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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DISCIPLINA: ECONOMIA PARA ENGENHARIA DOCENTE: LÚCIA HELENA ALVES DA COSTA ESQUEMA 6 - INFLAÇÃO AMANDA MEDEIROS DE AZEVEDO NATAL/RN 2020 1. Inflação - causas, efeitos e teorias 2. A inflação e a teoria dos fluxos monetários 3. As origens da inflação e os males inflacionários 4.Deflação e outros fenômenos monetários 5. Indexação e desindexação de uma Economia 6. Considerações finais • RESUMO DO ESQUEMA 6 1) Inflação: causa, efeitos e teorias A maioria dos economistas relatam que a inflação é um fenômeno que consiste em uma elevação persistente e generalizada dos preços, quer seja oriunda de problemas monetários (como defendem os monetaristas), quer seja devido a problemas estruturais (para os estruturalistas). Ela é em qualquer circunstância um imposto que atinge desigualmente os indivíduos e as empresas, provoca a redistribuição da renda, transferindo recursos do conjunto da sociedade para um grupo privilegiado. Segundo Bodin e Friedaman, a concepção de inflação baseia-se no seguinte raciocínio: aumentar a quantidade de notas – ou de moedas – em circulação, sem aumentar na mesma proporção as mercadorias produzidas, só pode provocar a alta dos preços. Tendo em vista esse pensamento, só haverá inflação se o segundo efeito (aumento das despesas) prevalecer sobre o primeiro (aumento da produção). Os economistas classificam as causas da inflação sob duas óticas diferentes. Uma está relacionada à empresa, onde o trinômio custo-receita-lucro é a origem microeconômica da inflação, enquanto que a outra remete a causas mais gerais, chamadas de macroeconômicas, devido atingirem a economia como um todo. Dentre essas causas estão o excesso da emissão de moeda, a escassez de capital, o aumento de impostos, a captação insuficiente de poupança, o excesso de crédito às empresas, a correção monetária e a realimentação, entre outras. À medida que as taxas de inflação aumentam, e iniciam uma trajetória ascendente, ocorrem vários efeitos nocivos para a economia, acarretando em sérias distorções na distribuição de renda, nas transações no mercado financeiro, no balanço de pagamentos, nas expectativas dos agentes econômicos e nos pagamentos de empréstimos e impostos. Para melhor exemplificar, cada um será discutido em itens abaixo: a) Distribuição de renda: Classificado com um dos piores efeitos da inflação, referente à redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, ou seja, que possuem datas de reajuste definidas legalmente. Nessa categoria, estão enquadrados os trabalhadores assalariados, que com o passar do tempo, ficam com seus orçamentos cada vez mais reduzidos. b) Nas transações no mercado financeiro: Em um processo inflacionário intenso, o valor o valor real da moeda tende a se reduzir rapidamente, provocando um desestímulo à aplicação de recursos no mercado financeiro, por parte dos agentes superavitários, porque a inflação tende a corroer o rendimento real das aplicações. c) Balanço de pagamentos: O produto nacional torna-se relativamente mais caro em relação ao seu similar, produzido externamente. Assim, a inflação tende a provocar um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, prejudicando o saldo da balança comercial. d) Expectativas dos agentes econômicos: O setor empresarial é bem sensível em situações inflacionárias, uma vez que sua atividade está sujeita a riscos, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. Dessa forma, a própria capacidade de produção futura da economia poderá ser comprometida e, consequentemente, o nível de emprego poderá ser afetado. e) Pagamentos de empréstimos e impostos: Nas etapas iniciais de um processo inflacionário, os agentes econômicos que contraíram dívidas, no passado, tendem a ganhar, porque não incorporaram nos seus contratos nenhuma expectativa inflacionária. Neste caso os credores tendem a sofrer perdas, ao receber, na data de vencimento, a quantia emprestada, cujo valor real foi reduzido pela inflação. Porém, vimos que se existirem mecanismos de indexação, esta situação será minimizada. A partir desses tópicos foi possível perceber que quaisquer que forem os efeitos predominantes em um momento de conjuntura inflacionárias, tem-se que haverá uma desarticulação no sistema econômico, com efeitos danosos que podem persistir a longo prazo. Dentre as teorias da inflação, encontram-se as principais são a teoria clássica ou teoria monetarista e a teoria Keynesiana. A denominação de clássica se dá em virtude de sua formulação ter sido feita pelos pioneiros do pensamento econômico. Ela é frequentemente utilizada por alguns economistas que desejam explicar os determinantes de longo prazo do nível de preços e da taxa de inflação e tem o intuito de explicar as variações do preço como sendo essencialmente um fenômeno monetário. Já, a teoria Keynesiana, relata que a inflação é alta porque os governos necessitam emitir moeda para financiar seus gastos. 