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Estudo topográfico e hidrológico

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VOLUME 3C – RELATÓRIO DE AVALIÇÃO ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE ENGENHARIA 
 AMBIENTAL - RAA PARA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES, 
 DA RODOVIA BR – 101/SP – RIO/SANTOS 
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2.11. Estudo Topográfico 
Os serviços de campo executados nos estudos topográficos tiveram por 
objetivo avaliar as condições atuais dos terrenos dos pontos descritos anteriormente. 
De modo geral, buscou-se uma caracterização do relevo existente bem como o 
cadastro dos principais elementos interferentes nos acidentes geotécnicos. 
Para tais levantamentos utilizou-se como equipamento a estação total com 
precisão de três casas decimais. Nos pontos com facilidade de acesso utilizou-se o 
prisma reflexivo. Já nos os pontos de difícil acesso foram feitas medições com laser. 
Tomou-se como referência os marcos RN (Referência de Nível) homologados 
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descritos em coordenadas 
UTM. Sabe-se, portanto, que estes pontos de referência apresentam coordenadas E 
(este) e N (norte) não precisas, descrevendo coordenadas não georeferenciadas. 
Porém, foram tomadas, estas, como medida de referência porque os marcos 
geodésicos de coordenadas precisas encontram-se a longas distâncias dos locais a 
serem realizados os levantamentos topográficos. 
De forma prioritária, foram cadastrados, quando existentes os seguintes 
elementos: 
• Dispositivos de drenagem: bueiro, alas, caixa coletora, canaleta, 
sarjeta, rápido meia-cana, descida d’água em degraus, acúmulo 
d’água, caminho d’água e dreno horizontal profundo (DHP). 
• Elementos do terreno natural: pé de talude, crista de talude, acesso 
local, limites de ruptura e erosão, limites de vegetação fechada, 
árvores de grande porte e regiões de matacão. 
• Elementos do corpo estradal: eixo da rodovia, bordo direito, bordo 
esquerdo, defensas metálicas, meio-fio e placas de transito. Além de 
edificações e postes da rede de transmissão elétrica. 
• Estruturas de contenção: muro de concreto ciclópico, cortina atirantada, 
bolsacreto, erocamento e muro de gabião. 
 
Foram geradas seções transversais nas posições mais representativas da 
declividade do terreno bem como dos acidentes geotécnico observados. 
Para o Ponto 7 do km 27+300 foi necessário a topografia do terreno atingiu 
uma extensão aproximada de 55m. 
A planta de topografia está apresentada no Volume 2 – Projeto de Execução. 
 
 
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2.12. Estudos Hidrológicos e Hidráulicos 
Os estudos hidrológicos têm como objetivo principal a caracterização dos 
aspectos regionais do ponto de vista hidroclimático e a avaliação das precipitações e 
intensidades máximas de chuva, de forma a fornecer subsídios para a definição de 
parâmetros que possibilitem a determinação da seção de vazão dos dispositivos de 
drenagem destinados a proteger o corpo estradal dos efeitos maléficos das águas 
pluviais. 
A metodologia utilizada para o estudo hidrológico pautou-se nas 
recomendações constantes nas instruções de serviço – IS-203 Estudos Hidrológicos 
e nas publicações: “Manual de Hidrologia Básica para Estruturas de Drenagem”, 
(DNIT, 2005 – Publicação IPR 715), “Manual de Drenagem de Rodovias – IPR 724” 
(DNIT, 2006), e “Manual de Serviços de Consultoria para Estudos e Projetos 
Rodoviários”, volume 2.4.1. 
Embora a IS-203 indica que em casos particulares, quando mantidas as obras-
de-arte correntes não se aplica a metodologia constante nesta Instrução de Serviço, 
utilizou-se a metodologia, pois em alguns pontos, os problemas de instabilidade 
geotécnica estão vinculados a drenagens superficiais, subsuperficias ou bueiros 
existentes. 
Para a definição dos elementos fisiográficos das bacias de contribuição, 
interceptadas pelo corpo estradal, foram utilizadas informações cartográficas do 
Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE) encontradas na carta vetorizada 
de Piscinguaba, inspeções de campo, imagens de satélite, cadastramento e 
levantamento topográfico das obras existentes. 
Com estes elementos foram determinadas as áreas de drenagem por 
planimetria, o comprimento do talvegue mais extenso e o desnível entre o ponto de 
interseção da rodovia com o talvegue e o ponto mais alto da bacia. 
 
a) Chuvas de Projeto 
Para determinação da intensidade da chuva a ser utilizada, foram identificados, 
através do cadastro de postos pluviométricos do site da Agência Nacional de Águas 
(www.ana.gov.br), os seguintes postos pluviométricos próximos à área de estudo: 
Picinguaba, Ubatuba, e Ubatuba IA. Todos os postos pluviométricos nesta região 
apresentam leituras feitas por pluviômetros, com dados reais brutos e com algumas 
descontinuidades de leitura. Por apresentar uma boa série histórica, 46 leituras entre 
os anos de 1946 e 1995, com poucas interrupções, todos dados reais, e localização 
próxima dos eventos objetos de análise deste trabalho, adotou-se os registros 
pluviométricos diários máximos do posto meteorológico de UBATUBA/DAEE (código 
02345040), sob a responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA, conforme 
ilustrado no mapa a seguir. 
 
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Figura 2.39 - Mapa das estações pluviométricas com a estação utilizada para cálculo. 
 
Para o presente estudo foi adotado um único posto pluviométrico como leitura 
da altura pluviométrica. A altura pluviométrica é definida como a espessura média da 
lâmina de água precipitada que recobriria a região atingida pela precipitação 
admitindo-se que essa água não se infiltrasse, não se evaporasse, nem se escoasse 
para fora dos limites da região. A unidade de medição habitual é o milímetro de 
chuva, definido como a quantidade de precipitação correspondente ao volume de 1 
litro por metro quadrado de superfície. 
A partir dos dados de chuvas diárias máximas anuais, efetuou-se a análise de 
freqüência dos eventos hidrológicos máximos de projetos, pela utilização do Método 
de Gumbel. Apresenta-se, na planilha de dados de precipitação e no gráfico a 
seguir, os valores das precipitações máximas de um dia de duração, plotados no 
papel de probabilidade, juntamente com a reta representativa da função determinada 
pela metodologia. 
Do processamento estatístico obtiveram-se as seguintes chuvas de um dia 
para os seguintes tempos de retorno indicados: 
 
• TR 1 ano = 50 mm; 
• TR 5 anos = 191 mm; 
• TR 15 anos = 248 mm; 
• TR 25 anos = 272 mm; 
• TR 50 anos = 308 mm. 
Dados da Estação 
Código 02345040 
Nome UBATUBA 
Código Adicional E2-052R 
Bacia ATLÂNTICO, TRECHO SUDESTE (8) 
Sub-bacia RIOS ITAPANHAÚ,ITANHAÉM E .... (80) 
Rio - 
Estado SÃO PAULO 
Município UBATUBA 
Responsável FCTH/DAEE-SP 
Operadora FCTH/DAEE-SP 
Latitude -23:26:0 
Longitude -45:4:0 
Altitude (m) 1 
Área de Drenagem (km2) - 
 
 
 
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0
50
100
150
200
250
300
350
400
-2 -1 0 1 2 34 5 6 7
VALORES DE Y
P
R
EC
IP
IT
A
Ç
Ã
O
 (
m
m
)
GUMBEL
REAL
Linear (GUMBEL)
GRÁFICO DE GUMBEL
Posto Pluviométrico de Ubatuba/SP
Período: 1946 -1995
1,01 1,5 2,0 3,0 4,0 5,0 10 20 30 40 50 100 200 300 400 500 1000
PERÍODO DE RECORRÊNCIA (ANOS)
2515
 
Figura 2.40 - Gráfico de Gunbel para o posto pluviométrico de Ubatuba/SP. 
 
b) Determinação da Intensidade de Chuva 
Para obtenção das intensidades de chuvas de curta duração, em função de 
diversos tempos de recorrência, aplicaram-se procedimentos a seguir descritos: 
• Primeiramente transformou-se as chuvas de 1 dia, para diferentes tempos 
de recorrência (T), em uma chuva de 24 horas, através da relação: 
P(24h:T) / P(1 dia:T) = 1,13. 
• Através do valor da chuva de 24 horas, para um dado T, é possível 
determinar as chuvas de mais curta duração através de relações médias 
entre precipitações de diferentes durações, definidos por um estudo de 
chuvas intensas, efetuados pelo DNOS. 
 
