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DIDATICA 2019 2 - Texto 5 - Projeto Politico Pedagogico

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85 
Anuário da Produção 
Acadêmica Docente 
Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 
Suselei A. Bedin Affonso 
Faculdade Anhanguera de Campinas 
unidade 3 
suseaffonso@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROJETO PEDAGÓGICO COMO 
FERRAMENTA INSTITUCIONAL1 
 
RESUMO 
O presente artigo tem como objetivo discutir o processo de elaboração do 
projeto político pedagógico de uma instituição como uma construção 
coletiva, bem como fortalecer a importância do planejamento como 
ferramenta necessária através do qual a instituição deixa claras suas 
expectativas e as metas que quer alcançar como resultado social de seu 
trabalho, definindo propostas de ações, atitudes, regras e rotinas para que 
esses resultados sejam alcançados. 
Palavras-Chave: planejamento; projeto pedagógico; gestão participativa. 
ABSTRACT 
This article aims to discuss the process of developing the political 
pedagogical project of an institution as a collective, as well as strengthen the 
importance of planning as a necessary tool through which the institution 
makes clear its expectations and goals you want to achieve as a result social 
work, defining proposed actions, attitudes, rules and routines so that these 
results are achieved. 
Keywords: planning; teaching project; participatory management. 
 
 
 
