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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLADORIA Resenha Crítica de Caso Fernanda Hatsumi Mochizuki Trabalho da disciplina: Controladoria II - Planejamento tributário, orçamento e controle (NPG1243) Tutor: Prof. Antonio Alexandre Lima São Paulo 2020 2 AOL Time Warner, Inc. Referencia: Bradley, Stephen P., and Erin Sullivan. "AOL Time Warner, Inc." Harvard Business School Case 702-421, March 2002. (Revised June 2005.) O estudo de caso relata a convergência da “velha” e da “nova” economia da AOL Time Warner. No dia 10 de janeiro de 2000, a America Online (AOL) e a time Warner anunciaram “uma fusão estratégica entre iguais para criar a primeira empresa de mídia e comunicações totalmente integrada do mundo para o século da Internet”. Um comunicado geral da imprensa prometia que a fusão geraria sinergias múltiplas: A fusão vai combinar o vasto alcance de mídia internacional, entretenimento e redes de notícias da Time Warner e seus sistemas tecnologicamente avançados de transmissão de banda larga com as extensas franquias, tecnologias e infraestruturas de Internet da American Online, inclusive as marcas de consumo de maior uso mundial na rede, a maior comunidade no espaço cibernético e suas possibilidades incomparáveis no comércio eletrônico. Os recursos em paralelo da AOL e da Time Warner em talento criativo e jornalístico, os ativos e a experiência de tecnologia e de gerencia vão fazer com que a nova empresa seja capaz de intensificar enormemente o acesso do consumidor ao mais vasto conjunto de conteúdo de alta qualidade de serviços interativos. Muitos não estavam convencidos desta fusão, pois no passado grandes fusões haviam prometido sinergias poderosas, mas os investidores com frequência se decepcionaram ao longo prazo. Diferenças de gerencia, embates culturais e outras questões haviam diluído os benefícios dessas fusões, impedindo que as lagartas virassem borboletas. Quando o processo de fusão se completou em 11 de janeiro de 2001, a nova empresa teve a incumbência de demonstrar que o valor do conjunto seria significativamente maior que a soma das suas partes. A America Online, Inc., fundada como Quantum Computer Services em 1985 e lançada como AOL em 1989, foi a líder mundial em serviços interativos, marca da Rede, tecnologias de Internet e serviços de comercio eletrônico. A empresa tinha quatro divisões: O grupo de Serviços Interativos desenvolvia e operava esses serviços da AOL, enquanto o grupo de Propriedades Interativas lidava com a 2 propriedade de marcas que operavam através de múltiplos serviços e p2lataformas. O grupo Internacional da AOL supervisionava as operações da AOL e da CompuServe fora dos Estados Unidos, e também o serviço on-line do Netscape no Reino Unido. O Netscape Enterprise Group, iPlanet E-Commerce Solutions, fez uma parceria com a Sun Mycrosystems para agenciar os produtos de software corporativo do Netscape e seus sistemas de comercio eletrônico. Na AOL, o presidente e CEO Steve Case já foi descrito como “grande pensador” que há muito havia nutrido “ a visão messiânica de um mundo conectado, em que a internet seria parte da vida diária de todas as formas imagináveis”. Com ele no comando, a AOL diligentemente perseguiu sua visão: “Construir um instrumento global que seja tão fundamental para a vida das pessoas como o telefone e a televisão, e até mais valioso”. Se Case era o “grande pensador”, então Robert Pittman era o Operador. Pittman começou na AOL como presidente e CEO da AOL Networks em 1996, quando as ações da empresa estavam em queda, e os índices de permanência de assinantes estavam baixos. Eles apenas lidaram com o sucesso, e então são destemidos. Estão querendo substituir a ordem existente com uma nova. Por isso são diferentes das pessoas que investem no status. A AOL está sempre ligada, sempre ambiciosa, sempre exigindo algo novo. A AOL comprou quatro empresas em pouco tempo, em 1999: A Netscape Communications Corporations em março, a MovieFone em maio, e as empresas de música na Internet Spinner Networks e Nullsoft, em junho. O produto principal da AOL oferecia aos assinantes um pacote de serviços on-line interativos