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Caso concreto 2

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DIREITO PENAL III - CCJ0110
SEMANA 2
JONATHAN CONDACK DE SOUZA - 201608012832
CASO CONCRETO
HORTÊNCIA, maior, que fora vítima de estupro perpetrado com violência real, interrompeu ela mesma, na sua própria residência, a gravidez resultante do crime contra a liberdade sexual, causando a destruição do produto da concepção, para o que se valeu de meios mecânicos obstétricos diretos e de informações, que, para o abortamento, foram lhe fornecidos pelo enfermeiro ALEXANDRINO. A gestante, em consequência dos meios empregados na provocação do aborto, sofreu lesão corporal de natureza grave.
Identifique justificadamente a conduta de HORTÊNCIA e ALEXANDRINO.
Resposta: 
	Hortência praticou o crime de autoaborto (art. 124, CP), e Alexandrino será partícipe do mesmo crime, respondendo ainda por lesão corporal culposa. Tem-se assim um concurso formal perfeito praticado por ele, uma vez que somente quis concorrer para o aborto, não tendo a intenção de causar a lesão, tampouco tendo assumido o risco.
Hortência: Art. 124, CP
Alexandrino: Art. 124 c/c art. 129, §6º n.f. art. 70, CP
DOUTRINA
Sobre o aborto em caso de estupro, Nelson Hungria diz que “nada justifica que se obrigue a mulher estuprada a aceitar uma maternidade odiosa, que dê vida a um ser que lhe recordará perpetuamente o horrível episódio da violência sofrida. Trata-se do aborto também denominado aborto sentimental. Sua permissão originou-se nas guerras de conquista, quando mulheres eram violentadas por invasores execrados, detestados, e deveriam, caso não interrompida a gravidez decorrente da cópula forçada, arcar com a existência de um filho que lhes recordaria sempre a horrível experiência passada.” (Comentários ao Código Penal, RJ, ed. Forense, 1955, vol. V, p. 304)
Já Maria Helena Diniz discorre sobre o direito à vida e o aborto de uma forma diferente: “A vida é igual para todos os seres humanos. Como então se poderia falar em aborto? Se a vida humana é uma bem indisponível, se dela não pode dispor livremente nem mesmo seu titular pra consentir validamente que outrem o mate, pois esse consenso não terá o poder de afastar a punição, como admitir o aborto, em que a vitima é incapaz de defender-se, não podendo clamar por seus direitos? Como acatar o aborto, que acoberta em si, seu verdadeiro conceito jurídico: assassinato de um ser humano inocente e indefeso? Se a vida ocupa o mais alto lugar na hierarquia de valores, se toda vida humana goza da mesma inviolabilidade constitucional, como seria possível a edição de uma lei contra ela? A descriminalização do aborto não seria uma incoerência do sistema jurídico? Quem admitir o direito ao aborto deveria indicar o princípio jurídico de qual ele derivaria, ou seja, demonstrar cientifica e juridicamente qual principio seria superior ao da vida humana, que permitiria sua retirada do primeiro lugar da escala de valores? A vida extra-uterina teria uma valor maior que a intra-uterina? Se não se levantasse a voz para defesa da vida de um ser humano inocente, não soaria falso tudo que se dissesse sobre os direitos humanos desrespeitados? Se não houver respeito a vida de uma ser humano indefeso e inocente, por que iria alguém respeitar o direito a um lar, a um trabalho, a alimentos, à honra, à imagem etc. Como se poderá falar em direitos humanos se não houver a preocupação com a coerência lógica, espezinhando o direito de nascer?” (disponível em http://www.folhadajabuticaba.com.br/maria-helena-diniz/reflexoes-sobre-a-descrimin.html) 
Cláudia Franco, em seu artigo “a possibilidade jurídica do aborto” explicita as ideias acima mencionadas, analisando os fatos e chega a uma conclusão acerca do assunto: 
“Segundo estimativas do Ministério da Saúde, cerca de 200 mil brasileiras realizam abortos todos os anos, em clínicas clandestinas, em condições precárias, correndo grande risco de vida. Muitas delas morrer por complicações decorrentes de procedimentos mal realizados. Segundo o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a questão é um problema de saúde pública.  O aborto no Brasil é uma realidade, e os legisladores precisam se adaptar a ela. 
A Constituição Federal, que garante o direito à vida, não deveria também garantir o direito à vida destas mulheres que, marginalizadas, não tem outra opção senão a de arriscar suas vidas em clínicas clandestinas? E, não fosse suficiente a violência física, mental e até mesmo moral que enfrentam, ainda são consideradas criminosas pela legislação em vigor, que se encontra ultrapassada em relação à sociedade atual, principalmente no que diz respeito ao papel da mulher. 
Assim, a norma penal se torna ineficaz, pois com o intuito de se proteger a vida do feto, acaba por se violar as garantias da gestante, como a garantia à saúde, à dignidade, à liberdade e até mesmo à vida, tendo em vista que as intervenções abortivas realizadas em clínicas abortivas muitas vezes apresentam alto risco de mortalidade. 
Com base nestes princípios – a garantia à saúde, á liberdade, à intimidade e ao direito de dispor do próprio corpo - entendo possível a descriminalização do aborto no Brasil, de forma que os direitos da mulher possam ser reconhecidos e que ela possa dispor de assistência integral e apoio no tocante à decisão de não levar a termo uma gravidez indesejada. Creio que deve haver, no entanto, um limite temporal para a interrupção da gravidez, uma vez que o risco para a gestante aumenta conforme o decurso do tempo, como prevê o projeto de lei nº 1.135/91, que autoriza o aborto até a 12ª semana de gravidez.” (Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo _id=2730).
JURISPRUDÊNCIA
ABORTO. AUTOPROVOCACAO. INTERVENCAO POSTERIOR. ENCAMINHAMENTO MEDICO. ABSOLVICAO CONFIRMADA. A PROVA RECONSTROI PELA AUTOPROVOCACAO DO ABORTO, ONDE A INTERVENCAO DA RE FOI MAIS DE VERIFICACAO E ENCAMINHAMENTO IMEDIATO AO MEDICO. ASSIM A ABSOLVICAO ESTA FUNDADA NA PROVA, NAO A CONTRARIANDO. (Apelação Crime Nº 686036898, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Milton dos Santos Martins, Julgado em 23/10/1986)
(TJ-RS - ACR: 686036898 RS, Relator: Milton dos Santos Martins, Data de Julgamento: 23/10/1986, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia)
QUESTÕES OBJETIVAS 
1) Exemplo de abortamento legal é o
a) Aborto eugênico
b) Aborto miserável
c) Aborto sentimental praticado por médico
d) Aborto honoris causa.
2) Infanticídio:
a) É crime de mão própria.
b) É crime próprio.
c) Não cabe tentativa.
d) É crime de perigo.

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