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Comunicação e Semiologia em Reumatologia

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Comunicação e Semiologia em Reumatologia 
Disciplina: Práticas Médicas IV 
09/09/2020 – Prof. Dr. Francisco Neto 
Diretora: Marina Irma 
Parte 1 – Thiago Grande 
INTRODUÇÃO 
A reumatologia é uma especialidade clínica que atende pacientes com diversas 
queixas, principalmente a da dor, a qual não se trata de dor originada por trauma, e sim 
de dores articulares. Tal especialidade atua em caráter interdisciplinar com outras áreas, 
como: enfermagem, psicologia, assistência social e outros. 
Como a dor não necessariamente surge com uma aparência anatômica bem 
definida, é muito importante, para um bom diagnóstico, a anamnese, o exame físico e a 
hipótese. Nesse contexto, a anamnese corresponde à parte subjetiva, informada pelo 
paciente (dor, cansaço, enjoo). A parte objetiva é o exame físico, para que, ao final, seja 
lançada a hipótese diagnóstica. Vale salientar que, para um bom desfecho, o profissional 
pode requisitar exames complementares, como raio-X, tomografias, punções e outros, 
variando de acordo com cada caso. 
 
 
 
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ANAMNESE EM REUMATOLOGIA 
A estrutura de anamnese, na reumatologia, tem algumas relevâncias a serem 
destacadas. Por exemplo, na identificação, a idade tem muita relevância, por facilitar a 
identificação dos grupos de risco e dos fatores de risco (aquilo que aumenta a 
possibilidade de algo acontecer) e a associação com as comorbidades. Já o sexo, contribui 
para o diagnóstico devido às prevalências existentes em cada sexo, por exemplo, 
espondilite anquilosante e gota com maior prevalência em homens, enquanto em 
mulheres, tem-se maior prevalência de lúpus eritematoso sistêmico e de artrite 
reumatoide. 
A profissão, por sua vez, é importante porque pode desencadear movimentos e 
esforços que contribuam para a queixa do paciente, assim, é relevante saber não só qual 
é a profissão do paciente, mas também o que ele faz nessa profissão. A parte das 
condições e hábitos de vida deve ser feita de uma forma não “mecânica”, não se deve 
“perguntar só por perguntar”, as perguntas devem ser feitas de maneira contextualizada, 
ou seja, deve-se fazer as perguntas adequadas e importantes para cada contexto, uma vez 
que as condições e hábitos de vida de um idoso diferem das de um jovem. 
 
Na queixa principal, deve-se ouvir com paciência os relatos do paciente, sendo as 
anotações feitas pelo médico, além de ser aconselhável se utilizar as palavras do paciente, 
de forma resumida e com a cronologia. A HDA será relatada de forma mais ampla, 
detalhando a queixa principal em todas as suas dimensões. Os antecedentes fisiológicos, 
para reumatologia, que são mais relevantes, são: gestação, menarca e menopausa, sendo 
a pubarca e o desenvolvimento psicomotor também importantes, dependendo do 
contexto. 
Parte 2 – Dayanna Bianca 
 
OBS.: O professor aconselha que a pergunta sobre “qual é a religião do paciente” não 
seja feita logo no início da consulta, na identificação. É preferível que essa pergunta 
ocorra na parte de condições e hábitos de vida, uma vez que nesse momento o médico 
já conhece mais o paciente. 
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▪ Antecedentes patológicos: perguntar sobre os adoecimentos antigos e atuais 
(hipertensão, diabetes) e sobre o uso de medicamentos. Em consultas com o 
infectologista, é importante perguntar se já teve dengue, chikungunya. Na consulta 
de reumatologia, também se faz importante saber se o paciente já teve chikungunya. 
Todo adoecimento prévio e atual faz parte do interrogatório, contanto que seja 
contextualizado. Cirurgias prévias, alergia a medicamentos e transfusões também são 
importantes. 
▪ Condições e hábitos de vida: moradia, ambiente do lar e do trabalho. 
 
