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RESUMO PAF - COMUNITÁRIA

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PSICOLOGIA COMUNITÁRIA – PAF
MENEZES, A.L. Psicologia comunitária na reciclagem de lixo: as entrelinhas de um processo grupal.
Psicologia Comunitária na Reciclagem de Lixo: A Entrelinhas de um Processo Grupal: Dentro da empresa: Para a psicologia comunitária o objeto de estudo é a comunidade. Reciclagem de Lixo: Cooperativa é um modelo mais horizontal em que há a divisão de riquezas, porem não é o campo primordial da reciclagem do lixo. Experiência: Pós Graduação em Educação UFRGS. Este artigo se trata de um relato da experiência, assim como a maioria das pesquisas comunitárias/ sociais, pois desta forma é possível analisar os aspectos psicossociais – pesquisa em ciências humanas. Comunidade: Mulheres que trabalham em cooperativa de reciclagem do lixo. A pesquisadora foi até o lixão realizar o estudo. No local ela encontrou vitimas de violência, vivem na pobreza, excluídos, mas dentro dos limites do modo de produção capitalista e representam o mundo e o lixo de forma particular. Categorias Centrais: Gênero; Trabalho (categoria mais central); Identidade. Questões: Como podemos pensar a realidade dessas mulheres dentro de nossa sociedade? Como elas reconhecem a si mesmas e a atividade que exercem? Como essas dimensões acima se articulam? Quais os sentimentos vivenciados? Relato da Experiência: Trabalho desenvolvido que busca da transformação da consciência na organização grupal do trabalho e o caminho para uma educação libertadora e produtora de uma consciência de si e do mundo. Interesse Inicial: Compreender as diversas manifestações do sofrimento psicossocial nos níveis de agressão e exclusão aos quase essas mulheres estão sujeitas. O sujeito é psicossocial, e não é possível separar o psico do social. E na sua relação social, é como o sujeito se vê e se sente neste contexto social. Intervenções: Toda a intervenção é uma forma de pesquisa. A ação da psicologia social é a pesquisa, a mais conhecida é a pesquisa ação por meio da atividade em grupo. Visão das Diversas Classes Sociais: Um mesmo fenômeno pode ser descrito/ entendido de diversas maneiras, dependendo do grupo social em que os sujeitos pertencem. A pesquisadora representa alguém do grupo dominante. Obstáculos: Abismo afetivo e cultural, tendo dificuldade de falar e escutar. Isso ocorre, pois nas ciências humanas é preciso interagir com o grupo, ter uma boa relação social. No caso da pesquisadora ela encontrou essa dificuldade devido a sua não habilidade social. O estranhamento é fundamental/normal, porem no caso dela não houve uma comunicação e um entendimento do que foi falado e escutado tanto pela pesquisadora quanto pelo grupo social. Estado de Congelamento: Auto abandono aos próprios recursos internos (fechamento do sujeito em si mesmo, tendo uma noção clara de que não há alternativa. Estado de desalento, ou seja, não há possibilidades, sentimento de solidao), e a consciência (conjunto de elementos e construtos que se inserem no campo da cultura. Se articulam de diversas formas. São signos.) de que nada se pode fazer para melhorar seus estados. Primeiros Sentimentos no Contato com a Psicóloga: Recusa devido ao argumento da normalidade. Total adesão devido ao argumento da loucura. A forma como as mulheres se portam frente a pesquisadora se dá como elas veem como é e o que é ser um psicólogo. Em que para elas é alguém que diz o que é patológico (fora da norma) e normal (dentro da norma). Ciência como um instrumento de exclusão e dominante. Não há como separar o universo afetivo do universo cultural, pois a emoção por algo (exemplo futebol) se dá pelo contexto sócio cultural que o individuo está inserido. Cultura do Individuo: Típica da modernidade, com que cada sujeito deve cuidar de si próprio. É produzida pelo Estado. A condição do sujeito é material, é um conjunto de forças objetivas e materiais. Relações Deterioradas: Relações de desconfiança, muita tensa, solidariedade e muita agressão. A ideia é reconhecer essas dificuldades e procurar soluções para estes estados de tensão. Estratégias: Conhecer os códigos, participando do universo simbólico dos sujeitos. Isso não quer dizer que se aceita as condições, mas que há uma possibilidade de reflexão e superação do senso comum. Os códigos são impregnados de ideologia. É saber o que significa. As necessidades que se apresentam de diversas formas e podem se apresentar de formas menos hierarquizadas. Precisam ganhar dinheiro, fazer a unha, etc. Porem nem todas as necessidades são obvias. Os limites, pois existem limitações e é preciso entendê-las. São de ordem afetiva, técnica, material e/ou temporal. Os desejos, reconhecendo os desejos dos sujeitos e da pesquisadora. Como Conhecer? Através da convivência, pois é possível trocar signos. O homem se constitui da convivência. É preciso vivenciar outras possibilidades. O pensamento está todo estruturado no campo da linguagem e o aprender a falar se dá por meio da linguagem, não somente a verbal. É por meio da convivência experenciada que se apreende todos os elementos. É na relação com o outro, de como reage que se sabe o significado daquilo que está acontecendo para ele. Deve estar acompanhado com o outro, se inteirar com o grupo para entender o significado do que acontece. É a partir da convivência que é possível captar o sentido da experiência. Construção de Laços de Confiança: Encontros Informais: Porém a ferramenta mais importante para se conhecer o outro é estar perto da vida coletiva, através de encontros informais (chá, bolo, rodas de conversa, passeios, festas, vivencias do dia-a-dia do outro, criar situações de convivência). Escritas Conjuntas das Historias: Releitura da própria historia, retomando a própria historia. Desta forma o fenômeno social mostra que a dimensão social de cada um aparece. Há uma retomada da consciência e da identidade (quem sou eu, porque sou). Perceber o quanto as transformações são opressoras. Transformação dos Códigos Opressores: Isto porque quando as mulheres olham para elas mesmas param de oprimir a si mesmas. Despojamento das Certezas: Realizando atividades artísticas grupais para livre expressão, como argila e dança. Neste momento há um clima de abertura dos sujeitos para novas experiências. Assim ela propõe atividades de livre expressão, dando importância para elas. Outra Atividade: Caminhada, pois com ela é possível conhecer a cidade e mostrar para a cidade estas pessoas. Relatos: Sentimentos de confiança e liberdade para expressão. Produção de novos olhares sobre as relações. Sentimentos Produzidos: Dignidade. Valorização X Desvalorização. Auto cuidado X Exposição ao Risco. Desejo de transformação e Criação. A historia também é uma invenção daquilo que foi produzido. Desdobramentos: Elaboração de objetivos e metas. Ênfase na formação humana como recurso para o aprimoramento das condições de trabalho. Ampliação do projeto em mais 7 associações. Conceitos Fundamentais: Cultura, Identidade, Consciência, Conflito de papeis sociais, Método, Etnografia, Grupo, Linguagem, Pensamento, Códigos, Signos, Autonomia, Memória Coletiva, Liberdade, Prudência, Transformação, História. 
GÓIS, C.W.L. - Psicologia Comunitária.
