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1ª edição Kátia Cilene de Mello Franco Reitor: Prof. Maurício Chermann EQUIPE DE PRODUÇÃO CORPORATIVA Gerência: Adriane Aparecida Carvalho Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim Coordenação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda Equipe Pedagógica: Graziela Franco, Rúbia Nogueira Coordenação Material Didático: Michelle Carrete Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Aline Gonçalves Diagramação: Amanda Holanda, Douglas Lira, Nilton Alves Ilustração: Everton Arcanjo Impressão: Grupo VLS / Gráfica Cintra Imagens: Fotolia / Freepik / Acervo próprio Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade. Proibida a reprodução total e/ou parcial. © Copyright Brazcubas 2020 Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP Sumário Sumário Apresentação 5 A Professora 7 Introdução 9 1unidade I 1Breve histórico do ensino de arte no Brasil 11 1.1 Da Missão Francesa ao início do século XX 15 1.2 As tendências pedagógicas e o ensino de arte 21 1.3 Breve histórico do ensino de música no Brasil 24 Referências da unidade I 27 2unidade II 2O ensino de arte e os dias de hoje 29 2.1 A importância da arte na infância 31 2.2 Arte como conhecimento e arte como expressão 35 2.3 A Proposta Triangular: Ana Mae T. Barbosa 36 2.4 Leitura de obras e o ensino de arte 40 2.5 Educação Patrimonial e as visitas a espaços culturais 43 Referências da unidade II 45 3unidade III 3Artes visuais 47 3.1 As artes visuais na escola e a criança 47 3.2 A linguagem visual e suas manifestações 51 3.3 Os elementos básicos da linguagem visual 56 3.4 Metodologias e propostas para o ensino de artes visuais 61 3.5 A avaliação nas atividades de artes visuais na escola 63 3.6 Experiências educativas em artes visuais 64 Referências da unidade III 66 4unidade IV 4Música 67 4.1 A música na escola e a criança 67 4.2 A linguagem musical e suas manifestações 70 4.2.1 Tipos e gêneros musicais 71 Sumário 4.3 Elementos básicos da linguagem musical 74 4.4 Metodologias e propostas para o ensino de música 76 4.5 Avaliação nas atividades de música na escola 83 4.6 Experiências educativas em música 85 Referências da unidade IV 88 Apresentação 5 Apresentação Olá, caro aluno! Iniciaremos agora a disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos para o Ensino de Arte e Música. Seja bem-vindo a mais esta jornada, em que estaremos sempre juntos, pensando sobre o papel e a função da arte, como seu ensino vem sendo desenvol- vido, seus recursos, técnicas e elementos da sua linguagem, e quais possibilidades pedagógicas podem ser utilizadas para que nossas crianças aprendam e se desen- volvam nessa área tão importante do conhecimento. O nosso assunto é amplo e extenso, é muito importante que você se dedique ao máximo, realizando as leituras e assistindo às videoaulas, procurando utilizar todo o seu material de estudo. Fique atento também às leituras complementares, pois elas são importantes e enriquecedoras. Nosso trabalho estará embasado pelos objetivos da disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos para o Ensino de Arte e Música e, a partir disso, desenvol- veremos os seguintes temas: 1 - Breve histórico do ensino de arte no Brasil 1.1 - Da Missão Francesa ao início do século XX 1.2 - As tendências pedagógicas e o ensino de arte 1.3 - Breve histórico do ensino de música no Brasil 2 - O ensino de arte e os dias de hoje 2.1 - A importância da arte na infância 2.2 - Arte como conhecimento e arte como expressão 2.3 - A Proposta Triangular: Ana Mae T. Barbosa 2.4 - A leitura de obras e o ensino de arte 2.5 - A Educação Patrimonial e as visitas a espaços culturais 3 - Artes visuais 3.1 - As artes visuais na escola e a criança 3.2 - As linguagens visuais e suas manifestações Apresentação 6 3.3 - Os elementos básicos da linguagem visual 3.4 - Metodologias e propostas para o ensino de artes visuais 3.5 - A avaliação nas atividades de artes visuais na escola 3.6 - Experiências educativas em artes visuais 4 - Música 4.1 - A música na escola e a criança 4.2 - As linguagens musicais e suas manifestações 4.3 - Os elementos básicos da linguagem musical 4.4 - Metodologias e propostas para o ensino de música 4.5 - A avaliação nas atividades de música na escola 4.6 - Experiências educativas em música Para isso, serão apresentadas temáticas muito importantes para a compreensão dos elementos da linguagem artística e discutiremos outros temas voltados para a reflexão sobre nosso papel como professor no incentivo à aprendizagem. Nossas discussões serão permeadas por vídeos disponíveis na internet e leituras comple- mentares indicadas para que você possa se aprofundar nos assuntos tratados. Nunca deixe de visitar os sites indicados ou de realizar as leituras, pois, além de serem fundamentais para que você compreenda melhor os assuntos, também farão parte do conteúdo das avaliações. A arte é um tema apaixonante, vamos começar? A Professora 7 A Professora Prof.ª Kátia Cilene de Mello Franco Mestre e Doutora em Educação – Psicologia da Educação pela PUC de São Paulo. Participante como Pesquisadora da Cátedra UNESCO de Profissionalização Docente. Pós-Graduada em Artes Visuais pela Universidade São Judas e em Filosofia para Crianças pelo Instituto Véritas; Graduada em Artes Plásticas pela UMC, com formação no Magistério e Habilitação em Educação Infantil. Atua no magistério desde 1983, tendo trabalhado com Educação de Jovens e Adultos no projeto Mobral (alfabetização) e no Colégio Policursos (suplência de ensinos fundamental e médio). Professora de Educação Artística da Rede Pública e Privada nos segmentos da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio. Foi também Professora coor- denadora do Ciclo Básico e do Ensino Noturno na Rede Publica Estadual e Assistente Técnica Pedagógica na Diretoria de Ensino de Suzano. Participante como orientadora da implantação do Projeto de Artes Visuais na Prefeitura de Mogi das Cruzes e como formadora no Projeto Alfabetização Solidária, com experiência em formação de professores em trabalho. Professora Universitária desde 2003, atuou também na coordenação e gestão de cursos de licenciatura e na coordenação de Projetos Integradores. Coordenadora de Pesquisa e Extensão na Braz Cubas até janeiro de 2017, responsável também pela área de Iniciação Científica. Atua como pesquisadora na área da educação, representações sociais e identi- dade e aprendizagem do adulto professor e na produção de material educativo. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/3760129567476816 Introdução 9 Introdução A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a mis- são mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam. Auguste Rodin Caro aluno, aqui começa nossa jornada: falando principalmente da arte e de seu ensino. A frase do escultor Auguste Rodin, que serviu como epígrafe, nos fala da poética que envolve a arte, da sua representação e de seu significado. A palavra arte vem do latim “Ars”, que significa técnica ou habilidade, é uma manifestação humana muito antiga e sempre teve função comunicativa, função esta que sempre esteve muito atrelada às percepções, às ideias, às sensações e às emoções intimamente ligadas a manifestações de caráter estético. É através da expressão que os seres humanos manifestam suas ideias, seus sentimentos e suas emoções. A arte possibilita a criação de símbolos que nos permitem registrar essas expressões. Outra finalidade da arte é contribuir para o apuramento da sensibilidade e do desenvolvimento da criatividade dos seres humanos. Quando falamos em arte, é importante salientar que não está apenas nas grandes galerias e museus, a arte pode estar em toda parte e de diferentes formas,apresentada a partir de diferentes linguagens, como a dança, a música, a arquite- tura, a escultura, a poesia, a pintura, o desenho, o cinema, o teatro, entre tantas outras formas de manifestações. Nesta disciplina, começaremos pelo histórico do ensino de arte para possi- bilitar a compreensão de como a arte, uma das principais expressões do homem, chegou à escola. E não se esqueça, durante todo o nosso trajeto é muito impor- tante que você assista às videoaulas e realize uma leitura atenta de todo o material, dedique atenção especial aos vídeos e aos textos complementares, eles também são muito importantes. Introdução 10 Participe dos fóruns, realize as atividades do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) e se interesse pelo assunto, pesquise e leia. A aprendizagem é um ato de prazer, mas também de muito esforço. Pense nisso! Em nossas aulas, os conteúdos estarão divididos em quatro unidades temá- ticas distribuídas da seguinte forma: Na Unidade I, abordaremos breve histórico do ensino da música e da arte no Brasil, que iniciará com a Missão Francesa, prosseguindo até o início do século XX, faremos uma passagem apresentando as influências das tendências pedagógicas no ensino de artes através do tempo. Na Unidade II, o nosso foco se concentrará no ensino de arte até os dias atuais, abordando a importância dela na infância, as características da arte como conhecimento e como expressão. Além de propor estudo sobre algumas propostas educativas para o trabalho com arte: a abordagem triangular e a iniciação de metodo- logias para a leitura de imagens. Finalizaremos o estudo desta unidade comentando sobre a Educação Patrimonial e a visita a espaços culturais. O estudo especificamente das artes visuais será o assunto da Unidade III, abordando as artes visuais na escola, suas diferentes linguagens e manifestações, estudando um pouco como a humanidade vem produzindo arte através do tempo e em diferentes espaços. Dentro dos elementos visuais, estudaremos como são utili- zadas as formas de fazer arte, buscando relacionar tudo isso a metodologias que possam ser aplicadas na escola e como podemos avaliar essas aplicações. E, finalmente, na unidade IV, será a vez da linguagem musical, seus elementos básicos, estilos musicais, suas diferentes formas de representação, metodologias e propostas de aplicação para o ensino e como avaliar o trabalho desenvolvido. Vamos começar, então? Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 11 1unidade I 1Breve histórico do ensino de arte no Brasil A arte é a expressão da sociedade no seu conjunto: crenças, ideias que faz de si e do mundo. Diz tanto quanto os textos do seu tempo, às vezes até mais. Georges Duby A história da educação brasileira é bem vasta e você já deve ter estudado por quais caminhos passamos para chegar até aqui. A história do ensino de arte não é muito diferente, ela vem acompanhando os contextos sociais e as tendências de cada época, claro que com algumas peculiaridades próprias da área do conhecimento. 1Comando Tabela Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 12 O ensino no Brasil tem seu início com a chegada dos jesuítas em 1559, com o objetivo de catequisar os indígenas. Com o passar do tempo, os jesuítas repro- duziram os modelos de educação europeia voltada para a elite e sem proposta de educação popular. Os primeiros registros sobre a história do ensino de arte no Brasil estão ligados ao ensino da música e podem ser encontrados já no início do processo de colonização. Os jesuítas vieram ao Brasil tendo como primeira e principal atribuição a catequização dos povos indígenas brasi- leiros, e a música foi o recurso de maior destaque utilizado para isso, pois era muito clara a forte ligação dos indígenas com essa linguagem, assim, utilizaram a música no processo de catequese e de aculturação. A música era um instrumento para comunicar a mensagem de fé e para aproximação dos indígenas também. Durante muito tempo, a educação brasileira foi conduzida por eles e para o campo do ensino das artes, os jesuítas consideravam como mais importante o ensino das artes literárias, da música, do canto coral, do teatro e o ensino do latim por motivos religiosos. As artes de ofício, como eram chamadas as atividades manuais, não faziam parte da educação dos homens livres, sendo utilizadas apenas nas missões indígenas ou no treinamento dos escravos. Em 1759, os jesuítas foram banidos pelo Marquês de Pombal, e o alvará de 28 de junho de 1759 nomeou as aulas régias: O Alvará de 28 de Junho de 1759, extinguiu o sistema de ensino baseado nos princípios sustentados pela Companhia de Jesus, que vigoravam havia dois séculos, tornando obrigação do Esta- do garantir a educação gratuita à população, estabelecer suas diretrizes e pagar os professores, subordinados todos a uma po- Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 13 lítica fortemente centralizadora. A partir de então a educação tornava-se leiga, conduzida por organismos burocráticos go- vernamentais e não mais na diretriz dos jesuítas, sem, contudo, abolir o ensino da religião católica nas escolas, que permaneceu obrigatório. (CARDOSO, 2004, p. 200). Mesmo que de forma rudimentar e ainda muito pautada nos preceitos da educação jesuítica, pois as escolas ainda não tinham espaço adequado para as aulas, a educação brasileira começa a sofrer algumas mudanças e o ensino de arte começa a dar seus primeiros passos, sendo inicialmente representado pelo ensino do desenho, com a aula régia de desenho e figura. [...] A permanência praticamente inalterada do sistema das Au- las Régias no Brasil da virada do século XVIII para o seguinte, es- tendendo-se ainda durante todo o primeiro reinado (após 1822 o nome foi mudado para aulas públicas), deveu-se à continuida- de dos modelos de pensamento em nossa elite cultural, o que pouco alteraria durante essa fase. O Ato Adicional à Constitui- ção, promulgado em 1834, teve caráter descentralizador, dando maiores poderes às províncias, que ficaram responsáveis pela gerencia do próprio sistema de ensino, deixando a cargo das oli- garquias locais, o exercício ou não da Educação [...]. (CARDOSO, 2004, p. 77). Neste período, já existiam as escolas conhecidas como “corporação de artistas ou oficinas de artífices e artesãos” (CARDOSO, 2004), que formavam assistentes em que se realizava ensino informal da arte, voltado para a formação de mão de obra para auxiliar os artistas que vinham ao Brasil. Mesmo que de forma rudimentar e ainda muito pautada nos preceitos da educação jesuítica, pois as escolas ainda não tinham espaço adequado para as aulas, a educação brasileira começa a sofrer algumas mudanças e o ensino de arte Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 14 começa a dar seus primeiros passos, sendo inicialmente representado pelo ensino do desenho, com a aula régia de desenho e figura. [...] A permanência praticamente inalterada do sistema das Au- las Régias no Brasil da virada do século XVIII para o seguinte, es- tendendo-se ainda durante todo o primeiro reinado (após 1822 o nome foi mudado para aulas públicas), deveu-se à continuida- de dos modelos de pensamento em nossa elite cultural, o que pouco alteraria durante essa fase. O Ato Adicional à Constitui- ção, promulgado em 1834, teve caráter descentralizador, dando maiores poderes às províncias, que ficaram responsáveis pela gerencia do próprio sistema de ensino, deixando a cargo das oli- garquias locais, o exercício ou não da Educação [...]. (CARDOSO, 2004, p. 77). Neste período, já existiam as escolas conhecidas como “corporação de artistas ou oficinas de artífices e artesãos” (CARDOSO, 2004), que formavam assistentes em que se realizava ensino informal da arte, voltado para a formação de mão de obra para auxiliar os artistas que vinham ao Brasil. Só em 1816, com a Missão Artística Francesa, o ensinode arte em academias teve sua implantação, e anos depois foi fundada a Academia Imperial de Belas Artes. Negra vendendo caju - Jean Baptiste Debret 1827 Disponível em: <https://bit.ly/2UsDWlz>. Acesso em: 06/02/2020. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 15 A história nos revela que as práticas educativas emergem de mobilizações políticas e sociais, que, por sua vez, são reflexo do tempo em que acontecem, é muito importante conhecer esse histórico, para que possamos entender também como se desenvolveu o processo educacional e quais reflexos ainda podemos observar nas formas pelas quais vemos a educação. Nesta unidade, abordaremos a Missão Francesa como ponto inicial da tenta- tiva de institucionalização do ensino de arte no Brasil, as tendências pedagógicas mais marcantes no ensino de arte e breve histórico em que se abordará especifica- mente o ensino da música. 1.1 Da Missão Francesa ao início do século XX Com a chegada, em 1808, de D. João VI, acom- panhado pela Família Real e outros integrantes da nobreza, várias reformas administrativas e socioe- conômicas foram realizadas, procurando adequar a cidade do Rio de Janeiro às novas necessidades impostas pela presença do rei. Entre elas está a chegada da Missão Francesa ao Brasil, em 1816, liderada pelo artista Joachin Lebreton e composta por artistas como Nicolas Antonie Taunay, Jean- Baptiste Debret, Auguste-Marie Taunay, Grandjean de Montigny e Charles-Simon Pradier. Este grupo foi chamado para organizar a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, o que aconteceu nesse mesmo ano, mas a escola só começou a funcionar efetivamente dez anos depois, em 1826, como Imperial Academia e Escola de Belas- Artes, que seria nossa primeira escola de arte, com grande influência da cultura europeia e pautada na concepção neoclássica de arte. A Missão Francesa tinha como objetivo implantar o ensino oficial das artes plásticas no Brasil. Mas, na verdade, o que se diz é que: Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 16 Há duas versões sobre a origem da Missão. A primeira afirma que, por sugestão do conde da Barca, o príncipe Dom João (1767-1826) requer ao marquês de Marialva, então representan- te do governo português na França, a contratação de um gru- po de artistas capaz de lançar as bases de uma instituição de ensino em artes visuais na nova capital do reino. Aconselhado pelo naturalista Alexander von Humboldt (1769-1859), Marialva chega a Lebreton, que se encarrega de formar o grupo. A outra versão3 afirma que os integrantes da Missão vêm por iniciativa própria, oferecendo seus serviços à corte portuguesa. Formados no ambiente neoclássico e partidários de Napoleão Bonaparte, os artistas se sentem prejudicados com a volta dos Bourbon ao poder. Decidem vir para o Brasil e são acolhidos por D. João, es- perançoso de que possam ajudar nos processos de renovação do Rio de Janeiro e de afirmação da corte no país. Recentemente historiadores buscaram um meio termo entre a duas versões, que parece a mais plausível. Fala-se em casamento de interes- ses: por um lado, o rei teria se mostrado receptivo à criação da academia; a par dessa informação, Lebreton, com o intuito de sair da França, teria oferecido seus serviços, arregimentando ar- tistas dispostos a se refugiar em outro país. (Enciclopédia Itaú Cultural) Para Barbosa (2016), durante o século XIX, acreditava-se que o ensino de arte “ameigaria o caráter da pessoa”, que seria muito útil para a educação da mulher em sua vida cotidiana, pois “[...] tocar piano, fazer perfeitas cópias de paisagens, embora de mau gosto, à óleo e carvão, e bordar com perfeição, eram indicadores de educação refinada e de alta classe” (BARBOSA, 2016, p. 39). E como, nos séculos anteriores, no Brasil, não havia indústrias, o conhecimento do desenho técnico não se fazia necessário, as ativi- dades manuais eram destinadas aos escravos e não eram desenvolvidas pelos homens da aristocracia. Mas, com a