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UNIVERSIDADE PAULISTA Marcelo Galdino Nascimento Matheus Silva Duarte Samuel Nascimento de Faria Vinicius Portoghese Bassi DESEMPREGO SÃO PAULO 2020 1 Marcelo Galdino Nascimento Matheus Silva Duarte Samuel Nascimento de Faria Vinicius Portoghese Bassi DESEMPREGO Causas e Consequências (2016-2019) Atividade prática Supervisionada de graduação em Ciências Econômicas apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof. Marcos Paulo de Oliveira São Paulo 2020 2 RESUMO No Brasil a questão do desemprego vai além de uma análise simples de que “apenas” não possuímos empregos suficientes para todos, passa por uma análise substancial e profunda, onde vemos taxas de desigualdades elevadíssimas e a informalidade sofrendo uma alta enorme como saída para o desemprego ou até como primeira opção. A pesquisa tem como objetivo observar e analisar as principais causas e consequências para tal fenômeno, assim, ao final mencionar o tamanho do impacto ao Brasil e como podemos escapar deste cenário. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2. DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 5 2.1 O pleno emprego .............................................................................................................. 5 2.2 Desemprego 2016-2017 ................................................................................................. 7 2.3 Desemprego 2018-2019 ............................................................................................... 10 3. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 15 4. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 17 4 1. INTRODUÇÃO Podemos definir desemprego como, se referindo às pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho. Então, para alguém ser considerado desempregado, não basta não possuir um emprego. Um exemplo é uma dona de loja, ou seja, uma empreendedora que possui seu negócio próprio ou um universitário cujo seu tempo apenas é dedicado aos estudos. A questão do desemprego tem sido um grande problema enfrentado pelos brasileiros, apesar de períodos no início da segunda década do século XXI, onde atingimos níveis excelentes, e em algumas regiões, como por exemplo Porto Alegre, chegou-se a uma taxa de 3,7% (IBGE) de desempregados, alcançando ao padrão de pleno emprego considerado para países europeus e para os Estados Unidos. Porém esses números são séries históricas que não refletem o atual cenário brasileiro, abordaremos um estudo sobre quais são as causas do desemprego, analisando conjuntamente dados anuais sobre tal estatística, com destaque para o trabalho informal, que, como analisaremos, será um fator comum quando se destaca números altos da taxa de desemprego, porém em grande maioria sendo vista como consequência, pois quando há números elevados de desempregados é comum o número de trabalhadores informais serem aumentados. Além de trazer definições de teorias sobre emprego, a presente pesquisa busca demonstrar como a falta de precisão das análises sobre desemprego podem passar uma visão errônea sobre a real situação da sociedade em relação ao trabalho e buscar ressaltar a relação direta entre investimento e emprego e os benefícios que esses dois fenômenos aparentemente separados causam em toda sociedade. 5 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 O PLENO EMPREGO Iniciamos a década passada (2010-20) com uma boa perspectiva sobre desemprego e esse cenário fez com que diversos economistas sinalizassem a proximidade com pleno emprego, outros economistas, no entanto alertaram a má qualidade do ambiente de trabalho e que as análises dos atuais indicadores dissimulavam a real situação do emprego no país, deixando assim fora de cogitação a hipótese do pleno emprego. Apesar da longa discussão entre os economistas, antes de confirmarmos se realmente estávamos se aproximando do nível do pleno emprego existe dois pontos que devem ser abordados segundo Anita Kon no artigo “Pleno emprego no Brasil: interpretando os conceitos e indicadores” o primeiro é justamente o conceito do pleno emprego utilizado como base, o segundo por sua vez é o indicador usado para