Psicologia Comunitária: Góis: Origens: Ciência salvadora que entende o funcionamento humano, conseguindo resolver os problemas sociais. Levando á uma psicologia social crítica, contextualizada, preocupada com os problemas sociais e, mais que isso, comprometida com mudanças sociais de fundo, como a inclusão social e a redução das desigualdades sociais. Por essa nova rota surgiram também a Psicologia Política (Atua com práticas técnicas e psicológicas, não se resume as instituições partidárias) e a Psicologia Comunitária (Não apenas indo nas regioes mais pobres, mas com o objetivo de entender a comunidade). Exemplo: A psicometria que trabalhava por homogeneização da sociedade. Pretendia acabar com a violência, produção de ensino padronizado e seriado. Minimizar os problemas de trabalho atuando sobre o sujeito, transformando a realidade. Deslocava-se para a comunidade para entender as comunidades desfavorecidas,porém o que define a pratica é a abordagem que se tem com o objeto de estudo e não o local em que se atua. Psicologia Comunitária: Termo empregado desde 1975. Pode-se dizer que a Psicologia Comunitária compreende hoje um conjunto de concepções relevantes para o esforço de delimitar seu campo de análise e ação. Porém, é também um conjunto de práticas próprias orientadas por concepções também próprias, mas não delimitadas, integrando o que a ciência separou. Está centrada em dois modelos: O do desenvolvimento humano e o da mudança social (busca de alternativas sócio-políticas), os quais partem de uma visão positiva da comunidade e das pessoas. Nesses modelos está presente o reconhecimento, com a crença no potencial transformador da capacidade do individuo e da própria comunidade de serem responsáveis e competentes na construção de suas vidas, bastando para isso a existência de certos processos de facilitação social baseados na ação local, na conscientização, na responsabilização e na produção de conhecimento. Como delimitar o Campo: Deve-se ter um objeto de estudo, método, práticas, espaço de formação e difusão do conhecimento para a sua consolidação. Métodos Privilegiados: Dispositivos Grupais são fundamentais para transformar o sujeito. Concepção de Psicologia Comunitária: Uma área da Psicologia Social voltada para a compreensão da atividade comunitária como atividade social significativa (consciente) própria do modo de vida (objetivo e subjetivo) da comunidade e que abarca seu sistema de relações e representações, modo de apropriação do espaço na comunidade, a identidade pessoal e social, a consciência, o sentido de comunidade e os valores e sentimentos implicados. Tem por objetivo o desenvolvimento do sujeito da comunidade, mediante o aprofundamento da consciência dos moradores com relação ao modo de vida da comunidade, por meio de um esforço interdisciplinar voltado para a organização e o desenvolvimento dos grupos e a própria comunidade. Psicologia Social: A Psicologia Comunitária firma-se como área da Psicologia Social e responde com mais especificidade às questões psicossociais decorrentes da vida comunitária, às ações interdisciplinares de desenvolvimento comunitário e desenvolvimento local (trabalho e renda, saúde, educação, assistência social, ação política, ação cultural, urbanização, organização de comunidade, planejamento social, orçamento participativo) e à necessidade de um novo currículo em Psicologia e de uma nova formação do Psicólogo. Objetivo: Defendia a diversidade cultural e enfocava o contexto e a ideologia como questões que deveriam ser centrais na área. Preocupava-se também com uma relação mais ativa e comprometida dos psicólogos com os problemas da sociedade. Contrastando com os modelos tradicionais, novos valores sociais e humanos, originados na década de 60 (Modelos Sociais), assim como certos estudos realizados em Psicologia que geraram novos conceitos, categorias e explicações. Novos Conceitos: Dentre esses conceitos e categorias estão: mudança social, ideologia, alienação, representação social, identidade social, sentido psicológico de comunidade, “empoderamento”, grupo social, apoio social, realidade socialmente construída, atividade, investigação participante, sujeito histórico social, consciência critica, conscientização, etc. Influencia das Transformações Políticas e Culturais dos Anos 60: Movimentos operários, movimentos humanistas, crises políticas. Criticas: Perspectiva não localizada historicamente, ou seja, esquecia o momento histórico, pois somos historia cuja existe relações de forcas e dominação de um grupo sobre o outro. Ausência do debate sobre ideologia e relações de classe. Proposta: Superar a influencia da Psicologia Social tradicional na propositura de soluções para problemas sociais. Ação efetiva e comprometida. Debate sobre questões ideológicas da própria comunidade e da própria ciência e o reconhecimento da diversidade cultural e do contexto. E para fazer isso é preciso se envolver com os movimentos sociais de maneira efetiva e comprometida. Parâmetros e Objetivos: Superação do olhar sobre o individuo (do particular para o coletivo), em que reproduz o conhecimento do individuo para o coletivo, pois para entender o individuo é preciso entender a sociedade a qual ele está inserido (método dedutivo). Produção do conhecimento para a modificação dos sistemas sociais, pois os sistemas sociais estão apoiados na dominação, pouco democrático. Mas a superação dos problemas se dá pela superação da desigualdade, isto porque a essência é conservadora Relatividade cultural construiu o conhecimento a partir disso. Perspectiva é ecológica, não no sentido ecológico histórico de preservação ambiental, mas um sistema mútuo que quando se mexe em um lugar, afeta o outro em sua estrutura e organização. A unidade máxima são os municípios, por isso trabalha-se com as secretarias destes municípios, chamando o poder público para participar desse processo. Intervenção em “sub-comunidades” inseridas no conjunto social maior. Aprimorar a visão de mundo, reconhecimento da participação e do pertencimento no grupo. Transformar atitudes, valores e práticas, isto porque, atitude é uma tendência a apresentar uma força de comportamento frente a uma determinada situação. Favorecer o desenvolvimento humano e a transformação social está relacionado as relações familiares e sociais, isto porque, desenvolver é ampliar as formas de pensar e transformar o sujeito em alguém potente, criativo e ativo nas relações sociais. Sociólogo e Psicólogo Social: O primeiro foca na sociedade como um todo, na estrutura que deriva dos grupos, relações macroeconômicas. Já o segundo foca na relação dos grupos e do sujeito com esta estrutura social. Ou seja, o foco é o coletivo e não o individuo, por isso está junto com a sociologia. A distinção é artificial. Uma Psicologia Para Cada História: Colonização, escravidão desde projeto colonial que persiste aos dias atuais, autoritarismo com sua grande tensão e exclusão em vários campos devido as posições de o mundo estarem consolidadas e as condições de vida naturalizadas. Elas acontecem no âmbito do ensino, habitação, saúde e trabalho. Produção de Modelos e Métodos: Busca de um método próprio dialético, produto de uma história. Superar desafio em tempos de etnocentrismo científico. Buscar contribuição interdisciplinar, pois o fenômeno não é produto das disciplinas, mas sim subproduto de algo. Totem e Tabu: Existe um processo evolutivo comum à todos. Evolução biológica e do psiquismo que se dá pelo processo civilizatório, com idéia de progresso que implica que questões particulares dêem lugar para uma ordem coletiva estabelecida. Neste processo criam-se habilidades de formas simbólicas para os desejos e fantasias de cada um. Psicologia Comunitária: Origens na America Latina: Critica ao modelo Psiquiátrico, originado no EUA, principalmente como negação do modelo médico tradicional, devido a universalização das formas de tratamento do sofrimento psíquico, a ahistoricização do sofrimento psíquico e a descontextualização e o descompromisso com as formas de tratamento. Psicologia Comunitária na America Latina: Surgiu na problematização social da própria Psicologia Social. Suas obras estão voltadas para a construção de uma Psicologia Social critica, preocupada com a realidade dos povos da America Latina e com os caminhos de mudança dessa mesma realidade. A partir dessa perspectiva, evidencia-se a participação social e o desenvolvimento da consciência. O individuo nessa concepção, é uma realidade histórico-social que se encontra fortemente enraizada em um processo cultural que lhe é próprio, em um modo de vida social peculiar, em uma estrutura social de classes e em um determinado espaço histórico, geográfico, social, cultural, econômico, simbólico e ideológico. Compreende o individuo vivendo em uma dada realidade concreta, físico-social, participando de uma rede de relações sociais complexas (mais além do interpessoal e do grupal) de uma sociedade de classes historicamentedeterminadas. Momento Histórico: O grande enfrentamento das concepções tradicional e crítica da Psicologia Social ocorreram durante o Congresso da Sociedade Interamaricana de Psicologia no Peru, em que foi discutido a contextualização da Psicologia Social, o papel do psicólogo social na sociedade, a presença da ideologia nos modelos teóricos e práticos e as questões éticas e os próprios objetivos da Psicologia Social. A partir desses debates iniciais, a Psicologia Comunitária na America Latina veio tomando um rumo próprio e ocupando cada vez mais um espaço acadêmico e profissional. Modelo Latino Americano: Sócio Comunitário: Predominante influencia da Psicologia Social. Clinico Comunitário: Influencia da Saúde Mental Comunitária. Ambos analisam a comunidade como construção da subjetividade, tendo como objetivo o desenvolvimento dos moradores enquanto sujeitos da comunidade (potenciação, empoderamento e desenvolvimento humano), o desenvolvimento da comunidade como instancia ativa do poder local, da auto sustentabilidade e do crescimento endógeno do lugar, município ou regiões e a construção da Psicologia Comunitária dentro do enquadre teoria – pratica – compromisso social. Influências Iniciais: Teologia da Libertação, Pedagogia do Oprimido, Saúde Mental Comunitária, Cultura da pobreza. Desafio: Articular teoria, prática e compromisso, consolidação de uma identidade teórica e metodológica. Psicologia Comunitária no Brasil: Justificada historicamente por: Injustiça Social: O contexto sócio-economico brasileiro e seus contrastes explicam a importância da Psicologia Comunitária. O contrate entre riqueza e miséria (desigualdade social) está presente em todas as regiões do país, principalmente no Nordeste, o qual reflete a situação nacional, porém de modo mais grave. De uma região rica (século XVIII) passou a uma situação de pobreza e miséria, apesar dos resultados econômicos positivos das duas ultimas décadas. Conflitos Agrários e Urbanos: A situação de grande parte dos brasileiros é de miséria e injustiça, tanto na cidade como no campo. Este último apresenta uma situação de conflito de longa história e que pouco a pouco se estende aos meios urbanos. Concentração da Renda e da Terra: O problema agrário do Brasil está na concentração de terra, uma das maiores do mundo, no latifúndio improdutivo, no poder político das oligarquias rurais e no pouco interesse do governo atual em levar a cabo uma profunda reforma do campo baseada em uma seria e combativa política agrícola. Movimentos Sociais: Como conseqüência de políticas perversas, de injustiça, da presença do privado no publico e da grande concentração da riqueza, hoje se vê um quadro no campo cheio de miséria e indignação, um quadro de tensão que, a cada dia, revela suas contradições com mais violência e impulsiona os trabalhadores sem terra a buscar formas de expressão e luta mais profunda e combativa, como por intermédio do MST, um movimento social que integra uma visão local e rural dos problemas sociais com uma visão nacional e mundial da realidade dos excluídos sociais. É, ao mesmo tempo, um movimento baseado na luta de classes, na ética e na ecologia. O que quer um sem terra? Quer terra em seu lugar de origem, em seu mundo cultural e social; quer reintegrar-se como agricultor nesta sociedade que lhe excluiu, não como concessão das elites políticas e econômicas, mas sim por sua própria conquista da terra com os outros companheiros identificados também como sem terra. Todos querem a reforma agrária, querem construir uma identidade social de agricultor cooperado e renunciar à identidade social de oprimido, de excluído social, de sem terra, de condenado da terra. Origem no Brasil: A Psicologia Comunitária adquire sua particularidade a partir desse contexto histórico social e econômico. Surge a problematização psicossocial da vida dos brasileiros, realizada por psicólogos comprometidos com a busca de soluções para os graves problemas sociais do país. Com origem nos anos 60, como esse nome, mas por meio de diversas concepções e práticas de Psicologia existente dentro do Serviço Social e dos movimentos comunitários de saúde e educação, voltados para a assistência da população pobre e redução da tensão social gerada pela concentração de riqueza e produção da miséria. Primeiros Modelos Teóricos Práticos: Sociologia, Educação Popular, e da Ecologia. Discussão do papel da ideologia e do Estado nas relações econômicas, sociais e humanas, papel esse no sentido de reforçar concepções e práticas assistencialistas e do controle social, próprios da ação governamental, nos serviços sociais e, inclusive, em muitos dos programas de extensão universitária. Marcos Históricos: Universidade Federal de Minas Gerais, disciplina curricular coordenada por Pierre Weill em 1974 co orientação da ecologia humana. Nos anos 70 Abib Andery e Silvia Lane realizaram trabalhamos com enfoque sócio político. Nos anos 90 se consolidou como disciplina academia e como profissão. A ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) coordenada por Silvia Lane discutiu a relação da Psicologia Social, ideologia e sociedade, ampliando e aprofundando o debate tanto a Psicologia Social como em Psicologia Comunitária. Experiências da Psicologia Comunitária no Ceará: Sua historia tem como ponto de partida as práticas de Psicologia junto à população pobre, denominada psicologia popular. Uma psicologia comprometida com a luta comunitária e baseada em algumas concepções e métodos provenientes da Psicoterapia, da Educação, da Sociologia, da Biologia, da Teologia da Libertação e da própria experiência na área. Surge o curso de formação de animadores populares para a alfabetização de adultos, cujo objetivo é o de criar dezenas de círculos de cultura nos bairros da periferia de Fortaleza no sentido tanto da alfabetização como da organização e luta comunitária. Universidade Federal do Ceará: Campo da Educação e da psicologia, levando a aproximação da universidade com a Psicologia Popular. A Psicologia Comunitária em 1987 tinha uma perspectiva psicossocial em ralação com o Município (Unidade privilegiada), é problematizado sócio econômico e ideologicamente, se opõem a psicologizaçao ao estudar o desenvolvimento humano.