▪ Interrogatório Sobre os Diversos Aparelhos (ISDA): é o momento em que o 
médico deve parar para reler a história. Por exemplo, o paciente tem tontura, então, 
deve-se perguntar se há alguma queixa neurológica, se há alguma alteração na 
audição ou na visão. Não faz sentido perguntar sobre dor no joelho. Deve-se sempre 
buscar, nas perguntas, uma relação com a queixa principal. 
o As doenças reumatológicas podem acometer qualquer órgão, então, a 
depender do órgão que a patologia acometa, o médico terá uma série de 
perguntas para se fazer no ISDA com o objetivo de melhorar o seu 
diagnóstico. No lúpus, por exemplo, pode-se perguntar: “há algum 
problema na pele?”, se o paciente não souber explicar, então deve-se fazer 
perguntas mais diretas e direcionadas, como: “a senhora teve algum 
problema no rosto, de ficar vermelho, como uma asa de borboleta?”. Na 
esclerose sistêmica, por exemplo, deve-se investigar o fenômeno de 
Raynaud, que é o “arroxeamento” das pontas dos dedos, se tem tosse com 
falta de ar, para se pensar em doença intersticial etc. 
 
 
 
 
 
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CARACTERIZAÇÃO DA DOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRONOLOGIA 
Deve-se perguntar quando a dor começou, quando foi a primeira vez que o paciente 
sentiu a dor, se ela persistiu ou se teve progressão intermitente (aparecia e desaparecia). 
 
É importante treinar essa técnica de investigação do caso, pois a cronologia vai 
definir se houve uma temporalidade da dor aguda (até 15 dias), subaguda (15 dias – 3 
meses) ou crônica ( > 3 meses), lembrando que essa dor deve ser todos os dias durante 
esse período. 
LOCALIZAÇÃO 
Ao investigar uma dor abdominal, por exemplo, pede-se para o paciente apontar a 
dor, pois isso é importante para se fazer uma correlação anatômica. Tendo em vista que 
o paciente não conhece a anatomia, é provável que ele responda que a dor é “no braço”, 
pois ele não é obrigado a saber as nomenclaturas de ombro, cotovelo, punho etc. A 
OBS.: É muito comum o paciente dizer que “faz cinco anos que tem dor na coluna”. 
Mas, muitas vezes, quando o médico vai investigar, esses cinco anos não significam 
que o paciente sente dor 365 dias por ano, ininterruptamente. É comum que ele sinta 
em um mês e passe alguns meses sem sentir a dor. Assim, é adequado que o médico 
pergunte “quando foi a última vez que a senhora sentiu essa dor?”, pois se ela diz que 
faz cinco anos que sente a dor, mas quando o médico pergunta quando foi a última vez 
que sentiu, ela afirma que foi há uma semana e que, antes disso, foi há um ano, então, 
constata-se que a cronologia da dor da paciente é de uma semana e não de cinco anos. 
Portanto, deve-se tem que ter paciência para destrinchar a queixa de dor. 
 
