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BIOMETRIA, MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE Paola Neiza Camacho Rojas E d u ca çã o B IO M E T R IA , M E D ID A S E A V A L IA Ç Ã O E M E D U C A Ç Ã O F ÍS IC A E N O E S P O R T E P ao la N ei za C am ac ho R oj as Curitiba 2020 Biometria, Medidas e Avaliacao em Educacao Física e no Esporte çã çã Paola Neiza Camacho Rojas Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. C172b Camacho Rojas, Paola Neiza Biometria, medidas e avaliação em educação física e no esporte / Paola Neiza Camacho Rojas. – Curitiba: Fael, 2020. 348 p. il. ISBN 978-65-990685-1-5 1. Avaliação física 2. Educação física I. Título CDD 796 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/kentoh Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Introdução à avaliação | 7 2. Objetivos e estratégias de avaliação | 35 3. Estatística e avaliação | 69 4. Medidas de atividade física | 101 5. Anamnese e avaliação pré-exercício | 127 6. Antropometria e composição corporal | 161 7. Aptidão cardiorrespiratória | 189 8. Aptidão neuromuscular | 219 9. Variáveis de desempenho | 253 10. Baterias de testes e protocolos | 273 11. Anexos | 305 Gabarito | 311 Referências | 325 Prezado(a) aluno(a), Quando se fala sobre avaliação relacionada à atividade física, nem sempre se tem a correta percepção do que essa área representa; muito mais do que um conjunto de informações, esse processo de avaliação é fundamental para identificar a pessoa que passará pela intervenção e realizar um planejamento a partir das informações coletadas. A atividade física já foi identificada como fundamental para a saúde e o bem-estar de cada pessoa. O exercício físico é a melhor estratégia para obter o máximo dos benefícios pro- porcionados pelo movimento humano, ultrapassando as ativida- des cotidianas e de recreação. Entretanto, algumas vezes surge o questionamento sobre qual realmente é a contribuição da avalia- ção, considerando que em alguns casos o profissional acumula informações que são utilizadas apenas para registro. Carta ao Aluno – 6 – Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte É exatamente nesse ponto que essa obra pretende instruir e colaborar – para que o profissional que atua na área da atividade física, mais espe- cificamente na prescrição e orientação do exercício físico, possa escolher quais as medidas e testes mais adequados para cada situação e utilizar essas informações para otimizar o resultado do seu trabalho. O menor risco e o melhor resultado do exercício físico ocorrem quando o programa é elaborado com base nas características individuais das pessoas. Alguns elementos – como o risco cardiovascular – devem ser avaliados sempre que se inicia um atendimento, mas existem muitas medidas e testes que podem ser selecionados com base nos objetivos espe- cíficos para a elaboração do programa e até para cada sessão do programa. Nessa obra, você irá conhecer os fundamentos da área de medidas e avaliação, com informações sobre como realizar uma análise e julgar as informações obtidas com a utilização de protocolos. Também terá acesso aos protocolos tradicionais para realizar medidas e testes que são comuns na educação física, com referências para classificar o desempenho ava- liado. Além disso, encontrará aqui o modo mais adequado de obter infor- mações para contextos específicos – como escola, academia de ginástica e clube esportivo – e para diferentes faixas etárias. Aproveite esse conteúdo para manter-se atualizado sobre o que pode ser feito quanto ao controle de informações, mas, principalmente, apro- veite esse material para tornar seus programas de exercício físico seguros e efetivos. A autora. 1 Introdução à avaliação Quando se fala sobre atividade física é comum que muitas pes- soas tenham opiniões e dicas, independente da formação ou conhe- cimento formais. A impressão é a de que o assunto está acessível a todos e que não é necessário procurar um profissional da área. A profusão de informações é tanta que pode gerar enganos. Muitas informações disponíveis sobre atividade física nas mídias e redes sociais não são confiáveis; reforçam modismos; são par- ciais ou fora de contexto; e, ainda, há muitas imprecisas. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 8 – O mesmo ocorre quanto à avaliação em atividade física, assim como a área no todo, na qual a avaliação muitas vezes é confundida. A menção feita aqui não é específica para a avaliação física, pois esta – física – é apenas um dos tipos de avaliação relacionado à atividade física e à educa- ção física, que tem como tema principal o estudo em torno da prática de atividade física. Neste texto abordaremos um pouco da história da avaliação física, inclusive da nomenclatura e do surgimento como área relacionada à ativi- dade física. Para estudar a cineantropometria ou a avaliação em atividade física é importante conhecer alguns termos e conceitos utilizados na área, para entender os conteúdos acerca do tema. Outro ponto abordado é o conteúdo central deste material: a avalia- ção em seu amplo significado, os tipos comumente realizados e as princi- pais relações. Essa abordagem teórica possibilita ao leitor refletir e formar um rol próprio de conhecimentos. Posteriormente, trataremos sobre testes e medidas. Vale ressaltar que, independente da abordagem dos testes e medidas clássicos e conceituados, é importante conhecer as diretrizes que apoiam a seleção sobre a temática, tanto de execução física como na forma de inquéritos. Assim, é preciso identificar o que é um teste adequado, se ele serve para o objetivo pre- tendido, assim como se é possível usá-lo na pessoa a qual será aplicado. Antes de aplicá-lo, é importante refletir sobre o que será feito e o motivo disso. Dessa maneira, as características psicométricas dos testes e medidas auxiliam no processo. Contudo, a teoria não deve sobrepor-se à prática a ponto de não ter repercussão concreta, mas deve existir e estar presente como fundamento que a justifique, consolidando-a. 1.1 Conceitos Quando uma pessoa decide medir algo, ela precisa definir o que será medido, como será feito, e o porquê irá medir. As medidas podem ser rea- lizadas em praticamente todas as áreas e sob diferentes enfoques. Então, precisamos esclarecer o assunto, apresentar os seus conceitos e as suas definições. Observe a nuvem de palavras a seguir: – 9 – Introdução à avaliação Figura 1.1 – Nuvem de palavras sobre avaliação relacionada à atividade física Fonte: elaborada pelo autor. É possível reconhecer uma ou mais palavras da figura apresentada? Provavelmente a maioria das pessoas já viu alguma dessas palavras, mas nem todas sabem o que realmente significam. Então, é importante abor- dar o conceito ou a definição de cada uma delas, baseando-se em funda- mentos científicos. 1.1.1 História ou curiosidade Ao se conceituar termos complexos, ou uma área de conhecimento, é imprescindível abordar a história desta. Há muito tempo, o homem passou a ter interesse em fazer medidas. Inicialmente, isso se dava de modo rudi- mentar, possivelmente, medindo com base em objetos ou em instrumentos que estavam à mão; isso foi útil, desenvolvendo-se até os modernos meios de medição atuais (MICHELS, 2000; SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.]). No século XIX, já existiam teorias sobre biotipologias e escolas (linhas de pensamento) que discutiam o formato e as capacidades do homem ou do corpo humano; é dessa época o termo morfologia, que pro- vavelmente foi estabelecido por Goethe. Entretanto, na maioria das vezes buscava-se a relação entre a morfologia humana e a sua psique oucom- portamento. Naquele tempo, uma pessoa poderia ter o seu caráter medido pelo formato do corpo. Em algumas situações, elas eram avaliadas, com- paradas e classificadas em relação a outras pessoas; ou, ainda, a compara- Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 10 – ção se dava pelas suas próprias proporções. Desse período, originaram-se os termos como morfologia, biótipo, biometria, antropometria (SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.]). Na área da atividade física e da educação física, as medidas surgiram, principalmente, com a finalidade de formar grupos homogêneos; identifi- car o estado inicial de uma pessoa ou grupo; acompanhando o progresso ou o desenvolvimento. É necessário recorrer à história da educação física, no que diz respeito ao sistema escolar e à medicina, a fim de analisar como surgiram os procedimentos relativos às medidas em pessoas e como reali- zavam as tarefas motoras. No Brasil, o momento rotineiro em medir as pessoas começou no final do século XIX e início do século XX, com o higienismo. O higie- nismo tinha como premissa a defesa da saúde, da educação pública e ensino de hábitos higiênicos – ações que faziam parte da chamada medi- cina social –, tornou-se parte do cotidiano na sociedade. Nesse período, as escolas absorveram a visão da medicina social e, nesse contexto, as aulas de educação física se tornaram o ambiente para realizar medidas e avaliação física das crianças e adolescentes, com a perspectiva de dividir e formar grupos homogêneos para as aulas, identificar a aptidão física e acompanhar o progresso do trabalho, além de controlar o padrão de saúde física da nova geração e interferir do modo mais adequado (MILAGRES; SILVA; KOWALSKI, 2018; SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.]). 1.1.2 Biometria Provavelmente, biometria é o nome mais antigo utilizado para as medi- das feitas em e com pessoas. Há obras clássicas que remetem a esse nome, como exemplificado no quadro seguinte, na ordem cronológica de publicação. Quadro 1.1 – Exemplos de referências clássicas sobre biometria BERNARDINELLI, W. Tratado de biotipologia. Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1942. ROSSI, A. R. Tratado teórico-prático de Biotipologia y ortogenesis. Ed. Ideas, Buenos Aires, 1944. – 11 – Introdução à avaliação PENDE, N. Traitède Medicine byotipologique. Ed. G. Doin, Paris, 1955. VANDERVAEL, F. Biométrie humaine. Ed. Desver, Liège, 1964. HEGG, R. V. Aspectos médico-biométricos em medicina escolar. Jor- nal de Pediatria. São Paulo. n. 32. pp. 399-405, 1967. HEGG, R. V. Elementos de biometria humana. Nobel, São Paulo, 1971. GOMES DE SÁ, S. A. Biometria em Educação Física. McGraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1975. Fonte: elaborado pelo autor. No dicionário Michaelis (2019), BIOMETRIA é um substantivo feminino que se refere à “Ciência da aplicação de métodos de estatística quantitativa a fatos biológicos; análise matemática de dados biológicos” ou, ainda, à “Doutrina científica e artística da medida do corpo humano”. Para a Sociedade Internacional de Biometria Humana (Société inter- nationale de biométrie humaine, 1932 a 1865), biometria humana se refere ao estudo métrico dos seres humanos e às suas mudanças, com o auxílio da estatística e relacionado a ciências humanas e biológicas (VANDER- VAEL, 1964). Nas décadas de 1930 e 1940, período de maior profusão da bioti- pologia como ciência, esta era vista como a ciência do indivíduo, a qual estuda as constituições físicas, o temperamento e o caráter e as suas rela- ções. Assim, a biometria é a estratégia utilizada para obter as informações (medidas) necessárias para estudo (BERNARDINELLI, 1942; ROSSI, 1944; PENDE, 1955). Segundo Gomes de Sá (1975), biometria é a ciência que expõe nume- ricamente os fenômenos biológicos, buscando-se identificar a relação entre os dados e determinar as diretrizes que os regem. Para Hegg (1971), a biometria é uma área ou um ramo da biologia, que busca e estuda os elementos que podem ser medidos nos seres vivos, com o apoio da matemática e da estatística. Souza e Oliveira, (s/d) autores do Ministério da Educação e Cultura, entre 1979 e 1985, concluíram que “biometria é a ciência que estuda quan- Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 12 – titativamente os fenômenos vitais” (SOUZA; OLIVEIRA, [s.d.], p. 8). Vale destacar que isso ocorre nos três níveis do indivíduo, morfológico, fisiológico e psicológico. 1.1.3 Antropometria e cineantropometria A educação física conquistou espaço e identidade quando a prática de atividade física começou a ser sistematizada. O movimento faz parte da realidade do homem desde a antiguidade, mas a sistematização de sua prática, seja na forma de esporte, na escola, como recreação, em compe- tições, como política ou linguagem ocorreu, no geral, de modo leve. No final do século XX, o avanço das ciências passou a dar um ritmo formal para essa sistematização, gerando a necessidade de conceituar e defini-la clara e consensualmente. Após a década de 1970, publicaram-se estudos populacionais com informações sobre os benefícios das atividades e a disseminação da internet, facilitando-se o acesso à informação (ACSM, 1997; MAUD; FOSTER, 1995). Nas últimas décadas do século XX, no Brasil, houve uma discus- são sobre a nomenclatura e a formalização da área atuante com a ativi- dade física. Na escola, havia sentido chamá-la de educação física, mas no esporte e em outras áreas, era possível utilizar outros nomes. O profissio- nal poderia ou não ser o treinador, assim, em vez de educação física, deno- minações como ciência do esporte, ciência do exercício físico, e assim por diante, eram concebíveis (CONFEF, 2019). Também, nesse período, começaram-se a utilizar os termos antropo- metria e cineantropometria; que do grego, ánthrõpos, refere-se a homem e métron, à medida. Segundo o dicionário Michaelis (2019 on-line), antro- pometria é o “conjunto de técnicas de mensuração do organismo humano, ou das partes dele, utilizadas em antropologia física, somatometria” ou a estratégia de identificação de criminosos. Nesta obra, a antropometria é tratada como a estratégia para deter- minar de modo objetivo os aspectos referentes ao corpo humano e ao seu desenvolvimento, assim como sua relação com o meio e com o desempe- nho (MICHELS, 2000). Como disciplina de educação física, enfatiza-se o uso da estatística para medir, principalmente, o corpo físico e a soma do – 13 – Introdução à avaliação biológico humano. O foco principal, enquanto disciplina, consiste em ela- borar técnicas e medidas para o ser humano. Pela antropometria é possí- vel estudar a composição corporal, a proporção, o somatotipo e organizar historicamente a informação sobre essas medidas, pois é uma área-base. Conforme Martins e Waltortt (2011, p. 14), “A evolução histórica da Antropometria contribui para a Biomecânica à medida que seus méto- dos de investigação para determinação das características e propriedades da massa corporal humana evoluíram”. A antropometria teve destaque, principalmente, a partir da década de 1950, quando implementaram novas técnicas de medidas e análise de dados, além do avanço tecnológico, com equipamentos precisos. Já cineantropometria não pode ser encontrada em dicionários comuns, não por ser um termo razoavelmente novo, mas por especificar uma visão; kinesis, refere-se a movimento, e o restante da palavra já foi supracitada: antropometria. Então, podemos definir que cineantropometria é a medida do homem em movimento ou a medida do movimento do homem. A Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria (ISAK) é uma associação que estabelece e mantém o padrão internacional para a área. Segundo a ISAK, cineantropometria é a área científica rela- cionada à medida da composição corporal humana e identifica a funcio- nalidade e os movimentos do corpo humano em diferentes contextos; é a interface entre a anatomia e o movimento (ISAK, 2019). Sendo assim, ela é uma especialidade quecruza transversalmente com diversas áreas, como a educação física, esportes, ergonomia, gerontologia e medicina. Michels (2000) esclarece que os limites da cineantropometria não são totalmente claros, pois inclui a antropometria dinâmica e fisiológica em relação ao movimento. Para Ross (1988 apud MICHELS, 2000, p. 107), “a utilização da medida, no estudo do tamanho, forma, proporção, composição e maduração do corpo humano, com o objetivo de um melhor conhecimento do comportamento humano em relação ao crescimento, desenvolvimento e envelhecimento, à atividade física (exercício, rendi- mento) e o estado nutricional”. Dessa forma, a cineantropometria pode ser entendida como a área que se ocupa em medir, avaliar, estudar a forma, dimensão, proporção, Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 14 – composição, desenvolvimento e maturação do corpo em suas relações dinâmicas intra e inter indivíduos em relação ao crescimento, atividade física e nutrição (BEUNEN; BORNS, 1990; PETROSKI, 1995). 1.1.4 Testes e medidas As disciplinas de educação física podem ter vários nomes, alguns his- toricamente estabelecidos, como biometria, antropometria, cineantropome- tria; outros designados de modo prático e funcional, como testes e medidas em educação física, medidas e avaliação, e assim por diante. Mais impor- tante do que o nome de uma disciplina é a sua designação e abordagem. Então, vamos à avaliação, medidas e testes em relação à atividade física. Muitas vezes, confundem-se medidas e testes. Algumas pessoas não as diferenciam, pois nunca pararam para pensar sobre isso. Conforme o dicionário Michaelis, medida significa uma grandeza estabelecida por um instrumento de medida ou o critério de qualidade de algo. Já teste é o exame realizado para identificar a qualidade de algo, ou seja, investigá-lo (MICHAELIS, 2019). Especificamente em relação à atividade física, a medida é a estratégia usada para obter informações sobre algo e o modo de atribuir valor numé- rico ao que se está sendo medido, estabelecendo-se o aspecto quantitativo; as medidas devem ser precisas e objetivas, pois representam a propriedade, o atributo ou o desempenho que se pretende identificar. Assim, a variedade de elementos relacionada à atividade física que podem ser medidos é grande. Quadro 1.2 – Grandezas que podem ser medidas em relação ao corpo e à atividade física 2 Conhecimento 2 Nível de atividade física 2 Estatura 2 Comprimento 2 Amplitude 2 Score alcançado 2 Massa corporal 2 Desempenho motor 2 Tempo 2 Velocidade 2 Precisão 2 Frequência cardíaca 2 Pressão arterial 2 Volume cardíaco 2 Massa de gordura 2 Circunferência da coxa Fonte: elaborado pelo autor. – 15 – Introdução à avaliação Segundo Morrow et al. (1995), os testes são instrumentos ou ferra- mentas utilizados para realizar medidas; essa ferramenta pode ser escrita, como os inquéritos de nível de atividade física; oral, como anamnese na forma de entrevista; protocolo ou um aparelho utilizado para fazer a medida. O teste pode ser expresso de modo quantitativo (em escala contí- nua) ou qualitativo (em escala discreta). Não fique com dúvidas... 2 Variáveis discretas: assumem apenas um número finito ou infinito contável de valores, só fazem sentido valores inteiros. Exemplos: número de filhos, escalas (insuficiente- -suficiente, ruim-aceitável-bom). 2 Variáveis contínuas: assumem valores em uma escala contínua (na reta real), pode ter valores fracionais. É comum ser medido através de algum instrumento. Exemplos: peso (balança), altura (régua), tempo (relógio). É importante ressaltar o que são os protocolos: são a norma estabele- cida para se aplicar um teste. Por exemplo, para a medida da massa corpo- ral em balança ser cientificamente válida, ela deve ser medida conforme o protocolo que a validou como adequada ou correta. 