SAWAIA, B.B. Comunidade como ética e estética da existência. Uma reflexão mediada pelo conceito de identidade.
Comunidade como Ética e Estética da Existência: Sawaia: Paradigma Neoliberal: Repercussões Psicossociais: Um dos termos mais importantes, em termos de repercussão psicossocial, é o desenraizamento do mundo por meio de titânicos processos econômico técnico cientifico do desenvolvimento capitalista, provocando queda das fronteiras clássicas de comunicação e relação entre os homens, paralelamente ao aparecimento de novas formas separatistas ou ao ressurgimento de antigas, sob novas vestes. Ruptura dos Laços Tradicionais em nome da Liberdade: Os laços tradicionais que pretendiam o homem às comunidades, às nações e aos outros homens foram quebrados, mas, em lugar da liberdade, ele foi aprisionado por cadeias fundamentalistas, que coletivistas que individualistas e narcísicas. Ideologia: É uma estratégia de ocultação do processo histórico. Paradoxos: Valores: Momento histórico que valoriza a autonomia (individualização – subjetivação) e a emancipação, mas promove impulsos anti- sociais e de exclusão, que concebe a ordem social como produto da subjetivação e individuação de seus membros, mas cria formas sutis de massificação dos homens. Isto porque, é mais fácil conduzir para atender todos os interesses industriais. Lógica Individualista e Revolução do Consumo: Predomínio da lógica individualista e da revolução do consumo atingiu plenamente o cotidiano, impondo uma estética existencial baseada na valorização da escolha individual. Ou seja, a realização pessoal, do respeito á singularidade subjetiva e da personalidade incompatível sobrepõe o ideal de subordinação do individuo as regras racionais coletivas. Nesse contexto, identidade, subjetividade e afetividade tornaram figuras centrais,com a responsabilidade de transformar o mundo. “Homem Livre e a Globalização: Abertura limitada das fronteiras de comunicação e das possibilidades de identidades, de valores e de mercadorias, juntamente com a da miséria e a exclusão. Escolha é impossível, pois o individuo é submetido a uma política de subjetividade homoneizadora e a uma ordem econômico – política excludente, onde as possibilidades são, apenas, virtuais e imagéticas. Ou seja, quem tem dinheiro acessa, quem não tem não acessa a internet. A idéia de internet revoluciona, não escolhe, pois não se tem conhecimento de como usar o recurso. É uma tecnologia aplicada em todos os espaços, justificando todas as ações. A culpa não é da ferramenta, mas da realidade. Enfraquecimento das Tradições: A falta de confiança é um dos problemas mais graves da sociedade contemporânea, gerada pelo enfraquecimento da tradição e de todos os eixos identitários rígidos. O enfraquecimento da tradição está associada ao medo do desconhecido, gerando ansiedade, agressão, os quais, aliados à falta de confiança, geram sofrimentos de diversas ordens e mecanismos defensivos, fundamentalistas e apartheid, sendo um dos mais comuns a busca de parâmetros fixos de identidade. Estes sentimentos são referencias duradoras importantes que orientam a existência do homem no mundo. Porém quando elas não são impostas, se distendem devido ao individualismo, e todos os fatores da modernidade geram esses sentimentos. Conceito de Comunidade: Explicita a ambigüidade de ser uma estratégia de luta contra a exclusão e pela liberdade e, ao mesmo tempo, o centro motivador da comunidade apartheid defensiva ou agressiva. Proteção contra a insegurança e o sofrimento gerados pelo individualismo, pelo relativismo e pela explosão de opções, muitas vezes vividos como insegurança, solidão e dificuldade de relacionamento consigo e com o outro. Ou seja, é um conceito reacionário por defender contra os movimentos do mundo, transformador com a idéia de diversidade, de exclusão e inclusão, agressivo e defensivo e multidimensional. Comunidade como Ética e Estética da Existência: Transformação profunda do estilo de vida, com ênfase na estetização da existência, uma revolução de sensibilidade, que enaltece a afetividade e a individualidade. O exercício político se transforma em busca de estéticas existenciais particularistas, que sustentam o eu narcísico e a intimidade se transborda, afogando o publico, esvaziando o sujeito político e eximindo o Estado e a ordem social excludente de responsabilidades pela existência. Ética e Estética Comunitária: Equivale a ter sensibilidade para ouvir os gritos de sofrimento de cada um e a vivencia do mal que existe na sociedade, adivinhos da situação de ser tratado como inferior apêndice inútil da sociedade e visa potencializar os sujeitos para lutar contra essa ordem social excludente, em favor de todos. Ética e Estética Comunitarista: Produz guetos discriminadores, tanto agressivos quanto defensivos, que abafam a diversidade no interior do próprio grupo.
FOUCAULT, M. "A ética do cuidado de si como prática da liberdade".
Tema do trabalho: As palavras e as coisas, objetivo de verificar de que modo, nos discursos científicos, o sujeito humano vai se definir como indivíduo falante, vivo, trabalhador. O problema das relações entre o sujeito e os jogos de verdade havia sido examinado a partir seja de práticas coercitivas – como no caso da psiquiatria e do sistema penitenciário-, seja nas formas de jogos teóricos ou científicos – como a análise das riquezas, da linguagem e do ser vivo. Jogo de verdade: "jogo": um conjunto de regras/ procedimentos de produção da verdade, que conduzem a um certo resultado, que pode ser considerado, em função dos seus princípios e das suas regras de procedimento, válido ou não, ganho ou perda. Sempre há possibilidade, em determinado Jogo de verdade, de descobrir alguma coisa diferente e de mudar mais ou menos tal regra. Quem diz a verdade? Indivíduos que são livres, que organizam um certo consenso e se encontram inseridos em uma certa rede de práticas de poder e de instituições coercitivas. 
 
Conceito “cuidado de si”: práticas de si tiveram, nas civilizações grega e romana, uma importância e, sobretudo, uma autonomia muito maiores do que tiveram quando foram até certo ponto investidas pelas instituições religiosas, pedagógicas ou do tipo médico e psiquiátrico. Os jogos de verdade não se referem mais a uma prática coercitiva, mas a uma prática de autoformação do sujeito. É o que se poderia chamar de uma prática ascética, não o sentido de uma moral da renúncia, mas o de um exercício de si sobre si mesmo através do qual se procura se elaborar, se transformar e atingir um certo modo de ser. Não é possível cuidar de si sem se conhecer, logo, o cuidado de si é certamente o conhecimento de si. Mas é também o conhecimento de um certo número de regras de conduta ou de princípios que são simultaneamente verdades e prescrições. Cuidar de si é se munir dessas verdades: nesse caso a ética se liga ao jogo da verdade. Cuidado de si para o Cristianismo: ao introduzir a salvação como salvação depois da morte, vai desequilibrar ou, em todo caso, perturbar toda essa temática do cuidado de si. Embora, buscar sua salvação significa certamente cuidar de si, a condição para realizar sua salvação será precisamente a renúncia. 
Processo de liberação: Quando um povo colonizado procura se liberar do seu colonizador, essa é certamente uma prática de liberação, no sentido estrito. Mas nesse caso, essa prática de liberação não basta para definir as práticas de liberdade que serão em seguida necessárias para que esse povo, essa sociedade e esses indivíduos possam definir para eles mesmos formas aceitáveis e satisfatórias da sua existência ou da sociedade política. Não basta para que o homem se reconcilie consigo mesmo, reencontre sua natureza ou retome contato com sua origem e restaure uma relação plena e positiva consigo mesmo. 
