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1114 - Políticas Públicas

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Núcleo de Educação a Distância
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
POLÍTICAS PÚBLICAS
SEMESTRE 4
Créditos e Copyright.
NASCIMENTO, Viviam Ester de Souza. 
Políticas Públicas. Viviam Ester de Souza Nascimento. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015 (Material didático. Curso de Tecnologia em Gestão Pública).
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Ensino a distância. 2. Tecnologia em Gestão Pública. 3. Políticas Públicas.  
CDD 350					ID 1114
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, COMERCIAIS, CONTÁBEIS E ECONÔMICAS
PLANO DE ENSINO
CURSO: Tecnologia em Gestão Pública
COMPONENTE CURRICULAR: Políticas Públicas*
SEMESTRE:  4º
CARGA HORÁRIA TOTAL:  80 horas
(*) Disciplina que contempla a transversalidade.
EMENTA
Conceitos fundamentais de Políticas Públicas. Processos de formulação, implementação e avaliação. Indicadores de desempenho. Experiências governamentais com políticas públicas: debate e avaliação de casos concretos.
OBJETIVO GERAL:
Apresentar os conhecimentos básicos sobre as políticas públicas, seu ordenamento, aplicação e gestão, bem como desenvolver a habilidade de entender os mecanismos de avaliação e desempenho das políticas públicas, nos diferentes casos da gestão pública. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
UNIDADE I – Conceitos básicos
Estudar os conceitos básicos da formação do Estado e do controle das Políticas Públicas. 
UNIDADE II  – Processos de formulação, implementação e avaliação.
Entender os processos de formulação das Políticas Públicas, assim como suas ferramentas e gestão, a partir dos diagnósticos dos problemas sociais.
UNIDADE III – Indicadores de desempenho
Conhecer os principais indicadores de avaliação das Políticas Públicas, destacando suas metodologias e índices para o melhor monitoramento e provimentos dos serviços públicos. 
UNIDADE IV – Experiências governamentais com políticas públicas
Analisar diferentes casos de Políticas Públicas aplicadas nos setores de educação, saúde, habitação entre outros.
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
· As transformações na Economia Mundial
· Conceito de Estado
· A crise do Estado
· As Reformas do Estado
· As Falhas de Governo
· As políticas públicas e seus tipos
· As áreas do Estado em que as Política Públicas são formadas
· O controle das políticas públicas
· Formulação das Políticas Públicas
· Ciclos da Política Pública
· Planejamento e Gestão das Políticas Públicas
· O Planejamento Estratégico Situacional (PES)
· O Problema Social
· Diagnóstico e Causa de um Problema Social
· Conceituação para a Formulação e Gestão de Políticas Públicas
· Ferramentas de Formulação e Gestão das Políticas Públicas
· Indicadores e Informações para a Gestão Pública
· Monitoramento das Políticas Públicas
· Avaliação das Políticas Públicas
· Os Índices (Monitoramento e Avaliação das Políticas Públicas)
· Características dos Indicadores
· Os Serviços Públicos
· Serviços Públicos e o Poder Concedente.
· Políticas Públicas de Combate à Desigualdade Social
· Políticas Públicas de Inclusão Social
· Políticas Públicas Educacionais
· Políticas Públicas de Saúde
· Políticas Previdenciárias
· Políticas Habitacionais e Urbanas
· Política Pública e o Terceiro Setor
· Meio Ambiente e Políticas Públicas
 (*) Conteúdos que contemplam a transversalidade.
Bibliografia Básica: 
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012. 252 p. ISBN 9788522469703. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522484478>. Acesso em: 19 fev. 2019.
POLÍTICAS públicas: definições, interlocuções e experiências. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2012; Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2012. ISBN 9788570616777. (Pearson-19-02-19)
THOMAS, Janet M.; CALLAN, Scott J. Economia ambiental: aplicações, políticas e teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Livro. (1 recurso online). ISBN 9788522109784. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522109784>. Acesso em: 19 fev. 2019. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
BASSINELLO, Greice. Saúde Coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. (Pearson-19-02-19)
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. Campinas, SP: Papirus, 1994. (Pearson-19-02-19)
FONSECA, Dagoberto José. Políticas Públicas e Ações Afirmativas. São Paulo: Selo Negro, 2009. (Pearson-19-02-19)
OLIVEIRA, Fátima Bayma de; KASZNAR, Istvan Karoly. Saúde, Previdência e Assistência Social. Políticas, Públicas Integradas: Desafios e Propostas Estratégicas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. (Pearson-19-02-19)
QUEIROZ, Roosevelt Brasil. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: InterSaberes, 2012. (Pearson-19-02-19) 
METODOLOGIA:
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
 
