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1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA QUÍMICA BIANCA BELLO BISSON REFRIGERAÇÃO: HISTÓRICO DOS PROCESSOS, CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS REFRIGERANTES E APLICAÇÕES APS 1 DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS B APUCARANA - PR 2019 2 BIANCA BELLO BISSON REFRIGERAÇÃO: HISTÓRICO DOS PROCESSOS, CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS REFRIGERANTES E APLICAÇÕES Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Apucarana, como requisito parcial de obtenção de nota na disciplina de Operações Unitárias B. Profª Drª: Fernanda Lini Seixas APUCARANA - PR 2019 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................4 2. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................5 2.1 HISTÓRICO DOS PROCESSOS DE REFRIGERAÇÃO...............................5 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS REFRIGERANTES............................7 2.3 APLICAÇÕES................................................................................................9 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................9 4 1. INTRODUÇÃO O processo de refrigeração é basicamente a transferência de calor de modo a manter uma região fria a uma temperatura inferior à de sua vizinhança. Geralmente, isso é feito usando um sistema de refrigeração à vapor. Dentre os equipamentos que produzem essa refrigeração estão os chamados refrigeradores, que operam segundo um ciclo frigorífico, onde o fluido de trabalho são os refrigerantes. (MORAN; SHAPIRO, 2009). O sistema atua retirando o calor presente dentro do refrigerador através da mudança de fase de fluido refrigerante (que alterna o seu estado entre líquido e vapor). O ciclo ideal de refrigeração, como mostrado na Figura 1, é composto por: Compressor, que é responsável por criar diferença de pressão no circuito, e assim, circular o fluido refrigerante pelo sistema; Condensador, responsável por retirar o calor do interior do refrigerador para o ambiente externo; Tubo Capilar (ou válvula de expansão): mantém a diferença de pressão junto com o compressor; Evaporador: absorve o calor interno do refrigerador; Filtro secador: retém partículas de impurezas ou umidade; (EMBRACO, 2016) Figura 1: Ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor. Fonte: ÇENGEL; BOLES (2013). 5 O ciclo ideal apresentado na Figura 1 possui quatro processos (um isoentrópico, dois isobáricos e um isoentálpico). Em que vapor saturado a baixa pressão entra no compressor e sofre uma compressão adiabática reversível 1-2. Depois, calor rejeitado a pressão constante no processo 2-3 e o fluido de trabalho deixa o condensador como líquido saturado. O próximo processo é um estrangulamento adiabático, processo 3-4, e o fluido de trabalho é então vaporizado a pressão constante, processo 4-1, para completar o ciclo. Assim, há dois parâmetros que determinam o ciclo, o estado 3, líquido saturado, e o estado 1, vapor saturado. O compressor gera a alta pressão, e a temperatura baixa T4 = T1 é determinada pela transferência de calor entre o evaporador e o ambiente refrigerado. (ÇENGEL; BOLES, 2013) O ciclo ideal apresentado se afasta dos ciclos reais (como o de Carnot e o de Rankine) devido às perdas como: perdas na turbina, perdas na bomba, perdas nas tubulações e perdas no condensador. Esse ciclo e o ciclo Rankine é essencialmente o mesmo ciclo ao inverso, exceto pela válvula de expansão que substitui a bomba, para que a pressão do fluido de trabalho é rebaixada da pressão do condensador para a pressão do evaporador. Esse processo de estrangulamento é irreversível, enquanto que o processo de bombeamento do ciclo Rankine é reversível. Figura 3: Instalação simples motora que opera em um ciclo de Rankine. Fonte: ÇENGEL; BOLES (2013). 6 O afastamento desse ciclo ideal do ciclo de Carnot, em que o fluido de trabalho permanece sempre dentro da região bifásica, consiste na conveniência de se ter um compressor que opere apenas com vapor e não com uma mistura de líquido e vapor, como seria necessário no ciclo de Carnot, além da substituição da turbina por um processo de estrangulamento. (MORAN; SHAPIRO, 2009) Figura 3: Ciclo de refrigeração à vapor de Carnot. Fonte: MORAN; SHAPIRO (2009). 