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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Doenças bacterianas, fúngicas, por protozoário, metazoário e infecções virais. 
1. MENINGITES 
Meningite é um processo inflamatório infeccioso das leptomeninges e do espaço 
subaracnóideo (LCR). A dura-máter é resistente às infecções pelo tecido colágeno denso. O líquor 
é pouco resistente e contem nutrientes para os agentes infecciosos (glicose). Assim, outro termo é 
leptomeningites. 
Nem todo processo inflamatório é infeccioso, pode ser apenas por agente irritante no espaço 
subaracnóideo (como o sangue). Contudo, as mais comuns são meningites infeciciosas de evolução 
aguda. 
Existem dois tipos de leptomeningite infecciosa: meningite bacteriana e viral. O parênquima 
encefálico pode ser comprometido, chamamos de encefalite associada. 
- MENINGITE BACTERIANA 
Infecção bacteriana aguda das leptomeningites e do espaço subaracnóideo (LCR). É clássico 
encontrarmos exsudato purulento (pus), então podemos chamar de meningite piogênica aguda. 
Os agentes etiológicos dependem da faixa etária do indivíduo (mais frequentes em vermelho na 
tabela). 
 
A E. coli acomete mais os recém nascidos porque eles não produzem IgM. Os principais são o 
meningococo (secreções nasofaringeas) e pneumococo (foco infeccioso ou trauma). 
Rotas de infecção: 
 Hematogênica: os focos infecciosos originam êmbolos que chegam ao SNC pela corrente 
sanguínea. Ex. focos de pneumonia lobar ou endocardite bacteriana. 
 Acesso direto: por fraturas ósseas ou defeito do fechamento do tubo neural. Estabelece 
comunicação com cavidades possivelmente infectadas ou pele. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 Contiguidade: a partir de processos infecciosos em estruturas 
próximas do SNC, como otite, sinusite, mastoidite. O processo 
infeccioso erode o osso. 
 Derivação liquorica: cateter instalado em pacientes com 
hidrocefalia. Ele pode estar contaminado e causar meningite. 
As alterações das meninges nas leptomeningites bacterianas são 
semelhantes. Acúmulo de material purulento e difuso no espaço 
subaracnóideo (migração de leucócitos). Esse pus acompanha 
veias congestas que ficam paralelas (trilhos de trem). A congestão 
venosa ocorre por dificuldade de drenagem devido à quantidade de 
pus. 
Além disso, há áreas de coloração irregular amarronzada que 
correspondem a áreas de necrose e hemorragia (secundárias à 
vasculite e trombose). 
Na microscopia vemos o material purulento no espaço 
subaracnóideo. Predomínio de fibrina, pode ter trombos (alteração 
do fluxo sanguíneo). O exsudato acompanha os vasos superficiais. 
A compressão do vaso pelo pus e desestruturação do vaso pelo 
processo inflamatório infeccioso causa trombose. Isso diminui o aporte sanguíneo e causa infartos 
cerebrais hemorrágicos. 
 
 
O quadro clinico depende da expansão do processo inflamatório, geralmente de evolução rápida. 
Classicamente, apresentam sinais de irritação meníngea, cefaleia e déficits neurológicos, por 
comprometimento das raízes nervosas no espaço subaracnóideo. Casos muito graves podem ter 
HIC. 
As complicações variam e pode haver sequelas. As principais são: 
 Fibrose subaracnóidea: causa hidrocefalia; 
 Trombose de veias meníngeas: causa infarto hemorrágico; 
 Lesão de nervo craniano: pelo exsudato; 
 Cistos aracnoideos: por conta da fibrose. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro7.html 
A punção lombar revela LCR turvo ou francamente purulento, aumento da pressão, até 90 mil 
neutrófilos por milímetro cúbico, aumento da concentração de proteínas e redução acentuada do 
conteúdo de glicose. 
A síndrome de Waterhouse-Friderichsen resulta da septicemia associada a meningite com infarto 
hemorrágico das glândulas suprarrenais e petéquias cutâneas. Ela ocorre de forma mais frequente 
na meningite meningocócica e pneumocócica. 