1.2 Avaliação Após conhecer um pouco da história, da nomenclatura da disciplina didática, os seus conceitos; como podemos definir a avaliação? Segundo o dicionário Michaelis – avaliação – de modo genérico, refere-se à determinação de valores, à apreciação ou à predição de quali- dade, ou ao ato de avaliar (MICHAELIS, 2019). Além do que o dicionário estabelece, a avaliação é um processo de tomada de decisão, do julgamento de algo que foi medido (MORROW et al., 1995). Apesar de a avaliação ser um tema comum em atividade física, pode haver certa controvérsia quanto à sua importância; isso se deve, prin- cipalmente, a perspectivas diferentes. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 16 – É muito comum as pessoas chamarem de avaliação o procedimento único de aplicar um teste ou fazer uma medida ou, ainda, o resultado encontrado. Ter uma informação coletada, mesmo que seja uma variável qualitativa discreta, não a configura como avaliação. Realizar medidas, aplicar testes, avaliar os dados e não fazer algo com isso, consequente- mente, desvaloriza todo o procedimento. Saiba mais Avaliação é o “processo de tomada de decisão que está relacionado à cri- teriosa análise e julgamento das medidas” (ROJAS; BARROS, 2003, p. 18). Não é possível efetuar uma avaliação sem as medidas; e estas, por sua vez, não existem sem um método apropriado de coleta. Avaliar requer OLHAR as informações e compará-las com referên- cias já conhecidas; tais referências podem ser subjetivas, mas conforme o objetivo, é necessária uma fonte científica confiável. Um exemplo de avaliação pode ser o que os consumidores realizam: uma pessoa vai a um restaurante e no dia seguinte um amigo pergunta se o restaurante foi bom e por quê. Ao responder, a pessoa diz que foi bom, a comida estava ótima, mas o preço um pouco caro. Você sabia? Na Educação física escolar, a fita métrica (instrumento) pode ser usada para medir a estatura em centímetros (medida) de crianças em uma escola. O número final, 110 cm, 114 cm, ou alguma variante é apenas um número. Quando a estatura de uma criança for comparada com a estatura de todas as outras crianças da escola, com a mesma idade; então é possível avaliar, se a criança está com a estatura semelhante aos colegas ou não. Isso é avaliação. Na academia a mesma fita métrica (instrumento) pode ser usada para medir a circunferência (medida) da cintura de uma pessoa. A avaliação só acontece quando, por exemplo, esse número for comparado com outra medida de circunferência, que pode ser dessa mesma pessoa em outro momento. – 17 – Introdução à avaliação O julgamento que a pessoa apresentou é a avaliação; a referência é a experiência anterior, ao provar outras comidas e pagar por outras refei- ções. O número por si só tem um significado limitado. Assim sendo, as referências podem ser variadas e o momento da avaliação também pode variar, geralmente, com base no objetivo que se tem com a avaliação. 1.2.1 Tipos de avaliação Há muitas possibilidades de usar o processo avaliativo em relação ao ser humano. É importante poder contabilizar as informações a fim de registrar e resguardá-las. Para que haja qualidade, alguns critérios devem ser preservados. Quanto ao objetivo, a avaliação pode ser classificada como preditiva, motivacional, para registro, para classificar pessoas ou grupos, para avaliar um programa, e assim por diante; conforme o que o avaliador pretende com aquela informação. Quando se fala da avaliação em atividade física, os tipos mais comuns e até mesmo imprescindíveis são: a avalia- ção Diagnóstica, a Formativa e a Somativa, cujas definições são expostas a seguir (MENEZES, 2001; MORROW et al., 1995; SOUZA et al., 2017). Quando a avaliação é realizada antes de qualquer procedimento de intervenção, chama-se avaliação diagnóstica. A avaliação diagnóstica tem o objetivo de identificar o estado inicial de algo, da variável que será manipulada, a qual sofrerá a intervenção; ou seja, qualifica uma observa- ção inicial. Em se tratando de programas de exercício, a avaliação é reali- zada antesde se iniciar o programa. Com essas informações, definem-se os detalhes para alterar ou acompanhar tais medidas (MORROW et al., 1995; MENEZES, 2001a). Por exemplo, na escola, realiza-se a medida de estatura no começo do ano letivo. Nesse caso, não é possível implementar ação alguma para mudar a estatura das crianças, mas existem padrões que identificam se elas estão desenvolvendo-se adequadamente ou não quanto à estatura – são as curvas de crescimento. Então, após obter essas medidas, identifica-se se alguma delas está fora dos parâmetros esperados. Caso esteja, investiga- -se o motivo. Se a causa de a criança estar com o desenvolvimento atra- sado for uma patologia que requer cuidados especiais, quiçá, na escola, a criança necessite ser afastada das aulas de educação física. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 18 – Na academia, ao medir a circunferência da cintura de um indivíduo, o profissional poderá comparar com o parâmetro saudável adequado, e, depois, com a medida desejada pela pessoa. A partir dessa informação, do estado inicial concreto e da expectativa do solicitante, o profissional conse- gue planejar um programa com o intuito de interferir nessa circunferência. Na sequência da avaliação diagnóstica, esta deve ser utilizada para organizar a intervenção posterior, que pode ser a organização de aulas na escola (também são consideradas as diretrizes do sistema) ou a elabora- ção de um programa de exercícios. O principal é que o profissional não deve simplesmente ignorar os dados da avaliação quando faz a prescrição. Durante o processo, seja no decorrer das aulas ou do treinamento, é inte- ressante realizar novas avaliações, que não precisam, necessariamente, ser as informações da primeira coleta. Essa é a avaliação formativa, o julgamento ou a análise realizada durante um acontecimento, neste caso, durante um programa de atividade física. O objetivo principal dessa avaliação é o de identificar como está acontecendo a intervenção, se o desenvolvimento é ou não o esperado. Essa avaliação requer a necessidade de mudanças, de redirecionamentos no processo implementado. O currículo ou o programa podem ser exce- lentes, porém, isolados não fazem com que o programa seja eficaz. É necessário ser eficiente, conforme implementado, para determinada pes- soa ou uma população. Sempre podem ocorrer os erros de aplicação ou os eventos alheios à situação que interferem no processo e no sucesso planejado. Em uma escola com ótimo currículo de educação física, as aulas foram planejadas e organizadas pensando-se nos alunos e na avaliação diagnóstica deles (nesse caso, não só na medida da estatura). Porém, houve um problema estrutural, e a escola precisou mudar o sistema de aulas, em vez de dois dias com aula de educação física de 50 minutos cada, a escola passou a ter 100 minutos corridos de aula em um único dia. Sem dúvida, aquele pro- grama já não é o mais adequado para a situação. Identificá-la e tomar uma decisão com base na informação é avaliar; e esta avaliação formativa pode ser informal ou formal; um exemplo de avaliação formal é o da aplicação de testes intermediários. – 19 – Introdução à avaliação Em uma academia, caso o cliente disponibilize de três dias na semana, por seis meses, o programa e o planejamento de exercícios devem ser fei- tos para essa situação. As ausências aos treinos devem ser observadas e avaliadas como um interveniente que gere nova programação. Também, é cabível agendar uma data para realizar uma nova sequência de testes antes do prazo final para o programa. Geralmente, essas situações formais para a avaliação formativa fornecem dados mais completos e semelhantes (parcial ou totalmente) aos iniciais e finais. Contudo, a mais esperada é a avaliação somativa. Esta avaliação pretende qualificar o produto final da intervenção realizada, ocorrendo ao final do processo, a fim de identificar a mudança ocorrida do início ao final do período ou, ainda, para identificar se o programa obteve êxito, alcançando-se o objetivo pretendido. A maioria das pessoas já realizou prova ao final do ano letivo; esse é o exemplo clássico de avaliação somativa. Na escola pode ser a avalia- ção que fornece a nota para a disciplina de educação física. No período tecnicista, a avaliação somativa era comumente realizada com base na performance física e técnica; assim sendo, ela pode ser teórica ou prática. A grande questão sobre a avaliação somativa na aula de educação física escolar é a de que não pode ser desenvolvida apropriadamente se os obje- tivos do programa não forem claros. No treinamento esportivo, a avaliação somativa não significa pro- priamente o final, a conclusão de um programa; para os atletas, esse tipo de avaliação pode ocorrer na competição, buscando-se o resultado esperado com o treinamento ou até ser escolhido (ou não) para integrar uma seleção. Na academia existe uma barreira para a avaliação somativa, pois a maioria dos clientes tem dificuldade em cumprir um programa do início ao final como o esperado; sendo comum ao processo haver uma sucessão de avaliações diagnósticas e formativas. Para os clientes que completam um programa, por exemplo, com a chegada do verão, a avaliação somativa é aquela que identifica se os objetivos traçados foram alcançados. Quando avaliadas as valências físicas, é significante considerar que cada uma tem o seu tempo determinado para uma resposta. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 20 – Uma ressalva sobre a atividade física: há muitas possibilidades ava- liativas, podem-se avaliar uma pessoa, grupo ou programa; variáveis indi- viduais fisiológicas, antropométrica e de desempenho; estilo de vida e par- ticipação; associação com outras variáveis etc. 1.2.2 Avaliação referenciada Como supramencionado, a avaliação só ocorre se a informação coletada for julgada em relação a alguma referência previamente esta- belecida; essa referência pode ser por norma ou por critério (MORROW et al., 1995). A avaliação referenciada por norma identifica como uma informa- ção específica se comporta em relação às informações (do mesmo tipo) de um determinado grupo. É fundamental que esse grupo ou subgrupo seja específico. Segundo Arruda et al. (2010, p. 50), na avaliação por norma “os escores brutos são interpretados mediante comparações com um grupo normativo, correspondendo ao que ocorre usualmente e tendo base na fre- quência de ocorrência de um fenômeno dentro de uma amostra represen- tativa da população considerada normal”. Por isso, é comum serem usadas tabelas de percentil para essa comparação. Por exemplo, analisar como está a estatura de uma criança A em com- paração com as estaturas de crianças com a mesma idade no país; diante das estaturas desse grupo, a criança A pode estar abaixo da esperada. Essa mesma comparação pode, ainda, ser usada para classificar a criança para integrar uma equipe de treinamento esportivo ou exercer uma posição em um time. Já a avaliação referenciada por critério utiliza um elemento pon- tual para dividir níveis específicos, geralmente identificado como: alcan- çou ou não alcançou o objetivo; assim, identifica-se se o valor obtido está em uma área desejável ou não. Um exemplo de avaliação referenciada por critério ocorre na seleção de atletas que representarão o país em uma olimpíada; não é suficiente o atleta ter o melhor desempenho do seu país, ele também precisa alcançar a marca (resultado) mínima para a prova no evento. – 21 – Introdução à avaliação 1.3 Propriedades psicométricas dos testes e medidas Segundo Souza, Alexandre e Guirardello (2017, p. 650), Propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados (questionários, testes, medidas) são características (elementos ou variáveis) que indicam que o instrumento oferece precisão na informação coletada, que fornecem resultados cientificamente robustos; são considerados entre as “principais propriedades de medidade instrumentos a confiabilidade e validade. Propriedades, características ou variáveis psicométricas, o que significam? Essas são diferentes nomenclaturas, usualmente, designam o mesmo conteúdo ou função. A psicometria é uma área que identifica o que não se altera de uma pessoa para outra; assim, encontra indicadores, na variável estu- dada, que fortalecem a crença da qual as informações não mudam apenas pela individualidade das pessoas. Uma análise psicométrica tem como objetivo verificar as qualidades de um teste (ERTHAL, 2001; NORONHA, 2003). Chama-se de psicometria ou método psicométrico a análise estatística que fornece base para a construção de testes e organização das informações cole- tadas; os testes psicométricos, em geral, são quantitativos (ERTHAL, 2001). A avaliação é significativa no trabalho relacionado ao exercício físico, uma vez que as características do exercício incluem, justamente, serem sistematizado, programado e com objetivo claro; pois isso, não é possível sem a avaliação. Para que a avaliação aconteça com bom desempenho, ela necessita de parâmetros adequados como referência, deve ter o objetivo claro quanto ao que se espera da avaliação e o que se espera do programa de exercício físico. É necessário, como forma de avaliar, o uso de testes e medidas que realmente identifiquem as informações desejadas. Mas como identificar se esses testes e medidas são bons e seus resultados são confiáveis? Evidentemente, o primeiro elemento essencial é ter o conhecimento técnico para saber qual o domínio que será avaliado e quais as possibili- dades existentes; por exemplo, se uma pessoa quer obter uma medida de resistência cardiorrespiratória, deve-se ter a noção de quais parâmetros Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 22 – ou variáveis podem fornecer essa informação, para, então, procurar por testes que identifiquem essa variável. Diante de algumas possibilidades, como uma lista de testes que aparentemente podem ser usados, é impor- tante avaliar quais deles são confiáveis, os que realmente identificam ou as variáveis desejadas. Com isso, é possível aplicá-lo e verificar se é um bom teste para avaliar o público pretendido. Para resultados embasados cientificamente, é necessário fazer esco- lhas com critérios científicos. Neste caso, esses critérios são conhecidos como variáveis psicométricas. A qualidade da informação obtida pelos testes ou instrumentos depende em grande parte de suas propriedades psi- cométricas; o “pesquisador deve permanecer atento para a escolha de um instrumento adequado e preciso, de modo a garantir a qualidade de seus resultados” (SOUZA et al., 2017, p. 650). A figura seguinte representa visualmente como será a avaliação con- forme a validade e confiabilidade dos instrumentos utilizados. Figura 1.2 – Representação visual da relação entre confiabilidade e validade Fonte: Souza et al. (2017, p. 650). É interessante observar esse esquema de alvos; se as tentativas forem confiáveis, serão semelhantes, mas se não forem válidas estarão longe do alvo pretendido; no segundo alvo cada tiro foi certeiro, mas nenhum foi na mesa direção, válido, mas não confiável. No terceiro alvo é visível uma tendência, algo fez com todos os tiros tivessem a mesma tendência, para um lado, mas continuaram sendo cada um em sua própria direção, não válido e não confiável. Finalmente, os tiros vão na mesma direção, do objetivo previamente traçado, e apesar de sua tendência individual, todos se assemelham no resultado, foram consistentes. – 23 – Introdução à avaliação Há certa controvérsia, ou discussão saudável, entre os pesquisado- res sobre o que é necessário para que um teste seja adequado. Duas das principais propriedades psicométricas são a validade e a confiabilidade (expressa como reprodutibilidade e objetividade), tanto que, geralmente, quando se pretende dizer que um teste é adequado, diz-se que ele é válido. Sendo assim, antes de comentar algumas variáveis psicométricas, o qua- dro a seguir pode mostrar um pouco dessa discussão. O quadro 1.3 expõe as variáveis mais frequentes nos textos cientí- ficos, segundo alguns autores; isso não significa que essas são as únicas possibilidades, mas provavelmente o processo de validação de testes reco- nhecidos passou pela definição teórica desses indicadores. Quadro 1.3 – Critérios para a avaliação da qualidade de um teste Autor Critérios Miller Validade Reprodutibilidade Objetividade Aplicabilidade Safrit e Wood Validade Reprodutibilidade relativa 2 Consistência interna 2 Estabilidade 2 Reprodutibilidade interavaiador (objetividade) Reprodutibilidade absoluta Hastad e Lacy Validade Reprodutibilidade Objetividade Aplicabilidade Thomas e Nelson Validade Reprodutibilidade Reprodutibilidade interavaiador (objetividade) Fonte: Rojas e Barros (2003). Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 24 – Observe que no quadro anterior não aparece o termo confiabilidade. Isso se dá porque a confiabilidade se refere à possibilidade de repetir a informação sob as mesmas condições. Assim, atualmente é mais comum que em vez de usar esses termos, os estudos se refiram a elementos que estabeleçam a confiabilidade, a objetividade e a reprodutibilidade. 1.3.1 Erros na coleta Os erros que podem acontecer nas avaliações, muitas vezes, são dei- xados de lado, não só no julgamento em si, mas também na coleta de dados e no modo como as informações foram identificadas. Ao selecio- nar um teste é fundamental que o objetivo dele seja o mesmo que se tem com a coleta de dados; em seguida, é imprescindível seguir o protocolo de acordo com o descrito e validado, dessa maneira, o resultado deve ser avaliado (julgado) em relação a referências elaboradas, ou validadas, para esse mesmo teste ou instrumento. Figura 1.3 – Processo de tomada de decisão para a seleção de um teste Fonte: elaborada pelo autor. Mesmo quando o teste é adequadamente escolhido e o protocolo seguido à risca, há, ainda, a chance de haver erros. Eles podem ocorrer na coleta, quando um dos instrumentos utilizados não estava adequadamente aferido. Um exemplo simples sobre isso é quando se pretende medir a esta- tura de uma pessoa a partir de fita métrica colada na parede; o protocolo designa que para a medida ser confiável, ela não deve ter o rodapé na parede, pois, havendo, altera-se a medida. Se todas as medidas forem executadas no – 25 – Introdução à avaliação mesmo local e do mesmo modo, isso é um erro constante, que interfere na qualidade da medida, mas provavelmente não irá interferir em análises rea- lizadas sobre esses dados porque todos são igualmente atingidos pelo erro. 1.3.2 Confiabilidade ou fidedignidade Identificar a confiabilidade e a validade é imprescindível para considerar a qualidade de um teste; posteriormente, a validade será abor- dada. Sobre a confiabilidade, há uma discussão devido à nomenclatura no Brasil; em inglês, o termo é reliability, que representa a consistência ou a possibilidade de repetir uma observação (ou medida) (MORROW, 1995). O termo original em inglês, reliability, pode ser traduzido como con- fiabilidade, mas acabou sendo transcrito, no Brasil, também, como fide- dignidade; então, é possível encontrar os dois termos em livros e artigos. A reprodutibilidade se refere à consistência dos dados coletada em situações semelhantes, é a consistência mantida em medidas repeti- das. Em alguns casos, essa característica é chamada de estabilidade ou de consistência. Pode ser identificada com a estratégia de teste-reteste; deve ser usado o mesmo avaliador, com os mesmos instrumentos, com o menor intervalo possível entre as medidas; pois o tempo entre as medi- das aumenta a chance de surgirem fatores, externos ao teste, que possam interferir no resultado (MORROW et al., 1995; ROJAS; BARROS, 2003; SOUZA et al., 2017). Um exemplo de reprodutibilidade é visto quando um avaliador exe- cuta duas vezes consecutivas (intervalopequeno) as medidas da circunfe- rência de uma pessoa na academia. Outro elemento muito importante é a objetividade, que diz respeito ao quanto é possível repetir resultados com avaliadores diferentes apli- cando-se um teste. Para ser identificada, é fundamental que os avaliadores sigam o mesmo procedimento. Objetividade é a reprodutibilidade intera- valiadores; certamente, pessoas diferentes podem ter características pes- soais distintos; mas ao seguirem as mesmas instruções o resultado deve ser semelhante, para que o teste seja considerado objetivo; essa caracte- rística também pode ser encontrada como equivalência em alguns artigos (MORROW et al., 1995; ROJAS; BARROS, 2003; SOUZA et al., 2017). Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 26 – Tanto a reprodutibilidade quanto a objetividade não podem ser esta- belecidas com medidas únicas, o teste deve passar por uma análise esta- tística, com um bom número de dados disponíveis para avaliar se há dife- rença significativa entre eles ou não. Sem esse tipo de análise ou se as amostras forem muito pequenas é possível que um resultado ocasional apareça como relevante. Sobre a confiabilidade ou sobre a reprodutibilidade e a objetividade, ainda, pode-se dizer que um teste ou instrumento “pode ser reprodutível, mas não ser válido e, do mesmo modo, pode ser objetivo e não ser válido. Entre- tanto, para ser considerado válido, todo instrumento deve apresentar bom nível de reprodutibilidade e objetividade” (ROJAS; BARROS, 2003, p. 21). Dica: ao buscar informações sobre um teste, primeiro identifique se é reprodutível, pois só se for reprodutível ele será objetivo. Uma vez identificada a reprodutibilidade e a objetividade, passa-se para o pró- ximo passo – a validade – pois é possível que um teste seja reprodutível sem ser válido. 1.3.3 Validade Validade é um termo muito utilizado, inclusive de modo generali- zado, como sinônimo de que algo é real ou realmente funciona. Cienti- ficamente, validade é um termo sutil, e se refere à certeza que se tem de estar medindo algo que realmente se pretende entender, estabelecendo a precisão de um teste (ROBERTS et al., 2006; ROJAS; BARROS, 2003). A validade não pode ser generalizada, deve ser restrita à situação específica na qual foi provada (MORROW et al., 1995), não só quanto aos instru- mentos e aos testes, mas como à população e aos procedimentos. Não é suficiente usar um teste válido, antes, deve-se escolhê-lo por sua validade, a fim de se realizar a medida a qual ele se propõe a medir, na população escolhida para essa finalidade, e diante da possibilidade de uso conforme as instruções de aplicação estabelecidas. A validação completa de um teste passa por alguns critérios, que podem ser parcialmente consistentes, assim, existem alguns tipos de vali- dade. Segundo Rojas e Barros (2003), há critérios quantitativos e quali- – 27 – Introdução à avaliação tativos ou interpretativos, que estabelece a validade de um teste, desta- cando-se que a subjetividade deve ser pequena. Podem ser considerados como tipos de validade: a validade de face, a validade de conteúdo, a validade de constructo, a validade concorrente, e a validade preditiva. Na figura seguinte está demonstrado como a subjeti- vidade presente em cada tipo de validação pode influenciar no argumento para a validade que cada uma apresenta. Figura 1.4 – Relação inversa entre subjetividade e argumento para validade Subjetividade Tipo de Validação Argumento para Validade Face Conteúdo Constructo Concorrente Preditiva Fonte: elaborada pelo autor. A validade de face é a estratégia de menor consistência para validar um teste; também chamada de validade lógica ou aparente. Para Oliveira (2011, p. 6), “é obviamente mais pertinente ao significado do conceito do que ao significado de outro conceito”, e ocorre quando se verifica que o instrumento consegue obter as informações pretendidas. Sem análise esta- tística envolvida, é uma estratégia na qual a reflexão e a observação estão fortemente presentes. A validade de conteúdo, algumas vezes, é mencionada como de face ou lógica; mas há um identificador claro para ela, pois se refere ao modo como o conteúdo de um instrumento (geralmente, algum tipo de inqué- rito) aborda a teoria elaborada a partir de fragmentos de construção mental sobre o fator avaliado; é a “avaliação do quanto uma amostra de itens é representativa de um universo definido ou domínio de um conteúdo” (SOUZA et al., 2017, p. 652). É habitual usar a validação de conteúdo para inquéritos ou questioná- rios, especialmente, na área da saúde, mas também em diversas áreas que Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 28 – prezam pelo cuidado da construção mental do instrumento. A avaliação de conteúdo é fundamental para transcender os conceitos abstratos de fatores que possam ser avaliados. Os elementos teóricos podem estar nas instru- ções, perguntas ou opções de resposta, tanto separadamente como em sub- grupos e/ou como um todo; é imprescindível para a elaboração de questio- nários e adaptação de instrumentos, mas não deve ser usado como único indicador psicométrico para validação (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Não são usados testes estatísticos para estabelecer a validade de conteúdo, esse processo é, geralmente, feito a partir da análise de especialistas. Em uma avaliação escolar é possível identificar cada questão da prova como um elemento que deve expor o conteúdo trabalhado na disci- plina. Para exemplificar essa validação em atividade física, pode-se reali- zar um teste de basquetebol, contendo os aspectos teóricos que abrangem o conhecimento envolvido no esporte; como identificar as habilidades ou as tarefas motoras do basquetebol ou testar os componentes motores de uma habilidade esportiva. A ideia é: quando uma pessoa analisa a teoria e o teste, deve ser possível identificar a relação existente. Outra estratégia teórica é a validação por constructo, utilizada para validar medidas que não podem ser observadas porque sua existência é teórica, como o comportamento. Essa validação é fundamentada no con- teúdo e na estatística, pois sua verificação precisa da aplicação do ins- trumento em grupos que sabidamente têm resultados diferentes; então, os dados obtidos são comparados pelas estratégias estatísticas (ROJAS; BARROS, 2003; MORROW et al., 1995). A validação ocorre quando o instrumento identifica o resultado previamente conhecido. Para a identifi- cação dessa validade, utilizam-se o teste de hipóteses, a validade estrutural ou fatorial e a validade transcultural (SOUZA et al., 2017). Em uma análise clássica, Disch e seus colaboradores (1979 apud MORROW, 1995) buscaram classificar atletas femininas de atletismo com base em algumas variáveis motoras. Das 41 atletas, 38 foram correta- mente classificadas conforme suas especialidades – velocistas, saltadoras, arremessadoras e corredoras de longa distância. Com a elaboração dessa bateria de testes, o objetivo era o de compor um instrumento que pudesse orientar as especialidades nas quais as atletas estivessem aptas para um bom desempenho. – 29 – Introdução à avaliação Quadro 1.4 – Exemplo de ficha de análise de desempenho do salto em distância passada pela validação de conteúdo Assinale sim ou não para cada característica dos elementos do salto em distância. Some a quantidade de SIM assinalados. Dúvidas ou observações, anote na última coluna (OBS). Nome: Idade: Avaliação técnica de salto em distância – atletismo Elemento Técnica Soma de SIM OBS. Corrida Progressiva ( ) sim ( ) não coordenação de membros ( ) sim ( ) não sem sobressalto ( ) sim ( ) não Impulsão Tábua ( ) sim ( ) não manteve o ritmo ( ) sim ( ) não coordenação de membros ( ) sim ( ) não ( ) queimou Voo joelho e braços altos ( ) sim ( ) não arco (tronco) ( ) sim ( ) não membros para frente ( ) sim ( ) não Queda com os pés ( )sim ( ) não quadril e tronco para frente ( ) sim ( ) não Final não sentou ( ) sim ( ) não saiu pela frente ( ) sim ( ) não Fonte: elaborado pelo autor. Segundo Souza et al. (2017, p. 654), A validade de construto é a extensão em que um conjunto de vari- áveis realmente representa o construto a ser medido. A fim de esta- belecer a validade de construto, geram-se previsões com base na construção de hipóteses, e essas previsões são testadas para dar apoio à validade do instrumento. Quanto mais abstrato o conceito, mais difícil é estabelecer a validade de construto. Já a validação de critério acontece quando o teste a ser avaliado é comparado com um critério externo, sendo geralmente uma medida sabi- damente precisa, ou seja, um teste comprovadamente (ou aceito como) válido. Se essa referência for, de fato, sólida, é chamada de padrão-ouro, o que significa que é uma medida confiável inclusive para validar outros instrumentos. Essa validação ocorre pela análise estatística que estabelece a relação entre os dados coletados com o instrumento avaliado e o crité- Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 30 – rio escolhido. Sendo assim, também é chamada de validade estatística ou validade correlacional (MORROW et al., 1995; OLIVEIRA et al., 2011; SOUZA et al., 2017). Na validade de critério é possível diferenciar dois tipos: a concor- rente ou concomitante, e a preditiva. Na validade concorrente é feita a comparação das medidas obtidas por meio do padrão-ouro ou critério, e do instrumento avaliado; a coleta com os dois instrumentos é feita no menor período de tempo possível, para que não haja mudança da informação avaliada; muitas vezes, as medidas ocorrem no mesmo evento (SOUZA et al., 2017; OLIVEIRA et al., 2011; MORROW et al., 1995). Um exemplo de validação concorrente é quando se quer validar um novo teste indireto para a medida de VO2máx; o padrão-ouro é a medida direta de VO2máx em laboratório, com analisador de gases e controle de variáveis metabólicas. Então, as pessoas são avaliadas nesse protocolo e, quando