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Resposta à acusação Lana

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA – CE.
GABRIELA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-assinado, na ação penal promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, vem, respeitosamente, à Vossa Excelência apresentar com fulcro nos artigos 396 caput e 396-A do Código de Processo Penal, a presente
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos;
I. DOS FATOS
No dia 24 de dezembro de 2010, a ré foi abordada no interior de um supermercado e acusada de ter escondido na roupa 02 (dois) pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$ 18,00 (dezoito reais). Após a conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu a denúncia contra a ré pela prática do crime do artigo 155, caput, c/c o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal.
No dia 18 de janeiro de 2011, o Magistrado recebeu a denúncia e concedeu liberdade provisória à ré. No dia 16 de março de 2015, a ré e o advogado compareceram ao cartório, sendo informados que o processo estava tramitando, momento em que foi citada e intimada para apresentar a peça cabível.
II. DO DIREITO
a) DA PRESCRIÇÃO
A ré foi denunciada pela prática do crime do artigo 155, caput, c/c o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. A pena máxima do delito de furto tentado é de 2 anos e 8 meses de reclusão. Logo, o prazo prescricional é de 8 anos, nos termos do artigo 109, inciso IV, do Código Penal. Todavia a ré era menor de 21 anos de idade à época do fato, já que nascida em 28/04/1992 e os fatos ocorreram em 24/12/2010, o prazo prescricional deverá ser contado pela metade, conforme dispõe o artigo 115 do Código Penal. Assim, o prazo prescricional, no caso, é de 4 anos.
Considerando que a denúncia foi recebida em 18/01/2011 e até pelo menos o dia 16/03/2015 não havia publicação de eventual sentença penal condenatória, conclui-se que incidiu no caso de prescrição de pretensão punitiva do Estado, já que entre o recebimento da denúncia até o dia 16/03/2015 já se passaram mais de quatro anos.
Logo, incidiu a causa de extinção de punibilidade pela prescrição, prevista no artigo 107, inciso IV, do Código Penal, ensejando, no caso, a absolvição sumária da ré, com base no artigo 397, inciso IV, do Código Penal.
b) DO ESTADO DE NECESSIDADE E FURTO FAMÉLICO
A ré foi denunciada pela prática do delito de furto tentado. Todavia, a ré agiu em estado de necessidade, uma vez que, não aguentando mais a situação de ver o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, em como por não conseguir emprego ou ajuda, decidiu ingressar no supermercado e pegar 02 (dois) pacotes de macarrão para alimentar o filho.
	Logo, trata-se, no caso, de furto famélico, causa de exclusão de ilicitude, consistente no estado de necessidade, previsto no artigo 24 do Código Penal, uma vez que a ré e o seu filho estavam em situação de risco, já que a criança estava ficando doente em razão da ausência de alimentação.
	Diante disse, a ré deve ser absolvida sumariamente, com base no artigo 397, inciso I, do Código do Processo Penal.
c) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
A ré foi acusada de ter subtraído 02 (dois) pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$ 18,00 (dezoito reais). Todavia, incide, o caso, o princípio da insignificância ou da bagatela, já que se trata de valor ínfimo do objeto subtraído de um grande supermercado da cidade. Além disso, a ré jamais havia se envolvido em prática delituosa, sendo, portanto, primária, conforme os seus antecedentes criminais.
Logo, o fato narrado na denúncia não constitui crime, pois embora formalmente típico, é materialmente atípico, diante do ínfimo valor do objeto subtraído, incidindo, no caso, o princípio da insignificância.
Assim, trata-se de fato atípico, devendo a ré ser absolvida sumariamente, com base no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal.
	
III. DO PEDIDO
Ante o exposto, requer a denunciada:
a) Absolvição sumária, com base no artigo 397, incisos I, III e IV, do Código de Processo Penal.
b) Arrolamento e intimação da testemunha Maria
Nestes termos, pede deferimento.
Fortaleza-CE, 14 de setembro de 2015
Lana Bezerra Soares
OAB-PI xxx.xxx

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