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COMO OS SURDOS NA IDADE MÉDIA VIVIAM? Para a sociedade da época, os surdos na Idade Média eram quase que totalmente excluídos. Isso ocorria principalmente em virtude de determinadas crenças sociais e religiosas, que interferiam na forma como as pessoas no geral viam as pessoas surdas. Girolamo Cardano (Pavia, 24 de setembro de 1501 — Roma, 21 de setembro de 1576) foi um polímata italiano. Escreveu mais de 200 trabalhos sobre medicina, matemática, física, filosofia, religião e música. Na matemática foi o primeiro a introduzir as ideias gerais da teoria das equações algébricas. Seu hábito de jogar também levou-o a formular as primeiras regras da teoria da probabilidade. Na medicina foi quem primeiro descreveu clinicamente a febre tifóide. Na física escreveu sobre as diferenças entre energia elétrica e magnetismo. Cresceu em meio a maus tratos, doenças e muitas infelicidades; apesar disso, mostrou uma extraordinária precocidade para os estudos: era já célebre como astrólogo e mago, antes de ter dado provas da sua invulgar aptidão para o estudo das ciências naturais e da matemática. Em 1526, depois de ter obtido o título de doutor em Medicina na Universidade de Pádua, começou imediatamente a exercer a sua atividade de médico em Siccolongo e, mais tarde, em Pádua. Ainda em 1526 escreve o livro Liber de Ludo Aleae (Livro dos jogos de azar) resolvendo vários problemas de enumeração e retoma os problemas levantados por Luca Pacioli.[2] A obra de Cardano, contudo, só veio a ser publicada em 1663. Cardano relata em sua autobiografia, De Propria Vita que era viciado em jogos. Escreve que havia jogado xadrez por 40 anos e dados por 25 anos. Em 1534 obteve a cadeira de matemática em Milão, mas continuou a estudar medicina, misturada com práticas de astrologia e de magia. A sua cultura enciclopédica e a sua poderosa inteligência, permitiram-lhe escrever sobre os assuntos mais diversos. Para começar a entender a vida dos surdos durante a Idade Média é preciso saber que esse período aconteceu na Europa e durou de 476 d.C até 1492. Esse momento histórico teve início logo depois da queda do Império Romano no Ocidente e finalizou durante a transição que deu início à Idade Moderna. Todo o período da Idade Média ficou conhecido como Idade das Trevas. Os motivos não são por acaso. Essa época foi palco de profundos retrocessos filosóficos, intelectuais, institucionais e artísticos. Em decorrência da predominância da Igreja Católica, bastante poderosa à época, todos os fenômenos da natureza, existência de doenças e demais situação não totalmente compreendidas pelo homem eram atribuídas de forma exclusiva à vontade divina. Isso significa que a ciência durante a Idade Média era praticamente inexistente. Os pequenos avanços conquistados no campo científico foram possíveis graças às influências positivas dos povos orientais, gregos e árabes. Outro fator relevante durante a Idade Média é que apenas as famílias pertencentes à nobreza conseguiam estudar. A educação das crianças geralmente ficava sob a responsabilidade da Igreja Católica ou era bastante influenciada por essa religião que era predominante. Com isso, apenas uma pequena parcela da população sabia ler e escrever durante o período medieval. O espanhol Pedro Ponce de León (1520 - 1584) foi um monge beneditino que recebeu créditos como o primeiro professor para surdos. Ponce de León estabeleceu uma escola para surdos no Mosteiro de San Salvador em Oña Burgos. Seus escassos alunos eram todos crianças surdas, filhos de aristocratas ricos que tinham recursos para o confidenciar- lhe estes tutorados. Seu trabalho com crianças surdas focalizou em ajudá-las aprender como escrever a língua. Instruiu as crianças na escrita e em gestos simples como um alfabeto bi-manual. Ponce de León não se tornou conhecido por desenvolver um trabalho com língua de sinais. Ponce de León teria desenvolvido um alfabeto manual que permitia ao estudante que aprendesse a soletrar (letra por letra) toda a palavra. Os pesquisadores modernos analisam se este alfabeto foi baseado, integralmente ou em parte, em simples gestos com as duas mãos. O alfabeto uni-manual publicado por Juan de Pablo Bonet em 1620, foi distinto do alfabeto bi-manual usado por Ponce de León. O trabalho de Ponce de León com os surdos foi considerado de grande importância por seus contemporâneos. A