pos- sível, devem ser testadas no instrumento ao qual se deseja validar. Devido ao tipo de variável – que provoca desgaste físico –, as medidas não serão segui- damente, pois é necessário que haja um descanso entre as aplicações. Já a validação preditiva, conforme Rojas e Barros (2003, p. 23), “corresponde ao procedimento mais rigoroso para estabelecer a validade de um teste. Neste caso procura-se identificar se um teste é capaz de pre- dizer um desempenho futuro”. O procedimento, como o próprio nome indica, compete a validar o instrumento no qual prevê o que acontecerá futuramente quanto à variável analisada. Como exemplo de predição, identifica-se o comportamento quanto à prática de exercício físico e, no futuro, verifica-se a ocorrência de proble- mas cardiovasculares; uma vez estabelecida a relação – estatisticamente –, é possível usar essa informação para prever se as pessoas têm maior ou menor chance de desenvolver algum problema cardiovascular. Conclusão Conhecer conceitos básicos, definições e histórico é importante quando se deseja uma formação consistente; isso acontece também na área de avaliação em torno da atividade física e educação física, especialmente, para obter informações confiáveis. – 31 – Introdução à avaliação Vimos como foi a sequência histórica para a organização da área que envolve a avaliação relacionada à atividade física. Vale observar que nem sempre a atividade física foi considerada cientificamente, e nem que houve uma profissão que a tratasse disso. Então, o conhecimento dessa área se confunde com a história de outras áreas, como da medicina, no que diz respeito às medidas do corpo humano; e psiquiatria e psicologia, quando da associação entre o formato do corpo e a personalidade ou o comportamento. A abordagem não foi aprofundada, pois o objetivo foi o de contextualizar e informar sobre como se iniciou a prática de medidas relacionadas à atividade física, mas nas referências há algumas sugestões específicas sobre o assunto. Apesar de a nomenclatura cineantropometria se mostrar como futuro para a área que trata de medidas, testes e avaliações, é mais comum que se trate toda a área de aplicação de testes como avaliação. Mas avaliação é um processo definido, é a análise que leva a conclusões e a ações sobre os elementos representados pelas medidas e testes realizados. Já as medidas e testes são a estratégia utilizada para coletar informações que precisam ser analisadas (avaliadas) para levar a ações (intervenções) para manter ou melhorá-los. Essas ações podem ser planos de ensino ou aulas na educa- ção física escolar, programas de exercício com objetivos específicos etc. Já as características psicométricas muitas vezes passam despercebi- das quando se observa os testes e os protocolos clássicos. Contudo, para selecionar adequadamente um teste, é fundamental observar critérios que deem consistência e credibilidade para as informações coletadas. Há uma tendência que com o tempo as informações sejam simplificadas, restando o protocolo funcional para a aplicação dos testes ou, ainda, pode haver variações que nem sempre foram validadas. No caso de testes clássicos, observa-se que o teste tem protocolo de aplicação e referência para o público ao qual será utilizado, mas a falta de critérios robustos, como as propriedades psicométricas, configura-o como um fator de fragilidade. Ampliando seus conhecimentos O texto abordou as questões de validade, mas para apresentar a teo- ria completa sobre o assunto seria necessário um extenso material, o que Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 32 – não é necessário para conhecer e aplicar testes e medidas. Em estudos posteriores – geralmente com o objetivo de desenvolver testes – é possí- vel conhecer mais sobre as características psicométricas, metodologia de pesquisa e estatística. No quadro a seguir está reproduzido a informação de Souza et al. (2017, p. 656), detalhando algumas estratégias para a validade de constructo. Quadro 1.5 – Tipos de validade, com respectiva definição e testes utilizados Tipo de validade Definição Exemplo Testes estatísticos Técnica de grupos conhecidos Grupos diferentes de indivíduos rea- lizam o preenchi- mento do instru- mento de pesquisa e depois os resulta- dos dos grupos são comparados. Um teste que ava- lia qualidade de vida pode ser apli- cado a um grupo de pacientes com doença crônica e a um grupo de jovens saudáveis. Espera-se encon- trar diferenças nos escores de quali- dade de vida entre esses grupos. Teste de hipó- teses Validade convergente É obtida pela cor- relação do instru- mento focal com outro instrumento que avalie um cons- truto similar, espe- rando resultados de altas correlações entre os dois. Na aplicação de dois instrumentos que avaliam a satis- fação no trabalho, espera-se obter for- tes correlações. Teste de cor- relações – 33 – Introdução à avaliação Tipo de validade Definição Exemplo Testes estatísticos Validade discrimi- nante Testa a hipótese de que a medida- -alvo não está relacionada inde- vidamente, com construtos diferen- tes, ou seja, com variáveis das quais deveria divergir. Um instrumento que avalia motiva- ção deve apresentar baixas correlações com um instru- mento que mede autoeficácia. Testes de cor- relações Validade estrutural ou fatorial Testa se uma medida capta a dimensiona- lidade hipotética de construto. Pesquisadores que- rem testar se algu- mas características do ambiente de tra- balho como a auto- nomia e o feedback são preditoras da satisfação profis- sional. Análise fato- rial e mode- lagem de e q u a ç õ e s estruturais Validade transcultural Medida em que as evidências supor- tam a inferência de que o instrumento original e um adap- tado culturalmente são equivalentes. Um instrumento que avalia a satis-fação no trabalho que foi traduzido e adaptado cultu- ralmente para um outro contexto deve possuir um desem- penho similar à versão original do instrumento. 2 T r a d u - tores e retrotra- d u t o r e s indepen- dentes 2 C o m i t ê de espe- cialistas 2 Pré-teste Fonte: Souza et al. (2017, p. 656) (reprodução parcial). Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 34 – Atividades 1. Elabore um texto inédito explicando o significado de medida, teste e avaliação (entre 10 a 15 linhas). 2. Descreva exemplos para expor três tipos de avaliação quanto ao objetivo. 3. Explique a diferença entre avaliação referenciada por norma e por critério. 4. Descreva o que é e como é desenvolvida a reprodutibilidade de um teste. 2 Objetivos e estratégias de avaliação Em qualquer atuação profissional, quando se planeja medir ou mensurar algo, essa ação se deve a algum objetivo; certa- mente, não é produtivo realizar medidas às quais não serão utilizadas ou que não trarão um retorno para o processo desen- volvido. Essa questão deve estar presente, em especial, quando a atuação profissional se refere ao atendimento em pessoas, grupos ou individual. Em relação à atividade física, em muitas situações se rea- lizam medidas nas pessoas e no seu desempenho sem que essas informações sejam utilizadas como referência no processo de prescrição e orientação. Em alguns casos, as medidas servirão para comparar e identificar mudanças ocorridas com a interferên- cia do exercício físico; nesse contexto, o desgaste (ex.: tempo, equipamento) deve ser coerente com a qualidade das informações. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 36 – Com base no exposto, este conteúdo discute a relação entre os objeti- vos e as estratégias para se chegar a esse objetivo em distintos ambientes. A discussão analisa os diferentes contextos nos quais se trata da atividade física, como no ambiente escolar, em academias de ginástica, equipes esportivas, ambientes de lazer ativo e ambiente de trabalho. O objetivo esperado com a atividade física deve ser o condutor para selecionar os testes e as medidas a serem realizados. O principal objetivo da avaliação, em qualquer momento, é o de identificar e acompanhar a pessoa e o seu desempenho em relação à atividade desenvolvida. Assim sendo, discutiremos aqui as características relativas ao objetivo da avalia- ção e à atuação profissional na área da atividade física. Em um segundo momento, abordaremos as estratégias de identifica- ção do público com o qual se pretende trabalhar. As variáveis que se refe- rem, principalmente, ao comportamento das pessoas as quais tencionamos atender não têm sido bem utilizadas para auxiliar o trabalho que visa pro- mover a atividade física e prescrevê-la com maiores chances de sucesso, pois, com isso, a permanência do indivíduo na atividade aumenta. Esses determinantes para a aderência na atividade física já não são apenas ele- mentos teóricos reflexivos para medidas populacionais, pois passaram a ser instrumentos de trabalho do profissional atuante com a atividade física. Apresentaremos aqui os instrumentos de medida pouco difundidos, mas que podem ser usados beneficamente, em especial, aos grupos que participam de programas, visando mantê-los e, assim, promover melhoria significativa em qualidade de vida e condição de aptidão física. 