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A QUESTÃO DA INDICAÇÃO PARA PSICOTERAPIA O capítulo sete como o próprio título revela trata-se da apresentação de algumas condutas sugeridas ao psicólogo em seu exercício profissional terapêutico, partindo de alguns pressupostos tidos como importantes e indispensáveis para que se faça um encaminhamento para psicoterapia adequado e condizente com as questões apresentadas na entrevista inicial. Além do diagnóstico criterioso, também se faz importante observar outros aspectos do cliente, para poder encaminhá-lo à psicoterapia. A motivação para que haja um processo psicoterápico não pode ser negada, pois essa mesma é indispensável para que haja tanto o vínculo terapêutico entre cliente e terapeuta, quanto para que haja significado no momento em que o cliente fizer a sua perlaboração, o contrário disto seria penoso todo o processo psicoterápico, o qual não agregaria sentido algum ao cliente. A indicação para psicoterapia não pode estar pautada apenas nas “motivações” do terapeuta, podendo estas ser afetivas, financeiras, de cunho cientifico ou até mesmo por uma seleção de determinado público específico, o qual este profissional se propõe a atender. Portanto uma conduta no mínimo ética seria um acordo negociado entre cliente e terapeuta, levando em consideração alguns dos aspectos já citados, entre outros. De acordo com Bucher (1940, p.166) Somente pela conjugação das considerações sobre diagnóstico, sobre interesse (ou demanda) do candidato e interesse do psicoterapeuta, será possível promover um processo adequado de indicação e de prognóstico(...) Percebe-se a necessidade dessa troca de interesses em si entre o cliente e seu terapeuta, aonde não sejam colocados apenas os interesses daquele que presta o serviço, mas principalmente daquele que o busca, e por muitas das vezes não conhecer exatamente como funciona o trabalho do terapeuta torna-se um tanto passível a reafirmar acordos dos quais não tenha conhecimento absoluto. Salientam-se como sendo um dos pontos de referência o estado psicopatológico do cliente, podendo ser distinguidas entre as queixas trazidas pelo mesmo, as estruturas psicopatológicas subjacentes. “Além disto, é sempre interessante reparar, no discurso do paciente, nas eventuais discrepâncias entre as suas queixas e os seus sintomas; ele pode, por exemplo, enumerar estes últimos sem se queixar deles.” (Bucher 1940, p.167) Dentro da visão psicanalista é trazida a diferença entre as estruturas subjacentes deste suposto cliente. Adequando o perfil e personalidade de cada dentro de três categorias, neurose, psicose e psicopatia, mas isso não anula a categoria da “normalidade” na visão de Bucher (1940). Os quadros neuróticos estão mais suscetíveis a psicoterapias mais prolongadas, ou seja, descobridoras, as quais este busca por uma motivação autêntica conhecer-se a si próprio, podendo este dar um novo significado a seu passado ou não. Enquanto o quadro psicótico deve ser trabalhado com intervenções psicoterápicas e medicamentosas, e o quadro de psicopatia não é acessível ou raramente a psicoterapia, deixando espaço aberto para um último recurso, o qual seria a medida sócio-educativa. Após estas considerações que o autor traz, ele parte do principio de que é essencial compreender tais estruturas, para lidar melhor com a maneira que será indicada a psicoterapia ao cliente. Pois conhecer um pouco de outras abordagens teóricas e outras escolas norteia o profissional a indicar corretamente seu cliente, levando em consideração o núcleo de sua queixa principal e também outros aspectos que possam estar ligados a mesma. Ele divide em faixa etária como seriam essas indicações também, acentuando as motivações e técnicas vigentes de cada ideia, sendo que a motivação ganha grande ênfase por ser subjacente do próprio cliente, que precisa desejar estar em processo terapêutico, se disponibilizar a trabalhar em conjunto com seu ajudador. Portanto ela é considerada fundamental para uma indicação pertinente e realista. Ele fala de alguns tipos de motivação, é necessário fazer algumas pontuações em cima destas, sendo a motivação somática uma das primeiras, em que se baseia em achaques físicos (pressão alta, distúrbios digestivos, cardiopatia e etc.) razões essas, que não se deixam evidenciar os conflitos psicológicos existentes. Segundo tipo de motivação é a motivação intelectualizada, a qual baseia-se na apresentação do paciente muito bem elaborada e formulada de suas demandas, mas que não está ligada a um desejo em submeter-se de fato a psicoterapia. Pode-se colocar como terceiro tipo de motivação a deslocada, que está mais ligada a uma busca pela terapia para agradar outra pessoa e não por acreditar que tenha algum sentido para si. E em quarto lugar a pseudomotivação, quando este vai à terapia obedecendo a uma ordem autoritária que interpõe sobre si, acreditando que com este comportamento desejado pelo outro, ele terá ganhos secundários. Nestes casos não há um reconhecimento de conflitos psicológicos, é muito provável que também não haja sofrimento, ou que ainda continua a ser negado pelo cliente. Afirma-se ainda que exista outro tipo de motivação, mas que entraria na questão das expectativas do suposto cliente em relação à psicoterapia e até mesmo a figura de representação do terapeuta. Impugnando a este um papel de “Mágico”, o qual facilmente irá resolver todos os problemas que lhe forem apresentados. Para finalizar é necessário ressaltar alguns aspectos secundários a indicação psicoterápica, mas que não deixam de ser importantes, e que já fora mencionado anteriormente como sendo a faixa etária destes clientes, pois desde a infância à velhice, o indivíduo passa por este curso de mudanças em seu contexto tanto histórico-cultural quanto pessoal e social. Estar atendo ao discurso trazido no primeiro encontro, observar o conteúdo apresentado, e compreender do que se trata, e quais tipos de terapias são mais efetivos a esse cliente específico faz muita diferença e facilita no processo de inserção deste ao processo psicoterapêutico. Portanto o papel do psicólogo como profissional precisa ser guiado pela teoria e prática, permitindo-se a erros e acertos, e na busca da ascensão profissional cada vez, tendo segurança no cumprimento de suas funções, mas sempre atento a possíveis desafios que lhe surgirão, a clientes que lhe desafiará de maneira única, deixando claro, que entre a teoria e a subjetividade de cada ser humano a última quase sempre vai se interpor a primeira. REFERÊNCIA BUCHER, Richard. 1940-1997 A psicoterapia pela fala: fundamentos, princípios, questionamentos, São Paulo: EPU, 1989
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