AVALIAÇÃO:
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
Sumário
Aula: 1_As transformações na Economia Mundial	10
Aula: 2_Conceito de Estado	16
Aula: 3_A crise do Estado	21
Aula: 4_As Reformas do Estado	25
Aula: 5_As Falhas de Governo	29
Aula: 6_As políticas públicas e seus tipos	35
Aula: 7_As áreas do Estado em que as Política Públicas são formadas	39
Aula: 8_O controle das políticas públicas	44
Aula: 9_Formulação das Políticas Públicas	49
Aula: 10_Ciclos da Política Pública	59
Aula: 11_Planejamento e Gestão das Políticas Públicas	65
Aula: 12_O Planejamento Estratégico Situacional (PES)	69
Aula: 13_O Problema Social	75
Aula: 14_Diagnóstico e Causa de um Problema Social	79
Aula: 15_Conceituação para a Formulação e Gestão de Políticas Públicas	82
Aula: 16_Ferramentas de Formulação e Gestão das Políticas Públicas	86
Aula: 17_Indicadores e Informações para a Gestão Pública	100
Aula: 18_Monitoramento das Políticas Públicas	103
Aula: 19_Avaliação das Políticas Públicas	109
Aula: 20_Os Índices	116
Aula: 21_Características dos Indicadores	121
Aula: 22_Os Serviços Públicos	125
Aula: 23_Serviços Públicos e o Poder Concedente	129
Aula: 24_Formas de Provimento dos Serviços Públicos	133
Aula: 25_Políticas Públicas de Combate à Desigualdade Social	137
Aula: 26_Políticas Públicas de Inclusão Social	143
Aula: 27_Políticas Públicas Educacionais	149
Aula: 28_Políticas Públicas de Saúde	155
Aula: 29_Políticas Previdenciárias	161
Aula: 30_Políticas Habitacionais e Urbanas	167
Aula: 31_Política Pública e o Terceiro Setor	172
Aula: 32_Meio Ambiente e Políticas Públicas	179
Aula: 1_As transformações na Economia Mundial
Analisando o século XX e tomando como marco temporal a década de 80, podemos observar inúmeras mudanças estruturais que geraram impactos sociais e econômicos, assim como influenciaram o papel do Estado nas sociedades.
Com base nesta perspectiva, vamos analisar as principais transformações tecnológicas, econômicas e sociais que ajudam a entender a estrutura das sociedades modernas e como elas se comportam e pensam, para então, entendermos o conceito de Estado, que passou a ser revisto diante do aumento das demandas sociais e da maior participação das pessoas nas decisões políticas e econômicas.
A Revolução Tecnológica
A Revolução Tecnológica, difundida durante o século XX, proporcionou mudanças significativas nas sociedades, sendo especialmente impulsionada pelo advento da globalização que produziu maior integração entre os países, não somente do ponto devista econômico, mas também tecnológico. Neste processo, as distâncias, as barreiras físicas, econômicas e políticas foram sendo reduzidas, porém, os desafios sociais tornaram-se ainda maiores, visto o vertiginoso crescimento populacional, os impactos ambientais, a ascensão dos países em desenvolvimento (novos atores no cenário econômico político) e a continuidade das diferenças sociais e dos conflitos entre as nações (ZUFFO, 2003).[1]
Ou seja, o mundo tornou-se menos protecionista, mais tecnológico e mais complexo diante dos novos desafios econômicos, políticos e sociais. Por isso, o Estado e a gestão pública passou a sofrer pressões sociais muito maiores que em outros tempos em que a centralização e o protecionismo garantiam maior unidade e  estabilidade para determinadas classes políticas mais privilegiadas.
Portanto, neste contexto destacamos a chamada "Revolução da Informação", ou mesmo a "Era da Informação" ("Sociedade da Informação" ou ainda "Nova Economia").  A revolução da informação modificou as formas de pensamento da sociedade e interferiu nos modelos produtivos, na formação da riqueza e na interação entre sociedade e o Estado.
Em outros tempos, a "Revolução Agrícola" colocou a "terra" como o principal fator de produção da riqueza. Depois, a “Revolução Industrial” transformou o “capital físico” como o condutor da produção e acumulação da riqueza (iniciou com a energia a vapor, passando pela eletricidade e depois o petróleo). Nos dias atuais, a “Era da Informação" é a que dita os rumos da produção e da riqueza, baseada na informação e no conhecimento tecnológico, sendo estas em constantes avanços (ZUFFO, 2002).[2]
Segundo Castells (2003)[3], com o advento da internet, as formas de comunicação se transformaram e consequentemente novas relações sociais também surgiram, afetando o modo de interação entre as pessoas, as organizações, as economias e os próprios governos.
Muitas mudanças então surgiram com este cenário movido pela “Tecnologia da Informação”, como no caso das redes sociais, do marketing digital, dos negócios online, das bolsas eletrônicas, dos serviços financeiros via internet, das tecnologias de informação governamentais e tantas outras formas de operações e negócios que envolvem a comunicação, a guarda e controle de informações, impactando sobre a organização social.
As Tendências Econômicas
Considerando o mundo globalizado, em que os mercados são mais competitivos, as tecnologias cada vez mais modernas, o ambiente institucional mais complexo e os governos mais descentralizados, podemos observar as seguintes tendências econômicas:
a) constantes mudanças nos processos produtivos, baseadas em tecnologias que buscam redução de custos dentro de um ambiente de negócios complexo; pois diferentes dimensões devem ser consideradas nos mercados atuais, como: consumidores mais exigentes (sobre a qualidade dos produtos e serviços; sobre a responsabilidade das empresas em relação aos processos produtivos e seus impactos ambientais; sobre as garantias dos direitos dos empregados que trabalham nas empresas; no cumprimento da legislação entre outros);
b) aumento da integração comercial e financeira entre os países. Esta integração foi resultado da globalização e é um processo ainda em curso, abrindo oportunidades de negócios entre os países, mas ao mesmo tempo tornam essas economias e seus governos mais frágeis diante das crises externas (mesmo com toda tecnologia existente). Neste item, observamos o avanço da participação econômica no cenário internacional dos países que compõe o grupo “BRICS” (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul);
c) aumento dos custos relacionados ao uso e controle das tecnologias de informação, afetando o ambiente de negócios externos e internos. Ou seja, novas tecnologias e seus avanços também trazem outros custos para os governos e as organizações que precisam investir em segurança da informação, atualizações tecnológicas e qualificação dos seus funcionários que necessitam acompanhar os avanços tecnológicos para manter as organizações competitivas nos mercados.
As Relações Sociais
Quanto à forma como as sociedades se relacionam e se comportam no cenário atual, podemos identificar as seguintes tendências:
a) riscos associados à “hiperinformação”. Este fenômeno está relacionado ao grande volume de informação que muitas vezes não é bem utilizado pela sociedade. A circulação e acumulação dessas informações nas redes acabam por vezes não gerando o conhecimento esperado, podendo até mesmo promover um retrocesso no processo de aprendizagem das pessoas, visto o distanciamento dos métodos básicos de educação formal. Neste cenário o aprendizado passa pelos computadores, celulares, tablets e outros instrumentos que dificultam o desenvolvimento do hábito da leitura, da interpretação e da reflexão dos textos. Nos dias atuais, em sociedades mais tecnológicas, a velocidade da informação promove um comportamento imediatista, no qual as respostas devem ser rápidas e objetivas e por isso, muito se questiona se hoje a “era da informação” não está se transformando na “era da ignorância” (LASTRES, 2000).[4]
De acordo com Zuffo (2002, p.18)[5]: “Numa cibersociedade, em que o conhecimento e a educação ocupam papel central no processo de desenvolvimento e progresso social, as políticas governamentais de desenvolvimento científico-tecnológico são fundamentais no processo de manutenção da identidade cultural e soberania nacional". Ou seja, necessitamos controlar os efeitos negativos do uso abusivo das tecnologias, pois as sociedades sem conhecimento (ainda que tenham acesso à informação) não desenvolvem sua autonomia e nem participam dos benefícios tecnológicos existentes, mantendo-se como sociedades “alienadas” e “desiguais”. 
b) conflitos e intolerância entre os povos que ainda existem, mesmo com a globalização e os avanços tecnológicos.  A reorganização socioeconômica do modo de produção do conhecimento multiplicou as possibilidades de uso dos recursos, mesmo assim, a maior parte da produção e distribuição do conhecimento continuou concentrada nos países mais desenvolvidos, não se revertendo na redução das desigualdades sociais. Este se tornou um desafio para os governos e organizações que assumem o papel estratégico no uso do conhecimento, tendo a responsabilidade de convertê-lo em benefícios a todas as sociedades (MACIEL, 2001).[6]
c) problemas com a sustentabilidade do meio ambiente: diversos problemas relacionados ao ordenamento social no contexto atual estão diretamente ligados às condições humanas e ambientais que caracterizam as sociedades atuais, pois os desastres naturais, o aquecimento global e a má distribuição da riqueza acentuou a desigualdade social e a pobreza em diversos países, mesmo com a globalização e todos os avanços tecnológicos. De acordo com Reis, Fadigas e Carvalho (2012, p.7)[7] "a exploração descontrolada dos recursos naturais, no uso de tecnologias de larga escala e no consumo desenfreado" resultam em "aspectos ecologicamente predatórios, socialmente perversos e politicamente injustos". Tais valores, segundo o mesmo autor, propiciam a geração de: "desastres ecológicos; disparidades e desintegração social; falta de perspectivas futuras e marginalização de regiões e indivíduos; além de terrorismo, guerras localizadas, fortalecimento do tráfico de drogas e armas, violência urbana e outros fatores de desagregação humana e degradação ambiental.
Dentro dessa discussão, a reflexão sobre como a sociedade interfere no meio ambiente e impacta sobre a manutenção dos recursos naturais no futuro, tornou-se extremamente importante para um novo modelo de desenvolvimento econômico e social sustentável. Diante desse desafio, a responsabilidade dos governos se intensificou, portanto, devem ser consideradas as dimensões políticas, econômicas, sociais, tecnológicas e ambientais para um modelo de gestão pública integrada e ampla, que envolvam várias camadas e organizações da sociedade, e até mesmo de outros países.
Por fim, reconhece-se então, que a "equidade" é uma condiçãoessencial para um modelo de desenvolvimento sustentável.
[1] ZUFFO, João Antonio. A sociedade e a economia no novo milênio: os empregos e as empresas do turbulento alvorecer do século XXI. São Paulo: Manole, 2003.