queda da monarquia e com as grandes mudanças sociais e culturais que ocorreram no Brasil, começa um processo de industrialização que se intensi- Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 17 ficará gradativamente a partir do século XIX. Começa a valorização do ensino de desenho para a formação de mão de obra, lembrando que nesta época a educação brasileira estava pautada nos preceitos do positivismo (Auguste Comte) e, a partir dessa concepção, a arte torna-se importante quando contribui com a ciência. Assim, no ensino, “[...] a arte era encarada como um poderoso veículo para o desenvolvi- mento do raciocínio desde que ensinada através do método positivo, subordinasse a imaginação à observação” (BARBOSA, 2016, p. 70). Já dentro dos preceitos do liberalismo que começava a surgir nesta época e já tinha influen- ciado nossa educação, a arte poderia contribuir para novas invenções e na produção industrial. Pois colabora com a produção industrial. Essa tendência começa aparecer nas reformas dos ensinos secun- dário e superior de 1882 e na reforma do ensino primário, conduzida por um dos principais repre- sentantes do liberalismo brasileiro: Rui Barbosa, que influenciará o ensino de desenho nas duas primeiras décadas do século XX. Esta proposta visava ao ensino do desenho para o trabalho e propunha que não houvesse correção no desenho do aluno, que fosse direcionado para um ensino com base nas formas geométricas, traçados a mão livre e estilização das formas. E, segundo Barbosa (2016), para Rui Barbosa: O desenho deve ser utilizado para auxiliar outras matérias, es- pecialmente a geografia. No Parecer sobre o ensino primário chegou até mesmo incluir numerosos exemplares de mapas confeccionados por crianças para demonstrar a excelência de tal procedimento. (BARBOSA, 2016, p. 60). Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 18 Somente a partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna, o ensino de arte no Brasil começa a ser repensado. Com novas propostas inspiradas nos escritos de Freud e sobre as ideias do expressionismo, começa a utilização da ideia de livre-ex- pressão. Mas: [...] apesar do modernismo, nosso ensino oficial continuou ainda a reservar à arte um lugar inferior, e sua tendência predominan- te continuou sendo a ligação da arte aos valores pragmáticos e técnicos. E nisto, nota-se, pela conceituação do desenho geomé- trico e técnico como formas de arte. Aliás, quando estamos nos referindo aqui à arte no ensino brasileiro desta época, enten- da-se desenho no ensino brasileiro, já que além dele apenas a música era incluída nos currículos e mesmo assim, quase como uma atividade de lazer, onde o aluno ouvia o mestre tocar ou cantava, com o seu acompanhamento, os hinos do país e algu- mas outras canções. (DUARTE JR., 2008, p. 124). Figura 1.1 – A Boba - Anita Malfatti 1915-1916 Disponível em: <https://bit.ly/2SmHkvK> Em 1924, surge a ABE (Associação Brasileira de Educação), que tinha como objetivo a reformulação da educação brasileira e, em 1932, lança o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional”. Neste período de acirradas discussões, também havia acontecido a Reforma Francisco de Campos (1931), que, entre outras reformu- lações, trouxe as disciplinas de Desenho e de Música para o currículo escolar. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 19 No período que se segue, mais precisamente a partir de 1937, com a implan- tação do estado político ditatorial, os processos de discussão foram paralisados, assim como os avanços até ali alcançados. Apenas em 1946, com a promulgação da Nova Constituição Brasileira, tem início as discussões para a elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Mas que: [...] elaborado o projeto, este foi encaminhado à Câmara Federal em novembro de 1948. Começou então, uma longa luta de mar- chas e contramarchas, que iriam resultar na Lei 4.024, votada apenas em dezembrode 1961, isto é, treze anos depois. (ROMA- NELLI, 1998, p. 171). Nessa época, surgiram no Brasil várias experiências para o ensino de arte, como as Escolinhas de Arte, uma proposta inovadora realizada fora do âmbito oficial de ensino. A proposta das Escolinhas de Arte foi difundida rapidamente pelo Brasil, chegando ao número de 140 unidades, dando origem ao MEA (Movimento Escolinhas de Arte). Sua concepção era de uma educação democrática e centrada no aluno para o desenvolvimento da expressão e da individualidade, pautada nos preceitos de educadores ligados à Escola Nova. O próprio Anísio Teixeira explicitou seus objetivos: a) A vivência e a alegria de criar, de realizar, por si só, sem auxílio alheio, algo de concreto e que é valorizado pelo adulto (que o expõe); b) A possibilidade de exprimir desejos, preocupações, alegrias, conflitos, inquietudes [...]; c) Adaptação ao real – as suas limitações exigidas pela necessidade de lidar com instrumento e materiais que importam a dificuldades a vencer [...]; d) A capacidade de melhor compreender a si próprio e aos demais, pela penetração do mundo subjetivo que a arte permite; e) O espírito de disciplina, adquirido na situação real mais favorável, pois que a disciplina estética do ritmo, da proporção, do equilíbrio é uma disciplina natural; Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 20 f) O desenvolvimento de aspectos da personalidade que na educação tradicional são inteiramente abandonados, relativos à sensibilidade, ao sentimento, à emoção (TEIXEIRA apud BRASIL, 1980, p. 63). Outra experiência inovadora foram os Ginásios Vocacionais de São Paulo (1961- 1969), pautada nos pressupostos da Escola Nova, objetivava desenvolver plena e integralmente a personalidade do aluno, incentivando o desenvolvimento de habili- dades e a observação da comunidade. Foi uma proposta experimental desenvolvida em cinco colégios da Rede Estadual Paulista, e no campo do ensino das artes desenvolveram um interessante trabalho em artes plásticas, música e teatro. Mas, por terem um modelo inovador, com proposta educacional ousada que partia do homem real e concreto, inserido em um contexto social com proposta de transformação da sociedade, sofreu fortes represálias do Governo Militar da época até sua completa extinção em 1970. Outra experiência que merece ser citada é a da Universidade de Brasília (1961), idealizada por Darcy Ribeiro, que tinha como proposta começar a Escola de Educação pelo Departamento de Arte-Educação. Para isso, foi convidada a Prof.ª Ana Mae T. Barbosa, na época professora da Escolinha de Arte do Recife, mas a Escolinha não começou a funcionar, pois antes de seu início sofreu intervenção do Exército Brasileiro, que desarticulou o grupo. Sua importância está no fato de ser a primeira experiência de valorização do ensino de arte no ensino superior. Também em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 4.024/61, promoveu avanço na valorização do ensino de arte. Em seu artigo 38, item IV da LDB 4.024/61, o ensino de Arte é contemplado como atividade complementar de iniciação artística, enquanto o ensino de desenho se apresenta como disciplina obrigatória nos currículos de muitos estados brasileiros. Mas, em 1964, as Forças Armadas Brasileiras, com a derrubada do Governo, dará início à ditadura militar. Nessa época, vários educadores socialistas e demo- cratas, como Anísio Teixeira e Paulo Freire, foram perseguidos e expulsos do País. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 21 Entre as mudanças ocorridas pelos acordos MEC-USAID, foi elaborada uma nova LDB, a Lei 5692, de 1971, que reformulou o ensino de primeiro e de segundo graus. Na LDB 5.692/71, a disciplina de Educação Artística é incluída nos currículos das escolas de primeiro e de segundo graus. O fato de o ensino de arte ter sido obri- gatório a partir da Lei 5.692/71, não garantiu mudança significativa no processo de ensino-aprendizagem em arte nas escolas. Devido às dificuldades enfren- tadas pelos professores que atuavam nessa área, pela falta de condições de ensino e de trabalho ou pela má-formação, já que eles atuavam em áreas isoladas do conhecimento, por exemplo, como professores de canto coral ou de artes manuais, começaram a surgir, na década de 1980, encontros de professores e, a partir daí, formou-se a Associação e Arte-Educadores do Estado de São Paulo, que inspirou a formação de associa- ções em outros estados brasileiros; e para o intercâmbio dessas associações foi fundada, em 1984, a Federação dos Arte-Educadores do Brasil (FAEB). Essas associações tiveram papel muito importante no desenvolvimento do ensino de Arte no Brasil. 1.2 As tendências pedagógicas e o ensino de arte O ensino de arte passou por muitas mudanças, com influências pedagógicas distintas em vários momentos da história da educação brasileira, e desde o início do século XX, o ensino de arte no Brasil vem passando por diversas modificações, que afetaram sua forma de ser entendia como concepção e suas maneiras de ser apli- cada. Dentro desse quadro é possível destacar três correntes: A concepção Tradicionalista; Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 22 A concepção Tecnicista. A concepção Escolanovista; Com início no século XIX até as primeiras décadas do século XX, era a Pedagogia Tradicional que orientava o ensino de desenho em nosso país. De acordo com essa concepção, o aluno deve assimilar os conteúdos a partir de treinos, repetição e memorização, a partir de aulas expositivas do professor, que devem seguir uma sequência linear e progressiva. Nesta visão de ensino, os conteúdos valorizados nas aulas de artes eram os considerados úteis para a preparação profissional, entre eles o desenho de ornatos e o desenho geométrico, que eram realizados a partir de cópias para o desenvolvi- mento da coordenação motora e da percepção visual. Além do desenho, a partir da década de 1950, e sob as mesmas orientações, também passaram a fazer parte do currículo das escolas as disciplinas música, canto orfeônico e trabalhos manuais. Ainda neste período, entre as décadas de 1930 e 1940, aparece o movimento da Escola Nova, também conhecida como Escolanovismo, que contrapunha as concepções da Escola Tradicional. Essa nova concepção buscava uma educação mais adequada ao mundo em que estavam vivendo naquele momento, valorizando o aluno como centro da aprendizagem, almejando sua formação integral a partir de um processo de descoberta do conhecimento. Ao que se refere ao ensino de arte, houve valorização dos processos psicológicos, afastando as aulas das cópias e exercícios de repetição. Mas algumas distorções acabaram levando o ensino de arte para a mera livre-expressão, afastando-se também da área do conhecimento em artes. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 23 Já em 1971, com a implantação da Lei 5692/71, começa no Brasil a expansão do modelo Tecnicista de educação, que propunha que a escola funcionasse como uma empresa, com o objetivo de atender uma demanda que amparasse o crescimento industrial e tecnológico. Para isso, a proposta era que o professor planejasse seus conteúdos de forma racional, com objetivos claros a serem cumpridos, sem que para isso o aluno precisasse refletir sobre as propostas, mas apenas cumpri-las. As aulas começaram a ser dirigidas a partir de livros didáticos e apostilas, em que não havia a expressão do aluno, nem a preocupação com o desenvolvimento da sua criatividade. A partir daí, novas concepções foram sendo adotadas e incorporadas pelo ensino de arte nas escolas e, na década de 1990, sentiu-se a necessidade de oficializar a luta pela inclusão da disciplina de artes nas escolas brasileiras. Após a promul- gação da nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Lei 9394/1996, foram elaborados osParâmetros Curriculares Nacionais (PCN), com o objetivo de estabelecer alguns parâmetros para os professores para atender a nova concepção de educação que a lei contemplava. Para o ensino de arte, os PCN defendem uma aprendizagem significativa, que supere a tendência tradicional e tecnicista que ainda hoje se apresenta em muitos espaços educativos. Os PCN defendem que a arte seja trabalhada em sala de aula como expressão, com o obje- tivo de desenvolver no educando a capacida- de de se expressar e saber comunicar-se por meio das artes, e também que esse trabalho siga a perspectiva de proporcionar aos edu- candos a autoconfiança com a sua produção artística e o respeito com a produção dos cole- gas, compreendendo a arte como uma área do conhecimento e da expressão do ser humano. Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 24 Tendências recentes para o ensino de Arte. Leia o trecho que vai da página 78 à página 103. Importante! As recomendações de leitura são muito importantes para o aprofunda- mento do conhecimento, e também compõem os conteúdos abordados nos fóruns e avaliações. Hoje, as discussões sobre esse assunto estão em torno da Base Nacional Comum Curricular, que está sendo implantada e que você terá a oportunidade de discutir nesta disciplina. 1.3 Breve histórico do ensino de música no Brasil Os jesuítas vieram ao Brasil (1549) tendo como primeira e principal atribuição a catequese dos povos indígenas brasileiros, e a música foi o recurso de maior destaque utilizado para isso, pois era muito clara a forte ligação dos indígenas com essa linguagem. Assim, utilizaram a música no processo de catequese e de acultu- ração, usavam a música para comunicar a sua mensagem de fé e para se aproximar dos indígenas também. Com o passar do tempo, uma elite de brancos e mestiços foi se formando no terri- tório brasileiro, e um novo modelo de educação, mais parecido com os apresentados na Europa, foi sendo desenvolvido pelos jesuítas. Esse modelo funcionava em forma de internato e havia controle rigoroso dos alunos que deve- riam participar das cerimônias religiosas e de outras festividades onde o canto era sempre muito presente, principalmente o cantochão. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 25 Conheça mais: Para saber mais sobre o cantochão, leia o texto indicado em sua midiateca, busque pelo título: Cantochão, a beleza do canto gregoriano, aproveite para assistir ao vídeo de uma apresentação de cantochão. É realmente imperdível! Em 1759, com a expulsão dos jesuítas, mudanças começaram a ser introdu- zidas no sistema escolar brasileiro, e depois de um período em que o fechamento dos colégios jesuítas causou grande desestruturação no sistema existente e juntamente com as escolas religiosas não jesuíticas (carmelitas, franciscanas etc.), começam a surgir as escolas leigas (não religiosas) que acabaram por assumir orientação muito parecida com a jesuítica e mantiveram o ensino de música com a mesma conotação religiosa, o que prevaleceu durante o período colonial, compreendido de 1500 a 1822. Na concepção tradicionalista, o ensino de música era desenvolvido de forma extremamente teórica, não havendo a prática musical. Os exer- cícios realizados eram baseados em cópias e repetidos, e, como nas outras áreas do conhecimento, a música era trabalhada com foco nos programas e no professor, que era considerado o único detentor do saber. No período em que a concepção da Escola Nova estava no auge, o ensino de música se fortaleceu muito, inclusive na década de 1930, foi instituído o ensino de canto orfeônico, uma proposta que envolvia a música a uma prática artística, e que foi desenvolvida por Heitor Villa-Lobos. Villa-Lobos, grande compositor brasileiro, imbuído por um sentimento extrema- mente nacionalista, via a música como forma de incentivar o civismo e o patriotismo, e conseguiu que a música fosse incluída como disciplina obrigatória em todas as escolas, do curso primário ao ginasial, propondo uma metodologia para a formação de coral, criada por ele mesmo, o canto orfeônico. Dentro da perspectiva da educação escolanovista, o programa da disciplina de música deveria contar com elementos orfeônicos, gráficos, rítmicos, harmônicos e melódicos da música, além da história e da análise musical. Breve histórico do ensino de arte no Brasilunidade I 26 Havia preocupação em fazer com que o aluno compreendesse o som e desenvolvesse uma consciência sobre o ritmo, o intervalo e os demais elementos da música. Em 1961, com a implantação da LDB, o Canto Orfeônico foi substituído pela Educação Musical. Nessa época, começavam a ser divulgados no Brasil os métodos ativos, e o aluno deveria fazer parte da aprendizagem, participando do processo de ensino- -aprendizagem e começa a despontar uma preocupação com o desenvolvimento global. A criatividade começa a ser valorizada, mas de uma forma que aos poucos chega à banalização devido à inconsistência de sua aplicação. Com a implantação da nova LDB 5.692/71, o ensino volta a ser reestruturado e a música passa a ser um conteúdo da disciplina de Educação Artística. Depois, houve a implantação da Lei 9.394/96 e dos PCN. E outras mudanças foram acontecendo. Retornaremos aos estudos com mais profundidade sobre a proposta para o ensino de música durante a unidade IV. Aprendemos que: O Ensino de arte no Brasil começou de forma não institucional, logo após a nossa colonização, e passou por várias mudanças, sempre acompa- nhando o pensamento da época. Aprendemos, também, que entender os acontecimentos passados nos faz compreender melhor os acontecimentos atuais. As tendências pedagógicas influenciaram e ainda influenciam o ensino de arte na escola brasileira e é essencial que se repense as formas de se ensinar arte, pois hoje a escola precisa exercer o seu papel de contex- tualizadora do momento em que vivemos, resgatando a nossa história e propiciando momentos de reflexão, criação e de discussão dos conteúdos aprendidos. Breve histórico do ensino de arte no Brasil unidade I 27 Referências da unidade I BARBOSA, Ana Mae Tavares. A arte-educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2008. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Escolinhas de Arte no Brasil. INEP, 1980. CARDOSO, Tereza Fachada Levy. As Aulas Régias no Brasil. In: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara (org.). Histórias e memórias da educação no Brasil. v. 1: séculos XVI – XVIII. Petrópolis: Vozes, 2004. DUARTE JR., João Francisco. Fundamentos Estéticos da Educação. Campinas: Papirus, 2008. ROMANELLI, O. O. História da educação no Brasil (1930/1973). 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. ZAGONEL, Bernadete. Arte na educação escolar. Curitiba: IBEPX, 2008. __________. Tendências Recentes para o Ensino de Arte. In: Arte na Educação Escolar. Curitiba: IBEPX, 2008. EGMUSIC CLASSIC. Cantos gregorianos místicos – monges beneditinos (sinos) – Catholic Chants. YouTube. Disponível em: <https://goo.gl/agqg1i>. Acesso em: 20/02/2018. ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRAS. Missão artística francesa. São Paulo: Itaú cultural, 2018. Disponível em: <https://goo.gl/9r7ZoT>. Acesso em: 15/02/2018. O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 29 2unidade II 2O ensino de arte e os dias de hoje A arte é representação do mundo cultural com significado, imagi- nação; é interpretação, é conhecimento do mundo; é expressão de sentimentos, da energia interna, da efusão que se expressa, que se manifesta, que se simboliza, é fruição. Ao mesmo tem- po, é conhecimento elaborado historicamente, que traz consigo uma visão de mundo, um olhar crítico e sensível, implicado de contexto histórico, cultural, político, social e econômico de cada época. Najla Tavares Ujiie 2Comando Tabela O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 30 Desde os tempos mais remotos, osseres humanos produzem arte e se expressam por meio desta linguagem, utilizando-se de símbolos individuais e sociais para se comunicar, e a arte está por toda parte, inclusive na escola. Há muito se vem discutindo qual o papel da arte na escola e o que se sabe muito bem é que um dos papéis mais importantes da escola é o de alfabetização. Os americanos já desistiram de acreditar que a boa educação popular deve se restringir, principalmente, a ensinar a ler, escre- ver e contar. Viram que a mecanização dessas três técnicas de- senvolve pouco a capacidade de pensar, que a comunicação não se limita ao universo da escrita e da quantidade, que a aprendi- zagem destas habilidades básicas somente capacita para a vida se tiver sido feita através do conhecimento interpretativo do mundo. (BARBOSA, 1888, p. 80). Dica de leitura: Leia o texto: O ensino de Arte na Escola Brasileira, da página 47 à página 68, do livro Arte na Educação Escolar, de Bernadete Zagonel, Editora IBPEX, 2008, disponível para você na Biblioteca Virtual da universidade. Nele, você encontrará uma retomada sobre o histórico do ensino de arte e uma síntese sobre como foram organizados e como apresentam o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, os Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Arte – ensino fundamental, em artes visuais, dança, música e teatro e os Parâmetros para a área de Arte – Ensino Médio. Essa atividade é muito importante para continuarmos nosso assunto, leia o texto e depois volte aqui. O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 31 Importante! As recomendações de leitura são muito importantes para o aprofunda- mento do conhecimento e compõem os conteúdos abordados nos fóruns e avaliações. 2.1 A importância da arte na infância Todos nós já pudemos ver uma criança brincando, criando montanhas e pontes, inventando jardins secretos e mundos diferentes com animais espetaculares realizando coisas inacreditáveis. Nestas construções imaginárias, que também são estéticas, a criança cria relações entre aquilo que vê e aquilo que pensa em diferentes formas de se expressar. É preciso que se dê espaço para a criança criar na escola também, é neces- sário que ela possa se expressar, é preciso observar seu desenvolvimento, conhecer o que ela pensa, o que tem a dizer, qual a sua visão de mundo, seus sentimentos. Precisamos nos libertar e libertar a criança também: A cor, por exemplo, é também um dado importante. Envolvida com as formas, a criança utiliza a cor, inicialmente, apenas como decoração. O cabelo pode ser roxo ou vermelho: a pele, azul. Concomitantemente com a organização espacial nascerá a orga- nização das cores. É uma descoberta maravilhosa! Por que inter- ferir mandando pintar a árvores sempre com troncos marrons e copas verdes? As copas são sempre verdes? E as quaresmeiras e ipês floridos? E a variedade de tons? (MARTINS, 1988, p. 84). O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 32 A arte é forma de expressão e, segundo Martins (1988), faz parte da vida da criança como leitura de mundo e como expressão pessoal, que pode ser plástica, sonora, dramática ou verbal. Independentemente da educação, a Arte faz parte da vida da criança. Nasce espontaneamente, como uma necessidade, me- diando criança e mundo, isto é, propiciando por si mesma uma leitura de mundo, captação da realidade, e a expressão pessoal desta leitura. Isto é realizado através das Artes Plásticas – do de- senho, da pintura, da escultura, do trabalho na areia, na terra... – da Música – de suas cantigas e acalantos, dos sons e ritmos que inventa... - das Artes Cênicas – dos jogos de faz-de-conta, do brincar de casinha, de professora, de TV, de montar barracas e fazer piqueniques imaginários... - da expressão verbal – de suas falas em prosa e verso. Estas formas da expressão pessoal de sua leitura particular de mundo são importantes para a leitura da palavra. (MARTINS, 1888, p. 81). É claro que a leitura de mundo não é uma atividade restrita à área das Artes, mas ela contribui em muito no desenvolvimento da sensi- bilidade e da criatividade para a aquisição da capacidade de ler o mundo. A contribuição da Arte nesta leitura se faz na expressão pessoal dessa realidade lida. O que leio (pelos olhos, por todos os senti- dos, pelas minhas sensações, intuições, sentimentos, pelas mi- nhas sensações, intuições, sentimentos e pensamentos) passa pelas minhas referencias pessoais e volta ao mundo através das Artes Plásticas, da Música, das Artes Cênicas, da Literatura ou qualquer outra linguagem artística, executada por todo indiví- duo, seja crianças, adolescente, adulto, artista ou não. É este o caráter prioritário da Arte, é sua contribuição específica. (MAR- TINS, 1888, p. 82). O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 33 Normalmente, o que se vê nas escolas, especialmente de Educação Infantil, são duas concepções dominantes no ensino de arte, uma que se utiliza de abordagem espontaneísta e outra que se pauta numa abordagem pragmática. A abordagem espontaneísta ou inatista é orientada pela visão de que a criança tem seu próprio modo de elaborar a linguagem gráfico-plástica, de forma inata, e que, ao professor, cabe apenas oferecer materiais sem intervenção pedagó- gica, deixando que as crianças criem livres, não importando o processo de aquisição desses saberes, restringindo-se apenas a elogiar sem critérios. O processo é o mais valorizado e não o produto final, que normalmente vai para as pastas. As crianças desenham, pintam, colam, modelam, constroem com sucatas durante um espaço de tempo e concluem, o pro- fessor guarda nas pastas ou coloca nos pregos da sala de aula. O processo é importante, o produto realizado é um resultado que não é questionado. (CUNHA, 2012, p. 25). O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 34 Na abordagem pragmática ou empirista, o foco da aplicação das ativi- dades está na utilizada que elas terão no desenvolvimento da motricidade ou no preparo da coordenação motora para a escrita, aplicando muitos exercícios de contenção (recortes predeterminados por linhas, pintura de formas já dese- nhadas...) ou de reprodução de algo que é apresentado. Neste caso, o produto é o mais valorizado e mostrado aos pais para apresentar o avanço da criança, o processo expressivo é deixado de lado e normalmente a produção de todas as crianças é muito semelhantes, devido ao atendimento da orientação do professor, e é dai que começam a utilizar os estereótipos. Em geral, os registros resultantes da concepção empirista são semelhantes, uma vez que as crianças respondem com as mes- mas formas diante da ordem do professor. Assim, vão sendo construídos estereótipos formais, espaciais, colorísticos, te- máticos e também conceituais, tendo em vista que as crianças deixam de ler e representar o mundo a partir de seus próprios referenciais reais e imaginários. Desde muito cedo, as crianças aprendem que seu limite para imaginar está confinado a retân- gulos e recortes do mundo feitos pelos adultos. Aprendem que os outros são detentores dos saberes. Aprendem que precisam de modelos para seguir as linhas predeterminadas de suas vi- das. Aprender a ser silenciosas e subservientes ao amassarem bolinhas de papel crepom. Aprendem a respeitar modelos e posturas quando tem minutos para executar um trabalhinho. Aprender a ser consumidoras e não produtoras de imagens ao colorirem os desenhos distribuídos pelos professores. Apren- dem a não serem pessoas que sentem, pensam e transformam. (CUNHA, 2012, p. 26). O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 35 Assim, tanto a concepção defendida pela abordagem espontaneísta, quanto a defendida pela abordagem pragmática, seguem desconsiderando que a aprendi- zagem se dá por meio da mediação entre a criança e o meio, relacionando-se com o que já sabe e com o que é novo, com seus pares e com o adulto. O ideal paraa aprendizagem em arte em qualquer nível é que sejam proporcio- nados momentos em que seja possível a relação do aprendente com o objeto de aprendizagem e “com intervenções pedagó- gicas que desvelem e ampliem os saberes individuais e coletivos, relacionando-os aos elementos da cultura da qual emergem com aqueles historicamente acumulados” (CUNHA, 2012, p. 27). Um livro excelente que orienta muito bem o trabalho com artes junto às crianças é “As Artes no Universo Infantil”, organizado por Susana Rangel Vieira da Cunha e publicado pela Editora Me- diação em 2012. Este é um livro muito interessante para você ter em seu acervo, pois, além de orientações sobre questões teóricas, ele traz mui- tas sugestões para serem aplicadas com as crianças. 2.2 Arte como conhecimento e arte como expressão A arte é uma linguagem, é uma forma de expressão humana, uma forma de construção e reflexão. Uma manifestação artística, além de conter criação e inovação, vem sempre imbuída de algum tipo de conhecimento, seja ele simbólico, seja científico, prático ou filosófico, expressando nossas representa- ções reais ou imaginárias. Para Barbosa (2003): O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 36 Por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a imagi- nação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (Barbosa, 2003, p. 18). 