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unidade 1 Robinson Henrique Scholz PESSOAS Gestão de 9 As pessoas e as Organizações: Qual o Foco da Gestão de Pessoas? Prezado(a) estudante. Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Compreender o papel da gestão de pessoas e seus desafios em diferentes contextos organizacionais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conhecer as vertentes teóricas sobre a gestão de pessoas e suas implicações. • Refletir sobre as diferentes possibilidades de gerir pessoas de acordo com os tipos de organizações. • Proporcionar a reflexão sobre o papel da gestão de pessoas nas organizações. unidade 1 GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 10 1.1 Visão Geral da Gestão de Pessoas Você se imagina desenvolvendo um trabalho de professor sem estudantes ou outros professores para compartilhar conhecimento? Você imagina produzir roupas sem ter pessoas que as comprem? Pois bem, pessoas estão em todas as partes e com elas nos relacionamos, produzimos, convivemos e estabelecemos processos de trabalho. Assim, é possível pensar gestão de pessoas num contexto fora do ambiente de trabalho? Na história mundial, tivemos momentos importantes em que pessoas estavam envolvidas, ou seja, seres humanos conduzindo ações e movimentando as transformações do planeta, tais como as grandes guerras, a Revolução Industrial, entre outras. Esses eventos impactaram na condução de ações coletivas; assim, nesses momentos, cada pessoa contribuía com alguma competência para as organizações em que atuavam. Mas será que os modelos organizacionais das empresas sempre foram assim? E por que estamos envolvidos em atividades chamadas de cargos ou funções, em um modelo de gestão? A prática da Gestão de Pessoas requer diversas competências no sentido de poder conduzir equipes para o alcance de resultados organizacionais. Agora, o que faz a Gestão de Pessoas? Como ela administra suas ações e qual sua contribuição para as empresas? Isso é o que veremos neste tópico. Vamos lá! Para fins de alinhamento inicial, vejamos os estudos de Macêdo (2012). O autor nos diz que a eficácia da gestão dos recursos humanos nas organizações se dá pelo dinamismo e pela competência da gestão de pessoas, observando as relações interpessoais, o desenvolvimento de pessoas, a cultura organizacional e as estratégias do negócio; e aqui destaco a importância de se compreender a cultura organizacional. Além disso, Gil (2012) contribui com o entendimento da estratégia aplicada na gestão de pessoas, no sentido de dar suporte às demais áreas da empresa, orientando os líderes para que estes conduzam da melhor forma suas equipes. Assim, a gestão de pessoas não está somente a cargo da área de Recursos Humanos, como muito se ouve, mas uma prática sistêmica entre todas as áreas da empresa. As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 11 Continuando o entendimento sobre a visão geral da gestão de pessoas, podemos dizer que as organizações assumiram importância sem precedentes na sociedade e na vida das pessoas. Foram realizados muitos estudos, na área das ciências humanas, sobre as organizações; no entanto, era dado enfoque às estruturas e não ao funcionamento administrativo. A sociedade moderna e contemporânea é uma sociedade organizacional, em contraste com as sociedades comunitárias da Antiguidade. A existência das organizações tem um motivo principal: o fato de que certos objetivos só podem ser alcançados por meio da ação coordenada de grupos de pessoas. As organizações bem administradas são importantes por causa do impacto sobre a qualidade de vida da sociedade. Administradores competentes são recursos sociais importantes (GIL, 2012). No início dos estudos sobre as pessoas nas organizações, muito se abordava a lógica tradicional do departamento de pessoal, em que muitas vezes eram operacionalizadas apenas as práticas administrativas e burocráticas, tais como contratação e demissão; registros das horas de trabalho; folha de pagamento; entre outras atribuições operacionais que envolviam as pessoas nas empresas. Na Contemporaneidade, a gestão de pessoas dentro das organizações ampliou significativamente suas atribuições, operando de forma estratégica, conforme nos mostra a Figura 1.1. Figura 1.1 – Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas. Fonte: Adaptada de Macêdo (2012). Meio ambiente Estratégias genéricas Princípios Gestão estratégica Processos sistêmicos Gestão de pessoas - Planejamento de pessoal. - Recrutamento, seleção e contratação de pessoal. - Administração de cargos e salários. - Planejamento de carreira. - Avaliação de desempenho. - Treinamento e desenvolvimento. - Clima organizacional. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 12 Compreendendo a Figura 1.1, entendemos que a gestão de pessoas, alinhada à estratégia da organização, contribui para a melhor aplicação dos recursos humanos na estrutura da empresa, tornando-a mais competitiva e capaz de alcançar de forma mais eficaz os resultados. Podemos também observar na Figura 1.1 que as práticas de gestão de pessoas vão além do simples processo burocrático antes visto. Ela atua na busca da melhoria contínua dos profissionais da empresa, bem como dos processos de gestão de todas as áreas, desenvolvendo a cada dia e a cada novo aprendizado gerado, tema que estudaremos adiante. Mas será que sempre foi assim? A história nos mostra que não, e no tópico a seguir vamos ver a evolução da gestão de pessoas e seus marcos principais em cada contexto. Estratégia Forma como uma instituição constrói o seu caminho em um segmento de mercado, levando em consideração seus clientes, fornecedores, concorrentes e empresas reguladoras, a fim de alcançar seus objetivos organizacionais. GLOSSÁRIO As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 13 1.2 Evolução Histórica da Administração Neste tópico, vamos realizar uma revisão histórica da Administração, analisando diferentes momentos até as práticas contemporâneas. Para isso, o tópico centrará nos elementos constitutivos das práticas de gestão de pessoas, indo além da lógica simplesmente voltada para processos e estruturas organizacionais. 1.2.1 Administração Científica A Administração Científica foi a primeira escola de Administração e é entendida como um movimento de práticas gerenciais desenvolvidas por Frederick W. Taylor e Henry Ford, nos Estados Unidos, e por Henri Fayol, na França, todos no início do século XX. Conforme Gil (2012, p. 18), “o objetivo fundamental desse movimento era proporcionar fundamentação científica às atividades administrativas, substituindo a improvisação e o empirismo”. Uma das contribuições de Taylor para o campo da Administração foi, por meio de pesquisas, ter identificado que as pessoas produziam pouco em relação a sua jornada de trabalho. Essa constatação se deu por conta dos cálculos dos tempos e movimentos das tarefas executadas pelos operários americanos nas fábricas onde ele desenvolveu o seu estudo. A partir disso, desenvolveu o sistema de Administração Científica com foco na racionalização no trabalho e na concentração de forças para o alcance de mais lucratividade (GIL, 2012). Do outro lado do continente, na França, Fayol também desenvolveu sua contribuição para a Administração Científica. Seus estudos foram realizados em grandes siderúrgicas e os resultados da sua contribuição teórica estão relacionados à divisão de tarefas em cargos, dentro de uma estrutura organizacional. Dessa forma, os operários poderiam desenvolver “uma capacidade técnica, que se exprime nos princípios: conhecer, prever, organizar, comandar, coordenare controlar” (GIL, 2012, p. 18). O objetivo final é poder conduzir a arte de administrar levando em consideração a melhor utilização dos recursos da empresa, evitando desperdícios. Dessa maneira, podemos pensar que no estudo da Administração sempre há pessoas que vão pensar e executar ações para a produção de bens e serviços a serem oferecidos ao mercado. Segundo Fayol, a Administração é uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos, ou seja, a família, os negócios e o governo, que sempre exigem algum grau de planejamento, organização, direção e controle. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 14 Por fim, Henry Ford teve sua atuação em indústrias automobilísticas americanas, tendo como campo de estudo a relação direta da redução de custos com o aumento de tecnologia e a especialização do trabalho dos operários. Dessa maneira, a teoria fordista defende a modernização tecnológica das fábricas, melhor remuneração dos operários (uma vez que a mão de obra era mais especializada) e a redução da jornada de trabalho, no sentido de potencializar a produtividade dos trabalhadores (GIL, 2012). Para conhecer mais sobre esta produtividade e atividade organizacional, assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Disponível em: https://goo.gl/NmuEDZ. AMPLIANDO CONHECIMENTO O que podemos concluir sobre a contribuição da Administração Científica para a gestão de pessoas? Acompanhe alguns destaques: • a padronização das tarefas dentro de cargos específicos, organizados em uma estrutura organizacional; • o aumento da eficácia do trabalho desenvolvido pelas pessoas para o alcance dos resultados (produtividade e lucratividade); • a geração de mão de obra especializada e melhor remuneração dos trabalhadores com a ampliação tecnológica das fábricas; • desenvolvimento de mecanismos de administração, comando e controle para a condução das tarefas e, com isso, melhor desempenho das pessoas e das empresas. Você sabe o que é a Escola de Relações Humanas? Conhece a história dessa instituição? Siga em frente e aprenda mais sobre esse tema! 1.2.2 Escola das Relações Humanas Em 1927, em Chicago, nos Estados Unidos, Elton Mayo desenvolveu suas experiências na fábrica Western Electric, tendo como “objetivo inicial o estudo das influências da iluminação na produtividade, índice de acidentes e fadiga” (GIL, 2012, p. 19). A contribuição de Mayo para a Administração de Recursos As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 15 Humanos está ligada ao fato de ele ter se preocupado com fatores sociais e psicológicos nos ambientes de trabalho. Além disso, Elton Mayo considerava que a produtividade está vinculada aos aspectos que envolvem as relações humanas, tais como higiene, clima organizacional, harmonização das pessoas nas equipes. Mayo considerava também que a comunicação e a liderança passaram a ser elementos de estudos no campo da gestão de pessoas (GIL, 2012). Figura 1.2 – Experiência de Hawthorne comandanda por Elton Mayo. Fonte: https://goo.gl/dohEvm. A Escola das Relações Humanas se preocupou com o fator humano nas fábricas em meados dos anos 1930. Essa escola apontava a necessidade de melhorias necessárias às empresas, no sentido de poder atender as pessoas naqueles contextos, conforme apresenta a Figura 1.2. Podemos ver que o alto número de operários nas fábricas demandava organização, higiene e mecanismos de gestão que pudessem conduzir da melhor forma as relações humanas que se estabeleciam nos ambientes organizacionais. Com isso, o ambiente de trabalho começou também a ser estruturado de forma mais adequada, para que o convívio entre os trabalhadores e a prática do trabalho desempenhado pudessem ter resultados mais positivos, aumentando a competitividade e lucratividade. Portanto, esta é a maior contribuição dessa escola para os estudos em gestão de pessoas: a valorização do ser humano nas instituições, levando em consideração que as pessoas é que movimentam as empresas e que há a necessidade de compreender os fatores psicológicos e sociais que circulam entre elas. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 16 1.2.3 Administração de Recursos Humanos Até o momento, vimos as principais escolas da administração que se preocuparam em administrar as pessoas nos espaços industriais no período que antecede a Segunda Guerra Mundial. Após esse evento histórico, as organizações começaram a restabelecer seus negócios, incorporando elementos tecnológicos no contexto administrativo e produtivo. Com o desenvolvimento da tecnologia e dos processos de gestão adotados nas empresas até a década de 1960, bem como o fortalecimento dos sindicatos americanos e europeus, houve a necessidade de organizar e gestar de forma mais qualificada os recursos humanos existentes nas empresas (MACÊDO, 2012). Considerando que as empresas precisavam automatizar seus processos produtivos, as indústrias produtoras de tecnologia tiveram um grande crescimento e demandavam pessoas qualificadas para o desenvolvimento dos produtos solicitados pelo mercado. Assim, não era mais suficiente ter apenas um setor de departamento de pessoal que atendesse às demandas da empresa, no sentido das operações e responsabilidades com o trabalhador. A Administração de Recursos Humanos começa a aparecer, se desenvolver e projetar práticas até então não desenvolvidas nas empresas (GIL, 2012). Essa nova concepção de gestão de pessoas iniciou a partir de 1950, na Europa, uma vez que as relações nas indústrias estavam a todo o vapor e precisavam atender também a uma nova configuração teórica que surgia: a Teoria Geral dos Sistemas. Desenvolvida pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy, essa teoria teve como base inicial de análise a biologia, levando em consideração a química e a física dos seres vivos, que projetam de forma sistêmica o funcionamento do organismo. Ou seja, nós, seres humanos, somos um sistema complexo interligado que permite que possamos viver, nos movimentar etc. E precisamos de alimentos e oxigênio para nos mantermos vivos e eliminarmos o excedente desses alimentos e gás carbônico, fazendo com que um ciclo sistêmico exista e possa ser avaliado se está em pleno funcionamento. Para que fique mais compreensível esse tema, vamos apresentar o conceito de sistema para depois, mais à frente, pensar sobre isso em relação à gestão de pessoas. [...] como um conjunto de elementos unidos por alguma forma e interação ou interdependência; uma combinação de partes, formando um todo unitário; um conjunto de elementos materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar uma relação; uma disposição das partes ou elementos de um todo, coordenados entre si e que funcionam como estrutura organizada (GIL, 2012, p. 21). As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 17 Podemos perceber no conceito anterior que ele pode muito bem ser aplicado às empresas, uma vez que há uma organização estruturada, processos produtivos e administrativos, relações de partes interligadas que compõem a organização. Além disso, as relações de trabalho divididas por setores (órgãos), o fluxo de informações, processos e produtos (canais) estão sempre em movimento, buscando o processamento das práticas que a empresa desenvolve na relação de produtos e/ou serviços. Além disso, as empresas estão inseridas em um ambiente externo, com o qual trocam energias, informações e matérias. A Figura 1.3, apresentada a seguir, representa o desenvolvimento lógico de um Sistema Organizacional, embasado na Teoria dos Sistemas. Essa teoria considera a composição de quatro elementos interdependentes: entradas, processamento, saídas e feedback. Estes estão sujeitos às forças do ambiente externo, que são provocadas pelas mudanças organizacionais e afetam o sistema. Figura 1.3 – Esquema do Sistema Organizacional. Fonte: Adaptada de Macêdo (2012). Para que possamos entender o esquema anterior, vamos observaro que Macêdo (2012) nos orienta: • Entradas (ou inputs): são todos os elementos que entram no sistema, que podem ser matéria, energia ou informação, e que conjuntamente vão ser processados no sistema organizacional. Por exemplo, um sistema de produção de veículos compreende os seguintes componentes: • sistema de projeto do produto; • fornecimento de peças intercambiáveis; • máquinas e equipamentos; • trabalhadores especializados; • procedimentos padronizados de montagem; • instalações de montagem. Economia Político/Legal Te cn ol og ia Econom ia Cultura e Sociedade Concorrência Feedback Entradas Processamento Saídas GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 18 • Processo: os sistemas organizacionais são complexos, dinâmicos e constituem o desenvolvimento