Práticas de liberdade: Os indivíduos têm seu lugar, mas que não parecem poder, por eles próprios, definir todas as formas práticas de liberdade. Trata-se então do problema a respeito da sexualidade: O problema ético da definição das práticas de liberdade é muito mais importante do que o da afirmação, de que é preciso definir o prazer sexual e liberar a sexualidade ou o desejo. 
A liberação e as Práticas de Liberdade: As relações de poder têm uma extensão consideravelmente grande nas relações humanas. Ou seja, nas relações humanas há todo um conjunto de relações de poder que podem ser exercidas entre indivíduos, no seio de uma família, em uma relação pedagógica, no corpo político. As relações de poder ás vezes encontra estados de dominação, nos quais as relações de poder, em vez de serem móveis e permitirem aos diferentes parceiros uma estratégia que os modifique, se encontram bloqueadas e cristalizadas. Quando um indivíduo ou um grupo social chega a bloquear um campo de relações de poder, a torná-las imóveis e fixas e a impedir qualquer reversibilidade do movimento – por instrumentos que tanto podem ser economicos quanto políticos ou militares –, estamos diante do que se pode chamar de um estado de dominação. Dessa forma, não existem práticas de liberdade, existem apenas unilateralmente ou são extremamente restritas e limitadas. A liberação é às vezes a condição política ou histórica para uma prática de liberdade. A liberação abre um campo para novas relações de poder, que devem ser controladas por práticas de liberdade. A própria liberação poderia ser um modo ou uma forma de prática de liberdade, há casos em que a liberação e a luta pela libertação são de fato indispensáveis para a prática da liberdade. 
Liberdade e Ética: A liberdade é a condição ontológica da ética. Mas a ética é a forma refletida assumida pela liberdade. Os gregos problematizavam efetivamente sua liberdade e a liberdade do indivíduo, como um problema ético, mas ético no sentido de que os gregos podiam entendê-lo: o êthos era a maneira de ser e a maneira de se conduzir,era um modo de ser do sujeito e uma certa maneira de fazer, visível para os outros. O êthos de alguém se traduz pelos seus hábitos, por seu porte, por sua maneira de caminhar, pela calma com que responde a todos os acontecimentos. Esta é para eles a forma concreta da liberdade. Assim eles problematizavam sua liberdade: O homem que tem um belo êthos, que pode ser admirado e citado como exemplo, é alguém que pratica a liberdade de uma certa maneira. Mas, para que essa prática da liberdade tome forma em um êthos que seja bom, belo, honroso, respeitável, memorável e que possa servir de exemplo, é preciso todo um trabalho de si sobre si mesmo. Para os gregos, liberdade significa não-escravidão, sendo assim, é um problema político, pois a não-escravidão em relação aos outros é uma condição: um escravo não tem ética. A liberdade é, portanto, em si mesma política. Além disso, ela também tem um modelo político, uma vez que ser livre significa não ser escravo de si mesmo nem dos seus apetites, o que implica estabelecer consigo mesmo uma certa relação de domínio, de controle e de poder. 
Comunicação transparente e jogos de verdade independentes das estruturas de poder: A ideia de que poderia haver um estado de comunicação transparente na sociedade, no qual os jogos de verdade poderiam circular sem obstáculos, sem restrições e sem efeitos coercitivos parece utopia. Trata-se precisamente de não ver que as relações de poder não são más em si mesmas, das quais seria necessário se libertar; não pode haver sociedade sem relações de poder, as mesmas devem ser entendidas como estratégias através das quais os indivíduos tentam conduzir, determinar a conduta dos outros. O problema não é, portanto, tentar dissolvê-las na utopia de uma comunicação perfeitamente transparente, mas se imporem regras de direito, técnicas de gestão e também a moral, o êthos, a prática de si que permitirão, nesses jogos de poder, jogar com o mínimo possível de dominação. É preciso distinguir as relações de poder como jogos estratégicos entre liberdades e os estados de dominação, que são o que geralmente se chama de poder. E entre os dois, entre os jogos de poder e os estados de dominação, temos as tecnologias governamentais, trata-se tanto da maneira com que se governa sua mulher, seus filhos, quanto da maneira com que se dirige uma instituição. Há três níveis de poder: as relações estratégicas, as técnicas de governo e os estados de dominação. 
A Ética na busca ou no cuidado de si: O cuidado de si constituiu, no mundo greco-romano, o modo pelo qual a liberdade Individual foi pensada como ética. Esse tema do cuidado de si atravessou verdadeiramente todo o pensamento moral. Ocupar-se de si foi, a partir de um certo momento, denunciado como uma forma de amor a si mesmo, uma forma de egoísmo ou de interesse individual em contradição com o interesse que é necessário ter em relação aos outros ou com o necessário sacrifício de si mesmo. Nos gregos e romanos – sobretudo nos gregos –, para praticar adequadamente a liberdade, era necessário se ocupar de si mesmo, cuidar de si, ao mesmo tempo para se conhecer e para se formar, superar-se a si mesmo, para dominar em si aquilo que poderia arrebatá-lo. Não é que a ética seja o cuidado de si, mas na Antiguidade, a ética como prática racional da liberdade girou em torno desse imperativo fundamentai: "cuida-te de ti mesmo". Cuidado de si e Cuidado dos outros: Para os gregos, não é por ser cuidado dos outros que ele é ético. O cuidado de si é ético em si mesmo. O êthos da liberdade também implica uma relação com os outros, já que o cuidado de si permite ocupar na cidade, na comunidade ou nas relações interindividuais o lugar conveniente. Além disso, o cuidado de si implica também a relação com um outro, uma vez que, para cuidar bem de si, é preciso ouvir as lições de um mestre. Precisa-se de um guia, de um conselheiro, de um amigo, de alguém que lhe diga a verdade. Assim, o problema das relações com os outros está presente ao longo desse desenvolvimento do cuidado de si. Pensamento de um filósofo (Sócrates): Deus é certamente o homem que cuida do cuidado dos outros. Mas no caso do homem livre, aquele que cuidasse adequadamente de si mesmo era capaz de se conduzir adequadamente em relação aos outros e para os outros. Uma cidade na qual todo mundo cuidasse de si adequadamente funcionaria bem e encontraria nisso o princípio ético de sua permanência. Mas não se pode dizer que o homem grego que cuida de si deva inicialmente cuidar dos outros, o cuidado de si vem eticamente em primeiro lugar, na medida em que a relação consigo mesmo é ontologicamente primária. 
Relações entre filosofia e política: são permanentes e fundamentais. A história do cuidado de si no pensamento grego, é evidente a relação com a política. Por um lado, Sócrates diz que constituir-se como sujeito que governa implica que se tenha se constituído como sujeito que cuida de si, dentro dessa perspectiva, o cuidado de si aparece como uma condição pedagógica, ética e também ontológica para a constituição do bom governante. Por outro lado, Sócrates diz que todo mundo deve se ocupar de si mesmo, mas que por ele prestar serviço à cidade como conselheiro, em vez de ser punido, as pessoas devem recompensá-los. Há, portanto, uma articulação muito forte entre filosofia e política, que se desenvolverá quando o filósofo tiver não somente que cuidar da alma dos cidadãos, mas também daquela do príncipe. O filósofo se torna o conselheiro, o pedagogo, o diretor de consciência do príncipe. A tarefa da filosofia: é advertir dos perigos do poder. A filosofia é justamente o que questiona todos os fenômenos de dominação em qualquer nível e em qualquer forma com que eles se apresentem – política, econômica, sexual, institucional. 
Cuidado de si que possui um sentido ético positivo, compreendido como uma espécie de conversão do poder: O cuidado de si é efetivamente uma maneira de controlar e limitar o poder. No abuso de poder, o exercício legítimo do seu poder é ultrapassado e se impõem aos outros sua fantasia, seus apetites, seus desejos. Essa é uma imagem de um homem poderoso e rico, que se aproveita desse poder e de sua riqueza para abusar dos outros, para lhes impor um poder indevido. Porém, esse homem é na realidade escravo dos seus apetites. E o bom soberano é precisamente aquele que sabe ontologicamente o que ele e o outro é, sabe do que é capaz, sabe o que é ser cidadão em uma cidade, ser o dono da casa, sabe quais são as coisas das quais deve duvidar e aquelas das quais não deve duvidar, é aquele que exerce seu poder adequadamente, ou seja, exercendo ao mesmo tempo seu poder sobre si mesmo. É o poder sobre si que vai regular o poder sobre os outros. Conclui-se que o risco de dominar os outros e de exercer sobre eles um poder tirânico decorre precisamente do fato de não ter cuidado de si mesmo e de ter se tornado escravo dos seus desejos e acaba por abusar do seu poder sobre os outros. A noção de governabilidade - viso ao conjunto das práticas pelas quais é possível constituir, definir, organizar, instrumentalizar as estratégias que os indivíduos, em sua liberdade, podem ter uns em relação aos outros – permite fazer valer a liberdade do sujeito e a relação com os outros, ou seja, o que constitui a própria matéria da ética.
Complementaridade entre poder/saber e sujeito/ verdade: A Loucura passa a ser definida pelo saber médico dentro de estratégias de coerção. Por volta do início dos anos 60, não se podia certamente dar conta daquele fenômeno (loucura) simplesmente falando da ideologia. Havia práticas – prática da internação desenvolvida desde o início do século XVII e que foi a condição para a inserção do sujeito louco nesse tipo de jogo de verdade – que remetiam ao problema das instituições de poder, muito mais do que ao problema da ideologia. Assim, o problema saber/poder, que não é o problema fundamental, mas um instrumento que permite analisar o problema das relações entre sujeito/ verdade. O sujeito se constituía, nessa ou naquela forma determinada,como sujeito louco ou não, como sujeito delinqüente ou não, através de um certo número de práticas, que eram os jogos de verdade, práticas de poder. 
