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Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 1 1 Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 1) Anamnese Identificação; queixa principal; História da doença atual (HDA); interrogatório sintomatológico; antecedentes pessoais e familiares; hábitos e estilos de vida. 2) Sinais e Sintomas: Serão analisados dor cardíaca, palpitações, dispneia, tosse e expectoração, chieira, hemoptise, desmaio, alterações no sono, cianose, edema, astenia e posição de cócoras. Dor Dor precordial não é sintoma de dor cardíaca. Na avaliação devemos observar: localização, irradiação, caráter, intensidade, direção, frequência, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e sintomas concomitantes. Irradiação: esta relacionada com sua intensidade, quanto mais intensa, maior a probabilidade de irradiar-se. Caráter ou qualidade: a dor angionosa é quase sempre do tipo constritiva, tendo o paciente a sensação de que algo aperta o tórax ou a região retroesternal. Costuma ser descrita como “aperto”, “opressão”, “peso”, “queimação” e “sufocação”. Intensidade: pode ser classificada em leve, moderada e intensa. Manifestações concomitantes: precordialgia intensa acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere IAM. Dor precordial durante crise de palpitações pode decorrer de isquemia provocada por taquiarritmia. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 2 2 Palpitações Percepção incomoda dos batimentos cardíacos, sendo relatada pelos pacientes como: batimentos mais fortes, falhas, arrancos, paradas, tremor no coração. Nem sempre indicam alterações no ritmo cardíaco. Há 3 tipos principais de palpitações: as palpitações de esforço, que ocorrem durante algum esforço físico e desaparecem com o repouso; as que traduzem alterações do ritmo cardíaco e as que acompanham os transtornos emocionais. Dispneia Cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga ou respiração curta. É preciso diferenciar astenia de fatigabilidade. Semiologicamente apresenta-se de 2 maneiras: uma subjetiva, que é a dificuldade respiratória sentida pelo paciente, e outra objetiva, que evidencia pela aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura acessória da respiração. A dispneia em pacientes com lesão cardíaca indica congestão pulmonar. Tipos de dispneia percebidos na anamnese: dispneia de esforço, dispneia de decúbito (ortopneia), dispneia paroxística noturna e dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes. Dispneia de decúbito é quando o paciente se poe na posição deitada, causa aumento do retorno venoso, aparece logo ao deitar. Dispneia paroxística: mais frequente a noite, paciente acorda com dispneia intensa, a qual se acompanha de sufocação, tosse seca e opressão torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira da cama ou se levantar. Nas crises mais graves de dispneia paroxística noturna, há tosse com expectoração espumosa – branca ou rosada – cianose, respiração ruidosa pela ocorrência de sibilos e estertores = esses sintomas caracterizam o edema agudo de pulmão. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 3 3 Dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes caracteriza-se por períodos alternados de apneia e respiração rápida e profunda. Tosse e expectoração Frequente na insuficiência ventricular esquerda. É seca e mais intensa a noite. Sua causa principal é a congestão, e por isso ela quase sempre está associada à dispneia. Expectoração é o produto eliminado pela tosse; A expectoração em pacientes com insuficiência ventricular esquerda é do tipo serosa, rosácea, de pouca consistência e rica em albumina, com aspecto espumoso. Sua principal causa é o edema agudo pulmonar. Sibilancia, chieira ou chiado Aparecimento de um ruído junto a respiração; O sibilo é um som musical, contínuo, prolongado, predominantemente expiatório e pode ocorrer também na expiração. causado por edema da mucosa brônquica ou broncoconstricao reflexa. Hemoptise É a expectoração ou eliminação de sangue pelas vias respiratórias. Considera-se hemoptise a eliminação de mais de 2 ml de sangue. Síncope e lipotimia (desmaio) Desmaio é a perda súbita e transitória da consciência e tônus muscular postural (síncope). Pode ser de origem psicogênica (impactos emocionais, medo intenso) ou por