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CAMPUS IGUATEMI SSA – BA GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO A INFLUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS NO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA X SALVADOR 2020 ELIVALDO JÚNIOR A INFLUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS NO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA X Avaliação acadêmica apresentada ao 8º Semestre do curso de Bacharelado em Administração da Faculdade São Salvador como requisito parcial para aprovação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador SALVADOR 2020 “As pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos”. Peter Drucker RESUMO A Gestão de pessoas ou administração de recursos humanos é uma associação de habilidades e métodos, com o objetivo de administrar os comportamentos e o capital humano nas organizações. Para a compreensão das ações e atitudes das pessoas nas organizações, estudiosos dessa área buscam conceitos concretos sobre o comportamento organizacional e que todo individuo chega à organização com suas expectativas, necessidades e valores. Entretanto no estudo do comportamento humano referido ao entendimento sistêmico das ações e das atitudes das pessoas dentro das organizações, as aplicações dos aspectos técnicos da administração caracteriza uma grande importância para o bom funcionamento de uma organização na compreensão do processo administrativo, tornando um elemento necessário para um bom desempenho gerencial eficaz. Sabemos que as pessoas têm uma importância vital nas organizações, uma vez que são as pessoas e não as máquinas que fazem as coisas acontecerem. Em função da complexidade e das diferenças individuais, as organizações devem buscar referenciais que permitam analisar e contextualizar o impacto do indivíduo, a influência do indivíduo nos grupos sobre o comportamento organizacional. Palavras-Chaves: Comportamento, organização, administração, motivação, humano. ABSTRACT People management or human resource management is an association of skills and methods, with the aim of managing behaviors and human capital in organizations. To understand the actions and attitudes of people in organizations, scholars in this area seek concrete concepts about organizational behavior and that every individual comes to the organization with their expectations, needs and values. However, in the study of human behavior related to the systemic understanding of the actions and attitudes of people within organizations, the application of technical aspects of management is of great importance for the smooth functioning of an organization in understanding the administrative process, making it a necessary element for good effective management performance. We know that people are vitally important in organizations, since it is people and not the machines that make things happen. Due to the complexity and individual differences, organizations should seek references that allow analyzing and contextualizing the impact of the individual, the influence of the individual in groups on organizational behavior. Keywords: Behavior, organization, administration, motivation, human. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Visão mecanicista x visão orgânica ...................................................................... 18 Figura 2: Schein define três níveis de cultura ao patamar de cada fenômeno cultural, e que estão visíveis aos observadores. ......................................................................................... 23 Figura 3: Contentamento com a cooperação, amizade, confiança e relacionamentos com os seus colegas de trabalho ..................................................................................................... 30 Figura 4: Ser proativo ou reagente. ...................................................................................... 41 Figura 5: Representada por uma pirâmide onde na base se encontram as necessidades mais básicas, relacionadas com a sobrevivência. ................................................................ 47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 2 ASPECTOS GERAIS DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 10 2.1 TEORIA DA RELAÇÃO HUMANA ...................................................................... 10 2.1.1 Uma abordagem inicial .................................................................................. 11 2.2 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL .......................................................... 13 2.2.1 Modelos de abordagens organizacionais: mecanicista x orgânico ........... 17 2.2.2 Modelo de Lawrence e Lorsch ...................................................................... 18 2.2.3 Modelo de Harvard ......................................................................................... 19 2.3 CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL ........................................................... 19 2.4 COMPORTAMENTO ÉTICO ORGANIZACIONAL .............................................. 25 2.4.1 Ética ................................................................................................................. 27 2.4.2 Ser Ético .......................................................................................................... 27 2.5 CIDADANIA ORGANIZACIONAL ........................................................................ 28 2.6 PERSONALIDADE ORGANIZACIONAL ............................................................. 31 2.7 PAPEL DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS .................................................. 33 2.8 LIDERANÇA ........................................................................................................ 34 2.8.1 Aprendendo servir para servir liderando ..................................................... 35 2.8.2 Estratégia na escolha do líder ....................................................................... 39 2.8.3 Estratégias de liderança ................................................................................ 41 2.8.4 Erros de liderança .......................................................................................... 42 2.8.5 Estilo de liderança .......................................................................................... 43 2.9 MOTIVAÇÃO ORGANIZACIONAL ...................................................................... 44 2.9.1 Motivação do Colaborador na Organização ................................................. 48 3 AS ETAPAS DA TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL ................................. 50 3.1 FATORES EXTRÍNSECOS ................................................................................. 53 3.1.1 Externalizar cultura e clima ao ambiente organizacional ........................... 53 3.1.2 Processos de tomada de decisão ................................................................. 54 3.1.3 Planejamento .................................................................................................. 56 3.1.4 Resolução de problemas ............................................................................... 57 3.1.5 Trabalho em equipe........................................................................................ 58 3.1.6 Influencia do líder com liderados.................................................................. 58 3.2 FATORES INTRÍNSECOS .................................................................................. 60 3.2.1 Internalizarmotivação ao ambiente organizacional .................................... 60 3.2.2 Relações interpessoais e intergrupais ......................................................... 60 3.2.3 Padrões e canais de comunicação ............................................................... 61 3.2.4 Comunicação dentro de uma organização .................................................. 62 3.2.5 Importância de feedback nas relações interpessoais ................................. 63 4 ESTUDO DE CASO ......................................................................................... 65 4.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 65 4.2 COLETA E ANÁLISE INTERPRETATIVA DOS DADOS..................................... 65 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 68 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 69 APÊNDICE ............................................................................................................. 71 ANEXO ................................................................................................................... 72 9 1 INTRODUÇÃO O conceito de gestão de pessoas ou administração de recursos humanos é uma associação de habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas definidas, com o objetivo de administrar os comportamentos internos e potencializar o capital humano nas organizações. De forma geral diante do contexto desenvolvido as pessoas têm uma importância vital nas organizações, por que são as pessoas e não as máquinas que fazem as coisas acontecerem e em função da complexidade e das diferenças individuais, as organizações devem buscar referenciais que permitam analisar e contextualizar o impacto do indivíduo de forma que a influência da administração atinja todos de um grupo. Portanto, o administrador precisa aprender formas de criar um ambiente em que as pessoas se sintam pertencentes e que atendam seus objetivos e os objetivos organizacionais. Este trabalho está estruturado da seguinte forma: na primeira seção foi feito uma breve introdução do tema proposto, na segunda seção apresento os aspectos gerais do comportamento organizacional de forma contextualizada através de pesquisas científicas que consiste na revisão de textos, na terceira seção abordo etapas da transformação organizacional nos decorrentes fatores extrínsecos e intrínsecos, já na quarta seção veremos o estudo de caso pautada na personalidade profissional, na quinta seção foi abordada uma consideração final que possibilita reflexões em torno do tema desenvolvido. 