maioria dos europeus no século XVI, acreditava que os surdos eram incapazes de serem educados. Muitos acreditavam que os surdos nem mesmo poderiam ser educados como cristãos, deixando-os à margem da sociedade. COMO OS SURDOS NA IDADE MÉDIA ERAM TRATADOS? O isolamento dos surdos na Idade Média acontecia porque as pessoas não sabiam como lidar com essa condição no dia a dia. Tudo que era considerado fora do “normal”, geralmente causava espanto, medo e consequente afastamento por parte da sociedade. Por esse motivo, os surdos geralmente ficavam restritos ao convívio com os familiares, sem qualquer oportunidade de exercer funções na sociedade. Thomas Hopkins Gallaudet Muito jovem, em 1805, iniciou os estudos universitários em Yale, onde se formou como predicador. Logo começou os estudos de Direito. Em 1814 Gallaudet estava a ponto de começar sua carreira religiosa, quando, durante umas férias na casa de seus pais, na cidade de Hartford, um encontro casual com uma menina surda o convenceu que sua vocação estava em outra parte. A origem de sua vocação direcionada aos surdos Alice Cogswell, como se chamava a menina surda, permanecia isolada das demais crianças. Isso chamou a atenção de Gallaudet que, aproximando-se dela, tratou, por diversos meios, de estabelecer uma comunicação. Desenhou e apontou para coisas distintas, para fazer com que ela relacionasse a palavra "chapéu" a estes objetos. Logo a mostrou como escrever seu próprio nome. O resultado desse experimento mudou a vida de Gallaudet que, a partir de então, decidiu dedicar-se ao ensino dos surdos. Nesse tempo não existia nos Estados Unidos ninguém que se dedicasse a esse trabalho. Viagem à Europa Gallaudet começou a averigüar, junto ao pai de Alice, acerca dos métodos de ensino para os surdos em outros países. Soube que na França e na Inglaterra havia uma tradição a respeito. A partir daqui surgiu seu projeto de uma viagem à Europa, a fim de reunir informações detalhadas sobre a metodologia daquelas escolas, com o propósito de fundar uma escola própria em Hartford. A viagem à Inglaterra aconteceu em 1816. Resultou em um fracasso, pois os educadores nesse país, da escola londrina Braidwood impuseram demandas muito altas para divulgar seus métodos de trabalho, já que consideravam importante mantê-los em segredo. Gallaudet decidiu então tentar a sorte na França. Contudo, antes de sua partida, Gallaudet entrou em contato com três educadores franceses, o abade Roch Ambroise Sicard, e dois de seus auxiliares surdos, Jean Massieau e Laurent Clerc. Eles viajavam pela Inglaterra para mostrar seus métodos de ensino de surdos. O método francês se baseava no uso de senhas e na escrita, o que o diferenciava do inglês. Gallaudet concordou em visitar a escola dos mestres franceses em Paris. Lá passou dois meses com eles, aprendendo a língua dos surdos franceses e os métodos de trabalho da escola. Laurent Clerc decidiu viajar aos Estados Unidos com Gallaudet, para ajudá-lo em seu projeto. A escola de Hartford e o início da educação de surdos nos EUA Em 1817, já de volta a Hartford, Gallaudete Clerc abriram as portas da primeira escola para surdos dos Estados unidos, a American School for the Deaf. Em 1830, quando Gallaudet decidiu se retirar, já havia escolas para surdos em outras quatro cidades desse país, nos estados de Nova York, Pensilvânia, Kentucky e Ohio. Uma geração de estudantes surdos com uma língua comum, que depois ficou conhecida como American Sign Language (ASL), já era capaz de ler e escrever em inglês, o que foi um resultado desse projeto. É preciso salientar que na época da Idade Média a população sofria com um nível extremo de pobreza. Isso tornava ainda mais difícil a vida das pessoas surdas, já que todas elas dependiam dos seus familiares para sobreviver. Para ter uma ideia de como a vida durante a Idade Média era difícil, basta saber que nesse período, um indivíduo com 30 anos era considerada velha. O motivo disso é que as pessoas dificilmente chegavam aos 30. A baixíssima expectativa de vida era decorrente principalmente pela alta mortalidade infantil, falta de tratamento adequado para doenças, péssimas condições de higiene, alimentação precária etc. Pelo motivo de a ciência quase não existir no decorrer da Idade Média, não era possível desenvolver qualquer tipo de método que favorecesse a comunicação com os surdos. De maneira que hoje em dia consideramos absurda, na