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Página 1 de 16 Comunicação e Semiologia em Reumatologia Disciplina: Práticas Médicas IV 09/09/2020 – Prof. Dr. Francisco Neto Diretora: Marina Irma Parte 1 – Thiago Grande INTRODUÇÃO A reumatologia é uma especialidade clínica que atende pacientes com diversas queixas, principalmente a da dor, a qual não se trata de dor originada por trauma, e sim de dores articulares. Tal especialidade atua em caráter interdisciplinar com outras áreas, como: enfermagem, psicologia, assistência social e outros. Como a dor não necessariamente surge com uma aparência anatômica bem definida, é muito importante, para um bom diagnóstico, a anamnese, o exame físico e a hipótese. Nesse contexto, a anamnese corresponde à parte subjetiva, informada pelo paciente (dor, cansaço, enjoo). A parte objetiva é o exame físico, para que, ao final, seja lançada a hipótese diagnóstica. Vale salientar que, para um bom desfecho, o profissional pode requisitar exames complementares, como raio-X, tomografias, punções e outros, variando de acordo com cada caso. Página 2 de 16 ANAMNESE EM REUMATOLOGIA A estrutura de anamnese, na reumatologia, tem algumas relevâncias a serem destacadas. Por exemplo, na identificação, a idade tem muita relevância, por facilitar a identificação dos grupos de risco e dos fatores de risco (aquilo que aumenta a possibilidade de algo acontecer) e a associação com as comorbidades. Já o sexo, contribui para o diagnóstico devido às prevalências existentes em cada sexo, por exemplo, espondilite anquilosante e gota com maior prevalência em homens, enquanto em mulheres, tem-se maior prevalência de lúpus eritematoso sistêmico e de artrite reumatoide. A profissão, por sua vez, é importante porque pode desencadear movimentos e esforços que contribuam para a queixa do paciente, assim, é relevante saber não só qual é a profissão do paciente, mas também o que ele faz nessa profissão. A parte das condições e hábitos de vida deve ser feita de uma forma não “mecânica”, não se deve “perguntar só por perguntar”, as perguntas devem ser feitas de maneira contextualizada, ou seja, deve-se fazer as perguntas adequadas e importantes para cada contexto, uma vez que as condições e hábitos de vida de um idoso diferem das de um jovem. Na queixa principal, deve-se ouvir com paciência os relatos do paciente, sendo as anotações feitas pelo médico, além de ser aconselhável se utilizar as palavras do paciente, de forma resumida e com a cronologia. A HDA será relatada de forma mais ampla, detalhando a queixa principal em todas as suas dimensões. Os antecedentes fisiológicos, para reumatologia, que são mais relevantes, são: gestação, menarca e menopausa, sendo a pubarca e o desenvolvimento psicomotor também importantes, dependendo do contexto. Parte 2 – Dayanna Bianca OBS.: O professor aconselha que a pergunta sobre “qual é a religião do paciente” não seja feita logo no início da consulta, na identificação. É preferível que essa pergunta ocorra na parte de condições e hábitos de vida, uma vez que nesse momento o médico já conhece mais o paciente. Página 3 de 16 ▪ Antecedentes patológicos: perguntar sobre os adoecimentos antigos e atuais (hipertensão, diabetes) e sobre o uso de medicamentos. Em consultas com o infectologista, é importante perguntar se já teve dengue, chikungunya. Na consulta de reumatologia, também se faz importante saber se o paciente já teve chikungunya. Todo adoecimento prévio e atual faz parte do interrogatório, contanto que seja contextualizado. Cirurgias prévias, alergia a medicamentos e transfusões também são importantes. ▪ Condições e hábitos de vida: moradia, ambiente do lar e do trabalho. ▪ Interrogatório Sobre os Diversos Aparelhos (ISDA): é o momento em que o médico deve parar para reler a história. Por exemplo, o paciente tem tontura, então, deve-se perguntar se há alguma queixa neurológica, se há alguma alteração na audição ou na visão. Não faz sentido perguntar sobre dor no joelho. Deve-se sempre buscar, nas perguntas, uma relação com a queixa principal. o As doenças reumatológicas podem acometer qualquer órgão, então, a depender do órgão que a patologia acometa, o médico terá uma série de perguntas para se fazer no ISDA com o objetivo de melhorar o seu diagnóstico. No lúpus, por exemplo, pode-se perguntar: “há algum problema na pele?”, se o paciente não souber explicar, então deve-se fazer perguntas mais diretas e direcionadas, como: “a senhora teve algum problema no rosto, de ficar vermelho, como uma asa de borboleta?”