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Governabilidade e governança

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04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 1/19
 (https://www.tecconcursos.com.br) MENU
 Administração Pública (https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205)
Governabilidade e governança
Relações entre os Conceitos de Governabilidade e Governança
Os conceitos de governabilidade e governança surgiram nos Estados modernos do século XIX (democracia
liberal-burguesa), não apresentando uma definição muito clara e precisa, além de possuírem variáveis
conforme o autor e sua nacionalidade, orientação ideológica e a ênfase dada a cada elemento que os
compõem.
 
No entanto, consensos doutrinários permitem o estabelecimento de algumas diferenças:
 
Governabilidade Governança
Condições substantivas ou materiais de
exercício do poder e de legitimidade do Estado
– condições sistêmicas e institucionais
Capacidade que um determinado governo tem
para formular e implementar as suas políticas –
regulação de transações
Capacidade política de governar Capacidade de gerir os recursos públicos
Capacidade para agregar múltiplos interesses
da sociedade e apresentar-lhes um objetivo
comum
Surgem e desenvolvem-se as condições
acordadas com a sociedade – capacidade de
representar os interesses da sociedade
Definição de atuação do espaço público Atuação no espaço público
Fonte ou origem principal: cidadãos
Fonte ou origem principal: próprios agentes
públicos ou servidores do Estado que
possibilitam a implementação das políticas
públicas
Sistema de intermediação de interesses
Mecanismos para operacionalizar as políticas
públicas
Relaciona-se com processo Relaciona-se com estrutura
Conceito mais restrito Conceito mais amplo
 
 (10275?exercicio=1) (10290) (10277)  ✏    
https://www.tecconcursos.com.br/
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275?exercicio=1
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10290
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10277
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 2/19
(CESPE/AUFC-TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as
quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as
relações entre os poderes e o sistema de intermediação de interesses.
Comentários
 
Governabilidade é a capacidade do Estado em agregar os diversos interesses da sociedade e apresentar-
lhes um objetivo comum.
 
Gabarito: Certo.
 
(CESPE/TRACA-ANCINE/2012) Governança representa a capacidade de um governo para formular e
implementar suas decisões.
 
Comentários
 
A governança refere-se aos aspectos da capacidade de formulação e implementação de políticas
públicas, ou seja, é a face ou a estrutura do Estado diante da sociedade.
 
Gabarito: Certo.
Em suma, temos:
Governabilidade: diz respeito à capacidade de decidir. Refere-se às condições sistêmicas de exercício
do poder: forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e equilíbrio entre as forças
políticas de oposição e situação.
Governança: refere-se à capacidade do governo de implementar as decisões tomadas. Envolve os
arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo que viabilize as condições
financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões que o governo toma. Expressam
liderança, conhecimento, experiência e controle de recursos financeiros, materiais e humanos por
parte dos governantes.
Governabilidade
O tema governabilidade das democracias surgiu com a discussão sobre a causa dos problemas de
governabilidade (não governabilidade) na Europa ocidental, no Japão e nos Estados Unidos: o aumento das
demandas sociais e a falta de recursos (financeiros e humanos) e de capacidade de gestão.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275?exercicio=1
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10290
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10277
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275?exercicio=1
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10290
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10277
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 3/19
O debate em ciências políticas em torno do Estado centrou-se em suas falhas diante das funções
regalianas associadas à regulação, ao bem-estar e ao desenvolvimento social. A partir da constatação das
deficiências do Estado, as teorias políticas passaram a reconhecer que os atores não-estatais se forjam
cada vez mais uma legitimidade para defender e promover o bem público. O Estado não mais deteria, de
maneira exclusiva, o monopólio da promoção desse bem público, nem sua definição. Tratar-se-ia
também de definir o espaço público no qual se produz a democracia atualmente, um espaço público
constituído de uma rede complexa de interesses, de interações entre atores e escalões de intervenção
política. MILANI, C.; SOLINÍS, G.. Pensar a democracia na governança mundial: algumas pistas para o
futuro. In:Democracia e Governança Mundial – que regulações para o século XXI. Porto Alegre:
Universidade/UFRGS/Unesco, 2002, p. 266-291.
Em relação ao espaço público de atuação, a definição deste espaço se refere ao conceito de governabilidade,
enquanto que a atuação propriamente dita vincula-se à governança.
 