2.3 A Proposta Triangular: Ana Mae T. Barbosa Denominada, inicialmente, como Metodologia Triangular, a abordagem elaborada por Ana Mae Tavares Barbosa, uma das principais pesquisadoras e refe- rência para o ensino de arte no Brasil, teve sua designação alterada para Proposta Triangular, pois, segundo a autora: Hoje, depois de anos de experimentação, estou convencida de que metodologia é construção de cada professor em sua sala de aula e gostaria de ver a expressão Proposta Triangular substituir a prepotente designação Metodologia Triangular. Em arte e em educação, problemas semânticos nunca são apenas semânticos, mas envolvem conceituação. (BARBOSA, 1998, p. 33). A Proposta Triangular foi elaborada na década de 1980, a partir de experiências desenvolvidas pela própria Ana Mae no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP), entre 1987 e 1993, a partir do acervo do museu, procurando englobar vários elementos em busca de um ensino de arte significativo que não reproduza modelos, nem se paute na prática da livre expressão, busca trabalhar em todas as linguagens artísticas eixos que abordem a leitura do objeto de arte (a apreciação, a interpretação), o objeto ou campo de sentido da arte (a contextualização, a análise) e prática artística (o fazer). Assim, o termo triangular refere-se aos três eixos que fundamentam a proposta: • O fazer arte - a criação • O conhecer arte - a contextualização • O apreciar arte - leitura da obra de arte O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 37 Essa proposta de triangulação foi experimentada também na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, entre 1989 e 1992, período em que Paulo Freire foi Secretário de Educação do Município de São Paulo. Em seu início, o projeto foi implantado e conduzido por Ana Mae e, posteriormente, foi coordenado por Regina Machado e Christina Rizzi. Essa experiência teve resultados muito positivos. Também em 1989, concomitantemente com a experiência realizada nas escolas municipais de São Paulo, com a coordenação das professoras e pesquisadoras Analice Dutra Pillar e Denyse Vieira, e tendo sido desenvolvida com salas-controle de alunos de quinta série do ensino fundamental das redes pública e privada de ensino de Porto Alegre, a Proposta Triangular fundamentou uma pesquisa financiada pela Fundação IOCHPE, em que a leitura da obra de arte era realizada por meio do vídeo. Segundo Barbosa (1998): O resultado foi que as crianças que tiveram um ensino baseado na Proposta Triangular (com uso do vídeo), ao fim do semestre, haviam se desenvolvido mais, tanto na criação artística quanto na capacidade de falar sobre arte. (p. 36). A Proposta Triangular indica um caminho em que os três eixos, o fazer arte, o apreciar arte e o conhecer arte, estejam juntos em um trabalho significativo em sala de aula. Como não se propõem a ser uma metodologia, cada eixo pode ser abordado de diferentes formas e em sequências diversas, não havendo regra que determine por qual deles se deve começar, isso dependerá da intenção de sua aplicação. Dentro desta proposta, o fazer artístico possibilita desenvolver um processo próprio de criação e deve desenvolver habilidades para o exercício da percepção, fantasia e imaginação criadora. Para isso, o fazer artístico deve contemplar as diversas linguagens e a criação do aluno deve se dar por intermédio de atividades também diversas, em que não estejam presentes cópias ou exercícios de repetição. Porém, é um erro apenas oferecer ativi- O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 38 dades do “fazer arte” em que o foco esteja sempre nas releituras de obras, sendo essencial que sejam propostas alternativas que estimulem o aluno a buscar novas vivências e ter o contato com diferentes formas de produzir artisticamente. Conheça mais: Também é importante que você saiba que releitura não é cópia e para compreender melhor isso, leia o texto “Releitura e Cópia”, disponível em seu AVA, a fonte deste texto é a pesquisa de Maria Rita de Lima Torres, inti- tulada “A importância da leitura de imagens para o ensino e aprendizagem em Artes Visuais”, de 2011, páginas 23 e 24. No eixo que se destina à apreciação, o recomendado é que sejam usadas refe- rências dos mais diversos tipos, é muito importante que o aluno tenha contato com diversos tipos de linguagem, de diferentes estilos e épocas, inclusive com obras do seu tempo e com imagens da mídia. Lembrando sempre que um processo de apre- ciação nunca é neutro, ele sempre estará influenciado por nossas vivências, nosso repertório, pelas representações que temos das coisas e, segundo Ana Mae: Leitura da obra é questionamento, é busca, é descoberta, é o despertar da capacidade crítica, nunca a redução dos alunos a receptáculos das informações do professor, por mais inteligen- tes que eles sejam. A educação cultural que se pretende com a Proposta Triangular é uma educação crítica do conhecimento O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 39 construído pelo próprio aluno, com a mediação do professor, acerca do mundo visual e não uma “educação bancária” (BAR- BOSA, 1998, p. 40). Partindo do que diz Ana Mae Barbosa (1998), na etapa da apreciação é essen- cial que o aluno tenha liberdade para se expressar, podendo observar a obra na sua totalidade, é o momento de olhar/ouvir, ter o primeiro contato com o objeto artístico, momento de sentir e contemplar. É também um momento para se pensar sobre o que vê/ouve, o que sente ao ver/ouvir, qual o entendimento sobre o que se vê/ouve, quais são os elementos compositivos, como estão estruturados esses elementos, entre muitos outros aspectos. A leitura de um objeto de arte, tenha ele origem em qualquer uma das lingua- gens artísticas, nos ajudará a clarificar problemas, a entender a nossa experiência em arte, a tomar decisões etc., pois, como destaca Barbosa (1998), a aprendizagem da arte é essencial, sendo a apreciação de imagens fundamental para a formação do indi- víduo que, a partir dela, pode desenvolver habilidades como fluência, flexibilidade, elaboração e originalidade, que se constituem como pilares do desenvolvimento do potencial criativo. Na Proposta Triangular, a etapa da contextualização é o momento em que é possível fazer análise sócio-histórica da obra, das caracte- rísticas do movimento artístico, da época, do estilo do artista e da técnica empregada (o que ofereceao aluno a possibilidade de conhecer outros contextos) de outras formas de signi- ficar ou ressignificar a realidade. A contextualização propicia ao aluno a oportunidade de relacionar-se com a arte de diversas épocas e estilos, conhecendo os diferentes elementos que fazem parte da sua composição. O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 40 Para a compreensão de forma geral da Proposta Triangular, observe a síntese elaborada na tabela a seguir: Tabela 2.1 – Proposta Triangular para o Ensino da Arte - de Ana Mae Barbosa Eixos norteadores Descrição Contextualização Contextualização da obra de arte. Conhecer/analisar a história da obra e o contexto de sua produção, bem como o artista e a época em que foi produzida, relacionando-a com o contexto atual, pensando a obra de arte de forma mais ampla, para, consequentemente, ampliar o conheci- mento em arte. Leitura da obra de arte/apreciação Apreciação, percepção, sensibilização, leitura de imagem por meio da gramatica visual. Conhecer os elementos visuais da obra, para descobrir e discutir questões que ela revela. Conhecer a obra e compará-la com obras e artistas de outras épocas ou não, interpretando-a subjetivamente. Fazer artístico Momento de criação, produção, de representação e expressão artística. A obra observada é uma boa refe- rência para estimular o indivíduo a criar artisticamente, experimentando diferentes linguagens, sem que seja uma cópia ou modelo estereotipado da obra observada. Deve-se preservar a criatividade e a livre expressão na criação de uma nova obra. Fonte: Revista Imagens da Educação, v. 3, n. 2, p. 74, 2013 2.4 Leitura de obras e o ensino de arte O mundo é um emaranhado de sons e imagens, todos os dias nós nos depa- ramos com milhares deles, encontramos estímulos visuais e sonoros o tempo O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 41 todo, mas, muitas vezes, não nos damos conta e passamos por tudo isso de forma despercebida. Aprender a ler imagens na escola nos habilita a ver o mundo de outra maneira, de forma mais atenta. Pois: [...] a leitura de imagem se relaciona diretamente com o estudo do alfabetismo visual, pelo fato de ser importante e necessário o indivíduo buscar compreender a comunicação de informações ou ideias por meio da decodificação dos elementos figurativos presentes nas imagens, o que vai ser fundamental para o ato de se comunicar visualmente na sociedade contemporânea. (ARAU- JO e OLIVEIRA, 2013, p. 72). Nas décadas de 1970 e 1980, vários autores elaboraram métodos de leituras de imagem, entre elas, escolhemos duas. Uma delas foi elaborada em 1970, por Edmund Burke Feldman, e conhecida como o Método Comparativo; com o objetivo de produzir uma leitura crítica, o método sugere que se utilize duas ou mais obras para que se possa estabelecer critério de comparação, em que se deve apontar dife- renças e semelhanças. Edmund Feldman organizou este método em quatro etapas: Tabela 2.2 – O método comparativo – Edmund Feldman Estágios Descrição Descrever Identificar o que se vê na obra visual, apenas o que está evidente. Analisar Identificar na obra elementos da composição visual, esta- belecendo relações entre os elementos. Interpretar Dar sentido ao que observou na obra, procurando identi- ficar quais os sentidos, ideias, sentimentos e expressões intencionais pelo autor. Julgar Emitir juízo de valor sobre a obra, se ela é importante ou não, se tem qualidade estética. Fonte: Revista Imagens da Educação, v. 3, n. 2, p. 74, 2013 O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 42 A outra escolhida é a proposta que mais influenciou a elaboração da Proposta Triangular, o Método Image Watching (Olhando Imagens), elaborado por Robert William Ott, em 1980, que tinha o foco no desenvolvimento estético e o conheci- mento em arte e que se organizava em seis etapas: Tabela 2.3 – Image Watching - Willian Ott Estágios Descrição Aquecer/sensibilizar Preparação do material visual/obra de arte que será apreciada. Descrever Descrever os aspectos formais da imagem Analisar Analisar conceitos formais da obra visual, como o artista organizou a sua composição visual. Interpretar O leitor interpreta a obra visual, apontando quais sentimentos lhe são trazidos, ideias ou sensações. Fundamentar É ampliado ao leitor o conhecimento da obra visual por meio do contexto, da história da obra. Revelar O fazer artístico (produção) sobre a obra observada. Fonte: Revista Imagens da Educação v. 3, n. 2, p. 72, 2013 Ainda temos outras propostas realizadas, que têm a mesma qualidade, como as elaboradas por Abigail Housen, em 1983, e por Michael Parsons, em 1992. O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 43 Dica de leitura: Para observar a aplicação de um desses métodos, acesse o texto: “Teorias de Apreciação Estética”, disponível em seu AVA. A fonte deste texto é a pesquisa de Maria Rita de Lima Torres, intitulada “A importância da leitura de imagens para o ensino e aprendizagem em Artes Visuais”, de 2011, páginas 25 a 28. Realize leitura e responda aos questionamentos. Agora, tente você, a partir do roteiro aplicado no texto: substitua a obra de Di Cavalcanti por outra obra escolhida por você e elabore um roteiro de leitura. 