A medicalização da loucura, ou seja, a organização de um saber médico em torno dos indivíduos designados como loucos, esteve ligada a toda uma série de processos sociais, de ordem econômica em um dado momento, mas também a instituições e a práticas de poder. O sujeito: Não é uma substância. Ele é uma forma, e essa forma nem sempre é idêntica a si mesma. Você não tem consigo próprio o mesmo tipo de relações quando você se constitui como sujeito político que vai votar ou toma a palavra em uma assembléia, ou quando você busca realizar o seu desejo em uma relação sexual. Há relações e interferências entre essas diferentes formas do sujeito, em cada caso, se exercem, se estabelecem consigo mesmo formas de relação diferentes. E o que interessa é, precisamente, a constituição histórica dessas diferentes formas do sujeito, em relação aos Jogos de verdade. 
Relações de Poder: Nas relações humanas, quaisquer que sejam elas – relações amorosas, institucionais ou econômicas – o poder está sempre presente. A relação em que cada um procura dirigir a conduta do outro. São relações que se podem encontrar em diferentes níveis, sob diferentes formas; essas relações de poder são reversíveis, instáveis e móveis, ou seja, podem se modificar, não são dadas de uma vez por todas. Só é possível haver relações de poder quando os sujeitos forem livres. Se um dos dois estiver completamente à disposição do outro e se tornar sua coisa, um objeto sobre o qual ele possa exercer uma violência infinita e ilimitada, não haverá relações de poder. Portanto, para que se exerça uma relação de poder em todo o campo social, é preciso que haja sempre, dos dois lados, pelo menos uma certa forma de liberdade. Mesmo quando a relação de poder é completamente desequilibrada, quando um tem todo poder sobre o outro, um poder só pode se exercer sobre o outro à medida que ainda reste a esse último a possibilidade de se matar, de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que, nas relações de poder, há necessariamente possibilidade de resistência – violenta, de fuga, de subterfúgios, de estratégias que invertam a situação –. Mas há efetivamente estados de dominação. Ex: na estrutura conjugal tradicional da sociedade dos séculos XVIII e XIX, não se pode dizer que só havia o poder do homem; a mulher podia fazer uma porção de coisas: enganá-lo, roubar-lhe o dinheiro, recusar-se sexualmente. Ela se mantinha, entretanto, em um estado de dominação, já que jamais ela conseguiria inverter a situação. Nesse caso de dominação – econômica, social, institucional ou sexual –, o problema é de fato saber onde vai se formar a resistência. 
Ter acesso à verdade, no sentido político, ou seja, no sentido da estratégia política: Por que a verdade? Por que nos preocupamos com a verdade, mais do que conosco? E por que somente cuidamos de nós mesmos através da preocupação com a verdade? A questão do Ocidente: o que fez com que toda a cultura ocidental passasse a girar em torno dessa obrigação de verdade, que assumiu várias formas diferentes? Sendo as coisas como são, nada pôde mostrar até o presente que seria possível definir uma estratégia fora da verdade. É certamente, nesse campo da obrigação de verdade que é possível se deslocar contra os efeitos de dominação que podem estar ligados às estruturas de verdade ou às instituições encarregadas da verdade. Ex: na ordem da política, na qual era possível fazer a crítica do político – a partir das consequências do estado de dominação dessa política inconveniente –, mas só era possível fazê-lo jogando um certo jogo de verdade, mostrando quais são suas consequências, mostrando que há outras possibilidades racionais, ensinando às pessoas o que elas ignoram sobre sua própria situação, sobre suas condições de trabalho, sobre sua exploração. 
FREITAS, M.F.Q. – “Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo”.
Psicólogo e Comunidade: uma relação possível: Tanto o profissional como a comunidade, podem ter "modos de ação" diferentes, orientados por visões de mundo nem sempre coincidentes e conciliáveis. A inserção na comunidade pressupõe uma relação entre dois polos: 1) profissional de psicologia: com sua formação e os conhecimentos adquiridos, e com a sua visão sobre o mundo e o homem. 2) comunidade: com sua dinâmica e características próprias, inserida em um contexto sócio-político-geográfico, e vivendo em um tempo histórico determinado. A comunidade vive uma conjunção de forças, pressões e desafios das mais diferentes naturezas e, tendo ou não clareza concreta disto, muitas vezes influencia e apresenta limitações e, também, desafios ao cenário ideológico dominante, quando, por exemplo, tenta sobreviver e resistir na sua luta cotidiana. 
Modos de Intervenção: Preocupações: Os trabalhos desenvolvidos em comunidade têm mostrado modos de inserção e preocupações, com o seu desenvolvimento diferentes: a) Houve um tempo (década de 70), em que os profissionais inseriram-se nos bairros de periferia e nas favelas dos grandes centros, tentando negar a sua origem cultural e de classe. Era importante colaborar para a organização e mobilização dos setores oprimidos. Tratava-se de uma inserção guiada por uma preocupação de que o trabalho estivesse voltado para a militância e participação políticas; b) Houve, e continua havendo, uma forma de se inserir com trabalho de caridade e voltado para os mais desfavorecidos. Com objetivo de promover alguma forma de atendimento psicológico mais acessível ou gratuito, para a melhoria das problemáticas das pessoas: de um lado, estaria a população que necessita de tratamento e/ou orientação psicológica e, de outro, o psicólogo oferecendo sua ajuda, preocupado em implantar serviços e estratégias psicológicas, para que a população melhore, se adapte às exigências sociais ou que, pelo menos, minimize seus problemas e sofrimentos; c) Também continua havendo, uma forma de inserção guiada pela curiosidade em conhecer esse ser estranho: as populações mais desfavorecidas. A inserção acontece com uma preocupação da ordem da curiosidade científica; d) Tem havido um tipo de inserção orientada pelo compromisso de que o trabalho deve possibilitar mudança das condições vividas cotidianamente pela população. Trata-se de uma inserção que se dá na dependência da avaliação da população, comprometendo-se com a possibilidade de mudança social e construção de conhecimento na área.
Modos de Intervenção: Objetivos norteadores: inserção tem acontecido de maneiras diferentes: 1. inserção orientada por objetivos de trabalho definidos a priori; a partir de objetivos, motivos e preocupações que orientam o psicólogo antes mesmo deste conhecer e contatar a realidade em que pretende trabalhar. 2. o contato e a entrada que o psicólogo constrói na comunidade acontecem orientados pelas necessidades que a população vive, sendo portanto os objetivos norteadores do trabalho definidos a posteriori. Nesta forma de inserção, pode-se encontrar algumas nuances diferenciadoras: 2.1 há uma forma de inserção em que, após conhecer, levantar, descrever e caracterizar as necessidades da população e sua dinâmica de vida, o psicólogo decide, sim, a posteriori, o quê fazer, porém sem a discussão e a participação da população nesse processo; 2.2 há outra, em que a definição do quê e como fazer - ao mesmo tempo uma especificidade técnica e profissional - se dá em discussões e tendo a participação conjunta da população.
Tipo de Inserção segundo os objetivos: Conseqüências: Inserir-se tendo já uma clareza e definição sobre o trabalho a ser realizado, ou seja, tendo já os objetivos claramente definidos a priori, apresenta alguns aspectos que devem ser considerados: a. Trata-se de uma entrada na comunidade que aponta para um tipo de trabalho em que os limites sobre o que fazer são mais claros e, consequentemente, torna-se mais fácil e menos incerto identificaros fenômenos psicossociais e os instrumentais que devem ser utilizados. b. A comunidade é vista e se assume como inquestionável e imutável, tendo uma vida e uma dinâmica de relações já dadas e prontas, fortalecendo assim o conformismo e passividade, de modo que ela fica em uma posição de mera receptora dos serviços e benefícios fornecidos pelo psicólogo. / Inserir-se orientado pela necessidade de serem detectadas, conhecidas e mapeadas as demandas, dificuldades e problemas vividos pela população, para posteriormente serem levantados os objetivos para o trabalho de intervenção, também traz alguns sub-produtos. Trata-se de uma inserção que lida com o domínio das incertezas e pode acontecer de duas maneiras: a.  incerteza sobre o quê e como fazer e o desconhecimento sobre as necessidades e a vida da população existem quando dos primeiros momentos do contato estabelecido. À medida que tais informações vão sendo obtidas - derivadas desse processo de inserção, contato e familiarização - vão se delimitando aspectos e fenômenos como temáticas potenciais e possíveis para o desenvolvimento do trabalho de intervenção. Após isto, tendo uma certa caracterização e mapeamento da realidade cotidiana, permeada por vários processos psicossociais, o psicólogo, então a posteriori, define os objetivos do seu trabalho, identifica metas a serem atingidas e seleciona e/ou constrói instrumentais para efetivar sua ação. b. os objetivos para o trabalho também são definidos a posteriori, os passos para o conhecimento e levantamento de necessidades pouco mudam. Os objetivos são delimitados dentro de um processo decisório participativo, em que tanto profissional como comunidade e seus representantes, estabelecem relações horizontais de discussão, análise e definição sobre as problemáticas a serem consideradas e as possibilidades de resolução e/ou enfrentamento para as mesmas. Inserção e Participação da Comunidade: o tipo de inserção em que os objetivos são definidos a posteriori, tendo a participação da comunidade, o psicólogo levanta alternativas de ação, juntamente com a população, para que esta possa assumir, no mínimo, a sua própria história e tentar construir formas mais dignas, éticas e humanas de convivência comunitária, construindo um ‘mundo psicossocial’ em coerência com estas preocupações. Este tipo de inserção propõe uma psicologia social crítica, que compreende o homem na sua totalidade histórica, em movimento e protagonista da sua história particular e coletiva, forjando relações cotidianas que podem contribuir para a construção de uma vida mais digna e humana. É fundamental entender as tendências e ideologias que se materializam no cotidiano das pessoas, que as faz sentirem-se com mais ou menos possibilidades de mudarem suas vidas, em benefício a si e ao outro, de tal modo que este outro não apareça como uma ameaça à sua vida, à sua convivência e à sua emoção, emoção essa que permeia as relações humanas e as possibilidades futuras de convivência. As possibilidades na prática para o processo de inserção na comunidade, levam-se em conta três aspectos: a. as necessidades da população é que devem indicar os caminhos para a prática do psicólogo em comunidade; b. o trabalho deve implicar na construção conjunta de canais e alternativas para que a população assuma seu cotidiano, criando relações mais solidárias e éticas e desenvolvendo uma consciência crítica; c. apesar das incertezas e das delimitações que vão acontecendo durante o processo de inserção, o psicólogo tem um domínio específico para a sua ação, ligado aos chamados processos psicossociais que perpassam o cotidiano das pessoas, sendo que algumas ferramentas para a intervenção advêm do campo da investigação participante e de outras disciplinas além da própria psicologia. / Acreditar na possibilidade de desenvolvimento de trabalhos em comunidade, com estas preocupações, implica descobrir que a população é diferente dos padrões e previsões tradicionalmente científicas, sendo mais lutadora e sobrevivente do que tem sido considerada pelos centros de investigação. Ao mesmo tempo, ir à comunidade, conhecê-la, entrar e iniciar um processo de familiarização, coloca o psicólogo em uma posição frágil diante de alguns desafios e incertezas quanto à sua aceitação, entrada e permanência na comunidade, quanto às decisões sobre o quê e como fazer, e ao seu papel como profissional da psicologia, em um contexto comunitário. 
