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19/10/2020 1 Anti-histamínicos 1 2 19/10/2020 2 A. Localização, síntese e liberação da histamina 1. Localização: A histamina está presente em praticamente todos os tecidos, com quantidades significativas nos pulmões, na pele, nos vasos sanguíneos e no trato gastrintestinal. É encontrada em altas concentrações nos mastócitos e basófilos. No cérebro, a histamina funciona como neurotransmissor. Ela também ocorre como componente de venenos e nas secreções de picadas de insetos. A. Localização, síntese e liberação da histamina 2. Síntese: A histamina é uma amina formada pela descarboxilação do aminoácido histidina pela histidina- descarboxilase, que está presente nas células de todo o organismo, inclusive nos neurônios, nas células parietais gástricas e nos mastócitos e basófilos (Fig. 30.2). Nos mastócitos, a histamina é armazenada em grânulos. Se a histamina não é armazenada, ela é rapidamente inativada pela diaminoxidase. 3 4 19/10/2020 3 A. Localização, síntese e liberação da histamina 3. Liberação: Na maioria das vezes, a histamina é apenas um de vários mediadores químicos liberados em resposta ao estímulo. O estímulo para liberação de histamina nos tecidos pode incluir : a destruição das células como resultado de frio de toxinas de organismos de venenos de insetos e aranhas e de traumas. As alergias e anafilaxias também podem desencadear a liberação significativa de histamina. B. Mecanismo de ação A histamina liberada em resposta a certos estímulos exerce seus efeitos ligando-se a vários tipos de receptores específicos (H1, H2, H3 e H4). Os receptores H1 e H2 são amplamente expressados e são alvos de fármacos com utilidade clínica. A histamina tem um amplo espectro de efeitos farmacológicos mediados pelos receptores H1 e H2. Por exemplo, os receptores H1 são importantes na produção de contração da musculatura lisa e no aumento da permeabilidade dos capilares (Fig. 30.3). 5 6 19/10/2020 4 B. Mecanismo de ação A histamina promove vasodilatação dos pequenos vasos sanguíneos devido à liberação de óxido nítrico pelo endotélio vascular. Além disso, a histamina pode aumentar a secreção de citocinas pró-inflamatórias em vários tipos de células e em tecidos locais. Os receptores H1 medeiam vários processos patológicos, incluindo rinite alérgica, dermatite atópica, conjuntivite, urticária, broncoconstrição, asma e anafilaxia. A histamina ainda estimula as células parietais do estômago, causando aumento na secreção ácida pela ativação de receptores H2. C. O papel na alergia e na anafilaxia Os sintomas resultantes da injeção intravenosa (IV) de histamina são semelhantes àqueles associados ao choque anafilático e às reações alérgicas. Estes incluem a contração da musculatura lisa das vias aéreas, o estímulo das secreções, a dilatação e o aumento da permeabilidade dos capilares e o estímulo das terminações nervosas sensitivas. Os sintomas associados à alergia e ao choque anafilático resultam da liberação de certos mediadores dos seus locais de armazenamento. Tais mediadores incluem histamina, serotonina, leucotrienos e o fator quimiotático dos eosinófilos da anafilaxia. Em alguns casos, esses mediadores provocam uma reação alérgica localizada, produzindo, por exemplo, reações na pele e no trato respiratório. Em outras condições, podem causar uma resposta anafilática generalizada. Acredita-se que a diferença entre essas duas situações resulte dos diferentes locais dos quais os mediadores são liberados e da velocidade da liberação. Por exemplo, se a liberação de histamina é lenta o suficiente para permitir sua inativação antes que penetre na corrente sanguínea, o resultado é uma reação alérgica localizada. No entanto, se a liberação de histamina é rápida demais para a inativação ser eficiente, ocorre uma reação anafilática generalizada. 