7 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 HISTÓRICO DOS PROCESSOS DE REFRIGERAÇÃO Os processos de refrigeração são bastante antigos e seu propósito vêm evoluindo com o tempo. A prática da refrigeração existe desde os dias do homem das cavernas. A possibilidade de guardar e distribuir alimentos e de viver em climas adversos deu às atividades humanas perspectivas muito maiores do que aquelas anteriormente possíveis. Acredita-se que os chineses foram os primeiros a utilizarem gelo para resfriar bebidas há mais de 4 mil anos. Eles colocavam jarros cheios de água fora de suas casas durante a noite e o vento seco do deserto resfriava a água pela evaporação da umidade. Desde o século XIX um certo processo de refrigeração já era utilizado para refrigeração no transporte de alimentos, por meio de armazenamento com isolamento térmico e gelo coletado, reduzindo perdas e apodrecimento dos alimentos. O primeiro método de produção artificial de frio foi demonstrado na Universidade de Glasgow, na Escócia, em 1748, pelo professor William Cullen (1794- 1872), que usou uma bomba para obter vácuo num recipiente contendo éter etílico. O éter entrou em ebulição, absorvendo o calor do ar em sua volta, produzindo certa quantidade de gelo. Em 1857, que Ferdinand Carré desenvolveu o primeiro sistema de refrigeração por compressão e em 1860 o sistema por absorção de gás de funcionamento contínuo usando amônia gasosa dissolvida em água. Conseguiu a produção artificial de gelo. Devido à toxicidade da amônia, o sistema não se adaptou para uso doméstico, mas foi usado para fabricar gelo para comercialização e uso na indústria, por dezenas de anos. http://1.bp.blogspot.com/-ilPkcmuA_zc/TclTQrJyX3I/AAAAAAAABFI/CWx1wJQRzd8/s1600/refrigera%25C3%25A7%25C3%25A3o+compressor+1930++2.jpg 8 Durante por cerca de meio século os aperfeiçoamentos nos processos de fabricação de gelo artificial foram se acumulando, surgindo sistematicamente melhorias nos sistemas, com maiores rendimentos e melhores condições de trabalho. Em 1900, com a chegada da eletricidade e o desenvolvimento da refrigeração, os refrigeradores começaram a ser popularizados. Finalmente, em 1926, a General Electric desenvolveu a primeira máquina de refrigeração doméstica. E a partir daí a evolução foi crescente. 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS REFRIGERANTES Há uma grande diversidade de fluidos refrigerantes utilizados nos sistemas de refrigeração baseados na compressão de vapor. A seleção geralmente se baseia em: desempenho (capacidade de aquecimento de maneira suficiente, econômica e confiável), segurança (evitando riscos como toxidade e inflamabilidade) e impacto ambiental (uso de fluidos que não agridam a camada estratosférica de ozônio). . Outro fator a ser considerado é a adequabilidade da relação do fluido entre pressão e temperatura no intervalo de uma certa aplicação. Por exemplo, o volume específico necessário do fluido pode depender do tipo de compressor a ser utilizado no sistema, dependendo da pressão do evaporador. Substâncias como a amônia e dióxido de enxofre foram importantes no início da implantação dos sistemas de refrigeração, antes de 1930, baseados no ciclo de compressão de vapor, porém ambas sãotóxicas e, portanto, perigosas. Por muitos anos, os principais refrigerantes foram os hidrocarbonetos halogenados. Por exemplo, o diclorodifluormetano (CCl2F2) é tratado genericamente como refrigerante-12 ou R-12. Esse grupo de substâncias, comumente conhecidas como clorofluorcarbonos ou CFC's, são quimicamente estáveis a temperatura ambiente, o que é necessário para que a substância seja um fluido de trabalho adequado, mas pode provocar efeitos devastadores no meio ambiente se o gás escapar para a atmosfera. Devido à estabilidade, o gás passa muitos anos difundindo na atmosfera até atingir a estratosfera onde a molécula é dissociada e, assim, libera o cloro que por sua vez, destrói a camada protetora de ozônio presente na estratosfera. Por esse motivo, é de importância fundamental eliminar 9 completamente a utilização dos refrigerantes R-1 e R-12 e