Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LFB – 29/03/2023 1 FPM VII – CARDIOLOGIA SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR Existem os três pilares da semiologia cardiovascular: a anamnese, o exame físico e os exames complementares. É importante saber, no entanto, que uma boa anamnese e um bom exame físico te contam o diagnóstico. DOR TORÁCICA A dor torácica pode ser sugestiva de isquemia, na qual o miocárdio passa por uma situação de hipóxia – trata-se de um desbalanço na relação de oferta e consumo. Deve-se avaliar a localização da dor, se há irradiação e qual a intensidade, além do caráter e a duração. ANGINA ESTÁVEL Classificação funcional de angina estável pela Canadian Cardiovascular Society (CCS): I. Sem limitação para atividade física habitual, angina desencadeada por atividade extenuante, rápida ou prolongada; II. Leve limitação de atividade habitual, a angina ocorre ao caminhar ou subir escadas rapidamente; III. Acentuada limitação da atividade habitual, em que a angina ocorre ao caminhar uma ou duas quadras no plano ou subir um andar de escadas; IV. Incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto, podendo a angina estar presente no repouso. Dor torácica típica: é reconhecida como dor ou desconforto retroesternal, desencadeada por exercício ou estresse e aliviada com repouso ou nitratos – é aquela dor que o paciente chega com a mão no peito, apertando. Dor torácica atípica: quadros de dor no peito que não se aproximam do quadro clássico das síndromes coronarianas. Obs.: lembrar dos fatores estressantes da placa (de aterosclerose), que podem incluir sedentarismo, alimentação inapropriada, hipertensão, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e obesidade. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS A dor torácica pode surgir por outros motivos não sugestivos de isquemia, como laceração da mucosa esofagogástrica, espasmo esofágico, pericardite, dissecção de aorta e tromboembolismo pulmonar. DISPNEIA A dispneia é a sensação de que não se está recebendo ar suficiente nos pulmões. Este problema de saúde pode resultar de um esforço mais intenso, ser causado por se estar num local de elevada altitude ou pode ser um sintoma de infeção e doença pulmonar ou cardíaca. Dispneia de esforço: acontece quando a dificuldades de respirar vem durante a realização de atividades que antes fazia sem muito esforço. Ortopneia (ou dispneia de decúbito): é a dificuldade respiratória que ocorre quando a pessoa está deitada, fazendo com que a pessoa tenha que dormir elevada na cama ou sentada. Dispneia paroxística noturna: é a dificuldade de respirar durante o sono. Dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes: corresponde a períodos de respiração lenta e superficial que gradualmente vai se tornando rápida e profunda, alternando períodos de apneia. EDEMA Edema clínico geralmente apresente de 3 a 4kg de excesso de volume e dificilmente atinge a raiz de coxa. Aumenta no decorrer do dia, mas está muito presente principalmente em pacientes acamados. Apresenta pele lisa e brilhante ou pele com aspecto de casca de laranja. PULSOS ARTERIAIS Pulso carotídeo: pulso central mais útil na caracterização do padrão ou contorno do pulso. Pulso radial: pulso periférico. Existem alguns padrões de pulsos arteriais que indicam alterações e patologias. Em primeiro lugar, o LFB – 29/03/2023 2 FPM VII – CARDIOLOGIA pulso em martelo d’água (ou Corrigan ou célere). Refere- se a um estranho e anormal pulso associado à insuficiência aórtica (IAo). Ele se caracteriza por uma ascensão rápida da onda de percussão sistólica, seguida de um colapso súbito. Temos, também, o pulso parvus et tardus, que é o pulso lento e tardio, que geralmente aparece na estenose aórtica (EAo) e é melhor observado na carótida quando se percebe que o impulso é reduzido em amplitude e atrasa na ocorrência. Comparação entre o pulso em martelo d’água, parvus et tardus e normal. O pulso filiforme acontece quando há colapso circulatório e o pulso alternante aparece em IC avançada. O pulso bisferens é o pulso arterial de amplitude aumentada com duplo pico sistólico, cujas causas podem ser