor resultado do exercício físico ocorrem 
quando o programa é elaborado com base nas características individuais 
das pessoas. Alguns elementos – como o risco cardiovascular – devem 
ser avaliados sempre que se inicia um atendimento, mas existem muitas 
medidas e testes que podem ser selecionados com base nos objetivos espe-
cíficos para a elaboração do programa e até para cada sessão do programa.
Nessa obra, você irá conhecer os fundamentos da área de medidas e 
avaliação, com informações sobre como realizar uma análise e julgar as 
informações obtidas com a utilização de protocolos. Também terá acesso 
aos protocolos tradicionais para realizar medidas e testes que são comuns 
na educação física, com referências para classificar o desempenho ava-
liado. Além disso, encontrará aqui o modo mais adequado de obter infor-
mações para contextos específicos – como escola, academia de ginástica e 
clube esportivo – e para diferentes faixas etárias.
Aproveite esse conteúdo para manter-se atualizado sobre o que pode 
ser feito quanto ao controle de informações, mas, principalmente, apro-
veite esse material para tornar seus programas de exercício físico seguros 
e efetivos.
A autora.
1
Introdução à avaliação 
Quando se fala sobre atividade física é comum que muitas pes-
soas tenham opiniões e dicas, independente da formação ou conhe-
cimento formais. A impressão é a de que o assunto está acessível a 
todos e que não é necessário procurar um profissional da área. 
A profusão de informações é tanta que pode gerar enganos. 
Muitas informações disponíveis sobre atividade física nas mídias 
e redes sociais não são confiáveis; reforçam modismos; são par-
ciais ou fora de contexto; e, ainda, há muitas imprecisas. 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 8 –
O mesmo ocorre quanto à avaliação em atividade física, assim como 
a área no todo, na qual a avaliação muitas vezes é confundida. A menção 
feita aqui não é específica para a avaliação física, pois esta – física – é 
apenas um dos tipos de avaliação relacionado à atividade física e à educa-
ção física, que tem como tema principal o estudo em torno da prática de 
atividade física.
Neste texto abordaremos um pouco da história da avaliação física, 
inclusive da nomenclatura e do surgimento como área relacionada à ativi-
dade física. Para estudar a cineantropometria ou a avaliação em atividade 
física é importante conhecer alguns termos e conceitos utilizados na área, 
para entender os conteúdos acerca do tema.
Outro ponto abordado é o conteúdo central deste material: a avalia-
ção em seu amplo significado, os tipos comumente realizados e as princi-
pais relações. Essa abordagem teórica possibilita ao leitor refletir e formar 
um rol próprio de conhecimentos.
Posteriormente, trataremos sobre testes e medidas. Vale ressaltar que, 
independente da abordagem dos testes e medidas clássicos e conceituados, 
é importante conhecer as diretrizes que apoiam a seleção sobre a temática, 
tanto de execução física como na forma de inquéritos. Assim, é preciso 
identificar o que é um teste adequado, se ele serve para o objetivo pre-
tendido, assim como se é possível usá-lo na pessoa a qual será aplicado. 
Antes de aplicá-lo, é importante refletir sobre o que será feito e o motivo 
disso. Dessa maneira, as características psicométricas dos testes e medidas 
auxiliam no processo. Contudo, a teoria não deve sobrepor-se à prática a 
ponto de não ter repercussão concreta, mas deve existir e estar presente 
como fundamento que a justifique, consolidando-a.
1.1 Conceitos
Quando uma pessoa decide medir algo, ela precisa definir o que será 
medido, como será feito, e o porquê irá medir. As medidas podem ser rea-
lizadas em praticamente todas as áreas e sob diferentes enfoques. Então, 
precisamos esclarecer o assunto, apresentar os seus conceitos e as suas 
definições. Observe a nuvem de palavras a seguir:
– 9 –
Introdução à avaliação 
Figura 1.1 – Nuvem de palavras sobre avaliação relacionada à atividade física
Fonte: elaborada pelo autor.
É possível reconhecer uma ou mais palavras da figura apresentada? 
Provavelmente a maioria das pessoas já viu alguma dessas palavras, mas 
nem todas sabem o que realmente significam. Então, é importante abor-
dar o conceito ou a definição de cada uma delas, baseando-se em funda-
mentos científicos.
1.1.1 História ou curiosidade
Ao se conceituar termos complexos, ou uma área de conhecimento, é 
imprescindível abordar a história desta. Há muito tempo, o homem passou 
a ter interesse em fazer medidas. Inicialmente, isso se dava de modo rudi-
mentar, possivelmente, medindo com base em objetos ou em instrumentos 
que estavam à mão; isso foi útil, desenvolvendo-se até os modernos meios 
de medição atuais (MICHELS, 2000; SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.]).
No século XIX, já existiam teorias sobre biotipologias e escolas 
(linhas de pensamento) que discutiam o formato e as capacidades do 
homem ou do corpo humano; é dessa época o termo morfologia, que pro-
vavelmente foi estabelecido por Goethe. Entretanto, na maioria das vezes 
buscava-se a relação entre a morfologia humana e a sua psique oucom-
portamento. Naquele tempo, uma pessoa poderia ter o seu caráter medido 
pelo formato do corpo. Em algumas situações, elas eram avaliadas, com-
paradas e classificadas em relação a outras pessoas; ou, ainda, a compara-
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 10 –
ção se dava pelas suas próprias proporções. Desse período, originaram-se 
os termos como morfologia, biótipo, biometria, antropometria (SOUZA; 
OLIVEIRA, [s.d.]).
Na área da atividade física e da educação física, as medidas surgiram, 
principalmente, com a finalidade de formar grupos homogêneos; identifi-
car o estado inicial de uma pessoa ou grupo; acompanhando o progresso 
ou o desenvolvimento. É necessário recorrer à história da educação física, 
no que diz respeito ao sistema escolar e à medicina, a fim de analisar como 
surgiram os procedimentos relativos às medidas em pessoas e como reali-
zavam as tarefas motoras.
No Brasil, o momento rotineiro em medir as pessoas começou no 
final do século XIX e início do século XX, com o higienismo. O higie-
nismo tinha como premissa a defesa da saúde, da educação pública e 
ensino de hábitos higiênicos – ações que faziam parte da chamada medi-
cina social –, tornou-se parte do cotidiano na sociedade. Nesse período, 
as escolas absorveram a visão da medicina social e, nesse contexto, as 
aulas de educação física se tornaram o ambiente para realizar medidas e 
avaliação física das crianças e adolescentes, com a perspectiva de dividir 
e formar grupos homogêneos para as aulas, identificar a aptidão física e 
acompanhar o progresso do trabalho, além de controlar o padrão de saúde 
física da nova geração e interferir do modo mais adequado (MILAGRES; 
SILVA; KOWALSKI, 2018; SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.]).
1.1.2 Biometria
Provavelmente, biometria é o nome mais antigo utilizado para as medi-
das feitas em e com pessoas. Há obras clássicas que remetem a esse nome, 
como exemplificado no quadro seguinte, na ordem cronológica de publicação.
Quadro 1.1 – Exemplos de referências clássicas sobre biometria
BERNARDINELLI, W. Tratado de biotipologia. Livraria Francisco 
Alves, Rio de Janeiro, 1942.
ROSSI, A. R. Tratado teórico-prático de Biotipologia y ortogenesis. 
Ed. Ideas, Buenos Aires, 1944.
– 11 –
Introdução à avaliação 
PENDE, N. Traitède Medicine byotipologique. Ed. G. Doin, Paris, 1955.
VANDERVAEL, F. Biométrie humaine. Ed. Desver, Liège, 1964.
HEGG, R. V. Aspectos médico-biométricos em medicina escolar. Jor-
nal de Pediatria. São Paulo. n. 32. pp. 399-405, 1967.
HEGG, R. V. Elementos de biometria humana. Nobel, São Paulo, 1971.
GOMES DE SÁ, S. A. Biometria em Educação Física. McGraw-Hill 
do Brasil, São Paulo, 1975.
Fonte: elaborado pelo autor.
No dicionário Michaelis (2019), BIOMETRIA é um substantivo 
feminino que se refere à “Ciência da aplicação de métodos de estatística 
quantitativa a fatos biológicos; análise matemática de dados biológicos” 
ou, ainda, à “Doutrina científica e artística da medida do corpo humano”.
Para a Sociedade Internacional de Biometria Humana (Société inter-
nationale de biométrie humaine, 1932 a 1865), biometria humana se refere 
ao estudo métrico dos seres humanos e às suas mudanças, com o auxílio 
da estatística e relacionado a ciências humanas e biológicas (VANDER-
VAEL, 1964).
Nas décadas de 1930 e 1940, período de maior profusão da bioti-
pologia como ciência, esta era vista como a ciência do indivíduo, a qual 
estuda as constituições físicas, o temperamento e o caráter e as suas rela-
ções. Assim, a biometria é a estratégia utilizada para obter as informações 
(medidas) necessárias para estudo (BERNARDINELLI, 1942; ROSSI, 
1944; PENDE, 1955).
Segundo Gomes de Sá (1975), biometria é a ciência que expõe nume-
ricamente os fenômenos biológicos, buscando-se identificar a relação 
entre os dados e determinar as diretrizes que os regem.
Para Hegg (1971), a biometria é uma área ou um ramo da biologia, 
que busca e estuda os elementos que podem ser medidos nos seres vivos, 
com o apoio da matemática e da estatística.
Souza e Oliveira, (s/d) autores do Ministério da Educação e Cultura, 
entre 1979 e 1985, concluíram que “biometria é a ciência que estuda quan-
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 12 –
titativamente os fenômenos vitais” (SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.], p. 8). 