10 2 ASPECTOS GERAIS DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 2.1 TEORIA DA RELAÇÃO HUMANA Segundo Cristiane Braida & Andriele Silva (2016) os seres humanos desenvolveram a habilidade de se relacionar com quase todas as espécies existentes, da mesma forma, acabaram se relacionando na maioria dos ambientes os quais têm contato. Com o desenvolvimento tecnológico acabou interagindo e usufruindo de locais que nunca imaginou ter acesso. As relações humanas ocorrem em decorrência do processo de interação. Salientam Stoner e Freeman (1999) que a Teoria das Relações Humanas tem suas origens nos Estados Unidos, como resultado das experiências de Elton Mayo, denominada Experiência de Hawthorne. Foi a partir desse trabalho que Mayo percebeu a necessidade de tornar a administração mais humana e democrática. Ainda mais quando as ciências humanas influenciaram as organizações, ao libertar dos conceitos rígidos e mecanicistas das Teorias Clássica e Burocrática. Com a Teoria das Relações Humanas surge uma nova concepção sobre a natureza do homem, o homem social. Para, uma nova linguagem passa a dominar o cenário administrativo: fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo, enfim, assim os conceitos clássicos de autoridade, hierarquia, racionalização do trabalho, departamentalização, princípios gerais da administração passam a ser contestados. DEL FIACO (2006). Chiavenato em (2004) destaca que a abordagem humanista da administração considera que o comportamento no trabalho é consequência de fatores motivacionais, as pessoas são motivadas por necessidades humanas e alcançam sua satisfação por meio dos grupos sociais com quem interagem. Embora a motivação seja apenas um dos fatores internos que influenciam o comportamento humano a ela é dada tanta importância porque atua, em geral, sobre as necessidades dos indivíduos a fim de supri-las para atingir os objetivos, tanto pessoais como organizacionais. 11 2.1.1 Uma abordagem inicial A Teoria das Relações Humanas ou Escola das Relações Humanas, segundo Stoner e Freeman (1999), surgiu da necessidade de corrigir a desumanização do trabalho. São uma corrente administrativa que enfatiza as pessoas, os grupos e a organização informal, os grupos espontâneos existentes na organização, opondo-se a Teria Clássica que focava apenas na estrutura organizacional. Essa escola teve como principal estudioso Elton Mayo. Maximiano (2002) disserta que Mayo considera o desempenho das pessoas depende muito menos dos métodos de trabalho, segundo a visão da administração científica, do que dos fatores emocionais ou comportamentais. Destes, os mais poderosos são aqueles decorrentes da participação do trabalhador em grupos sociais. A fábrica deveria ser vista como um sistema social, não apenas econômico ou industrial, para a melhor compreensão de seu funcionamento e de sua eficácia. A Teoria das Relações Humanas originou-se principalmente da necessidade de humanizar e democratizar a gestão, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo Americano, juntamente com o desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente no que tange a psicologia e sociologia; as quais vieram demonstrar a inadequação dos princípios da Teoria Clássica. (CHIAVENATO, 2004). Assim, Del Fiaco (2006) disserta que a Escola das Relações Humanas surgiu efetivamente com a Experiência de Hawthorne, realizada na fábrica Western Electric Company, no bairro Hawthorne que dá nome a pesquisa, em Chicago, EUA. Com o desenvolvimento de tal experiência a organização industrial passou a considerar duas funções básicas: função econômica e função social. A experiência de Hawthorne, na ótica de Silva (1997), realizou-se em 1927, numa fábrica do Western Eletric Company, situada em Chicago e seu principal objetivo foi detectar a relação entre a intensidade da iluminação e a competência dos operários, medida por meio do ritmo de produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo, médico especialista em psicopatologia, pertencente a uma equipe de Harvard. Elton Mayo analisou os níveis de fadiga, acidentes laborais, mudança de turno e as consequências das condições de trabalho na vida e produtividade do profissional. 12 Conforme Silva (1997), Mayo conduziu experimentos relativos à produtividade e condições físicas no meio de produção, segundo a sua tese, quanto maior fosse a iluminação maior seria a produtividade do trabalhador. A fábrica em questão produzia equipamento e componentes telefônicos, onde havia altos níveis de ocorrência de fadiga, acidentes de trabalho, excesso de trabalho e más condições de trabalho. Dantas (2010) assevera que a experiência foi subdividida em quatro fases, sendo que na primeira fase, foram observados dois grupos de trabalhadores que executavam a mesma tarefa. Um grupo trabalhava sob uma iluminação ambiente constante e o outro sob uma iluminação instável. Avaliando o efeito psicológico do teste, quando a iluminaçãoera mais intensa, os trabalhadores produziam mais, no contrário, produziam menos. Na segunda fase da pesquisa, o local de trabalho, a forma de pagamento e os intervalos foram modificados com a distribuição de lanches. Com esses benefícios, os trabalhadores passaram a produzir mais e com maior satisfação. Atentos à relação entre os funcionários, na terceira fase, a equipe realizou uma série de entrevistas para colher as opiniões, expectativas e sentimentos perante às punições recebidas. Na quarta etapa, foi realizada uma análise sobre as organizações informais mantidas pelos funcionários dentro da empresa, e passaram a remunerar coletivamente pelo êxito de produção, gerando maior solidariedade entre os funcionários. Lacerda (2009) aponta que da experiência de Hawthorne pode-se concluir que o nível de produção é influenciado por diversos fatores, entre eles a integração social do grupo de trabalho, sendo que o comportamento dos empregados apoia-se totalmente no grupo. As recompensas e sanções sociais são simbólicas e não somente materiais, e influenciam decisivamente na motivação e na felicidade do trabalhador, considerando aqui o reconhecimento, aprovação social e participação; os grupos informais são relevantes para melhorar o desempenho profissional; as relações humanas são estabelecidas entre as pessoas e o grupo, onde cada pessoa procura se ajustar as demais, a fim de atender seus interesses e aspirações; a importância do conteúdo do cargo influencia diretamente a moral do trabalhador. Por último, concluiu-se que é de grande importância enfatizar aspectos emocionais do comportamento humano dentro das organizações. 13 Ao enfatizar as necessidades sociais, o movimento das relações humanas avançou além da abordagem clássica, que tratava a produtividade quase exclusivamente como um problema de engenharia. Em certo sentido, Mayo redescobriu o conceito de Robert Owen, criado um século antes, de que uma verdadeira preocupação com os trabalhadores, aquelas “máquinas vitais”, produzia dividendos. (STONER E FREEMAN, 1999). Chiavenato (2004) evidencia que os métodos de trabalho visavam a eficiência e não a cooperação. A Teoria das Relações Humanas mostra o esmagamento do homem trabalhador devido ao crescimento da civilização industrializada, que dava maior importância aos aspectos materiais e tecnológicos do progresso. Esse crescimento acabou causando um desgaste no sentimento de cooperação espontânea na época uma vez que os métodos de trabalho visavam à eficiência. 2.2 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Segundo Chiavenato (2005) o comportamento organizacional é uma mescla das características individuais de cada um expostas à atmosfera proporcionada pela empresa apresentada por meio de seu clima organizacional. Dessa forma, pode-se dizer que o modo como o indivíduo se comporta é reflexo daquilo que a empresa é e vice-versa, pois um influencia o outro num ciclo infinito que pode tanto trazer benefícios motivacionais e produtivos, se os fatores forem positivos, quanto tremendos prejuízos, como baixa na produtividade e perda de capital humano, por exemplo, o que torna o estudo do comportamento organizacional essencial para o sucesso da empresa. O estudo do comportamento organizacional também é dividido em três diferentes sistemas, segundo Kinichi, Fugate e Digby (2013), é um estudo do individuo, da equipe e da combinação de ambos no contexto organizacional que proporciona maior compreensão do ambiente de trabalho, em especial quando lidando com pessoas. Pode não ser o tipo de trabalho de todo dia como marketing ou finanças, e ninguém é empregado para um cargo especificamente desse caráter, porém, o comportamento organizacional está presente em todos os setores, de negociações e especialidades profissionais. 