Idade Média, os líderes religiosos mencionavam que uma criança nascer surda era sinal que um castigo divino havia sido feito aos pais. Mesmo diante de tantas limitações, durante o período medieval, John Beverley, um líder religioso que morreu em 721 d.C elaborou um importante trabalho na área de educação para surdos. ERNEST HUET? Nascido em 1822, em Paris, Ernest Huet pertencia a uma família da nobreza na França. Por esse motivo, ele sempre teve acesso à melhor educação da época. Ainda adolescente, Huet falava português e alemão (além do francês). Com a idade de apenas 12 anos, Ernest teve sarampo e, devido a essa enfermidade, acabou ficando surdo. Mesmo depois de apresentar surdez, ele conseguiu aprender espanhol e começou a estudar no Instituto Nacional de Surdos de Paris. Após muitos anos de comprometimento com os estudos, Huet conquistou a formação de professor. Depois disso, enquanto atuava na França, ele recebeu o cargo de diretor do Instituto de Surdos de Bourges. Por conta do excelente trabalho desenvolvido, Huet obteve grande prestígio e reconhecimento. Em 1851, o professor Ernest Huet se casou com a alemã Catalina Brodeke. Pelo fato de ser membro da nobreza francesa, Huet tinha o título de Conde. Por esse motivo e devido ao notável trabalho na área de educação de surdos, em 1855 Huet mudou-se para a Corte de Portugal no Brasil. A mudança de Huet, acompanhado de sua esposa Catalina, aconteceu graças a um convite feito pelo Imperador Dom Pedro II. O objetivo do Imperador consistia em fundar um instituto que atendesse as pessoas surdas no Brasil. Outro dos objetivos do imperador era que Huet, por ter imensa experiência nessa área, aceitasse estar à frente dessa importante instituição. CRIAÇÃO DA PRIMEIRA ESCOLA PARA SURDOS NO BRASIL Ernest Huet Após a mudança de Ernest Huet para o Brasil, mais precisamente para a cidade do Rio de Janeiro, ele dedicou- se ainda mais aos estudos. Em grande parte, devido à dedicação de Huet, em 1857, no dia 26 de setembro, foi fundado na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos. A maior incumbência de Ernest Huet era ensinar e aplicar a metodologia para a educação de surdos que era adotada na Europa, sobretudo na França. Nos primeiros anos, o instituto atendia apenas meninos. No entanto, com o passar do tempo, as meninas também passaram a ser atendidas. Atualmente, a escola fundada por Huet tem o nome de Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES. A Samuel-Heinicke-Realschule (abreviatura: SHR) é uma escola privada para deficientes auditivos em Munique, fundada pelo pastor Georg Rückert em 1971 , patrocinada pelo SchulCentrum Augustinum GmbH Munich. O nome oficial da escola é Samuel- Heinicke-Schule, uma escola secundária privada reconhecida pelo estado para educação especial, com foco especial em ouvir do SchulCentrum Augustinum gGmbH , Munique. Seu nome vem do pedagogo Samuel Heinicke , considerado o inventor do método alemão de educação de surdos . Em setembro de 2006, a escola mudou-se de Munich- Pasing para Nymphenburg para um novo prédio no local da antiga escola In den Kirschen para cegos . Em setembro de 2007, a Samuel- Heinicke-Realschule assumiu o ramo da escola secundária da Escola Estadual da Baviera para Surdos de Munique- Laim . AS CONSEQUÊNCIAS DO PRECONCEITO Os surdos na Idade Média, conforme dissemos, eram tratados com precariedade. Portanto, foram muitos séculos de atraso quanto à educação, alfabetização e entendimento profundo quanto à condição física dos surdos. Em decorrência desse preconceito com origens históricas, até nos dias atuais a inserção social dos surdos ocorre de maneira lenta, já que muitos consideram apenas o fator da limitação física relacionada à surdez. IDADE MODERNA E IDADE CONTEMPORÂNEA Após saber como os surdos na sociedade medieval eram tratados, é preciso conhecer sobre os grandes avanços que foram ocorrendo na Idade Moderna (1453-1789) e Idade Contemporânea (início em 1789). Vários anos após o fim da Idade Média, Pedro Ponce de León (1520- 1584), um monge beneditino espanhol, foi responsável pela criação de uma escola para pessoas surdas em Madrid. Pedro Ponce também é muito https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Ponce_de_Le%C3%B3n&src=null lembrado por ter desenvolvido o alfabeto manual. Por meio desse alfabeto e da educação inicialmente recebida, os surdos conseguiam soletrar as palavras. Por