de processos que vão transformar os dados de entrada em resultados, isto é, em dados de saída. Cada um dos sistemas será único, distinto e singular, uma vez que os dados de entrada que o compõem são diferentes de sistema (aqui pensando em empresa) para sistema. Todos os sistemas organizacionais usam recursos humanos, materiais, recursos financeiros, tecnologias, informações, conhecimentos etc. Mas uma loja é diferente de um supermercado, de uma indústria de plásticos ou de uma cooperativa de catadores de resíduos sólidos urbanos, não é mesmo? Esses empreendimentos são diferentes na sua estrutura, no modelo de negócio e nos processos a serem desenvolvidos. O que define a natureza do sistema é o processo, bem como a natureza das relações entre as partes, e não apenas as partes, que são muito similares em todos os sistemas. • Saídas (ou outputs): são os resultados do sistema, os objetivos que o sistema pretende atingir ou efetivamente atinge. Para uma empresa, considerada como um sistema, as saídas compreendem os produtos e serviços para clientes ou usuários, os salários e impostos que paga, o lucro de seus acionistas, o aumento das qualificações de sua mão de obra e outros efeitos de sua ação, como a poluição que provoca ou o nível de renda na cidade em que se localiza. O sistema empresa é formado de inúmeros sistemas menores, como o sistema de produção e o sistema administrativo, cada um dos quais com suas saídas específicas. • Feedback: significa retorno, devolutiva aos dados de entrada com base nos dados de saída, também chamado de retroalimentação. Normalmente ocorre por meio de informação, mas pode ser por meio de matéria. O feedback reforça ou modifica o comportamento do sistema. Serve como garantia de qualidade do sistema organizacional, contribuindo com avaliação dos mecanismos de controle vinculados aos dados de saída. • Sinergia: indica a compreensão de que o todo é maior que a soma de suas partes. A sinergia compreende mecanismos de forças interligadas no sistema organizacional, que fazem com que as ações e práticas sejam executadas e deem conformidade ao sistema. Por exemplo, uma festa demanda música, atrações, dançarinos e clientes animados para que o desempenho do evento seja considerado um sucesso. No entanto, outros As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 19 aspectos são considerados, tais como espaço físico, conforto, segurança, bebidas e tudo mais que provoca interação e sinergia. A Teoria Geral de Sistemas, quando relacionada à lógica da Administração de Recursos Humanos, contribuiu para que os processos e práticas administrativas, que envolvem pessoas, fossem potencializados, levando-se em consideração que toda a empresa está interligada entre as áreas. A Administração de Recursos Humanos tem como característica ser um sistema e desenvolver pessoas que possam contribuir para o atingimento das metas organizacionais. Observamos ainda que, conforme nos mostra Gil (2012), há algumas características importantes, tais como interpendência das partes (setores da empresa); ênfase nos processos de gestão; probabilismo (probabilidade em vez de certeza absoluta); multidisciplinaridade; concepção multicausal (múltiplos fatores que podem causar alguma situação na empresa); caráter descritivo (compreender previamente os acontecimentos); caráter multimotivacional (o comprometimento das pessoas é variável de acordo com suas necessidades); participação; abertura às mudanças; ênfase nos papéis desempenhados pelas pessoas. Em resumo, podemos dizer que a Administração de Recursos Humanos busca ampliar o desenvolvimento de práticas de gestão de pessoas, no sentido de poder estruturar os processos (departamento de pessoal, captação de pessoas; treinamento e desenvolvimento; saúde e segurança do trabalho; estratégias de recursos humanos). Nunca esqueçamos de que a Administração de RH se embasa na lógica de um sistema que requer sinergia para realizar as práticas administrativas. 1.2.4 Gestão de Pessoas Na cronologia histórica das teorias que estamos estudando, tem-se, por fim, a Gestão de Pessoas, a qual surgiu a partir de 1980. A Gestão de Pessoas possui muitos desafios para serem gestados, uma vez que a globalização marca significativamente muitas mudanças no mundo. Com isso, as empresas são afetadas diretamente, tendo que operacionalizar de forma estratégica processos de reengenharia, terceirização e ampliação de negociações com sindicatos, GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 20 uma vez que demissões em massa ocorriam e afetavam diretamente a vida das pessoas. Nesse sentido, houve a necessidade de se pensar a gestão de pessoas, uma vez que o potencial que esses trabalhadores possuíam sobre os negócios eram pertinentes. Assim, a lógica de valorização dos funcionários passou a ser que eles também fossem parceiros do negócio, conhecido por colaboradores (GIL, 2012). Isso gerou muitas repercussões e críticas, pois os profissionais passam de recursos humanos (pessoas administradas, gestadas e conduzidas para a produtividade) e entram na lógica de colaboradores (pessoas que vestem a camiseta do time da empresa e fazem mais do que a função contratada). Dessa maneira, os colaboradores fornecem conhecimento, competências e sua inteligência para além das que estão previstas do contrato de trabalho. Essa nova situação repercute em diversas reclamatórias trabalhistas. Mas como a tendência é garantir o emprego, muitos trabalhadores acabaram aceitando essa nova modelagem, as empresas ajustam os seus contratos de trabalho e organizam as funções, passando para perfis mais generalistas do que especialistas. Para que possamos entender melhor esse conceito sobre parceiro dos negócios, Gil (2012, p. 23) nos orienta que: [...] todo processo produtivo realiza-se com a participação conjun- ta de diversos parceiros, como fornecedores, acionistas e clientes. Como cada parceiro dispõe-se a investir seus recursos numa orga- nização, à medida que obtém retorno satisfatório, torna-se neces- sário valorizar o empregado, já que ele é o parceiro mais íntimo da organização. Assim, podemos verificar que a gestão de pessoas leva em consideração que todos os trabalhadores são colaboradores do negócio, pois são os mais interessados no sentido de garantir o crescimento da empresa, além da sua empregabilidade. Para saber mais sobre o assunto, acesse o artigo “A gestão de talentos no campo da gestão de pessoas: tema emergente?”. Disponível em: https://goo.gl/ULLxao. AMPLIANDO CONHECIMENTO As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 21 A Gestão de Pessoas possui diversos nomes, podendo ser conhecida como Gestão de Talentos, Gestão do Capital Intelectual, Gestão do Capital Humano. Esses nomes estão todos vinculados à concepção sobre a necessidade de valorizar as pessoas nas organizações, tanto em grandes como em médias ou pequenas empresas, produtoras de bens ou de serviços, e também na lógica da gestão pública. Para que possamos entender, vejamos a seguinte questão: quem faz a gestão de pessoas? Todas as pessoas que estão envolvidas em um contexto de atuaçãoconjunta. Agora, um colaborador não desenvolve apenas o seu trabalho, aquilo que é referente a sua função? Sim, mas o colaborador precisa entender o todo para poder contribuir da melhor forma com o trabalho do colega, de forma sistêmica e com sinergia. Então não precisamos mais ter um responsável por gestar a equipe? Sim, ainda teremos a necessidade, mas essa pessoa é mais um facilitador no processo de tomada de decisão, conhecendo a equipe e a necessidade que ela tem para desempenhar de forma eficaz o seu trabalho. Desse modo podemos concluir essa etapa inicial de contextualização teórica sobre o tema com a apresentação dos conteúdos teóricos que alicerçam a gestão de pessoas no contexto administrativo. Na próxima seção, vamos tratar dos modelos de gestão de pessoas, relacionando com alguns contextos organizacionais distintos. Lembrem-se: todos nós podemos trabalhar com a gestão de pessoas, contribuindo no desempenho da equipe, melhorias nos processos e boas práticas de relações interpessoais. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 22 1.3 Modalidades de Gestão de Pessoas Para que possamos refletir as diferentes possibilidades de gerir pessoas de acordo com os tipos de organizações, faz-se necessário conhecer o que é modelo de gestão no contexto das instituições. Cabe salientar aqui que as empresas são feitas de pessoas, então a gestão de pessoas é corresponsável pela condução das estratégias organizacionais. Dessa forma, a empresa pode estar acima das mudanças constantes do mercado, atendendo estrategicamente aos ajustes nos processos, tecnologias e objetivos organizacionais, sem comprometer os resultados da empresa. A valorização do capital humano, os conhecimentos de cada trabalhador, bem como a ampliação do desenvolvimento destes na empresa são um desafio constante para todos aqueles que têm como compromisso a condução das equipes em qualquer tipo de organização. Esse desafio está posto para a gestão de pessoas. Gil (2012, p. 60) elenca algumas principais transições que surgem das mudanças do mercado e do mundo trabalho, acompanhe: • da ação operacional para a estratégica; • do caráter administrativo para o consultivo; • do reativo para o preventivo; • do policiamento para a parceria; • da preservação cultural para a mudança cultural; • da estrutura hierárquica para a estrutura enxuta; • do foco na atividade para o foco nas soluções; • do foco interno para o foco no consumidor; • da ênfase na função para a ênfase no negócio; • do planejamento de curto prazo para o de longo prazo; • da ênfase nos procedimentos para a ênfase nos resultados; • do isolamento para o benchmarking; • da rotina operacional para a consultoria; As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 23 • da busca da eficiência interna para a eficácia organizacional; • da administração de pessoal para a gestão de talentos; • da ênfase no controle para a ênfase na liberdade. Podemos verificar que o modelo das práticas de gestão de pessoas está mais alinhado com a concepção estratégica do que com a operacional, mas sem deixar de desenvolver as práticas cotidianas que envolvem os processos (ver Quadro 1.1 a seguir). Assim as metas organizacionais são mais bem entendidas, pois as dinâmicas existentes são mais claras, comunicáveis, inter-relacionadas e atendem com mais rapidez às demandas do negócio. Contribuindo para essa lógica, o profissional que desenvolve ações de gestão de pessoas deve estar atento às exigências para a concretização das ações em uma organização. Assim, podemos elencar algumas responsabilidades importantes no Quadro 1.1. Quadro 1.1 – Responsabilidades do Gestor de Pessoas. Responsabilidades Características Atender aos usuários internos e externos. O foco de atenção do profissional do gestor de pessoas está voltado não apenas para as atividades no interior da empresa, mas também para o público externo, constituído pelos fornecedores e consumidores. Manter-se aberto para as novas tecnologias administrativas. O gestor de pessoas abandona a imagem tradicional de normatizador e fiscalizador de políticas, mas procura assegurar que o trabalho rotineiro seja realizado com a maior eficiência possível. Isso implica estabelecer processos que possibilitem, por exemplo, gerenciar sem papelada, reduzir o tempo para a contratação de novos candidatos, agilizar a avaliação de desempenho etc. Proporcionar à organização empregados capacitados e motivados. Um profissional que acredita serem as pessoas o maior patrimônio da empresa tem a obrigação de lhes proporcionar reconhecimento, não apenas pelo dinheiro, que constitui apenas o elemento básico para a satisfação de suas necessidades básicas. Para garantir altos níveis de desempenho, é necessário que as pessoas percebam justiça nas recompensas que recebem. Preocupar-se com a qualidade de vida no trabalho. É necessário que o gestor de pessoas se preocupe em garantir aos empregados um ambiente de trabalho atraente e capaz de proporcionar-lhes a satisfação da maioria das necessidades individuais. É preciso garantir também que o empregado possa confiar na organização. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 24 Agregar valor aos empregados, à empresa e aos clientes. Até há pouco tempo, a preocupação maior dos profissionais de recursos humanos era a de garantir que os empregados fizessem corretamente as coisas, com base nos padrões definidos pela empresa, e dessa forma garantir a eficiência desejada. Hoje, o gestor de pessoas precisa também preocupar-se com o alcance dos objetivos tanto da organização quanto dos empregados e dos clientes. Para isso necessita conhecer também os negócios da organização e sua clientela, com vista a desenvolver estratégias que possibilitem o crescimento pessoal de seus empregados ao mesmo tempo que garantem o alcance das metas e realização da missão da empresa e a satisfação de seus clientes. Atuar como agente de mudança. Uma importante atribuição do gestor de pessoas é desenvolver a capacidade da empresa de aceitar a mudança e capacitar-se com ela. Isso significa trabalhar para que as sugestões de mudança para a implementação de novos processos e tecnologias se façam de maneira adequada. Reconhecer as pessoas como parceiras da organização. Como parceiras, as pessoas fazem investimento na organização esperando retorno desse investimento. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um retorno razoável. Como as pessoas investem competência, esforço, dedicação, comprometimento e responsabilidade com certo grau de risco, esperam, naturalmente, que haja como contrapartida bons salários, adequadas condições de trabalho, possibilidade de crescimento profissional etc. Proporcionar competitividade à organização. Exercer o papel competitivo no contexto do negócio com o qual está inserido. Manter um comportamento ético e socialmente responsável. Os princípios éticos devem nortear toda a atividade das organizações. Não se trata apenas de garantir os direitos trabalhistas, mas de fazer com que os empregados confiem na organização. Isso exige um relacionamento aberto e franco para o qual, infelizmente, nem todas as empresas estão devidamente preparadas. Fonte: Gil (2012, p. 61-62). Podemos observar no Quadro 1.1 que há uma carga grande de responsabilidades ao gestor de pessoas, principalmente se este é líder do setor de recursos humanos em uma organização, que pode ser privada, pública, sem fins lucrativos, não importa o tipo. Essas atribuições se estendem para além das fronteiras da sua área, pois sem a sinergia e o comprometimento dos demais setores da empresa não será possível cumprir tais compromissos. Assim, podemos pensar que essas responsabilidades também são dos líderes das outras áreas? Sim, em termos, As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 25 pois todos trabalham com pessoas em suas equipese estas devem estar bem satisfeitas e conhecer o mercado e o negócio em que atuam. Outra questão importante é que esses compromissos estão relacionados com os padrões estabelecidos pela empresa, pela sua cultura organizacional e proposta de gestão. Os estilos de gestão adotados, bem como os modelos que regem as práticas administrativas, são tão importantes quanto os desafios estratégicos organizacionais e os resultados no mercado de atuação. Dessa maneira, não só basta conhecer os negócios e saber gerir pessoas. Precisamos estar atentos ao mercado externo, suas mudanças políticas, econômicas, tecnológicas, sociais, ambientais, entre outras. Sabemos que quem for diretamente responsável pela gestão de pessoas aprofundará muitos outros elementos que convergem à área, mas sempre em conexão com outros campos de estudo e de práticas, fazendo com que suas ações sejam mais coerentes, assertivas e satisfatórias. Tendo em vista que haja sinergia entre as análises das práticas do ambiente interno sobre o ambiente externo da empresa, muitas organizações adotam modelos de gestão de pessoas distintos, conforme seu negócio, suas relações estabelecidas com seus clientes e fornecedores, o local de atuação e a proposta de agregação de valor ao produto ou serviço oferecido. 