. Na esclerose sistêmica, por exemplo, deve-se investigar o fenômeno de Raynaud, que é o “arroxeamento” das pontas dos dedos, se tem tosse com falta de ar, para se pensar em doença intersticial etc. Página 4 de 16 CARACTERIZAÇÃO DA DOR CRONOLOGIA Deve-se perguntar quando a dor começou, quando foi a primeira vez que o paciente sentiu a dor, se ela persistiu ou se teve progressão intermitente (aparecia e desaparecia). É importante treinar essa técnica de investigação do caso, pois a cronologia vai definir se houve uma temporalidade da dor aguda (até 15 dias), subaguda (15 dias – 3 meses) ou crônica ( > 3 meses), lembrando que essa dor deve ser todos os dias durante esse período. LOCALIZAÇÃO Ao investigar uma dor abdominal, por exemplo, pede-se para o paciente apontar a dor, pois isso é importante para se fazer uma correlação anatômica. Tendo em vista que o paciente não conhece a anatomia, é provável que ele responda que a dor é “no braço”, pois ele não é obrigado a saber as nomenclaturas de ombro, cotovelo, punho etc. A OBS.: É muito comum o paciente dizer que “faz cinco anos que tem dor na coluna”. Mas, muitas vezes, quando o médico vai investigar, esses cinco anos não significam que o paciente sente dor 365 dias por ano, ininterruptamente. É comum que ele sinta em um mês e passe alguns meses sem sentir a dor. Assim, é adequado que o médico pergunte “quando foi a última vez que a senhora sentiu essa dor?”, pois se ela diz que faz cinco anos que sente a dor, mas quando o médico pergunta quando foi a última vez que sentiu, ela afirma que foi há uma semana e que, antes disso, foi há um ano, então, constata-se que a cronologia da dor da paciente é de uma semana e não de cinco anos. Portanto, deve-se tem que ter paciência para destrinchar a queixa de dor. Página 5 de 16 pergunta da localização é feita pois, por exemplo, se a dor é na barriga e, ao pedir para que o paciente aponte, ele indica a fossa ilíaca direita, devido à correlação anatômica, pensa-se, então, em apendicite, já que ali localiza-se o apêndice. Mas se for um paciente do sexo feminino, então, pode-se pensar em doença dos anexos, de modo geral. Seguindo a mesma linha de raciocínio, se o paciente afirma que a dor é no braço, deve-se pedir para que ele aponte o local da dor no braço. Se ele indica o ombro, pede-se para que ele aponte para a região do ombro onde dói. Se for a região anterior, por exemplo, o médico já deve lembrar que naquele local passa o bíceps, as tuberosidades menor e maior do úmero, se for acima do ombro, lembrar do acrômio etc. FATORES DE MELHORA E DE PIORA Geralmente, o que mais ajuda a fechar o diagnóstico são os fatores de piora da dor. Então, deve-se perguntar primeiro quais fatores pioram a dor, correlacionando as informações com o dia-a-dia do paciente, isto é, perguntando se certas atividades frequentes na rotina do paciente, como situações presentes em seu trabalho, estão relacionadas com a sua dor. Também é importante perguntar sobre os fatores de melhora, ou seja, perguntar se houve alguma melhora com alguma coisa, como com gelo, analgésico, repouso etc. Esses fatores também ajudam bastante no fechamento do diagnóstico. INTENSIDADE Geralmente, pergunta-se sobre a intensidade utilizando umaescala de 0 a 10. No entanto, na prática, é raro que o paciente diga menos que 10, e isso pode falsear a classificação da intensidade da dor. Então, uma opção é perguntar de uma forma mais qualitativa, ou seja, pedir para que a dor seja classificada em