2.5 Educação Patrimonial e as visitas a espaços culturais Outro ponto relevante a ser tratado é a importância do contato direto com a obra de arte, com apresentações ou manifestações artísticas e com os espaços culturais ou patrimoniais. A educação patrimonial pode se dar por meio da visitação a espaços culturais públicos ou privados. Esse tipo de vivência é um recurso muito importante para a sensibilização do indivíduo para a compreensão da importância da arte e de sua preservação, e ainda possibilita a promoção de novas reflexões, o desenvolvimento do senso crítico e a ampliação do conhecimento sobre a arte e sobre o mundo. Mas, para que esse tipo de atividade tenha valor educativo, o professor precisa se planejar e, assim, possibilitar situações de aprendizagem que sejam significativas. É preciso organizar a visita de forma a ter claros os objetivos da proposta, cada uma das etapas que serão realizadas e o ponto de engajamento com aquilo que vem sendo trabalhado no contexto escolar, assim, a visita será um momento de ampliação da aprendizagem. Deste modo, a visita pode ser organizada da seguinte maneira: O ensino de arte e os dias de hojeunidade II 44 Ações que devem ser desenvolvidas antes da visitação • O professor deve conhecer o local antes. • Preparar os alunos com uma aula que apre- sente o local a ser visitado. • Elaborar um roteiro de visita, que deve ser apresentado ao aluno antes da visita. Ações que devem ser desenvolvidas no momento da visitação • Conduzir a visita ou, se houver um monitor, primeiramente deve acompanhar a visita e depois assumir a condução, apontando elementos que estejam relacionados aos seus objetivos. • Garantir um espaço para que os alunos esco- lham o que querem ver livremente. Ações que devem ser desenvolvidas após a realização da visitação • Colocar em discussão as impressões, curiosi- dades e constatações que os alunos fizeram. • Propor atividades que deem continuidade ao processo de aprendizagem. Esse mesmo roteiro pode ser utilizado para a exploração de patrimônios cultu- rais ou de paisagens culturais, o que proporciona contato com um amplo ambiente de estudo. Aprendemos que: A arte é um componente curricular indispensável na escola, contribui para a formação integral do aluno. O objeto de arte ou a manifestação artística é, de alguma maneira, um tipo de diálogo entre o ser humano e o meio, portanto revela, além de seus sentimentos, a sua forma de compreender o mundo, combinando razão e emoção. A Proposta Triangular é uma abordagem para o ensino de arte, que indica um caminho de ensino aprendizagem orientado por três eixos: o fazer arte,o apreciar arte e o conhecer arte, e que estejam juntos em um trabalho significativo em sala de aula. Aprender a ler imagens na escola nos habilita a ver o mundo de outra maneira. O ensino de arte e os dias de hoje unidade II 45 Referências da unidade II ARAUJO, Gustavo Cunha; OLIVEIRA, Ana Arlinda. Sobre métodos de leitura de imagem no ensino da arte contemporânea. Universidade Federal de Mato Grosso. Revista Imagens da Educação, v. 3, n. 2, p. 70-76, 2013. Disponível em: <https://goo.gl/ pUV9cC>. Acesso em 18/02/2018. BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2003. ______. A imagem no ensino da arte. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998. ______. Educação Artística no Ciclo Básico. In: Ciclo Básico em Jornada Única, uma nova concepção de trabalho Pedagógico. São Paulo, FDE, v.1, 1988. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins. Arte no ciclo básico: o papel do especialista. In: Ciclo Básico em Jornada Única, uma nova concepção de trabalho Pedagógico. São Paulo, FDE, v. 1, 1988. TORRES, Maria Rita de Lima. A Importância da Leitura de Imagens para o Ensino e Aprendizagem em Artes Visuais. 2011. Disponível em: <https://goo.gl/hWBq3s>. Acesso em: 15/02/2018. ZAGONEL, Bernadete. O ensino de arte na escola brasileira. In: Arte na Educação Escolar. Curitiba: Editora IBPEX, 2008. Artes visuais unidade III 47 3unidade III 3Artes visuais 3.1 As artes visuais na escola e a criança Em todas as áreas do conhecimento é sempre muito importante que o professor reflita se esta oferecendo oportunidades de desenvolvimento para as crianças, em especial oportunidades de se expressarem e de criarem, respeitando-as em suas possibilidades de resposta e na maneira como veem o mundo. O desenho é uma das formas que temos para nos expressar, isso acontece desde os primórdios das civilizações, e para a criança trata-se de uma maneira muito significativa e prazerosa de expressão e de representação. 3Comando Tabela Artes visuaisunidade III 48 Ao contrário do que muitos pensam, para a criança, nem sempre é importante atribuir um significado a seus desenhos ou rabiscos, muitas vezes eles são resultados da experiência expressiva que ela realiza no contato com o material, experimentando formas, cores, suportes e materiais. É com o passar do tempo, e após esse período de descoberta, que a criança começa a depositar uma intencionalidade naquilo que está fazendo e é nesta fase que ela começa a colocar seus pensamentos e emoções em seus desenhos, mas mesmo assim ainda podemos encontrar nessa atividade uma brincadeira com a realidade. O grafismo infantil ou as etapas e estágios do desenho infantil é um tema abordado por vários autores que se utilizam de nomes muito parecidos para nomear essas fases, aqui iremos explorar as designações utilizadas por Lowenfeld ( 1977), que também é a mais utilizada na maioria dos livros de formação de professores. Para Lowenfeld (1977) a compreensão dessas fases nos ajuda a entender e a observar o desenvolvimento infantil, mas é preciso ter claro que muitas vezes essas fases não acontecem exatamente na mesma época ou da mesma maneira para todas as crianças, Lowenfeld divide esse desenvolvimento nos seguintes estágios: • Estágio das Garatujas - fase em que as crianças rabiscam sem intenção de representar algo, começam de forma desordenada e aos poucos vão percebendo o controle sobre o movimento e passam organizar seus traçados, isso acontece por volta dos dois anos de idade. • Estágio Pré-Esquemático - fase em que a criança passa ter consciência da forma e começa tentar representar o que é real, mas ainda de forma desordenada e sem proporção, essa fase acontece por volta dos 4 anos. Artes visuais unidade III 49 • Estágio do Realismo - fase que muita vezes começa por volta dos 9 anos, em que o desenho passa ter uma relação intencional com a realidade, já existe por parte da criança, uma autocrítica voltada para o seu desenho. • Estágio Esquemático - fase em que a criança já tem o conceito de forma desenvolvido e seus desenhos começam a ter características representa- tivas, são descritivos e organizados. A linha de base começa a aparecer e os desenhos ficam dispostos em uma linha reta mesmo que imaginária, essa fase tem início por volta dos 7 anos, mas já pode ser incidente a partir dos 4 anos. Outra pesquisadora que estudou o desenvolvimento do desenho infantil foi Rhoda Kellog que sistematizou as evoluções obser- vadas em sua pesquisa dentro de uma mandala em que cada parte mostra como as crianças foram representando as figuras com o passar do tempo e dentro da linha de evolução. Veja Luquet (1969), também estudou o grafismo infantil e denomina essas fases como: Realismo Fortuito (sai da fase dos rabiscos e começa imitar os objetos); Realismo Falhado ou Fracassado (tenta reproduzir o que existe e nomeia seu desenho); Realismo Intelectual (desenha aquilo que sabe sobre o objeto, misturando vários pontos de vista, usa de transparência no desenho, representando coisas que estariam na parte de dentro das coisas) e Realismo Visual (desenha como vê). Artes visuaisunidade III 50 Figura 3.1 – Mandala evolução desenho infanfil - Rhoda Kellog Disponível em: <https://bit.ly/2Yp0400>. Acesso em: 19/03/2018 Conheça mais: É muito importante conhecer essas fases e etapas para compreender o desenvolvimento do desenho infantil. Assista ao vídeo: Pensamento Infantil - Desenho infantil - produzido pela Revista Nova Escola. Este vídeo mostra crianças de 3 a 5 anos que desenham e falam sobre suas produções. O desenvolvimento de desenho infantil é pontuado pela educadora Monique Deheinzelin. Importante! Importante também saber: que você como educador (a) não deve fazer análises psicológicas dos desenhos infantis, esse tipo de analise só pode ser feita por psicólogos e em ambientes controlados. Artes