A governabilidade é a relação de legitimidade do Estado e a sua postura diante da sociedade civil e do
mercado. Segundo o Caderno MARE[1] nº 01, a governabilidade nos regimes democráticos depende da
adequação das instituições políticas capazes de intermediar interesses dentro do Estado e na sociedade civil.
Essa intermediação requer a capacidade da sociedade em limitar suas demandas e do governo em atendê-
las, pressupondo um contrato social básico.
 
A governabilidade refere-se a “condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder,
tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema
de intermediação de interesses” (SANTOS, 1997)[2]. Portanto, além das questões políticos-institucionais de
tomada de decisões, a governabilidade envolveria, também, o sistema de intermediação de interesses -
formas de participação dos grupos organizados da sociedade no processo de definição, acompanhamento e
implementação de políticas públicas.
 
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 4/19
 
A governabilidade também é considerada como o apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua
capacidade de articular alianças entre os diferentes grupos sociopolíticos para viabilizar o projeto de Estado
e sociedade a ser implementado.
 
Assim, uma crise ou problema de governabilidade – ingovernabilidade ou não governabilidade - inicia-se
para os governos com a perda do apoio da sociedade civil. Ou seja, a ingovernabilidade é a relação de
conflito do Estado e do seu governo com a sociedade.
 
Para Bobbio (2000)[3], a ingovernabilidade ou a não governabilidade pode estar associada à sobrecarga
fiscal, excesso de demandas e à crise de legitimidade do Estado. A sobrecarga fiscal refere-se à
sobrecarga de problemas aos qual o Estado deve responder com a expansão de seus serviços e intervenção; o
excesso de demandas refere-se ao desequilíbrio entre as demandas da população e a capacidade estatal em
atendê-las; por fim, a crise de legitimidade que se origina quando a sociedade não aceita a legitimidade dos
atos administrativos e políticos do Estado, considerando o problema de acumulação,distribuição e
redistribuição de recursos, bens e serviços.
 
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 5/19
 
Habermas (1997)[4] leciona que a não governabilidade poderia ser definida como um conjunto de uma
crise de gestão administrativa do sistema e uma crise de apoio político dos cidadãos às autoridades e
aos Governos. A governabilidade de uma democracia depende da relação entre a autoridade de suas
instituições de governos e a força das suas instituições de oposição. Ou seja, o recurso por excelência do
governo é a autoridade, ou a legitimidade das instituições democráticas; a ela se contrapõem os conflitos, as
pressões e as reivindicações da oposição organizada (HUNTINGTON, 1965)[5].
 
Ainda, o modelo de governabilidade proposto por Ferreira Filho (2001).
 
Segundo o autor, a crise de governabilidade, em regra, abrange três crises que estão interligadas: 
crise de sobrecarga; 
crise (político) institucional ou agenciamento; 
crise do modelo (político) - crise democrático representativa. 
► Crise de sobrecarga
Esta crise consiste na incapacidade do Estado dar conta de todas as tarefas assumidas e que lhe são
atribuídas pela Constituição e leis. Sendo que essas tarefas aumentam de forma ilimitada, e abrangem todos
os setores da sociedade. 
 
O ideal seria que o Estado cuidasse, apenas, da segurança (interna e externa, ou seja, através da força armada
e da polícia), diplomacia, administração pública e justiça. E assim, garantir os direitos naturais de
fundamentais de todo ser humano. 
 
Para solucionar essa crise, o Estado precisa definir sua finalidade quanto governo. É necessário utilizar uma
política racional, em que o Estado, somente, oriente, incentive, fiscalize e ampare e realize as funções que
apenas ele pode desempenhar. 
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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► Crise de Agenciamento 
A crise governamental resulta da base de organização governamental inadequada para um Estado
intervencionista, adotada por muitos países, que é a separação dos poderes seguindo o modelo de
Montesquieu (separação em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, independentes e autônomos
entre si). 
 
Um exemplo da crise é que para o Executivo poder atuar de forma eficiente, ele precisa de leis e no momento
que são necessárias, mas não é isso que ocorre, já que a própria estrutura do Legislativo dificulta muitas
decisões. E, também, por serem poderes autônomos, o que interessa para em determinada ocasião, pode
não interessar para o outro. 
 