1 Material da 1ª. Aula da Disciplina Projeto Pedagógico e Operação Acadêmica, 
ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do 
Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: 
Anhanguera Educacional, 2009. 
Anhanguera Educacional S.A. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 2000 
Valinhos, São Paulo 
CEP 13.278-181 
rc.ipade@unianhanguera.edu.br 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Informe Técnico 
Recebido em: 23/5/2009 
Avaliado em: 10/2/2010 
Publicação: 21 de abril de 2010 
ANUDO_N5_miolo-v1.pdf 85 28/5/2010 09:57:30
86 O projeto pedagógico como ferramenta institucional 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
1. INTRODUÇÃO 
Na sociedade atual, a educação assume papel cada vez mais imprescindível no processo 
de desenvolvimento econômico e social. No mundo globalizado e em constantes 
transformações, o próprio conceito de educação vem sendo revisto e ampliado, 
assumindo uma perspectiva processual que não se encerra ao final da escolarização, mas 
se prolonga ao longo da vida do indivíduo para permitir que ele possa responder aos 
desafios da provisoriedade do conhecimento, num contexto em constante mudança 
(DELLORS, 1999, p. 50). 
Singer (1998) aponta que os reflexos das transformações ocorridas na economia 
mundial e a crescente demanda por profissionais dotados de conhecimentos gerais, 
flexíveis, com capacidade de assumir diferentes funções e enfrentar problemas inéditos, 
têm se apresentado como grandes desafios estabelecidos para o ensino, em especial para o 
ensino superior, gerando a busca de novos paradigmas de qualidade acadêmica e de 
currículo. 
Intimamente interligadas às demandas da sociedade e do mercado de trabalho, 
as expectativas e demandas dos alunos buscam um curso superior para concretizar seu 
projeto de vida. Segundo Guindani (2006), os que ingressam no ensino superior procuram 
o diploma de graduação como ponto de partida. No fundo, têm convicção de que sua 
formação não estará completa, que há um processo contínuo a ser desenvolvido ao longo 
de toda vida profissional. Diante dessa nova perspectiva, o ensino universitário não pode 
ser mais entendido como fim em si mesmo, precisa ser rediscutido sob a ótica da 
complexidade, que exige o rompimento de uma concepção de conhecimento fechado, 
acabado e especialista, com vistas a uma concepção de produção de conhecimento mais 
aberta, compartilhada e autônoma (MORIN, 1990). 
Pensar o ensino universitário nessa perspectiva significa pensar em alternativas 
na esfera do ensino-aprendizagem que propiciem o desenvolvimento das habilidades e 
competências, necessárias à inserção social do aluno nos setores profissionais, à 
participação no desenvolvimento de sua comunidade e à formação continuada. A 
formação de um profissional apto a enfrentar as novas exigências sociais exige das 
instituições de ensino superior um novo dinamismo educacional, capaz de estabelecer 
oportunidades de articulação entre teoria e prática e propostas de currículos, que 
contribuam para a construção da autonomia intelectual e profissional de seus alunos. 
ANUDO_N5_miolo-v1.pdf 86 28/5/2010 09:57:30
 Suselei Aparecida Bedin Affonso 87 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
No campo educacional, tais ideais são importantes na perspectiva do debate e da 
construção de conhecimentos, porém se não dispusermos de ferramentas necessárias para 
converter essas reflexões em prática, as transformações necessárias não acontecerão. 
Segundo Gandin (1999, p.14) para que as instituições de ensino superior possam 
enfrentar os desafios e contribuir significativamente para que as transformações ocorram, 
elas precisam ter clareza e bom desempenho em duas dimensões: riqueza e adequação 
das idéias; instrumentos apropriados para transformar essas idéias em prática. Esses dois 
aspectos têm igual importância, ”um propondo o rumo, outro propondo caminhos, o que 
só será possível de maneira digna se ambos forem ligados entre si pelo diagnóstico da 
prática”. 
Nesse contexto, é possível compreender a importância de que o trabalho 
formativo desenvolvido nas instituições de ensino superior esteja pautado em 
planejamento e em estratégias de ação orientadas, definidos através de uma ferramenta: o 
projeto pedagógico, que, dentro da perspectiva apontada por Gadotti (2001, p.57) permite: 
[...] ar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de 
instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto 
contém de estado melhor do que o presente. As promessas se tornam visíveis, os campos 
de ação possíveis, comprometendo seus atores e autores. 