cardiomiopatia hipertrófica, dupla lesão aórtica (estenose + insuficiência) e insuficiência aórtica crônica (nunca uma aguda!). No choque hipovolêmica e BIA, temos o pulso dicrótico, um pulso com uma dupla onda em cada pulsação, sendo a primeira mais intensa e nítida, seguida da segunda de menor intensidade – o pico é na diástole. Por fim, o pulso paradoxal, presente em situações de obesidade extrema, choque hipovolêmico, pericardite constritiva, tamponamento cardíaco, DPOC, asma e gravidez. PULSOS VENOSOS Quando a pressão venosa for normal, o paciente deve ficar em posição quase horizontal em relação à cama, mas se houver hipertensão venosa, o paciente deve ficar em um ângulo mais ou menos de 45° com o leito – na hipertensão venosa encontramos turgência jugular. A estimativa da pressão venosa jugular é feita pela veia jugular interna, pois a veia jugular externa é valvulada. É importante lembrar que a pressão venosa diminui com a inspiração. Assim, se ela aumentar com a inspiração temos o sinal de Kussmaul, que é a incapacidade do coração direito de receber volume, podendo estar presente na pericardite constritiva, mas também na embolia pulmonar, infarto de VD e IC avançada. ONDAS DO PULSO VENOSO A morfologia do pulso venoso jugular é semelhante à da curva de pressão do AD (reflete a dinâmica do coração direito), constituindo uma imagem transmitida dessa curva de pressão. Entretanto, durante LFB – 29/03/2023 3 FPM VII – CARDIOLOGIA o trajeto do AD até a veia jugular, as ondas de pulso sofrem pequenas modificações morfológicas, pois caminham em vasos de baixa pressão e colapsáveis (veias jugulares e cava). Normalmente, observamos três ondas positivas (“a”, “c”, “v”) e duas deflexões negativas ou colapsos (“x” e “y”). ONDA A É uma onda positiva e corresponde à sístole (contração) atrial direita. Precede o pulso carotídeo e a primeira bulha para fins de localização no ciclo cardíaco – imediatamente antes do QRS. Em condições normais, apresenta maior amplitude do que a onda “v” (cerca de 2/3). Qualquer condição que aumente a resistência ao esvaziamento atrial e, assim, aumente a força com que esta cavidade contrai aumenta a amplitude. Onda “a” gigante: grande amplitude, abrupta e pré-sistólica, podendo ser duas ou mais vezes maior do que a onda “v”. Aumenta com a inspiração e pode ser transmitida ao fígado originando uma expansão hepática pré-sistólica. As causas mais frequentes estão relacionadas a uma grande hipertrofia do VD, a um aumento da pressão diastólica final do VD ou a uma obstrução ao esvaziamento do AD (estenose tricúspide, tumores do AD com obstrução da válvula tricúspide e hipertensão arterial pulmonar grave). Onda “a” em “canhão”: durante a sístole ventricular e em casos em que a sístole atrial ocorre simultaneamente à sístole ventricular, estando a válvula tricúspide, consequentemente, fechada. Varia muito pouco com a respiração, com a compressão abdominal e com modificações da postura corporal. As causas mais frequentes são: bloqueio atrioventricular do terceiro grau (BAV III), taquicardia paroxística ventricular, extrassístoles atriais (quando coincidem com a sístole ventricular prévia), extrassístoles nodais e extrassístoles ventriculares. Ausência de onda “a”: por ser uma onda que reflete a contração atrial direita, a onda “a” desaparece nos casos de fibrilação atrial. DESCENSO X É produzida pelo relaxamento atrial (diástole atrial). Ocupa grande parte da sístole ventricular, sendo por este motivo também conhecida como colapso sistólico do pulso venoso. ONDA C Corresponde à contração ventricular, localizando-se entre o QRS e a onda T. Também conhecidacomo onda sistólica ou carotídea, traduz o aumento transitório da pressão dentro do átrio direito, que ocorre ao aumentar a pressão ventricular durante a fase de contração isovolumétrica. Interrompe o descenso x (empurra a valva tricúspide em direção ao átrio). ONDA V Também conhecida como onda de enchimento passivo atrial ou de estase atrial. Corresponde à súbita interrupção do enchimento atrial durante a sístole ventricular. Na presença de ritmo cardíaco normal, ocupa a última fase da sístole ventricular – imediatamente