A solução seria substituir a separação de poderes de Montesquieu por uma separação mais adequada para
cada Estado. E assim, coordenar a atuação dos poderes, para que um não prejudique a atuação do outro.
 
► Crise democrático representativa 
A crise decorre em função da vontade real do povo não ser transmitida aos órgãos da administração pública.
E que os governantes, depois de eleitos, agem seguindo a própria pretensão, para o seu proveito e não de
acordo com os interesses das pessoas que os elegeram. 
 
Soma-se a isto, o fato de o processo de escolha dos políticos ser feito por intermédio dos partidos políticos,
que influenciam na formação da opinião da população, e isto resulta na escolha equivocada e aleatória de
desconhecidos ou aproveitadores. 
 
A solução está na melhora do processo de escolha, estruturando o sistema eleitoral.
[1] Ministério da Administração. Federal e Reforma do Estado (1995).
 
[2] SANTOS, M. H. de C.. Governabilidade, Governança e Democracia: Criação da Capacidade Governativa e Relações Executivo-Legislativo no Brasil
Pós-Constituinte. Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, volume 40, nº 3, 1997.
 
[3] BOBBIO, N.. Dicionário de política. Brasília: Universidade de Brasília. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2000.
 
[4] HABERMAS, J.. Historia y Crítica de la Opinión Pública – la transformación estructural de la vida pública, trad. Antonio Doménechi, Barcelona: G.Gili
S.A. de C.V. 1994.
 
[5] HUNTINGTON, S. Political development and political decay. World Politics, vol. 17, nº 3, 1965.
 
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 7/19
FERREIRA FILHO, M. G.. A democracia no limiar no século XXI. São Paulo: Saraiva, 2001.
Governança
Nesse capítulo iremos tratar, basicamente, das visões sobre o tema governança, segundo o que escreve
Rhodes (1986). Esse autor compila diversos conceitos, abrindo uma discussão que cerca essas diversas
perspectivas para o assunto "governança".
 
1º) A governança enquanto Estado mínimo: baseado na necessidade da redução dos déficits públicos, esse
uso da governança refere-se a uma nova forma de intervenção pública e ao papel dos mercados na produção
dos serviços públicos;
 
2º) A governança corporativa: oriunda das teorias do management, a governança corporativa acentua a
necessidade de eficácia, assim como a accountability na gestão dos bens públicos;
 
3º) A governança enquanto "New Public Mangement" (NPM): o NPM prega a gestão e os novos mecanismos
institucionais em economia, através da introdução de métodos de gestão do setor privado e do
estabelecimento de medidas incitativas ("incentives") no setor público;
 
4º) A "boa governança": utilizada originalmente pelo Banco Mundial com referência a suas políticas de
empréstimos, a boa governança é uma norma que supõe a eficácia dos serviços públicos, a privatização das
empresas estatais, o rigor orçamentário e a descentralização administrativa;
 
5º) A governança enquanto sistema sociocibernético: a governança pode ser considerada sob as perspectivas
da complexidade, da dinâmica das redes e da diversidade dos atores. O mundo político seria assim, marcado
pelas coestratégias: a cogestão, a corregulação, assim como as parcerias público-privado;
 
6º) A governança enquanto conjunto de redes organizadas: considerando que o Estado é um dos atores (a não
mais o único e exclusivo ator) no sistema mundial, redes integradas e horizontais (ONGs, redes profissionais e
científicas, meios de comunicação) desenvolvem suas políticas e modelam o ambiente desse sistema.
 
Vamos lá?
 
Segundo a OECD (2006)[1], a governança diz respeito aos arranjos formais e informais que determinam como
são tomadas as decisões públicas e como são implementadas as ações públicas, na perspectiva de manter os
valores constitucionais de um país em face de vários problemas, atores e ambientes.
 
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 8/19
Um governo, por meio de apoios políticos e da sociedade, pode possuir uma governabilidade; ainda assim,
poderá governar mal se lhe faltar a capacidade da governança. Ou seja, a governança pode se apresentar
deficiente em condições satisfatórias de governabilidade.
 