Nessa perspectiva, o projeto pedagógico apresenta-se como um instrumento, 
através do qual a instituição deixa claras suas expectativas e as metas que quer alcançar 
como resultado social de seu trabalho, definindo propostas de ações, atitudes, regras e 
rotinas para que esses resultados sejam alcançados. 
O ensino superior precisa ser compreendido como uma teia de relações, na qual 
estão o acadêmico, o conteúdo científico e a sociedade, com seus problemas e desafios 
(GUINDANI, 2006). Os alunos que chegam ao ensino superior, em sua grande maioria, 
buscam construir identidade profissional. Sendo assim, o Projeto Político Pedagógico da 
Instituição, e mais especificamente, o projeto de cada um de seus cursos, é que fornecerá, 
a partir de sua organização curricular e de suas propostas de práticas educativas, os 
referenciais profissionais a estes alunos. É imprescindível a coordenação do corpo docente 
em torno da missão da instituição, do curso e das concepções pedagógicas adotadas. Só 
assim o acadêmico encontra um referencial profissional que seja construído a partir dessa 
integração e do diálogo interdisciplinar. 
Além de definir as concepções e finalidades da educação, o projeto pedagógico 
possibilita um processo de auto-gestão, à medida que se constitui “no meio pelo qual a 
Instituição dá sentido a sua realização concreta no espaço do ensino–aprendizagem, por 
meio de ações dinâmicas e históricas” (SANCHES, 2006, p. 106). 
ANUDO_N5_miolo-v1.pdf 87 28/5/2010 09:57:30
88 O projeto pedagógico como ferramenta institucional 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
O projeto pedagógico da instituição ou curso não deve ser compreendido apenas 
como um documento que atenda às exigências administrativas ou burocráticas,mas como 
um registro, resultado de um processo de reflexão realizado pela instituição como forma 
de atender às exigências sociais, às diretrizes curriculares nacionais, às necessidades da 
instituição e de sua comunidade, concretizando a identidade da Instituição. Os projetos 
[...] são referenciais teóricos metodológicos que auxiliam na superação dos desafios 
enfrentados. Não são documentos de moda nem de domínio exclusivo dos dirigentes. 
São norteadores do trabalho que garantem a unidade dos profissionais envolvidos com o 
mesmo. São balizadores de praticas pedagógicas, ações docentes, discentes e dos 
gestores. (SANCHES, 2006, p. 107) 
2. A FINALIDADE DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 
Quando consideramos o projeto pedagógico de uma instituição ou de um curso, estamos 
nos referindo às concepções e finalidades que norteiam as diferentes atividades e 
programas de aprendizagem daquela instituição, que em última instância constituem sua 
identidade. 
Mais do que um documento sistematizado para circulação, socialização e análise 
permanente da sua execução e adequação no interior da instituição, o projeto é reflexo de 
um processo de discussão e planejamento em diferentes níveis, a partir da realidade 
vivenciada. 
Segundo Gandin (1999), as instituições educacionais têm tradicionalmente usado 
alguns instrumentos legais, tais como as leis de diretrizes e bases da educação, pareceres, 
resoluções de conselhos de educação e regimentos como parâmetros para transformar 
suas idéias em ações. Tais referenciais acabam por definir e direcionar o trabalho 
pedagógico a ser desenvolvido, conferindo-lhes caráter predominantemente genérico, 
uma vez que as especificidades das instituições de ensino nem sempre são contempladas. 
A atual legislação (LDB 9.394/96), porém, recomenda a utilização de uma 
ferramenta mais democrática, a proposta pedagógica, mostrando a necessidade de cada 
instituição construir coletivamente a partir do envolvimento de seus diversos segmentos o 
seu projeto político-pedagógico que, sem ferir as recomendações e princípios legais, possa 
conferir à instituição uma autonomia relativa atendendo, assim, suas necessidades, 
demandas, especificidades e expectativas. 
O projeto pedagógico da instituição deve estabelecer as diretrizes básicas de sua 
organização e funcionamento, integradas às normas comuns do sistema nacional e do 
sistema ou rede ao qual ela pertence. Sua finalidade deve ser a de permitir o 
reconhecimento e expressão da identidade da instituição de acordo com sua realidade, 
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 Suselei Aparecida Bedin Affonso 89 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
características próprias e necessidades locais. Segundo Portela e Atta (1999, p. 78) o 
projeto pedagógico de uma instituição também tem por finalidade: 