2) A inflação e a teoria dos fluxos monetários O modelo que explica a interação entre os agentes de uma economia de forma agregada através da macroeconomia é chamado de fluxo circular de renda ou de riqueza. Ele leva em consideração dois agentes principais, participantes da economia, que são as empresas e as famílias que a integram, considerando o governo com um agente. Esse fluxo é a união do fluxo real e do fluxo monetário. De maneira simples podemos dizer que fluxo real é tudo aquilo que as famílias oferecem às empresas para que estas possam existir, como: recursos naturais, trabalho, mão de obra e capacidade empresarial. Na mesma ordem, as empresas oferecem às famílias aquilo que elas precisam para se manterem, como: produtos industrializados e empregos. Com o auxílio do dinheiro, as empresas pagam às famílias pelo serviço e mão de obra realizada e, por sua vez, as famílias, também com o auxílio do dinheiro, pagam às empresas pelos bens e serviços adquiridos, o que configura o fluxo monetário. O fluxo real e o monetário fazem com que tenha uma interação entre as famílias e as empresas, que são o que chamamos de agentes econômicos. Do lado do fluxo real estão o emprego dos recursos e o suprimento de bens e serviços necessários. Do lado monetário se dá a remuneração dos fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços adquiridos. 3) As origens da inflação e os males inflacionários Ninguém planejou o surgimento da inflação. Ela surgiu e se institucionalizou, historicamente por um processo inteiramente inconsciente, como surgiram na natureza as espécies vegetais e animais. Na idade antiga, um dos períodos mais remotos do rápido aumento do nível de preços, de que se tem registro, ocorreu na Grécia e na Roma. Ela foi provocada pelo súbito aumento do volume de moeda em circulação, acarretando em diversos níveis de juros sobre empréstimos. Ademais, na Idade Média e Moderna, a Europa desintegrou-se numa série de domínios bárbaros que se invadiam uns aos outros e a prática da pilhagem entre esses domínios era comum. O comércio internacional entrou em declínio e, do século V ao século Xlll, conhecemos muito pouco do comportamento dos salários, preços ou taxa de juros. Neste período, a moeda de certa forma quase desapareceu de circulação e, a não ser no Império Bizantino e em certas partes do oriente, a cunhagem de moeda foi suspensa. A grande alta dos preços, verificada no século XVI, em quase toda a Europa, em maior ou menor grau, mesmo onde não havia mais “aviltamento” da moeda, fez ressurgir o interesse pelo problema, de que as variações no nível geral de preços talvez estivessem relacionadas com as variaçõesna quantidade de metais preciosos. Em seguida, na Idade Contemporânea, acompanhando a evolução dos sistemas monetários baseados no ouro, a maioria dos economistas dos séculos XVIII e XIX, atribuíram as variações no nível de preços, quase que exclusivamente aos fatores referentes à produção deste metal precioso. Esta concepção monetarista foi elaborada de modo a abranger todas as formas de instrumentos monetários e creditícios, constitui parte dos princípios econômicos, até hoje aceitos. Porém, entre eles, as divergências são grandes quanto ao processo pelo qual as alterações na oferta da moeda provocam alterações correspondentes no preço das mercadorias e a partir disso surgem algumas teorias. Ao entender todo o processo histórico da inflação e de como ela atuou nos diversos períodos existentes, conclui-se que ela é um fenômeno monetário. E, além dos males inflacionários já citados no tópico um, sabe-se que uma consequência imediata dela é a depreciação do valor real da moeda ao longo do tempo. Em outros termos, podemos afirmar que R$ 100,00 valem m ais hoje do que valerão daqui a um ano, porque a quantidade de bens que podemos comprar hoje com R$ 100,00 é maior do que a quantidade que poderemos adquirir naquele momento futuro, afinal de contas, os preços estão aumentando continuamente. E, por fim, compreende-se que ela representa um conflito distributivo existe na economia, gerando desequilíbrio financeiro no setor público e na esfera das relações entre preços e salários. 4) Deflação e outros fenômenos monetários A deflação acontece com a descida generalizada dos preços de uma economia em determinado período. Uma deflação pode ser reconhecida como o processo reverso à inflação. A queda dos preços é comum em situações em que a economia desacelera ou entra em recessão. Se a deflação é registrada em longos períodos, é um sinal de risco para a economia. Importante ressaltar a diferença entre deflação e desinflação, esta segunda é a diminuição dos valores observados para a inflação durante um período, ou seja, continua a haver aumento dos preços, mas com uma menor aceleração. Os principais riscos desse fenômeno monetário é que ele pode acontecer de maneira pontual, normalmente em um mês, ou pode se repetir durante meses ou anos. Quando a queda de preços que ocorre de maneira contínua, é indicação de que existe um ciclo vicioso pelos consumidores a pouparem. Então, quando a economia entra em recessão a produção diminui à medida que a demanda por consumo e investimento se reduzem e enquanto os preços continuarem em queda, a recuperação da economia torna-se mais difícil. Além de que, a curto prazo, a inflação muito reduzida ou negativa está relacionada ao desemprego, segundo a teoria da curva de Phillips. Ainda assim, a deflação pode não ocorrer durante uma recessão. Alguns países ainda contam com uma inflação elevada, por vezes uma hiperinflação, que em momentos de crise passam apenas por uma desinflação. Portanto, existe uma diferença clara entre deflação e inflação, a medida que a segunda é o aumento generalizado dos preços da economia, a primeira ocorre com a redução de valores de bens e serviços. Quando o resultado do índice é maior do que no período anterior, houve um aumento percentual que se traduz em uma inflação. Do contrário, o percentual negativo é uma deflação. 