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Projeto-Comp violento

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Comportamento Violento 
Curso: Psicologia 
Disciplina: Psicodiagnóstico clinico- DSMV
Docente: Manuel Faustino.
Discentes: Alcena Fernandes 
Fabrizia Martins
Gilmara Lopes 
Verry Reis.
Praia/ Cabo Verde
2020
ÍNDICE
INTRODUÇÃO	3
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA	4
CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES	4
ESPECIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS	4
Capítulo 1:	ENQUADRAMENTO TEÓRICO	5
1.1	Definições de violência	5
1.2	Tipos de violências	7
1.3	Alguns fatores que podem ser a causa do comportamento violento	11
1.4	Consequências provocados pela prática do comportamento violento, na vítima e no agressor;	22
1.5	As situações patológicas da violência	25
Capítulo 2:	ASPETOS METODOLÓGICOS	29
2.1 Instrumento (s) de recolha de dados	29
2.2 Participantes:	30
2.3 Procedimento de recolha de dados:	30
2.4 Procedimento de análise de dados:	31
Capítulo 3:	APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS	32
CONCLUSÃO	36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	38
APÊNDICE 1	39
APÊNDICE 2	41
INTRODUÇÃO 
O presente projeto de pesquisa tem como objetivo falar o tema “Comportamento violento”. Este trabalho foi solicitado pelo professor Manuel Faustino no âmbito da disciplina de Psicodiagnóstico Clínico: DSM V, lecionado no curso de Psicologia 3º ano, na Uni Piaget.
Portanto, foi escolhido esse tema pela necessidade de conhecer e refletir sobre esta problemática, com enorme interesse de aprimorar o conhecimento sobre a temática que vem afetando e preocupando de uma forma geral toda a sociedade. Por sermos alunos do curso de psicologia é de interesse e de grande relevância aprofundar o nosso conhecimento nesta área para enriquecermos a nossa formação e ainda tentar responder algumas das nossas inquietações sobre essa temática, no qual, a tendência é aumentar. 
A Organização Mundial da Saúde – OMS define a violência como uso intencional da força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulta ou tenha grande possibilidade de causar lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. Assim como muitos outros problemas de saúde, a violência não está distribuída igualmente entre os géneros ou faixas etárias. Em 2000, houve aproximadamente 520 mil homicídios no mundo, para um índice geral ajustado por idade de 8,8 para uma população de 100 mil habitantes. Os homens foram responsáveis por 77% de todos os homicídios e seus índices representaram mais de três vezes o índice das mulheres (13,6 e 4,0 respetivamente, para cada 100 mil) (Krug et al., 2002).
Um dos achados mais consistentes na literatura sobre a violência é que as taxas de comportamento violento são mais praticadas entre as mulheres do que entre os homens. Diversos estudos têm declarado que, desde a adolescência, as mulheres apresentam significativamente menos prática do comportamento agressivo e prisões por crimes violentos. Dado a população geral, os homens são mais fisicamente agressivos do que as mulheres, em diversas medidas de agressão, incluindo prisões por homicídio e crimes violentos (Menahem e Czobor, 2006). Entretanto, estudos têm sugerido que os transtornos mentais reduzem as diferenças de género, no que diz respeito a comportamento violento. Em estudos com grandes amostras não selecionadas, em que os indivíduos são acompanhados desde o nascimento, tem sido verificado que o risco de comportamento violento é aumentado pela presença de transtornos mentais, tanto no homem quanto na mulher, porém relativamente mais na mulher (Hodgins, 1992). 
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
· Quais são os fatores que influenciam os indivíduos a terem comportamento violento?
CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES
· H1: A aprendizagem social é uma das principais influências no desenvolvimento do comportamento violento nos indivíduos.
ESPECIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS
Objetivo geral:
· Estudar os aspetos mais importantes do comportamento violento.
 
Objetivos específicos:
· Descrever as explicações teóricas manifestadas pelo comportamento violento; 
· Identificar os diferentes tipos de violências;
· Citar as consequências provocados pela prática do comportamento violento, na vítima e no agressor;
· Discutir as situações patológicas da violência. 
 
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O comportamento agressivo manifesta-se na interação social e é dirigido para causar intencionalmente injúria física ou psicológica a outro indivíduo. A ação pode de física ou verbal. Note que a intencionalidade deve ser necessariamente levada em consideração, pois injúrias acidentais não são geralmente consideradas agressivas. O comportamento agressivo pode ser ofensivo ou defensivo. Neste último caso, Ele é incidental e deflagrado como autoproteção ou fuga. Sendo a agressão ofensiva disseminada e uma preocupação social premente.
O comportamento agressivo não é uma condição médica. Ele pode ser um sintoma em um quadro neurológico ou psiquiátrico, porém isoladamente não é uma doença ou “desvio de caráter”. Se a agressividade decorre de uma condição emocional explicável no contexto da situação, ela é um comportamento esperado, portanto, aceitável dentro de certos limites. O comportamento agressivo propriamente dito é aquele que se manifesta episodicamente sem provocação justificável ou com um mínimo de provocação para o qual a agressão se mostra injustificável.
1.1 Definições de violência
Nas duas últimas décadas tem ocorrido um aumento importante dos estudos na área da saúde sobre a violência, principalmente nos casos de violência contra a mulher. Isso ocorre por conta do reconhecimento da dimensão do fenômeno como um grave problema de saúde pública, por sua alta incidência e pelas consequências que causa à saúde física e psicológica das pessoas que sofrem violência. Dessa forma, torna-se importante compreender a definição de tipos de violência que mais ocorrem. A complexidade da violência para Hayeck (2009) aparece na polissemia do seu conceito. Deve-se tomar cuidado ao expor um conceito sobre violência, pois ele pode ter vários sentidos, como: ataque físico, uso da força física ou até mesmo ameaça.
A violência é compreendida como um problema de saúde pública e pode ser definida como Minayo e Souza (1998) o fizeram, “Qualquer ação intencional, perpetrada por indivíduo, grupo, instituição, classes ou nações dirigidas a outrem, que cause prejuízos, danos físicos, sociais, psicológicos e (ou) espirituais.”
Já para Santos (1996) a violência configura-se como um dispositivo de controle aberto e contínuo, ou seja, a relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção, que impede o reconhecimento do outro, pessoa, classe, gênero ou raça, mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática contemporânea. Então, ao estudar os conceitos de violência é importante considerar a diferença entre conflito e agressão, pois os maus-tratos não são uma consequência inevitável de conflito, mas uma estratégia de resolução de problemas que traz danos aos envolvidos.
Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que há relação clara entre a intenção do indivíduo que apresenta ou se envolve num comportamento violento e o ato ou a ação praticada. 
De acordo com as autoras, há diversas teorias para compreender o fenómeno da violência. Algumas a entendem como um fenômeno extraclassista e a-histórico, de caráter universal, constituindo mero instrumento técnico para a reflexão sobre as realidades sociais. Outras, compostas por um conjunto não homogêneo de teorias, referem-se às raízes sociais da violência, explicando o fenômeno como resultante dos efeitos disruptivos dos acelerados processos de mudança social, provocados, sobretudo, pela industrialização e urbanização. 
1.2 Tipos de violências
Os diversos tipos de violência diferem a partir da forma como se manifestam. Ocorrem a partir da utilização de força física ou poder sobre si mesmo, pessoa ou grupo, causando algum tipo de dano. 
Os atos de violência podem utilizar um ou mais tipos de violência. Como nos casos de violência doméstica em que, geralmente, osatos de violência física podem vir acompanhados de violência psicológica, moral, sexual ou econômica.
· Violência física
A violência física é a utilização da força física sobre alguém. Tapas, socos, chutes puxões, empurrões ou a utilização de algum artefacto com o objetivo de impor-se pelo uso da força física, oprimir, ferir ou causar qualquer tipo de dano físico.
· Violência psicológica e moral
Já a violência psicológica e a moral utilizam-se de palavras ou atos ofensivos como forma de agressão. Humilhação, exposição, xingamentos ou a opressão e submissão fazem com que a vítima seja coagida sem a necessidade de utilização da força física.
· Violência econômica
A violência patrimonial ou econômica ocorre quando a propriedade ou os meios de subsistência são negados ou retirados por uma pessoa ou grupo. Furtos, roubos, subtrações ou impedimentos podem ser caracterizados como esse tipo de violência.
Em alguns casos de violência contra a mulher, o agressor utiliza-se da dependência financeira da vítima para oprimir e subjugá-la.
· Violência social
A violência social ocorre devido a utilização da força de um grupo social sobre outro. Discriminação, preconceito, desrespeito às diferenças, intolerância ou submissão de um grupo é entendido como violência social. 
· Violência doméstica
A violência doméstica ocorre dentro do núcleo familiar. Pode ser causada por companheiros, parentes ou tutores. Dentro dessa tipificação, predominam os casos de violência contra a mulher e os casos de violência contra criança.
Cada categoria recebe uma atenção diferente do Estado a partir de leis e formas de prevenção.
 
· Violência criminal 
 É o tipo mais comumente identificado. Abrange as agressões às pessoas e aos seus bens e constitui objeto de prevenção e repressão por parte da Segurança Pública: Polícia, Procuradoria e Poder Judiciário. Temos graves formas desse tipo de violência: gangues, milícias, redes de exploração sexual de crianças/adolescentes, tráfico de seres humanos, de armas e de drogas, exploração do trabalho escravo. Esses problemas envolvem pessoas que agem fora da lei com pessoas e instituições aparentemente honestas, pois, afinal, existem delinquentes pobres e ricos.