Como a inserção do psicólogo na comunidade pode ser construída: 1) contatos e conhecimentos que faz quando se depara com a realidade concreta dos setores populares; 2) intermediários, individuais e/ou coletivos, que procuram o profissional de psicologia, geralmente com uma expectativa de que ele faça algum tipo de atendimento individual para as problemáticas vividas no contexto comunitário; 3) tentativas que o próprio psicólogo faz de se fazer conhecer junto à comunidade ou aos seus representantes. / Depois, inicia-se um processo contínuo de obtenção de informações e de interações. Os instrumentos utilizados e/ou construídos são: 1) entrevistas que muitas vezes são realizadas de maneira coletiva, fora de um ambiente controlado, com um número variável de participantes do início ao fim; 2) conversas informais acontecidas nos bares, padarias, pontos de ônibus, caminhando nas ruas, cujos conteúdos vão fornecendo indícios sobre a dinâmica existente na comunidade e sobre o tipo de interação e vínculo que os moradores vão criando; 3) visitas às casas, a alguma reunião considerada importante, e/ou a alguma festividade; 4) registros de acontecimentos e/ou episódios significativos em diários de campo; 5) recuperação da história de constituição da comunidade através de fontes vivas; 6) resgate de documentos do saber popular e uso de fotografias e/ou objetos e/ou produções oriundas da produção cultural local; 7) encontros não programados, reuniões imprevistas e debates repentinos acontecidos no seio dos grupos formais e informais.
Análise de Necessidades: 1) métodos quantitativos de análise: podem trazer uma certa segurança na detecção do dado em si, "como se" fosse possível ser o mais fiel ao contexto concreto; quando, na verdade, acabam despersonalizando-o, descontextualizando-o e tirando-lhe a dinâmica vivencial humana, além de se distanciarem e se descomprometerem com a aplicabilidade dessa produção de conhecimento. 2) métodos qualitativos: embora se apresentem como os mais possibilitadores da preservação dessa dinâmica e movimento, também trazem o perigo de ficarem à mercê da leitura ou ótica do profissional-pesquisador, que dependendo de qual seja seu compromisso político e social podem levar a uma interpretação mais ou menos distorcida da realidade. / O tipo de Análise de Necessidades e o tipo da intervenção realizada são delineados pela forma ou maneira como o processo de inserção se dá: a) há aquela inserção que contribui para a produção de conhecimentos sem um envolvimento e implicação com a mudança da vida da comunidade; b) há outra, na qual acreditamos, em que são tentadas formas de participação da comunidade, e em que se buscam produções de conhecimento conjunto, embora tenham um certo ônus (existir desafios, questionamentos e incertezas sobre o papel do psicólogo) e um certo ganho (possibilidades para que a própria comunidade construa relações mais solidárias e humanas, percebendo que os impedimentos e problemas não se devem a características ou matrizes tão somente suas).
SAWAIA, B.B. - "Dimensão Ético-Afetiva do Adoecer da Classe Trabalhadora".
Dimensão Ético-Afetiva no estudo do processo saúde-doença: Cada momento histórico tem sentimentos dominantes (fator de estabilidade social), que são sentimentos ideológicos apresentados como próprios da natureza humana, quando na verdade envolvem formas de exploração e dominação. Na dimensão ético-afetiva, considera-se que esta dimensão e as condições sociais e materiais se transverte uma na outra, se transforma uma na outra e uma não existe sem a outra. Saúde é um fenômeno completo, é uma questão eminentementesócio-histórica e, portanto, ética, pois é um processo da ordem da convivência social e da vivência pessoal. Saúde é a possibilidade de ter esperança e potencializar esta esperança em ação. Saúde é liberdade de movimento do corpo e da mente, ao contrario de Doença é fixação, de modo rígido, dos estados físicos e mentais. Adoecer é a diminuição da potência de agir numa concepção. Reflexão sobre o Adoecer: ideia de humanidade; coloca-se como temática o individuo e a maneira pela qual ele se relaciona consigo mesmo e com o mundo social a que pertence (grupos, família, comunidade), podendo assim, compreender como ser ético que compartilha e se comunica, como ser afetivo que experimenta e gera prazer, como ser biológico que se alimenta e se reproduz, com um corpo que é determinado pelo universalismo do biológico e também uma realidade simbólica. Promoção da Saúde: condenar todas as formas de conduta que violentam o corpo, o sentimento e a razão humana, gerando a servidão e a heteronomia. Não basta apenas ministrar medicamentos ou ensinar novos conhecimentos e padrões comportamentais. É preciso atuar nas necessidades e emoções que divide conhecimentos e práticas, isto é, na base afetivo-volitiva do comportamento. Conceito de “sofrimento psicossocial”: sintoma de uma das carências mais profundas da modernidade, o não saber conviver com a diferença; metaforicamente denominado “tempo de morrer”. Esse sofrimento não pode ser eliminado, mas pode ser limitado e impedido de cristalizar-se. Negar o sofrimento psicossocial é negar a negação de cidadania, para isso não basta a capacitação, é necessário a motivação para a cidadania que não é unicamente, racial/ cognitiva, mas também afetiva/ emocional.