redução aguda e transitória, do fluxo sanguíneo cerebral. A maioria das síncopes são vasovagais ou vasodepressiva e ocorrem quando o individuo está em posição ortostática. Causas cardíacas: Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 4 4 Transtorno do ritmo ou da condução do estimulo – quando houver bradicardia freq. < 30 a 40bpm ou taquicardia freq. >150bpm. A síncope bradicárdica clássica é a de Stokes-Adam = caracteriza-se por perda de consciência, acompanhada de convulsões. Sincope neurogênica: pode ser desencadeada por impacto emocional. Hipotensão postural: queda tensional quando assume a posição ortostática. Síndrome do seno carotídeo: queda da PA e bradicardia após estimulação do seno carotídeo. Alterações do sono Insônia é um sintoma frequente em pessoas com insuficiência ventricular esquerda. Respiração de Cheyne-Stokes representa sintomas dominante na I.V.E e é mais comum a noite. Cianose Coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar, chegando a 5g por 100ml. Ela pode ser generalizada ou localizada. Quanto a intensidade, é classificada em leve, moderada e grave. Há 4 tipos de cianose: central, periférica, mista e por alterações da hemoglobina. A do tipo central ocorre pela diminuição da tensão de O2 no ar inspirado. A do tipo periférica aparece em consequência da perda exagerada de oxigênio ao nível de rede capilar por estase venosa ou diminuição funcional ou orgânica do calibre dos vasos da microcirculação. Edema É o resultado do aumento do liquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. Pode ser localizado ou generalizado. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 5 5 Astenia É uma sensação de fraqueza generalizada. Está presente na maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca e IAM. O uso de diuréticos leva a depleção de Na+ e K+ levando a astenia. 3) Exame físico do coração Inspeção, palpação e ausculta. Inspeção e palpação: Pesquisa de abaulamentos, análise do ictus cordis ou choque de ponta, análise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa do frêmito cardiovascular. Abaulamentos: A observação da região precordial deve ser feita em 2 incidências: tangencial (lado direito do paciente) e frontal(junto aos pés do paciente). Ictus Cordis: Localização = mediolíneos situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. Brevilíneos, desloca-se aproximadamente 2 cm para fora e para cima, no 4º espaço intercostal. Nos longilíneos costuma estar no 6º espaço intercostal, 1 ou 2 cm para dentro da linha hemiclavicular. Mobilidade = Primeiro marca-se o local do ictus com o paciente em decúbito dorsal. Depois pedir para ele adotar as posições de decúbito lateral direito e esquerdo e o examinador marca o local do choque nessas posições. Em posições normais, o choque desloca-se 1 a 2 cm com as mudanças de posições. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 6 6 Extensão = 1 ou 2 polpas digitais, em condições normais. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias 3 polpas ou mais. Intensidade = repousa-se a palma da mao sobre a região dos batimentos. Frêmito cardiovascular: Sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Deve-se investigar = localização, situação no ciclo cardíaco e intensidade (avaliada em cruzes + a ++++). Os frêmitos correspondem aos sopros. Ausculta 1- Caracterizar o ritmo cardíaco (regular ou irregular); 2- frequência cardíaca e 3- bulhas (1ª e 2ª) – intensidade e desdobramentos. Focos cardíacos. Foco ou área mitral = 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis. Foco ou área pulmonar = 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. Analise da 2ª bulha pulmonar. Foco ou área aórtica = 2 espaço intercostal direito justaesternal. Foco aórtico acessório = entre o 3º e 4º espaço intercostal esquerdo. Foco ou área tricúspide = corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos sonoros possuem 3 características fundamentais: intensidade (amplitude); frequência (tonalidade) e qualidade (timbre). Intensidade = quantidade de energia por unidade de área. Frequência = numero de vibrações por unidade de tempo – Hertz (ciclos por segundo) – tonalidade grave e aguda. Timbre = sons são composições de diferentes frequências sonoras (harmônicas) – timbre musical, metálico, etc. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 7 7 É realizada por um estetoscópio que capta e conduz as vibrações das estruturas cardíacas ao aparelho auditivo. Campânula: sons de baixa frequência de 30 a 150Hz. Deve-se aplicar suavemente sobre o tórax. Diafragma: sons de alta frequência, aplicar firmemente sobre o tórax. Posições: Paciente de pé ou sentado inclinado para frente- ausculta de fenômenos estetoacústicos da base do coração ou hipofonese. Paciente em decúbito lateral esquerdo- fenômenos da área mitral. Objetivos da ausculta: Bulhas cardíacas; Ritmo e frequência cardíaca; Ritmos tríplices; Alterações das bulhas cardíacas; Cliques ou estalidos; Sopros; Ruídos da pericardite constrictiva. Atrito pericárdico; Rumor venoso. Bulhas cardíacas: a) Primeira bulha = fechamento das valvas mitral e tricúspide. A 1ª bulha corresponde com o ictus cordis e com o pulso carotídeo. TUM – inicio da sístole. Mais grave e maior duração que a 2ª bulha. b) Segunda Bulha = fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Seu timbre é mais agudo, soa de maneira mais seca, na expiração único ruído – TA. Quando está desdobrada, na inspiração – TLÁ. O componente aórtico é ouvido em todo o precordio e o pulmonar no foco pulmonar e borda esternal esquerda. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 8 8 c) Terceira bulha = ruído protodiastólico de baixa frequência. Origina das vibrações da parede ventricular durante o enchimento ventricular rápido. É normal em crianças e adultos jovens. Mais audível no foco mitral – TU. d) Quarta bulha = fim da diástole ou pré-sístole. Pode ser ouvida mais raramente em condições normais nas crianças a nos adultos jovens. Ritmos tríplices Geralmente o ritmo cardíaco é de 2 tempos ou binário, quando se torna audível um 3º ruído, passa a ser um ritmo de 3 tempos ou ritmo tríplice: TUM-TA-TU-TUM-TA-TU-TUM-TA-TU. Divididos em protodiastólico e pré-sistólicos. Ritmo tríplice pré-sistólico – 4ª bulha -> alterações de complacência ou distensibilidade. O ritmo de galope compreende de 3 tipos: ritmo de galope ventricular, ritmo de galope atrial e ritmo de galope de soma. Ritmo tríplice por 3ª bulha: Lembra o galope de um cavalo – PA-TA-TA Mais audível na ponta do coração ou borda external esquerda – usar a campânula. Indica comprometimento importante do miocárdio. Ritmo tríplice por 4ª bulha: Ritmo de galope atrial – disfunção diastólica -> HVE ou isquemia miocárdica. Ritmo de galope de soma = fusão da 3ª e 4ª bulha Alterações da 1ª Bulha Intensidade, timbre, tonalidade, desdobramentos e mascaramento. Intensidade Avaliar nas áreas mitral e tricúspide. Fatores que influenciam: posições das valvas no inicio do fechamento; níveis de pressões nas cavidades cardíacas; velocidade de subida da Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 9 9 pressão IV; forca de contração do miocárdio e as condições relacionadas com a transmissão das vibrações. A posição dos folhetos das valvas mitral e tricúspide, no instante da contração ventricular, constitui o fator principal para a intensidade da 1ª bulha. Quanto mais baixo os folhetos, maior será o trajeto a percorrer ao se fecharem e mais intenso será o ruído por eles originado. Taquicardia, hipertiroidismo e extra-sístoles = aumento da intensidade. Fibrilacao atrial = intensidade varia de uma sístole para outra. Níveis de pressão nas cavidades são mais importantes nos portadores de lesões orovalvares. Miocardite, miocardiopatias, miocardiosclerose, IAM e insuficiência cardíaca→ ascenção mais lenta da pressão IV→hipofonese da 1ª bulha. Condições anatômicas das valvas exercem grande influência na intensidade da 1ª bulha. Valva mitral lesada, com fibrose do aparelho valvar e fusão comissural- aumento da intensidade, tonalidade aguda e timbre metálico. Estenose mitral com acentuada calcificação- folhetos imobilizados→ diminuição de intensidade. Capacidade contrátil- fechamento mais rápido→mais intensa 1ª bulha→febre e hipertiroidismo. Choque cardiogênico- fechamento valvar mais lento- hipofonese de 1ª bulha. Transmissibilidade- Indivíduos com tórax delgado- 1ª bulha mais intensa Indivíduos com massa muscular mais desenvolvida, mamas volumosas, obesidade, enfisema e derrame pericárdico- hipofonese de 1ª bulha. Bloqueio do ramo direito- desdobramento amplo- TLUM-TA. Insuficiência mitral- sopro inicia com a 1ª bulha→mascaramento. Alterações da 2ª bulha A intensidade é analisada nos focos aórtico e pulmonar. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 10 10 Influencia na intensidade: posição das valvas no inicio do fechamento; condições anatômicas, níveis tensionais na circulação sistêmica e pulmonar, transmissibilidade do ruído. A posição das valvas no início do seu fechamento constitui o principal fator. Quanto maior a distância percorrida mais intensa será o ruído. Quando decresce o debito ventricular, as valvas sigmoides se mantém próximas umas das outras no momento em seu fechamento inicia, e o ruído resultante terá menor intensidade, é o que ocorre nas extrassístoles, estenose aórtica, estenose pulmonar e nas miocardiopatias. Condições em que há aumento do débito cardíaco leva à hiperfonese- comunicação interatrial e persistência do canal arterial. Valvas calcificadas produzem ruídos de pequena intensidade- Estenose aórtica calcificada. Quando existe aumento de pressão na aorta ou na pulmonar as cúspides fecham com mais força→ hiperfonese- hipertensão arterial sistêmica e pulmonar. Nos indivíduos com tórax delgado a 2ª bulha é mais intensa. Obesidade, massas musculares desenvolvidas, mamas volumosas e enfisema pulmonar diminuem a 2ª bulha. Desdobramento: Auscultado na área pulmonar; TUM-TLÁ. Desdobramento constante e variável = bloqueio do ramo direito do feixe de His. O distúrbio na condução faz com que o estimulo chegue atrasado do lado direito em relação ao esquerdo, provocando um assincronismo eletromecânico na contração dos ventrculos. Desdobramento fixo- comunicação interatrial e estenose pulmonar. Desdobramento invertido (paradoxal)- Bloqueio do ramo esquerdo/estenose aórtica acentuada. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 11 11 Alterações da 3ª e da 4ª bulhacardíaca Podem aparecer em crianças e adultos jovens normais 3ª bulha- insuficiência mitral, miocardiopatia, miocardite, comunicação interatrial e interventricular e persistência do canal arterial. 4ª bulha- estenose aórtica ou pulmonar, hipertensão arterial, doença arterial coronária e miocardiopatias hipertróficas. Cliques e estalidos Estalido da abertura mitral: É estalido diastólico, aparece no inicio da diástole. Ruído seco, agudo e de curta duração. Mais audível com paciente em D.L.Esquerdo, no foco mitral e na borda esternal esquerda, na altura do 3º e 4º EIE. É o sinal mais indicativo de estenose mitral (estreitamento na abertura da válvula mitral ocasionando uma obstrução ao fluxo sanguíneo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo). Estalido protossistólico pulmonar: São chamados de ruídos de ejeção. Sua origem é vascular e são produzidos pelas vibrações da parede do vaso. Mais audível na área pulmonar e borda esternal esquerda. Encontrada na estenose pulmonar moderada, dilatação idiopática, comunicação interatrial e na hipertensão arterial pulmonar grave. Estalido protossistólico aórtico: Mais audível nas vizinhanças do 4º EIE, junto a borda esternal, até a área mitral. Pode ser encontrada nas lesões valvares aórticas (estenose e insuficiência), coarctação da aorta, aneurisma da aorta, dilatação da aorta e algumas cardiopatias congênitas. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 12 12 Estalidos mesossistólicos e telessistólicos: Ruído de alta frequência, seco, agudo, situado no meio ou fim da sístole. Origem: brida pericárdica ou pleuropericárdica e prolapso da valva mitral. Sopros São produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo, quando deixa de ser laminar e passa a sofrer turbilhonamento. Mecanismos: Aumento da velocidade da corrente sanguínea: este é o mecanismo dos sopros que surgem após exercício físico, na anemia, hipertiroidismo e na síndrome febril. Diminuição da viscosidade sanguínea: a viscosidade sanguínea exerce efeito amortecedor sobre a turbulência do sangue. Anemia. Passagem de sangue através de uma zona estreitada: o fluxo passa de laminar para turbulento. Como nos defeitos valvares (estenose e insuficiência), comunicação interventricular, persistência do canal arterial. Passagem do sangue para uma zona dilatada: fluxo deixa de ser laminar. Passagem de sangue para uma membrana de borda livre. Quanto a situação no ciclo cardíaco, os sopros podem ser: sistólicos, diastólicos e sistodiastólicos ou contínuos. Sopros sistólicos: São classificados em: sopro sistólico de ejeção e sopro sistólico de regurgitação. Sopros sistólicos de ejeção: Causados por estenose da valva aórtica ou pulmonar. Começa alguns centésimos de segundos após a 1ª bulha. Sopro crescendo-decrescendo. Termina antes da 2ª bulha. Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 13 13 Sopros sistólicos de regurgitação: Audível desde o início da sístole. Recobre e mascara a 1ª bulha. Ocupa toda a sístole com intensidade mais ou menos igual. Termina imediatamente antes da 2ª bulha e pode cobri-la. Causados por regurgitação de sangue dos ventrículos para os átrios- (insuficiência mitral ou tricúspide) ou na comunicação interventricular. Sopros diastólicos São classificados em protodiastólicos, mesodiastólicos e telediastólicos ou pré-diastólicos. Ocorrem nas estenoses atrioventriculares (mitral e tricúspide) e insuficiência das valvas aórtica e pulmonar. Nas estenoses atrioventriculares ocupa a parte média da diástole. Podem sofrer reforço no fim da diástole ou pré-sístole- contração atrial. Existe um intervalo nítido entre a 2ª bulha e o sopro. São sopros de baixa frequência e tonalidade grave- ruflar. Nas insuficiências das valvas aórtica ou pulmonar- não se fecham completamente. Iniciam-se imediatamente após a 2ª bulha. Podem ficar restrito à prodiástole ou ocupar também a meso e telediástole. São sopros de alta frequência, em decrescendo e com tonalidade aguda- caráter aspirativo. Sopros Sistodiastólicos ou contínuos: São ouvidos durante toda a sístole e a diástole- recobre e mascara a 1ª e 2ª bulha São designados sopro em maquinaria Aparecem na persistência do canal arterial, fístulas arteriovenosas, nas anomalias do septo aortopulmonar e no rumor venoso Quanto à localização: Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 14 14 Localiza-se um sopro na área onde ele é mais audível. Emprega-se as áreas de ausculta. A localização do sopro, em função da área de ausculta não tem valor absoluta. Um sopro na área mitral não significa que ele seja originado na valva mitral. Quanto à irradiação: Deslocar o estetoscópio em várias direções- determinar a irradiação. Quanto mais intenso maior a área de irradiação. É importante a direção da corrente sanguínea. O sopro da estenose aórtica irradia para o pescoço. O sopro da insuficiência mitral irradia para a axila. Quanto à intensidade: Usa-se o sistema de cruzes (+ a 4+). + sopros débeis. ++ sopros de intensidade moderada. +++ sopros intensos. ++++ sopros muito intensos. Quanto maior a velocidade de fluxo e o volume de sangue mais intenso o sopro. A intensidade do sopro não deve ser tomado como parâmetro absoluto. Quanto ao timbre e tonalidade: Qualidade do sopro. Estão relacionados com a velocidade do fluxo e com o tipo de defeito. Suave, rude, musical, aspirativo, em jato de vapor, granuloso, piante e ruflar. Relação com a respiração: Manobra de Rivero-Carvalho- sopro sistólico aumenta de intensidade na inspiração- insuficiência tricúspide. Lesões aórticas- aumenta de intensidade com expiração forçada. Relação com a posição: Gabriela de Godoy Semiologia Cardíaca – Exame clínico do coração 15 15 Os sopros da base (insuficiência aórtica)- mais nítidos com o paciente sentado e o tórax fletido para frente. Ruflar diastólico mitral- mais intenso em DLE. Rumor venoso mais audível de pé ou sentado. Sopros Inocentes: Significa uma conclusão diagnostica; Características: São sistólicos. Baixa intensidade (+ a ++) e suaves. Sem irradiação. Mais audíveis na área pulmonar e mesocárdio. Varia com mudança de posição. Mais frequentes em crianças. Atrito pericárdico Provocado pelo roçar de folhetos pericárdicos que perderam suas características normais. Mais comum na pericardite fibrinosa- folhetos espessos e rugosos. Pode ser ouvido na sístole e diástole- habitualmente contínuo. Melhor auscultado na ponta e borda esternal esquerda. Timbre tonalidade variáveis. Assemelha-se ao ruído obtido ao friccionar um couro. Rumor venoso Ruído sistodiastólico, de tonalidade grave. Auscultado no pescoço e porção superior do tórax- esternocleidomestóideo direito. Mais bem audível de pé ou sentado. Causado pelo turbilhonamento de sangue na junção da jugular externa com o tronco braquiocefálico.
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