· Violência coletiva 
Caracteriza-se por qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada em atributos como raça, classe social, crença religiosa, que anule ou prejudique o exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública. São exemplos: conflitos violentos entre nações e grupos, movimentos de grandes grupos de pessoas desalojadas, guerras entre gangues e vandalismo de massas. Faz parte desse tipo, a violência estrutural ou social que se refere à manutenção das desigualdades sociais, culturais, de gênero, etárias e étnicas que produzem a miséria, a fome e várias formas de submissão e exploração de umas pessoas pelas outras. É também o solo fértil para as principais formas de relações violentas.
· Violência institucional 
É a que ocorre dentro das instituições por meio de regras, normas de funcionamento e relações burocráticas, reproduzindo as injustiças da estrutura social. Acontece quando são negados ou negligenciados e na forma como são oferecidos os serviços públicos ou privados sejam eles de saúde, de assistência social, de segurança pública ou mesmo nos bancos. Esse tipo de violência pode ocorrer também nas relações de trabalho, por exemplo, quando o profissional está submetido à extensa jornada, precárias condições laborais, baixa remuneração e pouco reconhecimento por parte dos gestores e dos usuários.
· Violência interpessoal 
É uma forma de relação com o outro baseada na prepotência, discriminação, intimidação, raiva, vingança e inveja, que costuma produzir danos morais, físicos (inclusive morte) e psicológicos. Ela difere do conflito que faz parte das relações sociais e humanas. O problema é quando o conflito é transformado em intransigência e, pelo uso de autoritarismo, maus-tratos, ameaças ou provocando guerras ou mortes, exige que o outro se cale ou se anule. Podem ser atingidos: filhos, companheiros, subalternos, colegas de trabalho, pessoas de outra classe, grupo social ou país.
· De acordo com a OMS a violência interpessoal pode ser:
· Violência intrafamiliar 
 Também chamada de violência doméstica, diz respeito aos conflitos familiares transformados em intolerância, abusos e opressão. Tem muitas manifestações, mas as mais comuns são as que submetem as mulheres, crianças e idosos à autoridade do pai, marido e provedor. Também colocam as crianças e jovens sob o domínio (ao invés da proteção) dos adultos.
· Violência comunitária 
 É aquela praticada entre indivíduos sem laços de parentesco, sejam eles conhecidos ou desconhecidos. É cometida por pessoas em atos de violência gratuita, estupro e outras violências sexuais e também por instituições públicas ou privadas como escola, serviço de saúde, banco, condomínio, dentre outros.
· Violência autoinfligida
São assim chamados os suicídios, as tentativas e as ideações de se matar e de se automutilar. Muitas vezes esses atos podem ser relacionados a momentos de ruturas no ciclo de vida como adolescência e velhice, graves crises econômicas que levam ao desemprego e a poucas expectativas de futuro, doenças graves ou terminais, transtornos mentais severos e uso abusivo de substâncias psicoativas, entre outros. Esse tipo de violência, assim como os homicídios, expressa sintomas destruidores da sociedade.
· Violência cultural 
É a que se expressa por meio de discriminações e preconceitos que de tão repetidos e reproduzidos se tornam comuns e naturais na sociedade. Toda cultura tende a adotar certos comportamentos, valores, crenças e práticas e a rechaçar outros. Desse modo, a violência cultural pode se transformar em mitos que passam a ser encarados como verdadeiros e servem para oprimir, prejudicar e até eliminar os diferentes. Em alguns países são particularmente vítimas da violência cultural: crianças e adolescentes, mulheres na relação conjugal, homossexuais, pessoas com deficiência, portadores de transtornos mentais, moradores de favela, seguidores de algumas crenças religiosas, migrantes, dentre outros.
· Violência sexual 
A violência sexual ocorre quando os atos de violência assumem um caráter sexual. Assédios, abusos, violações e estupros são considerados atos de violência sexual.
Esses casos ocorrem quando não há o consentimento entre as partes ou quando a vítima é incapaz de opor-se ao ato. Como nos casos de violência contra crianças, idosos, pessoas com déficits cognitivos, ou temporariamente inaptas.
· Tipos de violência sexual:
a) Abuso sexual doméstico ou intrafamiliar incestuoso – quando existe um laço familiar ou de responsabilidade entre a vítima e o agressor.
b) Abuso sexual extrafamiliar – ocorre quando o abusador é alguém da confiança da vítima (educador, médico, colega, vizinho, psicólogo) ou pessoas desconhecidas. 
c) Abuso sexual sem contato físico – é identificado como: assédio sexual, que são propostas de relações sexuais baseadas em ameaça e chantagem; conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a despertar o interesse da vítima; exibicionismo dos órgãos genitais; voyeurismo, que é o comportamento de observar fixamente atos ou órgãos sexuais de outras pessoas; pornografia. 
d) Abuso sexual com contato físico - ocorre através de carícias nos genitais, tentativa de relação sexual, sexo oral, penetração vaginal e anal.
e) Pedofilia - atração erótica por crianças, podendo o pedófilo se satisfazer com fotos, fantasias ou com o ato sexual 
f) Exploração sexual comercial ou prostituição - relação sexual em troca de favores ou dinheiro. -
 g) Pornografia - uso e exposição de imagens eróticas, partes do corpo ou práticas sexuais entre adultos e crianças, com outros adultos ou com animais, em revistas, livros, filmes, internet. Esse crime diz respeito a quem fotografa ou filma e a quem mostra as imagens.
h) Turismo sexual - caracterizado por excursõescom fins velados ou explícitos de propiciar prazer e sexo a turistas. 
i) Tráfico para fins de exploração sexual - envolve sedução, aliciamento, rapto, intercâmbio, transferência, hospedagem para posterior atuação sexual das vítimas. de outras pessoas; e pornografia.
1.3 Alguns fatores que podem ser a causa do comportamento violento
Neste ponto, vamos abordar alguns fatores de risco relacionados com o desenvolvimento de pessoas com relativa alta probabilidade de se envolverem em actos violentos.
Fatores de risco, neste contexto, são fatores que predizem uma alta probabilidade de ocorrência de violência. Como nos referem Kraemer et al. (1997), devemos usar a designação de fatores de risco quando pretendemos descrever fatores que precedem ou estão relacionados com o resultado final, a violência. Desta forma, a conceptualização dos fatores de risco é importante no campo da prevenção, de modo a identificar os fatores que devem ser continuamente monitorizados e a quais deve ser direcionado o tratamento. 
· Fatores biológicos 
A explicação do comportamento agressivo tendo como justificativa o modelo biológico não é recente na história da Medicina e da Sociologia, sendo esta a abordagem que mais polémica e crítica suscita.
De acordo com os defensores da base biológica dos comportamentos agressivos, o ser humano está, devido à sua natureza, de alguma forma, “programado” para a violência, quer por determinantes “instintivas”, quer pela existência de sistemas neurais que, quando ativados, aumentam a agressão, quer ainda pela influência bioquímica (uso de drogas e álcool), e os efeitos da ação hormonal.
Na procura de explicação biológica para o comportamento violento, os investigadores têm explorado o sistema límbico, chamando a atenção para a importância das disfunções neurofisiológicas do cérebro (Tardiff, 1996).
Diversos estudos (e.g. Delgado-Escueta et al., 1981; Herzberg e Fenwick, 1988) têm sido realizados procurando encontrar associações entre a existência de Epilepsia do lobo temporal e a ocorrência de comportamento violento. Apesar de nem todos serem conclusivos, pensa-se que existe uma associação, ainda que de dimensão pouco clara. 
· Fatores bioquímicos
 Os fatores bioquímicos são também determinantes com alguma importância nos estudos sobre a violência. Segundo Virkkunen (1987), os estudos neste grupo apontam algumas substâncias possivelmente relacionadas com o comportamento agressivo e/ou violento (e.g., colesterol, glicose, hormonas e alguns neurotransmissores). 
Neste sentido, o consumo de álcool, um dos fatores de risco frequentemente relacionados com a ocorrência de violência, tem sido estudado na sua associação com a glicose e o colesterol. De facto, demonstrou-se que o álcool diminui a quantidade de açúcar na corrente sanguínea por inibição da produção de glicose hepática. Deste modo, o álcool pode ser apontado como um fator precipitante de comportamentos agressivos (idem).
A administração de substâncias capazes de elevar os níveis de serotonina tendem a orientar o comportamento no sentido de uma autoconfiança assertiva, calma e raramente violenta (Wright, 1995). 
Estudos realizados por Prado-Lima et al. (cit. in Flores e Ajnhorn 1997) mostram nos também a relação entre agressividade e serotonina. Estes autores conseguiram reduzir os níveis de agressividade de mães que espancavam os seus filhos através do uso de carbonato de lítio, supostamente por aumentar a quantidade de serotonina disponível. Também Tardiff (1996) refere um conjunto de estudos realizados com líquido cefaloraquídeo que mostram a existência de uma relação entre o impulso agressivo e uma atividade serotoninérgica diminuída.
 Parece então que a diminuição da atividade do sistema serotoninérgico pode constituir um traço de impulsividade para a violência (idem). Entretanto, podem estar envolvidos outros mecanismos ao nível do neurotransmissor. O uso de drogas antipsicóticas para controlo destes comportamentos sugere uma relação entre atividade dopaminérgica e violência (Mann cit. in Flores e Ajnhorn 1997). A dopamina possivelmente estará relacionada com mecanismos de dominância e submissão (idem). Por outro lado, supõe-se também que os sistemas adrenérgicos possam estar envolvidos, já que, como sabemos, o uso de drogas e álcool é um dos principais fatores de risco para a violência e estas substâncias aumentam a libertação de neurotransmissores deste grupo. 