14 De forma ampla, Robbins (2004, pág. 267), o comportamento organizacional pode ser compreendido como um campo de estudo que objetiva, prever, explicar e controlar o comportamento humano nas organizações: Prever: está ligado a eventos futuros e, portanto, o estudo do comportamento permite se antecipar aos tipos de comportamento que possam ser apresentados a uma mudança. Pode-se avaliar o tipo de reação que os colaboradores teriam a uma tomada de decisão; Explicar: ocorre após o acontecido, por isso explicar no sentido de entender as causas que levam ou levaram a pessoa a se comportar daquela maneira; Controlar: é o objetivo mais controverso no emprego do conhecimento do comportamento humano, na medida em que esse controle não deve ser manipulativo ou ferir a liberdade individual. Devendo utilizar o controle de forma ética, e assim permitir que entendamos, por exemplos, como fazer as pessoas a se esforçarem mais em seu trabalho. (...) Sandro Bergue (2010, pág. 09), os estudiosos procuraram compreender o comportamento das pessoas que trabalham em equipes e grupos. Esse nível de análise aborda, portanto, temas como a liderança, a socialização e a dinâmica de grupo. Equipe – grupo em que as pessoas, além de estarem comprometidas com um objetivo comum, atuam de forma bastante interdependente, procurando colocar os objetivos do grupo acima dos seus interesses pessoais. A equipe é caracterizada pela sua motivação, coesão e pelo seu espírito de equipe. (LACOMBE, 2004). Grupo – conjunto de pessoas que interage para atingir objetivos comuns. (LABOMBE, 2004). Para Lacombe (2009), a compreensão das ações e das atitudes das pessoas no ambiente organizacional, os estudiosos dessa área buscam conceitos e métodos das ciências comportamentais tais como psicologia, sociologia, ciência política, antropologia, dentro outras. E nesse contexto, podemos assinalar também os níveis de análise do comportamento organizacional, interagentes entre si: o micro, o meso e macro organizacional: 15 Comportamento micro organizacional: foco é o individuo, e são estudadas as diferenças individuais, os processos de aprendizagem, a percepção e a motivação. Os processos de recursos humanos que incidem diretamente sobre os indivíduos são: seleção, avaliação de desempenho, atitudes no ambiente de trabalho (assuntos de administração de pessoas). Comportamento meso organizacional: (nível de grupo); estudam-se os grupos, trabalho em equipe, comunicação, liderança, conflitos, estresse. Comportamento macro organizacional: (nível do sistema): envolve a cultura organizacional, a estrutura, a mudança e os efeitos das politicas de gestão de pessoas. Conforme Vecchio (2008), todo individuo chega à organização com suas expectativas, necessidades, valores etc. Entendendo que as pessoas reagem e se comportam de maneiras diferentes e em situações diferentes, que como seres humanos somos extremamente complexos e, portanto, não se pode generalizar comportamentos, talvez o maior desafio esteja na compreensão dos fatores situacionais, no estudo sistemático das relações e, principalmente, no entendimento de que o estudo do comportamento humano é científico, e não um senso comum como alguns pensam. Robbins (2005), o comportamento organizacional refere-se ao estudo sistêmico das ações e das atitudes das pessoas dentro das organizações, embora os aspectos técnicos da administração sejam, evidentemente, de grande importância para o bom funcionamento de uma organização, a compreensão do processo administrativo, ou do como do trabalho de um administrador, também é um elemento crítico do ensino de administração. Sob este prisma da administração como processo, é mais frequente se dar atenção aos papéis, comportamentos e habilidades necessárias para um desempenho gerencial eficaz. Para James & Anthony (2004, pág.01) sobre habilidades comportamentais: São as comunicações como pares subordinados e chefes; a obtenção de informações e o ato de compartilhá-las; a condução de reuniões; a alocaçãode recursos a grupos diversos, e a solução de conflitos dentro ou entre eles. 16 Robbins (2005) enfatiza que a mente humana é muito complexa, tanto que duas pessoas podem agir de forma totalmente diferente diante de um mesmo quadro e circunstâncias, mas é possível antecipar suas prováveis reações a partir da reflexão das variáveis situacionais. Dessa forma, este autor revela, o estudo comportamental no mundo globalizado é muito importante para que o profissional da área possa superar o desafio de lidar com diversas pessoas de diversas culturas. Essa compreensão dos processos administrativos, frequentemente chamada de Comportamento Organizacional, amplia assim a formação dos administradores, levando-os ao estudo de pessoas, grupos e suas interações nas estruturas organizacionais. Conforme L. Bowditch (2004, pág. 02), “a abordagem tradicional do comportamento organizacional procura desenvolver o domínio de mapas conceituais e estruturas teóricas que facilita a compreensão do comportamento humano nas organizações (...)”. Muitos instrutores de comportamento organizacional procuram desenvolver habilidades gerenciais como trabalho em equipe, escutar com atenção, assertividade, solução de problemas, administração de conflitos, delegação, como dar instruções, como motivar outras pessoas, como falar em publico e avaliação de desempenho. Esse autor explica também que o comportamento organizacional procura substituir as explicações intuitivas por um estudo sistêmico, ou seja, busca usar evidencias cientificas obtidas sob condições controladas, medidas e interpretadas de maneira razoavelmente rigorosa para a atribuição de causa e efeito. De acordo com P. Robbins (2006, pág. 02), “Ações (ou comportamentos) e atitudes! (...), três tipos de comportamentos têm consistentemente se mostrados determinantes importantes do desempenho dos funcionários: produtividades, absenteísmo e rotatividade. A importância da produtividade é óbvia. Os administradores decerto se preocupam com a quantidade e a qualidade dos resultados obtidos individualmente por seus funcionários. Mas absenteísmo e a rotatividade em particular em níveis muito altos podem afetar os resultados de maneira negativa. No que tange ao não comparecimento ao trabalho, é quase impossível um funcionário ser produtivo se estiver ausente. Além disso, altos índices de rotatividade aumentam os custos e podem trazer pessoas menos experientes para empresa”. Segundo Vecchio (2008), sobre os gestores no séc. XXI: 17 Os gerentes do século XXI se defrontam com diversos desafios na relação com os colaboradores. Eles incluem: a diversidade da equipe de trabalho, o aumento da contratação de temporários e a expressão cada vez maior de emoções no ambiente de trabalho. 2.2.1 Modelos de abordagens organizacionais: mecanicista x orgânico Buenos (1993) explica que provindo da administração tradicional, o modelo mecanicista é marcado por em estilo de gerenciamento onde o ser humano não tem grande importância dentro da empresa, sendo apenas mais um componente utilizado na obtenção dos lucros, desvalorizando seu potencial através da hostilidade criada pelo individualismo e repressão, desconsiderando de suas emoções, bem como suas sugestões e críticas. Esse sistema alimenta competitividade nada saudável dentro do ambiente de trabalho, as pessoas se limitam a fazer apenas o que seu cargo lhes descreve, não há investimentos e, por conta disto, o crescimento estaciona. O modelo mecanicista enquadra aspectos típicos do tradicionalismo, tais como a definição e altos níveis de especialização das tarefas, muitos níveis dentro de uma hierarquização vertical e formal, todas as tomadas, muitos níveis dentro de hierarquização vertical e formal, todas as tomadas de decisões são feitas e dirigidas pela cúpula administrativa. (SOBRAL, 2010). Ao contrário do mecanicista, o modelo orgânico utilizado pelo desenvolvimento organizacional, segundo Bueno (1993), valoriza, sobretudo, o trabalho em equipe, as responsabilidades divididas entre todos, a democracia na buscas de soluções dos problemas. Aceita as diferenças do indivíduo e usa de seus dons específicos para alcançar objetivos comuns à equipe e, consequentemente, à empresa, aceitando desafios (riscos) que possam elevar a produtividade e prosperidade organizacional e também pessoal. Para Sobral (2008) a diferença crucial é a forma de lidar e posicionar o ser humano dentro da organização, os níveis no organograma são em maior parte horizontais ao invés de verticais, o que ajuda a descentralizar o poder decisório, dando mais liberdade aos demais níveis da estrutura. 18 Esse ‘achatamento’ ajuda a dinamizar e agilizar muitos processos lentos no sistema mecanicista por conta do excesso de regras e burocracia, além disso, cai também o chefe autoritário e cresce a figura do líder exemplar que motiva. (CARVALHO, 2012). Figura 1: Visão mecanicista x visão orgânica Fonte: http://www.ifspcaraguatatuba.edu.br/wp-content/uploads/2011/05/leticia_raele.pdf A figura 1 ilustra bem o contraste entre dois modelos, enquanto no primeiro quadro não há necessidade da opinião do funcionário no processo produtivo, no segundo os valores e emoções de cada um faz parte da atividade organizacional. 2.2.2 Modelo de Lawrence e Lorsch Conforme Lawrence & Lorsch, 1069 citado por Bueno (1993) define que a empresa está sujeita as pressões provindas do ambiente onde está inserido, o ambiente externo está em constante mudança, portanto, para sobreviver nele à empresa não pode ser fechada, introspectiva, mas absorver e compartilhar suas modificações, este modelo representa as etapas onde: Cultiva-se uma necessidade de mudança Essa necessidade é estudada Praticar ações para implementar a mudança http://www.ifspcaraguatatuba.edu.br/wp-content/uploads/2011/05/leticia_raele.pdf 19 Depois que a mudança é devidamente implementada, a empresa sai do processo de transição e se estabilizar, se tonando comum à rotina e isso encerra o processo. 