verificação do pleno emprego e se é adequado para o mercado de trabalho brasileiro. De modo geral, pleno emprego significa que a PEA (População economicamente ativa) em certo momento utiliza em sua totalidade o volume de atividade que é capaz de realizar, de modo prático, significa que toda pessoa que procurar emprego o encontrará. Em economia, o conceito de pleno emprego é quando não existe qualquer tipo de desperdício, tanto de trabalho quanto de capital. O pleno emprego, portanto, é a utilização máxima da capacidade de produção da sociedade, que claramente deve ser usada para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Teoricamente o conceito de pleno emprego pode ser analisado por diversas óticas, seja ela a neoclássica, Keynesiana ou a visão da OIT (Organização internacional do trabalho) a conceituação mais atualizada definida por diversos países. Na visão dos neoclássicos a base do pleno emprego é o equilíbrio entre a oferta e a demanda dos fatores de produção, nesta situação não existe qualquer tipo de desperdício, seja de capital ou trabalho, como nessa lógica a demanda por trabalho se iguala a oferta e não existia o que hoje chamamos de 6 desemprego. Na concepção dos neoclássicos existiam apenas duas formas de desemprego, o friccional ou o voluntário, no caso do desemprego friccional ele ocorre no momento em que o indivíduo deixa o atual emprego para procurar outro ou está transitando de um emprego para outro, o “voluntário” é justamente quando o indivíduo não aceita a remuneração que o mercado propõe e decide por livre e espontânea vontade fica desempregado. Keynes, por sua vez, tenta entender o desemprego involuntário que é justamente quando uma pessoa aceita a remuneração que o equilíbrio propõe, porém não encontra emprego. Para Keynes o ciclo econômico não é auto regulado como pregavam os neoclássicos, conclui que os salários não podem ser determinantes para o desemprego e que a rigidez dos salários não é responsável pelo desemprego involuntário, da mesma forma que uma flexibilização da remuneração não garante emprego a todos. Para a OIT (organização internacional do trabalho) o cenário de pleno emprego é um dos pilares para irradicação de fenômenos nocivos como a fome e a pobreza. É sempre ressaltada a necessidade de pleno emprego, mas segundo a OIT, esse cenário deve ser acompanhado da noção de trabalho docente, o conceito de trabalho docente sintetiza os anseios dos trabalhadores de alcançar o emprego partindo de uma igualdade de acesso ao trabalho produtivo, em condições de liberdade e segurança. Esse conceito reúne uma série de recomendações que visam agregar um quadro onde todas as modalidades de trabalho façam parte, seja trabalho com carteira assinada, autônimos, trabalhadores rurais e o auto emprego, visando melhores condições de vida dos indivíduos esse conceito implica na existência de: oportunidades para encontrar um emprego produtivo com rendimento justo, que garanta aos trabalhadores e suas famílias desfrutar uma qualidade de vidadecente; liberdade para a escolha do trabalho e a livre participação em atividades sindicais; condições de tratamento justo aos trabalhadores, sem discriminação de modo que sejam capazes de conciliar trabalho e responsabilidades familiares; condições de segurança para proteger a saúde dos trabalhadores e proporcionar-lhes a proteção social adequada; condições de dignidade humana para que todos os trabalhadores sejam tratados com respeito e possam participar na tomada de decisão sobre suas condições de trabalho (OIT, 1999). 7 Com diversos conceitos teóricos, a forma como analisam o fenômeno do emprego pode variar dependendo da ótica utilizada, mas no Brasil, a discussão sobre o pleno emprego utiliza como base a Pesquisa Mensal De Emprego (IBGE 2007), que tem a padronização sugerida pela OIT como metodologia para realizar a mensuração. Existem diversas discussões que colocam em pauta o IBGE e se as análises feitas por eles são ideais para o cenário brasileiro, por exemplo, como são conceituados os desocupados nesses levantamentos, para o IBGE são considerados desocupados a parcela da população economicamente ativa (PEA) que estavam sem trabalho na semana