leve, moderada ou intensa. É importante saber se a dor varia ao longo do dia, ou seja, se ela desaparece, se em alguns momentos ela fica mais intensa ou menos intensa. É relevante perguntar se a dor impede o paciente de fazer algum tipo de movimento ou alguma atividade, como pentear o cabelo, amarrar o sapato... Essas perguntas ajudam o médico a definir melhor a intensidade da dor e, consequentemente, o impacto dela na vida do paciente. IRRADIAÇÃO É importante, principalmente, para investigar dores do esqueleto axial, como cervicalgia e lombalgia, pois, muitas vezes, nesses casos, pode-se ter a irritação de uma raiz nervosa, fazendo com que a dor tenha uma irradiação em um trajeto bem definido (chamado de dermátomo) no corpo do paciente. Tem que ter cuidado na forma de perguntar, e na dor que se está investigando. Página 6 de 16 Lembrar que a irradiação possui maior valor quando se investiga dores do esqueleto axial ou uma neuropatia, por exemplo, pois se há uma compressão do nervo mediano na mão, espera-se que haja uma irradiação para a palma da mão. Parte 3 - Débora Lima ❖ Continuação de irradiação da dor: Com uma compressão no nervo ulnar, é esperado que se tenha uma irradiação da região ulnar até o quinto dedo da mão. Então, tudo tem uma correlação. Por exemplo, se tem-se uma paciente com dor na interfalangiana distal, não faz sentindo o questionamento acerca da irradiação da dor. SINAIS INFLAMATÓRIOS E DEFORMIDADES Algumas doenças reumatológicas evoluem com algum tipo de deformidade, muitas vezes percebida pelo médico já no momento da avaliação, outras vezes o paciente percebe e não valoriza, sendo necessário que o médico pergunte se há alguma deformidade. Além disso, há a necessidade do questionamento acerca da presença de sinais inflamatórios, especialmente edema e eritema sob aquela articulação, pois isso é extremamente OBS.: Dependendo da forma como se pergunte sobre as irradiações e da dor que se está investigando, a irradiação pode ser uma armadilha, pois se o médico pergunta “essa dor vai para algum lugar?”, o paciente geralmente diz que sim, diz que, por exemplo, “vai do ombro para a perna”, mas, na verdade, isso são dores diferentes que o paciente está relatando e não uma irradiação. Página 7 de 16 importante, principalmente, na suspeita de artrite (um diagnóstico feito após a anamnese e o exame físico). Todas essas perguntas, com exceção da localização, da irradiação, dos sinais inflamatórios e da cronologia, vão auxiliar no entendimento para saber se a dor tem um ritmo mais mecânico ou mais inflamatório. RITMO DA DOR O ritmo da dor pode ser de predomínio mecânico ou inflamatório. Quando a dor for de ritmo predominantemente mecânico, o paciente terá uma dor mais leve pela manhã, que piora ao longo do dia, com o esforço, e no período da noite, durante o repouso, a dor vai melhorando. Isso significa que, nesse quadro, o paciente apresenta pouco ou nenhum processo inflamatório. Já no ritmo inflamatório, a dor é mais intensa pela manhã, já que como o paciente estava em repouso durante toda a noite, ocorreu o acúmulo de substâncias inflamatórias na articulação, pela diminuição do clearance dessa articulação. Pela manhã, haverá uma grande e prolongada rigidez articular. Essa dor, embora possa ser pior no início da manhã, vai melhorando com a movimentação. Isso tudo não quer dizer que uma dor de ritmo predominantemente mecânico não possa ter componentes infamatórios. Por exemplo, o ombro e o quadril possuem bursas, que são bolsas, que tem como principal tecido o sinovial. Esse tecido produz um líquido, chamado de líquido sinovial, que pode inflamar em decorrência de um estresse mecânico. Então, nesse caso, tem-se uma dor de ritmo mecânico, com componentes inflamatórios. Logo, quem tem uma bursite de ombro vai ter uma dor que piora com o movimento e, ao mesmo tempo, apresentará muita rigidez, o ombro pode, inclusive, ficar travado, podendo ter uma dor noturna, que piora durante a noite. Página 8 de 16 ARTRITE Quando se faz o diagnóstico