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pergunta da localização é feita pois, por exemplo, se a dor é na barriga e, ao pedir para 
que o paciente aponte, ele indica a fossa ilíaca direita, devido à correlação anatômica, 
pensa-se, então, em apendicite, já que ali localiza-se o apêndice. Mas se for um paciente 
do sexo feminino, então, pode-se pensar em doença dos anexos, de modo geral. 
Seguindo a mesma linha de raciocínio, se o paciente afirma que a dor é no braço, 
deve-se pedir para que ele aponte o local da dor no braço. Se ele indica o ombro, pede-se 
para que ele aponte para a região do ombro onde dói. Se for a região anterior, por exemplo, 
o médico já deve lembrar que naquele local passa o bíceps, as tuberosidades menor e 
maior do úmero, se for acima do ombro, lembrar do acrômio etc. 
FATORES DE MELHORA E DE PIORA 
Geralmente, o que mais ajuda a fechar o diagnóstico são os fatores de piora da dor. 
Então, deve-se perguntar primeiro quais fatores pioram a dor, correlacionando as 
informações com o dia-a-dia do paciente, isto é, perguntando se certas atividades 
frequentes na rotina do paciente, como situações presentes em seu trabalho, estão 
relacionadas com a sua dor. 
Também é importante perguntar sobre os fatores de melhora, ou seja, perguntar se 
houve alguma melhora com alguma coisa, como com gelo, analgésico, repouso etc. Esses 
fatores também ajudam bastante no fechamento do diagnóstico. 
INTENSIDADE 
Geralmente, pergunta-se sobre a intensidade utilizando umaescala de 0 a 10. No 
entanto, na prática, é raro que o paciente diga menos que 10, e isso pode falsear a 
classificação da intensidade da dor. Então, uma opção é perguntar de uma forma mais 
qualitativa, ou seja, pedir para que a dor seja classificada em leve, moderada ou intensa. 
É importante saber se a dor varia ao longo do dia, ou seja, se ela desaparece, se em 
alguns momentos ela fica mais intensa ou menos intensa. É relevante perguntar se a dor 
impede o paciente de fazer algum tipo de movimento ou alguma atividade, como pentear 
o cabelo, amarrar o sapato... Essas perguntas ajudam o médico a definir melhor a 
intensidade da dor e, consequentemente, o impacto dela na vida do paciente. 
IRRADIAÇÃO 
É importante, principalmente, para investigar dores do esqueleto axial, como 
cervicalgia e lombalgia, pois, muitas vezes, nesses casos, pode-se ter a irritação de uma 
raiz nervosa, fazendo com que a dor tenha uma irradiação em um trajeto bem definido 
(chamado de dermátomo) no corpo do paciente. Tem que ter cuidado na forma de 
perguntar, e na dor que se está investigando. 
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 Lembrar que a irradiação possui maior valor quando se investiga dores do 
esqueleto axial ou uma neuropatia, por exemplo, pois se há uma compressão do nervo 
mediano na mão, espera-se que haja uma irradiação para a palma da mão. 
Parte 3 - Débora Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Continuação de irradiação da dor: 
Com uma compressão no nervo ulnar, é esperado que se tenha uma irradiação da 
região ulnar até o quinto dedo da mão. Então, tudo tem uma correlação. Por exemplo, se 
tem-se uma paciente com dor na interfalangiana distal, não faz sentindo o questionamento 
acerca da irradiação da dor. 
SINAIS INFLAMATÓRIOS E DEFORMIDADES 
Algumas doenças reumatológicas evoluem com algum tipo de deformidade, muitas 
vezes percebida pelo médico já no momento da avaliação, outras vezes o paciente percebe 
e não valoriza, sendo necessário que o médico pergunte se há alguma deformidade. Além 
disso, há a necessidade do questionamento acerca da presença de sinais inflamatórios, 
especialmente edema e eritema sob aquela articulação, pois isso é extremamente 
OBS.: Dependendo da forma como se pergunte sobre as irradiações e da dor que se 
está investigando, a irradiação pode ser uma armadilha, pois se o médico pergunta 
“essa dor vai para algum lugar?”, o paciente geralmente diz que sim, diz que, por 
exemplo, “vai do ombro para a perna”, mas, na verdade, isso são dores diferentes que 
o paciente está relatando e não uma irradiação. 
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importante, principalmente, na suspeita de artrite (um diagnóstico feito após a anamnese 
e o exame físico). 
Todas essas perguntas, com exceção da localização, da irradiação, dos sinais 
inflamatórios e da cronologia, vão auxiliar no entendimento para saber se a dor tem um 
ritmo mais mecânico ou mais inflamatório. 
RITMO DA DOR 
 
O ritmo da dor pode ser de predomínio mecânico ou inflamatório. Quando a dor for 
de ritmo predominantemente mecânico, o paciente terá uma dor mais leve pela manhã, 
que piora ao longo do dia, com o esforço, e no período da noite, durante o repouso, a dor 
vai melhorando. Isso significa que, nesse quadro, o paciente apresenta pouco ou nenhum 
processo inflamatório. 
Já no ritmo inflamatório, a dor é mais intensa pela manhã, já que como o paciente 
estava em repouso durante toda a noite, ocorreu o acúmulo de substâncias inflamatórias 
na articulação, pela diminuição do clearance dessa articulação. Pela manhã, haverá uma 
grande e prolongada rigidez articular. Essa dor, embora possa ser pior no início da manhã, 
vai melhorando com a movimentação. 
Isso tudo não quer dizer que uma dor de ritmo predominantemente mecânico não 
possa ter componentes infamatórios. Por exemplo, o ombro e o quadril possuem bursas, 
que são bolsas, que tem como principal tecido o sinovial. Esse tecido produz um líquido, 
chamado de líquido sinovial, que pode inflamar em decorrência de um estresse mecânico. 
Então, nesse caso, tem-se uma dor de ritmo mecânico, com componentes inflamatórios. 
Logo, quem tem uma bursite de ombro vai ter uma dor que piora com o movimento e, ao 
mesmo tempo, apresentará muita rigidez, o ombro pode, inclusive, ficar travado, podendo 
ter uma dor noturna, que piora durante a noite. 
 