A governança de um Estado vincula-se às condições administrativas e financeiras para transformar em
realidade as suas decisões. É a capacidade do Estado de controlar e gerenciar o seu quadro
administrativo e seus recursos financeiros, criando regras amplas e assegurar sua prevalência nas
transações sociais, políticas e econômicas, penalizando ou desincentivando condutas e promovendo arranjos
cooperativos. Do ponto de vista político, significa a capacidade de resistência à captura por grupos de
interesse por parte das elites governamentais, além da promoção da accountability. Nesse sentido, a
governança relaciona-se com:
a legitimidade do espaço público em constituição;
a repartição do poder entre aqueles que governam e aqueles que são governados;
aos processos de negociação entre os atores sociais; e
a descentralização da autoridadee das funções ligadas ao ato de governar[2].
A governança na gestão pública é eficaz quando um Estado eficiente proporciona bens e serviços públicos de
qualidade, necessários aos seus cidadãos. Ou seja, o governo que se orienta pelo consenso e que busca a
efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a inclusão adota um modelo de
governança adequado, segundo os critérios clássicos de uma boa governança. Assim, a governança deve ser
destinada a dar continuidade dos processos de governar.
 
Para Pereira (1998)[3], a governança mantém ligação mais direta com o aparelho do Estado. Em síntese, a
governança no modelo gerencial é alcançada quando o Estado se torna mais forte financeiramente,
estruturalmente, estrategicamente e administrativamente. Financeiramente, quando supera a crise
fiscal; estruturalmente, quando delimita sua área de atuação e a participação da sociedade civil;
estrategicamente, com elites políticas capazes de tomar as decisões políticas e econômicas necessárias; e
administrativamente, contando com pessoal tecnicamente capaz e motivado.
 
Mello (1995)[4] menciona a governança como o “modus operandi das políticas governamentais - quando se
preocupa, dentre outras, com questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, à
definição do mix apropriado do público/privado nas políticas, à questão da participação e descentralização,
aos mecanismos de financiamento das políticas e ao escopo global dos programas”.
 
Perceba que a governança refere-se aos aspectos instrumentais da governabilidade na implementação de
políticas públicas, ou seja, é a face do Estado diante da sociedade. A capacidade de comando, coordenação,
intervenção e implementação são componentes fundamentais da governança, além do reforço dos
mecanismos de controles formais e informais. Os mecanismos formais abrangem as próprias instituições
governamentais; já os mecanismos informais - caráter não governamental -, como associações e
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 9/19
organizações, impõem uma conduta determinada dentro da sua área de atuação, satisfazendo as
necessidades e demandas da sociedade (ROSENAU, 2000)[5].
 
Assim, a governança contempla a possibilidade de múltiplas participações e parcerias intra e
interorganizacionais.
 
Afirma Santos (1997)[6] que o conceito de governança não se restringe apenas aos aspectos gerenciais e
administrativos do Estado, ou ao funcionamento eficaz do aparelho de Estado. A governança refere-se,
também, a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais,
ou seja, mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses – tais como partidos políticos e
grupos de pressão – e redes sociais informais. Desse modo, enquanto a governabilidade tem uma
dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema político-institucional, a governança opera em um
plano mais amplo, englobando toda a sociedade em uma orquestração desejável.
 
Lö�ler (2006)[7] sintetiza que a governança pública encerra “uma nova geração de reformas administrativas e
de Estado, que têm como objeto a ação conjunta, levada a efeito de forma eficaz, transparente e
compartilhada, pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos
problemas sociais e criando possibilidades e chances de um desenvolvimento futuro sustentável para todos
os participantes”.
 
Importa destacar que a literatura adota, com grande amplitude, a definição de governança inicialmente
estabelecida pelo Banco Mundial: modo como a autoridade é exercida no gerenciamento dos recursos do
país em direção ao desenvolvimento.
 
