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CAPÍTULO 3 METODOLOGIAS DE CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES E DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA Alexandre Messa INTRODUÇÃO A produtividade mede o grau de eficiência com que determinada economia utiliza seus recursos para produzir bens e serviços de consumo. A medida mais elementar de produtividade é a produtividade do trabalho, que expressa o produto gerado por cada hora de trabalho. Outro indicador, que tem a pretensão de indicar a eficiência com que a economia combina a totalidade de seus recursos para gerar produto é a produtividade total dos fatores (PTF). Trazendo a PTF grande complexidade em sua interpretação e cálculo. O cálculo da PTF é bastante sensível à determinação de suas variáveis, uma vez que elencar todos os recursos da economia e mensurá-los não é uma tarefa fácil. O artigo tem como objetivo digre esses dois indicadores de produtividade. PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES (PTF) NO NÍVEL MACROECONÔMICO Para o cálculo da PTF devem ser considerados aspectos como a distinção entre fatores de produção (exógenos ao sistema produtivo) e insumos intermediários (endógenos ao sistema produtivo); e que os fatores de produção são remunerados de acordo com seus produtos marginais (de acordo com a Teoria da Firma). Inclusive, a derivação da PTF que gera resíduos se qualquer variável ficar omitida, ou contiver erros em sua medida. O que é um problema. A produtividade depende de n fatores que devem sempre ser considerados. A equação permite o cálculo do crescimento da produtividade apenas com as informações de produto e insumos em dois instantes no tempo, além das respectivas participações dos fatores no valor do produto. Pode-se estimar, de maneira aproximada, o progresso técnico entre os dois instantes, observando apenas o produto, os fatores de produção empregados e a fração de cada um destes na renda, em dois instantes no tempo. Contudo, com base nos mesmos dados, dependendo de qual método de aproximação se utilize, pode-se chegar a diferentes resultados quanto ao crescimento da PTF. O método econométrico é uma das alternativas para o cálculo da PTF. A partir de dados referentes ao produto e aos fatores de produção, pode-se assumir uma especificação para a função de produção e estimar seus parâmetros. Contudo, a pouca disponibilidade de dados limita a estimação deste modelo. Uma amostra com maior volume de informações garante maior eficiência e grau de confiança no modelo econométrico. Além ainda de haver a possibilidade de problemas de especificação como: variáveis omitidas, erros de medida e simultaneidade. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E SUA RELAÇÃO COM A PTF O crescimento da produtividade reflete no crescimento da relação capital por trabalhador. Não refletindo apenas o progresso técnico (como a PTF), mas também o aprofundamento do capital. Pode-se estabelecer uma relação entre as variações da produtividade do trabalho e da PTF, através de equação derivada no artigo e, dependendo da magnitude da variação na relação capital por trabalhador e do progresso técnico, estas medidas podem apresentar sinais opostos. Sendo a produtividade do trabalho mais próxima à PTF quanto sendo proporcionais os aumentos dos fatores capital e trabalho. ESTIMAÇÃO DA PTF NO NÍVEL DA FIRMA Para estimar a PTF no nível da firma, esta medida é trazida para cálculo utilizando uma função Cobb-Douglas. Esta estimação é tão complexa que foram propostos três métodos: o modelo de efeitos fixos, a utilização de variáveis instrumentais, e o método da função de controle. Eixos fixos: é sujeito à critica de que quanto maior for o período analisado, mais frágil é a suposição de produtividade constante das firmas ao longo deste período; Variáveis instrumentais: é a solução imetiata para os problemas de endogeneidade de um modelo. Contudo, nesse caso, esbarra na dificuldade de encontrar instrumentos para as variáveis utilizadas. É necessário adicionar mais estrutura ao modelo de produção da firma, nesse caso. Função de controle: método proposto por Olley e Pakes (1996) para contornar o problema da endogeneidade, utilizando-se da lógica inversa da envolvida na utilização de variáveis instrumentais. Nessa função faz-se necessária uma variável que não seja correlacionada com a produtividade da firma (a variável, no presente caso, omitida), o outro método requer um indicador que seja o mais correlacionado possível com a produtividade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo discutiu alguns dos diferentes métodos de cálculo da PTF e sua relação com a produtividade do trabalho. CAPÍTULO 2 P&D, INOVAÇÃO E PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA BRASILEIRA Luiz Ricardo Cavalcante Paulo de Andrade Jacinto Fernanda De Negri INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre investimentos em P&D, inovação e produtividade do trabalho na indústria brasileira entre 2000 e 2008. A análise da relação entre investimentos em P&D, inovação e produtividade na economia brasileira pode contribuir para maior foco de políticas em segmentos em que a produtividade é mais sensível aos esforços de inovação nas empresas. Isso envolve não apenas pesquisa, mas também aquisição de máquinas e equipamentos. Mesmo que a relação entre inovação e produtividade seja de certa forma evidente, existe uma dificuldade de mensuração destas variáveis afim de precisamente relacioná-las. Para os governos, que geralmente não tem muitas possibilidades de manejo da inovação, acaba restando a posição de incentivador dos esforços nas atividades de P&D e aquisição de máquinas e equipamentos por parte das empresas. Acredito que um exemplo disso tenha sido o PSI, criado em 2009 (período subsequente ao trabalhado aqui), que foi um programa do Governo Federal criado na tentativa de levantar a economia após o travamento de crédito após à crise de 2008, justamente para financiar os investimentos em máquinas, equipamentos, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Griliches (1979, p. 17) elucida dois métodos adotados para explorar essa relação entre inovação e produtividade como sendo: Estudos de caso e estimativas econométricas de funções de produção. Os estudos de caso requerem um tempo maior para sua elaboração e são sujeitos a questionamentos quanto às conclusões gerais que se podem extrair deles. Já os modelos econométricos possibilitam conclusões de caráter mais geral, mas são bem mais complexos, até porque a maioria das variáveis de interesse tende a mover-se conjuntamente no tempo e no espaço, tornando mais difícil o desembaraço de seus efeitos individuais. Além disso, não é fácil estabelecer relações de causalidade. Os próprios investimentos em pesquisa e desenvolvimento são afetados pelo nível de resultado e pelos lucros e produtividade passados. Isso exige que se formulem modelos de equações simultâneas e leva a técnicas de estimação muito mais complexas. Foram estimados diferentes modelos econométricos, uns com mais limitações e outros mais completos, cada um considerando diferentes variáveis. Chegando assim a também diferentes conclusões. Foi estimada uma equação com as 532 empresas europeias que mais investemem P&D durante seis anos, tendo como foco da equação a produtividade do trabalho; os estoques de capital e de conhecimento são divididos pelo pessoal ocupado visando à padronização dos dados e a eliminação dos efeitos relativos ao tamanho da empresa; e o pessoal ocupado é usado como variável de controle. O modelo foi estimado usando dummies setoriais a dois dígitos e dummies de tempo e os estoques de capital e de conhecimento foram calculados usando o método do inventário perpétuo. *Dummies: variáveis categegóricas que foram transformadas em numéricas – Vamos aprender isso em Econometria. Não vou me aprofundar muito na estimação do modelo e na equação, pois entraria bastante na parte econométrica que eu não domino. No modelo CDM foram relacionadas as atividades de P&D e seus determinantes, os indicadores de resultado da inovação e as atividades de P&D e a produtividade e os indicadores de resultado da inovação. O resultado obtido por Ortega-Argilés, Potters e Vivarelli (2009; 2011) nesse modelo foi que o estoque de conhecimento tem um impacto positivo e significante na produtividade das empresas e demonstram que o coeficiente de elasticidade cresce monotonamente à medida que se passa dos setores de menor para os de maior intensidade tecnológica. Eles argumentam então que “esse resultado sugere que as firmas em setores de alta intensidade tecnológica estão muito à frente em termos do impacto de seus investimentos em P&D na produtividade, pelo menos no que diz respeito aos maiores investidores em P&D europeus” PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia do trabalho foi amparada basicamente nos modelos econométricos, apoiando-se em regressões cross-section, com dados relativos a 2008, e em painel, com dados relativos às quatro edições da Pesquisa de Inovação (Pintec) na década de 2000. Em ambos os casos, as regressões foram feitas usando dados do conjunto da indústria de transformação e grupos formados pela agregação de setores de atividades de acordo com a classificação de intensidade tecnológica. Para a estimação dos modelos foram utilizadas informações da Pintec e da Pesquisa Industrial Anual (PIA) para os anos de 2000, 2003, 2005 e 2008, ambas as pesquisas realizadas pelo IBGE. Também foi utiliza a base de dados da Relação Anual de Informação Social (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), além das informações pública s oriundas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). RESULTADOS OBTIDOS Analisando as estatísticas extraídas da Pintec conclui-se que há uma relação positiva entre inovação e produtividade do trabalho. Em se tratando da indústria de transformação no período 2006-2008, as empresas que implementaram algum tipo de inovação têm uma produtividade do trabalho superior à média, enquanto as empresas que não inovaram têm uma produtividade inferior à média. As empresas que implementaram apenas inovações de produto têm níveis de produtividade do trabalho cerca de 30% maiores do que a média da indústria de transformação. À medida que as empresas inovam para o mercado nacional e para o mercado mundial, os níveis de produtividade são crescentes. A produtividade das empresas que inovam para o mercado mundial corresponde a mais do que o dobro da produtividade média do setor. Mesmo as empresas que inovam para o mercado nacional já têm níveis de produtividade bastante superiores à média da indústria de transformação. Separando as empresas de acordo com sua intensidade tecnológica pode-se observar que os níveis de produtividade são crescentes conforme se passa dos setores de baixa para os setores de alta tecnologia. Os resultados gerados considerando as regressões cross-section permitiram identificar a relação entre os fluxos de investimento em P&D e de gastos na aquisição de máquinas e equipamentos e a produtividade do trabalho. Em síntese, os resultados gerados pelas análises de regressão cross-section e em painel indicam a existência de uma relação positiva entre investimentos em P&D, inovação e produtividade do trabalho na indústria de transformação no Brasil. CONCLUSÕES Os resultados indicam que quanto mais intensivo em produtividade é o setor, maior será a relação entre P&D e produtividade. Assim, em setores nos quais a competição é mais dependente de tecnologia, que são os setores que mais investem em P&D, os efeitos da P&D sobre a produtividade das empresas são maiores do que em setores tradicionais. Além disso, resultados mostram também que o inverso ocorre com o estoque de capital, cujos efeitos sobre a produtividade são maiores nos setores de menor intensidade tecnológica. Essas conclusões têm evidentes implicações de política, uma vez que podem orientar uma melhor alocação dos recursos destinados a promover ganhos de produtividade na indústria brasileira.
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