Vale destacar que isso ocorre nos três níveis do indivíduo, morfológico, 
fisiológico e psicológico.
1.1.3 Antropometria e cineantropometria
A educação física conquistou espaço e identidade quando a prática 
de atividade física começou a ser sistematizada. O movimento faz parte 
da realidade do homem desde a antiguidade, mas a sistematização de sua 
prática, seja na forma de esporte, na escola, como recreação, em compe-
tições, como política ou linguagem ocorreu, no geral, de modo leve. No 
final do século XX, o avanço das ciências passou a dar um ritmo formal 
para essa sistematização, gerando a necessidade de conceituar e defini-la 
clara e consensualmente. Após a década de 1970, publicaram-se estudos 
populacionais com informações sobre os benefícios das atividades e a 
disseminação da internet, facilitando-se o acesso à informação (ACSM, 
1997; MAUD; FOSTER, 1995).
Nas últimas décadas do século XX, no Brasil, houve uma discus-
são sobre a nomenclatura e a formalização da área atuante com a ativi-
dade física. Na escola, havia sentido chamá-la de educação física, mas no 
esporte e em outras áreas, era possível utilizar outros nomes. O profissio-
nal poderia ou não ser o treinador, assim, em vez de educação física, deno-
minações como ciência do esporte, ciência do exercício físico, e assim por 
diante, eram concebíveis (CONFEF, 2019). 
Também, nesse período, começaram-se a utilizar os termos antropo-
metria e cineantropometria; que do grego, ánthrõpos, refere-se a homem e 
métron, à medida. Segundo o dicionário Michaelis (2019 on-line), antro-
pometria é o “conjunto de técnicas de mensuração do organismo humano, 
ou das partes dele, utilizadas em antropologia física, somatometria” ou a 
estratégia de identificação de criminosos. 
Nesta obra, a antropometria é tratada como a estratégia para deter-
minar de modo objetivo os aspectos referentes ao corpo humano e ao seu 
desenvolvimento, assim como sua relação com o meio e com o desempe-
nho (MICHELS, 2000). Como disciplina de educação física, enfatiza-se 
o uso da estatística para medir, principalmente, o corpo físico e a soma do 
– 13 –
Introdução à avaliação 
biológico humano. O foco principal, enquanto disciplina, consiste em ela-
borar técnicas e medidas para o ser humano. Pela antropometria é possí-
vel estudar a composição corporal, a proporção, o somatotipo e organizar 
historicamente a informação sobre essas medidas, pois é uma área-base.
Conforme Martins e Waltortt (2011, p. 14), “A evolução histórica 
da Antropometria contribui para a Biomecânica à medida que seus méto-
dos de investigação para determinação das características e propriedades 
da massa corporal humana evoluíram”. A antropometria teve destaque, 
principalmente, a partir da década de 1950, quando implementaram novas 
técnicas de medidas e análise de dados, além do avanço tecnológico, com 
equipamentos precisos.
Já cineantropometria não pode ser encontrada em dicionários comuns, 
não por ser um termo razoavelmente novo, mas por especificar uma visão; 
kinesis, refere-se a movimento, e o restante da palavra já foi supracitada: 
antropometria. Então, podemos definir que cineantropometria é a medida 
do homem em movimento ou a medida do movimento do homem. 
A Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria 
(ISAK) é uma associação que estabelece e mantém o padrão internacional 
para a área. Segundo a ISAK, cineantropometria é a área científica rela-
cionada à medida da composição corporal humana e identifica a funcio-
nalidade e os movimentos do corpo humano em diferentes contextos; é a 
interface entre a anatomia e o movimento (ISAK, 2019). Sendo assim, ela 
é uma especialidade quecruza transversalmente com diversas áreas, como 
a educação física, esportes, ergonomia, gerontologia e medicina.
Michels (2000) esclarece que os limites da cineantropometria não 
são totalmente claros, pois inclui a antropometria dinâmica e fisiológica 
em relação ao movimento. Para Ross (1988 apud MICHELS, 2000, p. 
107), “a utilização da medida, no estudo do tamanho, forma, proporção, 
composição e maduração do corpo humano, com o objetivo de um melhor 
conhecimento do comportamento humano em relação ao crescimento, 
desenvolvimento e envelhecimento, à atividade física (exercício, rendi-
mento) e o estado nutricional”.
Dessa forma, a cineantropometria pode ser entendida como a área 
que se ocupa em medir, avaliar, estudar a forma, dimensão, proporção, 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 14 –
composição, desenvolvimento e maturação do corpo em suas relações 
dinâmicas intra e inter indivíduos em relação ao crescimento, atividade 
física e nutrição (BEUNEN; BORNS, 1990; PETROSKI, 1995).
1.1.4 Testes e medidas
As disciplinas de educação física podem ter vários nomes, alguns his-
toricamente estabelecidos, como biometria, antropometria, cineantropome-
tria; outros designados de modo prático e funcional, como testes e medidas 
em educação física, medidas e avaliação, e assim por diante. Mais impor-
tante do que o nome de uma disciplina é a sua designação e abordagem. 
Então, vamos à avaliação, medidas e testes em relação à atividade física.
Muitas vezes, confundem-se medidas e testes. Algumas pessoas não 
as diferenciam, pois nunca pararam para pensar sobre isso. Conforme o 
dicionário Michaelis, medida significa uma grandeza estabelecida por um 
instrumento de medida ou o critério de qualidade de algo. Já teste é o 
exame realizado para identificar a qualidade de algo, ou seja, investigá-lo 
(MICHAELIS, 2019).
Especificamente em relação à atividade física, a medida é a estratégia 
usada para obter informações sobre algo e o modo de atribuir valor numé-
rico ao que se está sendo medido, estabelecendo-se o aspecto quantitativo; 
as medidas devem ser precisas e objetivas, pois representam a propriedade, 
o atributo ou o desempenho que se pretende identificar. Assim, a variedade 
de elementos relacionada à atividade física que podem ser medidos é grande.
Quadro 1.2 – Grandezas que podem ser medidas em relação ao corpo e à atividade física
 2 Conhecimento
 2 Nível de atividade física
 2 Estatura
 2 Comprimento
 2 Amplitude
 2 Score alcançado
 2 Massa corporal
 2 Desempenho motor
 2 Tempo
 2 Velocidade
 2 Precisão
 2 Frequência cardíaca
 2 Pressão arterial
 2 Volume cardíaco
 2 Massa de gordura
 2 Circunferência da coxa
Fonte: elaborado pelo autor.
– 15 –
Introdução à avaliação 
Segundo Morrow et al. (1995), os testes são instrumentos ou ferra-
mentas utilizados para realizar medidas; essa ferramenta pode ser escrita, 
como os inquéritos de nível de atividade física; oral, como anamnese 
na forma de entrevista; protocolo ou um aparelho utilizado para fazer a 
medida. O teste pode ser expresso de modo quantitativo (em escala contí-
nua) ou qualitativo (em escala discreta).
Não fique com dúvidas...
 2 Variáveis discretas: assumem apenas um número finito ou infinito 
contável de valores, só fazem sentido valores inteiros. 
Exemplos: número de filhos, escalas (insuficiente-
-suficiente, ruim-aceitável-bom).
 2 Variáveis contínuas: assumem valores em uma escala contínua (na 
reta real), pode ter valores fracionais. É comum ser medido através 
de algum instrumento. 
Exemplos: peso (balança), altura (régua), tempo (relógio).
 
É importante ressaltar o que são os protocolos: são a norma estabele-
cida para se aplicar um teste. Por exemplo, para a medida da massa corpo-
ral em balança ser cientificamente válida, ela deve ser medida conforme o 
protocolo que a validou como adequada ou correta.
1.2 Avaliação
Após conhecer um pouco da história, da nomenclatura da disciplina 
didática, os seus conceitos; como podemos definir a avaliação? 
Segundo o dicionário Michaelis – avaliação – de modo genérico, 
refere-se à determinação de valores, à apreciação ou à predição de quali-
dade, ou ao ato de avaliar (MICHAELIS, 2019).
Além do que o dicionário estabelece, a avaliação é um processo de 
tomada de decisão, do julgamento de algo que foi medido (MORROW et 
al., 1995). Apesar de a avaliação ser um tema comum em atividade física, 
pode haver certa controvérsia quanto à sua importância; isso se deve, prin-
cipalmente, a perspectivas diferentes.
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 16 –
É muito comum as pessoas chamarem de avaliação o procedimento 
único de aplicar um teste ou fazer uma medida ou, ainda, o resultado 
encontrado. Ter uma informação coletada, mesmo que seja uma variável 
qualitativa discreta, não a configura como avaliação. Realizar medidas, 
aplicar testes, avaliar os dados e não fazer algo com isso, consequente-
mente, desvaloriza todo o procedimento.
 Saiba mais
Avaliação é o “processo de tomada de decisão que está relacionado à cri-
teriosa análise e julgamento das medidas” (ROJAS; BARROS, 2003, p. 18). 
Não é possível efetuar uma avaliação sem as medidas; e estas, por sua 
vez, não existem sem um método apropriado de coleta.
Avaliar requer OLHAR as informações e compará-las com referên-
cias já conhecidas; tais referências podem ser subjetivas, mas conforme 
o objetivo, é necessária uma fonte científica confiável. Um exemplo de 
avaliação pode ser o que os consumidores realizam: uma pessoa vai a um 
restaurante e no dia seguinte um amigo pergunta se o restaurante foi bom 
e por quê. Ao responder, a pessoa diz que foi bom, a comida estava ótima, 
mas o preço um pouco caro. 
 Você sabia?