7 8 19/10/2020 5 II. ANTI-HISTAMÍNICOS H1 O termo “anti-histamínico” refere-se primariamente aos bloqueadores dos receptores H1 clássicos. Os bloqueadores dos receptores H1 podem ser divididos em primeira e segunda geração (Fig. 30.4). Os fármacos de primeira geração, mais antigos, ainda são amplamente utilizados, já que são eficazes e baratos. Entretanto, a maioria deles entra no sistema nervoso central (SNC), causando sedação. Além disso, eles tendem a interagir com outros receptores, produzindo uma variedade de efeitos indesejados. Em contraste, os de segunda geração são específicos para os receptores periféricos H1. Como eles são tornados polares principalmente pela adição de grupos carboxila (p. ex., cetirizina é o derivado carboxilado da hidroxizina), os de segunda geração não atravessam a barreira hematencefálica, causando menos depressão do SNC do que os de primeira geração. Entre esses fármacos, a desloratadina, a fexofenadina e a loratadina produzem a menor sedação (Fig. 30.5). Cetirizina e levocetirizina são de segunda geração e parcialmente sedantes. Vitamina B6 A piridoxina favorece a respiração das células e ajuda no metabolismo das proteínas, além de ajudar na redução da retenção de líquidos. É absorvida no intestino delgado, mas diferentemente das outras do complexo não é totalmente excretada pelos rins, ficando retida, principalmente, nos músculos 9 10 19/10/2020 6 11 12 19/10/2020 7 A. Ações A ação de todos os bloqueadores H1 é qualitativamente semelhante. A maioria desses fármacos não influi na formação ou na liberação da histamina. Em vez disso, eles bloqueiam a resposta mediada pelo receptor no tecido alvo. Eles são muito mais eficazes em prevenir os sintomas do que em revertê-los depois de desencadeados. Contudo, a maioria desses fármacos tem efeitos adicionais não relacionados com o bloqueio H1. Esses efeitos refletem a ligação dos antagonistas H1 a receptores colinérgicos, adrenérgicos ou serotoninérgicos (Fig 30.6). Por exemplo, a ciproeptadina atua também como antagonista da serotonina no centro do apetite e, algumas vezes, é usada extrabula como estimulante de apetite ou para tratar anorgasmia associada com uso de inibidores seletivos da captação de serotonina. Anti-histamínicos como azelastina e cetotifeno também têm efeito estabilizador de mastócitos, além do efeito bloqueador do receptor de histamina. 13 14 19/10/2020 8 B. Usos terapêuticos 1. Condições alérgicas e inflamatórias: Os bloqueadores H1 são úteis no tratamento e na prevenção de reações alérgicas causadas por antígenos que agem nos anticorpos imunoglobulina E. Por exemplo, os anti-histamínicos orais são os fármacos de escolha para o controle dos sintomas da rinite alérgica e urticária, pois a histamina é o principal mediador liberado pelos mastócitos. Anti-histamínicos oftálmicos, como azelastina, olopatadina, cetotifeno e outros (Fig. 30.1), são úteis no tratamento da conjuntivite alérgica. No entanto, os bloqueadores H1 não são indicados no tratamento da asma brônquica, pois a histamina é apenas um dos diversos mediadores que são responsáveis por causar reações bronquiais. (Nota: a epinefrina tem ações sobre a musculatura lisa opostas às da histamina. Ela atua via receptores β2 no músculo liso, causando relaxamento mediado por monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Assim, a epinefrina é o fármaco de escolha no tratamento da anafilaxia sistêmica e das outras condições que envolvem a liberação maciça de histamina.) 2. Enjoo e náuseas do movimento: Como o antimuscarínico escopolamina, certos bloqueadores dos receptores H1, como difenidramina, dimenidrinato (uma combinação química da difenidramina e um derivado clorado da teofilina), ciclizina, meclizina e prometazina (ver Fig. 30.4), são os fármacos mais eficazes na prevenção dos sintomas da doença do movimento. Em geral, não são eficazes se os sintomas já estão presentes e, por isso, devem ser tomados antes da viagem esperada. Os anti-histamínicos evitam ou reduzem a êmese e a náusea mediadas pelas duas vias, quimiorreceptora e vestibular. A ação antiemética desses fármacos parece ser devidaao bloqueio central de receptores H1 e muscarínicos M1. A meclizina é útil também para o tratamento de vertigens associadas com distúrbios vestibulares. 