Contudo, na opinião de Reiss e Roth (1993), apesar do papel dos neurotransmissores na agressão, os seus mecanismos de ação são ainda pouco claros e a evidência para os considerar preditores de violência é, ainda, insuficiente. Para os mesmos autores, não há nenhum padrão neurobiológico suficientemente específico e preciso para ser considerado fator de risco fidedigno para o comportamento violento.
Esta argumentação é também defendida e aprofundada por Minayo (1995) ao referir-nos que é hoje praticamente unânime a ideia de que a violência não faz parte da natureza humana e que a mesma não tem raízes biológicas. Trata-se de um complexo e dinâmico fenómeno biopsicossocial, sendo o seu espaço de criação e desenvolvimento, a vida em sociedade. 
· Fatores sociais 
Se de um lado estão os que sustentam a violência como resultante de fatores predominantemente biológicos, fundamentando-se na Sociologia ou na Etologia (Minayo e Souza, 1997), do outro lado estão os defensores de um modelo multifatorial, mais abrangente, enfatizando, para além das determinantes biológicas, uma relação entre fatores situacionais, sociais e culturais transitivos, cuja combinação desencadeia comportamentos violentos. 
Os fatores sociais, que podemos designar de forma mais abrangente por fatores contextuais, devem ser entendidos como o conjunto de circunstâncias ambientais do indivíduo (e.g. interação social, interação familiar, grupo de pares, condições habitacionais, zona de residência, nível socioeconómico, falta de acesso a serviços de saúde mental, etc.) que, de alguma forma, poderão ser responsáveis pela transformação do biológico ou geneticamente determinado, pelo social, predispondo o indivíduo à violência. 
Farrington (2001), ao analisar um conjunto de estudos sobre os fatores de risco sociais relacionados com a violência refere-nos, entre outros, três aspetos determinantes: 
- Ter amigos delinquentes: Elliot e Menard (cit. in Farrington 2001) concluem que a delinquência causa uma ligação entre os pares e que esta ligação causa violência.
 - Pertencer a uma família de baixo nível socioeconómico: Farrington (2001), em dois estudos que realizou, conclui que o principal preditor de violência é a dependência familiar relativa a benefícios sociais.
 - Residir em zonas urbanas: geralmente, os indivíduos que vivem em zonas urbanas são mais violentos que os que vivem em zonas rurais. Diversos autores (e.g. Elliot et al.; Thornberry et al., cit. in Farrington 2001) mostram que há uma maior incidência de criminalidade em zonas urbanas e que os indivíduos que vivem em bairros com altas taxas de criminalidade, são mais violentos que os indivíduos que vivem em bairros com baixas taxas de criminalidade. 
A compreensão dos fatores contextuais, além dos individuais (biológicos e psicológicos) é fundamental do ponto de vista das políticas de prevenção. 
Se o risco e a perigosidade forem conceptualizados só sob o ponto de vista dos fatores individuais, inevitavelmente atribuiremos a predisposição do indivíduo para a violência só a si próprio, quando, de facto, ela pode ser determinada por fatores externos (Gunn, 1996). 
Dos fatores externos podemos considerar como um dos mais importantes, as experiências sociais. De acordo com Grisso (1996), os indivíduos não agridem por causa das suas determinantes biológicas embora possuam um aparelho conceptual e motor para proceder dessa forma. São as experiências sociais ao longo do desenvolvimento que determinam as cognições, bem como o substrato neuronal que possibilita o processamento das informações. São justamente essas experiências que vão direcionar o organismopara interpretar as informações do ambiente como ameaçadoras, originando formas de comportamento mais ou menos agressivas.
Assim, a agressão é tanto uma consequência da neura adaptação aos fatores psicossociais e ambientais, quanto uma consequência dos fatores biológicos no desenvolvimento psicossocial. A Biologia Social, que estuda a vitalidade humana e a sua ligação com a sociedade, caracteriza-se por transferir as regularidades do nível biológico para o social e os dados da Etologia para as relações humanas (Minayo e Souza, 1997).
Segundo a Biologia Social, os genes reproduzidos de geração em geração, nos seres humanos, transmitem informação de sentido e conteúdo determinados, fazendo com que os indivíduos reajam em condições específicas do ambiente, como forma de garantir a sobrevivência. Este processo tem por base a crença de que os ritmos biológicos e os ritmos sociais são fatalmente incompatíveis na medida em que os primeiros são muito mais lentos que os segundos que são mais dinâmicos. Neste sentido, como referem Minayo e Souza (1997), o indivíduo seria geneticamente incapaz de se adaptar aos ritmos precipitados e às mudanças qualitativas do desenvolvimento social e tecnológico da sociedade industrial ou pós – industrial, alterando-se, em consequência, os mecanismos humanos de adaptação, originando, por um lado, isolamento e medo (coletivo e individual), e, por outro lado, um estado de intolerância e alienação do indivíduo e tendências antissociais. 
· Fatores psicológicos 
A Psicologia define agressão como “qualquer forma de comportamento dirigido com o objetivo de prejudicar ou ferir um outro ser vivo que está motivado a evitar tal comportamento” (Weinberg e Gould, 1999, p. 93). 
Morin (1970) considera que a nossa civilização parece ter entrado numa crise que aumenta a cada dia que passa, provocando o reaparecimento de atavismos arcaicos e a exacerbação de soluções neuróticas a curto ou longo prazo. Na sua hipótese, a violência não é de índole social, mas sim psicológica.
 De acordo com Wilson (cit. in Minayo e Souza 1997), a miséria e a desigualdade foram responsáveis pela violência social, mas hoje, o baixo nível de consciência, de liberdade e de responsabilidade acarretam um sentimento de insatisfação permanente, que se expressa em confrontação e alienação, em condutas pervertidas e violentas.
 A dificuldade na identificação dos fatores de risco envolvidos na rede dos processos de violência é um dado claro que nos mostra que os modelos teóricos existentes para a explicar e às suas causas, necessitam de identificar a hierarquia, a força e a forma, ou seja, como atuam os diversos fatores da rede causal. 
Este desafio, se bem que ainda não totalmente superado, tem contado com o apoio de uma disciplina relevante para o tema, a Psicologia, pois, em última instância, é no indivíduo e na sua totalidade complexa que a violência se concretiza. 
Como nos referem Minayo e Souza (1997), a violência está relacionada não só com os bens das pessoas e com o seu corpo, mas também com o psiquismo. Por isso, é necessário integrar nas análises da violência, a Psicologia Social que nos pode ajudar a percebê-la, na medida em que trabalha com conceitos importantes como processo de identificação, grupos de referência, características de personalidade, relação entre frustração-agressão e diferenciação entre agressividade e violência. 
O trabalho desenvolvido por Vethencourt (1990) é um marco fundamental para se perceber de que forma os aspetos psicológicos contribuem para a violência e o modo como a Psicologia contribui para a sua compreensão. 
Em estudos que realizou com jovens delinquentes da América Latina, o autor desmistifica as raízes individuais da violência concluindo que estes indivíduos dificilmente se teriam tornado delinquentes se não fossem as condições de pobreza – inclusive psíquica – e violência extrema nas quais estruturaram as suas personalidades, com a consequente ausência de expectativas de realização dentro das normas vigentes. Assim, salienta um conjunto de aspetos de cariz psicológico que considera fundamentais apresentando-os de forma gradativa: - o estado de desestruturação subtil da personalidade; a desorganização do comportamento em relação aos valores socialmente aceites; a reativação dos núcleos de violência sádica e ira vingativa; a eclosão de impulsos agressivos para não cair no “adoecimento”; a perda do autocontrolo pela estigmatização; e finalmente, o recrudescimento da raiva que se orienta contra os outros. 
Estudos empíricos realizados por Guerra (1990), trabalhando tal como Vethencourt com uma população de jovens criminosos, apontam como características psíquicas destes, a predominância de um ego frágil, pouco integrado, com estruturas que não se desenvolveram plenamente e que permanecem rigidificadas por pulsões parciais e arcaicas. São também egos que se desenvolveram em meios familiares frequentemente marcados por ausência ou repetidas substituições da figura masculina e submetidos a todo o tipo de necessidades materiais e/ou afetivas. 
As teorias ambientais que defendem que o comportamento violento é aprendido, continuam a prevalecer quando se pretende explicar as causas da violência. Estudos clássicos sobre a neuropsicologia da violência como é o caso do trabalho desenvolvido por Dodge et al. (cit. in Flores e Ajnhorn 1997), mostram-nos que crianças maltratadas numa fase precoce, desenvolvem mais facilmente processos deficientes de informação social, percebem atitudes agressivas com maior frequência no comportamento dos outros e não possuem estratégias eficazes de resolução de conflitos interpessoais. Este padrão de comportamento, por outro lado, estimula o desenvolvimento de comportamentos agressivos. 
A experiência de violência física leva a criança a perceber e conceber o mundo de um modo anormal, facto este que posteriormente, perpetua o ciclo da violência. Este mecanismo explica-nos porque as experiências traumáticas aumentam progressivamente a vulnerabilidade aos mesmos agentes stressores. 