2.2.3 Modelo de Harvard Conforme Letícia (2014) diz que este modelo de intervenção organizacional se faz a parti da mudança por meio da tarefa, partindo dos pressupostos que a primeira mudança a ser efetuada é a comportamental. Segundo Beer, Eisenstat e Spector citado por Bueno (1993), a interação entre as pessoas é o que molda o indivíduo, logo, o foco deve ser sobre suas responsabilidades, posto e relacionamentos. A seguir, os seis passos deste modelo: Fazer o diagnóstico do que deve ser feito e da equipe que se comprometerá com o processo. Compartilhar a visão desenvolvida sobre a nova forma de organização e gerenciamento entre todos os colaboradores e órgãos relacionados à empresa. Fazer os ajustes para o pleno funcionamento do planejamento efetuado, a capacitação adequada para que as novas funções funcionem dentro do novo sistema. Prestar auxílio aos setores que tiverem mais dificuldade em se adaptar às adaptar às alterações sem pressioná-los. Institucionalizar a revitalização da estrutura organizacional. A sexta e última etapa é manter vigilância para identificar e corrigir possíveis falhas do novo sistema. 2.3 CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL Para Luz (2003) a cultura organizacional de uma empresa é tudo que envolve a rotina de uma empresa e funciona como diretriz para guiar o comportamento e mentalidade de seus membros. Ou seja: suas práticas, hábitos, comportamentos, símbolos, valores, princípios, crenças, cerimônias, políticas, sistemas, jargões. 20 Desse modo Luz (2003) explica que desde o início do século XX, tem-se assistido a consideráveis esforços de produção teórica, destinados a descrever, explicar e mudar as organizações. Estas iniciativas geram um reflexo sobre cultura organizacional como sendo uma estratégiaaltamente indutora de extensão de objetivos organizacionais por excelência: a eficiência e eficácia. Falar de cultura organizacional é falar um pouco sobre clima organizacional. Pelo fato de que não dá para falar de um sem ligar características e situações com o outro. Cultura e Clima organizacional são conceitos que se complementam. Por isso é necessário explorar um pouco sobre clima organizacional. Para Dias (2006), clima organizacional pode ser definido de seguinte maneira: O clima organizacional é a expressão pessoal da visão que os trabalhadores e dirigentes adquirem da organização a qual pertencem. O clima organizacional está diretamente relacionado como grau de satisfação, expectativas e necessidades dos integrantes de uma organização. (DIAS, 2006, PÁG. 77). É importante conhecer bem o significado de cultura para poder entender como ela se manifesta em uma organização. Segundo Dias (2003, pág.17) “compreendemos cultura como toda conduta aprendida e seus resultados, cujos elementos são compartilhados e transmitidos pelos homens que compõem a sociedade”. Para ele, podem-se identificar alguns elementos que fazem parte de toda cultura, que são elas: crenças, valores, normas, sanções, símbolos, idioma e tecnologia. Para Dias (2003, pág.18) cultura é definida como sendo “o conjunto de traços materiais e não materiais que caracterizam e identificam uma sociedade.”. Além desta afirmativa, é importante frisar que a cultura para Dias (2003, pág.22) é “transmissível pela herança social e não biológica. As pessoas adquirem cultura ao longo do tempo através de sua participação em um ou vários grupos num processo conhecido como socialização.”. Conforme Souza (1978, pág. 37), “clima organizacional é um fenômeno resultante de interação dos elementos da cultura.”. Souza (1978) ainda cita exemplos desta interação da cultura em relação ao clima, como, a excessiva importância que é dada para a tecnologia, leva um clima desumano, a pressão das normas da organização pode criar um clima de tensão. E assim conforme o que a cultura impõe dentro da organização, surgem diferentes climas dentro da mesma. 21 Outra definição sobre Cultura Organizacional é a de Tavares (1991) que afirma: É conjunto de soluções observáveis, discerníveis e identificáveis, relativas á sobrevivência, manutenção e crescimento de um grupo humano delimitado, que denominamos empresa. Esse conjunto de soluções é um aglomerado de aspectos ideacionais, comportamentais e materiais. (TAVARES, 1991, PÁG. 63). Por mais que o clima organizacional seja contemplativo, ele se consolida no dia-a-dia através de alguns “sinais”. Luz (2003) salienta que: Não é difícil compreender por que tantas empresas apresentam produtividade tão baixa, tantos desperdícios, altas rotatividade, enorme absenteísmo, greves, inúmeras reclamatórias trabalhistas, tantos rumores, tantos conflitos, tantas idas ao consultório médico, que acaba funcionando como uma espécie de confessionário. São sinais de que o clima vai mal nessas organizações. (LUZ, 2003, PÁG. 02). De acordo com os dizeres acima, Luz (2003) diz que é de extrema importância que as organizações atenham-se ao estudo do clima dentro do ambiente de trabalho, pois o mesmo pode interferir no nível de satisfação e, por conseguinte, na produtividade e desempenho de seus colaboradores, gerando resultados negativos. Nesta ótica Luz (2003), explica que a cultura organizacional apresenta-se como um conjunto de normas e crenças criadas dentro de uma organização para agregar valores, seja ele social político ou tecnológico, a fim de atingir metas ou mostrar aos colaboradores, clientes e todas as pessoas as características e escolhas da empresa. Segundo Schein (1992, pág. 12), a “cultura de uma organização pode ser definida como um conjunto de pressuposições básicas compartilhadas que o grupo de pessoas nela envolvido aprendeu como resolvem seus problemas de adaptação externa e integração interna”. Conforme Dias (2003, pág.19) Isso quer dizer que a cultura organizacional se refere a um sistema de valores, compartilhado pelos colaboradores e na maneira pela qual os colaboradores percebem esta cultura, ou seja, como os funcionários veem esta organização, onde uma se diferencia da outra de acordo com o segmento e entende o conceito de satisfação, que é diferente do trabalho, que é um quesito 22 avaliativo. Assim, ela representa normas informais, a fim de orientar o comportamento dos funcionários de uma organização no cotidiano, proporcionando ações que levem ao alcance das metas organizacionais. De acordo com Schein (1984, pág. 06), a cultura de uma organização pode ser aprendida em vários níveis: Nível dos artefatos visíveis (ambiente constituído da organização, representado por sua arquitetura, tecnologia, comportamentos visíveis, manuais de instruções e procedimentos, disposição dos escritórios, comunicações abertas, etc.); Nível dos valores que governam o comportamento das pessoas, que são os fundamentos para os julgamentos a respeito do que está certo e errado, ou seja, o código ético e moral do grupo. É o nível intermediário, entre o consciente e o inconsciente, e são os conjuntos de princípios que definem os artefatos. Nível dos pressupostos básicos (paradigmas inconscientes e invisíveis, que determinam como os membros de um grupo percebem, pensam e sentem o mundo externo, a natureza da realidade, do tempo e do espaço, a natureza da atividade humana e das relações humanas). Moscovici (1997) afirma que a forma como se lida com as diferenças individuais indica um determinado clima entre as pessoas e tem uma intensa influência sobre a vida em grupo. Sobretudo no comportamento organizacional, nas relações interpessoais, nos processos de comunicação e na produtividade. Para as empresas bem-sucedidas tornou-se essencial fazer do ambiente de trabalho um local agradável, pois ele torna mais fácil o relacionamento interpessoal e melhora a produtividade. Ainda reduz acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade do pessoal (CHIAVENATO, 2010). 23 Figura 2: Schein define três níveis de cultura ao patamar de cada fenômeno cultural, e que estão visíveis aos observadores. Fonte: http://www.gestiondeproyectosit.es/blogit/2015/09/cultura/ Para Edgar Schein, os artefatos são elementos que se podem identificar em uma empresa, ou seja, são aqueles elementos que se chamam de tangíveis, quaisquer que sejam. Artefatos: estruturas e processos organizacionais visíveis da organização. Valores de suporte: estratégicas, metas, e filosofia (justificativas de suporte). Pressuposições básicas de suporte: inconsciente, crenças mais significativas, percepção, pensamento, sentimento (determinadores de valores e ações). Com determinado tempo, as organizações costumam desenvolver termos técnicos, próprios para descrever tudo o que se refere à organização e à cultura da mesma, exemplos: equipamentos, clientes, fornecedores, etc. Com certo tempo assimilando esta tecnologia, tudo tende a funcionar como um fator de denominador comum que une os colaboradores de uma determinada cultura ou subcultura organizacional. 