de artrite, é importante saber se é uma monoartrite, que, como o próprio nome já diz, ocorre quando se tem uma única articulação inflamada. Uma oligoartrite, ou seja, até 4 articulações inflamadas, ou uma poliartrite, quando o paciente tem mais de 4 articulações inflamadas. A distribuição dessa artrite pode ser simétrica, quando ela pega uma mesma área articular, por exemplo compromete o joelho do lado esquerdo e o joelho do lado direito, ou a metacarpo de um lado e a metacarpo do outro lado. Ou assimétrica quando, por exemplo, ela compromete o metacarpo de um lado, o punho do outro lado e o cotovelo, ou seja, ela não compreendeu nenhuma área de forma simétrica. Quanto à progressão, a artrite pode ser aditiva ou migratória. ❖ Progressão aditiva: exemplo: um jovem, na casa dos 20 anos, chega ao consultório com o tornozelo inflamado, após relação sexual desprotegida. O médico acredita estar diante de uma monoartrite inflamatória em decorrência de um quadro séptico por gonococo. Trata-se essa condição. Duas semanas depois, Página 9 de 16 o paciente volta com o tornozelo, o joelho e o punho inflamados, logo, tem-se uma oligoartrite aditiva, isso porque o local de inflamação original permaneceu inflamado e surgiram novas áreas de inflamação. Nesse segundo momento, o médico sugere o diagnóstico de espondiloartrite. Trata-se isso e, semanas depois, o paciente volta com mais locais de dor, além do tornozelo, ele está com dor nos dois joelhos e nos dois cotovelos. Sendo assim, o jovem que começou com uma monoartrite, passou para uma oligoartrite e evoluiu para uma poliartrite simétrica. ❖ Na progressão migratória, esse quadro seria diferente, pois o paciente procuraria o médico com o tornozelo inchado, semanas depois voltaria com esse tornozelo bom ou quase bom, mas com uma nova dor no joelho. Tempo depois, a dor migraria, por exemplo, para o cotovelo e, assim, essa dor iria migrando. DIFERENÇA ENTRE ARTRITE E ARTRALGIA ❖ Artrite é o resultado final, o diagnóstico. Artralgia é a queixa, o que é investigado, a dor na articulação. Respondendo às dúvidas: ➢ Qualquer que seja a dor, aguda ou crônica, é possível identificar o ritmo dela, se é mais mecânico ou mais inflamatório. ➢ Bursa é um local de impacto, em que o estresse mecânico pode gerar um quadro inflamatório. ➢ Artrite de caráter migratório, habitualmente, sai de uma “junta” para outra, ela geralmente só aparece na febre reumática. Aqueles casos típicos em que uma mãe procura o médico com o seu filho de 5 a 16 anos, com um histórico de febre após uma infecção por streptococcus de orofaringe, que algumas semanas depois evolui com um quadro de febre e dor nas articulações. Nesses casos, normalmente, são várias juntas doloridas com intensidades diferentes, por isso chama-se de poliartrite migratória. Página 10 de 16 Parte 4 - Ellen Vasconcelos Um ponto importante é ressaltar a diferença de artrite para artralgia. A artrite consiste no resultado final do exame, ou seja, é o diagnóstico. Já a artralgia, caracteriza- se como o sintoma de dor articular apresentado pelo paciente. Por exemplo, um paciente chega ao consultório referindo dor articular (artralgia) e, após o exame físico, são constatados sinais flogísticos, como edema articular, dor e calor. Diante dessa situação, pode-se escrever no prontuário: Hipótese diagnóstica “Monoartrite no joelho direito ou esquerdo”. Nota-se que a artrite consiste em um processoinflamatório articular que pode conter diversas etiologias, como: trauma, infecção preexistente, doença autoimune etc. Ou seja, a artrite é o desfecho final do processo, mas consiste em um diagnóstico geral, sendo de extrema importância uma investigação para definir a causa. Nessa perspectiva, é importante ressaltar a importância de se coletar uma história clínica com paciência e se atentando aos pequenos detalhes. Assim, é relevante sempre questionar sobre a execução de atividades de vida diária e laborais que o paciente pratica, bem como descrever detalhadamente a queixa, os fatores de