• Estimular o sentido de responsabilidade e de comprometimento da escola 
na direção do seu próprio crescimento. 
• Definir o conteúdo do trabalho institucional, tendo em vista as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para ensino, os princípios norteadores do 
ministério da educação, a realidade da escola e as características do 
cidadão que se quer formar. 
• Dar unidade ao processo de ensino, integrando as ações desenvolvidas 
seja na sala de aula ou na instituição como um todo, seja em suas relações 
com a comunidade. 
• Criar parâmetros de acompanhamento e de avaliação do trabalho escolar. 
• Definir, de forma racional, os recursos necessários ao desenvolvimento da 
proposta. 
Nessa perspectiva, o Projeto Pedagógico da instituição é a organização existente 
no âmbito educacional, concebida e elaborada a partir da reflexão sobre seu cotidiano. De 
acordo com Veiga (2001), sua construção requer uma ruptura com a centralização de 
poderes. Portanto, deve ser construído a partir de um processo democrático que permita a 
participação de todos os segmentos da comunidade educacional (corpo discente e 
docente, equipes de gestão e funcionários) na tomada de decisões e encaminhamentos, 
através da criação de canais de participação dos colegiados ou de seus representantes. 
Embora nenhum segmento tenha importância menor que a do outro nesse trabalho 
coletivo, é importante definir, com clareza, as responsabilidades que cada um deve 
assumir, considerando a existência de funções e níveis hierárquicos diferenciados dentro 
da instituição. Ou seja, todos devem ter seu espaço de participação, mas não se deve 
confundir o espaço das atribuições, ultrapassando os limites de competência de cada um 
(PORTELA; ATTA, 1999). 
Para que a construção do projeto seja viável, não pode ser imposto pelos órgãos 
superiores, nem basta convencer a equipe educacional, mas sim propiciar situações que 
lhes permitam aprender a pensar a respeito do fazer pedagógico, dos indicadores e 
situações cotidianas, para vislumbrar possibilidades de mudanças para melhorias 
(VEIGA, 1997). Isso pressupõe a valorização da interação entre as pessoas, priorizando o 
coletivo e superando dificuldades em busca da educação de qualidade, que deve estar 
fundamentada nos seguintes princípios: 
• igualdade de condições de acesso e permanência na escola; 
• qualidade para todos; 
• gestão democrática para uma construção coletiva, compreensão dos 
problemas da prática pedagógica, socialização e participação; 
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90 O projeto pedagógico como ferramenta institucional 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
• valorização do magistério, através da formação continuada. 
A discussão da proposta pedagógica apresenta-se como exercício que possibilita 
o crescimento da identidade institucional ou do curso bem como de todos que dela 
participam, apresentando questões metodológicas e de conteúdo. 
3. O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 
Em seu processo de construção, os projetos pedagógicos passam por dois momentos 
importantes e interligados, permeados de ações avaliativas: o de concepção e o da 
execução (SANCHES, 2006). 
Gandin (1994) e Gadotti (2001) ao discutirem o planejamento participativo 
apontam algumas etapas fundamentais desses momentos: estabelecimento de um 
referencial (marco situacional e doutrinal/filosófico), realização de um diagnóstico da 
realidade e de uma proposta de ação (marco operativo), todos atravessados por processos 
de avaliação. 
O marco situacional (GANDIN, 1994) é construído a partir da percepção do 
grupo em torno da realidade em geral: como a vê, quais seus traços marcantes, qual a 
relação do quadro sócio-econômico, político e cultural amplo e o cotidiano da instituição. 
Sua importância deve-se ao fato de que pode desvelar os elementos estruturais que 
condicionam a instituição e seus agentes. Neste marco, o que se pretende é a explicitação 
de uma visão geral da realidade. 
Para que a fase da concepção de um projeto pedagógico seja executada de 
maneira adequada é preciso que a equipe educacional compreenda o contexto social, 
econômico e político no qual a instituição está inserida, a realidade social e cultural de 
seus alunos e qual o papel ou relação da instituição com a sociedade. 
Essa reflexão possibilitará o estabelecimento de um referencial (GADOTTI, 2001) 
expressando a posição que a instituição planeja em relação à sua identidade, visão de 
mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Indica o “rumo”, a direção que a 
instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia, das ciências, da 