conveniente e fácil de usar. Ajudando-os a fazer em rede as coisas diárias que faziam fora dela, como manter contato com a família, saber das últimas notícias, gerenciar as finanças e os compromissos, fazer compras e manter e receber fotos, a AOL conseguiu tornar fundamental o seu serviço para a vida das pessoas. Esse serviço agregou mais de 30 milhões de assinantes da AOL e da CompuServe ao redor do mundo; atingiu uma capacidade de servir 2,2 milhões de usuários simultâneos, um volume de 194 milhões de e-mails, 245 milhões de cotas de ações, 11 bilhões de endereços na rede (URLs) e 656 milhões de mensagens instantâneas. Podia-se acessar o serviço da AOL usando qualquer conexão rápida ou discada a partir de quase todos os lugares do mundo. Devido ao fato da AOL atuar tanto como Provedor de serviços de Internet quanto como Fonte de Informação, seu modelo de preço era diferenciado. 2 Uma marca registrada do serviço da AOL era o seu formato fácil de utilizar. Uma barra de ferramentas de navegação simples e intuitiva fornecia acesso rápido aos destaques mais populares. A empresa foi pioneira em tecnologias como as palavra- chave para navegação, e Lista de Amigos que possibilitava bate papos (mensagens instantâneas) mostrando quais os contatos que estavam online no momento. Outra característica do serviço da AOL permitia aos assinantes personalizar quase todos os componentes de sua experiência online através de uma variedade de ferramentas. A Tela de Boas-Vindas da AOL, que cumprimentava os assinantes assim que acessavam, apresentava programações locais relevantes, como notícias, um álbum pessoal ou recursos de viagens. A Time Warner, Inc., fundada como Time, Inc., em 1922, era a maior empresa de mídia e entretenimento do mundo, resultante de duas fusões nos últimos dez anos: a fusão com a Warner Communications em 1989 e com a Turner Broadcasting Systems (TBS) em 1996. A Time Warner iniciou novas linhas de negócio e promoveu produtos bem conhecidos como forma de projetar um modelo administrativo bem-sucedido. A empresa tinha negócios em grande ascensão, como corporações televisivas, sistemas de TV a cabo e canais de TV a cabo, tinha também negócios mais maduros como publicações e música. A fusão de US$ 7,6 bilhões com a TBS adicionou US$ 17,5 bilhões em dívidas na folha de balanço da Time Warner. E também libertou TED Turner “das amarras de uma circunstância de caixa preso”. Por toda década de 19990, a Time Warner investiu bastante tempo e dinheiro em iniciativas on-line. Seu website Pathfinder foi lançado em 1994 como um portal de entrada à Grande Rede Mundial, com e-mail gratuito, um mecanismo de busca, e conteúdo tirado de todas as marcas da Time Warner. No entanto as baixas no investimento paralisaram o mecanismo de busca e outros dispositivos da Pathfinder em 1995. Logo antes do anuncio da fusão AOL-Time Warner, o serviço de Internet Road Runner, batizado com o nome de um personagem famoso de desenho da Warner (Papa- Léguas), havia aumentado o seu número de assinantes de banda larga para 964 mil. O serviço, em parceria com a MediaOne, Microsoft e Compaq, utilizava cabo de fibra ótica e um cabo de modem para conectar os clientes à internet com velocidade mais alta do que a do acesso discado por telefone. A Time Warner estava dividida em cinco segmentos bastante independentes: Canais a cabo- Dentre os canais de televisão da Time Warner constavam a CNN, a TBS, a TNT, como também a HBO e outros canais emergentes como o Cartoon2 Network, e uma participação de 50% no Comedy Central. A Home Box Office (HBO) era o canal de maior sucesso da televisão norte americana, seja por seu desempenho operacional, seja por assinantes, prêmios e índices de audiência. A HBO havia se beneficiado de um rápido crescimento do negócio de satélite direto aos lares e da introdução da distribuição digital. Sistemas a Cabo- A indústria de serviços a cabo presenciou inúmeros negócios grandes e notáveis durante a década de 1990 à medida que as aquisições alteravam o tamanho das empresas de mídia e diversificavam suas redes de atuação. A AT&T é um exemplo claro disso por ter comprado a TCI e a MediaOne para chegar ao posto mais alto como operadora de