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25 - Resposta à Acusação - PEÇA GABRIELA CORRIGIDA

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EXMO JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE.
Processo n°: XXXXX
Gabriela, já devidamente qualificada nos autos do processo em epigrafe, que lhe prove o Ministério Público; vem, por meio de seu procurador constituído, vem, por seu procurador infra-assinado, com fundamento nos artigos 396 e 396-A apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, o que faz nos seguintes termos:
DOS FATOS
Gabriela, nascida em 28/04/1995, terminou relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em comunidade carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem ter familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de acesso público, alimentando- se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade com Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela.
No dia 24 de dezembro de 2015, não mais aguentando a situação e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação. Gabriela decidiu ingressar em um grande supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos bens, e apreendeu os dois produtos escondidos.
Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da acusada.
O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 18 de janeiro de 2016, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para ser citada.
No ano de 2020, Gabriela conseguiu um emprego e ficou em melhores condições. Em razão disso, procurou um advogado, esclarecendo que nada sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda, que Maria, hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de março de 2020, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela juntamente com seu advogado compareceu ao cartório, onde são informados que o processo estava em seu regular prosseguimento desde 2016, sem qualquer suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação.
Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré, acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público.
DOS DIREITOS
I – DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA EM VIRTUDE DA PRESCRIÇÃO
Como exposto, a Acusada foi denunciada pela prática de crime do artigo 155, c/c artigo 14, II, do Código Penal. Como se sabe, a pena máxima do delito de furto tentado é de 2 anos e 8 meses de reclusão.
Logo, o prazo prescricional para o crime em tela é de 8 anos, nos termos do artigo 109, inciso IV, do Código Penal.
Ocorre que a Acusada, ao tempo do crime, era menor de 21 anos, já que nasceu em 28 de abril de 2015 e os fatos ocorreram em 24 de dezembro de 2015, pelo que o prazo prescricional deverá ser reduzido pela metade, nos termos do artigo 115, do Código Penal. Assim, o prazo prescricional, no caso, é de 4 anos.
Considerando que a denúncia foi recebida no dia 18 de janeiro de 2016 e, até a presente data, não houve nenhuma outra causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, ocorreu no presente caso e prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato, já que se passaram mais de quatro anos.
Logo, deve a Acusada ser absolvida sumariamente, com base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal.
II – DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELA ATUAÇÃO SOB AMPARO DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE
Não sendo reconhecida a extinção da punibilidade da Acusada, o que aqui somente se admite em razão do princípio da eventualidade, tem-se que está agiu em estado de necessidade de terceiro.
De fato, a Acusada, por não conseguir emprego ou ajuda e ante a situação de fome e risco para a saúde de seu filho decorrente da ausência de alimentação, não teve opção senão subtrair os referidos pacotes de macarrão.
Assim, tem-se que a Acusada agiu nos estritos termos do artigo 24, do Código Penal, pelo que sua conduta não é ilícita, não constituindo, dessa forma, crime.
Diante disso, a Acusada deve ser absolvida sumariamente, com base no artigo, 397, inciso I, do Código de Processo Penal.
III – DA ABOLVIÇÃO SUMÁRIA PELA ATIPICIDADE DA CONDUTA DA ACUSADA
Não sendo acolhidas as teses anteriores, o que se admite apenas a título de argumentação, tem-se que à Acusada foi atribuída a tentativa de furto de dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$ 18,00 (dezoito reais).
Claramente incide, no presente caso, o princípio da insignificância, já que se trata de valor ínfimo do objeto subtraído de um grande supermercado da cidade. Além disso, a Acusada jamais havia se envolvido em prática delituosa, sendo, portanto, primária, conforme certidão de antecedentes criminais constante nos presentes autos.
Logo, o fato narrado na denúncia não constituí crime, pois, embora formalmente típico, é materialmente atípico diante do ínfimo valor do objeto subtraído, incidindo, no caso, o princípio da insignificância.
Assim, trata-se de fato atípico, devendo a Acusada ser absolvida sumariamente, com base no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, pede a Acusada:
a) sua absolvição sumária, com base no artigo 397, IV, do Código de Processo Penal, tendo em vista a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva;
b) na eventualidade de não ser reconhecida a extinção da punibilidade, sua absolvição sumária, com base no artigo 397, I, do Código de Processo Penal, uma vez que atuou amparada por causa excludente de ilicitude.
c) por fim, caso não haja o reconhecimento das teses anteriores, sua absolvição sumária, com base no artigo 397, III, do Código de Processo Penal, posto que o fato a ela imputado não constitui crime. 
DAS PROVAS
Caso V.Exa. entenda pela não absolvição sumária da Acusada, o que aqui somente se admite em atenção ao princípio da eventualidade, esta requer:
a) a oitiva da testemunha arrolada em anexo;
b) a juntada dos documentos anexos.
Termos em que,
Pede deferimento.
FORTALEZA, 26 de março de 2020.
OAB/UF

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