cultura da coletividade envolvida. Implica, portanto, opção e fundamentação. 
Para Reis (1995), nesse referencial os diversos segmentos da instituição são 
desafiados a expressar o sentido de seu trabalho pedagógico e as grandes perspectivas da 
caminhada rumo à concretização. Vários questionamentos precisam ser respondidos, 
entre eles destacam-se: quais são os fundamentos em relaçãoà instituição? Que 
profissional se quer formar e para qual sociedade? Que escolhas fazemos em torno das 
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 Suselei Aparecida Bedin Affonso 91 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
concepções de educação, de ensino aprendizagem, de avaliação para atingir os objetivos 
previstos? 
As reflexões sobre o marco doutrinal ou filosófico vão permitir o delineamento 
da concepção de homem, sociedade, educação, currículo e ensino-aprendizagem que 
subsidiará o projeto pedagógico de um curso ou instituição. Colaboram, ainda, na 
definição da adequação da formação a ser oferecida em relação a contextos específicos de 
atuação. 
Nesse momento inicial, são definidos missão e objetivos da instituição, suas 
opções de atuação acadêmica (cursos e modalidades de cursos), suas responsabilidades 
sociais, os princípios filosóficos e teóricos metodológicos que nortearão as práticas 
acadêmicas da instituição e seus propósitos no campo do ensino, pesquisa e extensão. 
Segundo Sanches (2006, p. 110), a função maior desse referencial é a de 
“tensionar a realidade no sentido da sua superação/transformação e, em termos 
metodológicos, fornecer parâmetros, critérios para a realização do diagnóstico”. 
Definidos esses referenciais, o momento seguinte é o de confrontá-los com a 
realidade, estabelecendo a diferença entre aquilo que se pretende e acredita e aquilo que 
se tem, ou seja, é o instante de um olhar crítico e honesto da instituição em relação às suas 
possibilidades, limites e resultados formativos que vem obtendo, identificando seus 
problemas e/ou possibilidades de expansão. 
A partir das necessidades percebidas no diagnóstico, a instituição irá elaborar um 
conjunto de ações/operações concretas, no espaço de tempo disponível, com o objetivo de 
superar ou sanar as necessidades identificadas. A partir dessa percepção serão definidas 
as ações necessárias, que deverão ser colocadas em prática para transformar a realidade 
do curso ou instituição. 
Nesse sentido, deverá ser definido o marco operativo, compatível e coerente com 
os marcos situacional e filosófico, pois, caso isso não ocorra, pode haver desarticulação 
entre a realidade geral e as grandes finalidades assumidas. Segundo Salgado (2001, p. 36) 
o marco operativo é, pois, “o conjunto de diretrizes a serem seguidas na formulação do 
projeto; define o que vai e o que não vai ser valorizado, o que ficará dentro ou fora do 
projeto pedagógico”. 
É a explicitação do ideal da instituição escolar, tendo em vista aquilo que 
queremos ou devemos ser. Diz respeito à organização das ações da coletividade 
educacional naqueles campos de atuação compreendidos nas três principais dimensões 
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92 O projeto pedagógico como ferramenta institucional 
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que configuram a práxis educativa, quais sejam: a dimensão pedagógica, a dimensão 
comunitária e a dimensão administrativa. 
O Quadro 1, elaborado por Vasconcelos (2004), aponta para algumas questões 
que podem contribuir para o levantamento de alguns questionamentos que orientem a 
elaboração do marco operativo do curso ou instituição, o qual subsidiará a elaboração do 
plano de ação e a programação das operações acadêmicas que possibilitarão a efetivação 
das metas da instituição. 
Quadro 1 – Possíveis Perguntas para Elaboração do Marco Operativo. 
A) Dimensão pedagógica B) Dimensão comunitária C) Dimensão administrativa 
Como desejamos... Como desejamos... Como desejamos... 
O Processo de Planejamento? Os Relacionamentos na Escola? A Estrutura e Organização da Escola? 
O Currículo? O Professor? Os Dirigentes 
(Direção e Equipe Técnica)? 
Os Objetivos? O Relacionamento com a 
Família? 
Os Serviços (Secretaria, Limpeza, 
Mecanografia, Audiovisuais etc.)? 
Os Conteúdos? O Relacionamento com a 
Comunidade? 
As Formas de Participação dos 
Trabalhadores? 
A Metodologia? A Participação e As Condições Objetivas de Trabalho? 
A Avaliação? Organização dos Alunos? A Obtenção e Gerenciamento dos 
Recursos Financeiros [1] 
A Disciplina? A relação 
Professor-Aluno? 
As Atividades Esportivas e 
Culturais? 
 