Como nos referem Flores e Ajnhorn (1997), grande parte da agressão cometida pelos seres humanos, parte de uma perceção prévia de ter sido agredido. Contudo, há quem questione e ponha em causa este ponto de vista. Autores como Pinker (cit. in Marques 2005), afirmam que pais agressivos têm com frequência filhos agressivos, no entanto, refutam a conclusão de que a agressão é aprendida dos pais num “ciclo de violência”, e levam em conta a possibilidade de que as tendências violentas podem ser herdadas, para além de aprendidas.
 Como veremos mais à frente neste trabalho, a existência de patologia psiquiátrica é um fator relevante e determinante quando abordamos as questões da violência. Neste sentido, como nos refere Marques (2005), embora algumas experiências traumáticas da infância e da adolescência possam resultar em psicopatologia, acredita-se que certos comportamentos como a violência, resultam da utilização de mecanismos de defesa imaturos e neuróticos para atender a desejos que talvez nunca tenham sido atendidos. Mecanismos de defesa são processos inconscientes que os indivíduos utilizam para lidar com ameaças internas ou conflitos. Como a definição realça, estes são processos inconscientes e, como tal, nada têm a ver com decisões conscientes. Os mecanismos de defesa podem classificar-se em três níveis de maturidade: - defesas imaturas (e.g. projeção, acting out, fantasia); defesas neuróticas (e.g. repressão, deslocamento, intelectualização); e defesas maduras (e.g. sublimação, humor, altruísmo).
De acordo com Miller (cit. in Marques 2005), a ocorrência de violência pode encontrar-se associada ao uso de três mecanismos de defesa, sendo um neurótico e dois imaturos: repressão, acting out e projeção. Assim, estes mecanismos, nos indivíduos que os utilizam com regularidade, podem funcionar como fatores de risco para a violência. 
A repressão é um mecanismo neurótico que reprime para o inconsciente as representações sentimentais frustrantes e ameaçadoras do ego. Entretanto,com o aumento da gama dos sentimentos não expressados no núcleo traumático do inconsciente, cria-se uma tensão libidinal intensa que pode ser libertada pelo meio da violência, trazendo alívio e estabilidade do aparelho psíquico. 
No acting out o indivíduo age violentamente como forma de libertar a tensão criada pelos seus sentimentos que, no caso, são difíceis de suportar. Um exemplo comum é o bater com força num objeto (e.g. cadeira, mesa), quando se está com raiva. 
Na projeção a pessoa mantém a sua imagem íntegra e perfeita, atribuindo os seus erros e fracassos a outra pessoa. Como exemplo, temos o marido que atribui à mulher os seus sentimentos de fraqueza, que não reconhece e, portanto, é capaz de a agredir em vez de se agredir a si próprio. Com este mecanismo consciente, o indivíduo considera-se o marido perfeito e ao mesmo tempo alivia a sua tensão no inconsciente.
 Farrington (2001) realizou uma análise de diversos estudos relacionados com fatores de risco psicológicos e da personalidade e ocorrência de violência. Deste trabalho podemos realçar os seguintes fatores preditivos de violência: - pobre controlo comportamental (e.g. impulsividade; falta de persistência); aspetos restritivos de personalidade (e.g. calculismo); estados emocionais negativos (e.g. nervosismo; alienação); hiperatividade (e.g. desassossego; dificuldades de concentração e atenção; agitação psicomotora); e baixo coeficiente intelectual (e.g. vocabulário; compreensão; matemática; linguagem). Lipsey e Derzon (cit. in Farrington 2001), numa extensa meta – análise que realizaram, também mostram que um baixo quociente intelectual, baixo rendimento escolar, e fatores psicológicos como hiperatividade, défice de atenção, impulsividade, e comportamentos de risco são importantes preditores de ofensas violentas. 
A impulsividade, os problemas de atenção, o baixo nível intelectual e os défices de atenção são aspetos que podem estar todos relacionados com défices da função executiva do cérebro, localizada na região frontal. As funções executivas incluem a concentração e a capacidade de manter a atenção, o pensamento abstrato, a formulação de objetivos, a antecipação e planeamento, a programação e iniciação de sequências de comportamento motor objetivo; a autoconsciência e auto monitorização do comportamento, mas também, a inibição de comportamentos inapropriados ou impulsivos (Moffitt e Henry cit. in Farrington, 2001). 
· Psicopatia, Hostilidade e Raiva
Desde sempre aparecem referidos, nos estudos criminológicos, indivíduos que dispõem de uma grande capacidade para a agressão, tanto no sentido físico como no psicológico, e que adotam comportamentos de hostilidade e manipulação de forma continuada. Na realidade, a identificação destes sujeitos responsáveis por agressões sistemáticas e que se caracterizam por serem cruéis, irresponsáveis, e por não terem vida emocional real, nem sintomas característicos de enfermidade mental, possuem todos os indicadores para se inserirem num diagnóstico de psicopatia (Soeiro & Gonçalves, 2010).
A psicopatia é uma das perturbações da personalidade mais estudada, atendendo ao impacto negativo que os comportamentos associados a esta perturbação possuem na comunidade onde o psicopata vive (Gonçalves, 2002; Soeiro & Gonçalves, 2010). Existe mesmo um conjunto de características emocionais e interpessoais que circunscrevem clinicamente a síndrome de personalidade psicopática: uma aptidão fluente e volúvel para mentir, manipular e dissimular; ausência de empatia ou de preocupação com os outros; afeto superficial e ausência de remorso, além de uma notória grandiosidade egocêntrica (Russel & Stanley, 2003 cit. in Lobo, 2007).
De um modo geral, os estudos indicam que se manifesta numa série de condutas que são resultado de fatores biológicos e da personalidade, relacionados com uma série de antecedentes familiares e outros fatores ambientais. O conceito clínico de psicopatia repousa na presunção de que existem certos indivíduos que partilham um conjunto de traços de personalidade associados a certos sintomas. Cleckey apresentou um perfil de psicopatia, indicando que os traços mais significativos da perturbação são: (1) encanto superficial e boa inteligência; (2) inexistência de alucinações ou de outras manifestações de pensamento irracional; (3) ausência de nervosismo ou de manifestações neuróticas; (4) ser indigno de confiança; (5) ser mentiroso e insincero; (6) egocentrismo patológico e incapacidade para amar; (7) pobreza geral nas principais relações afetivas; (8) vida sexual impessoal, trivial e pouco integrada; (9) ausência de sentimentos de culpa ou de vergonha; (10) perda específica do insight; (11) incapacidade para seguir qualquer plano de vida; (12) ameaças de suicídio raramente cumpridas; (13) raciocínio pobre e incapacidade para aprender com a experiência; (14) comportamento fantasioso e pouco recomendável com ou sem ingestão de bebidas alcoólicas; (15) incapacidade para responder na generalidade das relações interpessoais; (16)exibição de comportamentos antissociais sem escrúpulos aparentes. Para este autor a principal característica do psicopata é a deficiente resposta afetiva face aos outros, o que explicaria a forte relação com condutas antissociais. É no trabalho de Cleckley (1941/1976) que se baseiam as definições mais recentes de psicopatia, principalmente as que se inserem numa vertente clínica do conceito (Gonçalves, 2002; Soeiro & Gonçalves, 2010).
Conhece-se, e está bem documentada, a relação existente entre a presença de condutas violentas e a sintomatologia psicopática, iniciando-se recentemente, o estudo de características psicopáticas em alguns grupos de agressores. 
A raiva e a hostilidade são também constructos geralmente relacionados com a perpetração de comportamentos violentos e parece quase óbvio considerar que as pessoas violentas tendem a apresentar também maiores níveis de raiva. Historicamente, a hostilidade tem sido conceptualizada como um constructo atitudinal que envolve a antipatia e a avaliação negativa dos outros, podendo também ser conceptualizada como um traço cognitivo de desvalorização do património e dos motivos dos outros, uma expectativa de que os demais são prováveis fontes de transgressão, uma visão relacional de estar em oposição em relação aos outros, e um desejo de infligir dano ou ver os demais prejudicados. A hostilidade pode também ser vista como uma conceção multifacetada que envolve o afeto e o comportamento expressivo, para além de atitudes negativas. Envolve principalmente as variáveis cognitivas de cinismo, desconfiança e difamação. A maioria dos investigadores assume que esta pode ser um predisponente para episódios frequentes de raiva motivando muitas das vezes comportamentos agressivos e vingativos (Norlander & Eckhardt, 2005).
Por sua vez, as tentativas para definir o conceito de raiva, baseiam-se em alguns índices como a ativação fisiológica, a fenomenologia subjetiva ou o construtivismo social. Contudo, estas definições não abrangem de forma suficiente a constelação de experiências que ocorrem durante um episódio de raiva. Efetivamente, um episódio de raiva envolve uma miríade de respostas fisiológicas de alarme, comportamento de fuga/ataque, etiquetas subjetivas de estados emocionais internos e cognições relacionadas com a transgressão. Por isso mesmo, as definições mais atuais deste constructo consideram-no como multidimensional, consistindo em respostas fisiológicas (ativação geral do sistema simpático; função de certos neurotransmissores), cognitivas (crenças irracionais, pensamentos automáticos negativos, imagens inflamatórias), fenomenológicas (consciência subjetiva e26 rotulagem dos sentimentos de raiva) e comportamentais (expressões faciais, expressão verbal de raiva, estratégias comportamentais) (Norlander & Eckhardt, 2005).
