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Responsabilidade do Fornecedor por Danos ao Consumidor

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Marlon de Jesus Machado
201621825
1- Vício do produto.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.744.321 - RJ (2018/0097074-6) 
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI 
RECORRENTE : SIRLEI MAKOSKI CAVALCANTI 
ADVOGADOS : NEIDE NASCIMENTO DE JESUS - RJ073376 
 ROBERTO FLÁVIO CAVALCANTI - RJ163183 
 EMILY ALMEIDA MARQUES NOVAES - RJ186068 
 EVELYN ALMEIDA MARQUES NOVAES - RJ186066 
RECORRIDO : ARCOR DO BRASIL LTDA 
ADVOGADO : PAULO FAVERY DE ANDRADE RIBEIRO - SP117626 
RECORRIDO : LOJAS AMERICANAS S/A 
ADVOGADOS : PEDRO HENRIQUE AUGUSTO CORRÊA DA SILVA - RJ159808 
 FELIPE GAZOLA VIEIRA MARQUES - RJ183218 CRISTIANE 
 DANTAS DORMÉA DE QUEIROZ - RJ171747
EMENTA
RECURSOS ESPECIAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. VEÍCULO ZERO. VÍCIOS DE QUALIDADE. NÃO SANADOS NO PRAZO. OPÇÕES ASSEGURADAS AO CONSUMIDOR. SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE. ESCOLHA QUE CABE AO CONSUMIDOR. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. RECONHECIMENTO. PRECEDENTES. 1. Ação ajuizada em 07/12/2009. Recursos especiais interpostos em 05/02/2014 e atribuídos a este gabinete em 25/08/2016. 2. Não é possível alterar a conclusão assentada pelo Tribunal local com base na análise das provas nos autos, ante o óbice da Súmula 7 do STJ. 3. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem afirmou de forma categórica a existência de vício no produto, tendo sido o veículo encaminhado diversas vezes para conserto e não sanado o defeito no prazo de 30 (trinta) dias. Rever essa conclusão esbarra no óbice supramencionado. 4. Configura dano moral, suscetível de indenização, quando o consumidor de veículo zero quilômetro necessita retornar à concessionária por diversas vezes para reparo de defeitos apresentados no veículo adquirido. 5. O valor fixado a título de danos morais, quando razoável e proporcional, não enseja a possibilidade de revisão, no âmbito do recurso especial, ante o óbice da Súmula 7 do STJ. 6. Recursos especiais parcialmente conhecidos e, nessa parte, não providos.
(STJ - REsp: 1632762 AP 2014/0165496-1, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 14/03/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/03/2017)
2. Fato no produto.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.531.211 - PB (2015/0102362-7)
RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
RECORRENTE : BEIERSDORF INDUSTRIA E COMERCIO LTDA
ADVOGADOS : MARCELO DOMINGUES PEREIRA - SP174336
 EMANUELLA CLARA OLIVEIRA FELIPE - PB012647
 CÁSSIO HILDEBRAND PIRES DA CUNHA - DF025831
 LIVIA MARQUES RODRIGUES - DF044418
RECORRIDO : ROSA DE LOURDES DA ROCHA CARVALHO
ADVOGADOS : LEVI BORGES LIMA - PB001557
 GUSTAVO LIMA NETO - PB010977
 EMENTA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. FATO DO PRODUTO. REAÇÃO ALÉRGICA. AUTOBRONZEADOR. QUEIMADURA QUÍMICA CORNEANA. CEGUEIRA TEMPORÁRIA. DEFEITO DE INFORMAÇÃO. DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO RISCO-PROVEITO.
1. Não há negativa de prestação jurisdicional em tendo o acórdão tratado das questões necessárias à solução da controvérsia, notadamente o cerceamento, a responsabilidade do fornecedor e o defeito do produto. 2. Não se verifica, ainda, o alegado cerceamento de defesa, especialmente no tocante ao nexo causal. 3. Os julgadores na origem partiram da defesa formulada pela própria recorrente, em contestação, no sentido de que o produto não deveria ter sido utilizado ao sol, reconhecendo que essa relevantíssima informação não fora devidamente repassada ao mercado consumidor, podendo-se, daí, extrair razão suficiente para a responsabilização da recorrente e, assim, da suficiência das provas acostadas, revelando-se desnecessária a pericial. 4. Não se revela nulo o julgamento colegiado na origem, tendo em conta a devida editalização da pauta e o adiamento do julgamento do recurso para a próxima sessão ordinária, o que dispensa nova publicação a cientificar os advogados do seu julgamento.5. Consubstancia defeito no produto, para os fins do art. 12 do CDC, não só o desatendimento da segurança legitimamente esperada pelo mercado consumidor (defeito inerente), mas, também, a colocação n mercado de produto que, pela deficiência de informações acaba por causar danos ao usuário que, inadvertidamente, dele utilizar indevidamente (defeito externo). 6. Fatos que revelaram por deveras graves e, apesar de não se ter informação se os danos físicos foram permanentes, no período em que acometeram a autora, mostraram-se atordoantes.7. Em face da utilização de autobronzeador fabricado pela recorrente, deflagrou-se na autora processo alérgico facial e ocular e, especialmente, queimadura química córnea na, em ambos os olhos. 8. Não é tolerável que a utilização de determinada loção bronzeadora alcance ao consumidor reação tão intensa a ponto de lhe prejudicar a visão. 9. Na eventualidade desta ocorrência, porque responde o fornecedor pelos danos causados diretamente pelos produtos por ele fabricados e colocados em circulação, com o qual aufere lucros e mantém a sua atividade produtiva, há de reparar os danos daí decorridos. 10. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
 (STJ - REsp: 1531211 PB 2015/0102362-7, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Publicação: DJ 04/05/2018)
3. Análise dos Julgados. 
O primeiro julgado, trata-se de um caso de vício do produto, uma vez que o carro adquirido apresentou diversos defeitos e foi levado a empresa que o vendeu mais de uma vez para que fosse reparado o erro e todas as tentativas resultaram infrutíferas. Resultando então, na substituição por outro veículo novo, e o pagamento de danos morais pelo tempo e trabalho que teve em levar o carro diversas vezes na empresa para que fosse reparado seus defeitos. 
O segundo julgado, é um caso de fato do produto, onde um produto autobronzeador, não apenas deixou de cumprir com o prometido, mas também acabou gerando queimadura química córneana, fazendo com que seu consumidor ficasse com uma cegueira temporária. Para que não restasse dúvida de sua responsabilidade, a empresa fornecedora em sua contestação, pecou ao abordar que aquele produto não deveria ser exposto ao sol, pois essa valiosa informação não foi entregue ao mercado consumidor. Resultando em danos morais, e reparação de danos físicos. 
Ante o exposto acima, é nítido a diferença nas propostas de soluções quando se fala de VÍCIO e FATO, pois no vício o impacto se dá somente ao objeto ou ao serviço, não afetando outros bens físicos ou até mesmo o psicológico do consumidor. Podemos identificar no primeiro julgado, que o fornecedor teve que somente fazer a troca do produto, por um que estivesse em perfeito funcionamento, e os danos morais pelo transtorno. Contudo, o Fato é bem diferente, pois o produto ou serviço, acaba trazendo prejuízos maiores e diversos daquele que foram fabricados para produzir. Desta forma, a solução presente no segundo julgado, além do relator condenar a reparação de danos físicos e morais, o relator deixa ciente que o fornecedor fique responsável por TODOS os danos causados oriundos da sua mercadoria posta em circulação no mercado.

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