visuais unidade III 51 3.2 A linguagem visual e suas manifestações O desenho além de uma forma de expressão também é uma manifestação artística que acom- panha a evolução da humanidade, ele pode se apresentar na forma de desenho de ilustração que transforma as palavras em imagens, temos também o desenho arquitetônico e o desenho industrial, em que a criatividade é essencial, e que transforma os projetos em objetos que serão produzidos ou em casas, prédios entre tantas outras coisas que podem ser produzidas. Outro tipo de classificação que pode ser utilizada é o desenho artístico utili- zado para expressar uma ideia, um sentimento ou uma emoção. Nesta modalidade temos o desenho de observação, o desenho de memória e o desenho de imaginação. O desenho de observação é uma forma de treinar nosso olhar, praticar novas formas de ver. Normalmente ele é muito utilizado para o aprimoramento da técnica acadêmica, mas com esta intenção não se recomenda que ele seja utilizado para atividades escolares. Na escola o desenho de observação deve ser utilizado para a aprendizagem do olhar e não para o treino da mão, porém se utilizar desse recurso o professor deverá a partir da técnica propor atividades que estejam além da cópia nas quais o aluno possa usar a criatividade. O desenho de memória, em que o desenhista não está em contato com o que está desenhando, exige um grande esforço da capacidade de observar, pois a obser- vação será a base do desenho, o aluno terá que buscar na memória, em seu repor- tório formas de representar a ideia que quer expressar. Esse tipo de manifestação artística também é muito utilizada pelos artistas na produção de suas obras. Artes visuaisunidade III 52 O desenho de imaginação não é semelhante ao desenho livre, ele é uma forma de expressão mais livre em que o aluno ou o artista podem utilizar todos os recursos que quiserem ou necessitarem, não tendo compromisso com a representaçãoda realidade. Na escola a estimulação da criatividade e da imaginação devem ser ativi- dades constantes. Além de todas estas formas, já vistas aqui, muitas vezes o desenho ainda pode ser utilizado antes das outras manifestações em forma de esboço ou projeto. A pintura é uma manifestação artística que acompanha a história da huma- nidade desde os tempos mais remotos e foi registrando e perpetuando épocas, costumes, acontecimentos, sentimentos desde a pré-história até os dias atuais. Consiste na aplicação de pigmentos de várias origem (tintas, giz, corantes, lápis de cor, etc.) em diferentes suportes ( tela, papel, tecido, paredes, cerâmicas, o próprio corpo, etc.). • A pintura a óleo; • A pintura acrílica; • A aquarela e a têmpera; • Giz de cera ou giz pastel; • Afrescos entre outros. Entre as técnicas que podem ser utilizadas nessa manifestação artística estão: Todas essas técnicas podem ser aplicadas em diferentes temáticas como, por exemplo: • Natureza morta – quando são representados objetos inanimados, sem vida, como objetos, utensílios de trabalho ou de cozinha, vasos, pratos, alimentos, flores e frutas que já foram retirados da natureza; Artes visuais unidade III 53 • Retratos – representação de uma pessoa ou de um grupo de pessoas; • Autorretrato – representação da figura do próprio artista; • Paisagem – representação de cenas da natureza, de cidades, paisagens urbanas, rurais ou selvagens; • Temas Religiosos – quando são representados motivos religiosos, como santos, orixás, etc.; • Fatos Históricos – quando são retratados acontecimentos ou fatos e momentos de nossa história; • Abstrato – quando não são figurativos. Outro tipo de manifestação artística e que também pode utilizar várias temá- ticas é a gravura. A gravura possibilita a impressão de várias cópias, essas cópias são chamadas de reproduções e são realizadas a partir de uma matriz que pode ser feita a partir de diferentes materiais. Cada reprodução recebe um tratamento e a analise do artista. A gravura pode ser de uma única cor ou colorida se forem utilizadas mais de uma matriz. De acordo com o material da matriz a gravura pode receber as seguintes denominações: • Monotipia – impressa a partir de uma placa de vidro, plástico ou acrí- lico, com tinta fresca e com uma reprodução única, que terá apenas uma cópia como resultado; • Serigrafia – é uma técnica que pode ser aplicada em grande escala, o desenho é feito sobre um papel vegetal com nanquim e depois repas- sado para uma tela de náilon, o que formará um filme que servirá para gravar a matriz; • Litografia – a matriz é uma pedra especial e porosa que recebe o desenho feito com um material oleoso, nesse processo é utilizado ácido e goma-a- rábica, a gravura será feita com a utilização de uma prensa; • Linoleogravura - a matriz é uma borracha chamada de linóleo em que o desenho é escavado; Artes visuaisunidade III 54 • Gravura em metal – é realizada a partir da gravação de uma imagem em uma placa de metal, e pode ser de ponta–seca (em que o desenho é gravado com um instrumento de ponta); água-forte ( o metal é coberto com o verniz e o desenho é feito com um estilete e depois corroído pela aplicação de um ácido) e água-tinta ( semelhante a água forte mas com controle da corrosão); • Xilogravura - também conhecida como gravura em relevo, a matriz é uma placa de madeira (xilo) e o desenho é escavado com instrumentos pontiagudos de diferentes formatos chamados de goivas. O desenho ficará em baixo e alto relevo, a tinta de impressão é passada sobre a madeira com um rolo de borracha especial e depois é feita a impressão. Outra manifestação artística da linguagem visual é a escultura, diferente do desenho, da pintura e da gravura que são representações bidimensionais (duas dimensões – altura e largura) e apenas sugere uma terceira dimensão a partir da utilização de técnicas de claro e escuro e de perspectiva, a escultura é uma repre- sentação tridimensional, por fazer uso das três dimensões: a altura, a largura e profundidade de forma concreta. Um objeto escultórico pode ser entalhado ou modelado, com materiais resistentes como o mármore ou a madeira, maleáveis como o papel, o sabão e a argila e até líquidos como o bronze, o gesso ou a borracha, que são utilizados em moldes preparados pelo artista. A diferença entre modelar e esculpir é que na modelagem vamos acrescentando material para conse- guir a representação que desejamos e ao esculpir retiramos parte da massa para conseguir a figura que queremos. A arquitetura também é uma manifestação artística da linguagem visual, com resultado tridimensional, ela vem se transformando com o passar do tempo, percor- rendo vários estilos e utilizando diferentes materiais em cada época da história da humanidade. Artes visuais unidade III 55 São muitos os monumentos que são representativos nesta manifestação como, por exemplo, catedrais, palácios, conjuntos arquitetônicos, etc. A fotografia, mais do que uma inovação tecno- logia é uma manifestação artística da linguagem visual, que vem evoluindo junto com os avanços tecnológicos, mas que começou a ser utilizada na década de 1820, com uma câmara escura em que o objeto a ser fotografado tinha que ficar dentro do equipamento por no mínimo 12 horas. Alguns anos mais tarde em 1841, com a descoberta de novas técnicas esse tempo de exposição foi diminuindo, e começou a ser possível fazer um registro foto- gráfico com exposição durante 15 a 20 minutos, mas ainda não era possível captar imagens em movimento. No final da década de 1840, esse tempo foi reduzido para 40 segundos e assim foi possível a conquista do retrato, daí para frente as evoluções tecnológicas foram avançando e no século XX surge o cinema conhecida como a sétima arte, e com uma linguagem própria, a palavra cinema deriva do termo grego Kinema que significa movimento, o cinema é considerado como a linguagem das imagens em movimento, e assim o é, um conjunto de fotografias que projetadas de forma muito rápida dão a sensação de movimento constante. Cada uma das manifestações artísticas tem sua própria história que pode ser aprofundada por você, assim como suas características e sua linguagem, estuda- remos a seguir alguns dos elementos que compõem a linguagem visual. Artes visuaisunidade III 56 3.3 Os elementos básicos da linguagem visual Os elementos básicos da linguagem visual, são aqueles elementos que nos mostram tudo que podemos ver, são eles que compõem as imagens, isoladamente não representam nada, mas no contexto geral de uma imagem ou de uma obra de arte é a combinação deles que darão origem a representação de uma imagem e por mais simples que sejam, juntos pode formar qualquer imagem, por mais complexa que ela seja. Ponto Linha Forma Luz e sombra Cor Podemos nomear como os principais elementos da linguagem visual com: O ponto é, entre os elementos da linguagem visual, aquele que primeiro nos chama a atenção. Quando nos deparamos com um ponto isolado dentro de um espaço ou de uma composição certamente ele será o primeiro lugar para onde os nossos olhos irão se direcionar, é inevitável. Vários pontos juntos podem compor uma imagem, Georges Seurat, um grande pintor francês que viveu de 1859 até 1891, foi também um grande estudioso da teoria das cores e da óptica, suas obras compõem o período chamado de Impressionismo e em muitas de suas obras ela captou a luz a partir de uma técnica chamada de pontilhismo ou divisionismo, em que utilizava as cores primárias, chamadas de cores puras (azul (ciano) – vermelho (magenta) – amarelo), utilizava essas cores para fazer pontos que de tão aproximados pareciam estar misturando as cores, mas essa sensação se dava sem que acontecesse a mistura, são tantos pontos com a tinta que Artes visuais unidade III 57 juntos definiam belíssimas e detalhadas
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