Na Educação física escolar, a fita métrica (instrumento) pode ser usada 
para medir a estatura em centímetros (medida) de crianças em uma 
escola. O número final, 110 cm, 114 cm, ou alguma variante é apenas 
um número. Quando a estatura de uma criança for comparada com 
a estatura de todas as outras crianças da escola, com a mesma idade; 
então é possível avaliar, se a criança está com a estatura semelhante aos 
colegas ou não. Isso é avaliação.
Na academia a mesma fita métrica (instrumento) pode ser usada para medir 
a circunferência (medida) da cintura de uma pessoa. A avaliação só acontece 
quando, por exemplo, esse número for comparado com outra medida de 
circunferência, que pode ser dessa mesma pessoa em outro momento.
– 17 –
Introdução à avaliação 
O julgamento que a pessoa apresentou é a avaliação; a referência é 
a experiência anterior, ao provar outras comidas e pagar por outras refei-
ções. O número por si só tem um significado limitado. Assim sendo, as 
referências podem ser variadas e o momento da avaliação também pode 
variar, geralmente, com base no objetivo que se tem com a avaliação.
1.2.1 Tipos de avaliação
Há muitas possibilidades de usar o processo avaliativo em relação 
ao ser humano. É importante poder contabilizar as informações a fim de 
registrar e resguardá-las. Para que haja qualidade, alguns critérios devem 
ser preservados. Quanto ao objetivo, a avaliação pode ser classificada como 
preditiva, motivacional, para registro, para classificar pessoas ou grupos, 
para avaliar um programa, e assim por diante; conforme o que o avaliador 
pretende com aquela informação. Quando se fala da avaliação em atividade 
física, os tipos mais comuns e até mesmo imprescindíveis são: a avalia-
ção Diagnóstica, a Formativa e a Somativa, cujas definições são expostas 
a seguir (MENEZES, 2001; MORROW et al., 1995; SOUZA et al., 2017).
Quando a avaliação é realizada antes de qualquer procedimento de 
intervenção, chama-se avaliação diagnóstica. A avaliação diagnóstica 
tem o objetivo de identificar o estado inicial de algo, da variável que será 
manipulada, a qual sofrerá a intervenção; ou seja, qualifica uma observa-
ção inicial. Em se tratando de programas de exercício, a avaliação é reali-
zada antesde se iniciar o programa. Com essas informações, definem-se 
os detalhes para alterar ou acompanhar tais medidas (MORROW et al., 
1995; MENEZES, 2001a).
Por exemplo, na escola, realiza-se a medida de estatura no começo 
do ano letivo. Nesse caso, não é possível implementar ação alguma para 
mudar a estatura das crianças, mas existem padrões que identificam se elas 
estão desenvolvendo-se adequadamente ou não quanto à estatura – são as 
curvas de crescimento. Então, após obter essas medidas, identifica-se se 
alguma delas está fora dos parâmetros esperados. Caso esteja, investiga-
-se o motivo. Se a causa de a criança estar com o desenvolvimento atra-
sado for uma patologia que requer cuidados especiais, quiçá, na escola, a 
criança necessite ser afastada das aulas de educação física.
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 18 –
Na academia, ao medir a circunferência da cintura de um indivíduo, 
o profissional poderá comparar com o parâmetro saudável adequado, e, 
depois, com a medida desejada pela pessoa. A partir dessa informação, do 
estado inicial concreto e da expectativa do solicitante, o profissional conse-
gue planejar um programa com o intuito de interferir nessa circunferência.
Na sequência da avaliação diagnóstica, esta deve ser utilizada para 
organizar a intervenção posterior, que pode ser a organização de aulas na 
escola (também são consideradas as diretrizes do sistema) ou a elabora-
ção de um programa de exercícios. O principal é que o profissional não 
deve simplesmente ignorar os dados da avaliação quando faz a prescrição. 
Durante o processo, seja no decorrer das aulas ou do treinamento, é inte-
ressante realizar novas avaliações, que não precisam, necessariamente, 
ser as informações da primeira coleta. Essa é a avaliação formativa, o 
julgamento ou a análise realizada durante um acontecimento, neste caso, 
durante um programa de atividade física.
O objetivo principal dessa avaliação é o de identificar como está 
acontecendo a intervenção, se o desenvolvimento é ou não o esperado. 
Essa avaliação requer a necessidade de mudanças, de redirecionamentos 
no processo implementado. O currículo ou o programa podem ser exce-
lentes, porém, isolados não fazem com que o programa seja eficaz. É 
necessário ser eficiente, conforme implementado, para determinada pes-
soa ou uma população.
Sempre podem ocorrer os erros de aplicação ou os eventos alheios 
à situação que interferem no processo e no sucesso planejado. Em uma 
escola com ótimo currículo de educação física, as aulas foram planejadas 
e organizadas pensando-se nos alunos e na avaliação diagnóstica deles 
(nesse caso, não só na medida da estatura). Porém, houve um problema 
estrutural, e a escola precisou mudar o sistema de aulas, em vez de dois 
dias com aula de educação física de 50 minutos cada, a escola passou a ter 
100 minutos corridos de aula em um único dia. Sem dúvida, aquele pro-
grama já não é o mais adequado para a situação. Identificá-la e tomar uma 
decisão com base na informação é avaliar; e esta avaliação formativa pode 
ser informal ou formal; um exemplo de avaliação formal é o da aplicação 
de testes intermediários.
– 19 –
Introdução à avaliação 
Em uma academia, caso o cliente disponibilize de três dias na semana, 
por seis meses, o programa e o planejamento de exercícios devem ser fei-
tos para essa situação. As ausências aos treinos devem ser observadas e 
avaliadas como um interveniente que gere nova programação. Também, 
é cabível agendar uma data para realizar uma nova sequência de testes 
antes do prazo final para o programa. Geralmente, essas situações formais 
para a avaliação formativa fornecem dados mais completos e semelhantes 
(parcial ou totalmente) aos iniciais e finais.
Contudo, a mais esperada é a avaliação somativa. Esta avaliação 
pretende qualificar o produto final da intervenção realizada, ocorrendo ao 
final do processo, a fim de identificar a mudança ocorrida do início ao 
final do período ou, ainda, para identificar se o programa obteve êxito, 
alcançando-se o objetivo pretendido.
A maioria das pessoas já realizou prova ao final do ano letivo; esse 
é o exemplo clássico de avaliação somativa. Na escola pode ser a avalia-
ção que fornece a nota para a disciplina de educação física. No período 
tecnicista, a avaliação somativa era comumente realizada com base na 
performance física e técnica; assim sendo, ela pode ser teórica ou prática. 
A grande questão sobre a avaliação somativa na aula de educação física 
escolar é a de que não pode ser desenvolvida apropriadamente se os obje-
tivos do programa não forem claros.
No treinamento esportivo, a avaliação somativa não significa pro-
priamente o final, a conclusão de um programa; para os atletas, esse 
tipo de avaliação pode ocorrer na competição, buscando-se o resultado 
esperado com o treinamento ou até ser escolhido (ou não) para integrar 
uma seleção.
Na academia existe uma barreira para a avaliação somativa, pois a 
maioria dos clientes tem dificuldade em cumprir um programa do início ao 
final como o esperado; sendo comum ao processo haver uma sucessão de 
avaliações diagnósticas e formativas. Para os clientes que completam um 
programa, por exemplo, com a chegada do verão, a avaliação somativa é 
aquela que identifica se os objetivos traçados foram alcançados. Quando 
avaliadas as valências físicas, é significante considerar que cada uma tem 
o seu tempo determinado para uma resposta.
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 20 –
Uma ressalva sobre a atividade física: há muitas possibilidades ava-
liativas, podem-se avaliar uma pessoa, grupo ou programa; variáveis indi-
viduais fisiológicas, antropométrica e de desempenho; estilo de vida e par-
ticipação; associação com outras variáveis etc. 
1.2.2 Avaliação referenciada
Como supramencionado, a avaliação só ocorre se a informação 
coletada for julgada em relação a alguma referência previamente esta-
belecida; essa referência pode ser por norma ou por critério (MORROW 
et al., 1995).
A avaliação referenciada por norma identifica como uma informa-
ção específica se comporta em relação às informações (do mesmo tipo) de 
um determinado grupo. É fundamental que esse grupo ou subgrupo seja 
específico. Segundo Arruda et al. (2010, p. 50), na avaliação por norma 
“os escores brutos são interpretados mediante comparações com um grupo 
normativo, correspondendo ao que ocorre usualmente e tendo base na fre-
quência de ocorrência de um fenômeno dentro de uma amostra represen-
tativa da população considerada normal”. Por isso, é comum serem usadas 
tabelas de percentil para essa comparação.
Por exemplo, analisar como está a estatura de uma criança A em com-
paração com as estaturas de crianças com a mesma idade no país; diante 
das estaturas desse grupo, a criança A pode estar abaixo da esperada. Essa 
mesma comparação pode, ainda, ser usada para classificar a criança para 
integrar uma equipe de treinamento esportivo ou exercer uma posição em 
um time.
Já a avaliação referenciada por critério utiliza um elemento pon-
tual para dividir níveis específicos, geralmente identificado como: alcan-
çou ou não alcançou o objetivo; assim, identifica-se se o valor obtido está 
em uma área desejável ou não.
Um exemplo de avaliação referenciada por critério ocorre na seleção 
de atletas que representarão o país em uma olimpíada; não é suficiente o 
atleta ter o melhor desempenho do seu país, ele também precisa alcançar 
a marca (resultado) mínima para a prova no evento.