1.3.1 Fatores Decisivos Para que se possa adotar uma modelidade de gestão de pessoas, Paradela (2016) afirma que há alguns fatores decisivos para a escolha do modelo de gestão a ser adotado, tais como: tecnologia adotada; estratégia de organização do trabalho; cultura organizacional; estrutura organizacional; fatores externos. Fique atento e a seguir aprenda um pouco mais sobre cada um desses fatores decisivos. Tecnologia adotada: as máquinas ditam o comportamento dos trabalhadores ou acontece o contrário? Vai depender do tipo de negócio e do tipo de tecnologia usada. Se a tecnologia realiza todo o processo e o funcionário apenas exerce Portanto, desempenhar processos de gestão de pessoas vai para além de gostar de gente, como muito se ouve e se fala na sociedade. Deve-se partir do princípio da identificação do trabalho com pessoas, possuir habilidades e características que qualificam esta atividade e, a partir disso, estender o campo de conhecimento para um segmento específico (transportes, turismo, construção civil, educação, atividades sem fins lucrativos, etc.). GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 26 sua função no ritmo da tecnologia, não há muito envolvimento. Agora, se os profissionais da empresa, com seu capital intelectual, demandam de tecnologias para agilizar seu trabalho ou contribuir para o desenvolvimento de uma pesquisa, por exemplo, o comportamento entre homem e tecnologia é muito mais interessante e agrega maior valor ao desenvolvimento das pessoas. Estratégia de Organização do Trabalho: a forma como é dividido o layout, a produção em células de trabalho, em linhas de montagens, em grupos operativos ou por projetos, remete à lógica com a qual a gestão de pessoas vai contribuir para o melhor desempenho organizacional, bem como para as relações humanas e suas possibilidades de desenvolvimento interpessoal. Cultura Organizacional: os comportamentos adotados pelos profissionais de uma empresa podem ser regidos por dinâmicas culturais da empresa, que envolvem as políticas de gestão, de relacionamento interpessoal, das práticas de convívio mais alternativos ou mais formalizados etc. A cultura organizacional vai depender muito do modelo de negócio, dos produtos ou serviços oferecidos, das posturas dos líderes e de suas equipes. Assim, a cultura organizacional também influencia o modelo de gestão de pessoas. Estrutura Organizacional: o modelo de estrutura organizacional (conforme você pode observar da Figura 1.4) adotado pelo negócio também influencia o modelo de gestão pessoas. Uma estrutura matricial exige mais dinamismo dos processos, nas tomadas de decisões e na multifuncionalidade de seus profissionais. Já uma estrutura departamental e verticalizada exige padrões e processos rígidos, prescritivos e que sejam seguidos com base nas atribuições e responsabilidades de cada pessoa na estrutura organizacional. Com isso, a gestão de pessoas também deve ter atenção ao tipo de estrutura para poder conduzir com mais eficiência as competências de cada profissional. Fatores Externos: as mudanças sociais que ocorrem no contexto em que a empresa está inserida, bem como as mudanças no mercado com o qual a empresa se relaciona, demandam modelos de gestão de pessoas compatíveis e que atendam às exigências dos fatores externos. Com base em informações sensíveis a essas mudanças é que a área estratégica do negócio deve estar atenta, conjuntamente com os demais setores da empresa no sentido de poder ajustar sua postura gerencial sempre que necessário. A gestão de pessoas é responsável por conduzir da melhor forma o desenvolvimento das competências para isso ocorrer, por exemplo um ajuste de uma produção em linha para a produção em células de trabalho. Ela vai conduzir a comunicação, o treinamento e capacitação, a avaliação de desempenho e o feedback conjuntamente com o responsável pela gestão da produção. Os fatores externos são os mais incertos, As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 27 pois a empresa não tem controle sobre eles e faz com que se haja mais atenção sobre os fenômenos e a análise acurada sobre estes. Observando os fatores decisivos destacados, como podemos conduzir as práticas de gestão de pessoas de forma mais eficiente? Como fazer com que as empresas envolvam mais as pessoas para que todos tenham mais resultados e menos prejuízos? São perguntas que todo gestor de pessoas se faz para conduzir da melhor forma suas ações. Figura 1.4 – Exemplo de Estrutura Organizacional. Fonte: https://goo.gl/2Xrqu5. A dinâmica do mercado que afeta o trabalho sempre causa preocupação para qualquer gestor de pessoas. Isso porque, se há mão de obra qualificada e baixa procura dos clientes pelos produtos, como aquecer o mercado e captar mais esses profissionais qualificados? Uma possibilidade pode ser por meio do uso de tecnologia, aliada à estrutura organizacional, que favoreça processos de inovação. Existem muitas possibilidades, mas cada cenário é distinto e deve ser tratado de forma proativa, com atenção aos cenários futuros que possam atingir favorável ou negativamente a empresa. Conselho de Administração Gerência de Controle Interno e Auditoria Conselho Fiscal Assessoria EspecialPresidência Diretoria Executiva Comitê de Investimentos Assessoria de Governança Corporativa Ouvidoria Centro de Treinamento e Preservação Histórica da Previdência do Estado Rio de Janeiro Diretoria de Administração e Finanças Gerência de Administração Gerência de Controladoria Gerência de Informática Assessoria de Conformidade Assesoria de Tesouraria Diretoria de Investimentos Gerência de Operações e Planejamento Gerência de Controle e Registro Assessoria de Risco Diretoria de Seguridade Gerência de Benefícios Gerência de Atendimento Assessoria de Controle e Normas Diretoria de Jurídica Gerência de Apoio Jurídico GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 28 A seguir, você conhecerá os tipos de modelos de gestão de pessoas. Mantenha- se concentrado e nos estudos! 1.3.2 Modelos de Gestão de Pessoas Antes de apresentar cada modelo de gestão de pessoas, vale lembrar que os fatores vistos anteriormente (tecnologia adotada, estratégia de organização do trabalho, cultura organizacional, estrutura organizacional e fatores externos) influenciam nas modalidades de gestão de pessoas e são elementos importantes para a adoção de um modelo. Podemos nos orientar pelos estudos de Limongi- França (2013) para entender esses elementos, que são partes integradoras do modelo de gestão de pessoas, os quais são definidos a partir dos princípios organizacionais, políticas de ação e processos de gestãoque permeiam as relações humanas nas organizações. Por princípios podemos entender os valores, as crenças, a conduta ética e moral que perpassam as empresas e podem determinar um modelo de gestão de pessoas aliado à cultura organizacional. Por políticas podemos citar os princípios e as regras de ação existentes e que conduzem às diretrizes estratégicas da organização. Por processos entendemos os mais visíveis e que traçam as práticas de gestão da empresa, ou aqui, no caso da gestão de pessoas, no sentido que essas ações e atividades contribuam ao alcance das metas organizacionais. Assim, podemos apresentar a seguir os modelos de gestão de pessoas, levando em consideração os elementos anteriores e os fatores decisivos. 1.3.2.1 Departamento Pessoal O modelo de departamento pessoal é originado de um processo de desenvolvimento embasado na Administração Científica e na Teoria das Relações Humanas, tendo sua origem nos Estados Unidos. Esse modelo tem práticas que envolvem processos burocráticos na gestão e nos processos de organização da organização. Para entender as dinâmicas de relacionamento interpessoal e gestão de pessoas, recomendamos o filme “O Diabo Veste Prada”. Disponível em: https://goo.gl/B3VNsB. AMPLIANDO CONHECIMENTO As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 29 Com base na sua origem teórica, o Departamento Pessoal opera com uma lógica de organização das pessoas no ambiente de trabalho, preocupando-se com o pagamento da remuneração necessária pela força de trabalho e todas as implicações que isso pode acarretar. Isso implica processos que afetam diretamente fluxos operacionais, lógicos e práticos no sentido de condução de registros sobre o trabalho das pessoas (registro de ponto, faltas, horas trabalhadas, férias, acordos sindicais, admissão e demissão etc.). O modelo de departamento pessoal tem como atividade principal, da melhor forma, as funções executadas na empresa, a fim de minimizar os custos de mão de obra e aumentar a lucratividade. Em resumo, o modelo de departamento pessoal está bastante compatível com a lógica da eficiência de custos operacionais, bem como na busca de trabalhadores que tenham competências adequadas para as tarefas específicas a serem desempenhadas. Por isso, as pesquisas de Elton Mayo, conforme já estudamos, bem como a vinculação das práticas da estrutura organizacional com as operações que os trabalhadores desempenham, conduzem aos processos de Departamento Pessoal e às práticas burocráticas que atendam às legislações e normas. 