de referência mas que estavam à disposição para assumir algum posto e tomaram alguma atitude para conseguir esse feito nessa mesma semana, levando em consideração a dificuldade que grande parcela da população brasileira se depara ao procurar emprego, muitas pessoas ficam de fora desse levantamento, o que nos leva a depreender que o número de desocupados é muito maior do que o divulgado. A economia brasileira é marcada por uma estrutura de mercado de trabalho com singularidades como por exemplo, a grande parcela da população dedicada ao trabalho informal e os baixos salários, essas características distanciam o Brasil do pleno emprego. O emprego está diretamente ligado a outras condições como infraestrutura, educação e segurança, muitas dessas condições cabem ao estado prover para a população, portanto, a intervenção governamental se faz necessária no cenário brasileiro, outro aspecto que justifica a ação do estado está relacionado com a baixa qualificação de uma grande parcela da mão de obra brasileira, o mercado não possui incentivo para absorver essa mão de obra, logo cabe ao estado elaborar estratégias para atender essa demanda. 2.2 DESEMPREGO 2016-2017 Em 2016 a taxa de desemprego esteve inicialmente em torno de 11,2%, contando com um contingente de 11,4 milhões de pessoas sem trabalho no período entre fevereiro a abril. Um dos principais fatores que evidenciam esses níveis tão altos de pessoas desempregadas é uma queda de pessoas assalariadas com carteira assinada, essa queda foi notória dentro do ano de 2014, no entanto desde lá não houve uma retomada expressiva de geração de 8 novos postos de trabalho, conforme nos relata Cimar Azeredo (coordenador de trabalho e rendimento do IBGE): “A carteira de trabalho foi o primeiro sinal que nós tivemos de que estávamos em crise. Naquele primeiro momento, ali em 2014, quando começamos a perceber queda na carteira de trabalho assinada e, em consequência dessa queda, o aumento do contingente de trabalhadores por conta própria, isso já deu sinais de que tínhamos um problema no mercado. Na sequência, esse trabalho por conta própria avança, mas ele retrai num segundo momento, dado que a crise dura. E aí você começa a ter queda de população ocupada. Desfazer um posto de trabalho com carteira é rápido; recompor esse posto de trabalho demanda mais um tempo. A falta da carteira assinada reflete uma instabilidade no que diz respeito a aumentar, inclusive, à quantidade de pessoas procurando trabalho”. Diante deste cenário observa-se um crescimento de pessoas trabalhando por conta própria e muitas escolhendo como subterfúgio viver através de ocupações informais, comportamento natural diante dessa crise no mercado de trabalho. A taxa média de desemprego no Brasil apurada ao fim de 2016 foi de 11,5%, o que representa cerca de 3 pontos percentuais se comparado a taxa média do ano anterior, que foi de 8,5%, em termos mais específicos o número de desempregados cresceu de 8,6 milhões de pessoas em 2015 para 11,8 milhões de pessoas. Conforme podemos observar no gráfico abaixo, esse foi o maior índice do deste indicador, iniciado em 2012: Gráfico 1: Taxa de desocupação (PNAD 2012-2016) 7.4 7.1 6.8 8.5 11.5 2012 2013 2014 2015 2016 9 Fonte: IBGE Diante destas apurações é razoável concluir que os efeitos da grande recessão econômica instauradas no Brasil se refletiram num mercado de trabalho comprometido em 2016, onde postos empregatícios regrediram e a população economicamente ativa se viu obrigada a buscar alternativas como atuar na informalidade. O ano de 2017 traz resultados agravantes no que diz respeito aos níveis de desemprego no país, onde ainda no primeiro trimestre constata-se que 14,2 milhões de pessoas se encontravam desempregadas neste período. Um dado a ser destacado é que outra vez um novo recorde negativo foi quebrado, dessa vez trata-se do fato de 88,9 milhões de pessoas estarem dentro do contingente de pessoas ocupadas, o que foi o menor índice registrado desde o primeiro trimestre de 2012(onde inicia-se a série histórica), quando tinha-se cerca de 88,4 milhões de pessoas dentro da população ocupada. De igual modo o contingente de pessoas com carteira assinada