 
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Quadro 2.1 - Relação de chuvas de diferentes durações. 
Relação de Chuvas de 
Diferentes Durações 
Valor Médio Obtido 
pelo DNOS 
Relação de Chuvas de 
Diferentes Durações 
Valor Médio Obtido 
pelo DNOS 
5 min / 30 min 0,34 1 h / 24 h 0,42 
10 min / 30 min 0,54 6 h / 24 h 0,72 
15min / 30min 0,70 8 h / 24 h 0,78 
20 min / 30min 0,81 10 h / 24 h 0,82 
25 min / 30 min 0,91 12 h / 24 h 0,85 
30 min / 1 h 0,74 
Curvas de Intensidade - Duração - Recorrência
Posto Pluviométrico de Ubatuba/SP
Período: 1946 -1995
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240
Duração (min)
In
te
n
si
d
ad
e 
(m
m
/h
)
1
5
15
25
50
 
Figura 2.41 - Curvas de intensidade – duração – tempo de recorrência. 
Curvas de Precipitação - Duração - Recorrência
Posto Pluviométrico de Ubatuba/SP
Período: 1946 -1995
0
50
100
150
200
250
300
0 30 60 90 120 150 180 210 240
Duração (min)
P
re
ci
p
it
aç
ão
 (
m
m
)
1
5
15
25
50
 
Figura 2.42 - Curvas de precipitação – duração – tempo de recorrência. 
 
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c) Período de Retorno 
O intervalo de tempo para que uma dada chuva de intensidade e duração 
definidas seja igualada ou superada é denominado período de retorno ou tempo de 
recorrência. 
Os tempos de recorrência adotados são os preconizados pelas instruções do 
Manual de Hidrologia Básica do DNIT (2005). Estes tempos estão apresentados na 
Tabela 2.2. 
Tabela 2.2 - Relação de chuvas de diferentes durações. 
OBRAS TR ADOTADO FUNCIONAMENTO 
Drenagem profunda e subsuperficial 10 anos 
Dispositivos de drenagem superficial 5 anos Canal 
Bueiros tubulares e Celulares 15 anos Canal 
Verificação de Bueiros tubulares e Celulares 25 anos Orifício 
Ponte, pontilhão 50 a 100 anos Canal 
 
d) Determinação do Tempo de Concentração 
O tempo de concentração necessário para que a partir do início de uma 
chuva, todos os pontos da bacia de drenagem passem a contribuir para uma dada 
seção é denominado Tempo de Concentração, este é calculado pela fórmula de 
R.Peltier / J.L. Bonnenfant, método indicado para pequenas bacias (menores que 
4km²) através da expressão: 
 TC = T1 + T2 
Onde: 
T1: tempo de escoamento em min, tabelados em função da cobertura vegetal 
e da declividade do talvegue. 
T2: é definido pela expressão: T2 = 1/ß2 x T’2 
1/ß2: correção da cobertura vegetal (tabelado). Para região montanhosa 1/ß2 
= 1,33; 
T’2: é a relação entre a forma, a declividade e a área da bacia; 
coef. de forma (α): coeficiente de forma da bacia, dado pela relação entre o 
comprimento do talvegue e a área da bacia, definido pela expressão: 
 
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 α = L / A1/2 
Onde: 
α: coeficiente de forma da bacia; 
L: comprimento do talvegue (hm); 
A: área da bacia (ha). 
De acordo com a IS-203 do DNIT “Para as obras de drenagem superficial 
será adotado o tempo de concentração igual a 5 minutos”. 
 
e) Determinação das Vazões 
O cálculo das vazões de projeto depende diretamente da dimensão da bacia 
de contribuição e foi processado de acordo com os seguintes critérios: 
a) Bacias com áreas até 10 km2: Método Racional 
b) Bacias com áreas superiores a 10 km²: Método do Hidrograma Unitário 
Triangular. 
 
f) Método Racional 
Serão calculados pelo método racional o qual é definido pela seguinte 
fórmula: 
 Q = 0,0028 x C x I x A (para bacias até 4km²) 
Onde: 
 Q = vazão (m3/s) 
 C = coeficiente de deflúvio (R.Peltier/J.L.Bonnenfant ou Baptista 
Gariglio/José Paulo Ferrari) 
 I = intensidade de precipitação calculada (mm/h) 
 A = área da bacia contribuinte (ha) 
 
Os valores de chuva são extraídos do gráfico altura-duração-frequência, com 
a duração igual ao tempo de concentração da bacia. 
A determinação do volume de excesso de chuva resultante de uma 
precipitação uniforme sobre a bacia é feita levando em conta o complexo solo-
cobertura vegetal. 
 
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O coeficiente de escoamento superficial “C” relaciona o volume precipitado 
com o volume efetivamente escoado, considerando-se as características da região, 
como topografia, geologia e ocupação do solo. 
 
2.13. Disponibilidade de materiais e mão de obra 
A obra será realizada em ambiente não urbano. 
As obras serão abastecidas com mão-de-obra provenientes da região, 
cidades maiores do entorno e da capital do Estado. 
Dadas as facilidades de acesso rodoviário, pode-se dizer que as mãos-de-
obra assim como os materiais necessários para a execução das obras apresentam-
se disponíveis. 
Não existem restrições quanto ao acesso de água potável, nem com respeito 
ao abastecimento de energia elétrica. 
O município de Ubatuba não dispõe de insumos de extração necessário para 
a realização das obras. Já o município de Caraguatatuba, supri as necessidades 
destes insumos, pois, lá se encontra jazidas de extração de areia e pedra suficientes 
para a realização das obras. Enquanto que o município de São Sebastião, ao lado 
de Caraguatatuba, fornece material usinado betuminoso. 
Na estrada de acesso a São José dos Campos, no município Jambeiro 
também existe britagem e no município de Caçapava encontra-se extração de areia 
em abundância. Porém, com a distância de transporte maior até os locais de obra e 
a restrição de tráfego das rodovias de acesso, os preços dos insumos nestes locais, 
tornam-se pouco competitivos do que os locais citados no parágrafo acima. 
Os materiais de demolição ou residuais que serão transportados até os locais 
de bota-fora com o seguinte critério: 
• Materiais Betuminosos: obrigatoriamente serão depositados no pátio de 
estocagem do DNIT em Ubatuba/SP. 
• Materiais inertes: serão depositados parte no pátiode depósito de 
estocagem do DNIT em Ubatuba/SP quando a distância tornar o custo 
mais vantajoso, senão serão depositados no Ponto 4 (km 5+600) onde há, 
atualmente um uma área remanescente de material de bota-fora. 
A utilização do pátio de estocagem do DNIT em Ubatuba/SP, como local de 
bota-fora foi uma recomendação dada pela fiscalização. 
A área do Ponto 4 no km 5+600 (a~1045m2, menor que 1ha), que atualmente 
encontra-se degrada por ser um local de antigo bota-fora, portanto, um passivo 
ambiental, após a conclusão das obras e desmobilização do canteiro, será objeto de 
bioestabilização com plantio de espécies de raízes pivotantes. 
Parte desta área (333m²) será utilizada, durante as obras como aterro de 
bota-fora. Este aterro deve receber o material, que deve ser compactado. Porém 
para tal serviço, deve-se paralelamente executar um serviço de nivelamento do 
terreno e de drenagem com valas e drenos sub-superficias. Ao termino das obras o 
bota-fora receberá uma cobertura de enlevamento e o sistema de drenagem 
 
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permanecerá constantemente em funcionamento. O projeto do aterro de bota-fora 
que atenderá os pontos 4, 3 e eventualmente o ponto 1 está melhor detalhado nas 
pranchas do ponto 4 no volume 2 – Projeto Executivo. Uma seção transversal deste 
aterro pode visualizada a seguir: 
 
As licenças ambientais dos materiais fornecidos por jazidas comerciais, areia e 
material britado, estão apresentadas a seguir: 
 
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2.13.1. Licença Ambiental – Jazida De Areia 
 
 
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2.13.2. Licença Ambiental – Pedra Britada 
 
 
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2.13.3. Diagrama de Localização das Fontes de Materiais 
SP/RJ
BR-116
S
P
-1
25
S
P
-9
9
SP-55 BR-101
proibido tráfego de carga
km 78 ao km 86
proibido tráfego de carga
sábados e feriados - km 9+600 ao 
km 83+400 das 8:00 às 12:00
domingos e feriados - km 83+400 
ao km 10+200 das 15:00 às 23:00
 