1.3.2.2 Gestão do Comportamento Humano O modelo de gestão do comportamento humano tem como foco a busca por uma compreensão das formas de relações humanas existentes entre os trabalhadores no setor produtivo e administrativo de uma determinada organização. Podemos entender que essa organização pode ser privada, sem fins lucrativos, administração mista etc., não importa o formato organizacional. O que essa escola tem por prática orientadora é poder ter uma linha de pensamento que contribua com o conhecimento existente das pessoas para com a organização. Por isso é que o foco de atuação se concentra em desenvolver pessoas para o âmbito gerencial ou para o âmbito operacional, enfatizando as relações interpessoais das equipes de trabalho. A lógica de avaliação de desempenho também é trabalhada com mais ênfase dentro desse modelo, bem como o estímulo para o desenvolvimento de perfis compatíveis com as práticas gerenciais de determinada função em determinado tipo de negócio. Por esse motivo é que esse modelo de gestão tem como foco a linha humanística, tendo as pessoas como eixo de construção de diversas possibilidades de ampliação de negócio e na diversificação de funcionalidades que possam atender ao desempenho organizacional sistêmico. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 30 Podemos perceber que a administração desse modelo de gestão de pessoas tem como estratégia a integração, o comprometimento, a adaptabilidade com flexibilidade e a qualidade nas práticas de trabalho dos seus empregados. A atuação desse modelo de gestão possui algumas perspectivas importantes para a condução eficiente de suas atribuições enquanto gestor de pessoas, tendo em vista o comportamento humano descrito a seguir; confira! O planejamento da locação das pessoas – podemos entender como o uso estratégico para o desempenho das atividades da empresa, tendo em vista o atendimento de objetivos organizacionais. A comunicação com os empregados é elemento-chave para se desempenhar de forma clara e eficiente a condução das práticas gerenciais, bem como a redução de tempo para execução dos processos. O sentimento dos funcionários também é levado em consideração, pois, se nós não tivermos clareza do que as pessoas estão sentindo para poder então pensar sobre os comportamentos delas ao lidar com as práticas que elas desempenham, como poderemos discutir um modelo de comportamento humano? Os sentimentos são importantes pois são sinais de como estão o clima organizacional e as relações interpessoais. Gestão dos empregados – é interessante pensarmos que também é uma das atuações desse modelo, pois a seleção de pessoas, o treinamento, o desenvolvimento são alguns dos mecanismos que permeiam esse espaço de atuação, nunca deixando de lado os processos necessários para poder atingir as estratégias do negócio. A gestão dos custos e benefícios contempla uma gama de esforços para redução de custos operacionais, tendo em vista a necessidade de se pensar uma remuneração adequada de seus profissionais e que tenham benefícios definidos e que possam contribuir para o bem-estar de seus trabalhadores. Esse modelo de comportamento organizacional, que busca a gestão dos custos, é de extrema importância para poder pensar a estratégia de atuação da empresa. Podemos dizer que isso deve acontecer discutindo-se o custo operacional, o custo de venda do produto, do serviço, o custo de alocação dos funcionários, bem como a valorização da mão de obra que está presente no negócio ou aquela que será contratada com uma remuneração digna, o que traz benefícios sustentáveis e é convertido em bons negócios para empresa. A gestão do desenvolvimento é extremamente importante, pois garante a permanência futura da empresa no seu espaço de atuação, bem como o As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 31 desenvolvimento e a criação de competências sobre os seus trabalhadores, atendendo às mudanças que a empresa vai precisar desenvolver ou que já estão em processo. Porque, quando falamos em mudanças, estas devem ser cotidianas e perceptíveis a todo o momento. Nós devemos estar sensíveis a isso. Podemos dizer, em suma, que esse modelo de organização de gestão de pessoas com foco no comportamento humano tem duas variáveis importantes. A primeira está relacionada à redução de custos da organização no sentido operacional e produtivo, alinhado com as estratégias organizacionais para a manutenção do negócio. Já a segunda variável é a subjetividade dos trabalhadores. Nesta, a atuação dos trabalhadores é desenvolvida para a lógica de redução de custos, otimizando a alocação de pessoas que entendem da área relacionada aos negócios da empresa, sabem o que estão fazendo e contribuem para isso. E, por saber o que fazem, essas pessoas contribuem para a redução de custos, são mais produtivas e eficientes, atendem melhor à perspectiva de resultados da empresa e merecem uma política de remuneração e benefícios compatíveis. O comprometimento é mais perceptível tendo uma comunicação clara dos objetivos estratégicos. Os objetivos devem estar alinhados ao desempenho necessário para que os resultados da empresa sejam positivos. 1.3.2.3 Modelo Estratégico de Gestão de Pessoas Esse modelo de gestão de pessoas tem como principal objetivo aliar as pessoas ao posicionamento estratégico da empresa. Podemos entender que se uma empresapossui como objetivo o alcance de melhores negócios dentro do segmento que ela opera e oferece os seus produtos ou serviços, as pessoas devem estar vinculadas às práticas estratégicas pensadas pela organização para a condução da sua operação. Assim, a partir de 1980-1990 (como já vimos anteriormente em relação à globalização, à reestruturação produtiva e às diferentes formas de condução de práticas vinculadas ao mundo do trabalho) é que as empresas começam a buscar novos formatos de inserção de pessoas que atendam aos processos estratégicos organizacionais. Por isso, as organizações precisam prever a inclusão de pessoas capacitadas e que possam compreender melhor as influências dos fatores externos e internos que afetam a instituição, como ameaças e pontos fracos, bem como compreender os pontos fortes e as oportunidades externas que existem e que podem ser pensadas estrategicamente para a empresa (MACÊDO, 2012). Assim, conduzir de forma estratégica o desempenho operacional e o desempenho das pessoas é GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 32 que faz com que esse modelo de gestão alie uma filosofia de participação com uma forma de processo de recursos humanos focados em uma lógica estratégica. Essa linha de pensamento articula uma orientação estratégica para poder desempenhar políticas e práticas de recursos humanos. De qualquer forma, esse modelo está intimamente posicionado para poder desenvolver estratégias organizacionais complexas, amplas e que operem de forma eficiente na busca de resultados positivos para as organizações. Você sabe o que é competência? É bastante comum ouvirmos esse termo em diversos lugares, não é mesmo? Para conhecer mais sobre esse assunto, estudaremos a seguir a Gestão por Competências. Vamos lá? 1.3.2.4 Gestão de Competências Para podermos conhecer a perspectiva do modelo de gestão de competência, inicialmente precisamos entender