2. ABCESSOS CEREBRAIS 
Outro tipo de processos infeccioso bacteriano, 2º grupo mais frequente de infecção purulenta 
cerebral. Lembrar que abcesso é uma cavidade neoformada por processo inflamatório agudo, 
purulento, necrótico e focal (circunscrita). 
As bactérias mais comuns são estreptococos e estafilococos (em imunocompetentes). Costumam 
acometer mais a substancia branca. 
As condições de predisposição incluem a endocardite bacteriana aguda, que pode 
dar origem a múltiplos abscessos encefálicos; a cardiopatia congênita com shunt da direita para a 
esquerda e perda da filtração pulmonar dos organismos; a sepse pulmonar crônica, como na 
bronquiectasia; e a doença sistêmica com imunossupressão. 
Rotas de infecção: 
 Contiguidade: a mais comum; por sinusites, otites, mastoidites. Além da propagação direta 
pela lesão óssea podem se propagar pela drenagem venosa até o seio venoso da dura-máter 
(tromboflebite séptica até seio venoso e encéfalo – via retrógrada). 
 Hematogênica: disseminação de êmbolos sépticos pela circulação sistêmica a partir de focos 
infecciosos no pulmão, pele, osso, dente, coração. O território de acometimento é o da ACM. As 
lesões tendem a ser múltiplas. 
 Inoculação direta: por traumas. 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro7.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Os abcessos agudos aparecem como lesões focais necróticas (amarelados), até 2 semanas de 
evolução. Cavidade preenchida por material purulento, tecido da parede está hiperemiado e 
edemaciado (lesão da barreira hematoencefálica pelo processo inflamatório). 
Na histologia vemos necrose liquefativa associada com exsudato purulento, edema e congestão 
vascular. 
As lesões crônicas tem mais de 2 semanas e são cavidades vazias com paredes lisas. O exsudato 
foi reabsorvido, mas a cavidade fica delimitada por tecido de granulação que fibrosou. Há gliose no 
tecido nervoso ao redor. O tecido fibroso que forma a capsula do abcesso crônico é gerado por 
células na periferia da lesão que se diferenciam em fibroblastos. Eles sintetizaram colágeno e 
formaram a capsula. 
O quadro clinico pode apresentar déficits neurológicos focais (depende da localização do 
abcesso). 
As complicações se associam ao efeito de massa (edema e hérnias) e rupturas (cai exsudato nos 
ventrículos – empiema, ventriculite, meningite). 
3. NEUROTUBERCULOSE 
Infecção bacteriana que causa um processo 
crônico. Descrita como meningoencefalite 
bacteriana crônica. O agente etiológico é o 
Mycobacterium tuberculosis. 
O acometimento do SNC é secundário a outros 
focos infecciosos por via hematogênica. O foco 
primário de infecção geralmente é o pulmão. 
O quadro clinico é variável, pois depende do acometimento das meninges, do encéfalo e da medula. 
Os pacientes com meningite tuberculosa geralmente apresentam cefaleia, mal-estar, confusão 
mental e vômitos. O LCR normalmente apresenta uma pleocitose formada por células 
mononucleares ou uma mistura de neutrófilos com células mononucleares, concentração elevada de 
proteínas (frequentemente de maneira muito evidente), e glicose moderadamente reduzida ou 
normal. 
O acometimento do SNC pode ser pela evolução do complexo primário pulmonar (TB primária 
progressiva – mais comum em crianças) ou por reativação de focos pulmonares cicatrizados (mais 
comum em adultos). 
 - Neurotuberculose por TB Primária Progressiva: o complexo primário no pulmão é 
constituído pelo nódulo de Ghon (subpleural) e adenite satélite (linfonodo hilar). Apresentam 
necrose caseosa central. A partir do linfonodo o bacilo pode atingir vasos e se disseminar por vias 
hematogênicas, chegando ao cérebro. No SNC pode gerar tuberculoma ou meningite da base. 