teve uma retração significativa no primeiro trimestre de 2017, vindo de um histórico de informalidades de 2016 alavancados pelo alto índice de desempregados) onde registrou que apenas 33,4 milhões de pessoas tinham carteira assinada, o que significa um recuo de 1,8% em relação ao trimestre anterior (4º trimestre de 2016). No entanto diante deste cenário o setor industrial se mostra reativo, o que nos evidência a PNAD Contínua, que registrou um aumento de 1,8% da taxa de emprego industrial se comparado ao último trimestre de 2016. Esse fator torna- se relevante, cita Cimar Azeredo: “Esse aumento tem especial importância quando se observa que a indústria estava três anos sem alteração positiva e dois anos registrando perdas seguidas no seu contingente, totalizando, desde 2015, cerca de 1,8 milhão de empregados a menos”. A taxa média de desemprego de 2017 fechou em 12,7%, batendo outro recorde em relação à série histórica apurada pelo IBGE. Por outro lado, o ano de 2017 vai fechar com certo recuo da taxa desemprego, no entanto é necessário apurar as causas efetivas que provocaram essa retração neste índice. 10 Embora o percentual de 11,8% obtido ao fim do ano de 2017 possa transmitir uma sensação de que o mercado de trabalho estava ensaiando uma recuperação nesse sentido, na verdade o que se verifica é uma junção de fatores determinantes que ocasionaram este ligeiro recuo mensal da taxa de desemprego. Um deles é comum, por se tratar de um período sazonal as empresas tendem a gerar empregos temporários a fim de atenderem a demanda do momento. Outro fator importante que se identifica é que, essa taxa é influenciada principalmente por um crescimento muito expressivo de pessoas que se ocuparam decidindo, por exemplo, trabalhar por conta própria, ingressando em trabalhos informais e afins. A problemática é bem clara, conforme nos informa Azeredo: “Podemos dizer que este foi o ano da desaceleração da desocupação. No entanto, a qualidade do emprego não melhorou, uma vez que a maioria desses empregos não possui carteira assinada. São pessoas que trabalham por conta própria ou entraram no mercado sem garantias trabalhistas.” Ou seja, compreende-se que quantidade e qualidade dos empregos não melhoraram, uma vez que esse contingente de pessoas foram para o mercado informal, logo seguindo sem as garantias concebidas mediante ao emprego com carteira de trabalho assinada. E diante disso mesmocom a retração da taxa mensal de desemprego, a conclusão que se chega é que a perspectiva de melhoria era muito baixa, principalmente no que diz respeito a criação de novos postos de trabalho com carteira assinada. Assim a temática do trabalho informal só aumenta, logo que, em grande maioria, a informalidade não necessita de uma especialização longa. 2.3 DESEMPREGO 2018-2019 A taxa média de desemprego no ano de 2018 foi de 12,3% da população, representando cerca de 12,2 milhões de pessoas desempregadas. No primeiro trimestre, que foi encerrado em março de 2018, a taxa de desemprego era de 13,1%, tendo uma certa alta em relação ao último trimestre de 2017, no qual a taxa tinha ficado em 11,8%. 11 A alta dessa taxa deve-se muito ao fator de haver a dispensa dos trabalhadores temporários, o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo explica isso citando que como houve uma alta sazonal na questão de empregos, é comum haver uma queda logo em seguida, essa queda é motivada principalmente devido ao fim de períodos onde há uma maior procura por comércios e serviços específicos, como por exemplo a alta em relação ao consumo e procura de bens no fim do ano. Houve também uma queda de geral nos empregos no setor privado, sendo eles de carteira assinada ou não, no trimestre de janeiro a março teve-se uma aumento de 1,5 milhões de pessoas desocupadas, de acordo com o IBGE as perdas foram de 2,7% na indústria representando 327 mil pessoas a menos, na construção a taxa foi de 5,6% representando 389 mil pessoas e o comercio ao qual houve-se uma queda de 2,2% equivalendo a 396 mil pessoas. No segundo trimestre de 2018, a taxa de desocupação foi de 12,4%, apresentando uma redução de 0,7% em relação ao primeiro trimestre. A região Nordeste