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Análise Orçamentária Autores Jailson Portugal Ribeiro / Alexsandra de Matos Gil / Wenderson Saraiva Nunes ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitora acadêmica: Profa. flávia alves de almeida coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana rodriGues raMos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedi- dos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: Jailson PortuGal riBeiro /alexsandra de Matos Gil / Wenderson saraiva nunes suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira / eManoela de araúJo Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues diagramação e tratamento de imagens: JoCivan de Castro Costa / MiGuel José de andrade Carvalho revisão textual: eManoela de araúJo Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu RIBEIRO, Jailson Portugal. / GIL, Alexsandro de Matos. Análise Orçamentaria I. Jailson Portugal Ribeiro. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2020. 180 p. ISBN: 1. Administração financeira. 2. Demonstrativos contábeis. 3. Análise orçamentária. 4. Planejamento orçamentário. Centro Universitário Ateneu. II. Título. Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da disciplina de Análise Orçamentária. Ao ler e estudar por este material, você terá condições, como profissional, de analisar situações do dia a dia e tomar atitudes embasadas no conhecimento adquirido. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Primeiramente, iniciaremos com a visão geral da administração financeira. Posteriormente, trabalharemos pormenorizadamente sobre as principais demonstrações financeiras, valor do dinheiro no tempo, alavancagem, estrutura financeira e capital de giro. Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura você estará apto a analisar e interpretar as principais demonstrações financeiras, dominar o conceito de valor do dinheiro no tempo, analisar com facilidade as questões sobre alavancagem e estrutura financeira e ter conhecimento no que diz respeito à capital de giro. Bons estudos! seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01 NOÇÕES GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 1. Conceitos de finanças ........................................................................................8 1.1.Principais áreas e oportunidades da carreira em finanças ...............................9 2. Objetivos e funções da administração financeira .............................................10 2.1Estrutura da função financeira .........................................................................10 3. Uma visão da administração financeira ............................................................10 3.1A administração financeira e sua função .........................................................10 3. Sistema financeiro nacional (sfn) .....................................................................13 4.1Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ............................................13 5. Inflação .............................................................................................................20 5.1Principais índices de preços ............................................................................20 6. Políticas econômicas ........................................................................................22 6.1Política monetária ............................................................................................23 6.2Política fiscal ....................................................................................................23 6.3Política cambial ...............................................................................................25 7. Fontes de financiamento da empresa ............................................................26 7.1Identificando a origem dos recursos ................................................................28 8. Decisões de investimentos e financiamentos a longo prazo ............................28 8.1Investimentos de longo prazo .........................................................................29 8.2Financiamentos de longo prazo .....................................................................30 Referências .........................................................................................................33 UNIDADE 02 VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. Principais conceitos em administração financeira ............................................36 2. Ênfase nos fluxos de caixas .............................................................................38 3. Tomada de decisão ..........................................................................................38 4. Principais demonstrações financeiras ..............................................................38 4.1. Balanço Patrimonial (BP) ..............................................................................39 4.2.Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) .........................................48 4.3. Margem de contribuição ................................................................................53 5. Indicadores econômico-financeiros ..................................................................54 5.1. Índices de liquidez ........................................................................................54 5.2. Índices de endividamento ..............................................................................55 5.3. Índices de rentabilidade .................................................................................56 6. Análises das demonstrações financeiras .........................................................57 6.1.Análise vertical ............................................................................................58 6.2.Análise horizontal ...........................................................................................59 6. Alavancagem ....................................................................................................62 6.1.Alavancagem operacional ..............................................................................63 6.2.Alavancagem financeira .................................................................................66 6.3.Alavancagem total ..........................................................................................67 7. Análise do ponto de equilíbrio .........................................................................69 7.1.Relação da variação dos custos e ponto de equilíbrio ...................................70 7.2.Ponto de equilíbrio contábil ...........................................................................70 7.3.Ponto de equilíbrio financeiro .........................................................................71 5.4.Ponto de equilíbrio econômico ......................................................................72 8. Ciclo financeiro e ciclo operacional ..................................................................75 Referências .........................................................................................................79 UNIDADE 03 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 1. Visão geral de custo de capital .........................................................................822. Custo Médio Ponderado de Capital (cmpc) ......................................................83 3. Custo de capital próprio e de terceiros .............................................................86 4. Risco e retorno .................................................................................................89 4.1 Cálculo do retorno ..........................................................................................91 4.2.O retorno esperado ........................................................................................92 4.3.O desvio-padrão como risco ...........................................................................94 4.4.Coeficiente de variação ..................................................................................96 5. Portfólio de ativos .............................................................................................97 6. Diversificação do risco ....................................................................................100 7. Correlação ......................................................................................................103 8. Fluxos de caixa ...............................................................................................107 9. Taxa Mínima de Atratividade (TMA) ............................................................... 