Objetivo da Pesquisa: analisar o processo da consciência das mulheres que viviam em condições subhumanas e sofriam desprezo público, sendo discriminadas, incapaz de perceber o próprio sofrimento. Mas essas mulheres surpreenderam a sociedade ao organizarem e participarem de movimentos que conseguiram promover mudanças na atitude do poder público municipal em relação à favela. Análise da Consciência: relevou o processo psicossocial do qual as mulheres são atingidas, tanto na sua integridade física quanto psíquica, ou seja, não pode-se dizer que um ou outro (física ou mental) é mais relevante no processo saúde-doença. História e Pensamentos das Mulheres: desde pequenas, sofrem a falta de amparo externo real (falta de controle absoluto sobre o que ocorre) e a falta de amparo subjetivo (falta de recursos emocionais para agir). Desenvolveram, nas relações sociais cotidianas, a consciência de que nada podem fazer para melhorar seu estado. Dessa forma, o pensar deslocou-se do fazer e tornou-se sinônimo de tristeza e medo. Para elas, pensar é sofrer, e agir não produz resultado. São mulheres que lutam incessantemente para
a manutenção da vida, sem o conseguir dignamente, pois o trabalho delas não reverte-se em nada. “Tempo de Morrer” em contraposição ao “Tempo de Viver”: 1) Tempo de Morrer: as mulheres faveladas usam essa expressão, o tempo de morrer é um tempo usado na voz passiva, em que as pessoas não tem poder nenhum sobre si e sobre os acontecimentos. O tempo de morrer é caracterizado pela falta de recursos emocionais, de força para agir e pensar e pelo desânimo da própria competência. É como um auto-abandono aos próprios recursos internos, é a cristalização da angústia, já que de tem a consciência de que nada pode ser feito para melhorar. No tempo de morrer, o sofrimento é a vivência depressiva que condensa os sentimentos de indignidade, inutilidade e desqualificação. Para a maioria das mulheres, o inicio da vida não coincide com o momento do nascimento, mas com o inicio do tempo de viver que é a superação do tempo de morrer, ao qual estão aprisionadas desde o nascimento. 2) Tempo de Viver: é o tempo de agir com mais coragem e audácia, é tempo em que se despertam as emoções, quer sejam elas positivas ou negativas. É o tempo de convite à vida, mesmo sendo uma vida sofrida. Tempo de viver não é o tempo do desaparecimento da angústia, alias nunca se chega a isto. Trata-se de tornar possível a luta contra ela, transformando em energia para resolvê-la e ir em direção a outra angústia (Dejours). É FUNDAMENTAL A MUDANÇA NA RELAÇÃO ENTRE O SER E O MUNDO, é o restabelecimento do nexo psico/ fisiológico/ social superando a cisão entre o pensar/ sentir/ agir. Para ocorrer essa transição na vida das mulheres faveladas foi preciso um Principio de Força, que elas encontraram nas atividades a que se dedicaram, como as aulas de artesanato. Uma vez ocorrido esse principio de força, as mulheres liberaram as emoções e o desejo, a sensação de impotência pode repentinamente se transformar em energia e força de luta. Através de reuniões semanalmente na favela, as mulheres discutiram temas sobre corpo, sexualidade, participação nos movimentos sociais, com o intuito de desenvolver uma consciência critica capaz de possibilitar a prática política transformadora. Mas o que elas precisavam mesmo, eram atividades que as possibilitassem passar de uma atitude resignada para uma postura de enfrentamento e ação. Para enfrentar a carência, falta de força e fome, houve a ideia de produção e comercialização de artesanato. “A consciência não é autônoma, é no seu encadeamento com as condições materiais de existência que se vislumbram possibilidades de saltos qualitativos”. Resultado às mulheres das atividades desenvolvidas: As mulheres artesãs após muitas produções criativas, começavam a adquirir o dominio intelectual do que suas mãos faziam e puderam contemplar-se no que criavam, sem se sujeitar a um poder externo e privado do sentido da sua própria atividade. Começaram a criar de forma independente, o que estimulou a memória, articulou o passado e o presente, ressuscitando emoções escondidas. O trabalho passou a exigir uma participação ativa da inteligência, fantasia e da emoção. Ao se aproximarem do ato da produção, algumas se deslumbraram como se estivessem despertando para a vida. Reflexão sobre o Adoecer, a partir da pesquisa: As mulheres demonstramm que ao adoecer a pessoa é atingida em sua integridade física e psíquica, e não se pode dizer qual causa mais sofrimento ou é mais relevante. O impacto psíquico desestrutura o físico e vice e versa, elas dizem que ambos são mediados pela humanidade como ideia suprema de valor. Plenitude da Condição Humana: as necessidades fundamentais ao desenvolvimento do homem são: o pensar, o agir, o imaginar e o amor. Sendo assim, o direito à saúde é o direito à satisfação de todas essas necessidades sem sobreposição de uma sobre a outra e o bem-estar. Bem-estar psicossocial é a liberdade que é deixada ao desejo de cada um na organização de sua vida individual, compreendendo que este desejo está ligado ao dos outros e que, portanto, esta ação é coletiva. Reflexão sobre Saúde, na visão das mulheres: As mulheres faveladas demonstram que saúde não consiste em não ter angústia e depressão, mas em ser saudável, embora angustiado. Considerações Finais: É necessário trabalhar a, na e com a comunidade, promovendo a solidariedade (depende de uma relação grupal que propõe a resolução do problema do outro, que é meu problema também), cidadania (participar e não cumprir regras), alteridade e a utopia do aparecimento de comunidades sociais livres e plurais, onde os homens discutem autonomamente e elaboram projetos de forma a cada um participar do poder. Trabalhar com comunidade é eleger a participação social como a estrutura de interação eticamente válida. Comunidade é uma forma seletiva de lutar pela liberdade, pela autonomia e pela igualdade, fugindo do individualismo e do particularismo ético, comunidade é uma perspectiva projetual de futuro que deve orientar a prática psicossocial na luta contra o sofrimento de viver. O procedimento participativo e centrado na ação-reflexão permite superar a dicotomia entre subjetividade e objetividade e entre o pensar e o fazer, negando a visão reducionista-idealista de que a alienação éapenas inconsciência da situação de opressão, mas é também, a consciência da impotência frente à situação objetiva. 
CARVALHO, S.R. - Reflexões sobre o tema da cidadania e a produção de subjetividade no SUS.
Constituição de 1988: Sociedade brasileira buscou aprofundar o sentido da democracia ao preconizar a ampliação dos direitos sociais e políticos vigentes. Exemplo: artigo 197, no qual se afirmava que “os serviços de saúde são de relevância pública”, e o artigo 198, que definia a participação da sociedade na gestão do Sistema Único de Saúde. Ao declarar a saúde como direito universal e como dever do Estado, nos anos seguintes, começaram a ter iniciativas para estruturar o Sistema Único de Saúde (SUS) e nele a formação de Conselhos de Saúde, a ampliação da rede própria, a descentralização da gestão e a implementação de experiências locais eficazes e inovadoras. Fatores de ordem econômica e política fizeram com que a execução das diretrizes do SUS ocorresse na década de 90, em meio a crescentes dificuldades, com uma gradativa implantação de políticas e práticas neoliberais no Brasil. Neoliberalismo - aspectos econômicos, políticos e sociais: Partindo do pressuposto de que sistemas de proteção social de caráter universal/redistributista constituem uma ameaça à liberdade dos indivíduos e à vitalidade do mercado, o Neoliberalismo vem buscando desconstruir os fundamentos teóricos e práticos de políticas que têm como referência o Estado de Bem-Estar Social. Justifica que essa estratégia afirma que políticas sociais igualitárias (por exemplo, o projeto de implementação de um Sistema Único de Saúde no Brasil) caracterizam-se por retirarem recursos de áreas produtivas para subsidiar bens e serviços que o mercado poderia prover. O Neoliberalismo entende que tais gastos, desnecessários, produziriam déficit fiscal e prejudicariam a “saúde da economia” ao diminuírem a capacidade competitiva das economias nacionais. Nos dias de hoje: com maior ou menor ênfase, todos os países têm sua política pautada por essa nova ordem. 
Ideário do Neoliberalismo: propõe como alternativa, um novo padrão de organização estatal que tem como objetivo garantir o livre jogo do mercado e a acumulação do capital, estimulando para isso políticas fiscais que limitam os dispêndios sociais e que beneficiam setores localizados no topo da pirâmide social. O Estado que se busca estruturar tem a pretensão de ser uma espécie de “Estado-empresário”. Projeto neoliberal: a implementação de um modelo de administração gerencial em que busca transpor para o setor público práticas bem-sucedidas da administração de empresas. A venda do patrimônio público e a concessão de serviços à iniciativa privada são, igualmente, estratégias centrais desse projeto. Ideário neoliberal: impõe a desestatização, desregulamentação e desuniversalização dos direitos, ampliando a desigualdade e a exclusão social.
A Produção da Subjetividade no Capitalismo Neoliberal: O Neoliberalismo produz um modo hegemônico de subjetivação que produz um “cidadão” que é, antes de tudo, um consumidor. A ideia de valor é derivada de uma perspectiva econômica das relações sociais, de forma a produzir corpos e mundos marcados por interesses privatizantes. No Neoliberalismo se manifesta um individualismo exacerbado pelo consumo compulsivo de mercadorias (“caminho” mais curto para se alcançar a utopia da felicidade). Desta forma, ocorre a produção de uma subjetividade narcisista, dessocializante e privatista voltada para o gozo imediato e contínuo. O cidadão que inventa direitos e práticas de liberdade: dá lugar à figura de um indivíduo que é ao mesmo tempo refém e agente da lógica de produção capitalística do desejo. Modos de subjetivação no Neoliberalismo: são produzidos e produzem determinados sistemas hierárquicos, sistemas de valores, sistemas de submisssão. São sistemas dissimulados que produzem uma subjetividade individualizada e social — encontrável em todos os níveis da produção e do consumo. 
A Saúde no contexto neoliberal: Políticas de governo influenciadas pelo ideário neoliberal vêm procurando delegar à sociedade civil a responsabilidade pelo cuidado à saúde. Preconiza-se uma solidariedade que não é, como no Estado de Bem-Estar Social, fundamentada por critérios de igualdade e de direitos universais, mas no individuo que pode doar um pouco do seu tempo ou do seu dinheiro. Essas estratégias dificultam a consolidação do Sistema Único de Saúde e ameaçam os princípios igualitários que estão em sua origem. Exemplo: Muitos projetos governamentais buscam segmentar a população de acordo com sua inserção social e capacidade aquisitiva. Trata-se de uma política que, ao abrir mão de estratégias universalistas e igualitárias, reforça a perspectiva neoliberal produzindo políticas de subjetivação privatista que se pauta por palavras de ordem como “custo-efetividade”, “ganhos de produtividade” e “melhorias dos resultados no setor público de saúde”. Reproduz-se, dessa maneira, as brutais desigualdades sociais de nosso país, esse projeto contribui para a crise do sistema público e deixa o campo ainda mais vulnerável à ação de interesses privatistas. Esses fatores explicam uma realidade institucional que se caracteriza pela fragmentação e desumanização dos serviços, pela desigualdade no atendimento, pela ineficácia das ações e pela insatisfação dos usuários do Sistema Público de Saúde (SUS). “Tal realidade desafia a utopia presente no projeto da reforma sanitária brasileira, uma vez que segue hegemônico um modelo de organização dos serviços de saúde regido pela lógica de mercado e por práticas fragmentadoras e ineficazes.” Diante deste contexto, caberia ao Estado: Identificar e classificar os mais carentes e apenas a eles dirigir suas políticas, obtendo por meio da focalização a maximização dos resultados. 