 
 
 
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ARTRITE 
 
Quando se faz o diagnóstico de artrite, é importante saber se é uma monoartrite, 
que, como o próprio nome já diz, ocorre quando se tem uma única articulação inflamada. 
Uma oligoartrite, ou seja, até 4 articulações inflamadas, ou uma poliartrite, quando o 
paciente tem mais de 4 articulações inflamadas. 
A distribuição dessa artrite pode ser simétrica, quando ela pega uma mesma área 
articular, por exemplo compromete o joelho do lado esquerdo e o joelho do lado direito, 
ou a metacarpo de um lado e a metacarpo do outro lado. Ou assimétrica quando, por 
exemplo, ela compromete o metacarpo de um lado, o punho do outro lado e o cotovelo, 
ou seja, ela não compreendeu nenhuma área de forma simétrica. 
Quanto à progressão, a artrite pode ser aditiva ou migratória. 
 
❖ Progressão aditiva: exemplo: um jovem, na casa dos 20 anos, chega ao 
consultório com o tornozelo inflamado, após relação sexual desprotegida. O 
médico acredita estar diante de uma monoartrite inflamatória em decorrência de 
um quadro séptico por gonococo. Trata-se essa condição. Duas semanas depois, 
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o paciente volta com o tornozelo, o joelho e o punho inflamados, logo, tem-se 
uma oligoartrite aditiva, isso porque o local de inflamação original permaneceu 
inflamado e surgiram novas áreas de inflamação. Nesse segundo momento, o 
médico sugere o diagnóstico de espondiloartrite. Trata-se isso e, semanas depois, 
o paciente volta com mais locais de dor, além do tornozelo, ele está com dor nos 
dois joelhos e nos dois cotovelos. Sendo assim, o jovem que começou com uma 
monoartrite, passou para uma oligoartrite e evoluiu para uma poliartrite simétrica. 
 
❖ Na progressão migratória, esse quadro seria diferente, pois o paciente 
procuraria o médico com o tornozelo inchado, semanas depois voltaria com esse 
tornozelo bom ou quase bom, mas com uma nova dor no joelho. Tempo depois, 
a dor migraria, por exemplo, para o cotovelo e, assim, essa dor iria migrando. 
 
DIFERENÇA ENTRE ARTRITE E ARTRALGIA 
 
❖ Artrite é o resultado final, o diagnóstico. 
Artralgia é a queixa, o que é investigado, a dor na 
articulação. 
 
 
 
 
 
 
 
Respondendo às dúvidas: 
➢ Qualquer que seja a dor, aguda ou crônica, é possível identificar o ritmo dela, 
se é mais mecânico ou mais inflamatório. 
➢ Bursa é um local de impacto, em que o estresse mecânico pode gerar um quadro 
inflamatório. 
➢ Artrite de caráter migratório, habitualmente, sai de uma “junta” para outra, ela 
geralmente só aparece na febre reumática. Aqueles casos típicos em que uma 
mãe procura o médico com o seu filho de 5 a 16 anos, com um histórico de 
febre após uma infecção por streptococcus de orofaringe, que algumas semanas 
depois evolui com um quadro de febre e dor nas articulações. Nesses casos, 
normalmente, são várias juntas doloridas com intensidades diferentes, por isso 
chama-se de poliartrite migratória. 
 
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Parte 4 - Ellen Vasconcelos 
Um ponto importante é ressaltar a diferença de artrite para artralgia. A artrite 
consiste no resultado final do exame, ou seja, é o diagnóstico. Já a artralgia, caracteriza-
se como o sintoma de dor articular apresentado pelo paciente. Por exemplo, um paciente 
chega ao consultório referindo dor articular (artralgia) e, após o exame físico, são 
constatados sinais flogísticos, como edema articular, dor e calor. Diante dessa situação, 
pode-se escrever no prontuário: Hipótese diagnóstica “Monoartrite no joelho direito ou 
esquerdo”. 
Nota-se que a artrite consiste em um processoinflamatório articular que pode 
conter diversas etiologias, como: trauma, infecção preexistente, doença autoimune etc. 
Ou seja, a artrite é o desfecho final do processo, mas consiste em um diagnóstico geral, 
sendo de extrema importância uma investigação para definir a causa. 
Nessa perspectiva, é importante ressaltar a importância de se coletar uma história 
clínica com paciência e se atentando aos pequenos detalhes. Assim, é relevante sempre 
questionar sobre a execução de atividades de vida diária e laborais que o paciente pratica, 
bem como descrever detalhadamente a queixa, os fatores de piora e melhora e a 
localização exata (solicitar que o paciente aponte o local). 
 