110 10. Métodos de análise de investimentos .......................................................... 110 11. Decisões de investimento de capital ............................................................127 11.1.Tipos de projetos ........................................................................................128 UNIDADE 04 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO 1. Mercado financeiro .........................................................................................138 2. Mercado de capitais .......................................................................................140 3. Teoria do portfólio ...........................................................................................140 4. Orçamento de capital .....................................................................................142 5. Conceitos de planejamento ............................................................................143 5.1.Princípios de planejamento ..........................................................................144 5.2.Níveis de planejamento ................................................................................146 6. Sistema de orçamentos ..................................................................................147 6.1.Planejamento e controle por meio do orçamento .........................................147 6.2.Responsabilidades e controle ......................................................................149 6.3.As vantagens e limitações ...........................................................................149 6.4.Implantação do sistema orçamentário ..........................................................150 7. Elaboração de quadros orçamentários ...........................................................151 7.1.Orçamento de vendas ..................................................................................152 7.2.Orçamento de produção ...............................................................................153 7.3.Orçamento de matérias-primas ....................................................................154 7.4.Orçamento de Mão de Obra Direta (MOD) ..................................................157 7.5.Orçamento do custo de produção ................................................................158 7.6.Orçamento de despesas de vendas e administrativas .................................158 7.7.Orçamento do custo do produto vendido .....................................................159 7.8.Projeção da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ....................160 8. Orçamentos específicos e projeções .............................................................162 8.1.Vantagens e desvantagens ..........................................................................164 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 137 Uni PlaNejameNto orçameNtário Apresentação Estudaremos, nesta unidade, os principais conceitos de planejamento por intermédio de orçamentos, visando compor o resultado da empresa ao final de de- terminado período, conhecendo e prevendo por meio de orçamentos específicos, os custos, despesas e receitas envoltas em um negócio empresarial. Apresentare- mos modelos simplificados, mas com teoria suficiente para possibilitar uma ótima compreensão e aplicação do planejamento. Este estudo é de grande importância, visto que o planejamento e o controle orçamentário facilitam a visualização dos possíveis resultados futuros do negócio, proporcionando a possibilidade de mudanças em estratégias pontuais e setoriais, podendo haver, até mesmo, interrupções no caso de resultados não satisfatórios durante o período de acompanhamento do que foi planejado, evitando perdas maiores ao continuar por um caminho errado no negócio. Um planejamento orçamentário pode ser feito pelo controle financeiro de uma pessoa física e gerar bons resultados, por exemplo. Então, a proporção do benefício em uma empresa é ainda maior e mais positivo, desde que seja se- guida a ordem de planejamento, organização, direção e controle. Este último de extrema necessidade para que o controle orçamentário tenha sentido e exerça sua função positiva. 138 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer sobre o mercado financeiro e de capitais; • Entender os conceitos de planejamento orçamentário; • Compreender o funcionamento do sistema de orçamentos; • Conhecer as técnicas de orçamentos específicos; • Compreender a elaboração de um quadro orçamentário. 1. merCado fiNaNCeiro O conhecimento sobre esse mercado é de extrema relevância, partindo da ideia de que todas as operações financeiras são realizadas dentro desse sistema. O conhecimento desse mercado permite ao administra- dor realizar uma melhor gestão, provido de informações e dados que fornecerá subsídios para proteger os diversos ativos financeiros, exercendo, pois, uma efi- ciente administração. Em um sistema econômico, o mercado financeiro apresenta grande notoriedade ao apresentar a intermediação de recursos financeiros. As empre- sas normalmente operam em pelo menos quatro segmentos de mercado, que são: o mercado monetário, o mercado de crédito, o mercado de capital e o mer- cado cambial. No mercado monetário, também conhecido como mercado de moeda, ocorrem as captações de recursos à vista, no curtíssimo e no curto prazo. Nesse mercado, atuam principalmente os intermediadores financeiros, negociando títulos e criando um parâmetro médio para taxas de juros básicas no mercado. O mercado de crédito é o segmento que trata e atende às necessida- des de crédito de curto e de médio prazo. Atende ainda os financiamentos de bens duráveis e de capital de giro. Já no mercado de capitais, os agentes econômicos focam em opera- ções mais voltadas para ações e debêntures, mas também atendem aos créditos de médio e longo prazo. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 139 No mercado cambial, existe a realização de compra e venda de moe- das estrangeiras. Quem atua nesse mercado tem foco no comércio internacional, sendo que essas operações são realizadas por instituições financeiras autoriza- das, que podem ser tanto bancárias como não bancárias. Figura 01: As moedas estrangeiras compõem o mercado cambial. Fonte: <https://bit.ly/2VUh2kD>. Quanto à política de preços na economia, ocorre a aplicação da equa- ção dinheiro e tempo. Pode-se citar o valor de um investimento após um período determinado de tempo sob uma taxa de juros, em outras palavras, o valor do dinheiro muda ao longo do tempo. Quais são os fatores que influenciam na dimi- nuição do valor do dinheiro? Principalmente a inflação, que se dá pelo aumento dos preçosem geral, quando os preços sobem, o valor da moeda diminui, o que baixa o poder de compra. O risco ou a incerteza sobre o nosso futuro também é um fator que im- pacta no valor da moeda. O risco pode aumentar com o passar do tempo, isto é, o dinheiro que está hoje em mãos é mais valorizado do que a promessa dele. Ninguém pode prever o futuro, portanto, não existe precisão em saber se o dinheiro de hoje vai estar disponível amanhã ou se o preço garantido hoje poderá ser cumprido amanhã, pois não existe nenhuma garantia de solidez financeira para o futuro. Dessa forma, esses fatores de instabilidade aumentam o risco de dividendos, e as garantias não podem ser asseguradas nem para as empresas nem para os investidores. Os investidores têm preferência pela liquidez, sendo esta de suma im- portância tanto para eles como para a empresa. A liquidez funciona mais como um fator que influencia diretamente na valorização da moeda, pois a ela é designada a possibilidade de transformar os ativos da empresa em dinheiro ou poder de compra, ou seja, esses ativos podem ser facilmente transformados em caixa. Nesse contexto, é importante manter dinheiro em caixa para imprevistos ou compromissos financeiros ao invés de comprometer fundos de reserva ou aplicações futuras. 