Hanson e os seus colaboradores (1997), bem como Margolin e os seus colaboradores (1998), ambos os estudos referidos por Stith e McMonigle (2009), descobriram que sujeitos severamente mais abusivos apresentavamníveis significativamente mais elevados de raiva ou hostilidade do que indivíduos não violentos ou menos abusivos. Por outro lado, Dye e Eckhardt (2000), referidos por Stith e McMonigle (2009), indicam que estudantes universitários que foram violentos para com o seu parceiro, exibem mais comportamentos relacionados com a expressão de raiva e menos controlo sobre a sua raiva do que estudantes não violentos.
· Perturbações da Personalidade
Para a psiquiatria, o comportamento agressivo é usualmente visto como um sintoma, ao invés de um problema em si mesmo. Como sintoma, a agressividade está fortemente dependente da perturbação ao qual está associada (Haller & Kruk, 2006). 
Efetivamente, de entre as perturbações da personalidade, as que consistentemente foram mais associadas a comportamentos violentos, apesar de estes não se verificarem em todos os pacientes, são a perturbação antissocial da personalidade e a perturbação borderline da personalidade. Considera-se que metade dos pacientes diagnosticados com perturbação antissocial da personalidade são pacientes agressivos, o odds ratio da violência e agressividade é em torno de 7 nos homens, enquanto que as probabilidades de proporção de homicídio são superioras a 10, demonstrando o alto perigo que estes indivíduos representam para a sociedade (Haller & Kruk, 2006).
Estima-se que em concreto que os agressores antissociais constituem aproximadamente 25% da amostra, sendo este número maior para aqueles agressores que recebem tratamento por ordem judicial. Este tipo de agressor apresenta uma violência mais generalizada (ou seja, vai mais para lá da sua companheira) e tem um maior historial de antecedentes criminais e é mais provável que se veja afetado por perturbações mentais (abuso ou dependência de substâncias, impulsividade, etc.). 
1.4 Consequências provocados pela prática do comportamento violento, na vítima e no agressor;
Tantas circunstâncias específicas que se encontram na origem de um ato de vitimação, como as consequências desta vitimação podem ser muitas e diversificadas.
Embora com variações, todas as vítimas se sentem perturbadas por um ato violento.
Quanto mais violento o crime, mais se verifica a afetação geral que a vítima. No entanto, não é só a gravidade do crime pode ser determinante no impacto na vítima: há, geralmente, um conjunto de consequências de carácter psicológico, físico e social que se manifesta após a vitimação e que pode ser determinante para a vivência da pessoa.
Numa vitimação, a vítima não é, geralmente, a única pessoa em sofrimento. As testemunhas desta vitimação podem ser também afetadas.
Também os familiares e amigos da vítima, ainda que não necessariamente testemunhas do crime, podem sofrer as consequências do mesmo, de um modo geral sofrendo um medo de perder o ente querido, sentimentos de culpa, sentimentos de impotência, etc. Estas consequências, qualquer que seja a natureza da vitimação, verificam-se aos níveis físico, psicológico e social.
· Consequências físicas da vitimação 
Os efeitos físicos incluem não só os resultados diretos das agressões sofridas pela vítima (fraturas, hematomas, etc.), mas também a resposta do corpo e do organismo ao stress a que foi sujeito, através de um quadro sintomatológico próprio.
No entanto, não aparecem todas ao mesmo tempo e a sua intensidade varia de pessoa para pessoa.
Destas consequências podem dar-se os seguintes exemplos:
· Perda de energia;
· Diminuição dos níveis de resistência (tendência para contrair gripe, etc.);
· Dores musculares;
· Dores de cabeça e/ou enxaquecas;
· Distúrbios ao nível da menstruação; - arrepios e/ou afrontamentos;
· Problemas digestivos:
· Aumento ou diminuição do apetite
· Obstipação
· Náuseas
· Tremores;
· Tensão arterial alta;
· Mudanças no comportamento sexual:
· Aumento ou diminuição do interesse sexual
· Ausência de orgasmo
· Consequências psicológicas
A ultrapassagem dos efeitos psicológicos posteriores a uma situação de vitimação pode revelar-se extremamente difícil.
De facto, algumas pessoas chegam a recear perder o equilíbrio psíquico.
As consequências psicológicas da vitimação podem ser:
· Ambivalência relacionada com as suas emoções:
· Solidão
· Culpa
· Impotência
· Sentimento de ser injustamente tratado
· Raiva
· Desconfiança;
· Tristeza;
· Flashbacks;
· Falta de motivação;
· Dificuldade com processos mentais que levam à confusão:
· Perda de memória
· Redução da atenção/concentração
· Problemas para tomar decisões e estabelecer prioridades
· Extrema irritabilidade
· Problemas com o sono - medos ou fobias;
· Diminuição da autoconfiança.
· Consequências sociais da vitimação 
A vitimação obriga por vezes a profundas alterações estruturais da vida quotidiana (a mudança de casa ou de emprego, etc.). O abalo geral ou parcial do seu projeto de vida implica geralmente:
· Sentimento de solidão;
· Tensões familiares e conjugais;
· Medo de estar sozinho;
· Evitamento de determinados locais;
· Sentimento de insegurança.
As consequências listadas são as mais frequentes, podendo não se verificar em todas as vítimas.
No quadro seguinte, descrevem-se as consequências típicas de determinadas formas de vitimação. Ainda assim, não pode perder-se de vista uma premissa fundamental: cada caso é um caso.
· Consequências ao agressor 
A prática de violência também pode estar associada a diversas consequências negativas para as pessoas que a cometem, como por exemplo:
-Sofrerem agressões, lesões e ferimentos; enfrentarem a retaliação, vingança ou reação violenta por parte da pessoa ou grupo de pessoas que foram vítimas;
- Serem rejeitados  pelos amigos (principalmente as que não concordam com esse tipo de comportamentos) ou afastamento em relação aos amigos.
- Problemas ou dificuldades em fazer novas amizades;
- Afastamento em relação à família.
As consequências negativas também se podem fazer sentir na vida escolar do/a jovem que manifesta comportamentos agressivos ou violentos, por exemplo:
- Descida nas notas;
- Faltas às aulas;
- Reprovações;
- Abandono escolar (os estudos são colocados em segundo plano e o envolvimento em comportamentos violentos e outras atividades arriscadas ocupam grande parte do tempo);
- Conflitos com colegas, professores e funcionários da escola;
O envolvimento em comportamentos agressivos ou violentos pode causar consequências negativas no futuro profissional do/a jovem, tais como:
- Perda de oportunidades de acesso à educação ou formação;
- Perda de oportunidades de emprego ou negação do acesso a ofertas de emprego (ex.: ser-lhe recusada a candidatura a um emprego por causa do “passado problemático”);
- Problemas com a Lei.
1.5 As situações patológicas da violência
Alguns dos primeiros estudos efetuados em torno dos comportamentos violentos associados à doença mental focaram-se no papel da psicopatologia, e em particular da sintomatologia positiva. As suas conclusões foram, contudo, pouco consistentes e, por vezes, até mesmo contraditórias.
Com efeito, se por um lado Tardiff e Sweillam (cit in Cheung et al.) descreviam uma associação entre comportamento violento e a presença de ideação delirante, de atividade alucinatória e comportamento bizarro, por outro, Kay e colaboradores, poucos anos mais tarde, afirmavam que estes sintomas positivos não discriminariam o grupo dos doentes psiquiátricos violentos dos não violentos. Outros estudos viriam, no entanto, a confirmar que muitos dos comportamentos violentos relativamente a terceiros, em doentes com esquizofrenia, são condicionados pelas ideias delirantes ou pela atividade alucinatória associada à própria doença e, desse modo, tornaram incontestada a relevância da fenomenologia dos delírios e das alucinações para a compreensão do comportamento violento na doença mental.
Estudos mais detalhados têm contribuído para uma melhor clarificação da associação entre violência e perturbação mental e, também, quanto ao risco determinado pela presença de sintomatologia psicótica. Cheung e colaboradores, comparando doentes com esquizofrenia com e sem comportamentos violentos, verificaramque os primeiros descreviam com maior frequência emoções negativas (tristeza, ansiedade, ódio) relacionadas com delírios de conteúdo persecutório, enquanto que os doentes sem antecedentes de comportamento violento manifestavam mais frequentemente quadros de elevação do humor induzidos pela ideação delirante, frequentemente de grandiosidade.
Outros autores, defendem que o elevado risco de violência está limitado a algumas constelações de sintomas. Swanson e colaboradores verificaram que determinados clusters de sintomas positivos (onde incluem a ideação delirante de conteúdo persecutório) aumentam a probabilidade e a gravidade de atos violentos, enquanto que outros em que predominam sintomas negativos (como o isolamento social) podem ter um efeito contrário. Já em 1996, o mesmo grupo de investigação defendia que os sintomas psicóticos mais vezes associados a comportamentos violentos estão relacionados com experiências percebidas como ameaçadoras, destruidoras ou sob o controlo externo.
Quando os atos violentos se enquadram em contextos psicóticos agudos resultarão de um clima de tensão, medo e ansiedade, e refletem uma atitude defensiva por parte do doente ao sentir-se perseguido ou ameaçado. Assim, a violência no doente psiquiátrico poderia surgir como uma resposta racional a uma crença irracional.
Também Linaker e Busch-Iversen procuraram mostrar que os comportamentos que precedem atos violentos num indivíduo psicótico podem ser semelhantes aos de qualquer pessoa que perceciona uma ameaça externa - irritabilidade, confusão, ameaças físicas e verbais, arremesso de objetos e fúria. Este facto, reforçado por outros estudos que confirmam que a motivação para a violência nestes doentes é muitas vezes racional, lança algumas questões sobre o tema em apreço, nomeadamente o dado adquirido de que, nesta população, a violência é imprevisível e incompreensível.