EXAME FÍSICO GERAL EM REUMATOLOGIA 
Adentrando no exame físico em reumatologia, 
3 pontos são extremamente importantes: 
✓ Observar a articulação parada (inspeção 
estática); 
✓ Observar a articulação em movimento 
(inspeção dinâmica); 
✓ Palpar a articulação (palpação). 
 
INSPEÇÃO ESTÁTICA 
✓ Procurar sinais inflamatórios; como calor, dor, edema; 
✓ Procurar lesões de pele que podem se caracterizar como porta de entrada para 
infecções mais profundas. Por exemplo, uma lesão psoriásica; 
✓ Atentar para alterações no trofismo muscular. O hipotrofismo muscular pode 
ser causado por 
alguns fatores; 
como em casos 
em que o 
paciente perde 
mobilidade de 
uma região e por 
desuso, atrofia; 
ou por uma compressão de uma raiz nervosa, gerando desinervervação de um 
músculo e por sua vez atrofia; 
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✓ Avaliar deformidades é muito importante para direcionar a investigação. 
Algumas dessas são características de processos específicos. Nas figuras acima, é 
possível observar dois processos articulares distintos, a osteoartrite e a artrite 
reumatóide. A osteoartrite ou artrose, é um processo mais hereditário e 
degenerativo da cartilagem, no qual se pode observar deformidades nas 
interfalangianas distais com aumento de volume ósseo (nódulos de Heberden), 
porém, com metacarpos e intefalangianas proximais preservadas. A artrite 
reumatóide é uma doença autoimune na qual o processo patológico inicia na 
sinóvia da articulação e gera deformidades diferentes. Observa-se, assim, 
aumento de volume das metacarpo bilaterais, lesão nas interfalangianas 
proximais (pescoço de cisne), aumento de volume nos punhos e um desvio das 
interfalangianas proximais em direção à região ulnar (dedos em ventania). 
Ao lado, observam-
se duas deformidades 
comuns de serem 
encontradas no dia-a-dia, 
sendo, até certo ponto, 
fisiológicas. Porém, esses 
tipos de joelhos em varo e 
em valgo podem se 
apresentar com o avanço da idade, perda da musculatura, sobrepeso. São 
deformidades comuns em pacientes com osteoartrite. 
INSPEÇÃO DINÂMICA 
Avalia-se a amplitude de movimentos (ADM) dos pacientes, ou seja, a 
funcionalidade daquela articulação. Alguns movimentos básicos realizado pelo ombro 
devem ser avaliados, como: flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna medial e 
rotação externa lateral. Vale salientar que cada movimento e amplitude a ser avaliada, 
depende do tipo de articulação. 
 
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PALPAÇÃO 
✓ Importante sentir áreas sensíveis para direcionar hipóteses diagnósticas. Por 
exemplo, o paciente refere dor no punho, observa-se que é na região estiloradial, 
sabendo que nesse local tem-se dois tendões importante, que são o abdutor longo 
e o extensor curto do polegar, a hipótese diagnóstica seria tenossinovite; 
✓ Crepitação: ruído contínuo proveniente do atrito entre duas superfícies. Em 
alguns casos, esse atrito pode ser percebido também pela ausculta; 
✓ Confirmar presença de calor e edema; 
✓ Por fim, realizam-se os testes clínicos. 
 
PRINCIPAIS ACHADOS SEMIOLÓGICOS 
ARTRITE REUMATOIDE 
Na imagem abaixo, pode-se observar alguns achados comuns de artrite reumatoide: 
1) Aumento de volume dos punhos; 
2) Hipotrofia da musculatura intrínseca da mão; 
3) Aumento de volume dos metacarpos. 
 
 
 
 
 
Parte 5 - Emanuel Rocha 
A imagem ao lado representa um caso 
de mãe e filha com atrite reumatoide. Nesse 
contexto, percebe-se, na mãe, um aumento do 
volume dos dois punhos, uma hipertrofia da 
musculatura intrínseca da mão, um aumento 
do volume das metacarpofalangeanas, as 
deformidades das interfalangeanas proximais 
e o desvio ulnar dos dedos em ambas as mãos. 
Já na filha, a artrite reumatoide estava no 
início e já apresentava aumento das interfalangeanas dos dedos indicadores, porém, como 
o seu tratamento se deu logo no começo, muito provavelmente ela não chegará no nível 
de deformidade da mãe. Então, reconhecer a mão reumatoide logo de início é muito 
importante para diminuir as futuras deformidades. 
❖ Os sinais da mão reumatoide são: 
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o Uma mão com sinais inflamatórios nas interfalangeanas proximais, 
bilateralmente e/ou nas metacorpofalangeanas e/ou nos punhos; 
o Uma poliartrite simétrica de pequenas articulações. 
Na foto ao lado, observa-se uma paciente pós-
chikungunya, que também possui artrite 
reumatoide, com um acometimento de punho 
inchado. 
 .
 