140 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 2. merCado de CaPitais O mercado de capitais corresponde ao sistema que proporciona a distribuição de valores mobiliários, isto é, as empresas precisam se capita- lizar de forma mais barata; para isso, eles vendem títulos que compõem parte de seus patrimônios para investidores interessados, que acontece por intermédio da bolsa de valores, na comercialização de ações. As ações, então, são títulos que representam a menor fração do capital de uma empresa. Desse modo, ao comprar uma ação, um investidor se torna sócio dessa em- presa, passando a ter direito aos dividendos e lucros que venham a ser distribuídos. Essas ações podem ser ordinárias, cujos acionistas têm direito a votos em assembleias que norteiam o futuro da empresa, e preferenciais, cujos acionistas não têm o mesmo direito como no caso dos acionistas das ações ordinárias, porém ele recebe dividendos (participação nos resultados da empresa). Existem ainda as debêntures, que são títulos emitidos com a intenção de captar recursos com dois objetivos: proporcionar investimento ou financiar o capital de giro da empresa. Elas são emitidas por sociedades anônimas. Figura 02: Negociação de ações na bolsa de valores. Fonte: <http://bit.ly/2PCUHrS>. 3. teoria do Portfólio Nos itens anteriores, foi apresentada a importância de selecionar os ativos que irão compor a carteira com base em sua correlação e de também avaliar a proporção de recurso que será aplicado em cada um dos ativos, assim o investidor poderá ter um melhor aproveitamento de seu capital. Foi visto também que o risco de um ativo isolado pode ser diferente quando ele é incluído em uma carteira. Para fortalecer e facilitar esse entendimento, existe o estudo da diversificação. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 141 O princípio da teoria da diversificação foi desenvolvido por Harry Markowitz, em seu trabalho nomeado Portoflio selection. Neste estudo, ele explicou o porquê de os investidores não aplicarem seus recursos em um só ativo, que prometia maiores retornos, mas sim em vários ativos em carteira, salientando que assim se reduzia o risco e se maximizaria a taxa de retorno. A equação desenvolvida por Markowitz é a seguinte: σ = Ww2 x σw2 + Wy2 x σy2 + 2 x Ww x Wy x CORRw.y x σw x σy 1 2 Sendo: Ww=proporção, peso, do ativo W na carteira; Wy=proporção, peso, do ativo Y na carteira; σw=desvio-padrão do ativo W; σy=desvio-padrão do ativo Y; CORRw.y=correlação entre os retornos dos ativos W e Y. Veja um novo exemplo sobre como se comportam o risco e o retorno da carteira em diferentes proporções de recursos, para isso, considere: • Ativo W: K=10% e σ=2% • Ativo Y: K=14% e σ=3,5% Tabela 01: Carteira WY. Carteira WY Risco da Carteira WY Proporção do Ativo W Proporção do Ativo Y Retorno da Carteira WY Correlação Positiva Perfeita (+1) Correlação Negativa Perfeita (-1) 0% 100% 14,00% 3,5000% 3,50% 10% 90% 13,60% 3,3500% 2,95% 20% 80% 13,20% 3,2000% 2,40% 30% 70% 12,80% 3,0500% 1,85% 40% 60% 12,40% 2,9000% 1,30% 50% 50% 12,00% 2,7500% 0,75% 64% 36% 11,45% 2,5445% 0,00% 142 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 60% 40% 11,60% 2,6000% 0,20% 70% 30% 11,20% 2,4500% 0,35% 80% 20% 10,80% 2,3000% 0,90% 90% 10% 10,40% 2,1500% 1,45% 100% 0% 10,00% 2,0000% 2,00% Fonte: Elaborada pelo autor. Observa-se na Tabela 05, modificando as proporções de investimento em cada ativo, que se os ativos W e Y tiverem uma correlação positiva perfeita, o risco da carteira é bem maior quando se eleva a participação no ativo Y (que tem maior risco), porém se os ativos tiverem uma correlação negativa perfeita, quando a pro- porção chega em 64% de W e 36% de Y, encontra-se um risco zero, ou seja, o risco de diversificação fica nulo. Você já sabe que é quase impossível encontrar ativos de correlação negativa perfeita entre si, mas deve-se sempre procurar ativos de correlação negativa para compor um portfólio e assim reduzir o risco. Figura 03: Análise de um portfólio de ativos. Fonte: <http://bit.ly/34ztA5g>. 4. orçameNto de CaPital O orçamento de capital é o processo pelo qual empresas e investidores avaliam, classificam e selecionam projetos de investimento para o longo pra- zo, analisando a quantidade de recursos a serem empregados e buscando res- ponder questionamentos como: • O projeto irá se pagar? • O tempo de retorno previsto é o ideal, comparando com a TMA? • O projeto irá maximizar a riqueza dos sócios/acionistas/investidores? • Este é o melhor projeto de investimento? ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 143 Em geral, esse processo contempla algumas etapas, como as que seguintes: • Geração de proposta: é a apresentação da proposta do projeto, na qual são apresentadas todas as informações pertinentes ao projeto e aos interesses da empresa; • Avaliação e análise: a proposta apresentada deverá ser avalia- da quanto à aderência aos objetivos gerais da empresa, caso aceite, a análise da viabilidade econômica e financeira será feita, com seus devidos fluxos de caixa, investimentos necessários e fluxos residuais. Tudo isso aplicado nas principais técnicas de análise que ainda serão vistas nesta unidade; • Tomada de decisão: em suma, deverá ser escolhido o projeto com maior retorno em relação ao custo do capital aplicado, porém, al- guns projetos podem contemplar baixo retorno, mas boas vantagens estratégicas, por exemplo; • Implantação e controle: com todos os recursos definidos e com o projeto aprovado, inicia-se a fase de implantação. Já com o projeto acontecendo, é necessário o controle de todos os dados e aconteci- mentos para monitoramento dos seus resultados. Figura 04: Projetos – Várias funções e vários resultados. Fonte: <https://bit.ly/2TxKuQJ>. 5. CoNCeitos de PlaNejameNto Planejamento significa o ato de antecipar, ou seja, traçar um plano para executar com exatidão o objetivo almejado. Na administração, o planejamento tem como objetivo estruturar, organizar e preparar uma tarefa administrativa. 144 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Segundo Hoji (2003), o planejamento consiste em estabelecer com antece- dência as ações a serem executadas dentro de cenários e condições preestabe- lecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabili- dades para atingir os objetivos fixados. 5.1. Princípios de planejamento O princípio do planejamento é um dos quatro princípios da Adminis- tração Científica segundo Frederick Winslow Taylor. A seguir, serão apresentados alguns desses princípios de planejamento, que são classificados em específi- cos e gerais. O planejamentoprecisa seguir determinados princípios a fim de que torne os resultados das operações assertivos. A ideia central é provocar modificações no sistema, na tecnologia e no todo. • Princípios específicos do planejamento a. Planejamento permanente: princípio ligado à necessidade de dar continuidade ao processo de planejamento. Uma organização deve sempre estar preparada para mudanças, buscando se antecipar e pla- nejar, “pois, nenhum plano mantém seu valor e utilidade com o tempo”. (OLIVEIRA, 2010) b. Planejamento participativo: a busca pelo principal benefício do planejamento deve ser a melhoria na execução do plano. O maior resultado do planejamento deve ser o processo, ou seja, somente o plano não irá assegurar que as condições agilizem os processos e as condições de trabalho. c. Planejamento integrado: tipo de planejamento no qual os níveis hierárquicos de uma empresa devem ter seus planejamentos integrados. Conforme Oliveira (2010): Nas empresas voltadas para o mercado, nas quais os objetivos em- presariais dominam os de seus membros, geralmente os objetivos são estabelecidos de ‘cima para baixo’ e os meios para alcançá-los, de ‘baixo para cima’, sendo este último fluxo usualmente invertido em uma empresa cuja função primária é a de servir a seus membros. