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A escassez de mão-de-obra no Brasil do século XIX

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[FEB] Capítulo 21 – Furtado (Formação Econômica do Brasil)
 
•Na metade do século XIX, a principal mão-de-obra brasileira eram os escravos, que já não chegavam a 2 milhões. Qualquer empreendimento enfrentaria uma inelasticidade da oferta de trabalho. De acordo com o censo demográfico de 1872 existiam no Brasil aproximadamente 1,5 milhões de escravos, deduz-se que a taxa de mortalidade dos escravos era maior que a taxa de natalidade.
•Em comparação, os escravos nos EUA aumentaram em sua quantidade, os EUA tenham uma força de trabalho de cerca de 4 milhões, enquanto no Brasil, no mesmo período, diminuíram, com 1,5 milhões apesar de ter comprado um número maior de escravos. Isso acontece pelo elevado crescimento vegetativo dos escravos nos EUA (a maioria vivia em propriedades pequenas, com condições de alimentação e trabalho relativamente favoráveis). O fato da taxa de mortalidade dos escravos ser maior que a de natalidade, no Brasil, reflete uma condição de vida precária, o regime alimentar da massa escrava ocupado nas plantações açucareiras era particularmente deficiente. 
•Com a redução do abastecimento de escravos e seu aumento de preço, intensificou-se a utilização da mão-de-obra escrava já existente, criando um desgaste nessa população.
•Na Europa, o crescimento consistiu numa revolução tecnológica, que desagregou o sistema pré-capitalista e intensificou o processo de urbanização, facilitando assistência médica e social e acarretando em um crescimento vegetativo. No Brasil, o crescimento era puramente em extensão (ampliação da utilização do fator disponível – a terra – mediante a incorporação de mais mão-de-obra.  O problema estava na oferta da mão-de-obra.
•Havia a mão-de-obra da agricultura de subsistência, mas além do recrutamento ser difícil por ser uma atividade dispersa, ela é caracterizada por um estilo de vida, uma organização social e de estruturação do poder político (o dono da terra cedia as terras às famílias que queriam plantar para sua subsistência, tendo assim proteção em suas terras e a capacidade de poder recrutar tal mão-de-obra quando quisesse: quanto mais homens em sua terra, maior o seu prestígio).
•Também nas zonas urbanas havia se acumulado uma população sem ocupação permanente. A dificuldade, nessa caso, era de adaptação às disciplinas do trabalho agrícola e às condições de vida nas grandes fazendas (“mão-de-obra livre do pais não servia para a ‘grande lavoura’”).
•O problema de oferta de mão-de-obra era tão grave que chegou-se a pensar na importação de mão-de-obra asiática em regime de semi-escravidão.

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