 
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3. MEMORIAL DESCRITIVO DO CANTEIRO DE OBRAS 
As funções que o canteiro de obras deve desempenhar são as seguintes: 
• Planejamento, coordenação, execução e controle técnico e administrativo 
da obra (escritório); 
• Abrigo de pessoal (alojamento, sanitários, alimentação); 
• Abrigo de veículos, máquinas e equipamentos (oficina de manutenção, 
pátios e galpões de estacionamento); 
• Armazenamento de materiais de construção; 
A forma de organização física destas funções é muito variável, na medida do 
andamento da obra e de conclusão de etapas. 
De qualquer maneira, as funções de canteiro devem de uma forma ou de 
outra, serem desempenhadas, variando a forma de organização. O desenho 
específico de uma dada organização, a da empresa vencedora da licitação de 
construção, deve ser aprovado pela supervisão. 
Apresenta-se no Volume 2 um esquema de canteiro em que o seu 
dimensionamento decorreu da demanda por serviços estimada: almoxarifado, 
escritório, refeitório, sanitários, depósitos de materiais a granel, etc. no final deste 
volume também é apresentado um croqui do mesmo e uma breve sugestão de 
subdivisão do canteiro, já que as obras não ocorrem em um único local. 
As instalações de acampamento devem fornecer condições adequadas de 
conforto e segurança ao pessoal. 
A localização do canteiro é uma sugestão da projetista, devendo ser objeto de 
discussão entre a supervisão e a empresa construtora. 
O almoxarifado deve ser construído nas proximidades do escritório e mantido 
limpo e arrumado. Deve também possuir fácil acesso externo e permitir uma fácil 
distribuição dos materiais pelo canteiro. 
Os depósitos são locais destinados à estocagem de materiais volumosos ou 
de uso corrente, podendo ser a céu aberto, cercados ou cobertos, abrigados das 
intempéries. 
O escritório é uma construção cujo acabamento depende de diversos fatores, 
como o prazo contratual e as características da obra, incluindo geralmente 
dependências para os seguintes elementos da administração da obra: engenheiros, 
estagiários, técnicos, mestre de obra, encarregado de escritório e segurança do 
trabalho. É comum se prever uma sala de reuniões. De preferência, as salas do 
engenheiro e do mestre de obras devem ter visão para o canteiro. 
É obrigatória a existência de local adequado para as refeições, que deve ter 
capacidade para garantir o atendimento de todos os trabalhadores no horário das 
refeições e com assentos em número suficiente, dispondo de lavatório instaladono 
seu interior ou nas proximidades. 
 
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O canteiro deve possuir vestiário para troca de roupa dos trabalhadores que 
não residam no local. Os vestiários devem ter armários individuais, dotados de 
fechadura ou dispositivo com cadeado, e bancos com largura mínima de 30 cm. 
As instalações sanitárias devem ter portas de acesso que impeçam o seu 
devassamento e ser construídas de modo a manter resguardo conveniente. Devem 
estar situadas em locais de fácil e seguro acesso e constituídas de um conjunto 
composto de lavatório, vaso sanitário e mictório, para cada grupo de 20 (vinte) 
trabalhadores ou fração, e de um chuveiro para cada grupo de 10 (dez) 
trabalhadores ou fração. 
A obra deve dispor de materiais para prestação de primeiros socorros, 
mantido aos cuidados de pessoa treinada para esse fim. A implantação de um 
ambulatório ficará a cargo do empreiteiro. O ideal é que a empresa mantenha seguro 
de acidentes de trabalho ao longo do período contratual. 
Com a hipótese de que é possível a licitação em um único lote para as obras 
ao longo do segmento do km 0+000 ao km 41+500 da BR-101/SP sugere-se um 
canteiro de obras na qual há a centralização das funções principais no 
acampamento (Canteiro de Obras Central) e dispersão das funções básicas de obra 
para facilitar e dar mobilidade as atividades (Canteiros de Obras básicos), reduzindo 
assim os custos. 
De fato, muitas destas obras são de simples execução, não necessitando 
atividades que exigem grandes quantidades ou volume de armazenagem de 
equipamentos e materiais. 
Desta forma, o acampamento do canteiro de obras será distribuído da 
seguinte maneira: 
 
Canteiro de Obras Central 
O acampamento do canteiro central estará localizado ao Norte do Ponto 6, 
em um patamar existente do outro lado da pista e dentro da faixa de domínio 
(LD=46,6m do eixo da pista), oposto ao talude com o problema geotécnico (ver 
Figura 3.1). Pois neste local, além de existir, nas proximidades, condições físicas 
para as atividades necessárias a execução da obra do ponto 6, sua localização 
perante as oito obras a serem realizadas, apresenta-se com boa logística para o 
transporte de materiais, equipamentos, mão-de-obra e fiscalização, pois se encontra 
geograficamente no centro do segmento. 
Este canteiro será composto pelas seguintes unidades de apoio: 
• Escritório de Engenharia (7,0mx2,5m) 
• Escritório Administrativo (7,0mx2,5m) 
• Central Mecânica e Elétrica (4,0mx3,0m) 
• Almoxarifado (10,3m x3,0m) 
• Portaria (2,0mx2,0m) 
• Depósito central (14,0mx9,0m) 
 
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• Vestiário e Sanitário 2x(4,0mx2,3m) 
• Refeitório (10,3mx4,0m) 
O canteiro central também servirá como base complementar dos serviços 
básicos dos canteiros dos Pontos 5, 8, 9 e 10. 
 
Canteiros de Obras Básicos 
Nos acampamentos dos Canteiros de Obras Básicos devem-se atender as 
necessidades básicas do trabalhador durante o dia de trabalho. 
Em todos os pontos de obra deverão ser instalados sanitário químicos. 
Porém, no canteiro do Ponto 4 no km 5+600, onde existe um espaço plano, área 
remanescente de bota-fora, terão as seguintes instalações: 
• Vestiário e sanitários (4,0mx2,3m) 
• Refeitório (7,0mx2,5m) 
• Depósito (10,0mx8,0m) 
Estas unidades, além de dar suporte as obras do Ponto 4, completarão 
também, a demanda de serviços básicos dos Ponto 1 e 3. 
As localizações de cada acampamento dos Canteiros de Obras Básicos estão 
apresentadas no Volume 2 – Projeto de Execução. 
Demais exigências, em relação a execução e manutenção dos canteiros de 
obra devem seguir as recomendações da NR-18. 
Um resumo da distância entre os Acampamentos pode ser observado na 
Tabela 3.1. 
 
Tabela 3.1 - distância entre os canteiros de obra. 
Ponto Localização do Canteiro Básico 
Distância até o 
Canteiro Central 
(km) 
Distância até o 
Canteiro Base do 
Ponto 4 (km) 
1 0+600 -20,9 5,0 
3 4+700 -16,8 0,9 
4 5+600 (15,9) 0 
5 18+000 3,5 -12,4 
6 21+500 0,0 (15,9) 
8 31+100 9,6 -25,5 
9 32+900 11,4 -27,3 
10 33+800 12,3 -28,2 
 
 
VOLUME 3C – RELATÓRIO DE AVALIÇÃO ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE ENGENHARIA 
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 DA RODOVIA BR – 101/SP – RIO/SANTOS 
72 
 
Figura 3.1 - Layout do canteiro de obras central localizado no lado direito da BR-101/SP 
no km 21+500 (ponto 6). 
 
 
Figura 3.2 - Layout do canteiro base localizado no lado esquerdo da BR-101/SP em uma 
área de bota-fora remanescente no km 5+600 (ponto 4). 
 
 
VOLUME 3C – RELATÓRIO DE AVALIÇÃO ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE ENGENHARIA 
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 DA RODOVIA BR – 101/SP – RIO/SANTOS 
73 
DIGNÓSTICO AMBIENTAL 
 
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 DA RODOVIA BR – 101/SP – RIO/SANTOS 
74 
4. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 
O diagnóstico ambiental abrange o sub-trecho do km 0+000 (divisa dos 
estados de São Paulo e Rio de Janeiro) até o km 41+500 (Sede do município de 
Ubatuba/SP). A apresentação genérica do trecho é prioritária, porém quando 
pertinente, será apresentada a caracterização individual de cada ponto. 
Este será divido em: diagnóstico do meio físico, que descreve o clima a 
geologia, geotecnia, solos superficias e recursos hídricos da região; diagnóstico do 
meio biótico, que descreve a flora e fauna da região; diagnóstico do meio antrópico 
que caracteriza a população e urbanização da região. 
 