24 As pesquisas indicam sete características básicas, as quais mostram a essência da cultura de uma organização, como sendo: Inovação e assunção de riscos – o grau em que os funcionários são estimulados a serem inovadores; Atenção aos detalhes – o grau em que se espera que os funcionários demonstrem precisão analise e atenção aos detalhes; Orientação para resultados – o grau em que os dirigentes focam os resultados mais que as técnicas e processos para o alcance deles; Orientação para as pessoas – o grau em que as decisões dos dirigentes levam o feito dos resultados sobre as pessoas dentro das organizações; Orientação para a equipe – o grauem que as atividades de trabalho são organizadas mais em termos de equipes do que indivíduos; Agressividade - o grau em que as pessoas são competitivas e agressivas, em vez de dóceis e acomodadas; Estabilidade – o grau em que as atividades de organizacionais enfatizam a manutenção do status quo em contraste ao crescimento (ROBBINS, 2002, pág. 499). Conforme Chiavenato (2005) rara enfrentar as cobranças e ameaças neste cenário globalizado de extensa competição, as organizações devem-se planejar pautadas na política de mudança cultural. Para isso, torna-se necessário um estudo da cultura organizacional dentro do ambiente, de sua influência sobre o comportamento dos funcionários e colaboradores, sem esquecer-se da esfera dos gestores ou dirigentes. Sempre promover a mudança de dentro para fora da organização; construir símbolos tangíveis da nova administração e garantir que a segurança das pessoas está assegurada nos processos de transição. Segundo Likert em 1971 explica sobre o clima organizacional citado por Lacombe, 2009: Os fatores que influenciam e moldam o clima organizacional que é bem particular de cada empresa, pois está vinculado à sua cultura interna. Tal como envolvem em especial as pessoas inseridas no contexto, suas ambições, expectativas, relacionamento com colegas 25 e superiores, sua contribuição para com a empresa, além do que esta exige e proporciona às pessoas. Lacombe (2009) salienta que em condições ideais, o clima organizacional contribui para que o colaborador esteja sempre motivado a dar seu melhor para a empresa, se propaga confiança entre todos, todos possuem iniciativa de agir e inovar; em contra partida, expostas a clima organizacional negativo as pessoas tendem a ser menos produtivas, deixam de partilhar seus conhecimentos com os colegas, subordinados e superiores, temendo perder seu lugar e, assumindo assim uma postura reativa, a empresa deixa de crescer. 2.4 COMPORTAMENTO ÉTICO ORGANIZACIONAL Segundo Rosana Rocha (2012) sobre o desenvolvimento do comportamento ético, é muito difícil de ser administrado, pois é um caráter que cada um tem, e no dia-a-dia as pessoas acabam por mexer com alguns desses aspectos. A organização não deve simplesmente colocar em um quadro o código de ética da empresa, tem que orientar seus colaboradores e o mais importante, aplicá-lo; pois cada organização elabora seu código de ética, conforme suas diretrizes. A ética deixou de ser uma questão estritamente do indivíduo que enfrenta dilemas morais em sua vida, adquirindo uma dimensão maior, a organizacional, que impacta o público interno, especificamente os empregados, e a sociedade como um todo, passando a ser objeto de estudo do comportamento organizacional, (Cardoso, 2000). No ambiente profissional é necessária inter-relação entre a ética profissional e pessoal sobre o aspecto do bem-estar, da eficiência e da eficácia individual. Conforme Fraedrich e Ferrell (2001) argumentaram que a ética empresarial não significa simplesmente discorrer sobre o que deve ser ou não feito em uma dada situação. Os autores associam sistematicamente os conceitos de responsabilidade ética e tomada de decisões dentro da empresa. A tendência atual consiste em passar de iniciativas éticas de base legal para iniciativas cujas raízes estejam na cultura ou na integridade das empresas nas quais a ética esteja presente como um dos valores fundamentais: 26 Saber utilizar à ética nas ações sócio profissional é condição básica para quem pretende permanecer em qualquer atividade profissional. (FRAEDRICH E FERRELL, 2001). Para Srour (2000) definiu ética empresarial como práticas organizacionais baseadas em valores morais e destacou sete dimensões teóricas: qualidade no trabalho e respeito no trato interpessoal; valores de igualdade de oportunidades e tratamento não discriminatório; importância do cliente; respeito pelos prazos; confiabilidade, credibilidade e estabilidade de normas e objetivos; capacitação e autodesenvolvimento; e comprometimento com normas sociais e integração com a comunidade. Já para Santos (1997), citado por Ponchirolli (2009, pág. 39) sobre a ética profissional: “É a reflexão sobre a atividade produtiva, para dali extrair o conjunto excelente de ações, relativas ao modo de produção. Atividade produtiva tem hábitos e costumes próprios; tem também acordos que asseguram a produção de justiça mínima no decorrer de seu exercício e constituem ambos, o objeto de ética profissional”. Ainda sobre a ética profissional, Camargo (1991), citado por Ponchirolli (2009, pág. 39) afirma: É a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais; a pessoa tem que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivê-los nas suas atividades de trabalho. De um lado, ela exige a deontologia, isto é, o estudo dos deveres específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional; de outro, exige a diceologia, isto é, o estudo dos direitos que a pessoa tem ao exercer suas atividades. Segundo Rosana Rocha (2012) assim, pela exigência do mercado de trabalho e pelo desenvolvimento pessoal, o profissional deve tornar-se ético nas pregações e nas ações. Conhecer e fazer uso deste comportamento são uma oportunidade para qualificar-se pessoal e profissionalmente, e assim melhorar perspectivos sócios profissionais. 27 2.4.1 Ética Conforme Cortella (2008) a ética é o conjunto de valores e princípios usados para decidir questões na nossa vida; Quero, Devo e Posso. Numa definição de forma geral, Cortella (2008) define como disciplina ou campo de conhecimento humano, ética se refere à teoria ou estudos sistemáticos sobre a prática moral. Dessa forma ela analisa e critica os fundamentos e princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens em sociedade. A ética parte do fato da existência da moral, isto é, toma como ponto de partida à diversidade de morais no tempo, com seus respectivos valores, princípios e normas. Como teoria, não se identifica com os princípios e normas de nenhuma moral em particular e tampouco pode adotar uma atitude indiferente ou eclética diante delas. Como as demais ciências a ética se defrontam com fatos. Que estes sejam humanos implica, por sua vez, em que sejam fatos de valor. Para Rosana Rocha (2012) por fim, pode se informar que a ética vem de berço. Não existe ninguém sem ética, existe sim o antiético. 2.4.2 Ser Ético Conforme Srour (2000), ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranquilo com a consciência pessoal. É, também, agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da própria cultura de uma comunidade. Elas variam de acordo com o tempo e sua localização no mapa. A regra ética é uma questão de atitude, de escolha. Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes nasceram no mundo antigo e continuam válidas até hoje. Eis algumas das principais; conforme Arruda (2002): Ser honesto em qualquer situação: a honestidade é a primeira virtude da vida nos negócios, afinal, a credibilidade é resultado de uma relação franca. 28 Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que seja preciso ir contra a opinião da maioria. Ser tolerante e flexível: muitas ideias aparentemente absurdas podem ser a solução para um problema. Mas para descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação sem julgá-las antes. Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos momentos mais críticos. Ser humilde: só assim se consegue ouviro que os outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso individual é resultado do trabalho da equipe. Ser ético, como exemplo, seria um auditório ou qualquer outro ambiente fechado onde, há dez anos, as pessoas fumariam independentemente da sinalização sobre a proibição ao fumo; hoje, as pessoas adaptaram-se e respeitam o individuo e não simplesmente a “placa”, esta é uma mudança de comportamento social, é ser ético. ROSANA ROCHA (2012, PÁG. 177). De acordo Rosana Rocha (2012) atuar eticamente vai muito além de não roubar ou não fraudar a empresa. A ética nos negócios inclui desde o respeito com que os clientes são tratados ao estilo de gestão do líder da equipe. O fato, porém, é que cada vez mais essa é uma qualidade fundamental para quem se preocupa em ter uma carreira longa, respeitada e sólida. 