5) Indexação e desindexação de uma Economia Dentre os conceitos utilizados na economia, existem duas expressões que são ditas como sinônimos para muitos autores, a indexação e a correção monetária. Entretanto, esta utilização não é o ideal, visto que, pode-se ter presente na economia um indexador e não estar- se usando o expediente da correção monetária. Como exemplo podemos citar o Brasil, que-atualmente utiliza um indexador denominado UFIR (Unidade Fiscal de Referência). A correção monetária expressa um fenômeno econômico mais amplo, que atinge quase todas ou todas as atividades econômicas, com evidentes reflexos sociais, enquanto a indexação, pode ou não refletir este quadro. Do ponto de vista estritamente econômico também existe diferença. Indexação é uma forma de reajuste baseado num índice de preços. A correção monetária é o reajuste baseado em algum indicador de liquidez. Como já foi mencionado, dizemos que a economia de um país está indexada quando estão sendo aplicados mecanismos de reajuste de preços – inclusive sobre salários e aluguéis – para reduzir os efeitos negativos de um cenário de alta inflação. Ocorre desindexação quando esses mecanismos são retirados. Na prática, isso afeta as pessoas de duas formas. Por um lado, os preços não aumentam de mês a mês (ou dia a dia, como acontece quando existe um cenário de hiperinflação); por outro, os salários também não recebem aumentos. Afinal, se os preços não sobem, não é preciso repor o poder de compra da população. Umas das maiores dificuldades desse processo é determinar quando ele deve começar, pois se os preços forem desindexados antes dos salários, as empresas vão ter mais custos com a mão de obra e menos receita com as vendas. Isso significa que muitos negócios podem ter sua sobrevivência ameaçada e até mesmo optar pela demissão dos funcionários. E, por outro lado, se os salários forem desindexados antes dos preços, os trabalhadores vão continuar desembolsando mais e mais pelos produtos, sem ter a reposição do seu poder https://maisretorno.com/blog/termos/i/inflacao https://maisretorno.com/blog/termos/h/hiperinflacao de compra. Isso significa que o consumo tende a cair, prejudicando tanto os consumidores quanto as empresas. A partir dessa dificuldade, surgiram, então, propostas por uma desindexação total da economia, interrompendo os mecanismos de correção monetária simultaneamente para todos os agentes econômicos. No Brasil, porém, o que realmente funcionou foi o Plano Real, que implementou uma estratégia gradual e sem intervenções drásticas. Além dessa proposta, outras surgiram como em 2011, por exemplo, a proposta apresentada pela equipe econômica do governo Dilma Roussef foi estimular a troca dos indexadores utilizados em contratos, como o IGP-M, que estariam provocando um aumento do IPCA. Depois em 2019, já no governo Jair Bolsonaro, o ministro da Economia vigente, Paulo Guedes, divulgou um plano envolvendo a desindexação do Orçamento. Nele, retirava-se a correção inflacionária dos valores de várias despesas obrigatórias, como o reajuste anual de salários e aposentadorias de servidores. A proposta fazia parte de uma reforma orçamentária para poupar recursos. 6) Considerações finais A partir deste texto se pode entender que a inflação é o aumento persistente e generalizado dos preços, porém ela só ocorre quando o aumento das despesas supera o aumento da produção dos materiais. E como todo fenômeno monetário tem suas causas de consequências, a primeira está relacionada a microeconomia e a macroeconomia. Já a segunda, acarreta uma série de problemas na economia como distorções na distribuição de renda, nas transações no mercado financeiro, no balanço de pagamentos, nas expectativas dos agentes econômicos e nos pagamentos de empréstimos e impostos. Ademais, foi proposto a explicação para a relação existente entre famílias e empresas através do fluxo circular de renda. Ainda, foi possível percebe-se a evolução da conjuntura inflacionária ao longo do tempo e como ela agia em cada época. Bem como, entender a diferença entre alguns conceitos apresentados, como deflação e inflação ou indexação e desindexação. Por fim, conclui-se que por meio dos assuntos abordados foi possível entender um pouco mais sobre esse processo, o qual é muito falado na mídia. Além de que, percebe-se a importância desse tipo de conhecimento, que influencia o nosso cotidiano. https://maisretorno.com/blog/termos/p/plano-real https://maisretorno.com/blog/termos/i/indexadorhttps://maisretorno.com/blog/termos/i/igp-m • TEXTOS REFERÊNCIAS Teorias da Inflação, disponível em https://www.passeidireto.com/arquivo/6505215/economia-06-teorias-da- inflacao SIQUEIRA, N. P. Uma Análise Descritiva da Correção Monetária no Brasil: Início e Fim (1964-1994). 1999. http://tinhoabp.blogspot.com/2008/03/fluxo-real-fluxo-monetrio.html https://www.passeidireto.com/arquivo/6505215/economia-06-teorias-da-inflacao https://www.passeidireto.com/arquivo/6505215/economia-06-teorias-da-inflacao
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