– 21 –
Introdução à avaliação 
1.3 Propriedades psicométricas 
dos testes e medidas
Segundo Souza, Alexandre e Guirardello (2017, p. 650),
Propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados 
(questionários, testes, medidas) são características (elementos 
ou variáveis) que indicam que o instrumento oferece precisão na 
informação coletada, que fornecem resultados cientificamente 
robustos; são considerados entre as “principais propriedades de 
medidade instrumentos a confiabilidade e validade.
Propriedades, características ou variáveis psicométricas, o que 
significam?
Essas são diferentes nomenclaturas, usualmente, designam o mesmo 
conteúdo ou função. A psicometria é uma área que identifica o que não se 
altera de uma pessoa para outra; assim, encontra indicadores, na variável estu-
dada, que fortalecem a crença da qual as informações não mudam apenas pela 
individualidade das pessoas. Uma análise psicométrica tem como objetivo 
verificar as qualidades de um teste (ERTHAL, 2001; NORONHA, 2003). 
Chama-se de psicometria ou método psicométrico a análise estatística que 
fornece base para a construção de testes e organização das informações cole-
tadas; os testes psicométricos, em geral, são quantitativos (ERTHAL, 2001).
A avaliação é significativa no trabalho relacionado ao exercício 
físico, uma vez que as características do exercício incluem, justamente, 
serem sistematizado, programado e com objetivo claro; pois isso, não é 
possível sem a avaliação.
Para que a avaliação aconteça com bom desempenho, ela necessita de 
parâmetros adequados como referência, deve ter o objetivo claro quanto 
ao que se espera da avaliação e o que se espera do programa de exercício 
físico. É necessário, como forma de avaliar, o uso de testes e medidas que 
realmente identifiquem as informações desejadas. Mas como identificar se 
esses testes e medidas são bons e seus resultados são confiáveis?
Evidentemente, o primeiro elemento essencial é ter o conhecimento 
técnico para saber qual o domínio que será avaliado e quais as possibili-
dades existentes; por exemplo, se uma pessoa quer obter uma medida de 
resistência cardiorrespiratória, deve-se ter a noção de quais parâmetros 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 22 –
ou variáveis podem fornecer essa informação, para, então, procurar por 
testes que identifiquem essa variável. Diante de algumas possibilidades, 
como uma lista de testes que aparentemente podem ser usados, é impor-
tante avaliar quais deles são confiáveis, os que realmente identificam ou as 
variáveis desejadas. Com isso, é possível aplicá-lo e verificar se é um bom 
teste para avaliar o público pretendido.
Para resultados embasados cientificamente, é necessário fazer esco-
lhas com critérios científicos. Neste caso, esses critérios são conhecidos 
como variáveis psicométricas. A qualidade da informação obtida pelos 
testes ou instrumentos depende em grande parte de suas propriedades psi-
cométricas; o “pesquisador deve permanecer atento para a escolha de um 
instrumento adequado e preciso, de modo a garantir a qualidade de seus 
resultados” (SOUZA et al., 2017, p. 650).
A figura seguinte representa visualmente como será a avaliação con-
forme a validade e confiabilidade dos instrumentos utilizados.
Figura 1.2 – Representação visual da relação entre confiabilidade e validade
Fonte: Souza et al. (2017, p. 650).
É interessante observar esse esquema de alvos; se as tentativas forem 
confiáveis, serão semelhantes, mas se não forem válidas estarão longe do 
alvo pretendido; no segundo alvo cada tiro foi certeiro, mas nenhum foi 
na mesa direção, válido, mas não confiável. No terceiro alvo é visível uma 
tendência, algo fez com todos os tiros tivessem a mesma tendência, para 
um lado, mas continuaram sendo cada um em sua própria direção, não 
válido e não confiável. Finalmente, os tiros vão na mesma direção, do 
objetivo previamente traçado, e apesar de sua tendência individual, todos 
se assemelham no resultado, foram consistentes.
– 23 –
Introdução à avaliação 
Há certa controvérsia, ou discussão saudável, entre os pesquisado-
res sobre o que é necessário para que um teste seja adequado. Duas das 
principais propriedades psicométricas são a validade e a confiabilidade 
(expressa como reprodutibilidade e objetividade), tanto que, geralmente, 
quando se pretende dizer que um teste é adequado, diz-se que ele é válido. 
Sendo assim, antes de comentar algumas variáveis psicométricas, o qua-
dro a seguir pode mostrar um pouco dessa discussão.
O quadro 1.3 expõe as variáveis mais frequentes nos textos cientí-
ficos, segundo alguns autores; isso não significa que essas são as únicas 
possibilidades, mas provavelmente o processo de validação de testes reco-
nhecidos passou pela definição teórica desses indicadores.
Quadro 1.3 – Critérios para a avaliação da qualidade de um teste
Autor Critérios
Miller Validade
Reprodutibilidade
Objetividade Aplicabilidade
Safrit e Wood Validade
Reprodutibilidade relativa
 2 Consistência interna
 2 Estabilidade
 2 Reprodutibilidade interavaiador (objetividade)
Reprodutibilidade absoluta
Hastad e Lacy Validade
Reprodutibilidade
Objetividade
Aplicabilidade
Thomas e Nelson Validade
Reprodutibilidade
Reprodutibilidade interavaiador (objetividade)
Fonte: Rojas e Barros (2003).
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 24 –
Observe que no quadro anterior não aparece o termo confiabilidade. 
Isso se dá porque a confiabilidade se refere à possibilidade de repetir a 
informação sob as mesmas condições. Assim, atualmente é mais comum 
que em vez de usar esses termos, os estudos se refiram a elementos que 
estabeleçam a confiabilidade, a objetividade e a reprodutibilidade.
1.3.1 Erros na coleta
Os erros que podem acontecer nas avaliações, muitas vezes, são dei-
xados de lado, não só no julgamento em si, mas também na coleta de 
dados e no modo como as informações foram identificadas. Ao selecio-
nar um teste é fundamental que o objetivo dele seja o mesmo que se tem 
com a coleta de dados; em seguida, é imprescindível seguir o protocolo 
de acordo com o descrito e validado, dessa maneira, o resultado deve ser 
avaliado (julgado) em relação a referências elaboradas, ou validadas, para 
esse mesmo teste ou instrumento.
Figura 1.3 – Processo de tomada de decisão para a seleção de um teste
Fonte: elaborada pelo autor.
Mesmo quando o teste é adequadamente escolhido e o protocolo 
seguido à risca, há, ainda, a chance de haver erros. Eles podem ocorrer na 
coleta, quando um dos instrumentos utilizados não estava adequadamente 
aferido. Um exemplo simples sobre isso é quando se pretende medir a esta-
tura de uma pessoa a partir de fita métrica colada na parede; o protocolo 
designa que para a medida ser confiável, ela não deve ter o rodapé na parede, 
pois, havendo, altera-se a medida. Se todas as medidas forem executadas no 
– 25 –
Introdução à avaliação 
mesmo local e do mesmo modo, isso é um erro constante, que interfere na 
qualidade da medida, mas provavelmente não irá interferir em análises rea-
lizadas sobre esses dados porque todos são igualmente atingidos pelo erro.
1.3.2 Confiabilidade ou fidedignidade
Identificar a confiabilidade e a validade é imprescindível para 
considerar a qualidade de um teste; posteriormente, a validade será abor-
dada. Sobre a confiabilidade, há uma discussão devido à nomenclatura no 
Brasil; em inglês, o termo é reliability, que representa a consistência ou a 
possibilidade de repetir uma observação (ou medida) (MORROW, 1995).
O termo original em inglês, reliability, pode ser traduzido como con-
fiabilidade, mas acabou sendo transcrito, no Brasil, também, como fide-
dignidade; então, é possível encontrar os dois termos em livros e artigos. 
A reprodutibilidade se refere à consistência dos dados coletada 
em situações semelhantes, é a consistência mantida em medidas repeti-
das. Em alguns casos, essa característica é chamada de estabilidade ou 
de consistência. Pode ser identificada com a estratégia de teste-reteste; 
deve ser usado o mesmo avaliador, com os mesmos instrumentos, com o 
menor intervalo possível entre as medidas; pois o tempo entre as medi-
das aumenta a chance de surgirem fatores, externos ao teste, que possam 
interferir no resultado (MORROW et al., 1995; ROJAS; BARROS, 2003; 
SOUZA et al., 2017).
Um exemplo de reprodutibilidade é visto quando um avaliador exe-
cuta duas vezes consecutivas (intervalopequeno) as medidas da circunfe-
rência de uma pessoa na academia.
Outro elemento muito importante é a objetividade, que diz respeito 
ao quanto é possível repetir resultados com avaliadores diferentes apli-
cando-se um teste. Para ser identificada, é fundamental que os avaliadores 
sigam o mesmo procedimento. Objetividade é a reprodutibilidade intera-
valiadores; certamente, pessoas diferentes podem ter características pes-
soais distintos; mas ao seguirem as mesmas instruções o resultado deve 
ser semelhante, para que o teste seja considerado objetivo; essa caracte-
rística também pode ser encontrada como equivalência em alguns artigos 
(MORROW et al., 1995; ROJAS; BARROS, 2003; SOUZA et al., 2017).
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 26 –
Tanto a reprodutibilidade quanto a objetividade não podem ser esta-
belecidas com medidas únicas, o teste deve passar por uma análise esta-
tística, com um bom número de dados disponíveis para avaliar se há dife-
rença significativa entre eles ou não. Sem esse tipo de análise ou se as 
amostras forem muito pequenas é possível que um resultado ocasional 
apareça como relevante.