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 145 d. Planejamento coordenado: é o planejamento no qual todos os processos da organização devem estar relacionados com os demais. Aqui, os processos e todos os aspectos envolvidos devem ser projetados para que funcionem independentes um do outro. • Princípios gerais do planejamento a. Princípio da precedência do planejamento: precede todas as outras funções administrativas, pois deverá vir antes de todas as outras, o que a torna de suma importância. Ele estabelece com antecipação as ações que devem ser tomadas, considerando as demais funções de uma determinada empresa, pois o planejamento precisa elencar as posições inicial e futuras de uma organização. b. Maiores influências e abrangência: princípio diretamente relacionado às transformações que o planejamento pode causar nas características e nas atividades presentes na rotina de trabalho das empresas. Dessa forma, o planejamento deve levar em consideração as atividades mais relevantes e extensas, prevendo as possíveis mo- dificações na estrutura organizacional. Essas modificações podem incluir diversos aspectos: funcionários, novas tecnologias de melhoria e informação, entre outros. Em relação às pessoas que participam ou estão ligadas ao processo das empresas, as modificações passam a ser: processos de treinamento, realocação de funções, processos de avaliação, fusão de empresa, entre outras. Quanto às modificações ligadas às tecnologias, elas podem estar relacionadas à informação, às novas maneiras de executar o trabalho e melhorar os processos. As modificações nos sistemas estão ligadas às possibilidades de alterações no organograma das empresas, na delegação de tarefas e responsabi- lidades, na comunicação, nos processos, entre outras. c. Contribuição aos objetivos: o planejamento deve estar interliga- do aos objetivos máximos da organização de forma organizada, levando em consideração os níveis hierárquicos da empresa. d. Princípio de eficiência, eficácia e efetividade: a função do planejamento é incorporar essas máximas, buscando atingir esses pila- res. Apesar de estarem interligados, esses termos possuem diferenças que devem ser levadas em consideração: 146 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA ¾ Eficiência: quando o projeto atinge o objetivo ou a meta por intermédio dos recursos utilizados pela empresa. A eficiência trata de questões rotineiras e de adversidades que serão encontradas durante a realização de operações e atividades de uma organi- zação. É necessário levar em conta que as tarefas devem ser feitas da maneira mais apropriada, enfatizando melhorias como a redução de custos, e atendendo a execução de deveres e centros de responsabilidades. ¾ Eficácia: consiste na realização de algo da melhor maneira possível, ou seja, são medidas que geram menos custos ao serem levadas para dentro da organização, com características de maior qualidade e durabilidade, como realizar mais tarefas no menor tempo. É uma forma de gerar resultado nas empresas, devendo está presente no nível tático da organização. Tais medidas geram mais alternativas criativas, maximizam a utilização dos recursos disponíveis e conseguem os resultados esperados em todos os processos do planejamento. ¾ Efetividade: é a capacidade de fazer uma medida de rendimento global das empresas com mais eficiência, apresentando resultados positivos ao longo do tempo. Ou seja, a capacidade de fazer algo com consistência (eficácia), trazendo resultados positivos da melhor maneira possível (eficiência). 5.2. Níveis de planejamento Segundo Bateman e Snell (1998), as organizações podem ser divididas em três níveis, estratégico, tático e operacional, de acordo com o tipo de trabalho que é desenvolvido por cada nível. I. Nível estratégico: compreende os altos executivos da organiza- ção, responsáveis pela definição dos objetivos e planos da empresa, bem como das decisões quanto às questões de longo prazo da empre- sa, por exemplo: sua sobrevivência, crescimento e eficácia geral. II. Nível tático: o planejamento, no nível tático, é utilizado para traduzir os objetivos gerais e as estratégias da alta diretoria em objetivos e atividades mais específicos. III. Nível operacional: já no planejamento operacional, o processo é de menor amplitude, cujo foco é trabalhar junto aos funcionários não administrativos, implementando os planos específicos definidos no pla- nejamento tático. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 147 6. sistema de orçameNtos O sistema orçamentário utiliza o controle de resultados econô- micos e financeiros como forma de planejamento. Uma empresa necessita expressar seus resultados em valores, tendo como ferramenta um modelo or- çamentário ou sistema que controla, avalia e demonstra seu desempenho econômico e financeiro por meio de projeções. Os orçamentos têm um papel fundamental de informar e quantificar diversas políticas empresariais que são definidas em políticas de vendas, com- pras, gastos, recursos humanos e qualidade (tudo atrelado à tecnologia). Assim, por intermédio dos sistemas de orçamento, é possível simplificar a criação e controle de informações gerenciais e manter todos os processos estru- turados e atualizados adequadamente sobre as novidades da empresa ou com conteúdo relevante sobre o todo. 6.1. Planejamento e controle por meio do orçamento Por meio do planejamento orçamentário, é possível se antecipar aos processos e resultados da empresa. Esse tipo de planejamento visa melhorar a tomada de decisão sobre ações de curto ou longo prazo em todos os âmbitos da organização. Para uma administração assertiva e uma análise visível da situação de todos os departamentos, é necessário esse tipo de planejamento na busca de alcançar uma gestão consciente de seus números, definindo as decisões de controle das atividades presentes e futuras. Um planejamento precisa ser adequado e útil, pois mesmo que bem elaborado, poderá não se adequar às necessidades de controle sobre os resulta- dos esperados. Deve ser um instrumento preciso e assertivo, abordando tópicos necessários e relevantes para apresentar uma adequação ao objetivo proposto. Autores como Welsch (1996), entre outros, tem apresentado diversas con- cepções sobre orçamentos, porém, todas focadas em uma caracterização especí- fica deles: o planejamento. Para Welsch (1996, p. 21): O planejamento e controle de resultados podem ser definidos como um enfoque sistemático e formal às responsabilidades de planejamento, coordenação e controle da gestão. Especificamente, envolvem a preparação e utilização de: (1) objetivos globais e de longo prazo da empresa; (2) um plano de resultados a longo prazo, desenvolvido em termos gerais; (3) um plano de resultadosa curto prazo detalhado de acordo com diferentes níveis relevantes de res- 148 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA ponsabilidade (divisões, produtos, projetos, etc.), e (4) um sistema de relatórios periódicos de desempenho, mais uma vez para os vá- rios níveis de responsabilidades. Frezatti (2007) compara o planejamento empresarial com a alimen- tação do ser humano. Quando o planejamento não é desenvolvido, a organização é enfraquecida, e as consequências são identificadas em longo prazo. É comum afirmar que a prática orçamentária tem sido tradicional- mente a sustentação da maioria dos mecanismos de controle das organizações, porque é uma das poucas técnicas capazes de integrar os processos da atividade organizacional em um único sumário coerente. Ainda segundo o autor, o orça- mento é capaz de medir a performance, relacionando custos com medidas internas e rendimentos da empresa com medidas externas. De acordo com Warren, Reeve e Fess (2008, p. 188) “o orçamento envolve o estabelecimento de metas específicas, a execução de planos para atingir suas metas e a comparação periódica dos resultados efetivos com as metas [...]”. Para os autores, o orçamento engloba três pontos específicos, cada qual com representatividade diante dos processos e atividades desenvolvidos pela em- presa. O estabelecimento de metas para futuras operações foca o momento do planejamento, enquanto os controles das ações relacionadas ao atendimento de tais metas focam a função administrativa de direção. Para Frezatti (2007, p. 46), o orçamento “é o plano financeiro para progra- mar a estratégia da empresa para determinado exercício. É mais do que uma simples estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcançadas”. Na afirmação específica, o orçamento é condicionado a um pilar de sustentação da gestão e uma ferramenta indispensável de auxílio e acompanhamento das metas planejadas e traçadas pelas organizações. Merchant (2007, p. 87) afirma que “um sistema de orçamento é uma combi- nação de fluxo de informação e processos e de procedimentos administrativos que, geralmente, é parte integral do planejamento de curto prazo e do sistema de con- trole de uma organização”. Nesse mesmo sentido, Padoveze (2005, p. 173) define orçamento como a expressão formal e quantitativa de planos de curto prazo, ou seja, é caracterizado pela quantificação e mensuração econômica das atividades planejadas e programadas para o próximo exercício. Fonte: Elaborada pelo autor. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 149 6.2. Responsabilidades e controle Cabe à área contábil de uma empresa executar o controle dos resul- tados desta. Um sistema contábil, assim como um determinado plano, precisa estar alinhado de maneira que seja possível alimentar todos os dados por seus setores cabíveis. Num modelo ideal de controle, os setores possuem uma área responsá- vel para centralizar dados de acordo com o organograma definido por cada em- presa. Pode-se denominar centros de responsabilidade a partir de sua estrutura organizacional. Cada centro é definido por uma área da empresa, que elege um centralizador responsável por esses resultados. Existem três tipos de centros de responsabilidade que são: centro de custo, centro de investimento e centro de resultados. O controle desses centros de responsabilidade deve ser administrado por seus respectivos responsáveis, visando monitorar as entradas e saídas e o fluxo de caixa de sua área determinada. Sendo assim, não cabe à área de vendas saber os custos da área de produção ou os custos da área de marketing. Cada responsável eleito deve monitorar sua respectiva área. 6.3. As vantagens e limitações Para fins de controle, um programa orçamentário será sempre de grande utilidade para qualquer organização, independentemente de seu porte e de quaisquer que sejam suas limitações. A utilidade do uso de orçamentos dentro da organização pode trazer diversos benefícios como: auxiliar e coordenar tarefas, integrar as atividades dos setores, formalizar os objetivos da empresa de forma igualitária e descentralizada, estabelecer metas e monitorar seus alcances. Segundo Sanvicente e Santos (1995, p. 26): Tanto a introdução de um sistema orçamentário em uma empresa que até então não utilizava quanto a sua utilização regular durante anos seguidos requerem, para um aproveitamento adequado das vantagens existentes bem como para a superação das limitações, a obediência a alguns princípios ou condições fundamentais. Algumas limitações e problemas do orçamento na sua implanta- ção e/ou implementação são facilmente encontradas, por exemplo, segundo Zda- nowicz (1989, p. 31), existem dificuldades para “obter a conscientização da cúpula diretiva para uma mentalidade de planejamento e controle financeiro; alcançar a flexibilidade na aplicação do orçamento; fixar padrões realistas e quantificáveis; e desenvolver o orçamento de vendas”. 150 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Conforme Welsch (1996, p. 64), “o plano de resultados não deve ser visto como senhor, mas como escravo”. Isso mostra que ele é um dos instru- mentos primordiais para o funcionamento eficiente da organização, mas não significa que seja o melhor de todos. Acredita-se que alcançar os objetivos utilizan- do o orçamento seja mais conveniente. 6.4. Implantação do sistema orçamentário Como toda e qualquer nova circunstância inserida em uma organização, a implantação de um sistema orçamentário pode ser vista como uma tarefa no mínimo difícil, e as inovações são sempre vistas como um fato novo e desco- nhecido para os colaboradores, causando um certo receio e preocupação quanto à sua execução. Para uma implantação mais eficaz de um planejamento orçamen- tário, é necessário que a empresa tenha um sistema informatizado, com dados contábeis lançados neste, tornando possível fazer o acompanhamento do planejado com o realizado. Zdanowicz (1989, p. 60) menciona que para implantar o sistema orçamentário em uma organização, ela deve possuir uma estrutura or- ganizacional definida, com uma contabilidade aberta informatizada. Sendo assim, seguem adiante alguns objetivos que são essenciais para que o planejamento orçamentário funcione em uma organização: I. Dados contábeis abertos e informatizados: a. Estar sempre voltados para o aspecto gerencial da organi- zação; b. Possibilitar a gestão orçamentária das atividades; c. Além dos aspectos gerenciais, atender aspectos legais, acionistas etc. II. Objetivos operacionais: d. Buscar garantir uma atrativa taxa interna de retorno; e. Definir a participação no mercado global; f. Gerar impactos e controle ambiental com suas atividades; g. Gerar o aumento patrimonial, a maximização do lucro etc. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 151 III. Acompanhamento e gerenciamento dos fatores macroe- conômicos: a. Acompanhar a tendência dos preços dos produtos e matérias- -primas; b. Atentar para a situação geral da economia e de seus segmentos; c. Acompanhar a atuação política governamental; d. Atentar para a situação do setor em que atua a empresa; e. Observar as oscilações da taxa de inflação e dólar; f. Analisar as demandas do mercado de trabalho; g. Acompanhar a taxa de juros, a SELIC, as referências sobre investimentos etc. IV. Estrutura administrativa e organizacional: a. Analisar os níveis de gerenciamento existentes; b. Gerenciar a relação da empresa com os órgãos subordinados; c. Expor as diretrizes de comunicação entre os envolvidos nas atividades; d. Delegar autoridade e responsabilidades. 7. elaboração de quadros orçameNtários O planejamento orçamentário é um trabalho de análise e poste- riormente de controle. Os quadros orçamentários devem ser revisados quantas vezes forem necessárias para que atinjam um resultado que seja satisfatório para a empresa e seus sócios. Além disso, após estabelecer as várias possibilidades econômicas e diretrizes básicas do planejamento, devem ser realizadas simula- ções desses resultados. Será utilizado um modelobem simplista para servir de exemplo para al- guns quadros orçamentários e a projeção do resultado, ressaltando que o assun- to será tratado de uma forma bem resumida e prática, desconsiderando alguns itens contabilmente obrigatórios, apenas para uma análise rápida do planeja- mento orçamentário da empresa fictícia, mas vários outros novos quadros orça- mentários podem ser criados de acordo com as necessidades de cada empresa. Como também existe a necessidade de contabilizar todos os impostos devi- dos na atividade, é muito importante que todas as atividades que influenciam no resultado sejam contempladas. 152 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Servindo como exemplo, considere que a empresa WN Eletrônicos preten- de vender dois produtos no próximo ano e que para isso quer avaliar quais serão os resultados obtidos se tudo ocorrer conforme planejado no orçamento. Os dois produtos serão a Caixa de Segurança Residencial (CSR) e a Caixa de Segurança Predial (CSP). 7.1. Orçamento de vendas As informações mais importantes para esse orçamento são a quan- tidade e o valor dos produtos que a empresa deseja vender no período projetado, sendo possível calcular os impostos relativos às vendas e possi- bilitando também a projeção de outros dois orçamentos: marketing e despesas de vendas. Ainda em relação ao exemplo, considere que os preços serão constan- tes o ano todo, sendo que o preço unitário da CSR será de R$ 900 e da CSP, R$ 1.500. A quantidade estimada de venda para o produto residencial é de 10.000 unidades, já para o produto predial, 8.000 produtos serão vendidos, de acordo com a projeção. Observe um modelo de orçamento de vendas na Tabela 03. Tabela 02: Orçamento de vendas (quantidade e preço). Produto: CSR Quantidade a vender: 10.000 Preço unitário: R$ 900 Total de venda: R$ 9.000.000 Produto: CSP Quantidade a vender: 8.000 Preço unitário: R$ 1.500 Total de venda: R$ 12.000.000 Resumo de venda: CSR: R$ 9.000.000 CSP: R$ 12.000.000 Total: R$ 21.000.000 Fonte: Elaborada pelo autor. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 153 O imposto sobre a venda dos produtos será o ICMS com alíquota de 17%, porém, será preciso contabilizar os impostos federias de 12% (IPI, PIS e COFINS, que são exclusivos ao preço). Observe a Tabela 04: Tabela 03: Resumo de vendas e tributos. Valor de venda bruta: (-) ICMS de 17%: R$ 21.000.000 R$ 3.570.000 Valor de venda líquida: R$ 17.430.000 Base de cálculo dos impostos federais: Tributos federais (12%): R$ 21.000.000 R$ 2.520.000 Valor do faturamento: R$ 23.520.000 Fonte: Elaborada pelo autor. Inicie pelo orçamento de vendas, pois ele servirá de base para to- dos os demais orçamentos que deverão ser feitos, o ponto de partida, nesse caso, foi o faturamento estimado pela empresa. 