desenvolver um substituto adequado. Outros tipos de fluidos de refrigeraçãos conhecidos por HFC's, fiidrofluorcarbonos, não apresentam cloro na composição de sua molécula e, dessa forma, não afetam a camada de ozônio, mas são gases de efeito estufa com potencial de aquecimento global milhares de vezes maiores que o do dióxido de carbono. O uso de R-12 já foi banido em muitos países e, em 2010, será eliminado em todos os países devido às determinações do Protocolo de Montreal (acordo inter- nacional para proteção da camada de ozônio). A Tabela 1 a seguir, retirada do livro Princípios de Termodinâmica para Engenharia de Shapiro e Moran, apresenta alguns exemplos, a composição química e o potencial de aquecimento global de alguns refrigerantes selecionados. Tabela 1: Dados de fluidos refrigerantes. Fonte: SHAPIRO, MORAN (2009). Como mostrado na Tabela, os refrigerantes não sintéticos, naturais, são os que tem menor potencial de aquecimento global, e por isso, tem sido mais utilizados cada dia mais em sistemas de grandes dimensões. É importante também que os refrigerantes usados em aparelhos domésticos sejam não tóxicos. Outras características desejáveis, além de não causar dano 10 ambiental, são a miscibilidade com o óleo do compressor, a rigidez dielétrica, a estabilidade química e o custo. Também, para dadas temperaturas de evaporação e condensação, os refrigerantes não proporcionam o mesmo coeficiente de desempenho para o ciclo ideal. É. naturalmente, desejável que se utilize o refrigerante que forneça o maior coeficiente de desempenho, desde que outros fatores o permitam. 2.3 APLICAÇÕES O ciclo de compressão pode ser adaptado para aplicações especiais, como por exemplo: a.) Armazenamento de frio É uma abordagem de armazenamento de energia térmica que envolve água resfriada ou gelo, destinado ao conforto térmico de um espaço ocupado. Aplicações incluem centros comerciais/médicos, escritórios, faculdades e prédios em campi. O sistema de armazenamento é mostrado na Figura 4. Figura 4: Armazenamento de frio aplicado ao conforto térmico Fonte: SHAPIRO, MORAN (2009). b.) Ciclos em cascata É um arranjo do tipo ciclo combinado, onde se obtém refrigeração a uma temperatura relativamente baixa através de uma série de sistemas de compressão de vapor, em que cada um deles normalmente utiliza um refrigerante distinto. 11 Nesse sistema, o evaporador do ciclo de alta temperatura absorve calor do condensador do ciclo de baixa temperatura, o que requer uma diferença de temperatura entre os dois. Figura 5: Sistema de refrigeração em cascata de dois ciclos Fonte: ÇENGEL; BOLES (2013). c.) Compressão multiestágio com inter-resfriamento Neste caso, o trabalho de compressão é reduzido através de uma compressão de multiestágio com inter-resfriamento entre os estágios, que é alcançado por transferência de calor para as vizinhanças que se encontram a uma temperatura inferior. Essa configuração pode ser utilizada quando a temperatura entre os estágios do compressor é muito baixa para permitir o uso de um compressor de dois estágios com resfriamento intermediário, já que não há meio de resfriamento com temperatura tão baixa. O compressor operando com a temperatura mais baixa movimenta uma vazão menor de refrigerante a um volume específico bem alto, o que implica um alto valor para o trabalho específico consumido. Um regenerador pode ser utilizado para a liquefação de gases, resfriando os gases antes do processo de estrangulamento e a refrigeração é obtida com o vapor a baixa temperatura que escoa em direção ao compressor. 12 Figura 4: Ciclo de refrigeração em 2 estágios com inter-resfriamento por câmara de separação Fonte: SHAPIRO, MORAN (2009). 13 3. REFERÊNCIAS ÇENGEL, Y.A.; BOLES, M.A. TERMODINÂMICA. New York: McGraw-Hill. 7 ed. 2013. MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de Termodinâmica para Engenharia, LTC, 6ªEd., 2009. INCROPERA F.; DEWITT D.; BERGMAN T.; LAVINE A. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, 6ª edição, LTC, 2008. EMBRACO. Como funciona um circuito de refrigeração? 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VHrfwDax3GA>. Acesso em: 20 abr. 2019.
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