Tuberculoma: aparecem em indivíduos que desenvolvem reação produtiva, ou seja, com 
granulomas bem formados. Na macroscopia há nódulo único ou múltiplo, no parênquima, em contato 
com leptomeninges. Coloração esbranquiçada, firme. Podem surgir em qualquer local do SNC. 
Na microscopia vemos granulomas bem formados, com células epitelioides,células gigantes e 
necrose caseosa central. Poucos bacilos porque a resposta granulomatosa controla bem. 
Esses nódulos podem causar efeitos de massa (simulando neoplasias) e podem apresentar 
calcificação. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
Leptomeningite: quando predomina reação exsudativa, com ausência de produção de granulomas. 
Surge leptomeningite crônica na base. É mais frequente que os tuberculomas. 
Exsudato no espaço subaracnóideo de coloração esbranquiçada que se acumula na base e cisternas 
da base. Na microscopia vemos infiltrado inflamatório subaracnóideo com focos de necrose caseosa 
e que permeia vasos e nervos. Não tem granulomas, então os bacilos estão em grande numero 
(dentro e fora dos macrófagos). 
O processo inflamatório pode se estender para os vasos, até o endotélio vascular. O espessamento 
da camada intima pela presença de células inflamatórias é a endarterite produtiva. Esse processo 
inflamatório pode causar necrose – vasculite necrotizante (tromboses). 
As complicações da leptomeningite são mais graves que as do tuberculoma. O processo inflamatório 
pode se disseminar pelo liquor e atingir as meninges, causando hidrocefalia e fibrose das meninges, 
além de lesão dos nervos cranianos (surdez e déficit de movimentos oculares). Além disso, pode 
ocorrer infarto isquêmico pela formação de trombos. 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro8.html 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro8.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
4. CRIPTOCOCOSE – Meningite Criptocócica 
Principal micose que atinge o SNC. Pode acometer de várias formas, então chamamos de 
meningoencefalite fúngica. A meningite criptocócica, uma infecção oportunista comum no quadro 
da AIDS, pode ser fulminante e fatal em tão pouco tempo quanto 2 semanas, ou indolente durante 
meses ou anos. O agente etiológico é o Criptococcus neoformans. 
 
Acomete mais homens adultos com algum tipo de imunossupressão de base (imunodeficiências, 
neoplasias, tx, desnutrição). Doença oportunista em indivíduos debilitados. 
Esse fungo é saprófita e nos infectam por inalação dos fungos, principalmente de fezes ressecadas 
de pombos. Nos pulmões, a doença é assintomática e se resolve espontaneamente. Em indevidos 
imunossuprimidos pode haver disseminação hematogênica para o SNC. O fungo passa pela BHE 
por monócitos circulantes ou atravessando células endoteliais por endocitose. 
No SNC, o fungo pode causar leptomeningite crônica ou meningoencefalite (se estende para o 
parênquima). A extensão depende do sistema imune do hospedeiro. 
O mais comum é uma inflamação mínima ou ausente com grande quantidade de fungos (a cápsula 
diminui a nossa resposta imunológica). 
Leptomeningite crônica: forma mais comum de apresentação. Há espessamento e opacidade das 
leptomeninges. Liquor tem aspecto gelatinoso e esbranquiçado por muitos fungos. Pode haver 
alargamento dos sulcos. 
Na histologia vemos vários fungos pelo espaço subaracnóideo. Na coloração por PAS 
conseguimos observar melhor a cápsula do criptococo. Podemos adicionar tinta nanquim para 
destacar o fungo. 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Meningoencefalite crônica: se disseminou do espaço subaracnóideo 
para o parênquima cerebral acompanhando os vasos. Preenchem os 
prolongamentos do espaço subaracnóideo dentro do parênquima 
cerebral (espaço de Virchow-Robin) – já existem em condições 
fisiológicas, mas apenas com líquor e bem estreitos. O cripto alarga 
esses espaços. 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro9.html 
Reação inflamatória é praticamente ausente. 