piora e melhora e a localização exata (solicitar que o paciente aponte o local). EXAME FÍSICO GERAL EM REUMATOLOGIA Adentrando no exame físico em reumatologia, 3 pontos são extremamente importantes: ✓ Observar a articulação parada (inspeção estática); ✓ Observar a articulação em movimento (inspeção dinâmica); ✓ Palpar a articulação (palpação). INSPEÇÃO ESTÁTICA ✓ Procurar sinais inflamatórios; como calor, dor, edema; ✓ Procurar lesões de pele que podem se caracterizar como porta de entrada para infecções mais profundas. Por exemplo, uma lesão psoriásica; ✓ Atentar para alterações no trofismo muscular. O hipotrofismo muscular pode ser causado por alguns fatores; como em casos em que o paciente perde mobilidade de uma região e por desuso, atrofia; ou por uma compressão de uma raiz nervosa, gerando desinervervação de um músculo e por sua vez atrofia; Página 11 de 16 ✓ Avaliar deformidades é muito importante para direcionar a investigação. Algumas dessas são características de processos específicos. Nas figuras acima, é possível observar dois processos articulares distintos, a osteoartrite e a artrite reumatóide. A osteoartrite ou artrose, é um processo mais hereditário e degenerativo da cartilagem, no qual se pode observar deformidades nas interfalangianas distais com aumento de volume ósseo (nódulos de Heberden), porém, com metacarpos e intefalangianas proximais preservadas. A artrite reumatóide é uma doença autoimune na qual o processo patológico inicia na sinóvia da articulação e gera deformidades diferentes. Observa-se, assim, aumento de volume das metacarpo bilaterais, lesão nas interfalangianas proximais (pescoço de cisne), aumento de volume nos punhos e um desvio das interfalangianas proximais em direção à região ulnar (dedos em ventania). Ao lado, observam- se duas deformidades comuns de serem encontradas no dia-a-dia, sendo, até certo ponto, fisiológicas. Porém, esses tipos de joelhos em varo e em valgo podem se apresentar com o avanço da idade, perda da musculatura, sobrepeso. São deformidades comuns em pacientes com osteoartrite. INSPEÇÃO DINÂMICA Avalia-se a amplitude de movimentos (ADM) dos pacientes, ou seja, a funcionalidade daquela articulação. Alguns movimentos básicos realizado pelo ombro devem ser avaliados, como: flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna medial e rotação externa lateral. Vale salientar que cada movimento e amplitude a ser avaliada, depende do tipo de articulação. Página 12 de 16 PALPAÇÃO ✓ Importante sentir áreas sensíveis para direcionar hipóteses diagnósticas. Por exemplo, o paciente refere dor no punho, observa-se que é na região estiloradial, sabendo que nesse local tem-se dois tendões importante, que são o abdutor longo e o extensor curto do polegar, a hipótese diagnóstica seria tenossinovite; ✓ Crepitação: ruído contínuo proveniente do atrito entre duas superfícies. Em alguns casos, esse atrito pode ser percebido também pela ausculta; ✓ Confirmar presença de calor e edema; ✓ Por fim, realizam-se os testes clínicos. PRINCIPAIS ACHADOS SEMIOLÓGICOS ARTRITE REUMATOIDE Na imagem abaixo, pode-se observar alguns achados comuns de artrite reumatoide: 1) Aumento de volume dos punhos; 2) Hipotrofia da musculatura intrínseca da mão; 3) Aumento de volume dos metacarpos. Parte 5 - Emanuel Rocha A imagem ao lado representa um caso de mãe e filha com atrite reumatoide. Nesse contexto, percebe-se, na mãe, um aumento do volume dos dois punhos, uma hipertrofia da musculatura intrínseca da mão, um aumento do volume das metacarpofalangeanas, as deformidades das interfalangeanas proximais e o desvio ulnar dos dedos em ambas as mãos. Já na filha, a artrite reumatoide estava no início e já apresentava aumento das interfalangeanas dos dedos indicadores, porém, como o seu tratamento se deu logo no começo, muito provavelmente ela não chegará no nível de deformidade da mãe. Então, reconhecer a mão reumatoide logo de início é muito importante para diminuir as futuras deformidades. ❖ Os sinais da mão reumatoide