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5 LIT - 3ª

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SIMULADO 	 	 4º BIMESTRE 2019 | 3ª SÉRIE E.M.
QUESTÃO 41 
“Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.
QUESTÃO 42 
Leia o texto a seguir.
No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar, exclamava: – Ai que preguiça!... e não dizia mais nada. Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras feias, imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.
(Adaptado de: ANDRADE, M. Macunaíma. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 7.)
Enquanto produção cultural, o Modernismo procurava reconhecer as identidades que formavam o povo brasileiro. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a presença da temática indígena no movimento, tendo por modelo o romance de Mário de Andrade. 
a) A utilização da temática indígena configurava um projeto nacional de busca dos valores nativos para a formação da identidade brasileira, na época. 
b) Como herói indígena, Macunaíma difere das representações românticas, já que ele figura como um anti-herói, um personagem de ações valorosas, mas também vis. 
c) Macunaíma se insere no racismo corrente no início do século XX, que via uma animalidade no indígena, considerado coisa, e não gente. 
d) O indígena foi considerado pelos modernistas como único representante da identidade brasileira, pois sua cultura era vista como pura e sem interferência de outros povos. 
e) O trecho reafirma a característica histórico-antropológica do patriarcado brasilero, que compreendia o indígena como um incivilizado puro e ingênuo. 
QUESTÃO 43 
O texto a seguir corresponde ao capítulo 92, chamado “Estelário”, das Memórias sentimentais de João Miramar, obra representativa da primeira fase da literatura modernista brasileira.
 Coração esperançava o esperançoso
Começo claro da noite cidadina
Retalhos grandes de nuvens
E duas estrelas vivas
Trem rolava com minha estrela
Bordando a vida fabricadora
Do Brás à Luz
Rolah estrelava o Hotel Suíço
(Oswald de Andrade)
No texto, encontram-se vários traços de inovação estética, entre os quais NÃO ESTÁ
a) o emprego constante de regionalismos.
b) a influência das vanguardas europeias.
c) a abolição da pontuação convencional.
d) a valorização dos neologismos.
e) o fim das fronteiras entre prosa e poesia.
QUESTÃO 44 
Leia o poema a seguir.
Verbo ser
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem
a) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.
b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros.
c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.
d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.
e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares.
QUESTÃO 45 
Leia o poema a seguir.
Poema de Sete Faces 
Carlos Drummond de Andrade
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida
As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres
A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos
O bonde passa cheio de pernas
Pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração
Porém meus olhos
Não perguntam nada
O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode  
Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco
Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é meu coração
Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo.
O termo “gauche”, discutido por Zuenir Ventura a partir de uma entrevista que fez Drummond, revela que o poeta foi um 
a) militante das ideias políticas de esquerda.
b) dos maiores escritores da Literatura Portuguesa.
c) homem qualquer, de vida simples.
d) seguidor do movimento da teologia da libertação.
e) defensor das ideias academicista parnasiana.
QUESTÃO 46 
Leia o seguinte trecho do capítulo “Contas”, de Vidas Secas.
Tinha a obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia do seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. (...) Era a sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas. 103ª. ed., Rio de Janeiro: Editora Record, 2007, p.97.)
Que visão Fabiano tem de sua própria condição?
a) prepotente
b) inalienada
c) desvairada
d) autoritária
e) conformista. 
QUESTÃO 47 
O texto a seguir foi retirado da obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas. Esse romance completou, em agosto de 2008, 70 anos de sua primeira publicação. É narrado em 3a pessoa (ao contrário das obras anteriores de Graciliano) e pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos.
Fabiano, uma coisa da fazenda, um triste, seria despedido quando menos esperasse. Ao ser contratado, recebera o cavalo de fábrica, peneiras, gibão, guarda-peito e sapatões de couro, mas ao sair largaria tudo ao vaqueiro que o substituísse.
Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Doidice.
Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem.
Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teria meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa amarrada, dormiriam bem debaixo de um pau.
Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se.Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera.
E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo - anos bons, misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas - ela se avizinhando 1a galope, com vontade de matá-lo.
O texto de Graciliano Ramos é um dos integrantes da segunda geração do Modernismo, ou Modernismo de 1930. Nas opções a seguir, assinale a que apresenta o principal caminho desse estilo de época:
a) a poesia destruidora da tradição.
b) a prosa introspectiva.
c) a linguagem revolucionária.
d) o regionalismo nordestino.
e) a prosa de tendências fantásticas.
QUESTÃO 48 
Leia o texto a seguir.
Da humana condição 
Custa o rico entrar no céu
(Afirma o povo e não erra).
 Porém muito mais difícil 
É um pobre ficar na terra. 
QUINTANA, M. Melhores poemas. 
Mário Quintana ficou conhecido por seus “quintanares”, nome que o poeta Manuel Bandeira deu a esses quartetos com pequenas observações sobre a vida. Nessa perspectiva, os versos do poema Da humana condição ressaltam
a) a desvalorização da cultura popular. 
b) a falta de sentido da existência humana. 
c) a irreverência diante das crenças do povo. 
d) uma visão irônica das diferenças de classe. 
e) um olhar objetivo sobre as diferenças sociais.
QUESTÃO 49 
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo
 Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho ficou perdida
a minha face?
(MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.)
Sobre os versos acima, é correto afirmar que
a) o poema traz referência à perda de todos os sentidos humanos, ocasionada pelo envelhecimento.
b) a visão do eu lírico oscila entre o pessimismo e o otimismo ante a efemeridade do tempo.
c) o tom melancólico se desfaz no décimo verso, quando o eu lírico constata a inevitabilidade da transformação física.
d) o eu lírico sente-se perplexo diante da consciência tardia das mudanças trazidas pela passagem do tempo.
QUESTÃO 50 
Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.
Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. […]
(Cecília Meireles)
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos traços de seu estilo
a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) vinculado à estética simbolista.
e) vinculado ao estilo trovadoresco.
Os Melhores com Você!			 Página | 2

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