após a onda T. DESCENSO Y Trata-se da saída passiva de sangue do átrio para o VD, sendo a fase de enchimento ventricular rápido que ocorre imediatamente após a abertura da válvula tricúspide. Ao abrir-se a válvula tricúspide, rapidamente esvazia-se o AD. Consequentemente, a pressão no interior do átrio diminui, fazendo com que o fluxo venoso jugular → átrio direito se acelere, determinando, dessa forma, a vertente mais baixa do colapso “y”. Em condições normais, a diferença de pressão AD/VD é pequena e as pressões se igualam rapidamente. O descenso é acentuado em casos de resistência de enchimento ventricular, como em tamponamento e ETricúspide, e o sinal da raiz quadrada (íngreme e término abrupto) indica pericardite constritiva. BULHAS CARDÍACAS – EXAME DO CORAÇÃO Realiza-se inspeção, palpação e ausculta, sendo necessário muito treino e tempo para uma correta LFB – 29/03/2023 4 FPM VII – CARDIOLOGIA interpretação, sem supervalorizações e falsos negativos. Deve-se analisar o precórdio em busca de alterações. ICTUS CORDIS O ictus cordis é a pulsação do ápice do coração. Deve-se investigar localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo de impulsão, ritmo e frequência. Nos adultos normais, este se situa no quarto ou quinto espaço intercostal esquerdo, no nível da linha hemiclavicular – na hipertrofia ventricular esquerda (HVE) está deslocado para baixo e para a esquerda. O tamanho normal máximo é de uma e meia polpa digital ou 3,0 cm no adulto. Em decúbito lateral esquerdo, é palpável em praticamente todas as pessoas. É melhor avaliado com a pontas dos dedos, paciente sentado e no final da expiração. Ictus cordis invisível e impalpável pode ser indicativo de enfisema pulmonar, obesidade, grandes mamas, musculatura muito desenvolvida. AUSCULTA CARDÍACA Foco mitral: situa-se no 5º espaço intercostal (EIC) esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis. Foco pulmonar: situa-se no 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Nesse espaço podemos avaliar desdobramentos da 2ª bulha cardíaca. Foco aórtico: 2º EIC direito, justa esternal. Porém, algumas vezes, o melhor local para auscultar alterações de origem aórtica é a área entre o 3º e 4º EIC esquerdo, onde fica localizado o foco aórtico acessório. Foco tricúspide: situa-se na base do apêndice xifoide ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos acústicos originados na valva tricúspide (sopro sistólico) costumam ser mais percebidos na área mitral. PRIMEIRA BULHA – B1 Corresponde ao fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide), tal que o componente mitral antecede o tricúspide. Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo. É mais grave e tem duração um pouco maior que a 2ª bulha. O som pode ser representado por “TUM”, sendo mais intensos nos focos mitral e tricúspide. SEGUNDA BULHA – B2 A segunda bulha corresponde ao fechamento das valvas semilunares, em que o componente aórtico (A2) vem antes do pulmonar (P2) – na verdade, é constituído por 4 grupos de vibrações, porém só são audíveis as originadas pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar. O componente aórtico é audível em toda região precordial (principalmente no foco aórtico), enquanto o ruído da pulmonar é audível em uma área limitada, no foco pulmonar. O som é descrito como “TÁ”, mas na inspiração, devido ao prolongamento da sístole ventricular (maior afluxo de sangue), o componente pulmonar sofre um retardamento, sendo possível perceber os 2 componentes, sendo este o desdobramento fisiológico da 2ª bulha que pode ser auscultado como “TLA”. Já o desdobramento fixo da B2 não depende da respiração: ele é fixo, porque ele está sempre presente, sendo um sinal semiológico clássico da comunicação interatrial (CIA). Na CIA, existe uma comunicação anormal (que geralmente não existe em adultos saudáveis) entre o átrio direito e o átrio esquerdo do coração. Isso permite que parte do sangue do lado esquerdo do coração vaze para o átrio direito (através da comunicação interatrial). Assim, há algum hiperfluxo no coração direito, em que mais sangue chega no átrio direito, mais sangue vai para o VD, ele tem mais