Saúde e Cidadania - desafios atuais: Movimento sanitário brasileiro — prestadores, profissionais e usuários do setor saúde, que tenham compromisso com uma ética em defesa da vida — são chamados a atualizar e reinventar noções e práticas sobre cidadania que contribua para a radicalização dos princípios igualitários e democráticos que estão na gênese do Sistema Único de Saúde. Diretrizes constitucionais: afirmam a
“Saúde como um direito de todos e um dever do Estado”, essa diretriz deve expressar um conteúdo de “pertença igualitária a uma dada comunidade política”. Estes princípios favorecem as lutas pela justiça social e criam condições materiais que potencializam vivências de autonomia e liberdade. A partir de Foucault: estes princípios podem ser entendidos como efeitos (no caso, valores, direitos e instituições) que criam condições políticas e históricas para movimentos de liberação/ prática de liberdade, como um “exercício de si sobre si mesmo através do qual se procura se elabora, se transforma e atingi um certo modo de ser”. Na ordem Neoliberal: A normalização da vida social presente no Estado de Bem-Estar Social e, de maneira renovada e ampliada, produz um modo de produção de subjetividade que produz uma “cidadania de sujeição” que identifica os sujeitos com os poderes que neles são exercidos, conduzindo a uma moderna forma de dominação marcada pela regulação e vigilância do corpo social e individual. É necessário: recuperar as tarefas redistributivas anteriormente realizadas pelo Estado de Bem-Estar Social, questionando ao mesmo tempo, os modos de subjetivação vigentes no capitalismo. Trata-se, acima de tudo, de reinventar os conteúdos da cidadania questionando a sujeição dos indivíduos e coletivos à rotina da produção e do consumo, buscando reconstruir os espaços urbanos de sociabilidade e as redes de solidariedade visando a produção de outros modos de subjetivação, de modo a afastar-se de prescrições morais e programáticos e produzir-se em meio a exercícios éticos e a novos modos centralizados de poder, “de práticas diferenciadas, flexíveis, movimentistas, simultaneamente locais e globais”. Isto siginifica: uma recusa a processos e estratégias de manipulação com os quais o capitalvem construindo sua hegemonia política e cultural. Portanto, essa concepção de cidadania: demanda uma nova perspectiva: ampliação e aprofundamento da concepção de democracia, de modo a incluir o conjunto das práticas sociais e culturais, uma concepção de democracia que transcende o nível institucional formal e as relações sociais permeadas pelo autoritarismo social e não apenas pela exclusão política. Foucault: Para superaros mecanismos de dominação presentes no Estado e na sociedade: Imaginar e construir o que poderíamos ser para nos livrarmos da individualização e totalização própria às estruturas de poder moderno, sendo para isso necessário “lutar contra as formas de dominação (étnica, social e religiosa); contras as formas de exploração que separam os indivíduos daquilo que eles produzem; ou contra aquilo que liga o indivíduo a si mesmo e o submete, deste modo, aos outros.”
Saúde Coletiva, produção de subjetividade e Cidadania: Na busca de alternativas para os desafios do setor da saúde, é fundamental entender que: se por um lado, as coisas, ou as estruturas, determinam a vida das pessoas, por outro lado, são estas mesmas pessoas que constroem as coisas, as normas, os valores e as estruturas. Desta forma: Pode-se dizer que qualquer projeto mudancista deveria, ao mesmo tempo, apostar tanto na mudança das pessoas, de seus valores, da sua cultura ou ideologia, quanto em reformar as instituições sociais. Ao responder sobre os desafios da saúde no Brasil: Carvalho: afirma ser politicamente difícil imaginar, nos dias atuais, uma Saúde Pública que não incorpore os indivíduos como sujeitos sanitários e éticos, apontando para a insuficiência ou imprecisão da ideia da “saúde como direito de cidadania e dever do Estado”, uma vez que a busca da saúde envolve um processo que não se restringe ao acesso universal a bens e serviços de consumo individual ou coletivo. A saúde é um bem público, portanto deve-se realizar a elaboração de novos paradigmas sanitários que elucidem as relações sociais embutidas no objeto saúde, operacionalizando novos modelos de atenção e de gestão que respondam aos desafios contemporâneos no setor saúde. Campos: sugere um método com a pretensão de contribuir para a democratização das instituições, para a desalienação, para a (re)afirmação do interesse publico e, para a ampliação da capacidade reflexiva e do coeficiente de autonomia dos indivíduos e coletivos. Afirma que a democracia é a possibilidade de exercício do Poder: ter acesso a informações, tomar parte em discussões e na tomada de decisões. A democracia é, ao mesmo tempo, uma construção e uma instituição. Propõe como necessário um esforço de renovação das metodologias de gestão na saúde capazes de produzir novas subjetividades. Para o autor essas metodologias devem opor-se à manipulação e à objetivação dos sujeitos, ao autoritarismo e à concentração de poderes. Merhy: busca inovar o debate sobre a produção da subjetividade e de cidadania. Ao reconhecer a centralidade do plano da economia subjetiva nas práticas de saúde, argumenta que as principais tecnologias que são utilizadas na produção da saúde são as que estão centradas no conhecimento de como trabalhar a relação de cidadania entre o usuário e o serviço, o usuário e o trabalhador e as atividades de grupos de gestão. Sugere que o investimento em tecnologias leves é central para a mudança do setor de saúde, por isto propõe a invenção de dispositivos que tenham como foco o cotidiano dos serviços de saúde. Estes devem provocar “mudanças no modo de operar as relações trabalhadores/usuários” expondo o conjunto dos modos de atuar dos vários profissionais de saúde. O que se busca é pôr um freio nos interesses privatistas dos profissionais em saúde, sem impedir o exercício da autonomia que os caracteriza. O importante é que as ações de saúde tenham como referência os interesses dos usuários. Ricardo Teixeira: Constata que o encontro trabalhador-usuário é um exercício de uma “democracia viva, em ato”. Entende que é no cotidiano dos serviços, que se pode reconhecer experiências que, já há algum tempo, vêm criando algumas possibilidades reais de se efetivar a prática da tecnodemocracia. Isto é, um modo de efetivamente ampliarmos as chances de participação de todos nas escolhas que mais diretamente afetam a poética social que produzimos que é, afinal, o modo como realizamos individual e coletivamente uma dada estética da existência. Neste contexto: o exercício de uma prática cidadã na saúde deve recuperar a importância da experiência humana em relação aos imperativos da racionalidade e do contrato social que caracterizam a modernidade. Considerações Finais: Entende-se que a contribuição dos autores aqui citados, que constitui uma pequena mostra da produção da Saúde Coletiva brasileira, aponta caminhos que contribuem para que possamos produzir, no SUS e na sociedade em geral, uma economia política e desejante distinta da do projeto neoliberal. 
FREIRE, P. Ação Cultural para a Liberdade.
Ação Cultural e Conscientização: Existência em e com o mundo: A análise da conscientização deve ser uma compreensão critica dos seres humanos como existentes no e com o mundo. Condição básica para a conscientização: é que seu agente seja um sujeito, isto é, um ser consciente. Assim como a educação, a conscientização é um processo único e exclusivo do humano, pois somente homens e mulheres como seres ‘’abertos’’, são capazes de transformar o mundo através de sua ação, captar a realidade e expressá-la por meio da linguagem, são seres com o mundo. 
Diferentemente dos animais: que estão simplesmente no mundo, portanto são incapazes de objetivar-se ao mundo, de refletir sobre si mesmo. Os contatos entre os animais são acríticos, ou seja, não vão mais além do que a associação de imagens sensoriais através da experiência vivida. São seres singulares, não elaboram objetivos e vivem ao nível da imersão. Os homens: podem romper a aderência de estar no mundo e vão além, acrescentam a vida que tem a existência que criam. Existir é um modo de vida que é próprio do ser capaz de: transformar, produzir, decidir, criar, recriar, comunicar-se. O domínio da existência é o domínio do trabalho, da cultura, da historia, dos valores, domínio em que os seres humanos experimentam a dialética entre determinação e liberdade. Só os seres que conseguem refletir sobre suas limitações é que são capazes de se libertar, desde que a sua reflexão se dê no exercício de uma ação transformadora da realidade condicionante. A consciência de ação sobre a realidade são inseparáveis constituintes do ato transformador pelo qual a humanidade se faz seres de relação. Do ponto de vista do objetivismo mecanicista: a consciência seria puro objeto da realidade, que se transformaria a si mesma, ou seja, é a mera replica da realidade.
Do ponto de vista do subjetivismo: a transformação de uma realidade que foi simplesmente imaginada seria um absurdo, não parece possível a dialética entre subjetividade e objetividade, prática e teoria. Do ponto de vista do behaviorismo: também é incapaz de compreender as relações entre os seres humanos e o mundo, pois os seres humanos são vistos como máquinas e sua consciência é “mera abstração”.
Do ponto de vista de nenhuma dessas visões dos seres humanos e da realidade: a compreensão da conscientização é viável, pois só a consciência condicionada é capaz de se reconhecer como tal. Dimensão critica da consciência: explica as finalidades de que as ações transformadoras do homem sobre o mundo estão impregnadas, porque são capazes de: ter finalidades; de prever os resultados de sua ação, mesmo antes de iniciada. Marx: A criticidade e as finalidades que existe nas relações entre a humanidade e o mundo implicam que estas relações se dão num espaço físico, histórico e cultural, envolvendo sempre um agora, um antes e um depois. Os animais estão imersos num tempo que não os pertence, não tem reflexão crítica, como o exemplo da abelha que é boa especialista para identificar a flor que necessita para fazer o mel, mas não pode

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