2.5 CIDADANIA ORGANIZACIONAL A cidadania organizacional é um comportamento discricionário que não faz parte das exigências funcionais, mas que ajuda a promover o funcionamento eficaz da organização. Entre os exemplos de atitudes que indicam um comportamento voltado para cidadania organizacional está para ajudar aos colegas nas equipes, oferecer-se voluntariamente para tarefas extraordinárias, evitar conflitos desnecessários e elogiar o trabalho do grupo e da empresa. Conforme Pedro Morales (2012), uma das maiores preocupações de um gerente é a satisfação de seus colaboradores, pois se eles não estiverem satisfeitos podem ocorrer problemas como: baixa produtividade, poucas habilidades no atendimento de clientes, o colaborador também faltará mais ao trabalho e a rotatividade de pessoal da empresa será muito grande. Quando o colaborador não 29 se sente satisfeito no seu cargo dentro da empresa ele passa a ser vitima também do stress e consequentemente menor satisfação de vida. Quando o colaborador se sente satisfeito em seu cargo surge o que podemos chamar de comportamento organizacional de cidadania que desperta sentimentos como conscientização, altruísmo (quando as ações de um indivíduo beneficiam outros), virtude cívica, cortesia e esportividade (bom humor). Um bom cidadão organizacional tem um comportamento como o de uma pessoa que ajuda quando seu colega esta com problema ou preocupa-se com a segurança de seus colegas. A cidadania organizacional está ligada aos comportamentos de colaboração dos indivíduos para com outros indivíduos e para com a empresa: Segundo Katz e Kahn (1978), ao procurarem explicar quais seriam os comportamentos, padrões motivacionais e condições organizacionais que se interligariam para promover a existência efetiva de uma organização, reconheceram que o conceito de cidadão organizacional é apresentado baseando-o em cinco classes de ações espontâneas que beneficiariam a empresa: ajuda aos colegas de trabalho; proteção à organização; sugestões construtivas; contribuição para a reputação organizacional e autodesenvolvimento. Segundo Neuman e Kickul (1996) citato por Andrew J. (2002) as empresas procuram cada vez mais pessoas com comportamento organizacional de cidadania para enfrentar a competitividade global e a necessidade de inovação continua. O bom cidadão organizacional tem ações espontâneas, aquelas que não são obrigatórias e nem recompensadas e contribuem para quem as organizações atinjam a sua eficácia organizacional. (ARMÉNIO REGO, 2002). Para Paulo Morales (2012) as empresa devem encontrar meios de promover a satisfação dos colaboradores com meio de reter talentos e busca de um bom ambiente organizacional. Entre as atitudes que podem promover a cidadania organizacional estão o estilo da liderança exercida pela organização, onde sucesso na relação deve se ao respeito mútuo e confiança entre líder e liderado, a maneira de tratar os colaboradores, se existe justiça nessa relação à carga de trabalho tais como nível de salário, o bônus e horário de trabalho além de encontrar meios de encorajar os trabalhadores a participarem ativamente da execução do plano estratégico da empresa. 30 Figura 3: Contentamento com a cooperação, amizade, confiança e relacionamentos com os seus colegas de trabalho. . Fonte: https://photos.google.com/photo/af1qipotdsw-krpsl658cj54jtuvnx1kopwzo7cvyku1. As empresas procuram cada vez mais pessoas com Comportamento Organizacional de Cidadania para enfrentar a competitividade global e a necessidade de inovação continua. (ANDREW J. 2002). Para Arménio Rego (2012), o bom cidadão organizacional tem ações espontâneas, aquelas que não são obrigatórias e nem recompensadas e contribuem para que as organizações atinjam a sua eficácia organizacional. As empresas devem encontrar meios de promover a satisfação dos colaboradores como meio de reter talentos e busca de um bom ambiente organizacional. Entre as atitudes que podem promover a cidadania organizacional estão o estilo da liderança exercida pela organização, onde sucesso na relação deve se ao respeito mútuo e confiança entre líder e liderado, a maneira de tratar os colaboradores, se existe justiça nessa relação à carga de trabalho tais como nível de salário, bônus e horário de trabalho além de encontrar meios de encorajar os trabalhadores a participarem ativamente da execução do Plano Estratégico da Empresa. Em conformidade com Pedro Morales (2012), quando o colaborador da empresa esta satisfeito com seu trabalho ele se torna mais colaborativo e bem humorado, surgindo o cidadão organizacional que traz para a empresa a inovação e um bom clima, ingredientes indispensáveis para a sustentabilidade e competitividade das organizações. 31 2.6 PERSONALIDADE ORGANIZACIONAL A personalidade são traços e características individuais, relativamente estáveis, que distinguem uma pessoa das demais. Soto (2002) nos diz que podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como personalidade. Como indivíduo, é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física. Como pessoa, é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais seres vivos. Ao acrescentar a personalidade o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo. Segundo Corbela (citado por Soto, 2002): A personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é uma forma de responder diante dos estímulos e as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio e que dá como resultado o comportamento. Existem divergências quanto às origens ou sobre o que determina a personalidade de alguém. Alguns teóricos argumentam que a personalidade é determinada por fatores genéticos, e outros defendem a ideia de que o ambiente pode moldar e modificar a personalidade de uma pessoa. Soto (2002) ainda nos diz que, historicamente, pesquisadores assinalaram como chaves determinantes da personalidade a hereditariedade e o ambiente e, posteriormente, foi introduzido um novo fator, a situação, como agente importante capaz de moldar a personalidade. Foram identificados diversos traços de personalidade que permitem diferenciar as pessoas. Pervin (citado por Griffin e Moorhead, 2006) define cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São eles: Sociabilidade: capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a serem gentis, cooperativas, compreensíveis e estão mais propensas a manter melhores relações no ambiente de trabalho. Consciência/meticulosidade: refere-se à quantidade de objetivos em que cada um é capaz de se concentrar. Os que se concentram em poucos 32 objetivos de cada vez tendem a serem mais organizados, cuidadosos, responsáveis e disciplinados no trabalho. Estabilidade emocional: diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior estabilidadeemocional tendem a serem calmas, flexíveis, seguras. Extroversão: refere-se ao bem-estar sentido nos relacionamentos. Os extrovertidos são mais amistosos, falantes, assertivos e abertos a novos relacionamentos. Abertura: refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas ideias e a mudar de opinião a partir de novas informações. Para Pervin (citado por Griffin e Moorhead, 2006) o conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus colaboradores, mas devemos ter cuidado para não rotularmos as pessoas, uma vez que, por mais científicas que sejam ao se tratar de pessoas as rotulações podem conter imprecisões, e outros fatores também podem interferir no comportamento das pessoas. De acordo com Freitas (1999, pág. 91), a formação da personalidade decorre de variações contínuas de amor e ódio, decorrentes de constantes identificações, por vezes conflitantes entre si. No “modelo Big Five, a personalidade é definido como decorrente de um constructo, desenvolvido ao longo da vida humana: uma rede hierárquica de traços, compreendidos teoricamente como predisposições comportamentais de respostas às situações da vida” (TRENTINI, 2009). A percepção é definida por Robbins (2005, pág. 104) como o “processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao seu ambiente”, que pode ser completamente diferente da realidade existente. Assim, pode-se considerar que a percepção está condicionada ao grau de desenvolvimento em cada um dos fatores identificados no Modelo Big five. 33 2.7 PAPEL DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS A Gestão de Pessoas trabalha a capacitação, envolvimento e desenvolvimento dos funcionários de uma empresa. Esta área, por excelência, tem a função de humanizar os processos organizacionais. De acordo com Freitas (1991), a área de gestão de pessoas nas organizações é “a guardiã da cultura” e tem o papel fundamental de disseminar, promover, manter e implementar mudanças culturais definindo, nos processos de seleção, perfis compatíveis com os valores organizacionais, elaborando sistemas que contemplem a competência e a lealdade, promovendo eventos que destaquem o comportamento esperado, veiculando histórias que reforcem os valores da organização, estabelecendo meios de comunicação que permitam a interpretação adequada das mensagens institucionais, monitorando os programas de socialização, recuperando os transgressores, dentre outros. Segundo Dubrin (2003), a cultura organizacional pode causar um impacto penetrante na eficácia da organização. De forma a pontar as consequências e implicações da cultura: Vantagem competitiva e sucesso financeiro: pesquisas apontam que as empresas nas quais os empregados percebiam a existência de uma ligação entre os esforços individuais e as metas da organização demonstraram maior retorno de investimentos. O gestor precisa “vender” bem a empresa a seus liderados, pedir ajuda, liderar as pessoas par conseguir colaboração com políticas e estratégicas, (RICARDO XAVIER, 2006, PÁG. 18). Produtividade, qualidade e moral: uma cultura que enfatiza a produtividade e a qualidade encoraja os trabalhadores a serem produtivos. O gestor precisa fazer com que cada colaborador, e a equipe como um todo, tenha um compromisso com um nível de empenho demandado pelo mundo atual, criando uma cultura de trabalho e resultados. (RICARDO XAVIER, 2006, PÁG. 18). 