4.1. Diagnóstico do Meio Físico 
4.1.1. Clima 
O clima em estudo está Incluso nos climas zonais ou genéticos do Brasil 
como tropical central. Pode-se sitar dois principais tipos de clima no município de 
Ubatuba, que são: 
• tropical litorâneo úmido ou tropical atlântico, com chuvas bem distribuídas 
ao longo do ano, sem estação seca e considerado como clima sub-quente 
com o mês mais frio possuindo temperatura média entre 15 a 18°C; 
• e o clima superumido quente, predominante, com o mês mais frio do ano 
possuindo temperaturas médias acima de 18ºC, na faixa junto ao Oceano 
Atlântico (início da Serra do Mar). 
A precipitação média anual é de 2.165mm, valor este, considerado altíssimo 
O mês mais quente é fevereiro, com temperatura média de 25,5°C e o mais frio é 
julho, com temperatura média de 18,4°C 
As precipitações médias mensais caracterizam uma distribuição de chuvas 
com maior concentração nas estações de primavera e verão, sendo o 1º trimestre 
como mais chuvoso e os meses de junho, julho e agosto como os menos chuvosos, 
conforme ilustram o quadro e o gráfico abaixo. 
 
Quadro 4.1: Precipitações máxima, mínima e média mensais e anual – Ubatuba/SP. 
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pmáx 642,60 838,70736,90 436,00 358,50 247,90 355,80 305,40 250,10 344,00 388,40 601,40 MÉDIA
Pmín 46,50 10,40 44,70 15,40 12,90 6,20 9,70 0,00 7,70 20,60 71,80 97,60 ANUAL
Pmédia 278,79 285,15 256,57 188,53 130,46 79,59 87,40 87,21 131,51 173,13 194,71 271,31 2.164,37 
Fonte: ANA/DAEE-SP (período: 1946 – 1995)
Precipitação Média Mensal e Anual na Microrregião - Posto Pluviométrico Ubatuba (mm)
 
 
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75 
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
1000,00
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
P
 (
m
m
)
meses
PRECIPITAÇÃO MENSAL
Pmáx
Pmín
Pmédia
 
Figura 4.1 - Precipitações máxima, mínima e média mensais e anual – Ubatuba/SP. 
 
Com base nos dados da estação pluviométrica de Ubatuba/SP, temos a 
seguir o quadro com o registro número máximo, mínimo e médio de dias de chuva 
por mês e total anual, para o período de 1946 a 1995. 
 
Quadro 4.2 - Dias de Chuva máxima, mínima e média mensais e anual – Ubatuba/SP. 
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Máx. Dias 29 26 26 27 27 26 27 22 24 23 25 25
Mín. Dias 6 1 6 5 1 2 3 0 6 9 8 11 ANUAL
Méd. Dias 17 14 16 14 11 9 9 10 13 16 16 18 163
Fonte: ANA/DAEE-SP (período: 1946 – 1995)
Dias de Chuva Média Mensal e Anual na Microrregião - Posto Pluviométrico Ubatuba (mm)
 
 
 
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76 
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
di
as
 d
e 
ch
uv
a
meses
DIAS DE CHUVA MENSAL
Máx. Dias
Mín. Dias
Méd. Dias
 
Figura 4.2 - Dias de Chuva máxima, mínima e média mensais e anual – Ubatuba/SP. 
 
Segundo o mapa climático brasileiro do IBGE, 2002, por uma pequena faixa 
litorânea o clima no local da obra é considerado Tropical Super úmido, justamente 
na faixa onde encontram-se as obras. 
 
 
Figura 4.3 - Mapa do clima brasileiro indicando a posição do municipio de Ubatuba. A 
cor verde indica o clima subquente enquanto que a cor lilás indica clima quente. 
Observa-se que o segmento da rodovia em questão está situado na total no clima 
quente e super-úmido. 
Ubatuba 
 
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77 
 
Figura 4.4 - Mapa de isoietas do clima brasileiro indicando a posição do municipio de 
Ubatuba com uma forte diferenciação climática na região. 
 
Tabela 4.1 - Temperaturas médias distribuídas ao longo do ano para a cidade de Ubatuba/SP. 
Fonte de consulta: Cepagri-Unicamp. 
MÊS mínima média máxima média média
JAN 21,0 30,0 25,5
FEV 21,0 31,0 26,0
MAR 21,0 30,0 25,5
ABR 19,0 28,0 23,5
MAI 16,0 26,0 21,0
JUN 14,0 25,0 19,5
JUL 14,0 24,0 19,0
AGO 14,0 25,0 19,5
SET 16,0 25,0 20,5
OUT 18,0 26,0 22,0
NOV 19,0 28,0 23,5
DEZ 20,0 29,0 24,5
Ano 17,8 27,0 22,4
Min 14,0 24,0 19,0
Max 21,0 31,0 26,0
TEMPERATURA DO AR (°C)
 
 
 
 
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78 
 
Figura 4.5 - gráfico da variação de temperatura da cidade de Ubatuba, mostrando 
também os índices de chuva mensias médios. 
 
4.1.2. Relevo 
A rodovia BR-101/SP, no segmento das obras destes projetos, atravessa uma 
região ora plana, ora ondulada, com altitudes que variam de poucos metros acima 
do nível do mar até aproximadamente 300m, junto à fronteira com o Estado do Rio 
de Janeiro. 
A montante da Rodovia nos pontos mais altos do Parque Estadual da Serra 
do Mar, nos limites do município de Ubatuba os picos mais altos chegam a 1500m 
acima do nível do mar formando grandes vales e montanhas. 
 
 
Figura 4.6 - Mapa em 3 dimensões do relevo de influência das obras, adaptado de Ladeira 
(2005), mostrando a localização dos pontos de instabilidades contratados. 
 
 
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79 
Segundo o mapa do relevo brasileiro disponibilizado pelo IBGE, a região é 
formada pela Serra do Mar integrando a cinturões móveis neoproterozóico. 
 
 
Figura 4.7 - Mapa de unidades de relevo do Brasil. A figura mostra as divisões das principais 
unidades de relevo. Salienta-se, em cor marrom, nos limites com o Oceano Atlântico a Serra 
do mar. 
 
4.1.3. Geologia e Geomorfologia 
A Rodovia BR/101 no litoral norte do Estado de São Paulo percorre, 
sobretudo, a Província Costeira que corresponde à área drenada diretamente para o 
mar e se constitui basicamente na Serrania Costeira onde se destacam as escarpas 
da Serra do Mar e na Baixada Litorânea com suas planícies separadas por esporões 
da serra e ponteadas por pequenas elevações que variam de colinas a morros. 
 
a) Províncias geológicas 
O território Estado de São Paulo pode ser dividido em cinco grandes regiões 
ou províncias geológicas, conforme aparece no Esboço da Figura 4.8: Planalto 
Ocidental, Cuestas Basálticas, Depressão Periférica, Planalto Atlântico e Província 
Costeira. 
As províncias geológicas são ambientes onde há predominância de uma 
determinada característica geomorfológica e os afloramentos predominantes de 
determinadas formações rochosas. As feições subordinadas do relevo constituem-se 
nas “Unidades Litoestratigráficas”. 
A Rodovia BR/101 no litoral norte do Estado de São Paulo percorre sobretudo 
a Província Costeira. 
 
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80 
A Província Costeira corresponde à área drenada diretamente para o mar e 
se constitui basicamente na Serrania Costeira onde se destacam as escarpas da 
Serra do Mar e na Baixada Litorânea com suas planícies separadas por esporões da 
serra e ponteadas por pequenas elevações que variam de colinas a morros. 
Já que o trecho rodoviário, onde se inserem os problemas de encosta que são 
o mérito deste trabalho, está relacionado apenas com essa província, a abordagem 
da Geologia Regional estará focada nas Unidades Litoestratigráficas que habitam 
essa região. 
 
 
Figura 4.8 – Esboço das províncias geológicas de São Paulo (adaptada de Carvalho et al, 
1991). 
Os problemas de encosta da Rodovia Rio-Santos (Rodovia Governador Mario 
Covas), em senso lato, estão relacionados com os relevos mais íngremes e estes, 
por sua vez, são constituídos por Unidades Litoestratigráficas do Proterozóico (ou 
Pré-Cambrianas).A unificação desse embasamento cristalino (que foi apresentado 
por Fúlfaro e Bjomberg, 1993) é mais útil para abordar a geologia da região. Cabe 
destacar que essa classificação proposta pelos autores é mais simplificada do que 
as propostas por Hasui et al (1994) e serve melhor aos propósitos da Geologia de 
Engenharia de Encostas. O arranjo das Unidades Litoestratigráficas do Proterozóico 
é ilustrado na Figura 4.9. 
O trecho da rodovia BR/101 em questão percorre a unidade litoestratigráfica 
do Complexo Costeiro. Além dessa unidade, são observados sedimentos recentes 
associados aos depósitos gravitacionais, fluviais e marinhos. As questões relevantes 
sobre a petrologia e aspectos geológico-geotécnicos desses ambientes são a seguir 
discutidos. 
 