[2] ZUFFO. João Antonio. Sociedade e a economia do novo milênio: a tecnologia e a infossociedade. São Paulo: Manole, 2002.
[3] CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
[4] LASTRES, Helena Maria Martins. Ciência e tecnologia na era do conhecimento: um óbvio papel? Parcerias Estratégicas. Centro de Gestão Estratégica, n.9, out. 2000.
[5] ZUFFO. João Antonio. Sociedade e a economia do novo milênio: a tecnologia e a infossociedade. São Paulo: Manole, 2002.
[6] MACIEL, Maria Lucia. Hélices, sistemas, ambientes e modelos: os desafios à Sociologia da Inovação. Disponível em: Acesso em: 25/03/2014.
[7] REIS, Lineu Belico; FADIGAS, Eliane A.F.Amaral; CARVALHO, Cláudio Elias. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. 2ª. Edição. São Paulo, 2012.
Aula: 2_Conceito de Estado
Observamos na aula anterior as inúmeras mudanças que afetaram as relações sociais e o papel dos governos, que se depararam com uma crescente demanda por maior qualidade de vida das populações e consequentemente, a necessidade de rever o papel do Estado na  economia. A partir dessa perspectiva, vamos nesta aula entender o conceito de "Estado" sob a perspectiva política e social. Lembre-se que na disciplina de Economia e Finanças, o Estado foi analisado como um agente econômico necessário para suprir as falhas de mercado. Portanto, podemos analisar o Estado sob diferentes perspectivas.
O Estado
Tradicionalmente, o conceito de Estado está relacionado à organização política de uma nação, ou seja, a forma como uma nação é comandada. Historicamente, o Estado surgiu como o melhor instrumento de congregação das adversidades do ambiente social, por ser um instrumento de força e cooperação entre os homens (QUEIROZ, 2009).
Do ponto de vista histórico, é a partir do Renascimento[1] que a concepção de Estado se formou. Com o desenvolvimento da classe burguesa mercantil, após o fim do Feudalismo, as cidades se desenvolveram e a formação das monarquias e seus reinados se fortaleceram. Sobre essa passagem histórica, a literatura destaca o pensamento deNicolau Maquiavel (1469 - 1527), conhecido por seu famoso livro intitulado "O príncipe" de 1532. Essa obra é reconhecida por sua importância na construção do conceito de Estado.
O contexto histórico da obra é uma Itália em decadência, fragmentada em pequenos Estados e que estava na iminência de perder sua independência em razão das invasões da Espanha e da França (séculos XV e XVI). 
Maquiavel então apresenta em seu livro, as condições necessárias para que um rei torne-se soberano e seja capaz de manter suas conquistas, seu reino e seu poder. Defendia ao governo a lógica da força, mesmo que por meio da violência, o que ficou conhecida por sua famosa expressão: “os fins justificam os meios”. Essas concepções políticas influenciaram as sociedades da época e fortaleceram a concepção do Estado monárquico.
Outros autores importantes também se destacaram na concepção do Estado, como os filósofos ingleses Thomas Hobbes e John Locke, da corrente conhecida como "Contratualistas", que entendiam que o Estado foi criado por meio de um "contrato social".
Thomas Hobbes (1588 - 1679), com sua obra “Leviatã”, publicada em 1651, expressa o pensamento de que os homens, em seu estado de natureza, são iguais. Porém, o egoísmo e o egocentrismo são características humanas inevitáveis e que por isso, a convivência social sempre é conflituosa. Portanto, para Hobbes, existem três causas que provocam a discórdia entre os homens: a competição, a desconfiança e a glória. Por essa razão, os indivíduos necessitam de um "pacto social" que reduza os conflitos e garanta a paz e a segurança. Para que esse pacto se concretize é necessário que todos abram mão da liberdade e dos direitos individuais, transportando ao Estado o poder de garantir a ordem e a segurança. Sem esse contrato, o estado de natureza irá prevalecer e a discórdia e as disputas entre os homens determinarão as relações humanas.
Já John Locke (1632 – 1704), em sua obra “Segundo tratado sobre o governo civil”, publicada em 1681, defende a ideia de que os homens, no estado de natureza, viviam em relativa harmonia e paz. Nesta condição, o homem também é dotado de razão e de sua propriedade (como a vida, a liberdade, os bens móveis e a terra que é um direito de todos e obtido pelo trabalho, o que torna-o uma propriedade privada). A partir daí, o "estado de guerra" se dá quando existe a violação da propriedade privada, sendo, portanto, necessária a criação de um "contrato social" para proteger a propriedade privada e direitos individuais. Para Locke, essa condição levou os homens a se unirem e estabelecerem o “contrato de consentimento” que constitui o Estado Civil, escolhendo a forma de governo e dos poderes legislativos e executivos. Se este ordenamento não for respeitado, o governo pode tornar-se tirânico e como consequência, o estado de guerra retornará.
Observamos que o conceito de Estado se construiu ao longo da história e foi fortemente influenciado pelo pensamento das sociedades em cada momento de seu desenvolvimento.  Atualmente, a concepção mais comum é que o Estado se define como um conjunto de instituições que controlam e administram uma nação. Essas instituições englobam não somente o governo, mas também as forças armadas, as instituições públicas e as diferentes esferas governamentais. Além disso, o Estado também representa um "país soberano", com estrutura própria e politicamente organizado, o que deve lhe garantir autonomia e independência em relação às outras nações, não somente do ponto de vista territorial, mas também do ponto de vista político, social e econômico. Assim, temos como Elementos Básicos do Estado: (KENSEN, 1990)[2]
a) Território: base física do Estado. É a base física sobre a qual se fixa o povo e se exerce o poder estatal, sob a ordem jurídica nacional;
b) Povo: associação humana. É o conjunto das pessoas dotadas de capacidade jurídica para exercer os direitos políticos assegurados pela organização estatal. é diferente de população, pois esta se refere ao número de habitantes, incluindo, por exemplo, os estrangeiros, os visitantes temporários, ou seja, é uma estatística. O povo também se difere de “nação”, pois, embora o conceito de nação ser associado ao conceito de povo, contém um sentido político próprio: a nação é o povo que já adquiriu a consciência de si mesmo, como história, cultura e existência (conjunto homogêneo de pessoas que se consideram ligadas entre si por vínculos de “sangue”, idioma, religião, cultura, ideias, objetivos).
Já para o conceito de povo, existe a questão da soberania (Art.1º, parágrafo único, da Constituição Federal, 1988). A soberania é poder político supremo de um povo, porque não está limitado por nenhum outro poder na ordem interna, e é poder político independente, porque na sociedade internacional não tem que acatar as regras que não sejam, voluntariamente, aceitas.  
c) Governo: comando por parte de autoridade soberana. É o conjunto do ordenamento jurídico do Estado, que exerce a autoridade e o exercício da administração pública. Deve ser soberano, ou seja, absoluto, indivisível e incontestável no âmbito de validade da ordem jurídica estatal, representada .
No plano interno, o poder soberano não encontra limites jurídicos. Mas parte da doutrina entende que a soberania estatal é restringida por princípios de direito natural, além de limites ideológicos (crenças e valores nacionais) e limites estruturais da sociedade (sistema produtivo, classes sociais). Já no plano internacional, a soberania estatal encontra limites no princípio da coexistência pacífica das soberanias estatais (BERNARDES e Ferreira, 2014).[3]
Portanto, o Estado se constitui soba organização de um conjunto de leis que regulam, normatizam e legitimam o poder de seus representantes. Por isso, as Constituições e todo aparato legal de um país, determina um ambiente institucional no qual são ordenados os papeis, os direitos e os deveres dos agentes e do próprio Estado, reconhecendo então a soberania interna e externa da nação. Portanto, o Estado representa o conjunto de instituições que estruturam e regulam uma população em seu território e a soberania do povo (QUEIROZ, 2009).
[1] Movimento cultural entre os séculos XIII e XVII. Idealizado pela burguesia, iniciou-se na Itália (região de Florença) e seguiu-se para a Alemanha, Inglaterra e Países Baixos. Foi caracterizado também pela expansão marítima (Grandes Navegações), o Absolutismo político e a Reforma religiosa.
[2]  Kensen, Hans. Teoria geral do Direito e do Estado. São Paulo: M. Fontes, 1990.
[3] Bernardes, Juliano Teveira; Ferreira, Olavo augusto Vianna Alves. Direito Constitucional. 4ª Edição. Salvador:JUSPODIVM, 2014. 
Aula: 3_A crise do Estado
Como foi estudado na aula anterior, ao Estado foi transferido o poder de decidir os rumos de uma nação, de definir planos e ações que conduzam o desenvolvimento econômico e social, coordenando e organizando as instituições nas diferentes esferas governamentais e influenciando as decisões dos agentes econômicos e das organizações civis. Todo esse poder se tornou justificável em razão da necessidade de existir um Estado, pois sem ele, uma nação não conseguiria se manter unificada e organizada.
Segundo Bresser-Pereira (1995, p.8 apud QUEIROZ, 2009, p.27), "o Estado é uma organização burocrática ou aparelho, que se diferencia essencialmente das demais organizações, por que é a única que dispõe de poder extroverso - de um poder político que ultrapassa os seus próprios limites organizacionais".
Mas ao mesmo tempo, a história mostrou que se os resultados esperados não atendessem as expectativas da sociedade, ao Estado também seria atribuída a maior responsabilidade pelo fracasso. Por isso, diante desse cenário, os Estados foram obrigados a mudarem suas formas de atuação e de organização, reformulando os modelos políticos e buscando se adequarem às exigências da população e dos diferentes grupos de interesses na sociedade.
A Crise do Estado Contemporâneo
O Estado liberal que se estruturou ao longo do século XVIII, apoiado no pensamento do liberalismo político e econômico, que se consolidou com o movimento Iluminista, atribuiu ao Estado um papel de mínima participação no ordenamento econômico e social das nações, passando o Estado a ser responsável, essencialmente, pela segurança nacional, arrecadação e diplomacia. Ao mercado e aos agentes privados, a economia deveria se guiar, defendida pelo sistema econômico capitalista. Ou seja, com a decadência das monarquias e a maior independência das nações, o Estado totalitarista é gradualmente substituído pelo Estado liberal, que tornou-se mais adequado aos padrões comerciais e de industrialização que se desenvolveu com a Revolução Industrial e todo o processo de desenvolvimento do capitalismo mercantil e industrial do século XIX.