7.2. Orçamento de produção A quantidade estimada de venda no orçamento de vendas não necessa- riamente irá representar a quantidade a ser produzida, pois, geralmente, as empresas têm estoque de produtos acabados vindos do final do ano anterior, já visualizando a possibilidade de novas vendas logo no início do ano, que podem ocorrer antes mesmo do prazo necessário para produzir, chamado de estoque inicial. Pelo mesmo motivo, é sempre interessante que a empresa deixe produtos acabados para o próximo período ao do orçamento projetado, chamado de esto- que final. O orçamento de produção tem a função de determinar quantas unidades realmente deverão ser produzidas no período, levando em consideração as ven- das planejadas e a política de estoque da empresa. Servindo como exemplo, serão usadas as vendas projetadas e ainda a quantidade de 3.000 unidades já prontas e em estoque para o produto CSR e ainda 1.000 unidades também já prontas para o início do próximo ano do produto CSP. A empresa pretende deixar prontas para o final do período projetado, 5.000 unidades do produto CSR e 3.000 unidades do CSP, já prontas para venda no ano subsequente ao projetado. Veja a representação disso na Tabela 05. 154 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Produção = Vendas – Estoque Inicial + Estoque Final Tabela 04: Orçamento de produção. Produto: CSR Venda planejada: 10.000 (-) Estoque inicial: 3.000 (+) Estoque final: 5.000 = Quantidade a produzir: 12.000 Produto: CSP Venda planejada: 8.000 (-) Estoque inicial: 1.000 (+) Estoque final: 3.000 = Quantidade a produzir: 10.000 Fonte: Elaborada pelo autor. Como citado, mesmo planejando vender 10.000 unidades do produto CSR, será necessário produzir 12.000 unidades, pois assim será cumprido o planejamento da empresa para o período de projeção. 7.3. Orçamento de matérias-primas O orçamento de matérias-primas segue a mesma diretriz do orçamen- to de produção. A existência de material em estoque no início do período é bem comum, visto que a compra de matéria-prima pode representar um custo de oportunidade. Além disso, existe a compra de material importado cuja entrega é demorada, portanto, a dependência pela chegada desse material não é interes- sante para a empresa. Sendo assim, o orçamento de matérias-primas determina a quantidade e o valor das matérias-primas que compõem o produto a ser fabricado. Servindo como exemplo, serão usados basicamente três matérias-primas para compor os dois produtos: • Carcaça plástica de três baias: utilizada nos dois produtos, seu custo unitário é de R$ 18, e a empresa já tem 2.000 unidades em estoque e quer terminar o ano com 3.000 unidades em estoque; ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 155 • Aparelho sensor e gerador de pulso elétrico: comprado pronto diretamente de um fornecedor na China por R$ 140 a unidade. No caso, o CSR leva um aparelho por produto, enquanto o CSP leva três aparelhos por produto. Já existem 10.000 unidades em estoque, e o planejamento é de manter 15.000 para o final do período devido à demora de trazer esses aparelhos da China; • Bateria com fiação e contatos: custa R$ 80 a unidade e é comprada de um fornecedor nacional. No caso, é aplicada uma bate- ria no CSR, enquanto que no CSP são duas. Hoje, a empresa conta com 4.000 unidades em estoque e pretende concluir o ano projetado com 5.000 unidades em estoque. Com esses dados, é possível ver que o orçamento gera uma previsão de custo total de R$ 9.634.000, conforme Tabela 06. Tabela 05: Orçamento de matéria-prima. Carcaça plástica de três baias. Quantidade a produzir - CSR: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 12.000 1 12.000 Quantidade a produzir - CSP: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 10.000 1 10.000 Total de unidades para a produção: (-) Estoque inicial: (+) Estoque final: Total de unidades a comprar: Preço de compra por unidade: 22.000 2.000 3.000 23.000 R$ 18,00 Valor total da compra: R$ 414.000,00 Aparelho sensor e gerador de pulso elétrico. Quantidade a produzir - CSR: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 12.000 1 12.000 Quantidade a produzir - CSP: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 10.000 3 30.000 156 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Total de unidades para a produção: (-) Estoque inicial: (+) Estoque final: Total de unidades a comprar: Preço de compra por unidade: 42.000 10.000 15.000 47.000 R$ 140,00 Valor total da compra: R$ 6.580.000,00 Bateria com fiação e contatos. Quantidade a produzir - CSR: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 12.000 1 12.000 Quantidade a produzir - CSP: Quantidade utilizada em cada produto: Unidades a comprar: 10.000 2 20.000 Total de unidades para a produção: (-) Estoque inicial: (+) Estoque final: Total de unidades a comprar: Preço de compra por unidade: 32.000 4.000 5.000 33.000 R$ 80,00 Valor total da compra: R$ 2.640.000,00 Resumodo orçamento de matéria-prima Carcaça plástica de três baias R$ 414.000,00 Sensor e gerador de pulso elétrico R$ 6.580.000,00 Bateria com fiação e contatos R$ 2.640.000,00 Total de custo com matéria-prima: R$ 9.634.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Como visto com a tabela anterior, foi levantado o custo total para o orçamento de matéria-prima, mas é preciso entender que o custo unitário também é relevante e irá auxiliar em outros quadros orçamentários seguintes. Sendo que você pode encontrar esse valor de forma bem prática, conforme Tabela 07. Tabela 06: Custo unitário de matérias-primas. Produto: CSR Carcaça plástica de três baias (1) R$ 18,00 Sensor e gerador de pulso elétrico (1) R$ 140,00 Bateria com fiação e contatos (1) R$ 80,00 Custo unitário por produto: R$238,00 Produto: CSP ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 157 Carcaça plástica de três baias (1) R$ 18,00 Sensor e gerador de pulso elétrico (3) R$ 420,00 Bateria com fiação e contatos (2) R$ 160,00 Custo unitário por produto: R$ 598,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 7.4. Orçamento de Mão de Obra Direta (MOD) Com o orçamento de mão de obra direta, pode-se verificar quantas horas de mão de obra diretamente aplicadas na produção serão necessárias, bem como o valor a ser gasto com cada unidade ou com o total produzido. Ainda pensando na empresa que serviu de exemplo, existem apenas o departamento de montagem e o de teste e embalagem. O primeiro departamento leva 10 minutos para montar qualquer um dos produtos, e a hora paga custa R$ 30/h. Já o departamento de teste e embalagem leva igualmente 10 minutos para o teste de aquecimento e funcionalidade do produto, além da embalagem, porém, recebe o valor de R$ 15/h. Observe o custo unitário e o total a ser gasto com a mão de obra direta na Tabela 08. Tabela 08: Orçamento de mão de obra direta. Custo unitário com MOD Dep. montagem (custo unitário): Dep. teste/emb. (custo unitário): R$ 5,00 R$ 2,50 Custo unitário total: R$ 7,50 Custo geral com MOD Dep. de montagem (quantidade a produzir): Quantidade produzida por hora: Custo por hora: Total do custo com montagem: 22.000 6 R$ 30 R$ 110.000 Dep. teste/emb. (quantidade a produzir): Quantidade produzida por hora: Custo por hora: Total do custo com teste e embalagem: 22.000 6 R$ 15 R$ 55.000 Total geral de MOD: R$ 165.000 Fonte: Elaborada pelo autor. 158 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 7.5. Orçamento do custo de produção Obviamente em uma empresa real, vários outros itens devem ser contabi- lizados no referido orçamento, como os custos indiretos de fabricação. Seguindo o exemplo simplificado, com os dados apresentados até agora, o orça- mento do custo de produção tem a função de apresentar o custo unitário dos produtos que serão produzidos e posteriormente vendidos. Para exemplo, será utilizado o valor de R$ 7,00 a unidade produzida, a ser gasto com custos indiretos de fabricação, que envolvem gastos com energia elétrica, mão de obra indireta etc. Na Tabela 09, você pode ver o resultado desse levantamento. Tabela 08: Orçamento do custo de produção. Produto: CSR Mão de obra direta (un.): R$ 7,50 Matéria-prima (un.): R$ 238,00 Custo indireto de fabricação (un.): R$ 7,00 Total do custo de produção por unidade: R$ 252,50 Produto: CSP Mão de obra direta (un.): R$ 7,50 Matéria-prima (un.): R$ 598,00 Custo indireto de fabricação (un.): R$ 7,00 Total do custo de produção por unidade: R$ 612,50 Fonte: Elaborada pelo autor. 