Numa linha relacionada, outros estudos mostram que o risco de comportamentos violentos, para além de ser limitado no tempo é mais evidente quando os sintomas são agudos. Por exemplo, Modestin & Annan (cit in Cunha) concluem que os esquizofrénicos em surto psicótico agudo apresentavam uma probabilidade 4 vezes maior de serem condenados por crimes violentos, enquanto que a esse respeito não foram encontradas diferenças entre os esquizofrénicos com evolução crónica e a amostra de controlo.
Ainda neste contexto, McNiel & Binder procuraram determinar se o padrão de sintomas associados ao risco de violência a curto prazo variava com o diagnóstico do paciente. Concluíram que a violência tem uma maior relação com a psicopatologia manifestada, nomeadamente com o padrão de sintomas agudos, do que com o diagnóstico propriamente dito, sendo que o valor de um padrão de sintomas particular, como indicador do risco eminente de violência, varia conforme o diagnóstico.
Para além das alterações psicopatológicas referidas, outros sintomas psicóticos poderão estar presentes na etiologia da violência. Contudo, a literatura é escassa nesta área e a única referência a que tivemos acesso em relação, por exemplo, a alterações da forma do pensamento (nomeadamente, pensamento frouxo e desorganizado), é de Lewis e seus colaboradores (cit in Gosden et al.), segundo o qual estes sintomas estariam mais presentes em jovens masculinos presos violentos do que nos não violentos.
Assim, parece existir atualmente evidência de que uma grande percentagem de atos violentos observáveis em doentes com esquizofrenia não ocorre arbitrariamente, mas são motivados e direcionados por sintomatologia psicótica ativa. Estes quadros deverão ser abordados farmacologicamente, preferencialmente em meio hospitalar, já que para além de constituírem perigo para o próprio ou para terceiros, o seu tratamento faz regredir o risco de condutas violentas. Os delírios e as alucinações surgem como os sintomas psicóticos mais relevantes para a interpretação dos comportamentos violentos. Apesar disso, não é completamente consensual o papel que lhes é reconhecido pelos diversos investigadores.
ASPETOS METODOLÓGICOS 
Quanto ao tipo de pesquisa foi utilizado a pesquisa qualitativa pois permite uma profundidade dos dados com uma riqueza de detalhes, proporcionando um grande número de interpretações.
Do ponto de vista da sua natureza, foi utilizado a pesquisa básica em que de acordo com Marconi & Lakatos (2003, p.51) “objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais”.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos foi utilizado a pesquisa bibliográfica, com objetivo de recolher os dados necessários e colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa.
2.1 Instrumento (s) de recolha de dados
Como instrumento de pesquisa foi utilizada entrevista semiestruturada. Pois esse não priva o participante de expor as suas conceções permitindo o investigador formular questões além das estabelecidas no guião.
Segundo Marconi e Lakatos (2003), 
“O que diferencia basicamente a entrevista do questionário é que a primeira é sempre realizada face a face (entrevistador mais entrevistado); também pode ou não ser realizada com base em um roteiro de questões preestabelecidas e até mesmo impressas, enquanto o segundo, necessariamente, tem como pré-requisito a elaboração de um impresso próprio com questões a serem formuladas na mesma sequência para todos os informantes.” (p. 106).
Foi utilizada a entrevista, porque permite aprofundamento da perceção dos sentidos em que as pessoas atribuem as suas ações; torna-se flexível porque o contacto direto permite explicitação das perguntas e das respostas. E por outro lado apresenta algumas limitações, em que é menos útil para efetivar generalizações; as respostas podem ser condicionadas pela própria situação da entrevista. 
A entrevista semiestruturada encontra-se dividida em quatro partes (Identificação do entrevistado, Dados Académicos e Profissionais, Exercício da função na área de Psiquiatria e Comportamento violento) (vide apêndice 1) 
2.2 Participantes: 
 O participante da nossa entrevista é um Psiquiatra, licenciado em Medicina com especialização em Psiquiatria (fez a sua licenciatura em Medicina no ano 1997/2003 na Cuba e realizou a sua especialidade médica em Psiquiatria no ano 2006-2008, UFRN, Brasil). 
2.3 Procedimento de recolha de dados:
Para a recolha de dados, fez-se a prospeção de psiquiatras existentes nas ilhas, ressaltando a disponibilidades existente em responder as questões relativamente a entrevista. Contactando alguns deles, alguns mostraram indisponível devido a situação pandémica COVID-19 que o país e o mundo enfrentam, mas depois de algumas semanas foi encontrado um psiquiatra disponível para aplicação da entrevista, sendo que só foi possível através da internet (Gmail).
De seguida, com a confirmação da disponibilidade do entrevistado, foi elaborado um guião de entrevista, sendo que este, foi enviado no mês de Julho de 2020 pelo respetivo e-mail, e alguns dias depois para reforçar a recolha de dados foi feita uma entrevista online (videochamada-Messenger) que demorou cerca de 30 minutos, pois essa era a única modalidade possível perante a situação presente. Em seguida analisou-se os dados fornecidos de acordo com os procedimentos de análises de dados. No guião de entrevistas encontrava-se o consentimento informado que apresentava a finalidade da referida entrevista e o anonimato.
2.4 Procedimento de análise de dados:
As entrevistas foram analisadas através de análise de conteúdo, com a apreensão dos sentidos que compõe o discurso dos entrevistados. Nesse tipo de análise o material de estudo depois de gravado e transcrito foram organizados e classificados de forma sistemática, passando pelas fases de seleção, codificação e tabulação. 
Na fase de seleção, a redução dos dados consiste em processo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais. Para que essa tarefa seja desenvolvida a contento, foi necessário ter objetivosclaros
 De seguida a fase de categorização, consiste na organização dos dados para que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles. E por último a tabulação e interpretação, os dados coletados foram dispostos em tabelas, organizados de acordo com a estruturação anterior, servindo para facilitar sua compreensão e interpretação. Os dados foram classificados pela divisão em subgrupos e reunidos. (vide apêndice 2). Os resultados obtidos foram analisados, criticados e interpretados. Na análise dos resultados, “O objeto é decomposto em suas partes constitutivas, tornando-se simples aquilo que era composto e complexo”; na síntese, “este objeto decomposto [...] é recomposto constituindo-se a sua totalidade”, permitindo assim uma visão de conjunto (Severino, 2002, p. 193).
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
No nosso projeto de pesquisa, tivemos necessidade de conhecer e definir que o comportamento violento é uma agressão que pode ser uma ofensa verbal, uma ameaça à integridade psicológica e física; qualquer ato que resulte em acidente, trauma, morte e danos a patrimônio. Parafraseando com a nossa fundamentação teórica o comportamento agressivo manifesta-se na interação social e é dirigido para causar intencionalmente injúria física ou psicológica a outro indivíduo. A ação pode de física ou verbal.
Desta forma, segundo o entrevistado os tipos de violência que si depara são: portadores de perturbações mentais que auto agridem (autoagressividade) e que direcionam a agressividade contra terceiros e patrimônios (heteroagressividde); agressividade de terceiros dirigidas contra portadores de perturbações mentais. Violações domésticas, urbanas e patrimoniais. Segundo ele os pacientes Psiquiátrico não estão na lista dos que causam mais danos por violência, sendo eles vítimas na maior parte das vezes. 
De acordo com a nossa fundamentação teórica existem os seguintes tipos de violência: A violência física que é a utilização da força física sobre alguém; a violência psicológica e a moral utilizam-se de palavras ou atos ofensivos como forma de agressão; A violência patrimonial ou econômica ocorre quando a propriedade ou os meios de subsistência são negados ou retirados por uma pessoa ou grupo; A violência social ocorre devido a utilização da força de um grupo social sobre outro; Violência criminal abrange as agressões às pessoas e aos seus bens e constitui objeto de prevenção e repressão por parte da Segurança Pública: Polícia, Procuradoria e Poder Judiciário; Violência coletiva que caracteriza-se por qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada em atributos como raça, classe social; Violência institucional é a que ocorre dentro das instituições por meio de regras, normas de funcionamento e relações burocráticas, reproduzindo as injustiças da estrutura social; Violência interpessoal é uma forma de relação com a outro baseada na prepotência, discriminação, intimidação, raiva, vingança e inveja, que costuma produzir danos morais, físicos (inclusive morte) e psicológicos; a violência sexual que ocorre quando os atos de violência assumem um caráter sexual.
Segundo o psiquiatra entrevistado os comportamentos violentos são causados por certos estereótipos relacionados com o ambiente onde se desenvolve o sujeito, problemas étnicos e religiosos, miséria, ineficiência de políticas de segurança pública, abuso de drogas licitas e ilícitas e as perturbações mentais graves. Também são observados em portadores de perturbações de personalidade antissocial. 