sangue para jogar para frente, esse FRÊMITO CARDIOVASCULAR É caracterizado como a sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Em caso de presença de frêmito, deve-se investigar localização, situação do ciclo cardíaco e intensidade (avaliado em cruzes ++++/IV). Estão associados aos sopros. LFB – 29/03/2023 5 FPM VII – CARDIOLOGIA sangue demora mais para sair e, portanto, a valva pulmonar demora mais para fechar. Assim, o componente P2 vem um pouco depois de A2, e ouvimos a B2 desdobrada. Desdobramentos variáveis podem acontecer, como um atraso de P2, que pode indicar BRD e estenose pulmonar, ou como a precocidade de A2, que indica uma insuficiência mitral importante. O desdobramento paradoxal, em que temos A2 após o P2, indica BRE, marca-passo, estenose aórtica ou CMPH, TERCEIRA BULHA – B3 A terceira bulha é um ruído protodiastólico de baixa frequência que se origina da vibração da parede ventricular distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido. É mais audível no foco mitral com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Pode ser representada por “TU”. QUARTA BULHA – B4 Trata-se de um ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole e pode ser ouvida mais raramente em crianças e adultos jovens normais. É, habitualmente, patológico, indicando diminuição da complacência ventricular. SOPROS CARDÍACOS Produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo, que em condições patológicas adota um caráter turbilhonar, deixando de ser laminar, surgindo ruídos denominados sopros. Os sopros podem surgir devido ao aumento da velocidade da corrente sanguínea (exercício físico, hipertireoidismo, febre), diminuição da viscosidade sanguínea (anemia), passagem do sangue por uma passagem estreita (estenoses), passagem do sangue por zona dilatada (aneurismas) ou devido a membrana de borda livre. É importante avaliar a situação do sopro no ciclo cardíaco (sistólico, diastólico, sistodiastólicos ou contínuos), a localização (qual foco de ausculta o sopro é mais audível), a irradiação (deslocar o estetoscópio em várias direções para identificar irradiação), a intensidade (avaliação subjetiva, feita em graduação + a ++++), timbre e tonalidade (“qualidade do sopro”, pode ser suave, rude, musical, em jato, piante, ruflar) e se há modificações com a fase da respiração e com a posição do paciente. CLASSIFICAÇÃO DE LEVINE PARA SOPROS SISTÓLICOS • Grau I (+) – difícil de ser auscultado; • Grau II (++): facilmente auscultado, porém ainda discreto; • Grau III (+++): sopro mais intenso, porém sem frêmito (não precisa de manobras para se ouvir); • Grau IV (++++): intenso e com presença de frêmito; RITMO E FREQUÊNCIA CARDÍACA Após reconhecer B1 e B2, o passo seguinte é determinar a o ritmo do coração e a frequência cardíaca (batimentos por minutos). Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo binário ou em dois tempos. Quando se torna audível um terceiro ruído, passa a ser ritmo tríplice ou em três tempos.Frequência: conta-se os batimentos em um minuto. Em adultos, < 60: bradicardia, > 100: taquicardia. OBS: ritmo cardíaco pode apresentar arritmias, sendo a principal encontrada na ausculta o ritmo de galope (PA-TA-TA), em que o ritmo cardíaco imita o som semelhante ao galopar de um cavalo devido a B3 patológica. CLIQUES E ESTALIDOS Estalidos diastólicos: podem ocorrer nas estenoses das valvas mitral (ruído seco, agudo e de curta duração, representado por um “TEP”, audível no 3º ou 4º EIC e no foco mitral) e tricúspide. Estalidos protossistólicos: ruídos de ejeção, de alta frequência, agudos e intensos, produzidos na artéria pulmonar e na aorta. O estalido protossistólico pulmonar (presente na estenose pulmonar, hipertensão pulmonar grave) é mais audível no foco pulmonar e na borda esternal esquerda, diferenciando-se de B1 pelo timbre mais agudo. O protossistólico aórtico (presente na dilatação ou aneurismas de aorta, tetralogia de Fallot) é mais audível do 4º EIC esquerdo, borda esternal até a área mitral. LFB – 29/03/2023 6 FPM VII – CARDIOLOGIA • Grau V (+++++): auscultado com estetoscópio ligeiramente tocado na pele; • Grau VI (++++++): auscultado mesmo com