Sobre a confiabilidade ou sobre a reprodutibilidade e a objetividade, 
ainda, pode-se dizer que um teste ou instrumento “pode ser reprodutível, mas 
não ser válido e, do mesmo modo, pode ser objetivo e não ser válido. Entre-
tanto, para ser considerado válido, todo instrumento deve apresentar bom 
nível de reprodutibilidade e objetividade” (ROJAS; BARROS, 2003, p. 21).
Dica: ao buscar informações sobre um teste, primeiro identifique 
se é reprodutível, pois só se for reprodutível ele será objetivo. Uma vez 
identificada a reprodutibilidade e a objetividade, passa-se para o pró-
ximo passo – a validade – pois é possível que um teste seja reprodutível 
sem ser válido. 
1.3.3 Validade
Validade é um termo muito utilizado, inclusive de modo generali-
zado, como sinônimo de que algo é real ou realmente funciona. Cienti-
ficamente, validade é um termo sutil, e se refere à certeza que se tem de 
estar medindo algo que realmente se pretende entender, estabelecendo a 
precisão de um teste (ROBERTS et al., 2006; ROJAS; BARROS, 2003). A 
validade não pode ser generalizada, deve ser restrita à situação específica 
na qual foi provada (MORROW et al., 1995), não só quanto aos instru-
mentos e aos testes, mas como à população e aos procedimentos.
Não é suficiente usar um teste válido, antes, deve-se escolhê-lo por 
sua validade, a fim de se realizar a medida a qual ele se propõe a medir, na 
população escolhida para essa finalidade, e diante da possibilidade de uso 
conforme as instruções de aplicação estabelecidas.
A validação completa de um teste passa por alguns critérios, que 
podem ser parcialmente consistentes, assim, existem alguns tipos de vali-
dade. Segundo Rojas e Barros (2003), há critérios quantitativos e quali-
– 27 –
Introdução à avaliação 
tativos ou interpretativos, que estabelece a validade de um teste, desta-
cando-se que a subjetividade deve ser pequena.
Podem ser considerados como tipos de validade: a validade de face, a 
validade de conteúdo, a validade de constructo, a validade concorrente, e 
a validade preditiva. Na figura seguinte está demonstrado como a subjeti-
vidade presente em cada tipo de validação pode influenciar no argumento 
para a validade que cada uma apresenta.
Figura 1.4 – Relação inversa entre subjetividade e argumento para validade
Subjetividade Tipo de Validação Argumento para Validade
Face
Conteúdo
Constructo
Concorrente
Preditiva
Fonte: elaborada pelo autor.
A validade de face é a estratégia de menor consistência para validar 
um teste; também chamada de validade lógica ou aparente. Para Oliveira 
(2011, p. 6), “é obviamente mais pertinente ao significado do conceito do 
que ao significado de outro conceito”, e ocorre quando se verifica que o 
instrumento consegue obter as informações pretendidas. Sem análise esta-
tística envolvida, é uma estratégia na qual a reflexão e a observação estão 
fortemente presentes.
A validade de conteúdo, algumas vezes, é mencionada como de face 
ou lógica; mas há um identificador claro para ela, pois se refere ao modo 
como o conteúdo de um instrumento (geralmente, algum tipo de inqué-
rito) aborda a teoria elaborada a partir de fragmentos de construção mental 
sobre o fator avaliado; é a “avaliação do quanto uma amostra de itens 
é representativa de um universo definido ou domínio de um conteúdo” 
(SOUZA et al., 2017, p. 652). 
É habitual usar a validação de conteúdo para inquéritos ou questioná-
rios, especialmente, na área da saúde, mas também em diversas áreas que 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 28 –
prezam pelo cuidado da construção mental do instrumento. A avaliação de 
conteúdo é fundamental para transcender os conceitos abstratos de fatores 
que possam ser avaliados. Os elementos teóricos podem estar nas instru-
ções, perguntas ou opções de resposta, tanto separadamente como em sub-
grupos e/ou como um todo; é imprescindível para a elaboração de questio-
nários e adaptação de instrumentos, mas não deve ser usado como único 
indicador psicométrico para validação (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). 
Não são usados testes estatísticos para estabelecer a validade de conteúdo, 
esse processo é, geralmente, feito a partir da análise de especialistas.
Em uma avaliação escolar é possível identificar cada questão da 
prova como um elemento que deve expor o conteúdo trabalhado na disci-
plina. Para exemplificar essa validação em atividade física, pode-se reali-
zar um teste de basquetebol, contendo os aspectos teóricos que abrangem 
o conhecimento envolvido no esporte; como identificar as habilidades ou 
as tarefas motoras do basquetebol ou testar os componentes motores de 
uma habilidade esportiva. A ideia é: quando uma pessoa analisa a teoria e 
o teste, deve ser possível identificar a relação existente.
Outra estratégia teórica é a validação por constructo, utilizada para 
validar medidas que não podem ser observadas porque sua existência é 
teórica, como o comportamento. Essa validação é fundamentada no con-
teúdo e na estatística, pois sua verificação precisa da aplicação do ins-
trumento em grupos que sabidamente têm resultados diferentes; então, 
os dados obtidos são comparados pelas estratégias estatísticas (ROJAS; 
BARROS, 2003; MORROW et al., 1995). A validação ocorre quando o 
instrumento identifica o resultado previamente conhecido. Para a identifi-
cação dessa validade, utilizam-se o teste de hipóteses, a validade estrutural 
ou fatorial e a validade transcultural (SOUZA et al., 2017).
Em uma análise clássica, Disch e seus colaboradores (1979 apud 
MORROW, 1995) buscaram classificar atletas femininas de atletismo 
com base em algumas variáveis motoras. Das 41 atletas, 38 foram correta-
mente classificadas conforme suas especialidades – velocistas, saltadoras, 
arremessadoras e corredoras de longa distância. Com a elaboração dessa 
bateria de testes, o objetivo era o de compor um instrumento que pudesse 
orientar as especialidades nas quais as atletas estivessem aptas para um 
bom desempenho.
– 29 –
Introdução à avaliação 
Quadro 1.4 – Exemplo de ficha de análise de desempenho do salto em distância passada 
pela validação de conteúdo
Assinale sim ou não para cada característica dos elementos do salto em distância. 
Some a quantidade de SIM assinalados. Dúvidas ou observações, anote na última coluna (OBS).
Nome: Idade:
Avaliação técnica de salto em distância – atletismo
Elemento Técnica Soma de SIM OBS.
Corrida
Progressiva
( ) sim ( ) não
coordenação 
de membros
( ) sim ( ) não
sem sobressalto
( ) sim ( ) não
Impulsão
Tábua
( ) sim ( ) não
manteve o ritmo
( ) sim ( ) não
coordenação 
de membros
( ) sim ( ) não
( ) queimou
Voo
joelho e 
braços altos
( ) sim ( ) não
arco (tronco)
( ) sim ( ) não
membros 
para frente
( ) sim ( ) não
Queda
com os pés
( )sim ( ) não
quadril e tronco 
para frente
( ) sim ( ) não
Final
não sentou
( ) sim ( ) não
saiu pela frente
( ) sim ( ) não
Fonte: elaborado pelo autor.
Segundo Souza et al. (2017, p. 654),
A validade de construto é a extensão em que um conjunto de vari-
áveis realmente representa o construto a ser medido. A fim de esta-
belecer a validade de construto, geram-se previsões com base na 
construção de hipóteses, e essas previsões são testadas para dar 
apoio à validade do instrumento. Quanto mais abstrato o conceito, 
mais difícil é estabelecer a validade de construto.
Já a validação de critério acontece quando o teste a ser avaliado é 
comparado com um critério externo, sendo geralmente uma medida sabi-
damente precisa, ou seja, um teste comprovadamente (ou aceito como) 
válido. Se essa referência for, de fato, sólida, é chamada de padrão-ouro, 
o que significa que é uma medida confiável inclusive para validar outros 
instrumentos. Essa validação ocorre pela análise estatística que estabelece 
a relação entre os dados coletados com o instrumento avaliado e o crité-
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 30 –
rio escolhido. Sendo assim, também é chamada de validade estatística ou 
validade correlacional (MORROW et al., 1995; OLIVEIRA et al., 2011; 
SOUZA et al., 2017).
Na validade de critério é possível diferenciar dois tipos: a concor-
rente ou concomitante, e a preditiva. Na validade concorrente é feita a 
comparação das medidas obtidas por meio do padrão-ouro ou critério, e do 
instrumento avaliado; a coleta com os dois instrumentos é feita no menor 
período de tempo possível, para que não haja mudança da informação 
avaliada; muitas vezes, as medidas ocorrem no mesmo evento (SOUZA et 
al., 2017; OLIVEIRA et al., 2011; MORROW et al., 1995).
Um exemplo de validação concorrente é quando se quer validar um novo 
teste indireto para a medida de VO2máx; o padrão-ouro é a medida direta 
de VO2máx em laboratório, com analisador de gases e controle de variáveis 
metabólicas. Então, as pessoas são avaliadas nesse protocolo e, quando pos-
sível, devem ser testadas no instrumento ao qual se deseja validar. Devido ao 
tipo de variável – que provoca desgaste físico –, as medidas não serão segui-
damente, pois é necessário que haja um descanso entre as aplicações.
Já a validação preditiva, conforme Rojas e Barros (2003, p. 23), 
“corresponde ao procedimento mais rigoroso para estabelecer a validade 
de um teste. Neste caso procura-se identificar se um teste é capaz de pre-
dizer um desempenho futuro”. O procedimento, como o próprio nome 
indica, compete a validar o instrumento no qual prevê o que acontecerá 
futuramente quanto à variável analisada. 