sistema a cabo em 1999. A Time Warner Cable era a segunda maior operadora desse sistema com 6,5 milhões de assinantes. Entretenimento: Filmes- Durante a década de 1990, empresas tradicionais de entretenimento começaram a investir em operações relacionadas à Internet, por meio tanto de desenvolvimentos internos quanto de aquisições. O lançamento de filmes de seis distribuidoras- a Walt Disney Co., Viacom Inc., Sony Corp., Fox Entertainment Group, Time Warner Inc., e Universal Studios Group- Normalmente contabilizavam 80% da renda de venda de ingressos. Música- A Warner Music Group (WMG) era uma empresa diversificada e verticalmente integrada, tendo domínio de uma extensa gama de artistas célebres e novos. O apelo internacional dos artistas filiados aos selos da WMG era o ponto central de sua estratégia. Publicações- A Time Inc (Time), o departamento editorial da Time Warner, teve o maior rendimento de revistas dentre as 25 maiores empresas de mídia, principalmente porque produzia algumas da revistas mais populares e de maior circulação dos Estados Unidos e no mundo. Dentre elas, constavam quatro revistas semanais norte-amreicanas: Time, People, Sports Illustrated e Entertarinment Weekly. Sob os termos do acordo de fusão, aprovados por unanimidade de votos nas reuniões das mesas diretoras de cada empresa, os acionistas da Time Warner receberam uma ação e meia da AOL Time Warner para cada ação da Time Warner que lhes pertenciam, e os acionistas da AOL receberam uma ação da nova empresa para cada ação que tinham da AOL. Quando o negocio estava feito, os acionistas da AOL possuíam aproximadamente 55% da nova empresa, os da Time Warner 45%. O anuncio da fusão levou muitas pessoas a questionarem se essa era apenas a primeira de uma série de mega fusões a serem efetuadas entre as maiores empresas da Nova York e da Velha Mídia. A Fusão da AOL-Time Warner fez com 2 que a indústria de mídia e entretenimento reconhecesse que a Internet era o veículo poderoso de distribuição, e que veio para ficar. A AOL Time Warner teve que enfrentar uma grande batalha durante o ano que se passou entre o anuncio da fusão e sua efetivação. As empresas tinham de fundir-se em uma única, diferente e nova corporação unificada, e isso exigia uma reestruturação intensiva. A maior parte das grandes empresas mundiais de música e filmes já haviam trocado de donos durante a última década e, por isso, a maioria dos ativos da indústria de entretenimento estava concentrada nas mãos de poucas empresas. A fusão AOL Time Warner criava uma nova empresa pronta para competir com as outras como a Bertelsmann, Disney, News Corp., Sony, Viacom-CBS e Vivendi-Universal. A AOL Time Warner a Viacom, a Walt Disney e a News Corp./ Fox Entertainment supostamente atingiram um sucesso de longo prazo resultante de estruturas verticalmente integradas aptas a capturar mais investimento global em entretenimento com conteúdo de marcas definidas. A News Corp./ Fox liderava a indústria em alcance internacional, graças à forte presença de distribuição da News Corp. nos Estados Unidos e na Ásia e à produção de conteúdo popular da Fox dentro dos Estados Unidos. A AOL Time Warner, no entanto, era a primeira empresa de mídia internacional com poderes de internet e uma tecnologia integrada a todos os aspectos da operação da empresa. A fusão também jogou a AOL contra a Microsoft na guerra pelo controle dos lares norte-americanos; as duas empresas contavam com um amplo uso das redes de banda larga para oferecer novos serviços e expandir seus territórios. Embora a America Online dominasse o mercado de acesso discado, ele também começou a oferecer serviços através das linhas a cabo de alta velocidade da Time Warner, assim que a fusão foi efetivada. Desde a aprovação de 11 de janeiro de 2001 da fusão da AOL Time Warner, a equipe administrativa de Case-Levin enfrentava o desafio de fazer a junção funcionar. Tinham que reorganizar a empresa e integrar a cultura da Time Warner à cultura de nova era da AOL. Talvez seu maior desafio, porém, seja ir além das sinergias de economia de gastos e marketing cruzado, e determinar quais são as sinergias transformacionais que a nova empresa seria capaz de gerar.