Podemos observar vários cistos no córtex ou núcleos da base que 
correspondem a esses espaços de Virchow-Robin estendi 
As complicações são hidrocefalia (por fibrose reacional das 
leptomeninges), isquemia, infarto e edema cerebral (por compressão 
de vasos pela disseminação de fungos no espaço de Virchow-Robin). 
Pode formar hérnias e HIC. 
 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro9.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
5. PARACOCCIDIOIDOMICOSE 
Pode comprometer o SNC de diferentes formas, por isso também chamamos de meningoencefalite 
fúngica. O agente etiológico é o Paracoccidioides brasiliensis. 
 
Ciclo de vida e infecção semelhante ao cripto. Incide mais em homens imunocomprometidos. A 
infecção primária mais frequente ocorre nos pulmões por inalação de fungos saprofitas do solo, 
gerando doença crônica granulomatosa. Nos indivíduos imunocomprometidos há disseminação 
hematogênica. 
O tipo mais comum de envolvimento do SNC pelo paracoco são os nódulos necróticos bem 
circunscritos intraparenquimatosos. Coloração amarelada e bem delimitados. 
 
Na microscopia vemos lesão inflamatória crônica granulomatosa, com fungos fagocitados pelas 
células gigantes. Comum haver necrose associada. 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
O quadro clinico depende da topografia, extensão do processo 
inflamatório, RI do hospedeiro e tratamentos. 
As complicações são semelhantes: leptomeningite, efeito de massa, 
edema, HIC, hérnias, hidrocefalia obstrutiva. Pode simular lesões 
neoplásicas em exames de imagem. 
6. TOXOPLASMOSE 
Infecção por protozoário que pode levar a meningoencefalite. O 
agente é o Toxoplasma gondii (parasita intracelular obrigatório – 
hospedeiro definitivo é o gato). 
É uma infecção muito disseminada pelo mundo (incidência de 70% no 
BR) e assintomática. A manifestação como doença é rara e grave. 
Existem duas formas de apresentação clínica (quando tem sintomas): 
 - Forma adquirida: mais frequente em imunossuprimidos; comprometimento do parênquima 
encefálico é comum, causando encefalite. 
 - Forma congênita: manifestações mais variáveis, dependem do momento da gestação em 
que a infecção materna ocorreu. 
As principais vias de infecção humana são: ingestão de oocistos (nas fezes dos gatos) e 
pseudocistos (carne suína mal cozida); transfusão de sangue infectado; transplacentária (forma 
congênita – só se a primeira infecção materna ocorrer durante a gravidez). 
A infecção no 1º e 2º trimestre de gestação são menos comuns, mas mais graves (principalmente no 
segundo trimestre). A infecção materna no terceiro trimestre tem maior frequência de infecção fetal, 
mas com sintomas mais leves. 
O quadro clinico é variável e depende das vias de infecção e tecidos afetados (SNC, olhos, 
músculos). 
Uma apresentação comum da forma adquirida é a 
toxoplasmose cerebral em HIV+ (após reativação do 
parasito). As lesões cerebrais são amareladas e bem 
delimitadas (necrose coagulativa). Áreas hemorrágicas podem 
aparecer. Podem comprometer córtex e substancia branca. 
Na histologia, vemos comprometimento vascular (tropismo do 
parasita pelas células endoteliais). Pelo processo inflamatório 
há proliferação das células endoteliais (endarterite produtiva). 
Associada à trombose pode causar obliteração da luz, isquemia 
do parênquima e necrose coagulativa. A isquemia e morte do 
parênquima dificulta o acesso dos macrófagos, então demora 
para “limpar” o tecido morto – ocorre a partir da periferia. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
Os parasitas podem ficar encistados em qualquer tipo de célula. 
- Toxoplasmose congênita: primo-infecção materna durante a gravidez. Invasão das 
células endoteliais > vasculite > trombose > hemorragia do parênquima. Comprometimento 
encefálico é variável, dependendo do período de gestação. Lesões necróticas mais focais e que 
podem evoluir para calcificação distrófica. 