7.6. Orçamento de despesas de vendas e administrativas Para que o orçamento de venda seja viável, é preciso alguns gastos, como comissão de vendedores, fretes para a entrega dos produtos e marketing para a divulgação dos produtos. Já as despesas administrativas são ne- cessárias em todos os negócios, pois elas têm a finalidade de apresentar os recur- sos que serão gastos para manter as atividades gerenciais da empresa. Portanto, os gastos com salários, aluguéis, seguros, encargos sociais, depreciação etc. de- vem ser informados no orçamento. Para exemplo, considere algumas contas de forma simplista, conforme Tabela 10. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 159 Tabela 09: Orçamento de despesas de vendas e comerciais. Despesas de vendas e administrativas Comissão de venda (2%): R$ 420.000 Fretes previstos: R$ 105.000 Viagens/Representantes: R$ 300.000 Marketing: R$ 840.000 Salários: R$ 1.237.000 Aluguéis: R$ 180.000 Outras despesas: R$ 735.000 Total de despesas: R$ 3.817.000 Fonte: Elaborada pelo autor. 7.7. Orçamento do custo do produto vendido Para finalizar os exemplos de quadros orçamentários dentro da empresa WN, faça um resumo do que foi gasto para produzir os produtos que a empresa planeja vender durante o período projetado. Portanto, o orçamento do custo do produto vendido servirá para compor a demonstração do resultado. Para isso, é necessário somar todos os custos apresentados na produção, porém ape- nas para a quantidade vendida durante o período, a fim de que sejam deduzidos da receita das vendas. Veja a Tabela 11, com todos os custos que foram apresen- tados no exemplo até então. Tabela 10: Orçamento do custo dos produtos vendidos. Custo unitário Quantidade a vender: CPV: Total do custo de produção unitário CSR: R$ 252,50 10.000 R$ 2.525.000,00 Total do custo de produção unitário CSP: R$ 612,50 8.000 R$ 4.900.000,00 Total: R$ 7.425.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Então, com base na quantidade a ser vendida, projetada no orçamento de vendas, e o custo para produzir, projetado no orçamento de custo de produção, é possível verificar o valor total previsto do custo dos produtos vendidos e, assim, partir para o resultado. 160 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 7.8. Projeção da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A projeção da demonstração do resultado do exercício é a parte de maior importância do planejamento orçamentário, pois é por meio dela que é possível verificar se o resultado final é atrativo, de acordo com as premissas da empresa e dos sócios. O lucro líquido é quem vai definir a necessidade de reajuste ou não dos quadros orçamentários anteriores, pois se ele ficar abaixo do resultado esperado, será necessário refazer quadros de acordo com as possibilidades reais, por exemplo, se não existir a possibilidade de aumentar as vendas do período, de acordo com o cenário econômico e de demanda esperado, então, será necessário reduzir o orçamento de custos ou despesas, visando aumentar a sobra, o lucro líquido do exercício. Será usado um modelo bem básico de DRE, apenas para mostrar o resul- tado final da empresa fictícia que foi analisada até aqui. Para isso, reúna alguns dados já utilizados nos orçamentos anteriores, como estes: Demonstração do Resultado do Exercício RECEITA BRUTA: R$ 23.520.000 Tabela 02 (-) IPI, PIS, COFINS -R$ 2.520.000 Tabela 02 (-) ICMS -R$ 3.570.000 Tabela 02 (=) RECEITA LÍQUIDA: R$ 17.430.000 (-) Custo do produto vendido -R$ 7.425.000 Tabela 09 (=) LUCRO BRUTO: R$ 10.005.000 (-) Despesas operacionais -R$ 3.817.000 Tabela 08 (=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA: R$ 6.188.000 (-) Imposto de Renda (34%) -R$ 2.103.920 (=) LUCRO LÍQUIDO R$ 4.084.080 Observe que o estudo foi finalizado apresentando um período projetado com um lucro líquido de R$ 4.084.080, e com esse número, os gestores ou sócios podem avaliar se o resultado é ou não atrativo para o negócio. Espero que assim você tenha garantido um bom entendimento sobre a importância do plane- jamento orçamentário. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 161 PRATIQUE 1. Explique o que são quadros orçamentários de acordo com o que foi estudado nesta unidade. 2. Quais os principais itens que devemos analisar e incluir quando projetamos um orçamento de vendas? 3. No orçamento de produção, devemos levar em consideração todos os produtos já existentes em estoque ao início do período projetado, bem como a pretensão de unidades acabadas que a empresa pretende finalizar no mesmo período. Qual é a equação que melhor representa a quantidade correta a produzir, levando em consideração a afirmação anterior? 4. Quala função do orçamento de custo dos produtos vendidos? 162 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 5. Qual a importância da DRE projetada? O que buscamos extrair quando montamos e analisamos essa demonstração junto ao planejamento orçamentário? 8. orçameNtos esPeCífiCos e Projeções Oliveira (2005, p. 95) menciona que o sistema orçamentário é composto por alguns princípios do planejamento econômico, que são: • Orçamento comercial ou de vendas: definição das metas de vendas da empresa, divididas por produtos, região, tipos de clientes etc; • Orçamento de produção: considerando as definições de metas comerciais, política de estoques da empresa e estoques iniciais de pro- dutos acabados, será elaborado o plano mestre de produção, no qual serão estimadas as quantidades de produção necessárias para que a empresa supra todo o seu planejamento de vendas; • Orçamento de matéria-prima: com base no orçamento de pro- dução, será analisada a quantidade de matéria-prima a ser comprada no período para cada produto a ser produzido, discriminadas todas as matérias-primas e suas respectivas quantidades necessárias para a produção de cada unidade do produto; • Orçamento de mão de obra direta: elaborado com base também no orçamento de produção. Para cada tipo de produto a ser fabricado, deve existir uma tabela de tempos e custos, analisando o tempo de mão de obra e os custos totais necessários para produzir cada unidade do produto; ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 163 • Orçamento dos custos indiretos de fabricação: os custos indiretos de fabricação normalmente são fixos. Em razão dessa natureza, para sua elaboração, são utilizados custos históricos corrigidos ou novas cotações e projeções; • Orçamento de despesas administrativas: despesas que também tendem a serem fixas, como as de pessoal, viagem, telefone, material de escritório etc. São despesas relacionadas à gestão das atividades de contabilidade, diretoria, pessoal, limpeza etc.; • Orçamento de despesas financeiras: as despesas financeiras devem ser elaboradas no planejamento financeiro, no qual será analisada a necessidade de caixa da empresa. Conforme Oliveira (2005), o planejamento financeiro consiste na discrimi- nação mais detalhada dos orçamentos relativos às atividades que influenciam o fluxo de caixa. Essas informações também possibilitam que a empresa ob- tenha informações de acordo com a necessidade ou disponibilidade de recursos financeiros, o que facilita a tomada de decisão sobre os fatores que envolvem o gerenciamento do caixa. A formação desses orçamentos ocorre principalmente pela conversão dos orçamentos econômicos para o regime de caixa. O autor ainda menciona os orçamentos que considera como os principais na composição do pla- nejamento financeiro, são eles: • Orçamento de empréstimos: o planejamento das necessidades de caixa, ou seja, a antecipação dos recebíveis; • Orçamento de caixa: consiste na elaboração do planejamento do fluxo de caixa (entradas e saídas), mediante informações obtidas de todos os demais orçamentos; • Orçamento de contas a pagar: está ligado à conversão de todas as despesas inerentes ao planejamento econômico para o regime de caixa; • Orçamento de contas a receber: consiste na conversão de todas as entradas de receitas do planejamento econômico para o regime de caixa; • Orçamento de aplicações: refere-se ao planejamento das dis- ponibilidades de caixa. 164 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA O processo de planejamento financeiro possui dois fatores essenciais para uma organização de sucesso. Inicialmente é o planejamento que pode munir os gestores de informações, além de proporcionar efeitos sobre as decisões re- lativas aos investimentos e financiamentos da empresa. O segundo refere-se ao fato de apresentar as condições do ambiente em que a organização está inserida, onde o gestor busca informações sobre possíveis casos que poderão afetar a empresa. Existem vários modelos de planejamento que a empresa pode es- colher, desde um modelo mais aprimorado até um modelo mais básico. Cada or- ganização deveria possuir pelo menos um modelo, escolhido de acordo com suas condições, pois nem todas as empresas são iguais, portanto, não possuem as mesmas condições financeiras. 