Como exemplo de predição, identifica-se o comportamento quanto à 
prática de exercício físico e, no futuro, verifica-se a ocorrência de proble-
mas cardiovasculares; uma vez estabelecida a relação – estatisticamente 
–, é possível usar essa informação para prever se as pessoas têm maior ou 
menor chance de desenvolver algum problema cardiovascular.
Conclusão
Conhecer conceitos básicos, definições e histórico é importante 
quando se deseja uma formação consistente; isso acontece também na área 
de avaliação em torno da atividade física e educação física, especialmente, 
para obter informações confiáveis.
– 31 –
Introdução à avaliação 
Vimos como foi a sequência histórica para a organização da área 
que envolve a avaliação relacionada à atividade física. Vale observar que 
nem sempre a atividade física foi considerada cientificamente, e nem que 
houve uma profissão que a tratasse disso. Então, o conhecimento dessa 
área se confunde com a história de outras áreas, como da medicina, no 
que diz respeito às medidas do corpo humano; e psiquiatria e psicologia, 
quando da associação entre o formato do corpo e a personalidade ou o 
comportamento. A abordagem não foi aprofundada, pois o objetivo foi o 
de contextualizar e informar sobre como se iniciou a prática de medidas 
relacionadas à atividade física, mas nas referências há algumas sugestões 
específicas sobre o assunto.
Apesar de a nomenclatura cineantropometria se mostrar como futuro 
para a área que trata de medidas, testes e avaliações, é mais comum que 
se trate toda a área de aplicação de testes como avaliação. Mas avaliação é 
um processo definido, é a análise que leva a conclusões e a ações sobre os 
elementos representados pelas medidas e testes realizados. Já as medidas 
e testes são a estratégia utilizada para coletar informações que precisam 
ser analisadas (avaliadas) para levar a ações (intervenções) para manter ou 
melhorá-los. Essas ações podem ser planos de ensino ou aulas na educa-
ção física escolar, programas de exercício com objetivos específicos etc. 
Já as características psicométricas muitas vezes passam despercebi-
das quando se observa os testes e os protocolos clássicos. Contudo, para 
selecionar adequadamente um teste, é fundamental observar critérios que 
deem consistência e credibilidade para as informações coletadas. Há uma 
tendência que com o tempo as informações sejam simplificadas, restando 
o protocolo funcional para a aplicação dos testes ou, ainda, pode haver 
variações que nem sempre foram validadas. No caso de testes clássicos, 
observa-se que o teste tem protocolo de aplicação e referência para o 
público ao qual será utilizado, mas a falta de critérios robustos, como as 
propriedades psicométricas, configura-o como um fator de fragilidade. 
Ampliando seus conhecimentos
O texto abordou as questões de validade, mas para apresentar a teo-
ria completa sobre o assunto seria necessário um extenso material, o que 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 32 –
não é necessário para conhecer e aplicar testes e medidas. Em estudos 
posteriores – geralmente com o objetivo de desenvolver testes – é possí-
vel conhecer mais sobre as características psicométricas, metodologia de 
pesquisa e estatística. 
No quadro a seguir está reproduzido a informação de Souza et al. (2017, 
p. 656), detalhando algumas estratégias para a validade de constructo.
Quadro 1.5 – Tipos de validade, com respectiva definição e testes utilizados
Tipo de 
validade Definição Exemplo
Testes 
estatísticos
Técnica 
de grupos 
conhecidos
Grupos diferentes 
de indivíduos rea-
lizam o preenchi-
mento do instru-
mento de pesquisa 
e depois os resulta-
dos dos grupos são 
comparados.
Um teste que ava-
lia qualidade de 
vida pode ser apli-
cado a um grupo 
de pacientes com 
doença crônica e a 
um grupo de jovens 
saudáveis.
Espera-se encon-
trar diferenças nos 
escores de quali-
dade de vida entre 
esses grupos.
Teste de hipó-
teses
Validade 
convergente
É obtida pela cor-
relação do instru-
mento focal com 
outro instrumento 
que avalie um cons-
truto similar, espe-
rando resultados 
de altas correlações 
entre os dois.
Na aplicação de 
dois instrumentos 
que avaliam a satis-
fação no trabalho, 
espera-se obter for-
tes correlações.
Teste de cor-
relações
– 33 –
Introdução à avaliação 
Tipo de 
validade Definição Exemplo
Testes 
estatísticos
Validade 
discrimi-
nante
Testa a hipótese 
de que a medida-
-alvo não está 
relacionada inde-
vidamente, com 
construtos diferen-
tes, ou seja, com 
variáveis das quais 
deveria divergir.
Um instrumento 
que avalia motiva-
ção deve apresentar 
baixas correlações 
com um instru-
mento que mede 
autoeficácia.
Testes de cor-
relações
Validade 
estrutural 
ou fatorial
Testa se uma medida 
capta a dimensiona-
lidade hipotética de 
construto.
Pesquisadores que-
rem testar se algu-
mas características 
do ambiente de tra-
balho como a auto-
nomia e o feedback 
são preditoras da 
satisfação profis-
sional.
Análise fato-
rial e mode-
lagem de 
e q u a ç õ e s 
estruturais
Validade 
transcultural
Medida em que as 
evidências supor-
tam a inferência de 
que o instrumento 
original e um adap-
tado culturalmente 
são equivalentes.
Um instrumento 
que avalia a satis-fação no trabalho 
que foi traduzido 
e adaptado cultu-
ralmente para um 
outro contexto deve 
possuir um desem-
penho similar à 
versão original do 
instrumento.
 2 T r a d u -
tores e 
retrotra-
d u t o r e s 
indepen-
dentes
 2 C o m i t ê 
de espe-
cialistas
 2 Pré-teste
Fonte: Souza et al. (2017, p. 656) (reprodução parcial).
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 34 –
Atividades
1. Elabore um texto inédito explicando o significado de medida, 
teste e avaliação (entre 10 a 15 linhas).
2. Descreva exemplos para expor três tipos de avaliação quanto 
ao objetivo. 
3. Explique a diferença entre avaliação referenciada por norma e 
por critério.
4. Descreva o que é e como é desenvolvida a reprodutibilidade de 
um teste.
2
Objetivos e estratégias 
de avaliação
Em qualquer atuação profissional, quando se planeja medir 
ou mensurar algo, essa ação se deve a algum objetivo; certa-
mente, não é produtivo realizar medidas às quais não serão 
utilizadas ou que não trarão um retorno para o processo desen-
volvido. Essa questão deve estar presente, em especial, quando a 
atuação profissional se refere ao atendimento em pessoas, grupos 
ou individual. 
Em relação à atividade física, em muitas situações se rea-
lizam medidas nas pessoas e no seu desempenho sem que essas 
informações sejam utilizadas como referência no processo de 
prescrição e orientação. Em alguns casos, as medidas servirão 
para comparar e identificar mudanças ocorridas com a interferên-
cia do exercício físico; nesse contexto, o desgaste (ex.: tempo, 
equipamento) deve ser coerente com a qualidade das informações.
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 36 –
Com base no exposto, este conteúdo discute a relação entre os objeti-
vos e as estratégias para se chegar a esse objetivo em distintos ambientes. 
A discussão analisa os diferentes contextos nos quais se trata da atividade 
física, como no ambiente escolar, em academias de ginástica, equipes 
esportivas, ambientes de lazer ativo e ambiente de trabalho.
O objetivo esperado com a atividade física deve ser o condutor para 
selecionar os testes e as medidas a serem realizados. O principal objetivo 
da avaliação, em qualquer momento, é o de identificar e acompanhar a 
pessoa e o seu desempenho em relação à atividade desenvolvida. Assim 
sendo, discutiremos aqui as características relativas ao objetivo da avalia-
ção e à atuação profissional na área da atividade física.
Em um segundo momento, abordaremos as estratégias de identifica-
ção do público com o qual se pretende trabalhar. As variáveis que se refe-
rem, principalmente, ao comportamento das pessoas as quais tencionamos 
atender não têm sido bem utilizadas para auxiliar o trabalho que visa pro-
mover a atividade física e prescrevê-la com maiores chances de sucesso, 
pois, com isso, a permanência do indivíduo na atividade aumenta. Esses 
determinantes para a aderência na atividade física já não são apenas ele-
mentos teóricos reflexivos para medidas populacionais, pois passaram a 
ser instrumentos de trabalho do profissional atuante com a atividade física.
Apresentaremos aqui os instrumentos de medida pouco difundidos, 
mas que podem ser usados beneficamente, em especial, aos grupos que 
participam de programas, visando mantê-los e, assim, promover melhoria 
significativa em qualidade de vida e condição de aptidão física.
2.1 Domínios e tipos de avaliação
O ambiente comumente avaliativo para crianças e adolescente é a 
escola, então, esse será o ambiente mais comentado aqui; o que não signi-
fica que o conteúdo exclusivo à escola. Para evitar outro equívoco, muitos 
pensam em avaliação escolar restrita apenas aos testes que geram notas para 
aprovar ou reprovar as crianças, pois a avaliação vai além da classificação.
Lembrando que a medida é o ato de identificar os dados (medir), 
seja os de conhecimento, psicomotores ou de atitude, e que a avaliação se 
– 37 –
Objetivos e estratégias de avaliação
refere à obtenção, ao registro e à análise (ou julgamento) de informações; 
destacaremos alguns tipos de avaliação: de classificação, diagnóstica, 
para estabelecer objetivos, formativa, preditiva, motivadora, de registro 
ou acompanhamento e de evolução e somativa (MAUD et al., 1998).
Pensando-se na situação do profissional que trabalha com a atividade 
física, têm-se vários domínios a serem medidos e avaliados, e os objetivos 
podem ser estabelecidos conforme cada um deles. Os principais domínios ava-
liados em relação à atividade física são o cognitivo, o afetivo e o psicomotor.