34 Inovação: da mesma forma, uma organização que encoraja a criatividade e a tomada de decisão estará contribuindo para a inovação. O gestor precisa criar um ambiente em que todos sejam ouvidos e estimulados a contribuir para a melhora contínua dos processos, para que se encontrem soluções para os problemas de cada área. (RICARDO XAVIER, 2006, PÁG. 18). Ajuste pessoa/organização: um ponto fundamental para o sucesso tanto do indivíduo quanto da organização é o ajuste dos valores individuais e da organização. O gestor precisa fazer com que os membros da equipe busquem o conhecimento, partilhem-no, contribuam para que cada um individualmente e o todo se tornem mais eficientes. (RICARDO XAVIER, 2006, PÁG. 18). Direção da atividade de liderança: a cultura organizacional diz o modo como liderar. O gestor precisa mostrar os rumos, dizer o que se espera de cada colaborador, indicar comportamentos que são efetivamente direcionados para os alvos certos e explicitar quais devem ser mudados. Precisa deixar claro a cada um os planos e decisões da empresa, fazendo com que as pessoas os compreendam e saibam qual é sua parte neles. (RICARDO XAVIER, 2006, PÁG. 18). 2.8 LIDERANÇA A forma de gerir processos e pessoas é diferente para cada empresa, por isto temos empresas de sucesso e empresas que fracassam e toda empresa quer ser líder de mercado em seu próprio segmento, porém empresas são formadas por pessoas e a estratégia para se chegar a este objetivo, esta na escolha certa de seus líderes internos, e no tratamento pessoal para com os liderados, clientes internos, externos e fornecedores. Segundo Covey (2002) a liderança lida com ativo o gerenciamento com os resultados, porém tanto a liderança (eficácia) quanto ao gerenciamento (eficiência) são necessárias. O lado humano deve ser trabalhado, lideres devem ter o perfil de um coach (treinador). 35 É necessário que o líder preencha alguns requisitos básicos da liderança, para serem capazes de exercer a função com eficiência. O primeiro seria autocontrole emocional, sem ele não se pode aplicar as ferramentas de liderança, e o outro requisito é que a pessoa escolhida saiba servir, e se entregue totalmente, entrega total não é apenas física, mas mental e emocional também. (HUNTER, 2004). 2.8.1 Aprendendo servir para servir liderando “O líder é aquela pessoa que consegue, por questões cognitivas, emocionais, comportamentais, dentre outras, inspirar colaboradores a que sigam sua proposta”. CARVALHO (2014, PÁG. 49). Segundo José Aurélio (2017) informa, liderança tem a ver com conduzir as pessoas, rumo a objetivos previamente definidos, assim podemos alinhar liderança sob as mais diversas dimensões e dentro de várias perspectivas: como qualidades pessoais, como uma função ligada à autoridade recebida da organização formal, como um conjunto de atitudes em uma situação especifica, como um comportamento contingencial, entre outras. Naturalmente que a liderança só pode existir em um contexto grupal, ou seja, é condição para se verificar liderança que exista um indivíduo interagindo com um grupo, ou no mínimo com outro indivíduo e, por conseguinte, alguém só é reconhecido como líder a partir do momento em que outro, ou outros, o percebam como capaz de satisfazer alguma necessidade ou, pelo menos, como possuidor de qualidades que potencialmente possam ser utilizadas para atender expectativas dos liderados. JOSÉ AURÉLIO (2017). Conforme José Aurélio (2017, pág. 08) a liderança só pode existir em um contexto grupal, ou seja, é condição para se verificar liderança que exista um indivíduo interagindo com um grupo, ou no mínimo com outro indivíduo e, por conseguinte, alguém só é reconhecido como líder a partir do momento em que outro, ou outros, o percebam como capaz de satisfazer alguma necessidade ou, pelo menos, como possuidor de qualidades que potencialmente possam ser utilizadas para atender expectativas dos liderados. Segundo Chiavenato (2008), a liderança é um fenômeno social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. Ele assim a define como sendo uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Esta36 definição de Chiavenato nos remete a obra de Petterson Kerry, Grenny Joseph, McMillan e Al Switzer, Conversas Decisivas, que aborda sobre a arte da comunicação interpessoal. Segundo a definição de Chiavenato (2008) sobre as pesquisas de Petterson Kerry, Grenny Joseph, McMillan e Al Switzer: as pesquisas cujos resultados deram origem ao livro foram baseadas no estudo da excelência pessoal e organizacional. Um dos tópicos abordados foi buscar entender porque certas pessoas eram mais eficientes que outras, e então, após certo tempo, os autores descobriram que as pessoas mais influentes nas organizações eram as que dominavam a arte da comunicação interpessoal (o poder do diálogo). O poder do diálogo está relacionado ao fluxo de informações relevantes e, seu primeiro princípio, é comece com o coração (cada um de nós com o seu), pois, se temos nove dificuldades em compreendermos a nós mesmos, certamente teremos problemas em conduzir um diálogo (a recíproca é verdadeira). Mobilizar pessoas para o alcance de objetivos organizacionais é gestão de pessoas e, o diálogo, tem papel de destaque nesta gestão. É importante para as lideranças, quando o assunto é Gestão de Pessoas, refletir como as empresas interagem com seus funcionários no ambiente de trabalho quanto ao fato de como os mesmos são considerados (recurso organizacional, uma mão-de-obra, um mestre- de-obras, um gestor ou um líder). A análise e a discussão destas questões são importantes para que se possa identificar, no contexto organizacional, se as pessoas são ativas, agregam valor e necessitam ser valorizadas e desenvolvidas ou apenas são recursos para serem consumidos, explorados e descartados não se levando em consideração o tempo dedicados ao trabalho quer seja dentro ou fora da mesma. Fiorelli (2004) define a liderança como sendo “a capacidade de exercer influência sobre pessoas.” Para ele existe um forte componente emocional no exercício da liderança e a mesma instala-se pela emoção. Muito se fala em liderança muito embora, o que vemos, são os mesmos conceitos baseados nas teorias de estudiosos de décadas atrás aprendidos nas faculdades e até nos treinamentos que tem o assunto como temática. José Aurélio afirma (2017, pág. 09) que o mundo está cada vez mais mutante e as mudanças cada vez mais rápidas. Existem muitos estudiosos e conceitos acerca do tema liderança, mas todos sempre envoltos dos mesmos modelos 37 existentes que já não estão mais obtendo resultados satisfatórios como antes. Um novo conceito veio para mudar e está ganhando força nas organizações, a liderança servidora. Ela consiste, na administração, em aplicar o pensar não somente nos negócios, mas também, nas pessoas. Lacerda (2005) relata que o maior proposito dessa liderança é ajudar a sua equipe a se desenvolver, é estar mais preocupado em servir os seus liderados, do que apenas dar ordens. É aquele que percebe que o seu sucesso depende diretamente das suas dez equipes. Pensando e agindo assim, recebe mais retornos que os outros tipos de liderança (democrática e autocrática). Trata-se de um líder espiritualizado, que ajuda em vez de ser servido e, acima de tudo, ético. Surgida no Brasil em meados do ano 2000, este novo conceito de liderança foi usado pela primeira vez na década de 1970 por Robert K. Greenleaf (Servant- Leadership) que assim a definiu: O líder servidor serve primeiro. Este tipo de liderança começa com um desejo natural de servir. É uma escolha consciente que leva a pessoa a querer liderar. O melhor teste para a liderança servidora é verificar se o liderado (quem foi servido) cresceu como ser humano; aqueles que foram servidos (liderados) se tornaram mais saudáveis, inteligentes, livres, mais autônomos, mais propensos a também se tornarem servidores? (GREENLEAF, 1970). José Aurélio afirma (2017, pág. 10) a liderança servidora parte do princípio que, para liderar, é preciso servir deixando claro que aquela associação de liderança com o poder de mandar e de se fazer obedecer (naturalmente é feito), é apenas uma, das muitas dimensões, que a liderança possui. Servir significa ajudar as pessoas a se tornarem melhores, a alcançar plenamente seu potencial e, o resultado disto, leva a equipe alcançar sempre os melhores resultados além de desenvolver novos líderes servidores. James C. Hunter (2006), na sua obra “Como se tornar um Líder Servidor”, definiu liderança como sendo a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, porém, com o passar do tempo dedicado ao estudo da liderança, modificou este conceito para: “A habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter.” (HUNTER, 2006, PÁG. 18). 