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81 
 
Figura 4.9 – Unidades Litoestratigráficas do Embasamento Proterozóico (adaptado de IPT, 
1981). 
 
b) Complexo Costeiro 
O Domínio Costeiro é composto por rochas metamórficas de alto grau 
(gnaisses, migmatitos) e expressivos volumes de rochas graníticas, em boa parte 
intensamente deformadas. O caráter foliado desses granitos e a falta de estudos de 
maior detalhe fazem que, em áreas expressivas do Domínio Costeiro elas não se 
encontrem ainda discriminadas em mapa das suas rochas encaixantes. De qualquer 
forma, reconhece-se uma grande diversidade de associações de rochas graníticas, 
das quais as mais importantes são: 
• granitóides porfiríticos metaluminosos (com hornblenda e biotita como máficos 
principais), de afinidades cálcioalcalinas, geralmente transformados em 
ortognaisses, e formando corpos extensos, mas ainda não delimitados em 
mapas regionais; 
• granitos peraluminosos (biotita granitos porfiríticos, biotita-muscovita granitos 
e granada-turmalina leucogranitos), em diversas ocorrências menores 
associadas a migmatitos na orla costeira (regiões de São Sebastião e 
Guarujá); 
• os charnockitos e rochas associadas (mangeritos, hornblenda-granitos 
róseos), que constituem um extenso batólito (“charnockito de Ubatuba”) e 
 
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82 
ocorrências menores de granitos gnáissicos róseos, todos com afinidades 
com granitos de tipo A; corpos menores de granitos róseos isótropos, 
intrusivos nos ortognaisses. 
As rochas deste complexo se distribuem por toda a faixa costeira do Estado 
sendo os seus afloramentos interrompidos por coberturas dos sedimentos 
cenozóicos. Constituem-se de dominantemente de migmatitos, gnaisses, 
granitóides, granulitos e xistos com metamorfismo variando de fácies granulito a 
anfibolito, tendo sofrido, migmatização e granitização, em diversos graus. As 
datações disponíveis para o Estado de São Paulo são na maioria brasilianas 
(1.000Ma a 500Ma.), segundo Hasui & Oliveira (1984). 
Na região de influência do trecho (embora não relacionadas diretamente com 
o corpo estradal) aparecem suítes graníticas pós-tectônicas (tardiorogênica). Estas 
são compostas por corpos graníticos epizonais, de natureza intrusiva e discordante, 
com o desenvolvimento de auréolas termometarmórficas, associadas a freqüentes 
veios de diques aplíticos e micrograníticos. 
Em linhas gerais, pode-se agrupar as ocorrências litológicas através de um 
mapa simplificado que é apresentado na Figura 4.10. As formações rochosas ali 
descritas não têm como objetivo uma proposta de classificação, mas orientar o 
entendimento do arcabouço geológico e geomorfológico para cada uma das 
encostas tratadas neste projeto. 
 
 
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83 
 
 
 
Figura 4.10 – Mapa geológico simplificado do trecho 
 
c) Formação Ubatuba 
A formação Ubatuba é uma associação de granitos charnockitóides típicos do 
Neoproterozóico superior. Charnockitóide um termo aplicado para o hiperstênio 
granito (ou granitóides com presença de piroxênios). Os charnockitos são rochas 
muitas vezes de granulação grosseira e com feldspatos escuros. Ocorrem como 
corpos de dimensões variadas, desde decimétricas até quilométricas, podendo 
mostrar contatos desde intrusivos até transicionais, anatéxicos ou migmáticos, com 
as encaixantes geralmente granulíticas nos terrenos granulíticos a migmatíticos. 
No trecho, os afloramentos mais marcantes de charnockitóides correspondem 
ao “granito verde Ubatuba”, geralmente como infiltrações de espessuras moderadas 
em meio a um paragnaisse. 
 
d) Formação Paraty 
São granitóides calcialcalinos mais jovens do que a formação Ubatuba. No 
trecho, os afloramentos se encontram em região fortemente perturbada pelas falhas 
 
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84 
de transcorrência dextrais. Também ocorrem associados aos gnaisses e migmatitos 
típicos da região. 
 
e) Formação Parati-Mirim 
São afloramentos de granitóides peraluminosos semelhantes às intrusões da 
Suíte Serra das Araras, também são atrelados à transcorrência dextral próxima à 
divisa com o Rio de Janeiro. 
 
f) Complexo Rio Negro 
As rochas são bastante heterogêneas, com ortognaisses predominantemente 
tonalíticos, com metaquartzodiorito, metagabros, anfibolitos, ganisses granulíticos, 
todas ocorrências relacionadas com o neoproterozóico inferior (entre 630 e 790Ma). 
 
g) Formação Pico do Papagaio 
Tratam-se de granitóides foliados calcialcalinos com as seguintes 
associações: biotita-hornblenda-gnaisse com textura facoidal; biotita-gnaisse; biotita-
granito de textura porfirítica, todos com fácies entre granada e biotita. 
 
h) Estruturas tectônicas e deformações dúcteis 
Hasui & Oliveira (1984) sintetizaram a organização e evolução geotectônica 
do Estado de São Paulo. Os eventos (ciclos) tectônicos Jequié (> 3.300 a 2.500 
Ma.), Transamazônico (2.500 a 1.800 Ma.), Uruaçuano (1.800 a 1.000 Ma.) e 
Brasiliano (1.000 a 450 Ma.) se superpuseram em um padrão de desenvolvimento 
policíclico. 
No Proterozóico Superior o evento Brasiliano é precedido pela deposição dos 
sedimentos detríticos e químicos dos grupos São Roque e Açungui, com intrusivas 
máficas e ultramáficas e vulcânicas félsicas e máficas associadas. O evento 
Brasiliano estende-se até o Eopaleozóico (Cambro-Ordoviciano), iniciando-se com 
dobramentos precoces do Grupo Açungui e seu metamorfismo regional e 
migmatização parcial. Segue-se dobramento e metamorfísmo regional do Grupo São 
Roque e formação de granitóides sintectônicos (batólitos). Associados a essa etapa, 
encontram-se, além da deformação, migmatização, retrometamorfismo e 
rejuvenescimento isotópico das unidades mais velhas. No limite superior do 
Proterozóico ocorrem falhamentos transcorrentes com a formação das faixas de 
cisalhamento (grandes falhas regionais) e falhamentos de empurrão na região leste. 
Dobras antigas e falhas recentes são os principais componentesestruturais 
das rochas no trecho. São essas estruturas que influenciam sobremaneira o perfil 
 
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85 
geotécnico dos solos resultantes das rochas, não só como facilitadores de processos 
de intemperismo, mas também como condicionantes geomorfológicos. 
Destaca a intensa foliação entrecortadas por falhas de caráter regional na 
extensão de Ubatuba a te party. Os taludes de corte viário ou as encostas naturais 
no trecho são notavelmente influenciados pelas deformações dúcteis e rúpteis, 
portanto condicionados pela tectônica. 
 
4.1.4. Geotecnia 
 
a) Solos residuais e coluviais 
Como nas rochas metamórficas os solos costumam ser espessos, a maioria 
dos problemas de encosta na região está diretamente relacionada com solos 
saprolíticos ou saprólitos. Embora exista uma tendência de se considerar saprólitos 
como rocha alterada e não como solo, no âmbito desta proposta esses materiais 
serão agrupados como “solos residuais”. 
Nas rochas de textura granular como granitóides e ortognaisses, os solos 
residuais são predominantemente arenosos, podendo apresentar perfis de solo com 
espessuras pequenas até mais de dez metros, sendo mais espesso conforme a 
maior influência da tectônica e do grau de metamorfismo na rocha, sendo comum a 
ocorrência de matacões imersos. 
Nas rochas com estrutura xistosa como os paragnaisses bandeados 
(estromatíticos), xistos migmatizados e assemelhados, os solos são 
predominantemente argilo-siltosos ou silto-argilosos, em geral com grandes 
espessuras (são conhecidos casos com mais de 50 metros) e apresentando a 
foliação bem preservada. As diferenças dos perfis de solos residuais nas encostas 
dessas duas características litoestratigráficas são ilustradas na Erro! Fonte de 
referência não encontrada.. 
As características mecânicas dos solos residuais de rochas metamórficas 
dessa região foram sistematizadas por Souza Pinto et al (1993) em um conjunto de 
ensaios de laboratório em cerca de 40 amostras, cujos resultados são 
sistematizados na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Porém cabe 
destacar que esses estudos estatísticos devem ser empregados com cautela porque 
as propriedades dos solos residuais de rochas metamórficas possuem uma 
heterogeneidade muito grande e são fortemente condicionados pela estrutura e 
composição mineralógica da rocha-mãe. 
Os corpos de tálus ocorrem comumente nessas regiões acidentadas dos 
Complexos Costeiros e Planalto Atlântico, desde o sopé até as partes médias das 
vertentes. Geralmente tálus e colúvios aparecem intercalados com depósitos de 
leques aluviais e podem exibir artesianismo quando soterram falhas de recarga 
regional. Colúvios no trecho costumam manifestar rastejo por escoamento. Porém, 
 
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86 
como esses movimentos não estão associados aos locais que são objetos desta 
licitação, os colúvios não serão aqui discutidos. 
 