Na imagem acima, tem-se outro caso de artrite reumatoide, com inflamação das 
interfalangeanas dos dedos indicadores e médios de ambas as mãos, e do polegar da mão 
direita, caracterizando uma poliartrite simétrica, e isso chama a atenção para uma possível 
doença autoimune. 
Página 14 de 16 
 
 
Nessa outra imagem, observa-se uma deformidade chamada de pescoço de cisne. 
Essa lesão é sempre na interfalangeana proximal, é uma hiperextensão da proximal com 
uma hiperflexão da dorsal, é um efeito compensatório da distal. Observa-se o dedo em 
casa de botão, um achado da patologia, que é provocado pelo rompimento de tendões e 
ligamentos, o que expõe a cápsula da articulação, ficando como se fosse “um botão 
entrando em uma casa”. 
GOTA 
 
Na gota, os achados mais importantes são: 
❖ A podagra (dor no pé) associada à artrite de primeiro metatarsofalangeana, com 
edema, eritema, dor e limitação funcional, muito comum em pacientes jovens 
com síndrome metabólica (hipertenso, hiperglicêmico, dislipidêmico e com 
hiperuricemia, que é o excesso de ácido úrico no sangue) que desenvolvem o 
ataque agudo de gota, chamado de podagra. 
❖ Tofo: são os cristais de ácido úrico que, devido à sua insolubilidade, começam a 
se acumular nas estruturas periarticulares, destruindo as articulações e gerando 
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inflamação, podendo haver períodos oligossintomáticos. Pode acontecer 
rompimento de pele, devido ao crescimento do tofo, o que pode drenar um 
material branco que pode infectar secundariamente e, com isso, pode-se precisar 
de tratamento com antibiótico. O tofo também pode se depositar em outras regiões 
com cartilagem, como na região auricular. 
DERMATOMIOSITE 
 
Dermatomiosite (inflamação de pele e músculo): pacientes terão lesão de pele e 
fraqueza muscular, com os seguintes principais achados: 
❖ Heliótropo: lesão eritêmato-violácea na região periorbital, que se agrava com a 
exposição ao sol; 
❖ Eritema em “V do decote”: lesão de pele na região do tórax, logo abaixo do 
pescoço, que também piora com a exposição solar; 
❖ Pápulas de Gottron: são lesões eritematosas em articulações interfalangeanas ou 
metacarpofalangeanas, cotovelos ou joelhos. 
ESCLEROSE SISTÊMICA 
 
Esclerose Sistêmica: doença que se caracteriza por pele dura. Essa patologia é 
comumente chamada de esclerodermia, no entanto, isso ocorre de forma errônea, pois 
esclerodermia é apenas um achado da doença. 
Principais achados semiológicos: 
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❖ Microstomia: dificuldade de abertura oral (devido à pele dura, em razão do 
depósito de colágeno); 
❖ Telangiectasias faciais: surgimento de neovascularização chamada de fenômeno 
de Raynaud: é uma resposta vascular exagerada, que se manifesta com mudanças 
de cor das extremidades, passando de um momentoinicial de vasoespasmo, com 
palidez (isquemia), para um momento mais tardio que, devido à persistência do 
vasoespasmo, é caracterizado por cianose. Havendo uma melhora, o local irá ficar 
com aspecto de vermelho, porém, se não ocorrer melhora, o paciente sofrerá uma 
necrose. 
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 
 
Lúpus Eritematoso Sistêmico: tem como principais achados: 
❖ O eritema malar (asa de borboleta), que poupa o sulco nasolabial (região de 
sombreamento do nariz, o que mostra seu caráter fotossensível). Essa lesão não 
deixa cicatriz. 
❖ Já na segunda imagem, observa-se uma lesão que é do chamado Lúpus Discoide, 
que deixa cicatriz. São lesões de bordo sobrelevado, com centro atrófico, nas quais 
pequenas lesões podem confluir para uma grande área de hipocromia, deixando o 
paciente desfigurado, de acordo com a intensidade. Também são lesões 
fotossensíveis. 
RESUMO DA AULA

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