Por oportuno, o Banco Mundial, a partir de 1992, definiu de forma ampla as seguintes dimensões para a boa
governança no setor público: administração do setor público; quadro legal; participação e accountability; e
informação e transparência. 
Primeira dimensão: cuida da melhora da capacidade de gerenciamento econômico e de prestação de
serviços sociais. Ressalta-se que a preocupação com questões de capacidade burocrática já estava
presente na experiência anterior com programas de ajuste estrutural. 
Segunda dimensão. Trata do estabelecimento de um marco legal, visto que foi enunciada como um
elemento crítico em face da "síndrome da ilegalidade", em que muitos países em desenvolvimento
seriam caracterizados.
Terceira dimensão. Quadro legal. Envolve inúmeras regras conhecidas previamente, cujo cumprimento
é garantido por um órgão judicial independente e procedimentos para modificá-las, caso não sirvam
mais aos propósitos inicialmente estabelecidos. 
Quarta dimensão: Transparência e participação. Consideradas fundamentais para aumentar a
eficiência econômica, envolvem a disponibilidade de informações sobre as políticas governamentais, a
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 10/19
transparência dos processos de formulação de política e alguma oportunidade para que os cidadãos
possam influenciar a tomada de decisão sobre as políticas públicas.
Em termos de gestão privada, o IBGC[8] elaborou o Código das Melhores Práticas de Governança
Corporativa, instituindo quatro princípios básicos de governança corporativa: Transparência, Equidade,
Prestação de Contas (accountability) e Responsabilidade Corporativa. Vejamos cada um desses
princípios.
 
A Transparência visa disponibilizar às partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não
apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos; a Equidade revela o tratamento justo a
todos os envolvidos e partes interessadas; a Prestação de Contas (accountability) é o dever dos agentes de
governança nas justificativas de suas atuações, assumindo integralmente as consequências de seus atos e
omissões; e a Responsabilidade Corporativa é o zelo pela sustentabilidade das organizações, visando à sua
longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e
operações.
 
Já a governança pública, segundo Matias-Pereira (2008)[9] está apoiada em quatro princípios: relações
éticas, conformidade, transparência e prestação responsável de contas.
 
Os conceitos dos princípios de transparência e prestação de contas são os mesmos aplicáveis à governança
privada. As relações éticas dizem respeito a permissões de ações, cujo parâmetro limitador é a não
nocividade social; a conformidade refere-se à compatibilidade dos procedimentos com as leis e
regulamentos.
 
Estudos que complementam o tema nos permite listar uma série de princípios destacados por distintos
autores. Desse modo, convém destacar o estudo de Barret (2005)[10] que elenca os princípios que as
entidades do setor público devem aderir para efetivamente aplicar os elementos de governança corporativa,
alcançando as melhores práticas:
liderança, integridade e compromisso (relativos a qualidades pessoais);
responsabilidade em prestar contas, integração e transparência (são principalmente o produto de
estratégias, sistemas, políticas e processos no lugar).
Liderança: a governança do setor público requer liderança no governo e/ou do órgão executivo da
organização. Um quadro efetivo requer a clara identificação e articulação da responsabilidade, bem como a
compreensão real e apreciação das várias relações entre os stakeholders da organização e aqueles que são
responsáveis pela gestão dos recursos e obtenção dos desejados resultados (outcomes).
 
Compromisso: as melhores práticas de governança pública requerem um forte compromisso de todos os
participantes, para serem implementados os elementos fundamentais da governança corporativa. Isso exige
boa orientação das pessoas; melhoria na comunicação; uma grande ênfase nos valores da entidade e
04/10/2017 TECConcursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/teoria/modulos/205/capitulos/10275 11/19
conduta ética; gestão do risco; relacionamento com os cidadãos e os clientes e prestação de serviço de
qualidade.
 
Integridade: a integridade tem a ver com honestidade e probidade na administração dos fundos públicos.
Ela é dependente da eficácia do controle estabelecido e dos padrões pessoais e profissionalismo dos
indivíduos dentro da organização. A integridade reflete-se nas práticas e processos de tomada de decisão e
na qualidade e credibilidade do relatório de performance.
 
Responsabilidade/prestação de contas (accountability): os envolvidos devem identificar quem é
responsável por que, perante quem, e quando. Requer também uma compreensão clara e apreciação dos
papéis e responsabilidades dos participantes no quadro da governança, onde os Ministros, a Administração
da entidade e o CEO (executivo principal) são componentes-chave de uma responsabilidade saudável.
 