(A) (B) 
Figura 4.11 – Comparação dos perfis dos solos residuais nas encostas: (A) de rochas 
com fácies granulíticas; (B) de rochas com fácies xistosas (adaptado de Carvalho, 
1991). 
 
A tabela abaixo resume as propriedades mecânicas dos solos residuais 
existentes na região. 
 
Tabela 4.2 – Síntese dos resultados de propriedades mecânicas dos solos residuais (extraído 
de Souza Pinto, et al, 1993). 
Rocha 
parental 
LL(%) IP(%) Argila e kv(m/s) kh(m/s) c(kPa) φφφφ° cr(kPa) φφφφr° D(kPa) 
Micaxisto 43 18 15% 0,79 2,0E-5 1,1E-6 
20 30 
- - 14.300 
40 31 
Gnaisse 
Xistoso 48 22 28% 1,21 5,7E-5 3,9E-6 14 30 - - 6.740 
Gnaisse 
Granulítico NP NP 7% - - - 0 32 - - - 
Migmatito 
Xistoso 46 19 20% 1,09 1,1E-6 2,6E-6 18 28 10 16 10.000 
Migmatito 
Granulítico NP NP 13% 0,9 - - 
32 30 
10 19 - 
19 31 
Metabasito 67 32 50% 1,59 6,4E-6 2,9E-5 
22 26 
- - 14.570 
10 33 
 
b) Influência das estruturas reliquiares 
A Estrutura Reliquiar ou também denominada de Estrutura Residual está 
relacionada com os solos residuais cujo comportamento mecânico é comando pela 
estrutura da rocha parental (rocha–mãe). A tectônica rúptil possui influência 
marcante na estrutura reliquiar de todos os tipos de solos residuais. No caso de 
 
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rochas metamórficas, a xistosidade promove estruturas reliquiares tão importantes 
quanto àquelas devidas às falhas ou fraturas. 
A Estrutura Xistosa é própria das rochas metamórficas e é caracterizada pela 
orientação mais ou menos paralela dos seus minerais, especialmente aqueles de 
hábito lamelar (como as micas, cloritas e sericitas) e prismático (anfibólios e 
piroxênios). Tal disposição orientada define um plano de descontinuidade que facilita 
a divisibilidade ou foliação da rocha segundo planos paralelos ou subparalelos. 
A influência das estruturas reliquiares nos problemas de instabilidades de 
taludes de corte e nas encostas naturais na BR/101 no norte do Estado de São 
Paulo é notável, conforme será discutido neste capítulo. Uma representação 
esquemática dessas ocorrências consta na Erro! Fonte de referência não 
encontrada.. 
Também é importante destacar que nas proximidades da divisa com Paraty, a 
rodovia percorre uma região que é fortemente influenciada pelos grandes 
falhamentos regionais (cisalhamento transcorrente) onde o metamorfismo 
cataclástico produz milonitos. 
 
 
Figura 4.12 – Instabilidades típicas que são condicionadas por estruturas de 
descontinuidades: (A) erosões e escorregamento em cunhas, (B) escorregamentos 
planares segundo xistosidade mergulhante ou junta de alívio (adaptado de Carvalho, 
1991). 
 
c) Produto do intemperismo e pedogênese 
Gnaisses xistosos de estrutura bandeada (estromatítica) ou migmatizados 
geram produtos de intemperismo muito heterogêneos. A razão dessa 
heterogeneidade está nessa alternância de camadas de minerais diferentes na 
rocha parental, uma vez que o intemperismo terá velocidade diferente nas camadas 
e gerando também produtos distintos. 
 
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Os neossomas granulíticos (ou bandas claras da rocha) são ricos em 
feldspato potássico e quartzo, o que torna seu intemperismo mais lento. O produto 
são solos com argilo-minerais mais estáveis como as ilitas e caulinitas, além de 
possuírem areia com granulometria mais grosseira. 
Os paleossomas xistosos micáceos ou anfibolíticos (bandas escuras da 
rocha) são ricos em minerais ferro-magnesianos e feldspatos calco-sódicos, o que 
torna seu intemperismo mais rápido. O produto são solos siltosos ou argilosos, com 
pouca ou nenhuma areia e com argilominerais de comportamento expansivos do 
grupo das esmectitas (nontronitas, cloritas, montmorilonitas, serpentinas, etc). 
O solo residual de gnaisses, xistos e suas variações(gnaisses xistosos, 
migmatitos, etc) é caracterizado pela alternância de camadas com propriedades 
diferentes. Isso porque as bandas mais claras da rocha primitiva exibem solos mais 
resistentes ou até pouco alterados, enquanto que as bandas mais escuras exibem 
solos muito sensíveis à umidade, muitas vezes devido à presença de argilominerais 
expansivos. 
Outros aspectos devem ser considerados nos solos de alteração de rochas 
metamórficas: o hidrotermalismo e a iluviação de argilas. 
O primeiro fenômeno é causador de intemperismos mais acelerados em 
regiões de fluxo ascendente de vapor, da mesma forma que pode ser promotor de 
veios de quartzo muito resistentes que são freqüentes na área. Já o segundo 
fenômeno permite que argilominerais gerados nos horizontes superiores sejam 
conduzidos para porções inferiores, preenchendo fraturas preexistentes e reduzindo 
a resistência dessas juntas. 
 
d) Anisotropia e perda de sucção 
Outro aspecto relevante que por vezes condiciona os movimentos, 
especialmente os planares, são a perda de sucção por saturação e a concordância 
do movimento com as foliações reliquiares. A Erro! Fonte de referência não 
encontrada. mostra essas variações registradas em dois taludes de solo residual de 
gnaisse migmatizado, nos quais foram realizados ensaios de cisalhamento direto, 
variando-se a orientação e a saturação. A variação da sucção, que é determinada 
pela relação entre a coesão inundada e a coesão na umidade natural, pode se 
apresentar com valores da ordem de 30%. A anisotropia da resistência ao 
cisalhamento, medida como a resistência ao cisalhamento paralelo e ortogonal às 
foliações, mostrou-se maior na coesão do que no ângulo de atrito interno. 
 
 
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Tabela 4.3 – Perda de sucção e anisotropia identificada em ensaios de laboratório realizados 
com amostras de solos saprolíticos de gnaisses. 
Ensaio 
Caso 1 Caso 2 
c (kPa) φφφφ (°) (°) (°) (°) c (kPa) φφφφ (°) (°) (°) (°) 
Perpendicular à Foliação (Umidade Natural) 43 33 39 33 
Perpendicular à Foliação (Inundado) 14 31 26 30 
Paralelo à Foliação (Umidade Natural) 30 33 34 32 
Paralelo à Foliação (Inundado) 4 30 10 29 
Perda de sucção 23% 48% 
Anisotropia 49% 98% 63% 97% 
 
4.1.5. Erodibilidade e Fertilidade 
 
a) Escorregamentos recorrentes 
Os principais problemas nos taludes e encostas naturais no ambiente 
geológico-geotécnico da Região que engloba as obras licitadas são: 
� Degradação e estufamento de taludes de corte onde estão presentes 
saprólitos com argilominerais expansivos, em decorrência de ciclos de 
saturação e secagem; 
� Erosão em sulcos ou diferenciada em função da heterogeneidade do 
material e da textura siltosa dos solos resultantes, na grande maioria dos 
casos condicionada por estruturas reliquiares de fraturas ou falhas; 
� Escorregamento de solo residual pouco espesso sobre rocha 
(escorregamento planar) em regiões de manifestação de rochas granito-
gnáissicas; 
� Escorregamento de grandes massas ou cunhas de solo ou de saprólito de 
rochas com estrutura xistosa migmatizadas ou milonitizadas, fortemente 
condicionadas por atitudes desfavoráveis das estruturas reliquiares; 
� Escorregamento de massas coluviais cujo pé foi removido por escavações 
ou por erosão; 
� Queda de blocos de rocha ou de litólitos de rochas granito-gnáissicas em 
cortes rochosos onde as descontinuidades apresentam-se com atitude 
desfavorável. 
É importante salientar que os processos de degradação e de erosão 
geralmente alteram a geometria do terreno natural ou dos taludes viários. Essa 
alteração prepara o terreno para escorregamentos planares, em cunhas. As erosões 
e as rupturas planares ou em cunha, por sua vez, preparam o terreno para 
escorregamentos maiores que podem ser retrogressivos. 
 