permaneceu sendo a região no qual apresenta as maiores taxa de desocupação, chegando a 14,8%, a menor região é a Sul com 8,2%. De acordo com o IBGE, o que diminuiu a taxa de desemprego foi o que tem acontecido no mercado brasileiro, que é a geração de vagas informais, Cimar Azeredo afirma “quem entra no mercado de trabalho hoje no Brasil é via informalidade. Ao se somar todas as parcelas informais, podemos dizer que cerca de 40 % da mão de obra do mercado é informal. E isso só vem aumentando”. No 3° trimestre do ano de 2018 a taxa foi de 11,9% apresentando uma redução de 0,6% em relação ao segundo trimestre desse ano, a população ocupada aumentou cerca de 1,5%, sendo cerca de 92,6 milhões de brasileiros, o número de desocupados caiu 3,7% equivalente a -474 mil, reduzindo para 12,5 milhões. Os trabalhadores que são informais superam ainda os empregos informais, a quantidade de pessoas sem registro também aumentou, chegando cerca de 11,5 milhões de pessoas, sendo recorde do Pnad Continua. 12 O 4° e último trimestre do ano de 2018, Brasil teve uma taxa de 11,6% DE desocupados, mostrando uma queda de 0,3% em relação ao último trimestre. A pesquisa mostra que o que faz essa taxa diminuir é o desalento dos trabalhadores e a informalidade, mesmo sendo a menor taxa de desemprego tenha terminado a mais baixa do ano. Gráfico 2: Taxa de desocupação 2018 Dados: IBGE De acordo com o IBGE, 93 milhões de pessoas ocupadas era divididas em 67,1% de empregados tendo em conta as empregadas domesticas, 25,6% que trabalham por conta própria, 4,9% de empregadores e 2,3% de trabalhadores familiares auxiliares. A renda média real do trabalhador no quarto trimestre foi de R$ 2.254, se mantendo estável. A taxa média de desemprego no Brasil em 2019, foi de 11,9% tendo uma queda em comparação ao ano anterior, onde a taxa média foi de 12,3%. No primeiro trimestre do ano, que foi de janeiro a março, essa taxa cresceu cerca de 1,1% em comparação ao último trimestre de 2018 e ficou em 12,7%. Tendo então um acréscimo de 1,2 milhões de pessoas na população desocupada. De acordo com Cimar Azeredo essa queda era esperada, como em todo começo de ano mas não da forma em que ocorreu como afirma: “A expectativa é que não fosse uma redução tão grande quanto foi porque já estamos num processo de melhora do mercado de trabalho a partir de 2018. Era uma queda esperada, mas acabou vindo num número mais elevado” 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 1° Trimestre 2° Trimestre 3° Trimestre 4° Trimestre Taxa de Desocupação/2018 13 A população ocupada ficou em 91,9 milhões de pessoa, uma queda de 0,9%, cerca de 873 mil a menos. No 2° trimestre do ano em questão foi de 12,0% apresentando uma queda de 0,7% em comparação ao trimestre anterior. Nesse período houve-se um grande aumento na carteira assinadas, chegando a 11,5 milhões, algo que o diretor-adjunto do IBGE, Cimar Azeredo comentou em entrevista ao Exame “Foi a primeira alta expressiva na carteira assinada em cinco anos, levando dessa vez á um aumento também na formalização” De acordo com Cima Azeredo, por conta de um novo governo e a Reforma da Previdência fez com que se houvesse um novo ambiente econômico e uma confiança para os empreendedores como cita: “Podemos dizer que um primeiro passo foi dado, mas falar em virada ainda é forçar a barra. O ambiente econômico pode ter favorecido, a reforma da Previdência pode ter dado mais confiança e segurança entre os empreendedores”. No terceiro trimestre de 2019, a taxa de desocupação foi de 11,8%, apresentando uma redução de 0,2%. Essa taxa foi uma surpresa para algumas projeções e foi significativo, como disse Adriana Beringuy, analista de Trabalho e Renda do IBGE “A queda de 12% para 11,8% é significativa e merece destaque, mas o desemprego vem caindo via informalidade. Essa é a marca”. O mercado abriu vagas informais, tanto que atingiram novos recordes no período no número de trabalhadores sem carteira assinada quanto os que trabalham por conta própria. No último trimestre do ano, a taxa de desocupação chegou a 11,0%, sendo o melhor índice desde 2016, esses dados deveriam dar ao Governo de Jair Bolsonaro um fôlego em seu segundo ano, pois é a taxa mais baixa dos últimos 4 anos. O principal fator que contribuiu para que houvesse uma queda foi o aumento de trabalhadores sem carteira assinada na qual totalizou 11,9 milhões de pessoas, os trabalhadores por conta própria também tiveram um número recorde chegando a 24,6 milhões. 