Porém, após a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), a Revolução Russa (1917) e a Quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929), a década de 30 no século XX foi marcada por um período de grandes mudanças na economias e nas relações sociais. A alta dos níveis de desemprego e a falência de várias empresas abalou as concepções do livre mercado (capitalistas) e revelaram as ineficiências de um sistema econômico desigual e incapaz de sozinho encontrar o equilíbrio econômico. Portanto, sair de uma crise econômica sem a participação do Estado revelou-se impossível naquele momento. Nesse contexto surge então o chamado Estado Intervencionista, defendido pelo pensamento keynesiano (do economista inglês John Maynard Keynes, 1883 - 1946).
Nessa nova concepção, ao Estado se atribuiu um papel complementar à necessidades econômicas e sociais. Ou seja, o Estado necessitava intervir na economia com investimentos e ações governamentais que buscassem reverter o cenário de crise, fosse por meio de estímulo e concessão financeira para obras de infraestrutura, ou até mesmo, atuando diretamente na prestação das atividades econômicas. Além disso, deveria assumir a prestação de serviços sociais fundamentais que atendessem as demanda das classes de menor renda.
Com essa revisão do papel do Estado intervencionista, desenvolve-se o chamado Estado do Bem-Estar Social (Welfare State), que influenciou, especialmente, os países da Europa no pós Segunda Guerra Mundial (1938-1945). As principais características desse modelo é a centralização e regulação estatal, com fornecimento de bens públicos à sociedade. Permite o livre mercado, mas com forte participação do Estado na Economia.
Nos países do Terceiro Mundo, desenvolveu-se o Estado Desenvolvimentista e Protecionista, no qual os governos assumiram a condução dos projetos de desenvolvimento econômico, adotando o financiamento público (muitas vezes em parceria com o capital externo), mas também com defesa dos mercados nacionais (no Brasil, temos o exemplo dos Planos Nacionais de Desenvolvimento impulsionados a partir dos governos de Getúlio Vargas, após 1930, e mantidos pelos governos militares após a década de 60 até a década de 80).
E na Europa Oriental e na Ásia, surgem os Estados Comunistas do Bloco Soviético (influenciado pelo pensamento marxista, de Karl Marx, 1818 - 1853, sendo implantado o sistema econômico socialista, no qual os meios de produção são de controle do Estado). Os principais casos da Revolução Socialista ocorreram: na Rússia, em 1917, com a formação da  "União das Repúblicas Socialistas Soviéticas" (URSS); na Alemanha em 1946, com a divisão em Alemanha Oriental (socialista) e Alemanha Ocidental (capitalista); na China em 1949; em Cuba (1959); e na Coréia, em 1948, com a divisão entre a Coréia do Norte (socialista) e a Coréia do Sul (capitalista).   
Aos poucos, os Estados intervencionista, Protecionista e Socialista tornaram-se cada vez maiores, se sobrecarregando de tarefas e de gastos públicos. Nesse contexto, a ineficiência na produção de bens e serviços públicos também se intensificou.  Tal cenário acabou se agravando a partir da década de 80, com o advento da Revolução Tecnológica e da Globalização, o que conduziu à necessidade de um ajustamento do modelo econômico protecionista e centralizador.
Sob os princípios do liberalismo moderno, muitos países promoveram a abertura econômica, a redução das barreiras comerciais, a desestatização e a maior integração dos mercados externos, além da intensificação das movimentações de capitais (casos típicos do Brasil, da China, da Índia e da Rússia).
Com a globalização é imposto aos Estados uma dupla pressão, pois de um lado aumentou a responsabilidade do Estado em proteger a mão de obra e as empresas nacionais da concorrência externas, e de outro lado, o próprio Estado se deparou com uma sociedade mais exigente e que cobrava maior eficiência das tarefas públicas.  
Com esse contexto econômico globalizado, competitivo e tecnológico, a crise do Estado acabou se configurando sob três aspectos fundamentais:
a) crise fiscal: caracterizada pelos crescentes déficits públicos decorrentes do aumento dos gastos dos governos que inviabilizaram a manutenção adequada de políticas públicas, exigindo, muitas vezes, reformas na estrutura de arrecadação e gastos dos governos;
b) crise do modo estatizante de intervenção do Estado: que representa o esgotamento do Estado do Bem-Estar Social e dos países comunistas, exigindo uma redução das estatais na economia; e 
c) crise do modelo burocrático de gestão pública: caracterizado pelo questionamento da eficiência do Estado de prover os serviços públicos, seja do ponto de vista financeiro, seja do ponto de vista técnico.
Portanto, o Estado Intervencionista que no início do século XX surgiu como o modelo mais adequado de desenvolvimento econômico e social, acabou tornando-se obsoleto, o que demandou ajustes econduziram às reformas do Estado.
Aula: 4_As Reformas do Estado
Resumidamente, como estudado anteriormente, podemos entender que a partir da década de 70 (e mais ainda na década de 80), os modelos econômicos baseados no Estado Intervencionista, como o Estado do Bem-Estar Social dos países desenvolvidos da Europa, assim como o Estado Socialista do Leste Europeu e o Estado Desenvolvimentista dos regimes militares da América Latina, deixaram de ser eficientes diante das mudanças e desafios econômicos e sociais que caracterizaram o mundo globalizado.
Diante disso, as demandas sociais aumentaram e geraram pressões sobre os governos. Sendo assim, dentro desse cenário mais competitivo, o Estado necessitou se reformar, tendo como um importante exemplo dessas reformas a descentralização pública, caracterizada pelas privatizações (desestatização) e concessões públicas de atividades produtivas ao setor privado.
O processo de reforma do Estado que iniciou-se na década de 70, determinou um estágio de modernização dos governos, que se caracterizou pela "diminuição do papel do Estado na economia" e do "repasse de atribuições e funções" à iniciativa privada em geral (empresas, organizações civis, etc). Como resultado, boa parte de sua produção direta de bens e serviços foi transferida à sociedade (ou estabelecido parcerias público-privado), abrindo espaço para os governos assumirem o papel de "reguladores e fiscalizadores" do mercado e de "indutores" do processo de desenvolvimento por meio de "políticas governamentais compensatórias" para certos grupos sociais de menor renda (QUEIROZ, 2009, p.31).
Esse estágio da reforma (décadas de 70 e 80), em que o aparelho estatal é reduzido (extinção de órgãos, entidades e empresas públicas, redução do funcionalismo público) e os mecanismos de livre mercado são retomados e priorizados, é classificado como reformas de "primeira geração".
Em sua continuidade, a reforma estatal passou para a "segunda geração". Segundo Queiroz (2009, p.32), o que se defende é a "reconstrução do Estado para exercer novas e estratégicas funções". Nesse aspecto, os pensadores defendem que não basta reduzir o papel do estado na economia, mas que o Estado recupere sua capacidade de governar. Segundo Bresser              Perreira (2009)[1], a reforma do Estado é um processo de "criação e transformação" de instituições com o intuito de solucionar os problemas de governabilidade e governança, pois esses conceitos correspondem  às dimensões política e administrativa do Estado, que são essenciais para sua reforma.
Governabilidade e Reforma Política
O conceito de governabilidade está relacionado à capacidade política do Estado de governar e à legitimidade do Estado perante à sociedade, ou seja, governabilidade depende do apoio que a população de um país atribui ao seus governos. Em países não democrático, ou com governos centralizadores, a legitimidade do Estado é questionável. No Brasil e nos países latinos americanos, em que governos totalitários e militares tomaram o poder e governaram durante décadas, várias crises políticas ocorreram, o que podem ser entendidas como "crises de governabilidade". 
No caso das reformas do Estado, demandadas no contexto pós globalização, ocorreram inúmeros avanços nos processos políticos, caracterizados pela democratização dos governos. Ainda assim, o problema da governabilidade não acabou, passando a ser atribuída à necessidade de adequação das instituições políticas estatais ao efetivo interesse público. Assim, podemos entender que a governabilidade nos regimes democráticos depende, essencialmente, da intermediação dos interesses dos governos e da sociedade como um todo.
Além disso, a Reforma do Estado, envolve também o processo de criação de mecanismos de "responsabilização" dos políticos e gestores públicos (accountability) perante os cidadãos (eleitores). Isso representa o dever de prestar contas e assumir responsabilidades sobre os resultados de suas ações, evitando-se, assim, a cultura de "prevalência dos interesses privados sobre o interesse público" (rent-seeking - busca de rendas) (BRESSER-PEREIRA, 1997). [2]
Governança e Reforma Administrativa
A diferença entre governabilidade e governança está no aspecto prático, ou seja, enquanto a governabilidade deriva depende da legitimidade do Estado,  a governança se refere à capacidade financeira e administrativa dos governos de tornar efetiva as ações governamentais. Por exemplo, no Brasil da década de 70 e 80, ocorreu uma crise fiscal caracterizada pela poupança pública negativa (déficits nas contas públicas). Tal condição impedia o Estado de desenvolver novas políticas governamentais, contribuindo para a precarização dos serviços públicos, o que representou um problema típico de governança.
Dentro desse contexto, a crise de governança revela outros problemas como a "ineficiência da máquina administrativa", muitas vezes caracterizada pela "rigidez" ou "engessamento" da Administração Pública, que não consegue viabilizar o atendimento das demandas sociais. Por isso, o debate sobre a Reforma Administrativa se fortalece, defendendo-se a necessidade de uma administração mais moderna e eficiente, numa disputa constante entre a "burocracia formal", caracterizada pela centralização da administração pública, e a corrente que defende a "descentralização da administração pública".