 
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b) Fertilidade dos Solos locais 
Poucos trabalhos são realizados para a obtenção da fertilidade dos solos no 
município, isso provavelmente se deve ao baixo interesse agrícola da região. 
Estudos realizados em Bertioga/SP Litoral Paulista (litologia bastante similar) 
explicam que as variações sedimentológicas e topográficas dos ambientes 
deposicionais, grande parte dos terrenos encontrados ao longo da rodovia, 
condicionam diferentes tipos de solos, os quais aparecem em forma de associações 
dentro de cada Unidade Geológica Quaternária, tendo sido encontrados uma 
diversidade bastante grande de solos. 
Os resultados das análises químicas indicam que em geral, todos os solos 
são hálicos, com teores de Al atingindo 90% em (LHF e LMP), e ácidos, com pH em 
torno de 3,5 indistintamente. Apresentam SB < 10 mmolc/dm-3 e V% muito baixos 
(~15%) .Dentre os parâmetros analisados, o P se destaca por ser bastante elevado 
e responde às variações de MO no perfil. 
Os solos de litoral apresentam peculiaridades e características distintas dos 
outros solos do Estado de São Paulo, principalmente no que se refere aos teores e 
distribuição ao longo do perfil das bases (K, Ca Mg), do Al, do P e da MO. 
 
4.1.6. Pedologia 
Segundo o Mapa Geológico do Estado de São Paulo, a região onde atravessa 
a rodovia BR-101/SP no segmento solicitado, encontra-se a Formação Ubatuba, que 
é uma associação de granitos charnockitóides típicos do Neoproterozóico superior. 
Estes granitos formam solos arenosos e siltosos de classificações Pedológicas 
seguintes: 
- Cambissolo úmico distrófico – Solos com baixa saturação por bases (álcalis) 
especialmente no primeiro metro. 
- Chernossolo argilúvico férrico – Solo com elevado teor de óxido férrico 
especialmente no primeiro metro do horizonte B. Este, coberto pelo horizonte A 
Chernozenico. 
- Neossolos litólicos – Solos presentes em declividades mais acentuadas. 
 
4.1.7. Hidrografia 
A hidrografia da área que engloba as obras deste contrato é definida pela 
Bacia Hidrográfica do Litoral Norte de São Paulo cuja macro-região hidrográfica é a 
Bacia do Atlântico Sudeste, recorte hidrográfico da ANEEL SB-81 e recoste 
hidrográfico estadual UGRHI-3 (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos). 
 
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Para tal bacia a CBH-LN (Comitê das Bacia Hidrográficas do Litoral Norte) se 
responsabiliza pela recuperação, preservação e conservação dos recursos hídricos 
e do meio ambiente no litoral norte do estado de São Paulo. 
As Principais características da Bacia Hidrográfica do Litoral Norte Paulista 
são: 
• Domínio Estadual: SP; 
• Total da Área de Drenagem: 1977km²; 
• Pluviosidade média anual: 2.700mm; 
• Vazão média natural da Sub-bacia: aproximadamente 105m³/s; 
• Número de municípios: 4; 
• População estimada Total: 200.000 pessoas. 
 
Segundo o Conselho estadual de Recursos Hídricos (1990) a disponibilidade 
hídrica subterrânea desta bacia está dividida em duas reservas, porém, apenas14% 
dos núcleos urbanos utilizam este recurso: 
• Reserva Cristalino: com vazão estimada de 5 a 30 m³/h e ocorre em 85,3% 
da área do Litoral Norte, ou seja, 1686 km², em profundidades que variamde 100 a 150m em rochas ígneas e metamórficas do embasamento Pré-
cambriano (xistos, migmatitos e granitos), além de horizontes de rochas 
intemperizadas. Capacidade de 0,001 a 7m³/h/m. 
• Reserva Litorâneo: com vazão de 3 a 20 m³/h e ocorre em 1,7% da área do 
Litoral Norte, ou seja, 291 km², em profundidades que variam de 100 a 
200m em sedimentos arenosos intercalados com camadas argilosas e 
siltosas. Capacidade de 0,1 a 3 m³/h/m. 
A demanda hídrica da UGRHI Litoral Norte de 0,41 a 2,65 m³/s é muito menor 
que a disponibilidade que é de 19,6m³/s baseada na estimativa da população fixa e 
flutuante da região da bacia. 
 
As principais caracterizações quanto à utilização das águas da bacia são: 
 
• Abastecimento público SABESP: A quantidade de derivações superficiais 
para este uso totaliza 24 pontos na área da UGRHI; 
• Lançamentos públicos de esgoto doméstico SABESP: Existem 27 pontos 
de lançamento em operação na UGRHI. 
 
De acordo com os dados da SABESP, todos os municípios da UGRHI-3 
utilizam, prioritariamente, as águas superficiais para o abastecimento público, 
captando, no total, 2.178.744 m³ por mês. Por seu turno, a vazão total de esgotos, 
segundo a SABESP, é estimada em 0,376 m³/s. Entretanto, no caso do uso 
 
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industrial, de acordo com o cadastro do DAEE (1999), não há captações e 
lançamentos outorgados, embora, estejam registradas no cadastro 05 (cinco) 
captações superficiais e seis lançamentos. A irrigação e a dessedentação de 
animais nesta região são pouco expressivas, não acompanhando o ritmo acelerado 
que se verifica, em ambos os usos, nas bacias hidrográficas do planalto paulista. 
 
Dentro desta Bacia existem 34 unidades de Sub-bacias (ver Figura 4.13), 
cujos Pontos de instabilidade geotécnica licitados estão situados nas seguintes Sub-
bacias: 
 
Sub-bacias do Rio Fazenda/Bicas: 
• Abrangem os Pontos 1 (km 0+600), 3 (km 4+700) e 4 (km 5+600); 
• Área: 80,1km²; 
• Vazão média: 3,33 m³/s 
• Município: Ubatuba; 
• Localizada no Extremo norte do município de Ubatuba, esta bacia é 
formada pelos Rios das Bicas, da Fazenda e Córrego Duas Irmã. 
• Compreende as praias: do Camburi, das Couves, Picimguaba, das Bicas, 
da Fazenda e Brava. 
 
Sub-bacia do Rio Iriri/Onça: 
• abrangem o Ponto 5 (km 18+000); 
• Área: 74,4km²; 
• Vazão média: 1,09 m³/s 
• Município: Ubatuba; 
• Compreendem os rios Ubatumirim, Iriri e da Onça, tendo os rios de 
Ubatumirim e da Onça como drenagens principais. 
• Os rios principais deságuam na praia do Ubatumirim 
 
Sub-bacia do Rio Purumim: 
• abrange o Ponto 6 (km 21+500); 
• Área: 21km²; 
• Vazão média: 0,92m³/s 
• Município: Ubatuba; 
 
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• É uma das poucas sub-bacias da região que não parte do topo da Serra do 
Mar. 
• O deságüe ocorre na praia do Meio e na praia do Félix. 
 
• Sub-bacia do Rio Itamambuca 
• abrangem os Pontos 8 (km 31+100), 9 (km 32+900) e 10 (km 33+800). 
• Área: 56,4km²; 
• Município: Ubatuba; 
• Compreende o rio Itamambuca. 
• O deságüe ocorre na praia de Itamambuca, bastante freqüentada por 
turistas. Existem também pequenas drenagens que fluem para a praia 
Vermelha do Norte. 
Os corpos hídricos não sofrem interferência com a realização das obras, pois 
as maiores proximidades entre obra e corpo hídrico encontra-se no ponto 1 e no 
ponto 5, distando 500m do córrego Duas Irmãs e 1000m do rio Iriri, respectivamente. 
Embora nenhum Ponto, objeto deste contrato, interfere diretamente nas 
águas correntes (rios, córregos, etc.), bem como nas áreas de APP (em mata ciliar) 
devido a distâncias significativamente seguras das ações das obras, quando há 
ocorrência de chuvas, os dispositivos de drenagem existentes na rodovia devem 
funcionar corretamente de forma a não prejudicar o caminho natural das águas de 
montante. 
A obra mais significativa do ponto de vista de drenagem é a obra do Ponto 9 
cujo o bueiro existente recolhe as águas de um talvegue que tem drenagem 
diretamente para a Praia de Itamambuca. O estudo da bacia de contribuição para tal 
dispositivo foi realizado, e apresenta as seguintes características: 
• Área: 0,23km²; 
• Comprimento do talvegue: 1,23 km; 
• Declividade efetiva: 0,42 m/m; 
• Coeficiente de deflúvio: 0,45; 
 
 
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Figura 4.13 - Mapa das Sub-bacias da Bacia do Litoral Norte Paulista. Fonte: CBH-LN 
 
 
Figura 4.14 - Carta vetorizada destacando as rede fluviais e de drenagem na região das 
obras . 
 