38 José Aurélio afirma (2017, pág. 10) ao fazê-lo, ele não só corroborou com a tendência de evolução do tema como, também, com a tendência de evolução da gestão no mundo organizacional público e privado. A história da humanidade também apresenta a mesma tendência onde, a vida, desde os tempos das cavernas, é uma eterna mudança. Hunter (2006) inicia o caminho na sua obra, “Como se tornar um Líder Servidor”, citando as palavras do General William Creech. Para Creech, não havia pelotões fracos e sim, lideres fracos. Liderar significa conquistar as pessoas, envolvê-las de forma que coloquem seu coração, mente, espirito, criatividade e excelência a serviço de um objetivo. É preciso fazer com que se empenhem ao máximo na missão, dando tudo pela equipe. Responsabilidade, habilidade, influência e caráter (estímulo implica na escolha da reação) fazem parte do perfil do líder servidor. Sem eles, a liderança servidora não existiria. Outra abordagem feita por Hunter (2006), na sua obra, “Como se tornar um Líder Servidor”, diz respeito a poder e autoridade. O sociólogo, Max Weber, é um dos fundadores dessa área de estudo. Há quase cem anos, ele desenvolveu a teoria da organização social e econômica, em que apontava as diferenças entre poder e autoridade. Este tipo de abordagem, poder e autoridade, também foram feito por Chiavenato na administração pública e não difere muito da abordagem de Weber. “Poder é a capacidade de obrigar, por causa de sua posição ou força, os outros obedecem a sua vontade, mesmo que eles preferissem não o fazer. Weber, em sua definição básica de poder diria: ‘Faça isso, senão vai ver!” (HUNTER, 2006, pág. 32). Segundo a intepretação de José Aurélio (2017) Diferentemente de poder, autoridade envolve habilidade. Habilidade de levar outro, ou outros, a fazerem, de bom grado, sua vontade. Na visão de Weber seria o mesmo que dizer: farei isto por você. Hunter defende a tese de que a liderança legítima deve ser baseada na autoridade uma vez que o poder, ao longo do tempo, começa a deteriorar os relacionamentos, mas, admite que haja ocasiões em que o poder deve ser exercido. “Quando decidi, muitos anos atrás, introduzir o conceito de ‘amor’ em meus seminários para executivos, percebi o risco que estava correndo – especialmente com audiências masculinas.” (HUNTER, 2006, pág. 47). Hunter afirmava que, bastava falar em amor, que o nervosismo era visível. Isto porque o amor, era visto como um sentimento romântico. Mas a verdade é que podemos amar o nosso 39 trabalho e tudo quanto quisermos. O amor é sempre um sentimento positivo. Desta forma Hunter (2006, pág. 49) escreveu sobre o amor: “o ato de se pôr à disposição dos outros, identificando e atendendo suas reais necessidades, sempre procurando o bem maior”. Amar uns aos outros, liderança e caráter são para quem faz a coisa certa. Outra colocação de Hunter, em relação a como se tornar um líder servidor, e neste tocante ele é pioneiro entre os estudiosos do tema liderança, diz respeito às qualidades da liderança. A liderança exigepaciência. Ter paciência é demonstrar autocontrole. Esta qualidade de caráter é essencial para um líder na medida em que paciência e autocontrole são os fundamentos do caráter e, portanto, da liderança. Exige gentileza. Gentileza é dispensar atenção, apreciação e encorajamento aos outros. Exige humildade. Humildade é a demonstração de ausência de orgulho, arrogância ou pretensão; comportamento autêntico. Exige respeito. Respeito é tratar todas as pessoas com a devida importância. Exige altruísmo. Altruísmo é atender as necessidades dos outros. Exige perdão. Perdão é deixar para lá os 12 ressentimentos. Exige honestidade. Honestidade é não tentar enganar ninguém. Exige compromisso. Compromisso é ser fiel à sua escolha. 2.8.2 Estratégia na escolha do líder O líder deve exercer o papel de um treinador, conforme Covey (2002) diz que o líder deve ensinar. Tanto o líder nato, com conhecimento das técnicas de liderança, quanto o líder formado, é importante para empresa, à única diferença é que o líder nato consegue fazer tudo com mais naturalidade e facilidade, porque nasceu com esta vocação. Um líder nato pode ser reconhecido pelas amizades, fala com todos, cumprimenta a todos, e todos gostam dele porque ele chama a responsabilidade para si, e não guarda mágoas. As pessoas o seguem naturalmente. Segundo Hunter (2004), diz que liderança é uma habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida por alguém que tenha o desejo e pratique as ações adequadas. O líder que aprendeu, conhece as técnicas modernas para se aplicar uma boa liderança, e com o passar do tempo até consegue ter uma personalidade de um líder nato, para fazer amizades, e organizar as coisas, tudo se aprende. 40 Quando o líder nato conhece as técnicas de liderança, não cai em ciladas como a perda do autocontrole emocional, sabe servir, e dança conforme a música, ou seja, tem hora de ser autoritário, hora para ser democrático e até mesmo liberal, mas na maioria das vezes ele será democrático, envolvendo a todos no processo para motivar sua equipe. (JEFFERSON CESAR, 2000, PÁG. 06). Buscar o conhecimento e manter-se atualizado é vital para uma boa liderança, conforme Ribeiro (2005), afirma que existem dois tipos de empresas, as empresas líderes, e as empresas dinossauros, que estão entrando em extinção pela incapacidade de acompanhar as mudanças. Isto ocorre também com os líderes, devem buscar o conhecimento, inovar porque o mercado esta em constante mudança, e quem dita às regras é o mercado, por isto os líderes de ontem são diferentes dos líderes de hoje, hoje com o uso da internet o consumidor está mais rápido, e as mudanças acontecem com maior velocidade, e faz-se necessário que se acompanhe esta mudança. Outro fato importante a se observar é a confiabilidade, se o líder não transmite confiança não pode liderar a confiança esta atrelada ao respeito, assim fica fácil identificar, um líder que não se dá ao respeito na vida pessoal, é uma pessoa que também não se pode confiar profissionalmente. Hunter (2004) diz que sempre haverá duas coisas em jogo, quando uma tarefa é designada, a tarefa em si e o relacionamento, se um líder não tiver um bom relacionamento com seus liderados, não ficará na liderança por muito tempo, este relacionamento saudável se estende a clientes e fornecedores, isto garante a sobrevivência de qualquer organização. “Em suma, relacionamentos saudáveis com os clientes, empregados, donos e fornecedores asseguram um negócio saudável.” (Hunter, 2004). Covey (2002), diz que estes atos são verdadeiros depósitos bancários nas contas emocionais do liderado, e segundo Sun Tzu (2001) a fidelidade se conquista os liderados quando recebem tratamento de filhos se tornarão grandes amigos e trabalhadores com mais motivação, porque a fidelidade foi conquistada. Este é o papel do líder criar este comprometimento. 41 2.8.3 Estratégias de liderança O líder desenvolve o comprometimento em seus liderados e busca o resultado para o coletivo e não apenas para si. Para Jefferson Cesar (2000, pág. 07), desenvolver a liderança em todos os funcionários é estratégico e a empresa agindo assim, faz com que os funcionários tornem-se mais comprometidos e as chances de sucesso aumentam. Se cada pessoa dentro de uma organização receber uma formação de liderança, o conhecimento será aplicado na prática durante o dia-a-dia de trabalho, não que todos os funcionários serão lideres, mas o fato de conhecerem as técnicas e formas de agir de um líder já é o suficiente para um grande salto da empresa, e esta empresa chegará a ser líder de mercado em seu segmento em pouquíssimo tempo. Sun Tzu (2001) ensina que o líder não deve ser reagente e sim proativo, agindo e fazendo com que os outros sejam os reagentes. Figura 4: Ser proativo ou reagente. Fonte: https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigogestrategico.pdf. Conforme Covey (2002), a liderança trabalha o sistema gerenciando os objetivos, direção, visão, princípios, mentalidades, depósitos nas contas bancárias emocionais, e com a formação de pessoas. Também afirma que a administração depende de uma boa liderança, imagine só uma administração sem liderança: não tem visão, orientação, eficiência e não se tem alvo, e isto potencializa a velocidade na direção errada, sem resultados positivos. O sucesso está intimamente ligado ao trabalho, e a pessoa precisa fazer o que gosta para ter energia, poder suportar a pressão e transformar problemas em desafios. (RIBEIRO, 2005). https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigogestrategico.pdf 42 Segundo Covey (2002), citado por Jefferson Costa, 2000, pág. 08: Por isto, o líder deve observar seus liderados para descobrir qual a verdadeira vocação de cada um, e atribuir às tarefas de acordo com a aptidão individual, desta forma o trabalho se desenvolve desembaraçadamente e todos estarão motivados. Os frutos de construírem carreiras fazendo o que gostam são: sucesso, prazer e dinheiro, além de serem alto motivados, são remunerados fazendo o que fariam até de graça por gostarem do que fazem. A alto motivação esta em fazer o que gosta, e o líder é auto motivado porque gosta de liderar. O líder, pela ótica de Covey (2002), é aquele que ensina a pescar, delegando autoridade e oferecendo condições de se governarem por conta própria, adquirindo com isto um sentido de responsabilidade. Quando se delega um poder a alguém, você esta quebrando o próprio paradigma, e esta mudança faz de você um servidor, uma fonte onde as pessoas poderão procurar auxílio, e não mais um controlador das pessoas. Isto é ensinar a pescar. 2.8.4 Erros de liderança Conforme Sun Tzu (2001), ser bom para todos, não implica em ser relaxado e liberal, a disciplina deve ser mantido, ser rígido e correto ao mesmo tempo em que ser bom e tratar todos como se fossem teus filhos, se as ordens são claras e não as cumprem, então é necessário agir com energia, e punir os culpados. Não punir para se manter a disciplina é um erro e como consequência, a perda da liderança. Os erros de liderança podem ser classificados em cinco tipos, e podem causar transtornos e até mesmo a derrota. Erros tais como os citados por Sun Tzu em seu livro a arte da guerra, são comuns dentro das organizações. (SUN TZU, 2001). Insubordinação: Conforme Sun Tzu (2001) ocorre quando se elege um líder fraco, além de não serem lideres nato, não conhecem as técnicas de liderança muito menos buscam conhecimento de liderança para poder exercer, nem sempre um bom técnico será um bom líder, e sim aquele que busca o conhecimento para poder aplicar ferramentas de liderança. 43 Colapso: Sun Tzu (2001) diz que ocorre quando os líderes são muito fortes e os liderados muito fracos, líderes que não buscam o conhecimento agem desta forma, se tornam líderes
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