Esses objetivos podem sofrer variações, entre elas: a de conhecer 
uma variável (característica) referente a uma pessoa, a de identificar um 
grupo populacional, a de auxiliar o profissional a conhecer um aspecto da 
aptidão física ou, ainda, verificar se um atleta tende a ser um expoente em 
sua modalidade.
2.1.1 Tipos de avaliação
Quando um profissional assume uma posição e uma responsabili-
dade, como no caso de um professor, pesquisador ou técnico, é funda-
mental dominar o que irá trabalhar. Logo de início, a área de atuação do 
profissional já expõe algumas opções de domínios a serem trabalhados e 
de objetivos a serem alcançados. No entanto, vale ressaltar como exemplo 
que o objetivo de um professor não é mesmo de um técnico.
O contexto influencia o objetivo da avaliação, sendo ele escolar, o pro-
pósito terá relação com o trabalho junto à área escolar, e, assim por diante; o 
contexto da atuação profissional delimita os objetivos a serem estabelecidos. 
No passado, houve uma linha considerada referência para a atividade física 
independente do ambiente, pois essas linhas de pensamento exaltavam a 
preparação física para servir a pátria ou para desempenhar resultados espor-
tivos de modo competitivo (VALLE, 2002). Atualmente, esse pensamento 
não atinge todos os espaços; os objetivos avaliativos podem ser definidos 
para cada contexto, haja vista coincidências ou aproximações. 
A partir do objetivo é necessário estabelecer qual é o tipo de avalia-
ção a ser realizada e qual o domínio a ser abordado, e, posteriormente, 
identificam-se às variáveis e os testes ou medidas a serem realizados. 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 38 –
Figura 2.1 – Esquema gráfico demonstrativo do objetivo
Fonte: elaborada pelo autor.
2.1.1.1 Avaliação diagnóstica
Em qualquer posição que o profissional atue, a primeira avaliação a 
ser realizada é a diagnóstica, pois seja na preparação de um plano de cur-
rículo escolar ou de um programa de treinamento, não há como planejar e 
executá-lo sem identificar a base e os elementos com os quais trabalhará. 
A avaliação diagnóstica tem o objetivo de identificar o estado inicial de 
algo, da variável manipulada, a qual sofrerá intervenção; refere-se a qua-
lificar dada observação inicial.
A avaliação diagnóstica, muitas vezes, ocorre antes dos objetivos 
da atividade física serem consolidados, pois pode fornecer informa-
ções que irão colaborar com o estabelecimento desses objetivos, como 
quando se tem um grupo que precisa ser dividido conforme sua carac-
terística a fim de inseri-los em grupos de trabalho diferentes; alguns 
serão direcionados para equipes de treinamento esportivo, outros para 
a prática de lazer ou para melhorar a aptidão física relacionada à saúde 
(MORROW, 1995).
– 39 –
Objetivos e estratégias de avaliação
Essa análise fornecerá o quadro inicial para que o profissional iden-
tifique os pontos fracos e os fortes, as necessidades, enfim, como a pessoa 
está quanto às variáveis observadas; assim, é possível definir os objetivos 
específicos e uma hierarquia para as ações desenvolvidas. É muito difí-
cil, para não dizer impossível, coletar todos os dados sobre uma pessoa, 
mesmo restringindo às áreas de atuação da educação física; dessa maneira, 
para tornar a coleta de dados realista e viável, é necessário estabelecer 
alguns parâmetros.
A avaliação diagnóstica é realizada antes de qualqueratividade ini-
ciada, e é constituída a partir do objetivo inicialmente definido para o tra-
balho. Quanto a isso, pode parecer contraditório, uma vez que a avaliação 
diagnóstica identifica o nível inicial do elemento avaliado, é possível pensar 
que o objetivo só será estabelecido após o conhecimento da necessidade da 
pessoa avaliada. Mas na educação física, falando-se em atividade física e 
avaliação, têm-se dois objetivos a serem observados: o primeiro é o da inter-
venção; e o segundo da avaliação (DOMINGOS; GONÇALVES, 2015).
Por exemplo, uma pessoa que deseja iniciar um programa de emagreci-
mento com o exercício físico; antes que ela faça qualquer atividade já existe 
um objetivo – para o programa de exercícios, o emagrecimento. O objetivo 
do programa de exercícios é o de emagrecer. Para elaborar esse programa é 
necessário saber qual o nível de risco quanto à saúde e como está a aptidão 
física do indivíduo. Então, realiza-se uma avaliação diagnóstica com a fina-
lidade de determinar o risco que a pessoa apresenta e o desempenho quanto 
à sua aptidão física. Observe que o objetivo da pessoa no programa de exer-
cícios é estabelecido antes de sua participação (geralmente, é o impulsiona-
dor para a prática), mas a avaliação tem objetivo distinto, relacionado com a 
instrumentalização da prescrição do exercício. Nesse exemplo, imaginamos 
que a aptidão cardiorrespiratória está muito abaixo dos outros componentes 
de aptidão física; nesse caso, o resultado da avaliação (aptidão cardiorrespi-
ratória baixa) gera novos objetivos para o programa de exercícios (melhorar 
a aptidão cardiorrespiratória). Essa é uma demonstração de como o processo 
é dinâmico e está sempre em recomposição. 
Lembrando-se que uma das principais características da avaliação 
diagnóstica é ser realizada antes da intervenção, para compreendê-la, 
dizemos que esse processo é, também, de avaliação para estabelecer obje-
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 40 –
tivos ou de classificação. Então, vamos identificar quais as características 
destes dois tipos.
Estabelecer objetivos é uma das características da avaliação diag-
nóstica; pode ocorrer em diferentes momentos, por isso, consta entre os 
tipos. Essa é a situação já mencionada, na qual o resultado da avaliação 
identifica as necessidades e as prioridades da intervenção, ou seja, estabe-
lece os objetivos específicos da intervenção a ser realizada (MARQUES; 
KRUG, 2008).
Tenha em mente ...
Avaliação é a análise ou o julgamento reali-
zado a partir das informações coletadas.
Intervenção é a ação (exemplos: aula, programa de exercícios, 
palestra) realizada com a atuação do profissional de educação física.
 
Por exemplo, em uma equipe esportiva de voleibol, o treinador rea-
liza uma avaliação para estabelecer os objetivos quanto aos elementos táti-
cos de jogo de sua equipe. Ele aplicará testes para identificar o que consi-
dera importante, então, a partir dos resultados, estabelece os objetivos dos 
treinamentos táticos da equipe; pode-se, inclusive, alterar a quantidade de 
treinamentos necessários. Então, para realizar uma avaliação é necessário 
ter uma finalidade, mas esta pode ser a de conhecer o estado da pessoa (ou 
grupo) para, então, usar esse resultado da avaliação a fim de estabelecer 
os fins interventivos.
Agora, mencionando a área de academias, quando um novo cliente se 
inscreve em busca de obter melhora na saúde, ele deve passar por uma ava-
liação diagnóstica a fim de identificar a sua condição inicial, especialmente 
quanto à aptidão física e aos fatores de risco. Para a organização do programa 
de exercícios, é mais proveitoso determinar os objetivos específicos, e, geral-
mente, há a necessidade de priorizar algumas variáveis no planejamento; 
então, destaca-se a característica de avaliação para estabelecer objetivos.
Usando-se, ainda, o exemplo anterior, podemos observar as caracte-
rísticas de mais um tipo de avaliação – avaliação para classificação –, 
– 41 –
Objetivos e estratégias de avaliação
ocorre, principalmente, antes ou no início de intervenções. Esta avaliação 
também é uma das características da avaliação diagnóstica (MORROW et 
al., 1995; MAUD; FOSTER, 1995). No caso desse exemplo, isso aparece 
porque as variáveis devem ser comparadas com normas e critérios pré-
-estabelecidos a serem classificados. Já em intervenções com grupos de 
pessoas, a avaliação para classificação se destaca, pois, para direcionar 
as pessoas para a composição de grupos afins é necessário classificá-las 
conforme características predefinidas, como a idade, o objetivo principal, 
os fatores de risco, e, assim por diante.
Um exemplo de avaliação para classificação não associada à diag-
nóstica é quando se realiza, em um ambiente de trabalho, a avaliação 
de desempenho em diferentes tarefas, para, então, orientar as pessoas às 
tarefas mais produtivas. Outro exemplo em ambiente de trabalho, com o 
refeitório, é quando a partir de uma avaliação física se identifica o IMC e 
as pessoas são classificadas para atendimento prioritário de nutricionista 
ou atendimento eletivo.
Em um exemplo para o ambiente escolar, a avaliação diagnóstica terá 
características de avaliação para classificação ao ser realizada a medida da 
massa corporal e estatura com posterior classificação conforme as curvas 
de desenvolvimento infantil. Essa classificação serve para identificar se 
alguma criança está com peso e estatura abaixo ou acima do esperado na 
idade; o que não significa que há um problema, mas conforme a faixa na 
qual a criança se encontra, a situação deve ser investigada. Caso não haja 
situações discrepantes, os dados servem para acompanhamento, assim, 
tem-se parâmetro de comparação para futuras medidas.