Portanto de acordo com os defensores da base biológica dos comportamentos agressivos, o ser humano está, devido à sua natureza, de alguma forma, “programado” para a violência, quer por determinantes “instintivas”, quer pela existência de sistemas neurais que, quando ativados, aumentam a agressão, quer ainda pela influência bioquímica (uso de drogas e álcool), e os efeitos da ação hormonal. Os fatores sociais, que podemos designar de forma mais abrangente por fatores contextuais, devem ser entendidos como o conjunto de circunstâncias ambientais do indivíduo (e.g. interação social, interação familiar, grupo de pares, condições habitacionais, zona de residência, nível socioeconómico, falta de acesso a serviços de saúde mental, etc.) que, de alguma forma, poderão ser responsáveis pela transformação do biológico ou geneticamente determinado, pelo social, predispondo o indivíduo à violência. De entre as perturbações da personalidade, as que consistentemente foram mais associadas a comportamentos violentos, apesar de estes não se verificarem em todos os pacientes, são a perturbação antissocial da personalidade e a perturbação borderline da personalidade. Considera-se que metade dos pacientes diagnosticados com perturbação antissocial da personalidade são pacientes agressivos, o odds ratio da violência e agressividade é em torno de 7 nos homens, enquanto as probabilidades de proporção de homicídio são superioras a 10, demonstrando o alto perigo que estes indivíduos representam para a sociedade (Haller & Kruk, 2006).
Sendo assim, com vista a analisar as influências das aprendizagens sociais no desenvolvimento do comportamento violento nos indivíduos, realizamos uma entrevista que visa mostrar que de acordo com as teorias da aprendizagem social (Bandura, 1983; 2001), os indivíduos adquirem respostas agressivas da mesma forma que adquirem outras formas complexas do comportamento social – tanto por experiência direta como por aprendizagem decorrente da observação das outras pessoas. Para este autor, os atos extremamente violentos não podem ser espontâneos, precisam de ser aprendidos e treinados para que sejam executados. Além disso, eles são aprendidos lentamente e necessitam de modelos que os pratiquem (família, sociedade, etc.), demonstrando ações que são recompensadoras ou passíveis de punição. 
Em relação as consequências provocadas pela prática do comportamento violento na vítima e no agressor segundo o nosso entrevistado são de referir: a quebra de confiança, insegurança, medo e afastamento, particularmente do agredido. Para o portador da perturbação mental, constitui o principal fator de estigma social. Mas, na realidade, sabe-se que os portadores de perturbações mentais não são responsáveis pela maioria dos atos violentos, tanto em número como em gravidade; são vítimas de quase todo tipo de violência, sendo a doméstica a mais frequente.
Alem disso, no que se encontra na fundamentação teórica do trabalho á um conjunto de consequências de carácter psicológico, físico e social que se manifesta após a vitimação e que pode ser determinante para a vivência da pessoa. Os efeitos físicos na vítima incluem não só os resultados diretos das agressões sofridas pela vítima (fraturas, hematomas, etc.), mas também a resposta do corpo e do organismo ao stress a que foi sujeito, através de um quadro sintomatológico próprio, como por exemplo: perda de energia, dores musculares, etc. Quanto aos efeitos psicológicos pode revelar-se extremamente difícil. De facto, algumas pessoas chegam a recear perder o equilíbrio psíquico. As consequências psicológicas da vitimação podem ser ambivalência relacionada com as suas emoções (solidão, culpa, impotência, sentimento de ser injustamente tratado), raiva. E quanto as consequências socias da vitimacão obriga por vezes a profundas alterações estruturais da vida quotidiana (a mudança de casa ou de emprego, etc.). O abalo geral ou parcial do seu projeto de vida implica geralmente: sentimento de solidão; tensões familiares e conjugais; medo de estar sozinho; evitamento de determinados locais; sentimento de insegurança. E por último, a prática de violência também pode estar associada a diversas consequências negativas para as pessoas que a cometem, como por exemplo: sofrerem agressões, lesões e ferimentos; enfrentarem a retaliação, vingança ou reação violenta por parte da pessoa ou grupo de pessoas que foram vítimas; serem rejeitados ou afastamento; problemas ou dificuldades em fazer novas amizades; afastamento em relação à família; perda deoportunidades de acesso à educação ou formação; perda de oportunidades de emprego ou negação do acesso a ofertas de emprego (ex.: ser-lhe recusada a candidatura a um emprego por causa do “passado problemático”); problemas com a Lei.
No que toca as patologias causadas pelo comportamento violento, segundo o psiquiatra, deve-se avaliar a vítima e o agressor. Saber se a vítima ou o agressor são portadores de patologia mental. Analisar se a violência é doméstica ou urbana.; se a violência é sexual ou não, etc. De uma forma resumida, a violência pode causar mortes, que seja homicídio ou suicídio. Pode causar graves danos físicos, com sequelas graves; pode causar defeitos de imagem na vítima. Causa traumas psicológicas, estresse, depressão, Transtorno de Stress pós-trauma, medo, insegurança, estigmas, isolamentos, separações e desagregação familiar, com todas as suas consequências, sobretudo em filhos menores, entre oito anos de idade. Se medidas não forem tomadas, as consequências são vastas para as vítimas. O agressor pode reforçar o comportamento violento, caso esta situação não receber devida abordagem e correção terapêutica e disciplinar. No caso da violência sexual, as consequências psicológicas são devastadoras, que vão do medo, à depressão, traumas resultantes do estresse e pode levar ao suicídio. Podendo deixar consequências graves como doenças venéreas, gravidez indesejada, etc. 
Neste sentido, os estudos mais detalhados têm contribuído para uma melhor clarificação da associação entre violência e perturbação mental e, também, quanto ao risco determinado pela presença de sintomatologia psicótica. Cheung e colaboradores, comparando doentes com esquizofrenia com e sem comportamentos violentos, verificaram que os primeiros descreviam com maior frequência emoções negativas (tristeza, ansiedade, ódio) relacionadas com delírios de conteúdo persecutório, enquanto os doentes sem antecedentes de comportamento violento manifestavam mais frequentemente quadros de elevação do humor induzidos pela ideação delirante, frequentemente de grandiosidade. 
De acordo com o psiquiatra o diagnóstico do comportamento violento é feito através da anamnese do paciente, familiares e acompanhantes, da busca de antecedentes, a avaliação do estado mental do paciente, se estabelece o diagnóstico usando como critérios, o CID-10 para perturbações mentais ou DSM4 ou DSM5. É sempre importante a avaliação clínica do paciente, descartando patologias orgânicas.
Finalizando, quanto ao tratamento para um individuo que apresenta comportamento violento de acordo com o nosso entrevistado, é fazer uma intervenção verbal e se este não for suficiente ou não resultar, pode recorrer-se a medidas de contenção física e química com medicamentos e ainda que é sempre bom tentar esclarecer a causa da agressividade, aproximar-se o máximo possível do diagnóstico. Há situações que exigem o internamento no Serviço de Psiquiatria.
CONCLUSÃO 
Concluímos o nosso trabalho com ideia real de que alcançamos o nosso principal objetivo que foi estudar os aspetos mais importantes do comportamento violento, ficamos a saber que o comportamento violento é uma manifestação normalmente da interação social, dirigido para causar injuria física ou psicológica, esse comportamento pode ser ofensivo ou defensivo; ou ainda podemos defini-lo como qualquer ato que resulte em acidente, trauma, morte e danos á patrimônio.
Para Manson e Chandley (1999), as perspetivas teóricas para compreender o fenómeno da agressão podem agrupar-se e ser resumidas em duas grandes tendências: por um lado, as teorias clássicas; por outro, as teorias psicossociais. A primeira defende a origem instintiva do comportamento agressivo, enquanto que, as teorias psicossociais explicam o comportamento agressivo como resultante da conjugação de aprendizagens e de fatores situacionais desencadeastes. No entanto a forma como entendemos a natureza da agressão depende da ênfase colocada em cada um dos aspetos seguintes: os componentes da agressão são aprendidos ou não; os determinantes são internos ou externos; e, os processos são afetivos ou cognitivos.
Os diferentes tipos de violência ocorrem a partir da utilização de força física ou poder sobre si mesmo, pessoa ou grupo, causando algum tipo de dano. Na visão do nosso entrevistado os tipos com que ele mais trabalha são: “…portadores de perturbações mentais que autoagridem (autoagressividade) e que direcionam a agressividade contra terceiros e patrimônios (heteroavressividde); agressividade de terceiros dirigidas contra portadores de perturbações mentais…violações domésticas, urbanas e patrimonial. Os atos de violência podem utilizar um ou mais tipos de violência. Como nos casos de violência doméstica em que, geralmente, os atos de violência física podem vir acompanhados de violência psicológica, moral, sexual ou econômica.
Embora diversos estudos mostrem uma associação entre transtornos mentais graves e violência, ainda não está estabelecido porque alguns pacientes apresentam comportamento violento e outros não. Para Hodgins (2001), o comportamento violento está associado a fatores contextuais e individuais. Entre os primeiros estão incluídos a repressão policial e disponibilidade e adequação de tratamento psiquiátrico. Entre os segundos estão a presença de transtornos de personalidade comórbidos e transtornos relacionados ao uso de álcool e/ou drogas, o que é reforçado por outros autores (Cote eHodgins, 1992; Modestin et al., 1997; Elbogen e Johnson, 2009), além de falta de aderência ao tratamento e ausência de insight em relação ao transtorno mental (Swartz et al., 1998). Pessoas que apresentam abuso de substâncias têm um risco de 12 a 16 vezes maior de se envolver em comportamento violento do que outras que não usam substâncias (Nestor, 2002).