8.1. Vantagens e desvantagens É possível elencar os principais itens que fazem parte do dia a dia de uma empresa que usa o planejamento e controle orçamentário de forma eficaz. É bem fácil encontrar as principais vantagens a seguir: • Cria, na empresa, o hábito de fazer uma análise prévia das situações, auxiliando os gestores, principalmente, antes de tomar algumas deci- sões importantes; • As decisões são finalizadas com maior acerto, com base nos resulta- dos projetados; • Proporciona uma maior participação dos colaboradores para o alcance das metas definidas, pois sabem exatamente quais os números es- perados de cada setor, podendo avaliar se estão perto ou longe de alcançá-los; • Identifica os pontos de eficiência e ineficiência, ou seja, percebe quan- do determinado setor não consegue cumprir seu orçamento específico planejado, um ponto de ineficiência facilmente visualizado, podendo, assim, ajustar processos, projetos e pessoas, caso necessário; • Melhora a utilização dos recursos e define com maior acerto quais as atividades prioritárias, que são aquelas que geram mais resultados ou que precisam de alterações para acompanhar o planejado. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 165 Da mesma forma, também é fácil identificar quais são os principais pontos negativos de um planejamento orçamentário: • Baseia-se em estimativas, assim, são alterações econômicas, políticas ou demandas que podem mudar todo o cenário, fazendo com que o planejamento gere resultados totalmente desconformes com os proje- tados inicialmente; • O planejamento não garante o bom resultado, visto que, mesmo com números positivos na projeção, o não engajamento de envolvidos no pro- jeto, por exemplo, pode atrapalhar o alcance das metas; • A informação de dados sem veracidade ou controle real pode prejudi- car toda a cadeia orçamentária, visto que os resultados finais também não estarão de acordo com a realidade, portanto, não adianta ter um sistema de controle caro e tecnológico se os usuários não introduzirem os dados corretos, por exemplo; • O custo de implantação e manutenção de um sistema moderno de controle orçamentário acaba inviabilizando o processo de iniciação do planejamento. Existem basicamente duas formas de ampliar ou reduzir as vantagens de um planejamento orçamentário, sendo que elas dependem da quantidade de tem- po disponível para o início do processo, a forma como a empresa pretende implantar o planejamento e o controle: • Planejamento orçamentário estático: formato pelo qual a em- presa terá apenas um nível de atividade, ou seja, serão feitos orçamen- tos específicos e projeções com base em apenas um resultado. Assim, se uma indústria pretende vender 100 unidades por mês no próximo ano, por exemplo, todos os demais orçamentos serão projetados com base nesse número, e a referida indústria não terá uma segunda base de com- paração. Se as 100 unidades não forem realmente vendidas, a empresa não saberá quais os resultados possíveis no caso de vender menos ou mais que essa quantidade. Verifique um exemplo sobre essa situação na Tabela 01: 166 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA Tabela 11: Orçamento estático. Orçamento mensal para 201X 100 un./mês Receita bruta: R$ 1.200.000,00 (...) (...) Mão de obra direta -R$ 200.000,00 Salários de supervisão -R$ 70.000,00 Energia elétrica -R$ 15.000,00 (...) (...) Lucro líquido do mês R$ 278.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. • Planejamento orçamentário flexível: formato que possibilita a demonstração dos resultados esperados para vários níveis de ativi- dade, equivalente a uma série de orçamentos estáticos para diferentes níveis de atividade.De acordo com o exemplo anterior, a indústria terá, então, resultados projetados para o caso de vender apenas 90 unida- des por mês ou de vender 110 unidades por mês, visualizando todas as possibilidades de acontecimentos, dentro do que foi planejado, todas as várias possibilidades de resultados, conforme Tabela 02. Tabela 12: Orçamento flexível. Orçamento do Departamento de Montagem Unidades produzidas 8.000 9.000 10.000 Custo variável R$ R$ R$ Mão de obra direta (R$ 5,00 por unidade) 40.000 45.000 50.000 Energia elétrica (R$ 0,50 por unidade) 4.000 4.500 5.000 Custo variável total 44.000 49.500 55.000 Custo fixo R$ R$ R$ Energia elétrica (R$ 0,50 por unidade) 1.000 1.000 1.000 Salário de supervisor 15.000 15.000 15.000 Custo fixo total 16.000 16.000 16.000 Total de custos do departamento 60.000 65.500 71.000 Fonte: Elaborada pelo autor. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 167 PRATIQUE 6. O que você entende por planejamento? 7. Escolha dois princípios que fazem parte dos princípios gerais do planejamento e os descreva. 168 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 8. Descreva dois princípios que pertencem ao grupo de princípios específicos do planejamento. 9. O que você entendeu sobre os três níveis do planejamento? 10. Cite quais são os principais orçamentos que compõem o planejamento econô- mico da empresa. ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA 169 RELEMBRE Com esta unidade, você aprendeu que o planejamento é um item indispensável no início e no caminhar de qualquer negócio. É ele quem auxilia as demais funções adminis- trativas (organização, direção e controle), pois é o ponto de referência para iniciar qualquer projeto, bem como para acompanhá-lo durante sua execução. O planejamento orçamentá- rio, apesar de ser baseado em estimativas ou ainda no histórico da empresa para projetar possíveis resultados futuros, é uma ferramenta de grande suporte para a gestão da empre- sa, proporcionando uma maior segurança na hora de tomar decisões e gerando um melhor controle sobre os acontecimentos dentro do negócio. Você viu ainda, por meio da teoria, que as possibilidades de gerenciamento são enormes, visto que a empresa e seus gestores podem identificar qual o setor ou atividade em que pretende gastar mais no período projetado, seja por necessidade real, seja por erro no processo, e também quais os setores mais eficientes, os que conseguirão reduzir os gastos orçados, além de prever o possível lucro ou prejuízo, caso tudo ocorra próximo do planejado, visto que o fato de algo ocorrer exatamente como planejado é praticamente uma utopia gerencial. Aprendeu também que os diversos setores ou atividades da empresa devem ter uma ligação com seus quadros orçamentários, na busca de um orçamento geral bem es- tratificado, com uma fácil visualização do todo, para que as decisões sejam tomadas com mais agilidade, sabendo onde e quando cada decisão poderá influenciar o futuro do negó- cio, mas isso só é possível se todas as informações forem inseridas e controladas de forma real e consciente, a fim de que o sistema funcione de forma natural, criando uma cultura de planejamento na empresa, atingindo e envolvendo todos os funcionários. REFERÊNCIAS BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: construindo vantagem compe- titiva. São Paulo: Atlas, 1998. FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial: planejamento e controle geren- cial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 170 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA HOJI, Masakazu. Administração financeira – Uma abordagem prática: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle financeiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MERCHANT, Kenneth A. O modelo do sistema de orçamento corporativo: influên- cias no comportamento e no desempenho gerencial. Revista de Contabili- dade e Organizações – RCO, vol. 1, n. 1, p. 107-126, set./dez. 2007. OLIVEIRA, D. de. Planejamento estratégico. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Luiz Martins de et al. Controladoria estratégica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um pro- cesso sócio-histórico. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1995. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria avançada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. SANVICENTE, Antonio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na ad- ministração de empresas. São Paulo: Atlas, 1995. WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade geren- cial. 2. ed. 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