Nota-se que esse embate entre as correntes é cíclico. Em determinados momentos, os defensores da modernização do aparelho estatal clamam por reformas que priorizem a descentralização, autonomia e liberdade de operação por parte das organizações públicas. Em outros momentos, o mesmo sistema que apareceu como resposta à ineficiência burocrática acaba propiciando a formação de privilégios corporativistas, favorecimento de grupos, clientelismo e corrupção. Dessa forma, volta ao debate a proposta mais tradicional e centralizadora, defendendo o controle e a probidade administrativa. Portanto, esse debate se mantêm em constante disputa, acompanhando também as reformas do Estado Intervencionista.  Neste, ainda prevalece a posição de uma reforma para uma "administração pública gerencial", em substituição ao tradicionalismo burocrático. Conclui-se então, que os objetivos de Reforma do Estado passa, inevitavelmente, pela reforma administrativa.[3]
[1] Bresser-Pereira, Luiz Carlos. Construindo o Estado Republicano. Rio Janeiro: FGV, 2009.
[2] Bresser-Pereira, Luiz Carlos Bresser. A reforma do Estado dos Anos 90: Lógica e Mecanismos de Controle. Brasília: Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, 1997.
[3] PIMENTA, Carlos César. A Reforma Gerencial do Estado Brasileiro no Contexto das Grandes Tendências Mundiais. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, v. 32, n. 5, p. 173-199, set./out., 1998.
Aula: 5_As Falhas de Governo
 Nas aulas anteriores estudamos como o Estado se formou e como a globalização impactou sobre a reflexão do papel do Estado na economia. Ainda dentro desse debate, reconhece-se que quanto ao ordenamento dos mercados, o Estado deve atuar para regular e minimizar as "falhas de mercado", que decorrem do poder econômico dos mercados concentrados, das externalidades econômicas, dos problemas com o uso dos recursos comuns, a assimetria de informação e a problemática de gerar os bens públicos (estudado na disciplina de Economia e Finanças Públicas).
Agora, complementarmente, vamos analisar as chamadas "falhas de governo" (falhas de Estado), no qual a teoria aponta que na atuação de governos, ainda que dotados de poder regulatório e fiscalizador, existem fatores na estrutura e nas relações públicas que propiciam falhas na execução das ações de Estado. Esses fatores abrem espaço para o oportunismo dos agentes econômicos, o que reduz o cumprimento do papel de equidade dos governos. Para tanto, vamos analisar as principais características de duas correntes teóricas importantes: a Teoria da Escolha Pública e a Teoria da Captura do Estado.
Teoria da Escolha Pública
A Teoria da Escolha Pública foi desenvolvidaa partir da década de 60, com os trabalhos de autores como James McGill Buchanan (1919 - 2013) e Gordon Tullock (1922- 2014)[1]. A base do pensamento dessa teoria é a de que os atores políticos, dentro da estrutura governamental, tomam decisões influenciadas por interesses pessoais, ainda que estejam numa organização pública. Ou seja, "...a opção pública está condicionada pelas preferências, pelos valores e pelos interesses pessoais de quem faz as escolhas em nome da coletividade..." (QUEIROZ, 2009, p. 39). Por isso, se considera muito importante que as instituições públicas implementem mecanismos de controle sobre os atores políticos. Com base nessa análise, vamos apresentar as principais determinantes da atuação dos governos na economia e na sociedade, que ajudam a entender as falhas de governo:
1) Decisões temporais: estas se referem aos conflitos de interesse no curto prazo dos governos e da sociedade no médio e longo prazo, pois muitas vezes os políticos, interessados na manutenção dos seus mandatos, deixam prevalecer interesses eleitoreiros, mesmo que esses afetem a eficiência de projetos de longo prazo. Por exemplo, é muito comum observar que em ano de eleição, os governos tendem a escolherem políticas que não sejam "antipopulares", como "aumento de tarifas", mesmo que essa medida comprometa a viabilidade dos projetos em andamento. Mas depois de eleitos, os governos tendem a implementarem então as medidas de aumento de tarifas, ou cortes de gastos com serviços públicos.
2) Falha de integração entre as programações das esferas de governo: observa-se que as esferas governamental, constituída pela federação (união), estados e municípios, muitas vezes não apresentam um alinhamento sobre os objetivos das políticas públicas de interesse social, pois cada um trabalha com base em seu próprio diagnóstico. Por exemplo, é comum que os problemas sociais de um município, ou estado, não recebe a mesma atenção por todos os governos; ou seja, cada uma das esferas trabalha de modo independente, impedindo assim a "apropriação da sinergia que seria resultante dos esforços cooperativos e articulados no tratamento dos problemas sociais" (QUEIROZ, 2009, p. 40). 
3) Conflito entre sustentabilidade econômica ambiental futura e o presente imediato: essa falha também tem relação com decisões temporais, mas tendo como objeto de impacto os elementos relacionados ao meio ambiente e sua sustentabilidade. Considera-se então as decisões políticas de interesse de curto  e médio prazo que não se preocupam com os efeitos ambientais e sociais para as gerações futuras. Como exemplo, temos os casos de vultuosos financiamentos públicas para grandes obras que não apresentam efetiva prioridade ou geram benefícios de longo prazo, além de não incorporarem as compensações sobre os impactos ambientais, comprometendo as contas públicas e beneficiando muitas vezes, apenas alguns grupos de interesse.
4)  Superposição de ações governamentais: esta falha, comum nos países em desenvolvimento, também tem relação com a falha citada no item dois (falha de integração entre as programações). Neste caso, observa-se o descompasso nas programações entre as diferentes esferas governamentais. O exemplo observado são os programas de políticas públicas articulados por municípios, estados e união, que atuam sobre o mesmo problema, mas sem comunicação entre eles, com isso, ocorrendo uma falta de coordenação dessas programações. Como resultado, acaba ocorrendo um desperdício de recursos públicos que poderiam ser melhor distribuídos, se as ações governamentais fossem mais articuladas.
5) Conflito de representatividade nas decisões de alocação de recursos setoriais: dependendo de como são compostas os representantes das câmaras legislativas (vereadores, deputados estaduais e deputados federais), podemos observar que a representatividade dos políticos muitas vezes acabam sendo centralizados em determinadas regiões, que conseguem junto ao executivo, recursos e benefícios que atendem determinadas populações, enquanto outras, menos representadas, acabam não obtendo atenção dos políticos (tendência das bases políticas "privilegiarem" certas regiões nas decisões de alocação dos recursos, enquanto outras há "falta" de recursos).
6) Uso inapropriado de critério político em certas escolhas: essa falha diz respeito ao problema de gestão que é comum ocorrer nos comandos das organizações públicas (como empresas, agências reguladoras e ministérios por exemplo), quando são definidos os gestores que irão administrar esses órgãos. Isso por que, por serem admitidos com base na indicação política (ainda que sejam sabatinados, ou seja, passam por uma avaliação pessoal), muitas vezes os mesmos não atendem aos critérios técnicos da função. Neste caso, acaba ocorrendo uma má gestão por falta de competência técnica, visto que a escolha foi por critério político, causando prejuízos à administração pública. É por isso que existe uma corrente que defende a aplicação de concurso público para todas as ocupações em organismos governamentais.
7) Atendimento a interesses ilegítimos: considerada uma das principais falhas dos países organizados em estado democrático, pois é comum observarmos os representantes políticos atendendo os interesses de certos grupos da sociedade, com maior poder de influência sobre as decisões de Estado, em detrimento aos interesses da sociedade como um todo. Esses grupos se articulam, de modo democrático, porém, ilegítimo do ponto de visto coletivo. Como exemplo, os recursos aplicados em obras de infraestrutura que geram faturamento para certos grupos empresariais, valorização dos imóveis da região que beneficiam grandes proprietários de terrenos, mas que impactam, negativamente, sobre outras populações ou sobre o meio ambiente.
8) Conflito de interesses corporativos de órgãos do governo e os interesses da sociedade: essa falha é comum no âmbito do uso dos recursos públicos, que acabam sendo utilizados em prol de interesses corporativos dos órgãos que fazem parte dos governos, deixando de serem utilizados para a sociedade. Segundo estudos e levantamentos de organizações civis, a maior parte dos recursos tomados pelos países em desenvolvimento (empréstimos), acabam sendo aplicados em reformas prediais, aquisição de veículos e equipamentos de uso do próprio governo e não em benefício da população. Esse tipo de problema necessita de um maior controle da sociedade sobre como os recursos do governo são utilizados. Por isso, a conscientização e o uso de mecanismos institucionalizados de controle, devem ser incentivados para a correção desse falha de governo.
9) Resistência do sistema institucional governamental aos ajustes requeridos pela realidade socioeconômica: nesse caso, a falha identificada ocorre em razão da dificuldade do Estado de se adequar, de modo dinâmico, às mudanças estruturais na economia das sociedades modernas. É comum observarmos instituições públicas, criadas em outros momentos da história, sendo mantidas sem uma efetiva utilidade para o momento atual. É o caso, por exemplo, de ministérios, subsidiárias estatais e outros organismos públicos que continuam operando e onerando as contas do Estado, sem apresentarem retornos à sociedade como um todo, mas atendendo aos interesses daqueles que se utilizam desses recursos.
Observamos que o conjunto dessas falhas de governo ajudam a entender como a qualidade das políticas públicas são comprometidas na gestão dos governos. Ainda dentro dessa temática, existe mais um problema considerado muito comum nos países em desenvolvimento, e que se refere ao chamado "Captura do Estado" por grupos de interesses ou coalizões distributivas, visando a prática de "rent-seeking".  Vamos analisar essa falha principal.
Teoria da Captura do Estado
O chamado rent-seeking (busca de rendas) é entendido como "o comportamento predatório por parte dos indivíduos ou de coalizões distributivas que têm como objetivo extrair parte do excedente social em benefício próprio" (TOLLISON, 1982 apud QUEIROZ, 2009, p.47).
As "coalizões distributivas"são grupos organizados que se articulam junto ao aparelho do Estado para influenciarem as decisões dos governos em prol dos interesses de empresas ou outras organizações. Dessa forma, esses grupos "capturam" os governos, pois conseguem o apoio dos mesmo para obterem vantagens e benefícios em suas operações no mercado. Dessa forma, as externalidades positivas do livre mercado e da competição são neutralizados.