 
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4.2. Diagnóstico do Meio Biótico 
4.2.1. Flora 
Ubatuba está inserido no Bioma Mata Atlântica, o ecossistema está 
caracterizado por estar recoberto por uma floresta primária (floresta ombrófila densa 
montana) entremeada por manchas de floresta atlântica em regeneração. 
Segundo o Mapa de Vegetação do IBGE (2003), a vegetação regional está 
sobre uma região de relevo acidentado e vegetação primária e secundária de Mata 
Atlântica. A mata atlântica também apresenta grande diversidade de espécies, 
sendo que grande parte dela está ameaçada de extinção. 
Algumas das principais famílias arbóreas encontradas na região são 
mostradas na tabela abaixo com o número de espécies entre parênteses. 
 
 
 
A ocupação humana ao longo e além da faixa de domínio descaracterizou a 
natureza local. Cortes e aterros configuram, hoje, o trecho da rodovia BR-101/SP. 
 A floresta ombrófila densa, assentada nas escarpas íngremes da Serra do 
Mar, apresenta, na região, mais de 117 espécies arbóreas, sendo cerca de 30% 
consideradas espécies raras. No total há cerca de 645 espécies de plantas na 
unidade, incluindo ervas, epífitas, lianas, arbustos e árvores. A costa norte 
apresenta-se com poucos remanescentes dos ambientes de restingas, sendo o 
Núcleo Picinguaba do PESM um dos únicos locais que o protegem no litoral norte. 
Além do ecossistema de restinga a paisagem é composta por mangue, próximo à 
Vila de Picinguaba, e praias (Plano de Manejo do PE Serra do Mar – Governo do 
Estado de São Paulo, 2006). 
Nos projetos deste contrato não há previsão de corte ou remoção de qualquer 
tipo de espécie arbórea, seja ela nativa ou exótica. 
Na maioria dos pontos, as obras serão executas sobre aterros da época da 
construção da rodovia em locais onde não há presença de vegetação ou há 
vegetação rala e descaracterizada. No restante dos pontos, onde ocorreu a 
decapagem do solo orgânico, ocasionadas pelos acidentes geotécnicos, preocupo-
se com a reconstituição vegetal e incluiu-se nos projetos soluções de bioengenharia. 
 
 
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Figura 4.15 - Áreas prioritárias para conservação vegetal, segundo mapa do Projeto de 
Plano de Manejo do Parque estadual da Serra do Mar (2006). 
 
Na Figura 4.15, o mapa mostra as áreas de conservação vegetal. Observa-se 
que a rodovia BR-101/SP é marcada por uma “traço” com prioridade de conservação 
baixa. 
 
4.2.2. Fauna 
A fauna no local inclui as espécies existentes na mata atlântica, embora a 
presença de animas, próximo a rodovia, se torna escassa pela movimentação de 
veículos e ocupação humana. Há uma grande diversidade de espécies que estão 
inclusas na área de proteção do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo 
Picimguaba, que vai desde manguezais até espécies marinhas. 
Dentro do Núcleo de Picimguaba do Parque Estadual da Serra do Mar foram 
registradas 60 espécies de mamíferos, 62 espécies de anfíbios e 22 de répteis. 
Entre os núcleos do parque, é o que conta com o maior número de estudos, tanto de 
anfíbios quanto de répteis. Em relação às espécies ameaçadas de extinção ou 
vulneráveis, algumas delas já foram registradas no interior deste núcleo, como é o 
caso do muriqui e do queixada (mamíferos) e duas espécies de anfíbios, 
Chiasmocleis carvalhoi (em perigo) e Physalaemus atlanticus (vulnerável). 
Provavelmente também ocorre a tartaruga Hydromedusa maximiliani. (Plano de 
Manejo do PE Serra do Mar – Governo do Estado de São Paulo, 2006) 
 
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Figura 4.16 - Áreas prioritárias para conservação de mamíferos, segundo mapa do 
Projeto de Plano de Manejo do Parque estadual da Serra do Mar (2006). 
 
 
Figura 4.17 - Áreas prioritárias para conservação de avifauna, segundo mapa do 
Projeto de Plano de Manejo do Parque estadual da Serra do Mar (2006). 
 
 
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Figura 4.18 - Áreas prioritárias para conservação de anfíbios e répteis, segundo mapa 
do Projeto de Plano de Manejo do Parque estadual da Serra do Mar (2006). 
 
Durante as obras deste contrato não ocorrerão ações impactantes perante a 
fauna local, pois as ocorrências das obras, praticamente, se limitam a extensão da 
rodovia e bastante aquém, até mesmo, dos limites da faixa de domínio. 
 
4.2.3. Remanescentes de Fitofisionomia 
 
O Município de Ubatuba tem área de 21.061 km². Sendo que 100% de sua 
área está inserida na Mata Atlântica. Hoje se encontra 54.758 km² de área 
remanescente da floresta e 5.509 km² de área de mangue. Assim, a área de 
vegetação Nativa atual é de 60.289 km² representando 85% do Território municipal. 
 Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica (2008) O Estado de São Paulo 
apresenta os seguintes Remanescentes Florestais: formações florestais (primárias e 
secundárias (secundárias em estágio avançado de regeneração) de Floresta 
Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, 
assim como as transições entre estas; Remanescentes de Vegetação de Restinga: 
refere-se à cobertura vegetal típica de terrenos arenosos da área litorânea, 
englobando formações arbustivas e florestais. Sua discriminação foi feita com base 
nos limites visíveis de vegetação nas imagens e também de acordo com a 
distribuição espacial dos cordões litorâneos arenosos livres de ação antrópica. 
Foram incluídas nesta classe as áreas de Floresta Ombrófila Densa das terras 
baixas, ou Restinga Higrófila; Remanescentes de Vegetação de Mangue: cobertura 
vegetal litorânea característica de ambientes salobros. 
 
 
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Figura 4.19 - Mapa da região de Ubatuba mostrando os remanescentes vegetais da 
Mata Atlântica. Observa-se também a descaracterização da floresta original ao longo 
do percurso da rodovia (traço branco). Em verde a floresta remanescente e marrom os 
mangues. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica (2008). 
 
4.2.4. Áreas de Proteção Permanente – APP 
As Áreas de Preservação Permanente são áreas de grande importância 
ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os 
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo 
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações 
humanas. Como exemplo de APP estão as áreas de mananciais, as encostas com 
mais de 45 graus de declividade, os manguezais e as matas ciliares. Essas áreas 
são protegidas pela Lei Federal nº 4.771/65 (alterados pela Lei Federal nº 7.803/89). 
Qualquer intervenção em APP deve requerer autorização do DEPRN. Caso 
contrário, será considerado crime ambiental, conforme dispõe a Lei Federal nº 
9.605/98. 
As obras serão executadas em locais justapostos a rodovia existente, dentro 
da faixa de domínio, e suficientemente longe de cursos d’água. Sendo o ponto 1 o 
mais próximos de cursos d’água ficando aproximadamente a 500 m da Cachoeira da 
escada. 
Na execução destas obras, nenhum tipo de ação impactante está previsto 
perante as APP. 
 
4.2.5. Unidade de Conservação 
Tem como objetivo: “a preservação de ecossistemas naturais de grande 
relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas 
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação 
Ubatuba 
Praia de Itamambuca 
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR 
Praia de Ubatumirim 
OCEANO ATLÂNTICO 
 
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100 
ambiental, na recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. É de 
posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites 
serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. A visitação pública está 
sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às 
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e aquelas 
previstas em regulamento. A pesquisa científica depende da autorização prévia do 
órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e 
restrições por este estabelecidas, bem como aquelas previstas em regulamento. 
As unidades dessa categoria quando criadas pelo Estado ou Município, serão 
denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.” 
A prefeitura municipal de Ubatuba dispõe do mapa de ocupação municipal, 
mapa de bairros e o mapa de zoneamento de acordo com a lei municipal número 
711 de 14 de fevereiro de 1984. 
Afirma-se que 83% da área do município de Ubatuba está inserido no Parque 
Estadual da Serra do Mar – núcleo de Picimguaba, que tem área total de 47,5 km², 
área esta, protegida pelas autoridades.

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