o estetoscópio apenas próximo à pele. SOPROS SISTÓLICOS DE EJEÇÃO Os sopros sistólicos de ejeção iniciam logo após B1, em crescendo e decrescendo e termina antes de B2 – conhecido como sopro em diamante. Pode aparecer na estenose aórtica, estenose pulmonar e CMPH obstrutiva. Estenose aórtica: sopro sistólico ejetivo no segundo espaço intercostal direito, sendo mais audível com o paciente sentado. É um sopro em diamante ou crescendo e decrescendo que irradia para os vasos do pescoço. A2 hipofonética com sopro sistólico de pico tardio indicam lesão grave. É importante saber que a manobra de Valsalva, ortostatismo e handgrip diminuem o sopro da estenose aórtica, enquanto o agachamento e nitrato de amila, aumentam. Na estenose aórtica acontece o fenômeno de Gallavardin. Cardiomiopatia hipertrófica – CMPH: sopro sistólico ejetivo no segundo espaço intercostal direito e borda esternal esquerda (BEE), em diamante ou crescendo e decrescendo, sendo mais audível com o paciente sentado. Aqui, a manobra de Valsalva e o ortostatismo aumentam o sopro da CMPH, enquanto agachamento e handgrip diminuem. A manobra de Valsalva e o ortostatismo diminuem todos os sopros do lado esquerdo do coração, com exceção do sopro da CMPH e o sopro do PVM. SOPROS SISTÓLICOS DE REGURGITAÇÃO Iniciam-se junto de B1, holossistólica, e termina imediatamente antes de B2, podendo estar presente em patologias como insuficiência mitral, insuficiência tricúspide e CIV. Insuficiência mitral: sopro sistólico regurgitativo, holossistólico, audível no foco mitral, melhor audível com o paciente em decúbito lateral esquerdo, pois irradia para a axila. As manobras de Rivero-Carvalho e Valsalva, o ortostatismo e o nitrato de amila diminuem a intensidade do sopro, enquanto o agachamento e o handgrip aumentam. Comunicação interventricular – CIV: sopro sistólico regurgitativo, holossistólico, que irradia em faixa no tórax. As manobras de Rivero-Carvalho e Valsalva, o ortostatismo e o nitrato de amila diminuem a intensidade do sopro, enquanto o agachamento e o handgrip aumentam. A manobra de Rivero-Carvalho, que se trata da inspiração forçada, diminui os sopros do lado direito do coração, com exceção do som de ejeção pulmonar. SOPROS DIASTÓLICOS Os sopros diastólicos podem ser protodiastólicos, mesodiastólicos e telediastólicos ou pré-sistólicos, podendo estar presentes na estenose mitral e na insuficiência pulmonar e aórtica. Estenose mitral: sopro mesodiastólico no foco mitral, apresenta um nítido espaço entre B2 e o início do sopro. Apresenta um estalido de abertura juntamente com um ruflar diastólico e um reforço pré-sistólico. A manobra de Valsalva e o ortostatismo diminuem o sopro, enquanto agachamento, handgrip e nitrato de amila aumentam. Insuficiência aórtica: sopro protodiastólico nos focos da base com início imediatamente após B2, sendo sopros de alta frequência, em decrescendo e aspirativo. Pode causar uma valvopatia em bordo esternal esquerdo e uma dilatação da raiz da aorta em bordo esternal direito. Manobra de Valsalva, ortostatismo e nitrato de amila diminuem o sopro, enquanto agachamento e handgrip aumentam. Apresenta o sopro de Austin Flint. SOPRO DE AUSTIN FLINT Indica uma estenose mitral relativa a uma insuficiência aórtica. O sopro de insuficiência aórtica é um sopro aspirativo, rude e acontece justamente na diástole. FENÔMENO DE GALLAVARDIN É uma valvopatia imitando sopro mitral. O fenômeno de Gallavardin ocorre quando a vibração da valva aórtica reverbera no anel mitral, provocando um sopro de irradiação para o foco mitral. É um sopro agudo, piante. LFB – 29/03/2023 7 FPM VII – CARDIOLOGIA SOPROS SISTODIASTÓLICOS OU CONTÍNUOS São sopros que são ouvidos durante toda a sístole e toda ou parte da diástole. Tratam-se de “sopros em maquinaria”, encontrados em PCA, fístulas arteriovenosas, rumor venoso, anomalias de septos aortopulmonares e “sopro mamário”. SOPROS INOCENTES Sopros inocentes nunca são diastólicos e nunca se irradiam para o dorso. São sopros mesossistólicos, sempre suaves, com ausência de frêmito e alterações de bulhas. Podem ser encontrados em casos de anemias, hipertireoidismo e gravidez.
Compartilhar