Transparência: a abertura, ou a equivalente transparência, consiste em providenciar aos stakeholders a
confiança no processo de tomada de decisão e nas ações de gestão das entidades públicas durante a sua
atividade. Comunicações completas e informação segura e transparente geram ações mais efetivas. A
transparência é essencial para ajudar a assegurar que os corpos dirigentes são verdadeiramente
responsáveis. A informação deve ser exibida e não detida por qualquer entidade particular - ela é um recurso
público, assim como o dinheiro público ou os ativos.
 
Integração: os vários elementos da governança devem estar holisticamente integrados no programa
organizacional, bem compreendida e aplicada pelos funcionários dentro das entidades. Se estiver
corretamente implementada, a governança pode providenciar a integração do quadro de gestão estratégica,
necessária para obter os padrões de performance necessários para atingir as suas metas e objetivos.
 
A partir desses princípios, a Federação Internacional de Contadores (IFAC - International Federation of
Accountants)[11] explicitou as quatro dimensões da governança no setor público:
 
Dimensões da Governança Definição
Padrão de comportamento
Como a administração da organização exerce a
liderança, determinando valores e padrões
organizacionais que definem a cultura
organizacional e o comportamento de todos na
organização
Estruturas
e processos organizacionais
Como é indicada e organizada a gerência superior
da organização e como são definidas suas
responsabilidades
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Controle de risco
Como os processos de controle são estabelecidos
pela gerência superior da organização para
alcançar os objetivos da entidade, a eficácia, a
eficiência das operações, a confiabilidade dos
relatórios interno e externo e a conformidade com
as leis, regulamentos e políticas internas
Relatório
externo
Como a gerência superior da organização
demonstra sua responsabilização acerca da
administração do dinheiro público e do seu
desempenho no uso dos recursos
 
Adotando como referência essas quatro dimensões, a IFAC estabeleceu os elementos-chave para a definição
das melhores práticas de governança, com foco na responsabilidade da gestão:
 
Dimensões da Governança no Setor Público
Padrões de
Comportamento
* Liderança
* Código de conduta:
- Probidade e propriedade
- Objetividade, integridade e honestidade
- Relacionamento
Estruturas e Processos
Organizacionais
* Responsabilidade de prestar conta estatutária
* Responsabilidade de prestar contas pelo uso do dinheiro público
* Comunicação com as partes interessadas
* Papéis e responsabilidades:
- Equilíbrio de poder e autoridade
- O grupo governante
- O presidente do grupo de governo
- O grupo governante não-executivo
- Política de remuneração
Controle de Risco
* Gestão de risco
* Auditoria interna:
- Comitês de auditoria
- Controle interno
- Orçamento
- Administração financeira
- Treinamento
04/10/2017 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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Relatórios Externos
* Relatórios anuais
* Normas contábeis apropriadas
* Medidas de desempenho
* Auditores externos
 
O conceito de governança, como visto anteriormente, foi inicialmente difundido pelo Banco Mundial. No
entanto, de forma paralela, as abordagens mais recentes ampliam a governança no sentido de “democratizá-
la”, ou seja, as formulações mais recentes do conceito de governança englobam não só aspectos
operacionais das ações governamentais como também aspectos políticos que dão sustentação a essas
ações. Eis aqui o que podemos chamar de governança interna - aquela difundida pelo Banco Mundial - e
governança externa – aquela que agrega a participação ativa da sociedade civil.
 
Em suma, a governança interna considera a redução do tamanho do Estado, incluindo o
desmantelamento de questões sociais. Já a governança externa atribui ao Estado o papel de ator
principal nas soluções dos problemas sociais. Notemos que na perspectiva externa de governança ocorre
um deslocamento do âmbito estritamente governamental para espaços de interação entre Estado e
sociedade.
 
Quando nos referimos acima à participação ativa da sociedade, consideramos que em ambas a sociedade
está presente, mas apenas na governança externa ela ocorre de forma integral. Vejamos.
 
Segundo Frey (2004)[12], uma seria orientada pela noção difundida pelo Banco Mundial, nela se inscrevendo
abordagens que tem como objetivos finais principais o aumento da eficiência e da eficácia dos governos,
usando apenas mecanismos de participação da sociedade civil. Na outra vertente estão inscritas
abordagens que focam o potencial democrático e emancipatório da sociedade civil, como por exemplo, a
noção de governança participativa.
 