Pode evoluir para atrofia encefálica global e microcefalia, leptomeningite intensa 
(meningoencefalite). 
Perda tecidual pela isquemia que é compensada pela expansão do volume ventricular (hidrocefalia 
compensatória – ou ex vácuo). 
 
A histologia é semelhante a toxoplasmose adquirida. Vasos com infiltrado inflamatório crônico na 
parede, endarterite obliterante, necrose coagulativado parênquima ao redor, pseudocistos e 
parasitas na forma livre (taquizoítos). 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro10.html 
7. NEUROCISTICERCOSE 
Parasitose mais frequente no mundo que acomete o SNC. É uma meningoencefalite por metazoários. 
O agente etiológico é a larva da Taenia solium (Cysticercus cellulosae). 
O ser humano pode ser hospedeiro definitivo (ingerir cisticerco na carne) ou intermediário. Quando 
hospedeiro intermediário ingerimos ovos do parasita – heteroinfestação (água, alimentos) ou 
autoinfestação (fecal-oral). 
Os parasitas se disseminam por vários locais do corpo como cisticerco (SNC, olhos, músculo 
esquelético, tecido celular subcutâneo). O homem desenvolve a neurocistocercose quando atua 
como hospedeiro intermediário. 
Quadro clínico é variável: assintomático, convulsões 
(forma convulsiva), sinais localizatórios, HIC. 
A forma mais comum do cisticerco é a cellulosae. Circular, 
contém líquido límpido e incolor, a cabeça da larva 
(escolex) se projeta para fora da vesícula. 
No SNC, a infecção costuma ocorrer em múltiplos locais, 
como leptomeninges da convexidade e substancia 
cinzenta. Os ventrículos podem ser acometidos, 
principalmente o IV. 
Existem diferentes estágios do cisticerco: 
 Vesicular: cisticerco viável. Inflamação crônica leve a moderada. Essa inflamação pode ser 
explicada por diversas teorias, como o isolamento intravesicular dos Ags; mimetismo molecular; 
inativação do sistema complemento. 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro10.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro11.html 
 Necrótico (ou fibrocalcificado): cisticerco degenerado. Associado a inflamação crônica 
granulomatosa que se instala após a morte do cisticerco. Na evolução ocorre tecido de granulação 
e fibrose envolvendo o parasita degenerado. Depois de anos disso pode ocorrer calcificação. 
A explicação para essa resposta inflamatória mais exacerbada é dada pela exposição dos Ags e 
resposta imunológica (humoral). 
 
Tanto os parasitas viáveis como os degenerados podem causar crises convulsivas (mecanismo 
desconhecido). 
Outra forma de larva da Taenia sollium é o cisticerco racemoso (mais rara). Tem localização 
preferencial por cisternas da base, ventrículos e sulco de Sylvius. Tem múltiplas vesículas e não 
possui escolex. 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro12.html 
Quando se localizam nesses espaços eles perdem o escolex e adquirem múltiplas vesículas > se 
transforma em cisticerco racemoso. 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro11.html
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro12.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
As complicações são muito graves: leptomeningite crônica (espessamento fibroso das meninges 
– granulomas nas meninges); endarterite em vasos da base causando trombose e infartos; 
obstrução completa do fluxo de liquor e hidrocefalia obstrutiva (quando acomete os ventrículos). 
8. NEUROVIROSES 
• MENINGITE AGUDA “ASSÉPTICA” – MENINGITE VIRAL 
Meningite é um processo inflamatório infeccioso das leptomeninges e 
do espaço subaracnóideo (LCR). Pode ser chamada de meningite de 
líquor claro. 
Os principais vírus envolvidos são enterovírus e vírus da caxumba. O 
diagnóstico diferencial sempre deve ser feito com meningite química e 
autoimune. 
As crianças são mais acometidas, sendo que o tipo de vírus varia no 
ano e a incidência pode ser sazonal (verão e outono). O quadro clinico 
é caracterizado por febre, alteração da consciência e irritação 
meníngea. 