que competências são compostas por três principais fatores: o conhecimento, a habilidade e a atitude. O conhecimento é tudo aquilo que a pessoa sabe em relação a uma determinada atividade, em relação a um determinado campo de atuação. A habilidade é tudo aquilo que a pessoa faz da melhor forma, uma determinada ação, uma terminada situação em que ela precisa aplicar o seu conhecimento. A atitude é o ser, é como a pessoa desenvolve tudo isso, como ela faz da melhor forma, como ela aplica da melhor maneira o seu conhecimento, se a pessoa é proativa, se consegue desempenhar mecanismos mais eficientes para respostas complexas ou para respostas de curto prazo (GIL, 2012). Então, a atitude envolve tanto o conhecimento quanto a habilidade. Um exemplo dessa política de gestão de pessoas é o recrutamento e seleção de pessoas articulados com o desenvolvimento e vinculados a uma estratégia que ofereça um sistema de recompensas para a valorização do trabalho, tais como premiações e diversas outras formas de recompensar o trabalho desempenhado. As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 33 Figura 1.3 – Competências. Fonte: Adaptada de Gil (2012). Então se já entendemos um pouco o que são competências, agora podemos falar sobre o modelo de gestão de competências. Esse modelo leva em consideração a melhor utilização das competências do profissional em atividades e responsabilidades durante o desenvolvimento da função que desempenha, seja nos departamentos, seja nas práticas gerenciais de uma determinada organização. Então, por exemplo, se a pessoa gosta de controles de indicadores financeiros, tendo uma alta competência para executar essa atividade, ela poderia encontrar dificuldades em trabalhar com vendas, lidando diretamente com pessoas, negociando e usando a comunicação, por exemplo. A Gestão de Competências organiza a alocação do profissional certo para a função certa. Assim, essa gestão contribui para a melhor aplicação dos recursos humanos dentro da estrutura organizacional, levando em consideração conhecimentos, habilidades e atitudes dos seus profissionais. As políticas de remuneração por competência também são distintas dos outros modelos de gestão, pois valorizam os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos seus funcionários, fazendo com que haja políticas compensatórias, bem como programas de desenvolvimento para os profissionais poderem melhorar e qualificar o seu o currículo, o seu trabalho e as suas competências. Uma vez que as competências não estão vinculadas diretamente ao produto, mas sim a um processo complexo de busca de conhecimento de um determinado negócio, as pessoas, enquanto profissionais desse negócio, entenderão muito mais suas responsabilidades e as atividades que desempenham, contribuindo para melhores resultados para sua instituição. Conhecimento é o ter Habilidade é o fazer Atitude é o ser Competência GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 34 Portanto, podemos dizer que a gestão por competências promove um desempenho voltado para a competitividade, porque desenvolve competências, considerando o negócio, a qualificação das pessoas, bem como a valorização dessas pessoas frente ao desempenho organizacional. Evidentemente a lógica estratégica e a lógica dos processos também estão presentes, então por isso esse modelo é agregador de outros modelos. O resultado esperado do modelo de Gestão de Competências é que ele organize uma gestão que tenha a preocupação com o desempenho organizacional, aliado ao desenvolvimento constante dos seus profissionais. Em resumo, podemos dizer que a Gestão de Competência não se resume simplesmente à pessoa e suas atribuições, habilidades ou atitudes. Trata-se de um conjunto de aprendizagens e comunicações que englobam processos de formação constante dentro de um sistema de avaliações. Lembre-se que, se não há avaliação sobre o que é feito e como é feito, de que maneira é possível se desenvolver? Então a competência é um saber, um agir de forma responsável e reconhecida pelos seus pares, num processo avaliativo. Implica também a mobilização na transferência de conhecimentos, recursos e habilidades em um contexto organizacional no qual essa pessoa desenvolve as suas funções. Perceba que o modelo adotado nas empresas para gerir pessoas depende da proposta de negócio que a empresa tem. Por quê? Pense que cada empresa pode desempenhar a sua gestão dentro daquele negócio que ela tem a propor como oferta de produto/serviço no mercado. Por exemplo, imagine uma empresa hoteleira, que desenvolve serviços de lazer e hospedagem para turistas em uma região de alto índice de turismo. Esse hotel precisa ter processos mais dinâmicos, competitivos e que sejam rapidamente aceitos pelos seus clientes. Muito diferente de uma empresa pública, em que processos rígidos de gestão, de execução de tarefas e de fluxos de informações são necessários, como é o caso de uma secretaria de determinada prefeitura. Para aprender mais sobre competências, recomendo a leitura do artigo “Gestão de Competências nas Relações de Trabalho: o que pensam os sindicalistas?”, disponível em: https://goo.gl/QN7XRb. Boa leitura! AMPLIANDO CONHECIMENTO As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 35 Pensar a gestão de pessoas pode ser um processo complexo e contraditório. É preciso estar sempre atento ao perfil de negócio da empresa, à oferta de serviços ou produtos. Isso tudo vai depender de como a empresa conduz a administração de seus negócios, como ela precisa de informações e relatórios, qual o tipo de profissional que ela demanda. Portanto, tudo isso compõe informações necessárias para se saber que tipo de modelo de gestão de pessoas pode ser melhor adequado para a realidade com a qual a organização trabalha. Importante lembrarmos que modelo de gestão de pessoas também tem muita relação com a perspectiva da cultura organizacional e as relações interpessoais. Por que é importante ter essa atenção? Para verificar asrelações interpessoais e o comportamento humano, precisamos também entender a cultura organizacional que envolve essas relações, em seus contextos organizacionais. Tendo em vista isso, poderemos ser mais assertivos na condução do modelo de gestão de pessoas adotado, bem como potencializar os resultados organizacionais. Por isso, quando entendemos que a gestão de pessoas pode ser aplicada a qualquer contexto organizacional, conforme você viu no início de seus estudos sobre o tema, é importante ter uma visão geral e estratégica para poder conduzir melhores processos de gestão de pessoas, conforme o negócio da empresa, e comercializar com mais eficiência os produtos e serviço. Para obter sucesso, é preciso estudo e dedicação; além disso, é necessário o aprofundamento das relações interpessoais e de gestão de equipes. É importante mencionar a necessidade de absorver o conhecimento em relação ao desenvolvimento de algum tipo de trabalho e o aprimoramento constante. Essa é uma dinâmica voltada para a prática de gestão por competências. Mas, se precisamos atender apenas à alocação de recursos humanos em um processo operacional prescrito previamente pela gestão e muito bem estruturado, determinando quais profissionais devem exercer determinadas tarefas, o modelo de departamento pessoal é mais interessante para a empresa. Portanto, entender o negócio e as necessidades de trabalho de uma organização de forma estratégica é de suma relevância para se obter os melhores resultados. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 36 SÍNTESE DA UNIDADE Nesta unidade de estudos, você estudou sobre a Gestão de Pessoas. Ao final de seus estudos sobre esse tema, você entendeu que: • a gestão de pessoas nasce de um processo histórico, iniciando com a Administração Científica, passando para a Teoria das Relações Humanas e posteriormente para a Administração de Recursos Humanos, com abordagem sistêmica; • a gestão de pessoas é uma prática gerencial que valoriza as pessoas em determinada organização, a força do seu trabalho e o seu potencial, na busca de desenvolvimento de parceiros interessados no negócio; • as responsabilidades do gestor de pessoas vão para além das competências de se trabalhar com pessoas. Os gestores necessitam desempenhar variadas funções, que vão de atividades rotineiras a estratégicas; • a tecnologia adotada, estratégia de organização do trabalho, cultura organizacional, estrutura organizacional e fatores externos são fatores decisivos para se verificar os modelos de gestão de pessoas mais apropriados para o negócio; • os modelos de gestão contribuem para o melhor perfil gerencial a ser adotado, conforme o perfil da empresa e o que ela tem a oferecer enquanto negócio; • dos modelos de gestão de pessoas, vimos que há o departamento pessoal, gestão do comportamento humano, modelo estratégico de gestão de pessoas e, por fim, gestão de competências. As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 37 REFERÊNCIAS ANIMADA 2. O Diabo Veste Prada, em português, Disponível em: https://goo.gl/EEoRhk. Acesso em: 3 nov. 2016. FREITAG, B. B. et al. A Gestão de Talentos no Campo da Gestão de Pessoas: tema emergente?. Revista de Administração da UFSM. Disponível em: https://goo.gl/5hCnMG. Acesso em: 3 nov. 2016. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. 12. ed. São Paulo, Atlas, 2012. GONÇALVES DA CRUZ, M. A.; SARSUR, A. M.; AMORIM, W. A. Costa. Gestão de Competências nas Relações de Trabalho: o que pensam os sindicalistas? Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, art. 4, pp. 705-722, set./ out. 2012. Disponível em: https://goo.gl/UowVma. Acesso em: 3 nov. 2016. KSGU, T. Tempo e Movimento. Disponível em: https://goo.gl/RFycww. Acesso em: 3 nov. 2016. LIMONGI-FRANÇA, A. C. Práticas de recursos humanos – PRH: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2013. Ebook. MACÊDO, I. I. et al. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2012. PARADELA, Victor Claudio Ferreira et al.Gestão de pessoas na sociedade do conhecimento. Rio de Janeiro: FGV, 2016. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 38 ATIVIDADES 1. O gerente do departamento pessoal da empresa Continente está enfrentando problemas com os processos de capacitação de pessoas adotados pela empresa. Ele percebe que muitas vezes os empregados não estão satisfeitos com a quantidade de desenvolvimento que recebem, com o foco em estratégias e competências, uma vez que eles não conseguem aplicar os conhecimentos adquiridos nas rotinas operacionais que executam. Com base nessa situação, qual medida o diretor deve tomar? Explique sua resposta levando em consideração os modelos de gestão de pessoas. Seu texto deve ter entre três e cinco linhas. 2. Leia com atenção a reportagem a seguir e responda às questões: PESSOAS CERTAS NAS FUNÇÕES CERTAS Entre outros assuntos, na HSM ExpoManagement 2012, que será realizada de 5 a 7 de novembro, em São Paulo, Jim Collins explicará por que, no fundo, no meio corporativo tudo ainda se resume em escolher as pessoas certas, colocá-las nos lugares certos e descartar as erradas. Por outro lado, Luiz Claudio Binato, diretor executivo do Instiad – Instituto de Administração, lembra que não é tão simples acertar nas escolhas. O acadêmico começa com outro questionamento: “Quem tem o poder de dizer quem é a pessoa certa?”. No geral, nas organizações, quem tem esse poder são as pessoas legitimadas para exercer cargos de liderança e, por tal, são cobradas para fazer as escolhas certas. “Antes, porém, é preciso que esse líder tenha plena confiança nele próprio, que faça o difícil exercício de mergulhar no seu íntimo e descobrir se ele é a pessoa certa no lugar certo. Avaliar se os seus valores estão atrelados aos valores e objetivos da empresa, que devem ser claros e amplamente As pessoas e as organizações: qual o foco da gestão de pessoas? | UNIDADE 1 39 disseminados”, explica o executivo, também professor da FGV na área de TQM (Total Quality Management) e especialista em Gestão de Pessoas. Estratégia definida e disseminada Binato reforça a teoria de que é bem mais complicado do que parece, com exemplos da sua experiência em ministrar cursos de formação de líderes. “Quando pergunto na sala quem sabe exatamente o que a organização espera dele, poucos levantam a mão. Ao questionar quantos usam 100% do talento que possuem, o silêncio também impera. Nesse cenário, como esperar que consigam escolher a pessoa certa para a função certa?”, indaga. Primeiramente, a companhia tem que saber exatamente o que pretende, qual a sua estratégia, por que deseja sair do ponto A para o B e como espera alcançar os resultados. “Com as definições, é preciso que todos os departamentos envolvidos conheçam muito bem o seu papel e, principalmente, que este deve ser exercido em prol do coletivo. Não adianta a área de vendas atingir a meta, deixando um enorme rastro de sangue pela empresa”, cita, lembrando que, embora essa prática seja comum em algumas organizações, o preço será cobrado. “Um alto índice de turn over, por exemplo, que implica custos.” O panorama acima exige um processo robusto de recrutamento e seleção, que começa na elaboração do perfil, habilidades e competências exigidas para determinada função/cargo e segue até 90 dias após a contratação. “A área de RH deveria fazer parte do conselho, não do organograma hierárquico. Afinal, em tese, tem mais poder que o CEO, pois busca resultados tácitos, relacionados a crenças e valores das pessoas”, defende Binato. Tempo para escolha Um processo robusto também demanda tempo. Segundo o especialista, são necessários em média oito meses para preencher uma vaga de liderança. “Engana-se quem pensa que os avanços tecnológicos reduzem esse período. A tecnologia é uma ferramenta que serve para melhorar os indicadores, mas não é estratégia. Não substitui as pessoas no processo, que implica, inclusive,ajudar o outro a descobrir o que realmente quer”, alerta. Selecionadas e contratadas para os lugares certos, é preciso um acompanhamento, pois crenças podem ser alteradas ao longo do tempo e a pessoa pode se tornar errada. “O mais importante é o profissional estar feliz com o que faz. Para isso, o RH possui várias ferramentas que auxiliam os funcionários nessa reflexão”, garante Binato. GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 40 A reflexão implica encarar alguns questionamentos, por exemplo se os objetivos da empresa estão em harmonia com o que a pessoa acredita; se as funções e o cargo que exerce estão em sintonia com o seu plano de carreira; se o trabalho ainda a faz vibrar ou se apenas cumpre um papel; entre outros que remetem à ideia inicial: um mergulho no seu íntimo, sem medo de fazer mudanças radicais, caso sejam necessárias. Fonte: https://goo.gl/S8vrZU. Agora, elabore um posicionamento crítico frente aos desafios da gestão de pessoas, com base nos modelos vistos nesta unidade. Sua resposta deve ter entre 10 e 15 linhas. Gabaritos Prezado(a) estudante. Nesta parte do material, você encontra as respostas das atividades que você realizou durante o estudo das unidades. Confira o que você acertou e procure retomar os conteúdos em que teve dificuldades. Não se esqueça de anotar suas dúvidas e perguntá-las ao seu tutor. Bons estudos! GESTÃO DE PESSOAS | Robinson Henrique Scholz 42 Gabaritos Atividade 1 Feedback: Para resolver essa situação, o diretor deve ajustar o modelo de treinamento operacional para as pessoas, de acordo com suas funções, uma vez que o modelo de gestão de pessoas é o de departamento de pessoal, focado nas tarefas. Atividade 2 Feedback: A concepção crítica é de que a visão sistêmica é a chave do sucesso de qualquer gestão de pessoas, levando em consideração três aspectos: a) a importância de as equipes saberem como suas atividades impactam no desempenho global da empresa; b) as equipes devem ser bem montadas, selecionando bem os candidatos de acordo com as competências para a atividade a ser realizada na equipe; c) lideranças comprometidas com suas equipes e com os objetivos organizacionais, sendo atuantes e conduzindo corretamente os processos administrativos, sempre com o foco estratégico. Se você encontrar algum problema nesse material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 ead@unilasalle.edu.br
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