Portanto, considerando a participação da sociedade, a vertente do Banco Mundial (governança interna)
vislumbra apenas a lógica e as necessidades administrativas e governamentais, enquanto a governança
externa foca a emancipação social e a redistribuição do poder.
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[1] ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). The challenge of capacity development: working towards good
practice. OECD: 2006.
 
[2] MILANI, C.; SOLINÍS, G.. Pensar a democracia na governança mundial: algumas pistas para o futuro. In:Democracia e Governança Mundial – que
regulações para o século XXI. Porto Alegre: Universidade/UFRGS/Unesco, 2002, p. 266-291.
 
[3] PEREIRA, L. C. B.. Reforma do Estado para a cidadania: A Reforma Gerencial Brasileira na perspectiva internacional. São Paulo: Ed. 34, 1998.
 
[4] MELLO, M. A.. Ingovernabilidade: Desagregando o Argumento. In: VALLADARES, Lícia do Prado (org.). Governabilidade e Pobreza. Rio de Janeiro, Ed.
Civilização Brasileira, 1995.
 
[5] ROSENAU, James N. Governança, Ordem e Transformação na Política Mundial. Brasília: Ed. UnB e São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
 
[6] SANTOS, Op. cit., 1997.
 
[7] LÖFFLER, Elke. Governance: Die neue Generation von Staats - und Verwaltungs-modernisierung. Verwaltung + Management, v. 7, n. 4, p. 212-215,
2001. In Governança pública: novo modelo regulatório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administração Pública. Rio de
Janeiro, Maio/Jun. 2006.
 
[8] Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
 
[9] MATIAS-PEREIRA, J.. Administração pública comparada: uma avaliação das reformas administrativas do Brasil, EUA e União Europeia. Revista de
Administração Pública, vol.42, n.1, 2008.
 
[10] BARRET, P. Achieving Better Practice Corporate Governance in the Public Sector.AM Auditor General for Australia, 2005. Disponível em: . Acesso em
17 de dezembro de 2013.
 
[11] Ibid.
 
[12] FREY, K. Governança Urbana e Participação Pública. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO, 28., 2004, Curitiba. Anais eletrônicos da ANPAD, Maringá: ANPAD, 2004.
 
WORLD BANK. World Development Report 1992: development and the environment. Washington D.C.: World Bank, 1992.
Resumo do capítulo: Governança
Quadro Sinóptico
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Tópicos Governabilidade e Governança
Governabilidade
Condições substantivas ou materiais de exercício do poder.
Legitimidade do Estado – condições sistêmicas e institucionais.
Capacidade política de governar.
Capacidade para agregar múltiplos interesses da sociedade e
apresentar-lhes um objetivo comum.
Fonte ou origem principal: cidadãos.
Sistema de intermediação de interesses.
Relaciona-se com processo.
Conceito mais restrito.
Crise de governabilidade
- inicia-se para os governos com a perda do apoio da sociedade civil
(sobrecarga fiscal, excesso de demandas e crise de legitimidade).
Governança
Capacidade que o  governo tem para formular e implementar políticas.
Capacidade de gerir os recursos públicos.
Desenvolvem-se as condições acordadas com a sociedade.
Fonte ou origem principal: próprios agentes públicos ou servidores do
Estado.
Mecanismo para operacionalizar as políticas públicas.
Relaciona-se com estrutura.
Conceito mais amplo.
Pode se apresentar deficiente em condições satisfatórias de
governabilidade.
Ligação mais direta com o aparelho do Estado.
Aspectos instrumentais da governabilidade.
Mecanismos de controles formais (instituições governamentais) e
informais (caráter não governamental).
Contempla a possibilidade de múltiplas participações.
Princípios básicos (governança empresarial): Transparência, Equidade,
Prestação de Contas (accountability) e Responsabilidade Corporativa.
Princípios básicos (governança pública): relações éticas, conformidade,
transparência e prestação responsável de contas.
Governança interna: utiliza apenas mecanismos de participação da
sociedade civil.
Governança externa: foca o potencial democrático e emancipatório da
sociedade civil.

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