O LCR é claro e cultura bacteriana é negativa (“asséptica”). Processo 
infeccioso autolimitado (grande maioria evolui naturalmente para 
cura – evolução benigna). 
Há leve infiltrado de linfócitos nas leptomeninges com extensão até 
espaços perivasculares do córtex cerebral. 
A evolução clínica é menos fulminante do que a meningite piogênica, e os achados no LCR também 
diferem; na meningite asséptica, ocorre uma pleocitose linfocitária, a elevação de proteínas é 
somente moderada, e o conteúdo de glicose é quase sempre normal. As meningites assépticas virais 
são geralmente autolimitadas e são tratadas sintomaticamente. 
MENINGOENCEFALITES E ENCEFALOMIELITES 
Causadas pelos vírus da poliomielite, da raiva, herpes (encefalite herpética) e zika vírus. Apresentam 
diferenças relacionadas ao período de latência de cada agente, rota de acesso ao SN, tropismo 
celular, tempo de evolução. Contudo, tem aspectos comuns: 
- São processos virais que podem comprometer o encéfalo, medula espinal e/ou 
leptomeninges; 
 - Alterações teciduais similares; 
- Alterações macroscópicas são inespecíficas e variáveis (congestão e edema); exceção: 
encefalite herpética tem característica macroscópica típica de edema e necrose de um dos lobos 
temporais; 
- Infiltrado inflamatório crônico linfomonocitário nas meninges e perivascular no 
parênquima; nas fases agudas pode conter neutrófilos. 
- Resposta hiperplásica de células microgliais que se organizam em aglomerados no tecido 
nervoso (nódulo glial); As células ficam em bastonete. Esses nódulos podem ser encontrados em 
outras doenças não virais, como toxoplasmose. 
- Neuronofagia: fagocitose de neurônios infectados e necróticos pelas células reacionais da 
glia. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
• POLIOMIELITE 
Vírus Polio (enterovírus) altamente resistente, transmitido via fecal-oral (água e alimentos 
contaminados). Penetra pela mucosa gastrointestinal e se multiplica no tecido linfoide 
amigdaliano/intestinal, depois causa viremia (e vai para SNC). 
Na maior parte dos casos são assintomáticos, mas podem ter sintomas gripais com ou sem 
gastroenterite. 99% dos casos evoluirão para resolução normalmente. 1% dos casos se 
transformarão em forma paralítica. 
A forma paralitica ocorre porque o vírus tem tropismo alto por neurônios motores do corno anterior 
da medula, tronco encefálico e giro pré-central. Em poucas horas já se multiplica e causa necrose 
neuronal. A evolução é rápida. 
As manifestações clinicas da forma paralítica são os sinais inespecíficos de irritação meníngea, 
paralisia flácida (MMII), hiporreflexia, atrofia muscular. Pode haver comprometimento de neurônios 
do centro respiratório bulbar e dos músculos da respiração e deglutição. 
Histologicamente há muito infiltrado inflamatório nos cornos anteriores da medula. Motoneuronios 
em necrose (picnose nuclear, eosinofilia e redução do citoplasma). Depois são fagocitados por 
células gliais (neuronofagia). 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro5.html 
Após meses disso haverá intensa perda neuronal e gliose do corno 
anterior. As fibras entram em atrofia (atrofia muscular neurogênica). 
• RAIVA 
A evolução natural da encefalite pelo vírus da raiva é fatal em 100% 
dos casos. Pode ser transmitida por mordedura de animais carnivoros 
domesticos (cães) ou silvestres. 
Após a mordedura, o vírus alcança as fibras musculares esqueléticas 
de onde foi inoculado e se replica. Atinge terminações axonais e, por 
via retrógrada, alcança a medula e SNC. As mordeduras nas mãos e 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro5.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
faces são mais graves, com periodo de incubação mais curto por ter maior concentração de fibras 
muculares. 
Se replicam e disseminam pelo tronco encefálico e cerebro (giro pré-central, hipotálamo etc). 
A lesão neuronal causada pelo vírus é pelo processo inflamatório e alterações da neurotransmissão. 