esses resultados obtidos, ainda que iniciais na comunicação, Ponce é tido como um dos grandes pioneiros na educação dos surdos. Em 1760, Charles-Michel de I’Épée, um educador francês, criou o primeiro Instituto Nacional de Surdos-Mudos da França, na cidade de paris. Essa instituição, que atualmente é nomeada de Instituto Nacional de Jovens Surdos de Paris, consistiu em um importante marco na história mundial dos surdos. Foi devido aos métodos desenvolvidos nesse instituto que foi possível a criação da Língua Francesa de Sinais. A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO À medida que passou a ser criado e utilizado um método padronizado de comunicação para pessoas surdas, o processo de inclusão social tornou-se facilitado. Ainda que exista um longo trabalho pela frente, hoje em dia o ensino e difusão das línguas de sinais é uma realidade concreta. Tanto a comunidade de surdos brasileira quanto a mundial lutam continuamente pelo desenvolvimento de ações e políticas públicas que promovam o ensino, aprendizado e divulgação das línguas de sinais. 1880 congreso de Milão O Congresso de Milão foi uma conferência internacional de educadores de surdos, em 1880. O Congresso foi organizado pela Pereira Society, um grupo de pessoas contra o uso das línguas de sinais. A organização foi fundada na França por Jacob Rodrigues Pereira e era uma forte apoiadora do oralismo. A organização do Congresso de Milão foi uma clara intenção de assegurar a hegemonia do oralismo. A seleção dos participantes do Congresso foi extremamente cuidadosa para garantir que a maioria das pessoas ali presentes fossem a favor do oralismo e reagissem negativamente aos discursos a favor das línguas gestuais. Depois de deliberações entre 6 e 11 de Setembro de 1880, o congressodeclarou que a educação oralista era a mais apropriado que à de língua gestual e aprovou uma resolução que preferencialmente seria utilizado o uso da língua oral nas escolas. Antes do Congresso Antes do Congresso, na Europa, durante o século XVIII, surgiram duas tendências distintas na educação dos surdos: o gestualismo (ou método francês) e o oralismo (ou método alemão). A grande maioria dos surdos defendia o gestualismo, enquanto que apenas os ouvintes apoiavam o oralismo - por exemplo Bell, nos EUA, fazia campanha a favor deste método, entre muitos outros professores, médicos, etc. Na ocasião de votação na assembléia geral realizada no congresso todos os professores surdos foram negados o direito de votar e excluídos, dos 164 representantes presentes ouvintes, apenas 5 dos Estados Unidos votaram contra o oralismo puro. Nasce a Hellen Keller em Alabama, Estados Unidos. Ela ficou cega, surda e muda aos 2 anos de idade. Aos 7 anos foi confiada a professora Anne Mansfield Sullivan, que lhe ensinou o alfabeto manual tatil (método empregado pelos surdos-cegos). Hellen Keller obteve graus universitários e publicou trabalhos autobiográficos. Decreto lei nº 3198 – 1957 INES RJ O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O Instituto Nacional de Surdos-Mudos, do Ministério da Educação e Cultura, passa a denominar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos. Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1957; 136º da Independência e 69º da República. JUSCELINO KUBITSCHEK Clovis Salgado Este texto não substitui o publicado no DOU de 8.7.1957 1960 William Stokoe William Stokoe Dr. William C. Stokoe, Jr. (1919 - 2000) foi um estudioso, que pesquisou extensivamente a American Sign Language ou ASL (Língua de Sinais Americana (português brasileiro) ou Língua Gestual Americana (português europeu)) enquanto trabalhava na Universidade Gallaudet. De 1955 a 1970 trabalhou como professor e chefe do departamento de inglês, na Universidade Gallaudet. Publicou Estrutura da Língua de Sinais e foi co-autor de Um Dicionário de Língua de Sinais Americana sobre Princípios Linguísticos (1965). Através da publicação de sua obra, ele foi fundamental na mudança da percepção da ASL de uma versão simplificada ou incompleta do inglês para o de uma complexa e próspera língua natural, com uma sintaxe e gramática independentes, funcionais e poderosas como qualquer língua falada no mundo. Ele levantou o prestígio da ASL nos círculos académicos e pedagógicos. Criando o sistema escrito para a Língua de Sinais Americana Stokoe inventou uma escrita para a língua de sinais (agora chamada notação Stokoe), já que a ASL não tinha escrita, no momento. Diferentemente da escrita gestualizada, que foi desenvolvida mais tarde, não é pictográfica, mas baseada no alfabeto latino. 