De acordo com vários estudos, o rent-seeking é extremamente prejudicial ao funcionamento dos mercados e geram efeitos perversos ao bem-estar da sociedade, pois se utilizam de recursos econômicos que são escassos, especialmente em países menos desenvolvidos, "transferindo" essas rendas para determinados setores, ao invés de gerá-las de modo competitivo como resultante da produtividade dos processos produtivos no conjunto da sociedade (QUEIROZ, 2009).
Portanto, na busca por vantagens econômicas junto ao Estado, os grupos de interesse se aproveitam dos recursos da sociedade praticando a sonegação de impostos, ganhando licitações por meio de informações privilegiadas, fraudando contratos por meio de superfaturamento, obtendo subsídios ou benefícios fiscais injustificáveis, recebendo vencimentos sobre aposentadorias, licenças e pensões sem terem realizadas as contribuições devidas, entre outras práticas abusivas e corruptas, tendo na maioria dos casos, o apoio e consentimento dos próprios funcionários e gestores públicos (BRESSER-PEREIRA, 1990).[2]
Analisando as falhas de mercado e o problema da captura do Estado, entendemos melhor as dificuldades das instituições democráticas se consolidarem nos países em desenvolvimento. A medida que esses problemas são combatidos e as relações entre Estado e sociedade se tornam transparentes e disciplinados, o processo de democratização evolui e as instituições envolvidas no controle social e na gestão das políticas públicas tornam-se mais eficientes.    
[1] Juntos, os autores publicaram em 1962 o livro "The Calculus of Consent: Logical Foundations of Constitutional Democracy", que é considerada a principal obra da Teoria da Escolha Pública.
[2] Bresser-Pereira, Luiz Carlos. Construindo o Estado Republicano. Rio Janeiro: FGV, 2009.
Aula: 6_As políticas públicas e seus tipos
Estudamos até aqui, sobre como o Estado se formou ao longo da história e papel dos governos na sociedade, destacando suas crises, falhas e reformas. Agora vamos passar para o estudo das políticas públicas.
Quando nos referimos às Políticas Públicas, naturalmente nos reportamos ao âmbito governamental, visto que os governos são os responsáveis pela elaboração e execução das políticas públicas. Por isso, podemos entender as políticas públicas na forma "imaterial", quando por exemplo são criados os decretos[1] no exercício legal dos governos; ou na forma de "bens e serviços" oferecidos pelos governos, diretamente à população (QUEIROZ, 2009). 
Outra forma de tratar as políticas públicas é por meio dos planos, programas e ações governamentais. Estes, essencialmente, devem utilizar os recursos públicos em prol dos interesses da sociedade, que apontam suas demandas e exigem processos e resultados que resolvam os problemas da população.
Segundo Queiroz (2009), destaca-se que "Políticas Públicas" diferem de "Políticas de Governo", isto por que, as políticas públicas independem do mandato do governo. As políticas de governo se relacionam, mais especificamente, com a plataforma e o programa do governo eleito, enquanto as políticas públicas tem um caráter contínuo, independente e que deverá ser mantido ao longo dos diferentes mandatos governamentais.
Portanto, Políticas Públicas podem ser definidas como o conjunto elaborado  de decisões, explícitas ou implícitas, que estabelece as diretrizes para as ações governamentais, com objetivos presentes e futuros, sobre os interesses sócio econômicos de um país, estados ou municípios. Utiliza-se de conteúdos, instrumentos e aspectos institucionais vigentes, com a participação de governos, organismos não governamentais, empresas e outras entidades públicas ou privadas, nacionais, ou até mesmo internacionais.
Tipos de Políticas Públicas
Segundo a finalidade em relação à função do Estado na sociedade, as políticas públicas podem ser classificadas nos seguintes tipos (QUEIROZ, 2009):
1) Políticas Estabilizadoras: objetiva estabilizar as condições econômicas do país, agindo de modo a alcançar: a melhoria dos níveis de emprego; a estabilidade de preços com o controle da inflação e das taxas de juros na economia; a manutenção do crescimento econômico com taxas positivas da variação do PIB (Produto Interno Bruto); o aumento da renda per capita (renda média da população); o equilíbrio das contas públicas (alcançar bons níveis de superávit primário, diminuir o endividamento público, etc); entre outras medidas.
Neste caso, os instrumentos utilizados para alcançarem esses objetivos são as políticas de caráter monetário e fiscal. Como estuda na disciplina de Economia e Finanças Públicas, as políticas monetárias compreendem, basicamente, a emissão de moeda e de títulos públicos, o controle dos recolhimentos compulsórios, a gestão das taxas de juros (taxa Selic), etc. Já as políticas fiscais se referem ao sistema de tributação e arrecadação de impostos, mais os gastos públicos em despesas correntes e de capital.
2) Políticas Reguladoras: são as que compreendem as leis e normas estabelecidas pelos governos, com o fim de regular o funcionamento da economia em geral, seja pelo controle dos mercados, das atividades empresariais, dos direitos e deveres dos consumidores, do cumprimento de contratos, entre outros medidas.
Esse tipo de política é muito importante para as economias de mercado, que visam a transferência do Estado de "produtor para regulador", visto a necessidade de se estabelecerem regras claras e garantidas formalmente, gerando assim, a confiança dos agentes econômicos nos programas governamentais. Tal condição é reconhecida como essencial para incentivar investimentos em infraestrutura e melhoria da produção, sendo esses, condições importantes para promover o desenvolvimento econômico.
3) Políticas Alocativas: estas compreendem os programas sociais com fim de distribuir (alocar) os recursos na oferta de bens públicos, atendendo as camadas da sociedade que, normalmente, não dispõe de renda para obter os bens privados de maior valor. Ou seja, são políticas que destinam recursos na produção de bens como saúde pública, educação pública (escola, cultura, artes, eventos), praças públicas, banheiros públicos, segurança pública, etc.
4) Políticas Distributivas: como o próprio nome indica, refere-se às políticas que distribuem a renda nacional. Neste caso, governos aplicam políticas de transferência, no qual a renda obtida com os impostos são destinados à programas sociais que beneficiam as classes sociais de menor renda.
Pode ser executada com a aplicação de maior carga tributária sobre aqueles que detêm maior renda e isenção, ou subsídios para aqueles com menor renda. São exemplos de políticas distributivas as aposentadorias e licenças da previdência social (INSS), o financiamento estudantil como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e o Ciência Sem Fronteiras, os subsídios para os pequenos empreendedores e outras formas de financiamento público que subsidiam projetos como de organismos não governamentais, associações e fundações, etc.
5) Políticas Compensatórias: essas políticas também tem fins distributivos, porém, promovem uma transferência de renda de forma mais direta às classes de menor renda, como políticas de salário mínimo, o seguro desemprego, o bolsa família, as cestas básicas e outros auxílios.
Note que, apesar dessa diferenciação, todas as categorias de políticas públicas também estão interligadas, podendo então serem ao mesmo tempo, por exemplo, uma política distributiva e compensatória, ainda uma política alocativa e distributiva, ou ainda uma política reguladora e estabilizadora.
[1]  Decreto, em sentido próprio ou estrito, são atos administrativosda competência exclusiva dos chefes do Executivo, destinados  a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explicito ou implícito, pela legislação. Comumente, o decreto é normativo e geral, podendo ser específico ou individual. Como ato administrativo, o decreto está sempre em situação inferior à da lei e, por isso mesmo, não a pode contrariar. O decreto geral tem entretanto, alcançado a mesma normatividade da lei, desde que não ultrapasse a alçada regulamentar de que dispõe o Executivo (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 40º Edição. São Paulo: Malheiros, 2014).
Aula: 7_As áreas do Estado em que as Política Públicas são formadas
Vamos agora considerar a estrutura administrativa do Estado brasileiro para identificarmos em que áreas as políticas públicas são formadas, para na próxima unidade, estudarmos o processo de formulação dessas políticas.
Conforme mencionado nas aulas 3 e 4, ao longo da história o Estado passou por inúmeras crises e dificuldades que promoveram as reformas dos governos. No caso do Brasil, destacamos o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, criado em 1995, que é um exemplo típico de reforma na estrutura governamental, que ocorreu em função das pressões das diferentes classes sociais e empresariais que pleiteavam uma máquina pública administrativa mais dinâmica e eficiente do ponto de vista do contexto sócio econômico da época.[1] Destaca-se que esse Plano Diretor representa a estrutura institucional do ordenamento jurídico do Estado democrático de direito brasileiro, pós Constituição de 1988.
O setor em que são formuladas e definidas as leis e as políticas públicas é no Poder Executivo Federal, de administração direta e que se integram à Presidência da República, os Ministérios, o Poder Executivo Estadual ou Municipal, os órgão da administração direta (gabinetes e secretarias).
A definição, formulação e avaliação das políticas públicas são atribuições exclusivas do Estado e sua administração direta. Não podem participar desse processo os órgão da administração indireta, devendo somente executar as políticas públicas formuladas.
Neste contexto, é definido que o Estado está constituído por dois núcleos básicos: o setor burocrático e o setor de infraestrutura, bens e serviços.
Setor Burocrático
No núcleo do setor burocrático são formuladas e avaliadas as políticas públicas, que asseguram a implementação das estabelecidas e os resultados que deverão ser alcançados. Neste, então, são realizadas as funções exclusivas do Estado, que são o de: legislar, tributar, garantir a segurança e estabelecer as políticas públicas (QUEIROZ, 2009, p. 101).
Setor de Infraestrutura, Bens e Serviços
Nesse setor as funções executadas não são exclusivas do Estado. Nele, participam as entidades de administração indireta, que compreendem as autarquias[2], fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e associações públicas. Estas entidades permitem que parte dos funcionários sejam contratados em regime de mercado, não necessitando serem exclusivamente da carreira pública. No quadro 1 são as apresentadas as características comparativas entre os dois setores dos núcleos básicos do Estado:
Quadro 1 - Núcleos Básicos do Estado
	