Nossa relação com o Vestibular? 
Como nos posicionamos frente aos 
exames e concursos? 
A Orientação Vocacional? 
O Espaço de Trabalho Coletivo 
Constante (reuniões pedagógicas 
semanais)? 
O Relacionamento com os Meios de 
Comunicação Social? 
 
O Ensino Fundamental no nosso 
Município? 
 
Fonte: Vasconcellos (2004, p. 185). 
O plano de ação é a definição do que vai ser feito e dos meios para a superação 
dos problemas detectados, em busca da qualidade da educação oferecida pela instituição. 
Segundo Vasconcellos (2004), dois critérios fundamentais devem nortear a definição da 
programação das ações a serem desenvolvidas nos diferentes níveis e segmentos: 
Necessidade e Possibilidade. Ou seja, a partir da analise critica dos limites das 
possibilidades, define-se o necessário e o possível para diminuir a distância entre o que a 
instituição é e o que deveria ser. Quanto à periodicidade, a programação ou projeto pode 
ter abrangência anual, bianual ou outra definida pelo grupo. 
Define-se nesse momento, portanto, as ações estratégicas a serem empreendidas, 
tais como: política de gestão; implantação e desenvolvimento de cursos; aumento ou 
diminuição do número de vagas; organização didático-pedagógica a ser adotada pela 
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 Suselei Aparecida Bedin Affonso 93 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
instituição; seleção de conteúdos, recursos metodológicos e processos de avaliação; 
concepção de currículo e planejamento de ensino; expansão e qualificação do corpo 
docente; procedimentos de apoio e atendimento ao corpo discente. Enfim, nesse momento 
definem-se as operações acadêmicas e programas institucionais que devem ser 
desenvolvidos para que os objetivos institucionais possam ser alcançados. 
Na elaboração de um projeto pedagógico, alguns elementos são considerados sua 
base estrutural, pois serão eles que darão suporte á construção da proposta educacional 
(LIBÂNEO, 2001, p. 174): 
a) A organização da vida escolar, relacionada à organização do trabalho 
escolar em função de sua especificidade de seus objetivos. 
b) Organização do processo de ensino e aprendizagem – refere-se 
basicamente, aos aspectos de organização do trabalho do professor e dos 
alunos na sala de aula. 
c) Organização das atividades de apoio técnico administrativo – tem a função 
de fornecer o apoio necessário ao trabalho docente. 
d) Organização de atividades que vinculam escola e comunidade – refere-se 
as relações entre a escola e o ambiente externo: com os níveis superiores da 
gestão de sistemas escolar, pois, com as organizações políticas e 
comunitárias [...] 
4. ESTRUTURA BÁSICA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 
Pelo fato de considerarmos o Projeto Político-Pedagógico como um processo e não como 
um produto acabado, entendemos que sua estrutura básica é sempre indicativa, podendo 
variar de uma instituição para outra, não ficando presa a modelos tecnicistas que estariam 
pré-determinando a apresentação formal do projeto “[…] importante é dizer com clareza 
o que a instituição pretende realizar, a partir de suas condições […]” (PADILHA, 2001, p. 
90). 
Apresentamos aqui, a título de exemplo, uma possibilidade de estruturação 
formal de registro e organização do Projeto Político-Pedagógico, mas não significa que 
esta deva ser entendida como uma única e fixa possibilidade, uma vez que podem ser 
adequadas às realidades vividas pelas instituições. 
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94 O projeto pedagógico como ferramenta institucional 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009• p. 85-96 
Quadro 2 – Estrutura Geral do PPP. 
Estrutura Geral do Projeto Pedagógico: 
 
