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O direito internacional contemporâneo e a teoria da transnormatividade MENEZES, Wagner. O direito internacional contemporâneo e a teoria da transnormatividade. Revista Pensar- Revista de Ciências Jurídicas, v. 12, p.134-144, mar. 2007. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rpen/article/view/1084/1667. Pesquisado em: 15 set. 2020. Professor de Direito Internacional, Wagner Menezes, autor do artigo objeto desta resenha traz em seu curriculum os títulos de Presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional, Doutor e Mestre em Direito Internacional e Arbitro do Tribunal do Mercosul. Nos quatro capítulos distribuídos em 10 páginas do artigo, o autor faz uma breve analise acerca do direito internacional atual, passando por suas teorias dualista, monista, conciliatórias, até chegar à teoria da transnormatividade, de forma a explicar a relação entre direito internacional e o direito interno. As transformações ocorridas ao longo da história devido a fatores políticos, tecnológicos, econômicos e científicos, chegou ao fenômeno que conhecemos por globalização. Nesse cenário surge, como instrumento para solucionar conflitos por meio de inter-relação entre os Estados, um novo direito internacional. O direito interno tem se dedicado mais e mais às questões internacionais e, concomitantemente, o direito internacional tem se aproximado cada vez mais do indivíduo, empresas, mostrando que ambos os ordenamentos (interno e internacional) sofreram mudanças, dentro de um verdadeiro escambo entre as normas, contribuição trazida pela globalização. Para melhor entender a inter-relação entre o direito interno e o direito internacional, e, ainda, o impacto da globalização nos mais diversos direitos internos e a formação de uma direito transnacional, é que, de acordo com o autor, surge uma teoria contemporânea, assunto ao qual se dedica o artigo, a da transnormatividade. Desse ponto em diante passa o autor a desenhar as teorias que tratam da relação entre o direito internacional com o direito interno, mostrando que o direito internacional avançou, ocorrendo grande repercussão das normas advindas das relações internacionais sobre as normas do direito interno e, consequentemente, ocasionando maior inter-relação entre elas. O direito internacional como se vê hoje, fundamentou-se no direito internacional clássico, que considerou o direito interno sob vários aspectos: como prova de costume internacional e dos princípios gerais do direito; e em certas situações baseou-se no direito interno para remeter a certas decisões. De outro lado, o direito interno fomentado por novas informações e pelo pelas normas de direito internacional, algumas especificas para o comercio, foi-se ganhando forma para chegar no que temos hoje. Não podendo serem deixados de lado soberania, boa fé e equidade. Com o surgimento de conflitos entre os ordenamentos, decorrentes desse direito internacional clássico, a teoria dualista e a teoria monista vêm para trazer uma possível solução. De um lado a teoria pluralista/dualista que parte do entendimento de que direito internacional e direito interno são distintos, sem nenhuma inter-relação entre ambos, impossibilitando que haja conflitos entre tais ordenamentos quando de sua aplicação. Não há hierarquização, tendo igual importância, sistemas jurídicos independentes e autônomos. A fonte para o direito internacional está na vontade dos Estado dentro de um pensamento coletivo e sua atuação regula as relações entre os Estado soberanos e somente no plano internacional. Quanto a fonte do direito interno impera a vontade do Estado sobre os particulares e atua regulando as relações entre Estado e indivíduos. Não há, portanto, comunicação e nem relação de subordinação entre o direito internacional e o direito interno, assim, para uma norma vigorar internamente, respeitando os limites da soberania de um Estado e produza eficácia plena, precisa ser aceita e incorporada ao ordenamento interno, ou seja, ratificada. O autor citando Russomano (1989)1, entende que [...] a distinção das fontes originárias das normas interna e internacional não é correta, pois elas não são criadas pelos Estado, mas nascem do convívio social [...]. Por outro lado, a teoria monista, tendo como precursor Kelsen, opondo-se a dualista preconiza que direito internacional e direito interno são um único sistema, fazem parte do mesmo complexo jurídico, havendo, inclusive, hierarquia entre elas. Para o autor, tal sistema baseia-se na [...] unicidade do sistema jurídico em uma relação normativa hierarquizada, na identidade das fontes e dos sujeitos [...]. A busca pela solução de conflitos seria dentro do próprio sistema, do complexo jurídico conforme o valor e hierarquia da norma. Quanto as teorias conciliatórias, essas fazem oposição as duas anteriores. Para elas direito interno e internacional estão em uma relação de coordenação entre os dois ordenamentos. Chegando ao cenário contemporâneo, o autor entende que o direito internacional sofreu grande expansão e passou a abarcar diversos temas, repercutindo de forma intensa no plano interno dos Estados que fazem parte da comunidade internacional. Assim, o direito interno e direito internacional tem uma inter-relação cada vez mais profunda, como dito no início, o direito internacional passou para além das relações entre Estados, atingindo empresas, indivíduos. Tal transnacionalização, segundo o autor fez emergir uma nova teoria – a da transnormatividade, que produz efeitos e repercute de um direito sobre o sistema normativo de outro, em geral do internacional sobre o interno., o que vem a possibilitar uma interpenetração de normas locais e a global em uma mesmo território soberano. A base dessa relação de transnormatividade é o processo de globalização, não havendo mais espaço para o conceito de direito internacional clássico, o espaço agora é para a norma ultrapassar fronteiras geográficas, sociológicas, jurídicas e filosóficas. Termina o autor explanando sobre a internacionalização dos direitos produzidos de acordo com normas internacionais. Para tal processo, o operador do direito necessita de vasto conhecimento de direito internacional, de forma a argumentar sobre tais normas perante os tribunais. Tudo isso, segundo o autor, determinara grande influência do direito internacional sobre os cidadãos, empresas e organismos dos vários Estados. Conclui que o direito internacional é feito de várias relações entre o direito internacional e o direito interno, seja pela aplicação das diversas teorias aqui mencionadas, seja pela construção na teoria transnormativa. A influência do direito internacional diante da globalização no atual cenário, não pode ser ignorada pelos Estados e nem pelos indivíduos, sob risco de ter os direitos subtraídos ou não ser possível o exercício deles, e, ainda, gerar má interpretação deles. Diante da leitura, entendo que o direito internacional precisa ser interpretado corretamente de forma a garantir direitos não somente dos Estados, envolvidos nas relações de direito internacional, mas, a luz do direito interno, garantir a proteção da coletividade e empresas que estão cada dia mais envolvidas em relações e conflitos onde o ordenamento internacional se faz presente. Denise Garcia da Cunha Duarte, acadêmica do 10BN, RA 704932-3, do Curso de Direito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS. Referências: 1RUSSOMANO, Gilda Maciel Correa Meyer. Direito internacional público. Rio de Janeiro: Forense, 1989.