2.1 Domínios e tipos de avaliação O ambiente comumente avaliativo para crianças e adolescente é a escola, então, esse será o ambiente mais comentado aqui; o que não signi- fica que o conteúdo exclusivo à escola. Para evitar outro equívoco, muitos pensam em avaliação escolar restrita apenas aos testes que geram notas para aprovar ou reprovar as crianças, pois a avaliação vai além da classificação. Lembrando que a medida é o ato de identificar os dados (medir), seja os de conhecimento, psicomotores ou de atitude, e que a avaliação se – 37 – Objetivos e estratégias de avaliação refere à obtenção, ao registro e à análise (ou julgamento) de informações; destacaremos alguns tipos de avaliação: de classificação, diagnóstica, para estabelecer objetivos, formativa, preditiva, motivadora, de registro ou acompanhamento e de evolução e somativa (MAUD et al., 1998). Pensando-se na situação do profissional que trabalha com a atividade física, têm-se vários domínios a serem medidos e avaliados, e os objetivos podem ser estabelecidos conforme cada um deles. Os principais domínios ava- liados em relação à atividade física são o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. Esses objetivos podem sofrer variações, entre elas: a de conhecer uma variável (característica) referente a uma pessoa, a de identificar um grupo populacional, a de auxiliar o profissional a conhecer um aspecto da aptidão física ou, ainda, verificar se um atleta tende a ser um expoente em sua modalidade. 2.1.1 Tipos de avaliação Quando um profissional assume uma posição e uma responsabili- dade, como no caso de um professor, pesquisador ou técnico, é funda- mental dominar o que irá trabalhar. Logo de início, a área de atuação do profissional já expõe algumas opções de domínios a serem trabalhados e de objetivos a serem alcançados. No entanto, vale ressaltar como exemplo que o objetivo de um professor não é mesmo de um técnico. O contexto influencia o objetivo da avaliação, sendo ele escolar, o pro- pósito terá relação com o trabalho junto à área escolar, e, assim por diante; o contexto da atuação profissional delimita os objetivos a serem estabelecidos. No passado, houve uma linha considerada referência para a atividade física independente do ambiente, pois essas linhas de pensamento exaltavam a preparação física para servir a pátria ou para desempenhar resultados espor- tivos de modo competitivo (VALLE, 2002). Atualmente, esse pensamento não atinge todos os espaços; os objetivos avaliativos podem ser definidos para cada contexto, haja vista coincidências ou aproximações. A partir do objetivo é necessário estabelecer qual é o tipo de avalia- ção a ser realizada e qual o domínio a ser abordado, e, posteriormente, identificam-se às variáveis e os testes ou medidas a serem realizados. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 38 – Figura 2.1 – Esquema gráfico demonstrativo do objetivo Fonte: elaborada pelo autor. 2.1.1.1 Avaliação diagnóstica Em qualquer posição que o profissional atue, a primeira avaliação a ser realizada é a diagnóstica, pois seja na preparação de um plano de cur- rículo escolar ou de um programa de treinamento, não há como planejar e executá-lo sem identificar a base e os elementos com os quais trabalhará. A avaliação diagnóstica tem o objetivo de identificar o estado inicial de algo, da variável manipulada, a qual sofrerá intervenção; refere-se a qua- lificar dada observação inicial. A avaliação diagnóstica, muitas vezes, ocorre antes dos objetivos da atividade física serem consolidados, pois pode fornecer informa- ções que irão colaborar com o estabelecimento desses objetivos, como quando se tem um grupo que precisa ser dividido conforme sua carac- terística a fim de inseri-los em grupos de trabalho diferentes; alguns serão direcionados para equipes de treinamento esportivo, outros para a prática de lazer ou para melhorar a aptidão física relacionada à saúde (MORROW, 1995). – 39 – Objetivos e estratégias de avaliação Essa análise fornecerá o quadro inicial para que o profissional iden- tifique os pontos fracos e os fortes, as necessidades, enfim, como a pessoa está quanto às variáveis observadas; assim, é possível definir os objetivos específicos e uma hierarquia para as ações desenvolvidas. É muito difí- cil, para não dizer impossível, coletar todos os dados sobre uma pessoa, mesmo restringindo às áreas de atuação da educação física; dessa maneira, para tornar a coleta de dados realista e viável, é necessário estabelecer alguns parâmetros. A avaliação diagnóstica é realizada antes de qualqueratividade ini- ciada, e é constituída a partir do objetivo inicialmente definido para o tra- balho. Quanto a isso, pode parecer contraditório, uma vez que a avaliação diagnóstica identifica o nível inicial do elemento avaliado, é possível pensar que o objetivo só será estabelecido após o conhecimento da necessidade da pessoa avaliada. Mas na educação física, falando-se em atividade física e avaliação, têm-se dois objetivos a serem observados: o primeiro é o da inter- venção; e o segundo da avaliação (DOMINGOS; GONÇALVES, 2015). Por exemplo, uma pessoa que deseja iniciar um programa de emagreci- mento com o exercício físico; antes que ela faça qualquer atividade já existe um objetivo – para o programa de exercícios, o emagrecimento. O objetivo do programa de exercícios é o de emagrecer. Para elaborar esse programa é necessário saber qual o nível de risco quanto à saúde e como está a aptidão física do indivíduo. Então, realiza-se uma avaliação diagnóstica com a fina- lidade de determinar o risco que a pessoa apresenta e o desempenho quanto à sua aptidão física. Observe que o objetivo da pessoa no programa de exer- cícios é estabelecido antes de sua participação (geralmente, é o impulsiona- dor para a prática), mas a avaliação tem objetivo distinto, relacionado com a instrumentalização da prescrição do exercício. Nesse exemplo, imaginamos que a aptidão cardiorrespiratória está muito abaixo dos outros componentes de aptidão física; nesse caso, o resultado da avaliação (aptidão cardiorrespi- ratória baixa) gera novos objetivos para o programa de exercícios (melhorar a aptidão cardiorrespiratória). Essa é uma demonstração de como o processo é dinâmico e está sempre em recomposição. Lembrando-se que uma das principais características da avaliação diagnóstica é ser realizada antes da intervenção, para compreendê-la, dizemos que esse processo é, também, de avaliação para estabelecer obje- Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 40 – tivos ou de classificação. Então, vamos identificar quais as características destes dois tipos. Estabelecer objetivos é uma das características da avaliação diag- nóstica; pode ocorrer em diferentes momentos, por isso, consta entre os tipos. Essa é a situação já mencionada, na qual o resultado da avaliação identifica as necessidades e as prioridades da intervenção, ou seja, estabe- lece os objetivos específicos da intervenção a ser realizada (MARQUES; KRUG, 2008). Tenha em mente ... Avaliação é a análise ou o julgamento reali- zado a partir das informações coletadas. Intervenção é a ação (exemplos: aula, programa de exercícios, palestra) realizada com a atuação do profissional de educação física. Por exemplo, em uma equipe esportiva de voleibol, o treinador rea- liza uma avaliação para estabelecer os objetivos quanto aos elementos táti- cos de jogo de sua equipe. Ele aplicará testes para identificar o que consi- dera importante, então, a partir dos resultados, estabelece os objetivos dos treinamentos táticos da equipe; pode-se, inclusive, alterar a quantidade de treinamentos necessários. Então, para realizar uma avaliação é necessário ter uma finalidade, mas esta pode ser a de conhecer o estado da pessoa (ou grupo) para, então, usar esse resultado da avaliação a fim de estabelecer os fins interventivos. Agora, mencionando a área de academias, quando um novo cliente se inscreve em busca de obter melhora na saúde, ele deve passar por uma ava- liação diagnóstica a fim de identificar a sua condição inicial, especialmente quanto à aptidão física e aos fatores de risco. Para a organização do programa de exercícios, é mais proveitoso determinar os objetivos específicos, e, geral- mente, há a necessidade de priorizar algumas variáveis no planejamento; então, destaca-se a característica de avaliação para estabelecer objetivos. Usando-se, ainda, o exemplo anterior, podemos observar as caracte- rísticas de mais um tipo de avaliação – avaliação para classificação –, – 41 – Objetivos e estratégias de avaliação ocorre, principalmente, antes ou no início de intervenções. Esta avaliação também é uma das características da avaliação diagnóstica (MORROW et al., 1995; MAUD; FOSTER, 1995). No caso desse exemplo, isso aparece porque as variáveis devem ser comparadas com normas e critérios pré- -estabelecidos a serem classificados. Já em intervenções com grupos de pessoas, a avaliação para classificação se destaca, pois, para direcionar as pessoas para a composição de grupos afins é necessário classificá-las conforme características predefinidas, como a idade, o objetivo principal, os fatores de risco, e, assim por diante. Um exemplo de avaliação para classificação não associada à diag- nóstica é quando se realiza, em um ambiente de trabalho, a avaliação de desempenho em diferentes tarefas, para, então, orientar as pessoas às tarefas mais produtivas. Outro exemplo em ambiente de trabalho, com o refeitório, é quando a partir de uma avaliação física se identifica o IMC e as pessoas são classificadas para atendimento prioritário de nutricionista ou atendimento eletivo. Em um exemplo para o ambiente escolar, a avaliação diagnóstica terá características de avaliação para classificação ao ser realizada a medida da massa corporal e estatura com posterior classificação conforme as curvas de desenvolvimento infantil. Essa classificação serve para identificar se alguma criança está com peso e estatura abaixo ou acima do esperado na idade; o que não significa que há um problema, mas conforme a faixa na qual a criança se encontra, a situação deve ser investigada. Caso não haja situações discrepantes, os dados servem para acompanhamento, assim, tem-se parâmetro de comparação para futuras medidas. 2.1.1.2 Avaliação Formativa A avaliação formativa fornece informações intermediárias sobre a intervenção que está sendo realizada, antes do seu final; ela é fundamental para acompanhar o que está acontecendo durante o processo em acompa- nhamento, pois o objetivo é identificar se a intervenção está obtendo os resultados esperados, para, assim, definir se a organização é adequada ou se a intervenção precisa ser reelaborada para que tenha maiores chances de alcançar os propósitos desejados ao final do período da intervenção (MORROW et al., 1995). Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 42 – Essa avaliação é fundamental em processos longos, especialmente com etapas ou fases para serem gerenciadas; nesse caso, o ideal é realizar pelo menos uma avaliação formativa a cada etapa; além de o avaliador ter informações sobre os resultados da intervenção. Já é possível fornecer feedback para as pessoas envolvidas, identificando-se a relação entre o esforço e o resultado. Importante lembrar que, em alguns casos, a falta do resultado esperado não se deve apenas a uma programação equivocada, mas que também ocorre devido à falta de dedicação das pessoas envolvi- das. A avaliação formativa tende a ser pouco valorizada na prática, talvez porque o tempo e a dedicação necessários para realizá-la não são vistos como compensadores pelos que gerenciam a intervenção (GONÇANVES; LIMA, 2018; OLIVEIRA et al., 2018). Um exemplo clássico de avaliação formativa são as avaliações bimes- trais ou trimestrais realizadas no sistema escolar, quando os estudantes são avaliados quanto ao conteúdo que estudaram até determinado momento; essas avaliações podem ser vistas sob dois diferentes ângulos: o foco na capacidade de desempenho dos estudantes – se conseguem apreender o conteúdo –, ou foco no professor – se consegue expor adequadamente o conteúdo para os estudantes. Independente do enfoque na análise dos dados (notas dos estudantes), o resultado da avaliação serve para repensar sobre a intervenção. Para isso, é necessário observar os resultados com visão multifocal, e a partir deles, bus- cam-se os motivos do resultado. Um grupo de estudantes com mau desem- penho pode significar que o professornão está realizando um ensino efetivo, mas isso, também, pode ocorrer porque o programa não é adequado ou por- que os estudantes estão classificados equivocadamente. Essas duas últimas explicações são possíveis quando se observa com ênfase nos estudantes que podem, simplesmente, não terem estudado e se dedicado de forma adequada. Ou seja, realizar uma avaliação formativa não garante o sucesso da intervenção, nesse exemplo, a avaliação formativa deve abarcar um olhar mais amplo, como o de identificar a quantidade de estudantes com desempenho bom ou ruim, o histórico de resultados com outras turmas, e assim por diante; sem dúvida, uma avaliação formativa bem considerada pode promover um leque de possibilidades (GONÇANVES; LIMA, 2018; OLIVEIRA et al., 2018). – 43 – Objetivos e estratégias de avaliação O mesmo ocorre com outro exemplo clássico: programas de fitness em academias. Não é raro as pessoas realizarem uma avaliação quando iniciam um programa de exercícios em uma academia; mas isso pode ser o primeiro equívoco no procedimento. Realizar medidas, por si só, não caracteriza uma avaliação. O que acontece com frequência é a realização de medidas, registradas, que não passam por uma avaliação. No entanto, o profissional responsável pela prescrição deveria analisar as informações coletadas e depois de julgar os dados pode tomar decisões quanto à pres- crição do programa, sem deixar de ouvir a pessoa a quem se refere o pro- grama (OLIVEIRA et al., 2018). Enfim, uma vez que realizada a avaliação diagnóstica e a prescrição esteja definida, o praticante deve permanecer em atividade por um período mínimo de algumas semanas a meses, a fim de atingir os objetivos buscados; porém, mesmo que aparentemente o programa mude com frequência, o praticante deve saber como está sendo desenvolvido o trabalho. Apenas a percepção de que está – ou não – melhorando a sua coordenação, a força, o percentual de gordura etc., não configura informação segura do que está acontecendo. Nessa situação, uma avaliação formativa pode não ser igual à avaliação diagnóstica, pois as valências físicas têm tempos diferentes para a mudança de situação. A resposta neuromuscular tende a ser mais rápida do que a perda de gordura corporal, então, a avaliação formativa pode incluir testes e medidas diferentes conforme o tempo decorrido; a avaliação realizada em cada momento (tempo cronológico) deve ser composta pelas valências nas quais existe possibilidade real de haver mudança. Assim, conforme o resultado, o programa pode ser mantido ou alterado tendo em vista as variáveis analisadas em cada momento (MORROW et al., 1995). No contexto da prática de atividade física em tempo livre, geralmente, em academias de ginástica, pode parecer que a avaliação – em especial a formativa – atrapalha o processo, dificultando-se o início da atividade ou estabelecendo parâmetros para a obtenção de resultados. Porém, uma atuação profissional responsável precisa alcançar os objetivos traçados e trabalhar a informação a favor do procedimento. Em alguns casos, os pro- fissionais têm receio de estabelecer objetivos ou de realizar a avaliação formativa porque sabe que há fatores que podem interferir no resultado e que estão alheios ao seu controle. Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 44 – É justamente nessa situação que se deve usar a avaliação formativa como aliada. Assim, é necessário esclarecer e informar o cliente sobre o que pode acontecer no decorrer do programa e qual o compromisso que isso requer; sem enfatizar as barreiras, o profissional deve manter o cliente ciente de sua responsabilidade individual no processo e das variáveis intervenientes (exemplos: dieta, sono etc.). Na avaliação formativa pode haver a oportunidade de gerenciar essas variáveis intervenientes, sendo, assim, possível de discutir com o cliente sobre a revisão do programa ou dos seus hábitos (OLIVEIRA et al., 2018), lembrando-se sempre da indi- vidualidade biológica, segundo a qual cada pessoa é diferente de outra; o ser biológico não é linear, e as respostas aos estímulos não são exatamente iguais. Dessa maneira, um programa pode promover resultados diferentes mesmo em pessoas bem parecidas, assim, avaliar a evolução do praticante no programa fornecerá as diretrizes mais realistas. Tenha em mente ... A avaliação formativa só será possível se houver dados anteriores para comparação, ou seja, é necessária uma avaliação diagnóstica inicial. Quando a avaliação fornece um feedback que pode ser utilizado como estímulo para o praticante, ela é denominada de avaliação motivadora; é comum que, ao se ouvir falar de motivação, uma pessoa imagine algo na dire- ção da qual se busca, mas a motivação pode ser positiva ou negativa. Enten- dendo-a como uma causa ou justificativa para algo, uma pessoa que tenha um resultado negativo, em direção contrária à desejada, ou com desenvolvimento muito lento, pode sentir-se desmotivada (MORROW et al., 1995). Um exemplo de motivação negativa gerada por avaliação pode ser visto na área da educação. O sistema de reprovação, que apresenta um feedback negativo do desempenho do estudante, pode desestimulá-lo a continuar com os estudos, agregando a desistência escolar à reprovação (FARIA, 2012). Em uma academia, a avaliação motivadora pode ser preparada para motivar positivamente o praticante, sendo realizada com foco em indi- cadores – que o profissional observou subjetivamente – que tiveram – 45 – Objetivos e estratégias de avaliação mudança na direção desejada. É importante destacar que a variedade do público frequentador de academias torna essa manipulação de informação incerta, pois o comportamento das pessoas diante de feedback positivo ou negativo é bastante variável; diante de um resultado negativo, algumas pessoas identificam motivos para desistir do que almejam; outras, porém, entendem que devem dedicar-se mais. 2.1.1.3 Avaliação Somativa A avaliação somativa ocorre no final de um processo, quando são somados todos os elementos da intervenção; ela qualifica o produto final e identifica se o objetivo desejado foi alcançado ou não. Em diversas situações essa avaliação pode parecer como uma fotografia sem contri- buição significativa para os processos, uma vez que é realizada ao final. Em escolas, essa avaliação é realizada ao final do processo, geralmente, incluindo os resultados parciais obtidos durante o ano letivo. Vale ressaltar a seguinte observação: as notas bimestrais (trimestrais ou semestrais) não significam uma avaliação bimestral; a avaliação é a análise ou o julga- mento dos dados (GONÇANVES; LIMA, 2018; MORROW et al., 1995; OLIVEIRA et al., 2018). Essa avaliação só é possível quando se têm claros os objetivos para a intervenção e quando ela é elaborada de acordo com esses fins. Em um programa de exercícios com o objetivo de emagrecimento, a coleta de dados final deve ser realizada de modo a fornecer as informações necessá- rias para essa análise e, dessa maneira, compará-las com os dados iniciais, nesse caso, início e final do programa. Nesse conteúdo identificamos que os tipos de avaliação apresentados na figura 2.1 foram agrupados com base em suas características – diagnóstica, formativa e somativa; contudo, podem ser nomeadas de modo mais preciso conforme o contexto. Além das avaliações mencionadas existe a avaliação preditiva, quando a análise de dados coletados possibilita prever as situações futuras. Essa é uma avaliação pontual, presente em todas as coletas de dados e ava- liações, em todos os momentos da intervenção, e mesmo quando não houver intervenção. Citamos como exemplo de avaliação preditiva os indicadores de risco para a saúde, massa corporal e estatura que, independentes, não dizem muito sobre uma pessoa, mas ao calcularmos o IMC é possível ava- Biometria, Medidas e Avaliação em Educação Física e no Esporte – 46 – liar ela apresenta risco aumentado; o mesmo ocorre ao aplicar um
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