I – Missão /Objetivos da Instituição 
Consiste no que a Instituição pretende alcançar 
 
II – Diagnóstico/Caracterização 
Consiste no conhecimento do ambiente em que a instituição está inserida e sua 
conseqüente contextualização na realidade regional necessidades, demandas, 
perfil de aluno). 
 
III – Concepção Filosófica 
Visão de homem, mundo educação que fundamentarão o trabalho 
 
IV – Referencial Teórico da Instituição 
Refere-se às teorias nas quais se fundamentará para desenvolver o seu 
planejamento 
 
V – Eixos da Instituição: 
5.1 – Educacional: políticas de ensino, pesquisa e extensão 
5.2 – Pedagógico: concepção dos processos de ensino-aprendizagem 
5.3 – Gestão: estrutura organizacional 
 
VI – Qualificação do Quadro Docente 
Relaciona-se a maneira pela qual a escola qualificará seus professores 
 
VII – Cronograma das Atividades 
Onde irá constar todo planejamento 
 
IX – Avaliação: 
3.1 – Processo avaliativo dos alunos (que tipo de avaliação será utilizada?) 
3.2 – Processo de avaliação dos docentes (como avaliar os professores?) 
3.3 – Processo de avaliação das atividades “P.P.P.” (estabelecer período de 
avaliação do projeto) 
Fonte: (RIBEIRO, 2007). 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Para que a elaboração e concretização do Projeto Pedagógico de um curso ou instituição 
possa ter sucesso, Gadotti (2001, p. 25) aponta ainda alguns fatores que devem ser 
considerados: 
• Um projeto deve se factível e seu enunciado facilmente compreendido. 
• A adesão voluntária e consciente ao projeto. Todos precisam estar 
envolvidos e a co-responsabilidade é um fator decisivo no êxito do 
projeto. 
• Bom suporte institucional e financeiro. Que significa vontade política, 
conhecimento de todos e recursos financeiros claramente definidos. 
• Controle, acompanhamento e avaliação do projeto para saber se seus 
objetivos estão sendo atingidos. 
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 Suselei Aparecida Bedin Affonso 95 
Anuário da Produção Acadêmica Docente • Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 • p. 85-96 
• Atmosfera e ambiente favorável. 
• Credibilidade. As idéias podem ser boas, mas se os que as defendem não 
tem prestígio, comprovada competência e legitimidade, só podem 
obstaculizar o projeto. 
• Bom referencial teórico. 
Diante desses fatores, percebe-se claramente a importância da instituição eleger 
alguns pilares para dar suporte à edificação do projeto, entre eles: 
• sensibilização e envolvimento do corpo docente no processo; 
• construção de uma consciência crítica do corpo discente para que se 
tornem co-responsáveis por seu aprendizado, comprometendo-se com as 
metas de formação; 
• investimento na qualidade do corpo docente, incentivando sua formação 
continuada e produção acadêmica; 
• do ponto de vista pedagógico, privilegiar uma organização didática 
pedagógica moderna que privilegie a relação teoria-prática, que valorize a 
busca de soluções para os problemas; 
• desenvolvimento da avaliação como um processo contínuo e constante. 
Por outro lado, o Projeto Pedagógico, por si mesmo não levará a inovações no 
ensino superior. Para que se alcance a melhoria da qualidade do ensino oferecido é 
importante que se tenha vontade política e a convicção de sua importância. Há 
necessidade de a instituição empreender seu tempo, recursos e esforços em ações de 
estudo e na avaliação contínua. Essas reflexões implicam que a instituição reveja de forma 
critica a importância de seu trabalho, suas contribuições e limitações, para buscar uma 
nova forma de organização do trabalho com vistas à mudança. 
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Suselei Aparecida Bedin Affonso 
Doutorado em Educação pela 
Universidade Estadual de Campinas 
(2008). Mestrado em Educação pela 
Universidade Estadual de Campinas 
(2003), especialização em Educação e 
Psicopedagogia pela Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas 
(1997) e graduação em Psicologia pela Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas (1985). Experiência 
na docência de disciplinas relacionadas à formação de 
professores, em cursos de Pedagogia e Licenciaturas, 
tendo participado também de projetos relativos à 
formação continuada de professores em exercício. 
Desenvolvimento de pesquisas nas áreas de educação 
continuada, cognição, afetividade e relações de gênero. 
ANUDO_N5_miolo-v1.pdf 96 28/5/2010 09:57:31

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