15 16 19/10/2020 9 17 18 19/10/2020 10 3. Soníferos: Embora não sejam os fármacos de escolha, vários anti-histamínicos de primeira geração, como a difenidramina e a doxilamina, têm acentuada propriedade sedativa, sendo usados no tratamento da insônia (Fig. 30.4). Esses fármacos estão disponíveis em preparações de venda livre. O emprego dos anti-histamínicos H1 de primeira geração é contraindicada para indivíduos cuja atividade profissional exija atenção máxima. A segunda geração de anti-histamínicos não tem efeito sonífero. C. Farmacocinética Os bloqueadores dos receptores H1 são bem absorvidos após administração oral, alcançando nível sérico máximo de 1 a 2 horas. A meia-vida plasmática média é de 4 a 6 horas, exceto para a meclizina e os fármacos de segunda geração, que é de 12 a 24 horas. Os bloqueadores H1 de primeira geração são distribuídos em todos os tecidos, inclusive no SNC. Todos os anti-histamínicos H1 de primeira geração e alguns de segunda geração, como desloratadina e loratadina, são biotransformados pelo sistema CYP450 hepático. A levocetirizina é o enantiômero ativo da cetirizina. Cetirizina e levocetirizina são excretadas quase totalmente inalteradas na urina, e a fexofenadina é excretada nas fezes também quase totalmente inalterada. Após uma dose oral simples, o início da ação ocorre dentro de 1 a 3 horas. A duração de ação de muitos anti-histamínicos H1 de uso oral é de 24 horas, permitindo a dosificação única diária. Azelastina, olopatadina, cetotifeno, alcaftadina, bepotastina e emedastina estão disponíveis em formulações oftálmicas que permitem aplicação mais precisa. Azelastina e olopatadina têm também formulações intranasais. 19 20 19/10/2020 11 D. Efeitos adversos Os bloqueadores H1 de primeira geração apresentam baixa especificidade; interagem não apenas com os receptores da histamina, mas também com receptores muscarínicos colinérgicos, α-adrenérgicos e serotoninérgicos (Fig. 30.6). A extensão da interação com esses receptores e, como resultado, a natureza dos efeitos adversos varia conforme a estrutura química do fármaco. Alguns efeitos adversos são indesejáveis, e outros podem ter valor terapêutico. Além disso, a incidência e a gravidade das reações adversas de um dado fármaco variam de um indivíduo para outro. 21 22 19/10/2020 12 1. Sedação: Os anti-histamínicos H1 de primeira geração, como clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina e prometazina, ligam-se aos receptores H1 e bloqueiam os efeitos do neurotransmissor histamina no SNC. A reação adversa mais frequente é a sedação (Fig. 30.7). A difenidramina pode causar hiperatividade paradoxal em crianças pequenas. Outras ações centrais incluem fadiga, tontura, falta de coordenação e tremores. A sedação é menos comum com os fármacos de segunda geração, uma vez que não entram facilmente no SNC. Os anti-histamínicos H1 de segunda geração são específicos para os receptores H1 periféricos. 23 24 19/10/2020 13 2. Outros efeitos: Os anti-histamínicos de primeira geração também exercem efeitos anticolinérgicos, levando não apenas à secura da passagem nasal, mas também a uma tendência à secura da cavidade bucal. Eles também causam visão turva e retenção de urina. A reação adversa mais comum associada com os anti- histamínicos de segunda geração é a cefaleia. Formulações tópicas de difenidramina podem causar reações de hipersensibilidade, como dermatite de contato, quando aplicadas na pele. 3. Interações farmacológicas: A interação dos bloqueadores H1 com outros fármacos pode ter consequências graves, como a potencialização dos efeitos de todos os outros depressores do SNC, incluindo o álcool. Pacientes que utilizam inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) não devem utilizar anti-histamínicos, pois os IMAOs podem exacerbar os efeitos anticolinérgicos dos anti-histamínicos. Além disso, os anti-histamínicos de primeira geração (difenidramina e outros) com ação anticolinérgica (antimuscarínica) podem diminuir a eficácia dos inibidores da colinesterase (donepezila, rivastigmina e galantamina) no tratamento da doença de Alzheimer. 25 26 19/10/2020 14 4. Superdosagem: Embora a margem de segurança dos bloqueadores dos receptores H1 seja relativamente alta e a toxicidade crônica seja rara, o envenenamento agudo é relativamente comum, especialmente em crianças. Os efeitos mais comuns e perigosos do envenenamento agudo são os do SNC, incluindo alucinações, excitação, ataxia e convulsões. Se não for tratado, o paciente pode entrar em coma profundo e apresentar colapso cardiorrespiratório. 27