Quadro clínico: 
 - Incubação de 30-90 dias: pródromo gripal que pode ter parestesia no local da mordedura. 
 - Fase de excitabilidade do SNC: até 4 dias após pródromo. Irritação, hipersensibilidade, 
espasmos, convulsões. 50% dos casos tem desde espasmos laríngeos à deglutição até hidrofobia 
(só se mostrar um copo com água já tem espasmo). 
 - Sinais de comprometimento do centro respiratório bulbar:até 20 dias após prodromo. 
Alteração do ritmo respiratório e coma. 
As alterações macroscópicas são inespecíficas (edema e hiperemia). Na histologia vemos infiltrado 
inflamatório perivascular, nódulos gliais e corpúsculo de Negri. Esse corpúsculo é uma inclusão 
viral citoplasmática encontrada em neurônios piramidais do hipocampo e cerebelo (células de 
purkinje). Eles são arredondados e eosinófilos (PATOGNOMONICO DE RAIVA). Apesar de 
patognomonico, não é encontrado em todos os casos. 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro6.html 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamneuro6.html
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
• ENCEFALITE HERPÉTICA 
Causada pelo vírus herpes simples (HSV-1), o que causa 
vesículas labiais benignas. É a forma mais comum de encefalite 
esporádica. 
A partir de uma lesão labial o vírus penetra em terminais 
sensitivos do nervo trigêmeo, se disseminaria até o núcleo 
trigeminal do SNC e pelo axônio se disseminaria para outros 
locais do encéfalo. Outra possibilidade é pelas fibras do nervo 
olfatório após infecção da nasofaringe. 
O quadro clinico característico compromete adolescentes e 
adultos jovens. Os primeiros sintomas são gripais, depois com 
manifestações neurológicas como convulsões e alterações 
comportamentais (de personalidade). 
A letalidade é alta (75%) ou com sequelas graves. Tem 
progressão rápida. 
Macroscopicamente é típico hiperemia e edema intensos em um dos lobos temporais 
(geralmente assimétrico e unilateral). Também pode comprometer o giro orbital do lobo frontal, insula 
e giro do cíngulo. 
Em casos graves pode haver necrose liquefativa e hemorrágica do lobo temporal. Acomete o córtex 
e substancia branca. 
Na histologia, há necrose neuronal, neuronofagia, vasculite necrosante e corpúsculo de inclusão 
intranuclear (Cowdry tipo A – não patognomonicos). 
 
• VÍRUS ZIKA 
A transmissão ocorre, principalmente, por meio do mosquito Aedes (ciclo silvestre e ciclo urbano). 
Outras formas de transmissão menos importantes são: gestação, sexual, transplante, transfusional. 
80% dos infectados não tem manifestações clinicas. Os 20% apresentam febre por vírus zika 
(doença do vírus zika). Nesse caso, o período de incubação varia de 3 a 14 dias e depois surge 
doença febril aguda autolimitada (pode durar de 2 a 7 dias). 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Os sintomas são inespecíficos: febre intermitente, cefaleia, 
hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, exantema 
maculopapular pruriginoso, artralgia, mialgia, edema, dor de 
garganta, tosse, vômitos e hematospermia. 
As complicações mais graves são a Síndrome de Guillain-
Barré (polirradiculoneuropatia) e microcefalia (infecção 
congênita). 
 - Infecção congênita: diferentes padrões macroscópicos 
de lesões no SNC, como microcefalia; hidrocefalia leve a 
moderada (dilatação dos ventrículos); perda do padrão de 
sulcos e giros (agiria); calcificações. 
Na histologia foram encontrados achados gerais inespecíficos, 
como leptomeningite leve a moderada, alterações corticais, 
calcificações corticais e subcorticais, gliose. O ZIKV foi 
identificado em meninges e na matriz germinativa 
periventricular. 
O ZIKV talvez infecte células progenitoras neurogliais e alteraria seus processos de sobrevivência, 
proliferação e/ou migração durante o desenvolvimento.

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