são: Página 13 de 16 o Uma mão com sinais inflamatórios nas interfalangeanas proximais, bilateralmente e/ou nas metacorpofalangeanas e/ou nos punhos; o Uma poliartrite simétrica de pequenas articulações. Na foto ao lado, observa-se uma paciente pós- chikungunya, que também possui artrite reumatoide, com um acometimento de punho inchado. . Na imagem acima, tem-se outro caso de artrite reumatoide, com inflamação das interfalangeanas dos dedos indicadores e médios de ambas as mãos, e do polegar da mão direita, caracterizando uma poliartrite simétrica, e isso chama a atenção para uma possível doença autoimune. Página 14 de 16 Nessa outra imagem, observa-se uma deformidade chamada de pescoço de cisne. Essa lesão é sempre na interfalangeana proximal, é uma hiperextensão da proximal com uma hiperflexão da dorsal, é um efeito compensatório da distal. Observa-se o dedo em casa de botão, um achado da patologia, que é provocado pelo rompimento de tendões e ligamentos, o que expõe a cápsula da articulação, ficando como se fosse “um botão entrando em uma casa”. GOTA Na gota, os achados mais importantes são: ❖ A podagra (dor no pé) associada à artrite de primeiro metatarsofalangeana, com edema, eritema, dor e limitação funcional, muito comum em pacientes jovens com síndrome metabólica (hipertenso, hiperglicêmico, dislipidêmico e com hiperuricemia, que é o excesso de ácido úrico no sangue) que desenvolvem o ataque agudo de gota, chamado de podagra. ❖ Tofo: são os cristais de ácido úrico que, devido à sua insolubilidade, começam a se acumular nas estruturas periarticulares, destruindo as articulações e gerando Página 15 de 16 inflamação, podendo haver períodos oligossintomáticos. Pode acontecer rompimento de pele, devido ao crescimento do tofo, o que pode drenar um material branco que pode infectar secundariamente e, com isso, pode-se precisar de tratamento com antibiótico. O tofo também pode se depositar em outras regiões com cartilagem, como na região auricular. DERMATOMIOSITE Dermatomiosite (inflamação de pele e músculo): pacientes terão lesão de pele e fraqueza muscular, com os seguintes principais achados: ❖ Heliótropo: lesão eritêmato-violácea na região periorbital, que se agrava com a exposição ao sol; ❖ Eritema em “V do decote”: lesão de pele na região do tórax, logo abaixo do pescoço, que também piora com a exposição solar; ❖ Pápulas de Gottron: são lesões eritematosas em articulações interfalangeanas ou metacarpofalangeanas, cotovelos ou joelhos. ESCLEROSE SISTÊMICA Esclerose Sistêmica: doença que se caracteriza por pele dura. Essa patologia é comumente chamada de esclerodermia, no entanto, isso ocorre de forma errônea, pois esclerodermia é apenas um achado da doença. Principais achados semiológicos: Página 16 de 16 ❖ Microstomia: dificuldade de abertura oral (devido à pele dura, em razão do depósito de colágeno); ❖ Telangiectasias faciais: surgimento de neovascularização chamada de fenômeno de Raynaud: é uma resposta vascular exagerada, que se manifesta com mudanças de cor das extremidades, passando de um momentoinicial de vasoespasmo, com palidez (isquemia), para um momento mais tardio que, devido à persistência do vasoespasmo, é caracterizado por cianose. Havendo uma melhora, o local irá ficar com aspecto de vermelho, porém, se não ocorrer melhora, o paciente sofrerá uma necrose. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Lúpus Eritematoso Sistêmico: tem como principais achados: ❖ O eritema malar (asa de borboleta), que poupa o sulco nasolabial (região de sombreamento do nariz, o que mostra seu caráter fotossensível). Essa lesão não deixa cicatriz. ❖ Já na segunda imagem, observa-se uma lesão que é do chamado Lúpus Discoide, que deixa cicatriz. São lesões de bordo sobrelevado, com centro atrófico, nas quais pequenas lesões podem confluir para uma grande área de hipocromia, deixando o paciente desfigurado, de acordo com a intensidade. Também são lesões fotossensíveis. RESUMO DA AULA
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