 Sobre os efeitos trazidos pela pratica do comportamento violento temos consequências negativas tanto para o agressor como para a vitima, e estas consequências, qualquer que seja a natureza da vitimação, verificam-se aos níveis físico (fraturas, hematomas;), psicológico (solidão, culpa, raiva;) e social (sentimentos de solidão e/ ou insegurança). Na ótica do nosso entrevistado esses efeitos podem ser “quebra de confiança, insegurança, medo e afastamento, particularmente do agredido... Mas, na realidade, sabe-se que os portadores de perturbações mentais não são responsáveis pela maioria dos atos violentos, tanto em numero como em gravidade; são vítimas de quase todo tipo de violência, sendo a doméstica a mais frequente.” 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que há relação clara entre a intenção do indivíduo que apresenta ou se envolve num comportamento violento e o ato ou a ação praticada. A intencionalidade deve ser necessariamente levada em consideração, pois injúrias acidentais não são geralmente consideradas agressivas. O comportamento agressivo não é uma condição médica. Ele pode ser um sintoma em um quadro neurológico ou psiquiátrico, porém isoladamente não é uma doença ou “desvio de caráter”. Se a agressividade decorre de uma condição emocional explicável no contexto da situação, ela é um comportamento esperado, para ser mencionado propriamente como comportamento violento, este tem de se apresentar de forma episódica e sem provocação justificável.
Os resultados encontrados na analise dos dados apresentados ao desenvolver do nosso trabalho, demostraram que a nossa hipótese (H1) se confirma, porque a aprendizagem social pode ser vista como uma das influencias no comportamento violento, pois na perspetiva do nosso entrevistado o meio onde o individuo si encontra inserido tem uma forte influencia sobre o seu comportamento, sendo que este aprende por imitação, e por ser considerado como um ser biopsicossocial. Ressaltando o contributo de Bandura (1983), os atos extremamente violentos não podem ser espontâneos, precisam de ser aprendidos e treinados para que sejam executados. E essa aprendizagem pode ocorrer de forma direta como por aprendizagem decorrente da observação das outras pessoas.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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· Coelho, E.B.S., Silva, A. C.L.G.,& Lindner, S.R. (2014). Violência: definições e tipologias. [em linha].UNA-SUS. Acedido Abril 20, 2020, em https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/1862?fbclid=IwAR3vnbztyzLjeuRg2CGhldPfD_oUiMm-ePpdCEiNuzP4xsHcf6P1ginsNSs
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· Filho, H.R.M. (2009). Crime e doença mental: um nexo de causalidade. Psychiatry on line brasil, 14 (10). Acedido Junho 27, 2020, em http://www.polbr.med.br/ano09/for1009.php?fbclid=IwAR0uGWFoO7GtztsvUwayh1jUHizyXG-DfohaPS5_gyCezgV-5RDSFo5kAM
· LEAD. (2009). Quais são as consequências. [em linha]. Informar para prevenir LEAD. Acedido Julho 28, 2020, em https://www.apavparajovens.pt/pt/go/quais-sao-as-consequencias
· Menezes, P. (2017). Tipos de violência. [em linha].diferença. Acedido Junho 2, 2020, em https://www.diferenca.com/tipos-de-violencia/
· Prodanov, C. C., & Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico. (2rd ed.). Novo Hamburgo: Feevale. 
· Rosa, A.G.S. (2008). Violência em Contexto Psiquiátrico Tradução, adaptação cultural e validação da versão portuguesa da ATAS (Attitudes Toward Aggression Scale). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina do Porto, Portugal.
APÊNDICE 1
	O presente formulário foi elaborado pelas alunas do 3º ano do curso de Psicologia da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, no âmbito da cadeira - Psicodiagnóstico Clínico: DSM-V, ministrado pelo professor Manuel Faustino e é destinado á um psiquiatra. Os dados obtidos serão utilizados num trabalho académico que iremos realizar na referida unidade curricular. Respeitamos os preceitos éticos, garantimos a confidencialidade das informações prestadas. 
 Agradecemos a sua colaboração.
Guião de Entrevista – Comportamento Violento
I - Identificação do entrevistado
1. Sexo: ____________
2. Não se importa de nos dizer a sua idade?
3. Onde mora?
4. Qual é a sua nacionalidade?
II – Dados Académicos e Profissionais
1. Qual é o seu nível de escolaridade/ formação académica?
2. Onde e quando fez a sua formação?
3. Além de formação inicial, fez outras formações complementares? Se sim, em que área?
4. Há quanto tempo trabalha como psiquiatra? 
6. Como é o horário de funcionamento?
7. O que lhe motivou a escolher essa área?
III- Exercício da função na área de Psiquiatria 
1. O que faz um psiquiatra? 
2. Quais são as áreas específicas que um psiquiatra pode trabalhar? 
3. Que competências deverá ter uma pessoa para exercer essa função? 
4. Quais são as dificuldades com as quais se depara ao exercer esse papel? E que estratégias utilizas para supri-las?
IV- Comportamento violento
1. Podes nos dizer o que é comportamento violento?
2. Quais os tipos de violência com que mais si deparou na sua vida profissional?
3. O que pode estar em causa para uma pessoa desenvolver ou ter um comportamento violento? 
4. Consideras que a aprendizagem social pode ser uma das influências para o desenvolvimento do comportamento violento? Porquê?
5. Quais são as consequências provocadas pela prática do comportamento violento, na vítima e no agressor?
6. Quais são as situações patológicas causadas pelo comportamento violento?
7. Como é feito o diagnostico de um paciente que apresenta comportamento violento?
8. Quando um individuo apresenta um quadro clínico de comportamento violento que tipo de tratamento é feito para ajuda-lo?
APÊNDICE 2
	Categorias
	Subcategorias
	Excerto da entrevista
	I. Identificação 
	
· Sexo
· Idade.
· Residência.
· Nacionalidade
	
“Masculino, 45 anos, Palmarejo, Praia.”
	II. Dados Académicos e Profissionais
	· Formação académica.
· Tempo que trabalha como psiquiatra. 
· Horário de funcionamento.
· Motivação.
	“Licenciatura em Medicina, Cuba, 1997-2003. Especialidade médica em Psiquiatria, 2006 a 2008, UFRN, Brasil.”
“13 anos”
“O Serviço de Psiquiatria, presta cuidados aos pacientes internados durante 24 horas. As consultas  de Psiquiatria no Serviço acontecem das 8 às 15 h. O serviço de urgência está garantido por um psiquiatra e um psicólogo  em regime de chamada.”
“Início do exercício profissional no Serviço de Psiquiatria, Influência direta de um dos psiquiatras do Serviço.”
	III. Exercício da função na área de Psiquiatria
	· O que faz um psiquiatra. 
· Áreas específicas da execução da profissão. 
· Competências na área. 
· Dificuldades e estratégias.
	“…É médico  especialista em saúde mental (Psiquiatria), um humanista e resgatador de pessoas…avalia o estado de saúde mental das pessoas, diagnostica perturbações e as trata;…No Hospital geral, pode realizar interconsultas psiquiátricas, estabelecendo a medicina de ligação.”
“Psiquiatria médica, forense de ligação com outras especialidades médicas…pode ainda trabalhar na promoção da saúde mental.”
“Deve ser médico primeiro e depois fazer a especialidade e Psiquiatria.”
“Carece de uma boa Política de Saúde mental e verbas, recursos humanos, capacitação em matéria de saúde mental, integração da saúde mental nos cuidados primários.”
	IV- Comportamento violento
	· Comportamento violento;
· Tipos de violência;
· Causas; 
· Aprendizagem como uma das influências
· Consequências na vítima e no agressor; 
· Situações patológicas
· Diagnóstico; 
· Tratamento; 
	“Comportamento violento é uma agressão que pode ser uma ofensa verbal, uma ameaça à integridade psicológica e física; qualquer ato que resulte em acidente, trauma, morte e danos a patrimônio.”
“…Portadores de perturbações mentais que autoagridem (autoagressividade) e que direcionam a agressividade contra terceiros e patrimônios (heteroavressividde); agressividade de terceiros dirigidas contra portadores de perturbações mentais…violações domésticas,  urbanas e patrimonial.”
“…Problemas étnicos e religiosos, miséria,  ineficiência de políticas de segurança pública,  abuso de drogas lícitas e ilícitas e as perturbações mentais grave…em portadores de perturbações de personalidade anti-social.” 
“Sim! Porque o ser humano aprende por imitação, e o meio onde vivemos tem forte influência no ser humano. Já que é um ser biopsicossocial.” 
“Quebra de confiança,  insegurança,  medo e afastamento, particularmente do agredido. Para o portador da perturbação mental, constitui o principal fator de estigma social…são vítimas de quase todo tipo de violência,  sendo a doméstica  a mais frequente.”
“…A violência pode causar mortes, já seja homicídio ou suicídio. Pode causar graves danos físicos,  com sequelas graves…defeitos de imagem na vítima…traumas psicológicas, stress, depressão,  transtorno de stress pós-trauma, medo, insegurança, estigmas, isolamentos, separações e desagregação familiar.”
“Através da anamnese do paciente, familiares e acompanhantes, da busca de antecedentes,  a avaliação do estado mental do paciente, se estabelece o diagnóstico usando como critérios, o CID-10 para perturbações  mentais ou  DSM4 ou DSM5. É sempre importante a avaliação clínica do paciente,  descartando patologias orgânicas.”
“É feita a intervenção verbal e se este não for suficiente ou não resultar, pode recorrer-se a medidas de contenção física e química  com medicamentos. Há situações que exigem o internamento no Serviço de  Psiquiatria.” 
Campus Universitário da Cidade da Praia, Palmarejo Grande, Cidade da Praia, Cabo Verde
Tel +238 2609000, Fax +238 2609020,

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