	
SETOR BUROCRÁTICO
	SETOR DE INFRAESTRUTURA,
BENS E SERVIÇOS
	
Atividades
	
exclusiva do Estado
	
não exclusivas do Estado
	
Poder de Estado
	
necessita
	
não necessita
	
Corpo de Pessoal
	
servidores públicos de carreira pública
	
profissionais não necessitam ser da carreira pública
Fonte: Queiroz (2009, p.100).
O setor burocrático ainda pode ser dividido em outros dois núcleos: o estratégico e o não estratégico. No quadro 2 estão descritas as comparação entre os dois núcleos, do ponto de vista das atividades, da administração e dos poderes:
Quadro 2 - Núcleo Burocrático do Estado
	 
	 
NÚCLEO ESTRATÉGICO
	NÚCLEO
NÃO ESTRATÉGICO
	 
Atividades
	 
define e formula as políticas públicas
	 
executas as políticas públicas
	 
Administração
	 
somente a administração direta
	 
administração direta e indireta
	 
 
Poderes e Órgãos
	 
Poder legislativo, Poder Judiciário, Ministério Público e parte do Poder Executivo
	Órgãos de regulamentação, fiscalização, arrecadação, policiamento, financiamento, agências regulamentadoras e agências executivas.
 Fonte: Queiroz (2009, p.101).
Como apresentado no quadro, podemos observar que o núcleo burocrático estratégico compreende os órgãos da administração direta, enquanto o não estratégico é composto de pela administração direta e indireta. Contudo, ambos os núcleos recebem a participação de funcionários de carreira exclusiva do Estado (servidores públicos admitidos por meio de concurso público).
De acordo com o Plano Diretor, as ações do núcleo estratégico tem como propósito efetivar as políticas públicas em prol dos interesses da sociedade. Já no núcleo não estratégico estão incluídas as atividades representadas pelas ações de: regulação, fiscalização, arrecadação de impostos, atividades de polícia, entre outras, em que operam a administração direta e indireta, de modo a auxiliar a execução das políticas públicas.
Encerrada essa parte da disciplina, vamos então passar para a última aula dessa primeira unidade, no qual será tratado o tema do controle das políticas públicas. Bons estudos!
[1] No Brasil, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi aprovado o Plano Diretor da Reforma do Estado, elaborado pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado (aprovado pela Câmara da Reforma do Estado em reunião de 21 de setembro de 1995).
[2] São entidades auxiliares administração pública, de caráter autônomo e descentralizadas que operam com recursos do Estado ou com aqueles gerados por sua atividade, podendo ser de esfera municipal, estadual ou federal. Os exemplos comuns de autarquias são: as agências reguladoras, os institutos de financiamento de pesquisas e as universidades federais.
Aula: 8_O controle das políticas públicas
O exercício do controle das políticas públicas implica que a administração pública atue, rigorosamente, dentro de suas competências e funções estabelecidas pelas normas constitucionais e legais. Os limites do controle devem ser respeitados para que o interesse público seja garantido. Portanto, o controle das políticas públicas é uma forma democrática de manter o equilíbrio entre a atuação do Estado e a sociedade.
O objetivo do controle então é o de assegurar que os órgãos públicos atuem em conformidade com os princípios constitucionais, em especial, o princípio da: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Seguindo esses princípios, o sistema de controle das políticas públicas do Estado permite a garantia dos direitos democráticos dos cidadãos.
O Controle Social das Políticas Públicas
A participação da sociedade e o compromisso do Estado na execução das políticas públicas, estabelece a relação que permite o controle social dessas políticas. Dentro desse abordagem, destaca-se o conceito de "accountabillity". Esta expressão não tem tradução em português e é utilizada para representar a "responsabilização" dos governos pelos seus atos. Ou seja, a avaliação dos resultados das políticas públicas, também é uma função do Estado.
Conforme Przeworski (1996, apud QUEIROZ, 2009, p.104): "A qualidade da intervenção do Estado na economia, depende, em grande medida, da eficácia dos mecanismos que obrigam os governos a prestar contas perante o público".  Portanto, o Estado deve se submeter aos princípios de ordem, eficiência administrativa e eficácia dos seus atos para que o sistema de controle de suas atividades sejam criados.
 A Constituição Federal Brasileira de 1988 estabeleceu os requerimentos básicos para o controle da sociedade sobre a administração pública, assim, coexistem na administração pública o "Controle Interno", presente na própria estrutura administrativa do Estado (nas diferentes esferas governamentais e seus poderes), e o "Controle Externo" atribuído ao PoderLegislativo e ao Tribunais de Contas.
Controle Interno das Políticas Públicas
O Controle Interno integra a estrutura organizacional da própria administração pública e tem como função básica acompanhar a execução dos atos governamentais, apontando de modo preventivo, ou corretivo, as ações necessárias para sua melhoria. É executado pelos próprios órgãos do aparelho estatal e deve ser um processo integrado, efetuado pela direção e seus funcionários buscando alcançar os seguintes objetivos gerais:
a) executar as operações de maneira ordenada, ética, econômica, eficiente[1] e eficaz[2];
b) Cumprir as obrigações de accountability (as organizações públicas e os indivíduos que as integram tornam-se responsáveis por suas decisões e ações);
c) cumprir as leis e regulamentos (lei orçamentária, tratados internacionais, leis e princípios contábeis, lei de direito civil e de proteção ambiental, regulamentos sobre as receitas fiscais, leis que estabelecem ações de combate à fraude e corrupção, entre outras); 
d) salvaguarda de recursos contra prejuízo por desperdício, abuso, má administração, erros, fraudes e irregularidades. A importância da salvaguarda dos recursos no setor público se deve ao fato de que esses recursos envolvem "dinheiro público" e sua utilização é de interesse coletivo. Por isso, devem ser adotados controles internos em cada etapa da administração, desde a aquisição até a disponibilização dos recursos. Outros controles, tais como sobre informações, fontes de documentação e registros contábeis, também são essenciais para a transparência das operações governamentais e esses devem ser preservados.  
Ainda sobre o controle interno, destaca-se a participação da Controladoria Geral da União (CGU)[3], que representou um aprimoramento da estrutura de controle interno do país, desempenhado importante papel na construção da ordem democrática brasileira, tendo entre outras funções a de combate à corrupção, monitoramento das políticas públicas, controle interno, auditoria, promoção da transparência na gestão pública. Além disso, representa um mecanismo de participação e mobilização da sociedade civil, capacitando assim a função de controle social das políticas públicas (LOUREIRO, 2012).[4]
Controle Externo das Políticas Públicas
Com relação ao Controle Externo, este se caracteriza pelo exercício do órgão autônomo e independente da administração pública, sendo suas atribuições indicadas pela Constituição Federal/88. Esse controle é exercido pelo Poder Legislativo, auxiliado pelos Tribunais de Contas, objetivando a verificação da probidade administrativa, da guarda legal e emprego dos recursos públicos e do cumprimento da lei.
Basicamente, os Tribunais de Contas da União, dos Estados  e dos Municípios, têm a missão de fiscalizar a contabilidade, as operações financeiras, orçamentárias, operacionais e patrimoniais dos governos, no âmbito da legalidade, legitimidade, economicidade (redução de desperdícios) e razoabilidade dos atos que gerem receita ou despesa pública.
No caso do poder legislativo, este é o principal instrumento de controle externo exercido pela participação popular como agente fiscalizador. Além desse, destaca-se também a atuação do Ministério Público[5] que participa da vigilância da administração pública, tendo como objetivo principal defender o interesse da sociedade, podendo acionar formalmente o poder judiciário quando julgar a ação mais adequada (QUEIROZ, 2009).
Portanto, além dos controles estabelecidos constitucionalmente é muito importante para o exercício do controle social das políticas públicas, a maior participação da sociedade na construção e gestão dessas políticas, pois este é o principal mecanismo dos sistemas democráticos vigentes que permitem a efetiva cobrança dos governantes e o consequente aprimoramento da gestão pública como um todo.
[1] A eficiência significa utilizar o mínimo de recursos no alcance do máximo de resultado, dada uma quantidade/qualidade de recursos públicos empregados.
[2] A eficácia significa alcançar os objetivos pretendidos por determinada atividade.
[3] A CGU é um órgão do Governo Federal, criado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (Medida Provisória n° 2.143-31 de 02/04/2001), com a denominação inicial de Corregedoria Geral da União). É responsável por atuar junto à presidência da república, no âmbito do Poder Executivo.
[4] LOUREIRO, Maria Rita et al. Do controle interno ao controle Social: a múltipla atuação da CGU na democracia brasileira. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 17, n. 60, Jan./Jun. 2012.
[5] O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (Art. 127 da CF/1988).
Aula: 9_Formulação das Políticas Públicas
 Como visto nas aulas anteriores, a relevâncias das políticas públicas tornou-se recorrente, especialmente nos países em desenvolvimento, visto a maior preocupação com os problemas sociais decorrentes do desemprego, da falta de segurança pública, das desigualdades sociais e exclusão social. Tal condição gerou um aumento da participação do Estado na oferta de bens e serviços públicos essenciais, que garantissem o equilíbrio entre as classes sociais.
Podemos considerar a formação das políticas públicas como um "jogo social" entre atores que interagem em situações formais e informais. São formais aqueles atores que atuam de modo legal, reconhecido pela constituição, como o os partidos políticos, os chefes do poder executivo, os ministros, parlamentares, etc. Os informais são aqueles atores que participam do processo por meio de pressões sociais, mas que muitas vezes são organizados de modo não constitucional, como movimentos sociais, empresas, meios de comunicação, entidades, etc (QUEIROZ, 2009, p.116). Sendo assim, as políticas públicas resultam de trocas complexas entre os atores envolvidos no processo de discussão que ao longo do tempo se consolida, baseado na cooperação e coordenação da formulação e execução da política.  