2.1.1.2 Avaliação Formativa
A avaliação formativa fornece informações intermediárias sobre a 
intervenção que está sendo realizada, antes do seu final; ela é fundamental 
para acompanhar o que está acontecendo durante o processo em acompa-
nhamento, pois o objetivo é identificar se a intervenção está obtendo os 
resultados esperados, para, assim, definir se a organização é adequada ou 
se a intervenção precisa ser reelaborada para que tenha maiores chances 
de alcançar os propósitos desejados ao final do período da intervenção 
(MORROW et al., 1995). 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 42 –
Essa avaliação é fundamental em processos longos, especialmente 
com etapas ou fases para serem gerenciadas; nesse caso, o ideal é realizar 
pelo menos uma avaliação formativa a cada etapa; além de o avaliador 
ter informações sobre os resultados da intervenção. Já é possível fornecer 
feedback para as pessoas envolvidas, identificando-se a relação entre o 
esforço e o resultado. Importante lembrar que, em alguns casos, a falta do 
resultado esperado não se deve apenas a uma programação equivocada, 
mas que também ocorre devido à falta de dedicação das pessoas envolvi-
das. A avaliação formativa tende a ser pouco valorizada na prática, talvez 
porque o tempo e a dedicação necessários para realizá-la não são vistos 
como compensadores pelos que gerenciam a intervenção (GONÇANVES; 
LIMA, 2018; OLIVEIRA et al., 2018). 
Um exemplo clássico de avaliação formativa são as avaliações bimes-
trais ou trimestrais realizadas no sistema escolar, quando os estudantes são 
avaliados quanto ao conteúdo que estudaram até determinado momento; 
essas avaliações podem ser vistas sob dois diferentes ângulos: o foco na 
capacidade de desempenho dos estudantes – se conseguem apreender o 
conteúdo –, ou foco no professor – se consegue expor adequadamente o 
conteúdo para os estudantes.
Independente do enfoque na análise dos dados (notas dos estudantes), 
o resultado da avaliação serve para repensar sobre a intervenção. Para isso, é 
necessário observar os resultados com visão multifocal, e a partir deles, bus-
cam-se os motivos do resultado. Um grupo de estudantes com mau desem-
penho pode significar que o professornão está realizando um ensino efetivo, 
mas isso, também, pode ocorrer porque o programa não é adequado ou por-
que os estudantes estão classificados equivocadamente. Essas duas últimas 
explicações são possíveis quando se observa com ênfase nos estudantes que 
podem, simplesmente, não terem estudado e se dedicado de forma adequada. 
Ou seja, realizar uma avaliação formativa não garante o sucesso 
da intervenção, nesse exemplo, a avaliação formativa deve abarcar um 
olhar mais amplo, como o de identificar a quantidade de estudantes com 
desempenho bom ou ruim, o histórico de resultados com outras turmas, e 
assim por diante; sem dúvida, uma avaliação formativa bem considerada 
pode promover um leque de possibilidades (GONÇANVES; LIMA, 2018; 
OLIVEIRA et al., 2018).
– 43 –
Objetivos e estratégias de avaliação
O mesmo ocorre com outro exemplo clássico: programas de fitness 
em academias. Não é raro as pessoas realizarem uma avaliação quando 
iniciam um programa de exercícios em uma academia; mas isso pode ser 
o primeiro equívoco no procedimento. Realizar medidas, por si só, não 
caracteriza uma avaliação. O que acontece com frequência é a realização 
de medidas, registradas, que não passam por uma avaliação. No entanto, 
o profissional responsável pela prescrição deveria analisar as informações 
coletadas e depois de julgar os dados pode tomar decisões quanto à pres-
crição do programa, sem deixar de ouvir a pessoa a quem se refere o pro-
grama (OLIVEIRA et al., 2018).
Enfim, uma vez que realizada a avaliação diagnóstica e a prescrição esteja 
definida, o praticante deve permanecer em atividade por um período mínimo 
de algumas semanas a meses, a fim de atingir os objetivos buscados; porém, 
mesmo que aparentemente o programa mude com frequência, o praticante 
deve saber como está sendo desenvolvido o trabalho. Apenas a percepção de 
que está – ou não – melhorando a sua coordenação, a força, o percentual de 
gordura etc., não configura informação segura do que está acontecendo. Nessa 
situação, uma avaliação formativa pode não ser igual à avaliação diagnóstica, 
pois as valências físicas têm tempos diferentes para a mudança de situação. 
A resposta neuromuscular tende a ser mais rápida do que a perda 
de gordura corporal, então, a avaliação formativa pode incluir testes e 
medidas diferentes conforme o tempo decorrido; a avaliação realizada em 
cada momento (tempo cronológico) deve ser composta pelas valências 
nas quais existe possibilidade real de haver mudança. Assim, conforme 
o resultado, o programa pode ser mantido ou alterado tendo em vista as 
variáveis analisadas em cada momento (MORROW et al., 1995).
No contexto da prática de atividade física em tempo livre, geralmente, 
em academias de ginástica, pode parecer que a avaliação – em especial 
a formativa – atrapalha o processo, dificultando-se o início da atividade 
ou estabelecendo parâmetros para a obtenção de resultados. Porém, uma 
atuação profissional responsável precisa alcançar os objetivos traçados e 
trabalhar a informação a favor do procedimento. Em alguns casos, os pro-
fissionais têm receio de estabelecer objetivos ou de realizar a avaliação 
formativa porque sabe que há fatores que podem interferir no resultado e 
que estão alheios ao seu controle. 
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
– 44 –
É justamente nessa situação que se deve usar a avaliação formativa 
como aliada. Assim, é necessário esclarecer e informar o cliente sobre o 
que pode acontecer no decorrer do programa e qual o compromisso que 
isso requer; sem enfatizar as barreiras, o profissional deve manter o cliente 
ciente de sua responsabilidade individual no processo e das variáveis 
intervenientes (exemplos: dieta, sono etc.). Na avaliação formativa pode 
haver a oportunidade de gerenciar essas variáveis intervenientes, sendo, 
assim, possível de discutir com o cliente sobre a revisão do programa ou 
dos seus hábitos (OLIVEIRA et al., 2018), lembrando-se sempre da indi-
vidualidade biológica, segundo a qual cada pessoa é diferente de outra; o 
ser biológico não é linear, e as respostas aos estímulos não são exatamente 
iguais. Dessa maneira, um programa pode promover resultados diferentes 
mesmo em pessoas bem parecidas, assim, avaliar a evolução do praticante 
no programa fornecerá as diretrizes mais realistas.
Tenha em mente ...
A avaliação formativa só será possível se houver dados anteriores para 
comparação, ou seja, é necessária uma avaliação diagnóstica inicial.
 
Quando a avaliação fornece um feedback que pode ser utilizado como 
estímulo para o praticante, ela é denominada de avaliação motivadora; é 
comum que, ao se ouvir falar de motivação, uma pessoa imagine algo na dire-
ção da qual se busca, mas a motivação pode ser positiva ou negativa. Enten-
dendo-a como uma causa ou justificativa para algo, uma pessoa que tenha um 
resultado negativo, em direção contrária à desejada, ou com desenvolvimento 
muito lento, pode sentir-se desmotivada (MORROW et al., 1995).
Um exemplo de motivação negativa gerada por avaliação pode ser 
visto na área da educação. O sistema de reprovação, que apresenta um 
feedback negativo do desempenho do estudante, pode desestimulá-lo a 
continuar com os estudos, agregando a desistência escolar à reprovação 
(FARIA, 2012).
Em uma academia, a avaliação motivadora pode ser preparada para 
motivar positivamente o praticante, sendo realizada com foco em indi-
cadores – que o profissional observou subjetivamente – que tiveram 
– 45 –
Objetivos e estratégias de avaliação
mudança na direção desejada. É importante destacar que a variedade do 
público frequentador de academias torna essa manipulação de informação 
incerta, pois o comportamento das pessoas diante de feedback positivo ou 
negativo é bastante variável; diante de um resultado negativo, algumas 
pessoas identificam motivos para desistir do que almejam; outras, porém, 
entendem que devem dedicar-se mais.
2.1.1.3 Avaliação Somativa
A avaliação somativa ocorre no final de um processo, quando são 
somados todos os elementos da intervenção; ela qualifica o produto final 
e identifica se o objetivo desejado foi alcançado ou não. Em diversas 
situações essa avaliação pode parecer como uma fotografia sem contri-
buição significativa para os processos, uma vez que é realizada ao final. 
Em escolas, essa avaliação é realizada ao final do processo, geralmente, 
incluindo os resultados parciais obtidos durante o ano letivo. Vale ressaltar 
a seguinte observação: as notas bimestrais (trimestrais ou semestrais) não 
significam uma avaliação bimestral; a avaliação é a análise ou o julga-
mento dos dados (GONÇANVES; LIMA, 2018; MORROW et al., 1995; 
OLIVEIRA et al., 2018).
Essa avaliação só é possível quando se têm claros os objetivos para 
a intervenção e quando ela é elaborada de acordo com esses fins. Em um 
programa de exercícios com o objetivo de emagrecimento, a coleta de 
dados final deve ser realizada de modo a fornecer as informações necessá-
rias para essa análise e, dessa maneira, compará-las com os dados iniciais, 
nesse caso, início e final do programa. Nesse conteúdo identificamos que 
os tipos de avaliação apresentados na figura 2.1 foram agrupados com 
base em suas características – diagnóstica, formativa e somativa; contudo, 
podem ser nomeadas de modo mais preciso conforme o contexto.
Além das avaliações mencionadas existe a avaliação preditiva, 
quando a análise de dados coletados possibilita prever as situações futuras. 
Essa é uma avaliação pontual, presente em todas as coletas de dados e ava-
liações, em todos os momentos da intervenção, e mesmo quando não houver 
intervenção. Citamos como exemplo de avaliação preditiva os indicadores 
de risco para a saúde, massa corporal e estatura que, independentes, não 
dizem muito sobre uma pessoa, mas ao calcularmos o IMC é possível ava-
Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte
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liar ela apresenta risco aumentado; o mesmo ocorre ao aplicar um

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