1970 Comunicação Total da Pessoa Surda O insucesso do Oralismo deu origem a novas propostas em relação á educação da pessoa surda. A abordagem que surgiu por volta de 1970 foi chamada de Comunicação Total. Nessa abordagem educacional foi permitida a prática de uma série de recursos: língua de sinais, leitura orofacial, utilização de aparelhos de amplificação sonora, alfabeto digital. Os estudantes surdos poderiam então expressar-se da maneira que achassem mais conveniente. O objetivo era que a criança pudesse se comunicar com todos: familiares, professores, surdos, ouvintes, e assim não sofresse consequências do isolamento que a surdez proporciona. A surdez então não era entendida como patologia, mas como um fenômeno com significações sociais. Poderiam ser utilizados os sinais da língua de sinais da comunidade surda assim como sinais gramaticais modificados. Assim, tudo que era falado poderia ser acompanhado de elementos visuais. A intenção também era facilitar a aquisição da língua oral e da leitura e escrita. Os alunos então utilizavam os sinais em contato com outros surdos fluentes. Nos ambientes escolares o uso dos sinais ocorria, porém, obedecendo à estrutura da Língua Portuguesa. Eles chamavam essa estratégia de “português sinalizado”. Mesmo com a pretensão de facilitar a aprendizagem, o português sinalizado produzia certa confusão para o aluno surdo. LIBRAS 2002 LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. A língua brasileira de sinais (Libras) é a língua de sinaisPB (língua gestualPE) usada por surdos dos centros urbanos brasileiros e legalmente reconhecida como meio de comunicação e expressão. É derivada tanto de uma língua de sinais autóctone, que é natural da região ou do território em que habita, quanto da língua gestual francesa; por isso, é semelhante a outras línguas de sinais da Europa e da América. A Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa, e sim uma língua à parte, como o comprova o fato de que em Portugal usa-se uma língua de sinais diferente, a língua gestual portuguesa (LGP). Os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação — locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos — e também de expressões faciais e corporais que transmitem os sentimentos que para os ouvintes são transmitidos pela entonação da voz, os quais juntos compõem as unidades básicas dessa língua. Assim, a Libras se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Como em qualquer língua, também na libras existem diferenças regionais. Portanto, deve-se ter atenção às suas variações em cada unidade federativa do Brasil. O DECRETO O que diz o Decreto nº 5.626 2005? DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.22 de dez. de 2005 2006 UFSC A partir dessas decisões, em 2006 foi criada a primeira graduação de língua de sinais da América Latina. A Universidade Federal de Santa Catarina, com experiência na formação de pessoas surdas e na produção de conhecimento neste campo, ficou responsável pela coordenação das outras seis universidades brasileiras que também oferecem o curso. Cada unidade é chamada de pólo, local onde os graduandos reúnem-se e onde também funciona a coordenação de cada estabelecimento. 2014 ESCOLAS BILINGUES Entendemos que a educação, inclusive a de surdos, é um processo que não escapa da regulação através da cultura: ações são norteadas por normas; as condutas são classificadas e comparadas com base em padrões aceitáveis ou não; e a constituição de subjetividades está ligada ao sistema organizacional que se integra. (HALL, 1997). Além disso, as escolas de surdos não estão prontas; é preciso construí-las; “as escolas não possuem um modelo exterior 2015 LEI DE INCLUSÃO LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos dasPessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 , data de início de sua vigência no plano interno. Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. HÁ OUTROS DESAFIOS? Por mais que a comunidade de surdos brasileira e mundial tenha adquirido muitos direitos nas últimas décadas, há muito o que obter em termos de garantias e direitos essenciais nas áreas de educação, saúde, mercado de trabalho, cultura etc.
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