Portanto, as demandas da sociedade são apresentadas aos gestores públicos por meio de seus grupos,  organizados em sociedade civis, como sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e organizações não governamentais.  Por outro lado, os recursos para atender a demandas sociais são, comumente limitados. Consequentemente, os bens e serviços públicos almejados se tornam motivo de disputas entre os grupos de interesse. Durante a apresentação das reivindicações, os grupos tentam obter apoio de outros grupos, mas também sofrem oposição.
Os conflitos e as disputas não são, necessariamente, algo ruim para a sociedade, pois servem de estímulos à busca de mudanças e melhorias sociais, quando essa condição ocorre dentro de preceitos legais e democráticos.  Cabe ao formulador de Políticas Públicas conseguir perceber, compreender e selecionar as diversas demandas.
Depois de entendidas as diversas demandas e expectativas da sociedade, o gestor público deverá definir o que é prioridade para então selecionar quais demandas serão atendidas. Ainda assim, nem todas as demandas terão a resposta dos governos, algumas serão até mesmo parcial (LOPES; AMARAL, 2008).[1]
Ao atuar na direção do interesse público, o governo busca atender as principais demandas sociais, maximizando assim, o bem estar social. Portanto, as Políticas Públicas resultam da "competição entre os diversos grupos ou segmentos da sociedade que buscam defender seus interesses". Esses interesses podem ser de caráter específicos, como obras de pavimentação ou de manutenção de ruas; ou então de caráter geral, como a segurança pública e os investimentos em saúde e educação. É importante que as reivindicações sejam reconhecidas e ganhem força junto às autoridades públicas do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Caso isso não aconteça, as demanda sociais não serão atendidas, mesmo que sejam essenciais e de relevânciapara a sociedade. É assim que o processo ocorre e o sistema de formulação de políticas públicas funciona.
Os atores das Políticas Públicas
No jogo social, os grupos que integram o sistema político e apresentam as reivindicações, ou executando ações de Políticas Públicas, são denominamos de "atores". Nesse processo existem, basicamente, dois tipos de atores: os "estatais" e os "privados".
Os atores estatais são aqueles que exercem funções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia).
Existe importante diferença no modo de agir de cada um desses segmentos. Os políticos são eleitos com base em suas propostas de governo apresentadas para a população durante o período eleitoral e buscam tentar realizá-las, sendo as Políticas Públicas definidas no Poder Legislativo, o que insere nesse processo os parlamentares (vereadores e deputados estaduais e federais).
Já as propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo e é também que as coloca em prática, cabendo aos servidores públicos (funcionalismo público) indicar as informações necessárias ao processo de tomada de decisão dos políticos, bem como a operacionalização das políticas públicas, tendo como responsabilidade, executar esses processos burocráticos de modo "neutro" (o que muitas vezes não acontece, pois a burocracia é frequentemente utilizada em acordo com os interesses pessoais dos servidores e outros funcionários públicos, dificultando as ações governamentais e beneficiando outras.  
Já os atores privados são aqueles que não possuem vínculo direto com a estrutura administrativa do Estado e atuam no "jogo social" como a parte que sinaliza aos governos, a principais reivindicações da sociedade. Fazem parte desse grupo:
a)  a imprensa;
b)  os centros de pesquisa;
c)  os grupos de pressão, os grupos de interesse e os lobbies;
d)  as Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO);
e)  as entidades de representação empresarial;
f)   os sindicatos patronais;
g)  os sindicatos de trabalhadores;
h)  outras entidades representativas da Sociedade Civil Organizada (SCO).
[1] LOPES, Brenner; AMARAL, Jefferson Ney Amaral. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Coordenação Ricardo Wahrendorff Caldas.  Belo Horizonte: Sebrae,  2008.
Aula:10_Ciclos da Política Pública
 Os programas governamentais que compõe as ações de políticas públicas em prol de solucionar problemas sociais, são vistos, basicamente, como um processo, que é, constantemente, monitorado e ajustado para se aperfeiçoar e tornar-se mais eficiente e eficaz, ou seja, que use os recursos de modo inteligente e que se aproxime ao máximo dos objetivos determinados. 
No caso brasileiro, está incorporado no modelo de formulação das políticas públicas,  a ideia de processo, que é utilizado no método do Planejamento Estratégico Situacional (PES), utilizando instrumentos como o Plano Plurianual (PPA)[1], a Lei de Diretriz Orçamentária (LDO)[2] e a Lei Orçamentária Anual (LOA), funcionando como um ciclo permanente.
O modelo PES substituiu o modelo normativo de planejamento, que durante muitos anos foi o processo utilizado na formulação das políticas públicas em vários países (nas aulas 11 e 12 esses modelos serão estudados).  Com as reformas estruturais do Estado nos vários países em desenvolvimento, o modelo de planejamento governamental também foi revisto, sendo o processo contínuo considerada a ideia mais adequada e aceita.
Atualmente, conforme o modelo de planejamento, de orçamento e de gestão utilizado, a divisão dos ciclos das políticas públicas é constituída em quatro estágios básicos, sendo eles: a formulação; a execução; a avaliação; e a reprogramação (figura 1).
Os Ciclos das Políticas Públicas (estágios) 
1º Estágio - Formulação: primeiramente, uma política pública é concebida por meio de um processo, mais ou menos democrático e participativo, onde o poder público e a população deliberam sobre os problemas sociais. Como visto anteriormente, é difícil para os atores públicos concentrarem suas atenções e resolverem todos os problemas existentes em uma sociedade, dado que estes são abundantes e os recursos necessários para solucioná-los são escassos. Por isso, é necessário que se estabeleçam os problemas prioritários. O processo de definição da lista de principais problemas de uma sociedade é chamado de "Formação da Agenda". Tal processo envolve tarefas de pesquisa e análise dos problemas em questão, para então serem reconhecidos e definidos os problemas que serão tratados e os que ficarão para outro momento.
O tratamento dos problemas também se encontra no processo orçamentário, devendo seguir, como já destacado, os limites legais definidos pelo Plano Plurianual (PPA).  Existem dois importantes elementos que contribuem para que determinado problema se insira na Agenda Governamental, são eles:
a) Indicadores: existência de dados que indiquem as condições numéricas de determinada situação ou problema. Se esses indicadores apresentarem uma situação problemática, ela poderá ser inserida na Agenda Governamental para sofrer interferência do poder público;
b) Feedback das ações governamentais: os resultados obtidos com programas governamentais  anteriores (concluídos ou em andamento), apontam as falhas, ou sucesso das medidas adotadas pelos programas. Comparando-os com o antes e depois, essas avaliações de resultado podem incrementar a atenção do poder público. Além disso, os processos institucionais também desempenham um relevante papel na definição da Agenda. A rotina administrativa e as regras do sistema político produzem uma dinâmica que influi na inclusão de determinado tema.
Porém, cabe ressalvarmos que, mesmo que uma questão se insira na Agenda Governamental, isso não significará que ela será considerada prioritária. Isso só ocorre quando diversos fatores se juntam, tais como vontade política, mobilização popular e a percepção de que os custos de não resolver o problema serão maiores que os custos de resolvê-los parcial (LOPES; AMARAL, 2008).[3]
A partir da Agenda, é necessário definir as linhas de ação a serem adotadas para resolver os problemas. Nesse processo, no entanto, serão comuns os embates políticos entre os atores, pois os grupos envolvidos terão diferentes opiniões e interesses sobre as ações em questão.  É o momento então, de definir  os "objetivos da política", "quais serão os programas desenvolvidos" e "quais metas almejadas" (o que gerará a rejeição de várias propostas de ação).
Além de se preocupar com o posicionamento dos grupos sociais, é necessário que o corpo técnico da administração pública seja ouvido, para se posicionarem em relação aos recursos necessários e disponíveis à ações escolhidas, como: recursos materiais, financeiros, técnicos, pessoais, dentre outros. Assim, o poder público obterá uma série de opiniões que servirão como fonte de ideias, as quais poderão apontar o caminho desejado por cada segmento social, auxiliando na escolha e contribuindo para a legitimidade da mesma.
Outra análise importante se refere aos riscos que cada alternativa traz, desenvolvendo uma forma de compará-las e de medir qual é mais eficaz e eficiente para atender ao objetivo e aos interesses sociais. As escolhas feitas serão expressas em leis, decretos, normas, resoluções, dentre outros atos da administração pública.
2º Estágio - Execução: Depois da formulação o próximo estágio é o da execução, ou seja, o momento onde o planejamento e a escolha pública são transformados em atos. O corpo administrativo é o responsável pela execução da política. Cabe a eles a chamada ação direta, ou seja, a aplicação, o controle e o monitoramento das medidas definidas. Durante esse período, a política pode sofrer modificações drásticas dependendo da postura do corpo administrativo.
Convencionalmente, existem dois modelos de implementação das Políticas Públicas, o de "cima para baixo" e o de "baixo para cima".  O primeiro, é o de aplicação descendente,

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