14 Segundo o IBGE, o trabalho informal como um todo representou 41,4% da força total do trabalho em dezembro, equivalendo a 38,4 milhões de pessoas. Gráfico 3: Taxa de desocupação 2019 Dados: IBGE 10.4 10.6 10.8 11 11.2 11.4 11.6 11.8 12 12.2 2° Trimestre 2019 3° Trimestre 2019 4° Trimestre 2019 Taxa de Desocupação 2019 15 3. CONCLUSÃO Além da indiscutível necessidade do emprego na sociedade, o presente trabalho indica determinadas imperfeições no mercado de trabalho e a dificuldade de superá-las. Toda sociedade tem suas especificidades e quando se trata de países emergentes essas características são na maioria das vezes ruins, essa situação deixa claro a inevitabilidade de corrigir a falta de precisão do levantamento de dados do nível de emprego, essa imprecisão ocorre desde à coleta até a análise desses dados. Essa reformulação da análise de dados se faz extremamente necessária para evitar comparações fora da realidade seja ela no âmbito internacional ou nacional. Por exemplo, o que pode parecer simples como pegar um ônibus na realidade urbana dos grandes centros do Brasil como São Paulo, não é um fato para as pessoas que residem no interior do Pará e se levarmos esses parâmetros para o âmbito internacional esse contraste fica cada vez maior. Podemos perceber estudos que comparem a estrutura do emprego no brasil com estruturas de países desenvolvidos e com investimentos nitidamente maiores e específicos, porém a comparação pode ser injusta já queo Brasil, por exemplo, possui níveis muito maiores de desigualdade, um fator que é observado na quantidade de pessoas com renda mais baixa que procura a informalidade como um complemente de renda e até como um trabalho fixo. A análise dos dados deixa as características da sociedade e do mercado de trabalho mais claras, viabilizando o investimento público e privado com mais rigor e evitando assim gastos desnecessários. O investimento público é para muitos a chave para o aumento do nível de emprego pois proporciona para iniciativa privada a possibilidade de investimento futuro, assim consequentemente gerando um maior número de empregos e de especializações Nos últimos anos ocorreram diversas políticas que tinham a finalidade de aumentar o número de empregos no brasil, essas políticas não foram eficazes e o único número que passou a crescer foi o da informalidade, que por sua vez, muitas vezes é tratada como uma saída ao desemprego, já que em grande maioria empregos informais necessitam de menos especialização. Muito se fala 16 do pleno emprego, mas se enganam aqueles que julgam que para chegar a esse ponto basta ter o maior número de pessoas empregadas, sendo o que está realmente em jogo é a qualidade dos mesmos. 17 4. REFERÊNCIAS ABDALA, Vitor; BRASIL, Cristina. Taxa de desemprego cai no país e fecha 2019 em 11,9%. AGENCIA BRASIL. 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Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Primeiro Trimestre de 2019. Rio de Janeiro, 2019. Instituto Brasileiro de Geografia e Estática. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Segundo Trimestre de 2019. Rio de Janeiro, 2019. Instituto Brasileiro de Geografia e Estática. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Terceiro Trimestre de 2019. Rio de Janeiro, 2019. Instituto Brasileiro de Geografia e Estática. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Quarto Trimestre de 2019. Rio de Janeiro, 2020. KON, Anita. Pleno emprego no Brasil: interpretando os conceitos e indicadores. Economia & tecnologia (RET), São Paulo, Volume 8, Número 2, p. 5-22, jun. 2012. OLIVEIRA, Nielmar de. IBGE: total de desempregados cresce e atinge 14,2 milhões: População ocupada recua - Carteira assinada - Rendimento. 2017. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017- 04/ibge-total-de-desempregados-cresce-e-atinge-142-milhoes>. 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